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CAMPUS VITÓRIA

GERÊNCIA DE ENSINO

COORDENADORIA DE RECURSOS DIDÁTICOS

GEODÉSIA GEOMÉTRICA

COORDENADORIA DE GEOMÁTICA
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GERÊNCIA DE ENSINO

COORDENADORIA DE RECURSOS DIDÁTICOS

GEODÉSIA GEOMÉTRICA

GERALDO PASSOS AMORIM

Vitória, Fevereiro de 2017


Sumário
1 Geodésia .......................................................................................................................................... 7

1.1 Conceito de Geodésia .............................................................................................................. 7

1.2 Levantamentos Geodésicos ..................................................................................................... 8

1.3 Métodos de levantamentos .................................................................................................... 8

1.3.1 Levantamento planimétrico clássicos ............................................................................. 8

1.3.2 Levantamento altimétrico clássicos ................................................................................ 9

1.3.3 Levantamento gravimétrico ............................................................................................ 9

1.3.4 Posicionamento tridimensional por GPS ....................................................................... 10

2 Forma Física da Terra, Geóide, Elipsóide e Sistemas de Referência ............................................. 11

2.1 Forma Física da Terra ............................................................................................................ 11

2.2 Geóide ................................................................................................................................... 11

2.3 Elipsóide................................................................................................................................. 13

2.3.1 Esfera e achatamento do elipsóide ............................................................................... 14

2.3.2 Geometria do elipsóide de revolução ........................................................................... 15

2.3.3 Seções normais principais ............................................................................................. 17

2.3.4 Seções normais recíprocas ............................................................................................ 18

2.3.5 Linha geodésica ............................................................................................................. 21

2.4 Importância das três Superfícies da Terra ............................................................................. 22

2.5 Sistemas de Referência Geodésicos (Datum) ........................................................................ 23

2.5.1 Sistemas de referência topocêntricos ........................................................................... 23

2.5.2 Sistemas de referência geocêntricos ............................................................................. 24

2.5.3 Sistema de Referência do Brasil .................................................................................... 25

2.5.4 Sistema Geodésico Brasileiro (SGB)............................................................................... 26

3 Sistemas de Coordenadas.............................................................................................................. 35

3.1 Coordenadas astronômicas ................................................................................................... 35


3.2 Coordenadas Geodésicas ...................................................................................................... 36

3.2.1 Elipsóide de revolução .................................................................................................. 36

3.2.2 Elementos geométricos da elipse ................................................................................. 37

3.2.3 Fundamentos para obtenção das coordenadas cartesianas ......................................... 38

Site de cálculo de parâmetros de elipsóide; http://www.ufrgs.br/engcart/Teste/par_elip.php . 42

3.2.4 Coordenadas Geocêntricas Cartesianas 3D .................................................................. 42

3.2.5 Relações entre as coordenadas geodésicas e as coordenadas geocêntricas cartesianas


45

4 Métodos de Posicionamento do Datum Geodésico ..................................................................... 50

4.1 Posicionamento Astronômico ............................................................................................... 50

4.2 Posicionamento Astro-Geodésico ......................................................................................... 51

4.3 Posicionamento Gravimétrico ............................................................................................... 52

5 Mudança de Datum ....................................................................................................................... 53

5.1 Introdução ............................................................................................................................. 53

5.2 Geometria do Problema ........................................................................................................ 54

5.2.1 Transformação Sistemas de Referência de Coordenadas 2D ....................................... 55

5.3 Procedimentos para mudança de Sistema de Referência Geodésico................................... 59

5.3.1 Procedimento para mudança de Sistemas de Referência Geodésicos ......................... 59

5.3.2 Transformação usando o programa ProGrid................................................................. 60

6 Coordenadas Planas ...................................................................................................................... 64

6.1 Sistema de projeção UTM ..................................................................................................... 64

6.1.1 Características Técnicas do Sistema .............................................................................. 65

6.2 Ângulos considerados na projeção UTM............................................................................... 66

6.2.1 Redução angular () ..................................................................................................... 67

6.2.2 Convergência Meridiana ............................................................................................... 70

6.2.3 Azimute plano ou azimute da quadrícula ..................................................................... 71


6.2.4 Azimute geodésico ........................................................................................................ 72

6.3 Reduções ou transformações sofridas pelas grandezas geométricas na Geodésia .............. 72

6.3.1 Reduções ou transformações introduzidas nas distâncias:........................................... 72

6.4 Transporte de distâncias ....................................................................................................... 73

6.4.1 Transporte de distância topográficas da altitude elipsoidal - h para a superfície do


elipsoide 73

6.5 Fator de escala....................................................................................................................... 73

6.5.1 Cálculo do fator de escala.............................................................................................. 74

6.6 Introdução ............................................................................................................................. 86

6.7 Sistema Gauss-Krüger - (Gauss 3) .......................................................................................... 88

6.8 Sistema Gauss-Tardi - (Gauss 6) ............................................................................................ 89

6.9 Sistema UTM.......................................................................................................................... 91

6.9.1 Transformação de Coordenadas ................................................................................... 96

7 Articulação Sistemática das Cartas ................................................................................................ 98

7.1.1 Cálculo de No de Fuso de uma Carta ........................................................................... 100

8 Bibliografia ................................................................................................................................... 102

9 Anexos (1) .................................................................................................................................... 103

9.1 Termos Comumente Usados na Geodésia .......................................................................... 103

10 Anexos (2) ................................................................................................................................ 104

11 Anexo (3) ................................................................................................................................. 105

12 Anexo (4) ................................................................................................................................. 106

13 Anexo (5)................................................................................................................................. 107

14 Anexo (6) ................................................................................................................................. 108


1 Geodésia

1.1 Conceito de Geodésia

Geodésia é a ciência que estuda os métodos e procedimentos adotados para definir a forma e a dimensão
da Terra. Esses procedimentos envolvem a mensuração das forças que atuam na Terra (Geodésia Física),
a determinação das coordenadas geodésicas dos pontos da Terra (Geodésia Geométrica) e da geometria
das órbitas dos satélites artificiais (Geodésia Espacial).

Assim a Geodésia determina, através de observações, a forma e o tamanho da Terra, as coordenadas dos
pontos, comprimentos e direções de linhas da superfície terrestre e as variações da gravidade terrestre.

Para fins de compreensão e estudo a Geodésia é dividida em três ramos:

• Geodésia Geométrica → está relacionado a determinação das coordenadas de pontos, comprimento


e azimutes de linhas na superfície terrestre.
• Geodésia Física → estuda o campo de gravidade da Terra ou direção e magnitude das forças que
mantém os corpos na superfície e na atmosfera terrestres.
• Geodésia Espacial → estuda a determinação de posições de pontos da superfície da Terra ou em volta
desta, através da observação de satélites artificiais.

A origem etimológica da palavra Geodésia vem do grego: geo = Terra; daisia = medição, assim Geodésia
é a ciência da medição da Terra. No entanto, há uma definição aceita que diz: Geodésia é a ciência que
tem por fim o estudo da forma e dimensão da Terra.

Embora a finalidade primordial da Geodésia seja cientifica, ela é empregada como estrutura básica do
mapeamento e trabalhos topográficos, constituindo estes os fins práticos e a razão de seu desenvolvi-
mento e realização, na maioria dos países.

Uma boa analogia da relação entre a Geodésia e a Topografia pode ser vista na construção de edifícios de
concreto, que possuem uma estrutura resistente (lajes, vigas, pilares fundação) e as partes complemen-
tares, de fechamento e acabamento (paredes, portas, janelas). A Geodésia procura então determinar vér-
tices de amarração dispostas em cadeias que varrem todo o território e que possuem coordenadas preci-
sas; a Topografia e a Cartografia preenchem os espaços intermediários, sustentando-se nos vértices geo-
désicos, e amarrando todos os acidentes geográficos e edificações (rios, rodovias, montanhas, lagoas) na
rede existente de maneira a poder produzir mapas confiáveis sem deformações exageradas.
INTRODUÇÃO à GEODÉSIA GEOMÉTRICA

1.2 Levantamentos Geodésicos

Os levantamentos geodésicos compreendem o conjunto de atividades dirigidas para medições ou obser-


vações que se destinam à determinação da forma e dimensões do nosso planeta (geóide ou elipsóide). É
a base para o estabelecimento do referencial físico e geométrico necessário ao posicionamento dos ele-
mentos que compõem a paisagem territorial.

1.3 Métodos de levantamentos

1.3.1 Levantamento planimétrico clássicos

• Triangulação: Obtenção figuras geométricas a partir de triângulos formados através dos ângulos sub-
tendidos por cada vértice. Os pontos de triangulação são denominados vértices de triangulação. É um
dos mais antigos métodos de levantamento planimétrico e foi um dos mais utilizados até o desenvol-
vimento da Geodésia espacial.

Figura 1.1- Esquema de uma triangulação

• Trilateração: Método semelhante à triangulação e, como aquele, baseia-se em propriedades geomé-


tricas a partir de triângulos superpostos, sendo que o levantamento será efetuado através da medição
dos lados.

• Poligonação: É um encadeamento de distâncias e ângulos medidos entre pontos adjacentes formando


linhas poligonais ou polígonos. Partindo de uma linha formada por dois pontos conhecidos, determi-
nam-se novos pontos, até chegar a uma linha de pontos conhecidos.

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1.3.2 Levantamento altimétrico clássicos

Desenvolveu-se na forma de circuitos, servindo por ramais as cidades, as vilas e os povoados às margens
destes circuitos e distantes em até 20 km. Os demais levantamentos estarão referenciados ao de alta
precisão.

• Nivelamento Geométrico: É o método usado nos levantamentos altimétricos de precisão que se de-
senvolvem ao longo de rodovias e ferrovias.

• Nivelamento Trigonométrico: Baseia-se em relações trigonométricas. É menos preciso que o geomé-


trico, fornece apoio altimétrico para os trabalhos topográficos.

• Nivelamento Barométrico: Baseia-se na relação inversamente proporcional entre pressão atmosférica


e a altitude. É o de mais baixa precisão, usado em regiões onde não é possível utilizar os métodos
anteriores ou quando se queira maior rapidez.

1.3.3 Levantamento gravimétrico

A gravimetria tem por finalidade o estudo do campo gravitacional terrestre, possibilitando, a partir dos
seus resultados, aplicações na área de Geociências como, por exemplo, a determinação da forma e das
dimensões da Terra, a investigação da crosta terrestre e a prospecção de recursos de recursos minerais.

As especificações e normas gerais abordam as técnicas de medições gravimétricas vinculadas às determi-


nações relativas com o uso de gravímetros estáticos.

À semelhança dos levantamentos planimétricos e altimétricos, os gravímetros são desdobrados em: alta
precisão, média precisão e para fins de detalhamento.

Matematicamente, esses levantamentos são bastante similares ao nivelamento geométrico, medindo-se


as diferenças de aceleração da gravidade entre pontos sucessivos.

O instrumento que mede a aceleração da gra-


vidade é conhecido como gravímetro (Figura
1.2). Em uma de suas formas mais simples, o
gravímetro contém uma mola conectada à um
objeto pequeno e compacto (massa de prova).
A atração gravitacional faz com que o objeto se
desloque, esticando ou comprimindo a mola. A
mudança de comprimento da mola reflete a
atração gravitacional exercida no objeto. Este
Figura 1.2 – Esquema simplificado do princípio do gra-
tipo de gravímetro serve para realizar medidas vímetro

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relativas, ou seja, medidas que refletem a diferença na aceleração de gravidade entre duas posições dife-
rentes. Desta forma, o gravímetro necessita ser calibrado a partir de medidas onde os valores absolutos
da aceleração da gravidade são conhecidos. O Observatório Nacional oferece suporte instrumental (Gra-
vímetros e Sismógrafos) e de pessoal aos projetos de pesquisa e desenvolvimento no âmbito da Rede de
Estudos Geotectônicos e demais projetos julgados de interesse.

As medidas de aceleração da gravidade são utilizadas, por exemplo, em estudos Geofísicos para determi-
nar a densidade das rochas, cálculos da ondulação do geoide e em estudos geodinâmicos, nos quais o
interesse é mapear a mudança do campo gravitacional terrestre com o tempo.

1.3.4 Posicionamento tridimensional por GPS

Na coleta de dados de campo, as técnicas geodésicas e topográficas para determinação de ângulos e dis-
tâncias utilizadas para a obtenção de coordenadas bidimensionais ou tridimensionais sobre a superfície
terrestre usando instrumentos ópticos e mecânicos, praticamente, tornaram-se obsoletas. Sendo estes
equipamentos mais usados na locação de obras de engenharia civil e de instalações industriais.

Atualmente o Sistema de Posicionamento Global (GNSS) ocupa o primeiro lugar entre os sistemas e mé-
todos utilizados pela Topografia, Geodésia, Aerofotogrametria, navegação aérea e marítima e quase todas
as aplicações em geoprocessamento que envolvam dados espaciais (Figura 1.3).

Figura 1.3 – Constelação de satélites GNSS

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2 Forma Física da Terra, Geóide, Elipsóide e Sistemas de Referência

2.1 Forma Física da Terra

A Terra, ao longo da história da humanidade, já foi concebida sob diversas formas, tendo, inclusive, em
torno do assunto, sido geradas grandes polêmicas. Sua forma já foi admitida como uma superfície total-
mente plana, como um disco plano circundado por um oceano infinito (Figura 2.1).

Evidentemente, a concepção de uma Terra esférica, defen-


dida inicialmente por Pitágoras, é a que mais se aproxi-
mava da realidade. Por ser um matemático, Pitágoras acre-
ditava que os deuses teriam criado a Terra esférica por ser
esse sólido uma superfície matematicamente perfeita.

Tanto a concepção da Terra plana como esférica, oferecem


aproximações aceitáveis para determinados fins. Dentro
dos limites da Topografia, por exemplo, a Terra é conside-
rada plana e, por outro lado, para muitos cálculos astronô- Figura 2.1 – A Terra como disco circundado
por um oceano infinito
micos e de navegação, a Terra pode ser considerada uma
esfera.

Entretanto, para os geodesistas, interessados em medidas precisas de longas distâncias, por vezes abran-
gendo continentes, a Terra é vista sob sua forma real, a qual não é considerada como superfície suscetível
de tratamento matemático. Assim é que, ao longo da história, foi buscada a forma geométrica que mais
se aproximasse da Terra.

2.2 Geóide

Além da superfície física da Terra, uma segunda superfície tem importância fundamental para a Geodésia.
Essa superfície é definida a partir do conceito do campo gravitacional da Terra, sendo esta considerada
como formada por uma concentração de massas. Em torno desta concentração de massas existem infini-
tas superfícies equipotenciais (geopes)1. Cada superfície equipotencial, por definição, é representada por
pontos que têm o mesmo potencial gravitacional. Devido à distribuição não homogênea das massas, essas
superfícies são irregulares e, segundo a Teoria do Potencial, são perpendiculares, em todos os seus pon-
tos, às linhas de força do campo gravitacional, denominadas de verticais. Uma particular superfície dentre

1
Superfície Equipotencial (geopes) – Superfície que tem em todos seus pontos o mesmo potencial gravitacional.

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esses geopes é aquela cujo potencial gravitacional é igual ao de um ponto situado na posição média do
nível dos mares (NMM). A superfície equipotencial, assim definida, é denominada “geóide” (Figura 2.2) e
é usada como referência para os levantamentos altimétricos (altitudes ortométricas), influindo, portanto,
nas reduções das medições executadas diretamente sobre o terreno.

De modo não muito preciso, pode-se dizer que o geóide


é representado pelo nível médio dos oceanos, conside-
rados hipoteticamente em repouso, e um imaginário
prolongamento destes oceanos através dos continen-
tes.

As figuras 2.3 e 2.4 mostram os desvios que ocorrem


entre as linhas perpendiculares, ao elipsóide e ao
geóide, num mesmo ponto. Pela definição de superfície
equipotencial, a vertical gravimétrica (direção do fio de
prumo) é perpendicular ao geóide em todos os pontos.
Como se vê nas figuras, esta vertical sofre influência da
Figura 2.2 – Geóide forma aceita como forma
distribuição não homogênea de massas na Terra. real da Terra

Figura 2.3 - Relações geóide-elipsóide (ilustração dos efeitos da distribuição irregular de massas da
crosta terrestre)

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Figura 2.4 - Os efeitos das anomalias de massa sobre o geóide

2.3 Elipsóide

Uma vez ultrapassada a teoria de Aristóteles, que preconizava a total imobilidade da Terra, pela de Co-
pérnico, que lhe conferiu movimento de rotação e translação, foi inferida por Newton uma nova forma
para o planeta. Segundo sua teoria, o giro em torno de um eixo polar acarretaria um achatamento nos
polos e um alongamento na região equatorial da então esfera. Seriam essas as primeiras insinuações no
sentido de se admitir uma forma não exatamente esférica da Terra.

Posteriormente, em 1718, o francês Cassini concluiu de seus estudos que seria mais provável a ocorrência
de um achatamento equatorial e um alongamento nos polos, ideia frontalmente antagônica à teoria de
Newton.

Em 1735, então, visando dirimir a dúvida rema-


nescente, forma levada a efeito expedições, pe-
los franceses, as quais mediram nas proximida-
des do Equador e no círculo ártico, respectiva-
mente, dois arcos de meridiano. A primeira de-
finiu o valor de 110614 m para o arco de 1o (um
grau) próximo ao Equador, enquanto a segunda
atingiu o valor 111949 m para o mesmo arco
próximo ao Círculo Ártico, fato que veio compro-
var as teorias newtonianas. Figura 2.5 - Arcos de meridianos de 1° medidos nas
proximidades do Equador e no círculo Ártico

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Elipsóide é a forma geométrica que mais se aproxima da real forma da Terra (o geóide). O elipsóide de
revolução é a figura gerada pela revolução de uma elipse em torno do seu eixo menor, e a partir da qual
evoluiu o estudo da Geodésia. A Geodésia toma o elipsóide como referência para os pontos da superfície
física da Terra.

Diferente do geóide, a linha perpendicular ao elipsóide em um determinado ponto é denominada de nor-


mal, e o ângulo formado entre a normal ao geóide e a vertical nesse ponto é conhecida como desvio da
vertical (Figura 2.4).

No Brasil, os cálculos geodésicos são conduzidos atualmente sobre o elipsóide GRS-80 (Geodetic Refe-
rence System 1980), sendo este considerado idêntico ao WGS-84 em questões de ordem prática. As cons-
tantes dos dois elipsóides são idênticas, com exceção de uma pequena variação no achatamento terrestre
(Tabela 2.1).

Tabela 2-1 – Diferenças entre os elipsóides usados no Brasil

Constantes do Elip-
GRS - 80 WGS - 84 SAD - 69
sóide

Semieixo maior - a 6378137.0000 6378137.0000 6378160.0000

Semieixo maior - b 6356752.31414 6356752.31425 6356774.71920

Achatamento – 1/f 298.257222101 298.25722356 298.25000000

Excentricidade - e 0.0818191910 0.0818191908 0.08182018

2.3.1 Esfera e achatamento do elipsóide

Diversos elipsóides usualmente têm sido empregados em


Geodésia para representar geometricamente a forma
aproximada da Terra. Seus achatamentos são da ordem de
1/300. Como se pode ver na figura seguinte, um elipsóide
com esse achatamento traria dificuldades para ser dese-
nhado entre a esfera, que tem achatamento zero, e aquele
de achatamento 1/50. A Figura 2.6 ilustra o quão próximos
da esfera são os elipsóides usados em Geodésia.

Figura 2.6 - Achatamento da Terra (f= +/-


1/300) comparado a diversos achatamentos

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2.3.2 Geometria do elipsóide de revolução

O elipsóide de revolução é uma figura gerada pela


rotação de uma elipse de um sobre o seu eixo menor,
nesse caso tem-se um elipsóide achatado.

Seja um sistema de coordenadas cartesianas tridi-


mensionais dextrogiro cuja origem coincide com o
centro de revolução do elipsóide, e a direção de
Greenwich eixo X com o meridiano conforme a Fi-
Figura 2.7- Sistema de coordenadas cartesianas
gura 2.7. associada ao elipsóide

Fazendo X = 0, obtém-se no plano YZ uma elipse com


semieixo maior a e semieixo menor b.

Figura 2.8 – Elipse no plano YZ

Fazendo-se Z = 0, obtém-se no plano XY uma circunferência de raio igual ao semieixo maior a (Figura 2.9).
Os planos paralelos ao plano XY também são circunferências, cujos raios r irão variar conforme a latitude.

Figura 2.9 – Circunferência no plano XY

Fazendo Y = 0, obtém-se no plano XZ uma elipse com semieixo maior a e semieixo menor b.

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Figura 2.10 - Elipse no plano XZ

Um elipsóide de revolução fica perfeitamente definido pelos parâmetros semieixo maior a e semieixo
menor b. Em Geodésia, o elipsóide de revolução, tradicionalmente, é represado pelo semieixo maior a e
o achatamento f.

O elipsoide de revolução é matematicamente representado pela equação:

𝑥2 + 𝑦2 𝑧2
+ 2 =1
𝑎2 𝑏

Como o elipsóide de revolução é modelo usado como superfície referência para os cálculos geodésicos é
necessário conhecer-se seus elementos geométricos e as relações existente entre eles.

Da equação do elipsóide de revolução deduz-se que toda a seção que passe pelo eixo Z será uma elipse
de semieixo maior a e semieixo menor b, e qualquer relação válida para uma seção será válida para as
demais e para o elipsóide de revolução. A seção produzida pelo plano X = 0 do elipsóide de revolução é
uma elipse (Figura 2.12) dada pela equação:

𝑦2 𝑧2
+ = 1
𝑎2 𝑏2

Sendo:
F = foco
f = distância focal
a = semieixo maior da elipse
b = semieixo menor da elipse
 = latitude elipsóidica
 = latitude geocêntrica
̅̅̅̅̅ = grande normal (N)
𝑃′𝐶
̅̅̅̅̅
𝑃′𝐵 = pequena normal (N’). Figura 2.11 - Seção produzida pelo plano X = 0 no
elipsóide de revolução.

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2.3.3 Seções normais principais

Chama-se raio de curvatura principal em um ponto A de uma superfície, à seção produzida por plano
normal a essa superfície, tal que o raio de curvatura correspondente sejam o máximo ou o mínimo dentre
todos os possíveis.

Por um ponto P sobre a superfície do elipsóide de revo-


lução existem infinitos planos que contém a normal à
superfície (Figura 2.13). Qualquer plano que contém a
normal e portanto seja perpendicular ao plano tangen-
cial ao elipsóide nesse ponto é chamado de plano nor-
mal. Em cada ponto existem duas seções normais prin-
cipais que são mutuamente perpendiculares e cujas cur-
vaturas nesses pontos são, uma máxima e uma mínima. Figura 2.12 – Planos que passam pela normal
ao ponto A
Essas duas seções normais principais são chamadas de seção normal meridiana e seção normal primeiro
vertical. A seção normal do primeiro vertical é gerada pelo plano  perpendicular à seção meridiana no
ponto P (Figura 2.14).

O raio de curvatura da seção meridiana é representado pela letra M e o raio de curvatura da seção pri-
meiro vertical é representado por N (grande normal).

Figura 2.13 – Seção normal principal primeiro vertical

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2.3.4 Seções normais recíprocas

As normais relativas a dois pontos de uma superfície esférica convergem no centro da esfera, sendo por-
tanto coplanares (Figura 2.15). O mesmo não acontece com dois pontos quaisquer da superfície elipsoidal.

Figura 2.14 – Normais a uma superfície esférica

Sejam dois pontos P1 e P2 sobre um elipsóide de revolução, com latitudes |∅1 | < |∅2 | e as longitudes 𝜆1
e 𝜆2 sejam diferentes, conforme a Figura 2.16.

As normais à superfície elipsoidal de cada ponto interceptam o eixo em dois pontos diferentes n1 e n2. Os
segmentos ̅̅̅̅̅̅
𝑃1 𝑛1 e ̅̅̅̅̅̅
𝑃2 𝑛2 são as grandes normais (ou raios de curvatura da seção primeiro vertical) dos
pontos P1 e P2 , calculados pela equação (12).

Observe a Figura 2.16 que quanto maior for a latitude dos pontos, maior a grande normal.

Figura 2.15 – Seções normais ao elipsóide em dois pontos P1 e P2.

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A seção normal resultante da interseção do plano que contém a normal em P1 e o ponto P2, com elipsóide
de revolução, é dita “seção normal direta” em relação a P1, ou “seção normal recíproca” em relação à P2,
indicada por uma seta no sentido de P2.

A seção normal resultante da interseção do plano que contém a normal em P2 e o ponto P1, com elipsoide
de revolução, é dita “seção normal direta” em relação a P2, ou “seção normal recíproca” em relação à P1,
indicada por uma seta no sentido de P1. Para identificar a seção normal direta de um ponto P1 para o
ponto P2 toma-se como referência o ponto que estiver mais ao Sul. A seção direta do ponto mais ao Sul é
a curva mais ao Sul (Figura 2.17).

Existem alguns casos particulares em que as normais se in- Figura 2.16 – Seções normais diretas e recí-
procas
terceptam, ou seja, são coplanares:

• Quando os dois pontos P1 e P2 possuem a mesma latitude, situando-se no mesmo


paralelo (Figura 2.18)

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Figura 2.17 – Seções normais com dois pontos de mesma latitude (mesmo paralelo).

• Quando os dois pontos P1 e P2 possuem a mesma longitude, situando-se portanto


no mesmo meridiano (Figura 2.19).

Figura 2.18 - Seções normais com dois pontos de mesma longitude (mesmo meridiano).

Obs.: Portanto, para as latitudes ou longitudes iguais as seções normais recíprocas são iguais.

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2.3.5 Linha geodésica

A Figura 2.20 ilustra três pontos P1, P2 e P3 sobre a mesma


superfície do elipsóide de revolução. Se fosse instalar um
teodolito no vértice P1, fazendo eixo vertical coincidir
com a normal ao ponto P1, ao apontá-lo para o ponto P2
o plano de visada coincidiria com o plano da seção nor-
mal direta de P1 para P2. De P2 para P1 o plano de visada
do teodolito interceptaria a superfície do elipsóide ao
longo do plano da seção normal direta de P2 para P1. A
mesma análise pode ser feita para os outros vértices.
Conclui-se que o triângulo P1 – P2 – P3 não é determinado
de maneira unívoca devido à duplicidade de seções nor-
Figura 2.19 – Triângulo geodésico
mais.

Para definir o triângulo elipsóidico P1 – P2 – P3 de maneira unívoca, os vértices P1, P2 e P3 devem ser unidos
pelo melhor caminho entre dois vértices geodésicos P1 e P2 sobre o elipsóide de revolução, não é a seção
normal direta de P1 nem a sua seção normal recíproca, mas sim uma curva geral reversa, situada entre as
duas seções normais recíprocas, denominada de geodésica. Curva reversa é uma curva que não está con-
tida em um mesmo plano.

O menor caminho entre dois pontos no plano é um segmento de reta, na esfera, um arco de circunferência
máxima e no elipsóide de revolução, a geodésica. Sobre a superfície esférica a geodésica é um arco de
circunferência máxima.

Geodésica (Figura 2.21) é uma linha jacente numa superfície, tal que em todos os seus pontos, o plano
osculador é normal à superfície, ou em todos os seus pontos a normal principal coincide com a normal da
superfície.

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Figura 2.20 – Linha Geodésica

2.4 Importância das três Superfícies da Terra

As altitudes com as quais trabalhamos são referenciadas ao geóide (altura ortométrica). Mas, como o
geóide não é uma superfície geométrica, não se presta à condução de cálculos, tais como transporte de
coordenadas de um ponto a outro, a partir de observações (ângulo e distâncias). Por isso os geodesistas
adotaram um modelo geométrico da Terra – modelo da Terra normal – um elipsóide de revolução. Muitas
das observações que se realiza em Geodésia, estão ligadas ao geóide, como ocorre com as medidas dos
ângulos horizontais e verticais e com a leitura de miras verticais para nivelamento geométrico, por termos
de nivelar os instrumentos de medidas (nível e mira). Nivelar um instrumento topográfico implica em
fazer o eixo principal do instrumento coincidir com a vertical do lugar (direção do fio de prumo), que
corresponde à direção das forças do campo gravitacional (forças que define o geóide).

O geodesista trabalha sempre com três superfícies diferentes, de relacionamento conhecido ou determi-
nado:

• A superfície da Terra – sobre a qual se realizam as observações geodésicas e que se deseja mapear; e
onde se fazem as construções de rodovias, de cidades etc.

• O geóide - referencial de altitudes ortométricas

• O elipsóide - superfície que permite conduzir cálculos necessários para chegar aos mapas e por isso é
o referencial usado no posicionamento geodésico.

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Figura 2.21 - Superfícies usada em Geodésia: superfície da Terra, geóide e elipsóide

2.5 Sistemas de Referência Geodésicos (Datum)

Somente a partir da definição do sistema de referência é que se pode atribuir coordenadas a pontos da
superfície física da Terra, ou seja, as coordenadas dependem da posição em que está colocado o elipsóide.
Desde já pode-se inferir que numa região abrangida por dois sistemas de referência distintos, deve-se ter,
para um mesmo ponto, coordenadas diferentes, referidas aos dois diferentes sistemas de referência ge-
odésicos.

É assim que os diversos países estabelecem suas redes geodésicas, representadas, por conjuntos de pon-
tos materializados no terreno, distribuídos de forma adequada, e referidos aos respectivos sistemas de
referência geodésicos nacionais ou continentais.

Os sistemas de referência geodésicos são classificados em: topocêntricos ou geocêntricos.

2.5.1 Sistemas de referência topocêntricos

Diferentes elipsóides, em diferentes posições, foram por muito tempo, utilizados por geodesistas nos di-
ferentes países.

Nos sistemas de referência topocêntricos há interesse, na definição do sistema de referência geodésico a


ser adotado por um país ou continente, em que haja uma boa adaptação entre o elipsóide e o geóide ao
longo da área sobre a qual se estenderá a rede geodésica. Esta boa adaptação, ou seja, a melhor aproxi-
mação entre o elipsóide e o geóide, é importante para que sejam possíveis as reduções inerentes aos
cálculos geodésicos na distribuição da rede. Assim, um “Datum” definido para a rede geodésica, por exem-
plo, dos Estados Unidos, provavelmente não proporcionará um bom “Datum” para o Brasil, ou seja, ao se

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afastar da área de adaptação, o elipsóide e geóide podem perder a acomodação, o que tornará imprati-
cáveis as reduções geodésicas. A Figura 2.16 ilustra, de maneira exagerada, a adaptação de dois sistemas
de referências geodésicos topocêntricos distintos.

Os sistemas de referências topocêntricos são caracterizados pela latitude geodésica e a longitude geodé-
sica de um ponto inicial, o azimute de uma direção que parte desse ponto, da ondulação geoidal do ponto,
componentes do desvio da vertical relativos à seção primeiro vertical e à seção meridiana, além, é claro,
dos parâmetros do a e b (ou a e f), indispensáveis para a definição do elipsóide terrestre.

No Brasil são exemplos de sistema de referência geodésicos topocêntricos o SAD-69 e Córrego Alegre.

Figura 2.22 - Ilustração, de maneira exagerada, de dois sistemas de referência geodésicos topocêntri-
cos distintos.

2.5.2 Sistemas de referência geocêntricos

Os sistemas referências geodésicos geocêntricos buscam representação global da Terra. Nestes sistemas
faz-se o centro do elipsóide coincidir com o centro de massa da Terra. Atualmente há uma tendência de
os países modificarem seus sistemas de referência topocêntricos para o sistema de referência geocên-
trico. Os principais sistemas de referência geocêntricos são: o WG-84, PZ-90 e o ITFR. O sistema WGS-84
é o sistema de referência do GPS, o PZ-90 é o sistema de referência do GLONASS, enquanto o ITRF (Rede
de Referência Internacional) é um sistema desenvolvido e atualizado pela comunidade científica.

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Os sistemas geodésicos geocêntricos estão em constantes evoluções. Por exemplo o WGS-84 sofreu três
atualizações: WGS-84 (G730), WGS-84 (G873)2 e WGS-84 (G1150), e ITRF sofre atualizações com maior
frequência. Na Figura 2.17 que mostra a evolução dos dois sistemas de referência até o ano 2000, pode-
se perceber que o sistema ITRF desde a década de 80 apresentava um melhor ajuste ao centro de massa
da Terra que o WGS-84. Atualmente os dois sistemas são para efeitos práticos iguais.

Figura 2.23 – Evolução dos sistemas de referência geocêntricos WGS-84 e o ITRF

2.5.3 Sistema de Referência do Brasil

No caso brasileiro, é atribuição do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) implantar e manter
rede geodésica de pontos, bem como adensá-la, sendo responsável pela determinação das coordenadas
de todos os seus pontos. Cabe também ao IBGE estudar e definir o sistema de referência geodésico a ser
adotado oficialmente no Brasil.

O sistema de referência oficial do Brasil, hoje, é o SIRGAS-2000 (Sistema de Referência Geocêntrico para
as Américas).

O texto a seguir é a introdução do IBGE (R.PR- 1/2005) do documento que oficializa o Sistema de Referên-
cia SIRGAS-2000

Para o desenvolvimento das atividades geodésicas, é necessário o estabelecimento de um sistema geodé-


sico que sirva de referência ao posicionamento no território nacional. A materialização deste sistema de

2
WGS-84 (G730), WGS-84 (G873) e WGS-84 (G1150): atualizações do WGS-84, sendo que G730, G873 e G1150
correspondem as semanas GPS em que ocorreu as atualizações.

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referência, através de estações geodésicas distribuídas adequadamente pelo país, constitui-se na infraes-
trutura de referência a partir da qual os novos posicionamentos são efetuados.

A definição do sistema geodésico de referência acompanha, em cada fase da história, o estado da arte
dos métodos e técnicas então disponíveis. Com o advento dos sistemas globais de navegação e posiciona-
mento por satélites (GNSS – Global Navigation Satellite Systems), tornou-se mandatória a adoção de um
novo sistema de referência, geocêntrico, compatível com a precisão dos métodos de posicionamento cor-
respondentes e também com os sistemas adotados no restante do globo terrestre.

Com esta finalidade, fica estabelecido como novo sistema de referência geodésico para o SGB e para o
Sistema Cartográfico Nacional (SCN) o Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas (SIRGAS), em
sua realização do ano de 2000 (SIRGAS2000). Para o SGB, o SIRGAS2000 poderá ser utilizado em concomi-
tância com o sistema SAD-69. Para o Sistema Cartográfico Nacional (SCN), o SIRGAS2000 também poderá
ser utilizado em concomitância com os sistemas SAD-69 e Córrego Alegre, conforme os parâmetros defi-
nidos nesta Resolução. A coexistência entre estes sistemas tem por finalidade oferecer à sociedade um
período de transição antes da adoção do SIRGAS2000 em caráter exclusivo. Neste período de transição,
não superior a dez anos, os usuários deverão adequar e ajustar suas bases de dados, métodos e procedi-
mentos ao novo sistema.

Alguns elipsóides em uso no Brasil.

Sistema de Referência
SIRGAS-2000 WGS - 84 SAD - 69 CÓRREGO ALEGRE
Geodésicos
INTERNACIONAL
Elipsóide GRS – 80 WGS - 84 UGGI
1924
Semieixo maior - a 6378137.000 6378137.000 6378160.000 6378388.000

Achatamento – 1/f 298.257222101 298.257223563 298.25 297.00

2.5.4 Sistema Geodésico Brasileiro (SGB)

O desenvolvimento do Sistema Geodésico Brasileiro – SGB – que é composto pelas redes altimétrica, pla-
nimétrica e gravimétrica, pode ser dividido em duas fases distintas: uma anterior e outra posterior ao
advento da tecnologia de observação de satélites artificiais com fins de posicionamento. No Brasil, essa
tecnologia possibilitou, por exemplo, a expansão do SGB à região amazônica, permitindo o estabeleci-
mento do arcabouço de apoio ao mapeamento sistemático daquela área.

Inicialmente, na década de 70, eram observados os satélites do Sistema TRANSIT. Em fins da década de
80, o IBGE, através do seu Departamento de Geodésia, criou o projeto GPS com o intuito de estabelecer

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metodologias que possibilitassem o uso pleno da tecnologia do Sistema NAVSTAR/GPS, que se apresen-
tava como uma evolução dos métodos de posicionamento geodésico até então usados (triangulação e
trilateração), mostrando-se amplamente superior nos quesitos rapidez e economia de recursos humanos
e financeiros.

2.5.4.1 Rede Planimétrica


Em 1944 foi medida a primeira base geodésica nas proximidades de Goiânia. Iniciava-se o estabeleci-
mento sistemático do Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) pela rede planimétrica, através das medições
de latitudes e longitudes, materializado por um conjunto de pontos (pilares, marcos ou chapas) situados
sobre a superfície terrestre pelo método da triangulação e densificado pelo método de poligonação. Tais
métodos, denominados de "clássicos", foram aplicados até meados da década de 90 e os equipamentos
utilizados eram os teodolitos e medidores eletrônicos de distâncias.

Concomitantemente, na década de 70, iniciaram-se as operações de rastreio de satélites artificiais do


sistema Navy Navigation Satellite System (NNSS) da Marinha Americana, também conhecido por sistema
TRANSIT. Tal metodologia foi inicialmente aplicada no estabelecimento de estações geodésicas na Ama-
zônia, onde os métodos clássicos eram impraticáveis devido às dificuldades impostas pelas características
da região.

Em 1991 o IBGE adquiriu quatro receptores do Global Positioning System (GPS) e começou a utilizar a
tecnologia GPS na densificação dos marcos planimétricos do Sistema Geodésico Brasileiro. Teve início,
assim, a era GPS no IBGE, que prevalece até os dias de hoje.

A operacionalização da RBMC (Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo) em 1996 implantou o con-


ceito de “redes ativas” através do monitoramento (rastreio) contínuo de satélites do Sistema GPS. Diari-
amente todos os dados coletados nas estações da RBMC são transferidos automaticamente e disponibili-
zados aos usuários em formato RINEX.

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Figura 2.24 – Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo – “Rede Ativa”

2.5.4.2 Rede Altimétrica


Em 13 de Outubro de 1945, a Seção de Nivelamento do IBGE iniciava os trabalhos de Nivelamento Geo-
métrico de Alta Precisão, dando partida ao estabelecimento da Rede Altimétrica do Sistema Geodésico

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Brasileiro (SGB) no Distrito de Cocal, Município de Urussanga, Santa Catarina, onde está localizada a Re-
ferência de Nível RN 1-A.

Em Dezembro de 1946, foi efetuada a conexão com a Estação Maregráfica de Torres, Rio Grande do Sul,
permitindo, então, o cálculo das altitudes das Referências de Nível já implantadas. Concretizava-se, assim,
o objetivo de dotar o Brasil de uma estrutura altimétrica fundamental, destinada a apoiar o mapeamento
e servir de suporte às grandes obras de engenharia, sendo de vital importância para projetos de sanea-
mento básico, irrigação, estradas e telecomunicações.

Em 1958, quando a Rede Altimétrica contava com mais de 30.000 quilômetros de linhas de nivelamento,
o Datum de Torres foi substituído pelo Datum de Imbituba, definido pela Estação Maregráfica do porto
de Imbituba, em Santa Catarina. Tal substituição ensejou uma sensível melhoria de definição do sistema
de altitudes, uma vez que a estação de Imbituba contava na época com nove anos de observações, bem
mais que o alcançado pela estação de Torres. A Figura 2.26 mostra o adensamento atual de rede altimé-
trica brasileira (10-04-2014).

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Figura 2.25 – Atual Rede Altimétrica Brasileira

2.5.4.3 Rede Gravimétrica


A informação gravimétrica reveste-se de primordial importância em diversas áreas das ciências da Terra,
como por exemplo, na Geodésia (estudo da forma – geóide - e dimensões da Terra), na Geologia (investi-
gação de estruturas geológicas) e na Geofísica (prospecção mineral).

Em 1956, o IBGE iniciou um programa visando o estabelecimento do Datum (sistema geodésico de refe-
rência) horizontal para o Brasil. Durante o projeto, foram determinadas mais de 2.000 estações gravimé-
tricas em torno do VT Chuá, ponto origem, situado em Minas Gerais. Com o término dos trabalhos, o IBGE
executou diversos outros levantamentos gravimétricos em conjunto com universidades e institutos de
pesquisa.

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Contudo, a gravimetria somente adquiriu um caráter sistemático a partir de 1990, quando o IBGE estabe-
leceu estações gravimétricas visando recobrir os grandes vazios de informação de aceleração da gravidade
que existem, especialmente nas regiões norte, centro-oeste e nordeste do Brasil. Desde então, mais de
26.000 estações foram estabelecidas nestas regiões (Figura 2.27).

Figura 2.26 – Rede Gravimétrica Brasileira

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2.5.4.4 – Ondulação Geoidal e o MAPGEO2010


Com a tecnologia GPS, a determinação do geóide re-
veste-se de grande importância no posicionamento
vertical. Apesar do GPS ser um sistema tridimensio-
nal, as altitudes (elipsoidais ou geométricas) forneci-
das por ele estão em um sistema altimétrico dife-
rente daqueles obtido pelos métodos clássicos de ni-
velamento (geométrico, trigonométrico e baromé-
trico). Isso faz com que as altitudes GPS não possam
ser diretamente comparadas com as altitudes orto-
métricas e mapas fornecidos pelo IBGE e outros ins-
titutos brasileiros. O mapa geoidal (representação
da ondulação geoidal) possibilita a conversão entre
Figura 2.27 – Relação entre Altura Ortométrica,
os dois sistemas de altitude (altitudes elipsoidais e Elipsoidal e Ondulação Geoidal
ortométricas). Para que essa tecnologia GPS seja plenamente aproveitada, proporcionando economia de
tempo e recursos, necessita-se de um mapa geoidal cada vez mais preciso, já que a precisão da transfor-
mação é função da precisão na determinação do geóide (Figura 2.28).

O IBGE, em convênio de cooperação científica com a


Escola Politécnica da USP, mantém um projeto cujo
objetivo é a determinação e constante refinamento
do mapa de ondulações geoidais brasileiro. Neste
sentido, tem disponibilizado versões cada vez mais
precisas e atualizadas do mapa geoidal, sendo a úl-
tima versão o MAPGEO2004 (Figura 2.29).

A determinação de altitudes científicas (ortométri-


cas, normais, etc.), requer de informação gravimé-
trica para sua determinação. Assim sendo o IBGE,
desde 2006, tem feito campanhas de levantamentos
gravimétricos vem sendo executadas sobre as linhas
principais de nivelamento, com a finalidade de auxi-
liar no cálculo destas altitudes e facilitar a conexão da
Rede Altimétrica Brasileira com as Redes dos países
Figura 2.28 – Interface do MAPGEO2004
vizinhos.

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2.5.4.5 Redes Estaduais GPS


As redes GPS estaduais procuram suprir as demandas da sociedade devido à utilização de técnicas de
posicionamento por satélites artificiais. Como exemplo dessas necessidades da sociedade, pode-se citar
a lei 10.267/01 estabelecida pelo INCRA, visando georreferenciar todas as propriedades rurais existentes
no país, tendo como referência o Sistema Geodésico Brasileiro - SGB.

O objetivo do IBGE, ao estabelecer as redes estaduais, é possibilitar que as Unidades da Federação pos-
suam redes geodésicas precisas (redes passivas) e conectadas entre si, tendo como referência a Rede
Brasileira de Monitoramento Contínuo (RBMC), a qual é a principal estrutura geodésica no território na-
cional.

Em dezembro de 2006 já haviam sido estabelecidas 13 redes estaduais GPS (abrangendo 18 estados): São
Paulo, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Rio Grande
do Sul, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Acre e a rede Nordeste. A rede Nordeste foi um caso à parte, pois foi
estabelecida em uma única campanha de medição contemplando os estados de Alagoas, Sergipe, Per-
nambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte.

A rede geodésica GPS no Espirito Santo teve seu início em 1999, quando a concessionária de eletricidade
– Escelsa, em convênio com o IBGE, implantou oito “estações passivas” nos municípios: Montanha, Barra
de São Francisco, São Mateus, Linhares, Itarana, Serra, Guaçuí, Presidente Kennedy. Em 2005, com base
de um convênio entre as instituições IFES, INCRA, IBGE, e CREA-ES, a rede GPS do Espírito Santo foi aden-
sada novos 53 (cinquenta e três) estações distribuídas de tal forma que cada vértice cobrisse área de raio
de 25 km. A Figura 2.30, mostra, representados por triângulos, as estações da Escelsa, e com por círculos,
as estações do adensamento de 2005.

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Figura 2.29 - Rede GPS Estadual do Espírito Santo (“Rede Passiva”)

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3 Sistemas de Coordenadas

3.1 Coordenadas astronômicas

A latitude astronômica de um ponto é definida pelo ângulo entre a vertical deste ponto e o plano equa-
torial. Chama-se meridiano astronômico de um ponto ao plano que contém a vertical e uma paralela ao
eixo de rotação da Terra. A Segunda coordenada, a longitude astronômica, é definida pelo ângulo diedro
entre o meridiano do ponto e um meridiano arbitrário, o de Greenwich, considerado com zero das longi-
tudes.

Devido à rotação irregular da Terra e consequente movimento de seu eixo de rotação em relação à própria
Terra, fazendo com que os polos mudem de posição ao longo do tempo, e considerando que as coorde-
nadas astronômicas referem-se a uma determinada posição instantânea neste eixo, há que se admitir que
as ditas coordenadas, para um mesmo ponto, variam em função do tempo. Existem, portanto, correções
a que devem ser submetidas as coordenadas astronômicas, para que sejam reduzidas a uma posição mé-
dia do eixo de rotação terrestre. Essas correções são aplicadas quando se utiliza coordenadas astronômi-
cas com objetivo astro-geodésicos. De qualquer forma, devido às influências diversas sobre a vertical do
ponto, não se pode relacionar coordenadas astronômicas de diferentes pontos, ou seja, as coordenadas
astronômicas não se referem a nenhum sistema de referência (Datum). São definidas por ângulos, conta-
dos a partir da vertical do ponto, não estando, portanto, referidas a nenhum elipsóide.

Figura 3.1 - Coordenadas Astronômicas

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3.2 Coordenadas Geodésicas

A latitude geodésica () de um ponto é definida pelo ângulo entre a normal deste ponto e o plano equa-

torial do elipsóide. Chama-se meridiano geodésico de um ponto ao plano que contém a normal e o eixo

menor do elipsóide. A segunda coordenada, a longitude geodésica (), é definida pelo ângulo diedro
entre o meridiano do ponto e um meridiano de Greenwich, considerado com zero das longitudes geodé-
sicas.

Considerando-se o centro de massa da Terra coincidente com o centro elipsóide do sistema de referência
adotado, pode-se definir com origem neste centro, um sistema cartesiano de mão direita (dextrogiro),
cujo eixo dos X é a interseção entre o plano meridiano de Greenwich e o plano equatorial, e cujo eixo dos
Z coincide com o eixo menor do elipsóide.

Obs.: A altitude de interesse para as Bases Cartográficas é a Ortométrica H referida ao Geóide e não a
Elipsóidica h referida ao elipsóide.

Figura 3.2 – Elementos do Elipsóide de Revolução

3.2.1 Elipsóide de revolução

É uma superfície geométrica gerada pela rotação de uma elipse em torno do seu eixo menor.

A equação do elipsóide obtido pela rotação é:

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INTRODUÇÃO à GEODÉSIA GEOMÉTRICA

𝑥2 + 𝑦2 𝑧2
𝑎2
+
𝑏2
= 1 (1)

A Figura 3.2, representa a elipse obtida na seção XZ, com coordenada y=0. A equação da referida elipse
é:

𝑥2 𝑧2
𝑎2
+
𝑏2
= 1 (2)

Figura 3.3 - Geometria da elipse da seção XZ de coordenada y = 0

3.2.2 Elementos geométricos da elipse

• Achatamento – É a divisão da diferença do semieixo maior e o semieixo menor pelo semieixo maior.

𝑎 − 𝑏
𝑓 =
𝑎
(3)

• Excentricidade (e) – É a relação entre a distância focal (c) e o semieixo maior.

𝑐 c2
𝑒=  e2 = a2
(4)
𝑎

Da geometria da elipse, tem-se:

𝑎2 = 𝑏 2 + 𝑐 2  𝑐 2 = 𝑎2 − 𝑏 2 (5)

Substituindo a expressão (5) na expressão (4), tem-se:

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INTRODUÇÃO à GEODÉSIA GEOMÉTRICA

𝑒2 =
𝑎2 − 𝑏2  𝑒2 = 1 −
𝑏2
(6)
𝑎2 𝑎2

• Relação entre semieixo maior e o semieixo menor

Da equação (6), temos:

𝑏2
1 − 𝑒2 =  𝑏 2 = 𝑎2 ∙ (1 − 𝑒 2 ) (7)
𝑎2

• Segunda excentricidade (e’) – É a relação entre a distância focal e o semieixo menor.

𝑐
 c2
𝑒′ = 𝑏
e'2 = b2

𝑎2 − 𝑏 2 𝑎2
𝑒′2 =  𝑒′2 = −1
𝑏2 𝑏2

1  1 − 1 + 𝑒2
𝑒′2 = (1− 𝑒 2 )
−1 𝑒′2 = (1− 𝑒 2 )

𝑒2
𝑒′2 = (1− 𝑒 2 )
(8)

3.2.3 Fundamentos para obtenção das coordenadas cartesianas

As coordenadas cartesianas tridimensionais (X,Y,Z) podem ser expressas em função das coordenadas ge-
odésicas (latitude e longitude), mas para tanto é preciso conhecer alguns fundamentos da seção normal
do elipsóide para estabelecer o relacionamento entre as coordenadas cartesianas e as coordenadas geo-
désicas. Um dos relacionamentos matemático principal a ser estabelecido é o que relaciona a grande
normal à latitude e o semieixo maior.

Figura 3.4 - Geometria do Elipsóide

̅̅̅̅̅
𝑄𝑄′ - Diâmetro equatorial;

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̅̅̅̅̅
𝑃𝑃′ - Diâmetro polar;
𝑂 - Centro do Elipsóide;
̅̅̅̅̅
𝑀𝐶 = 𝑁 - Grande Normal;
̅̅̅̅̅
𝑀𝐵 = 𝑁′ - Pequena Normal;
𝜑 - Latitude geodésica.

Passando-se uma tangente pelo ponto M, situado na linha meridiana, a normal a esta tangente passa pelo
ponto M e corta o eixo polar no ponto C e o eixo equatorial no ponto B.

A distância ̅̅̅̅̅
𝑀𝐶 = 𝑁 é denominada grande normal e a distância ̅̅̅̅̅
𝑀𝐵 = 𝑁′ é denominada pequena normal.

Considerando a seção normal XZ mostrada na Figura 3.3, geometricamente representada equação (1):

𝑥2 𝑧2
𝑎2
+ 𝑏2
= 1 (1)

Derivando a expressão (1) em função de dx, obtém-se a expressão da inclinação da reta tangente à elipse
em M:

2𝑥 2𝑧 𝑑𝑧
+ 𝑏2 =0 .
𝑎2 𝑑𝑥

𝑑𝑧 2𝑥 𝑏2  𝑑𝑧 𝑥 ∙ 𝑏2
= − 𝑎2 ∙ = − .
𝑑𝑥 2𝑧 𝑑𝑥 𝑧 ∙ 𝑎2

𝑑𝑥
Como é igual ao coeficiente angular da reta (inclinação da reta tangente ao ponto M), têm-se:
𝑑𝑧

𝑑𝑧
= 𝑡𝑔 (𝜋⁄2 + 𝜑)  𝑑𝑧
= − 𝑐𝑜𝑡𝑔 𝜑 .
𝑑𝑥 𝑑𝑥

𝑥 ∙ 𝑏2
= 𝑐𝑜𝑡𝑔 𝜑 .
𝑧 ∙ 𝑎2

𝑥 ∙ 𝑏 2 = 𝑧 ∙ 𝑎2 𝑐𝑜𝑡𝑔 𝜑 .

𝑥 ∙ 𝑏2 ∙ 𝑡𝑔 𝜑
𝑧= (9)
𝑎2

Substituindo a expressão (9) na equação da elipse (1), tem-se:


2
𝑥 ∙ 𝑏2 ∙ 𝑡𝑔 𝜑
𝑥2 ( 2 )
𝑎
𝑎2
+ 𝑏2
= 1

𝑥2 𝑥 2 ∙ 𝑏2 ∙ 𝑡𝑔2 𝜑
𝑎2
+ 𝑎4
= 1

𝑎2 ∙ 𝑥 2 + 𝑏2 ∙ 𝑥 2 ∙ 𝑡𝑔2 𝜑
𝑎4
= 1

𝑎2 ∙ 𝑥 2 + 𝑏 2 ∙ 𝑥 2 ∙ 𝑡𝑔2 𝜑 = 𝑎4

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𝑥 2 ∙ (𝑎2 + 𝑏 2 ∙ 𝑡𝑔2 𝜑) = 𝑎4

Substituindo a equação (7), (𝑏 2 = 𝑎2 ∙ (1 − 𝑒 2 ) na equação anterior, têm-se:

𝑥 2 . (𝑎2 + 𝑎2 ∙ (1 − 𝑒 2 ) ∙ 𝑡𝑔2 𝜑) = 𝑎4 .

𝑥 2 ∙ 𝑎2 (1 + (1 − 𝑒 2 ) ∙ 𝑡𝑔2 𝜑) = 𝑎2 .

𝑎2
𝑥2 = (1 + (1− 𝑒 2 ) ∙ 𝑡𝑔2 𝜑)
.

𝑎2 ∙ 𝑐𝑜𝑠2 𝜑
𝑥2 = ( 𝑐𝑜𝑠2 𝜑 + (1− 𝑒 2 ) ∙ 𝑠𝑒𝑛2 𝜑)
.

𝑎2 ∙ 𝑐𝑜𝑠2 𝜑
𝑥2 = ( 𝑐𝑜𝑠2 𝜑 +
.
𝑠𝑒𝑛2 𝜑− 𝑒 2 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 𝜑)

𝑎2 ∙ 𝑐𝑜𝑠2 𝜑
𝑥2 = ( 1− 𝑒 2 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 𝜑)
.

𝑎 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜑
𝑥= 1 (10)
( 1 − 𝑒 2 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 𝜑) ⁄2

Substituindo a equação (10) na equação (9), encontramos a expressão de Z em função do semieixo maior,
a excentricidade e latitude.

𝑥 ∙ 𝑏2 ∙ 𝑡𝑔 𝜑
𝑧= .
𝑎2

𝑎 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜑 𝑏 2 ∙ 𝑡𝑔 𝜑
𝑧= 1 ∙ .
( 1− 𝑒 2 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 𝜑) ⁄2 𝑎2

Substituindo a equação (7), (𝑏 2 = 𝑎2 ∙ (1 − 𝑒 2 ) na equação anterior, tem-se:

𝑎 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜑 𝑎2 ∙(1− 𝑒 2 ) ∙ 𝑡𝑔 𝜑
𝑧= 1 ∙ .
( 1− 𝑒 2 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 𝜑) ⁄2 𝑎2

𝑎 ∙ (1 − 𝑒 2 ) ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜑
𝑧= 1
( 1 − 𝑒 2 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 𝜑) ⁄2

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• Cálculo da Grande Normal (N)

𝑥
𝑐𝑜𝑠 𝜑 =
𝑁
𝑥
𝑁= 𝑐𝑜𝑠 𝜑

Substituindo a equação (10) de X, tem-


se:

𝑎 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜑 1
𝑁= 1 ∙
( 1 − 𝑒 2 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 𝜑) ⁄2 𝑐𝑜𝑠 𝜑 Figura 3.5 – Elementos da Geometria do Elipsóide
.

𝑎
𝑁= 1 (12)
( 1 − 𝑒 2 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 𝜑) ⁄2

• Cálculo da Pequena Normal (N’)

𝑍
𝑁´ = .
𝑆𝑒𝑛 𝜑

𝑎 ∙ (1 − 𝑒 2 ) ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜑 1
𝑁´ = 1 ∙ .
( 1 − 𝑒 2 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 𝜑) ⁄2 𝑠𝑒𝑛 𝜑

𝑎 . (1− 𝑒 2 )
𝑁´ = 1 (13)
( 1 − 𝑒 2 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 𝜑) ⁄2

Comparando a grande normal com a pequena normal tem-se a expressão:

𝑁 ′ = 𝑁 ∙ (1 − 𝑒 2 ) .

• Cálculo do raio da curvatura da seção Meridiana (M)

𝑁′
𝑀= ( 1 − 𝑒 2 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 𝜑)
.

Substituindo a expressão de N´ (equação 13) na expressão anterior, temos:

𝑎 . (1− 𝑒 2 ) 1
𝑀= 1 ∙ (1− .
(1− 𝑒2 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 𝜑) ⁄2 𝑒2 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 𝜑)

𝑎 . (1− 𝑒 2 )
𝑀= 3 (14)
( 1 − 𝑒 2 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 𝜑) ⁄2

• Valor médio – Rm

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O valor médio do raio de curvatura em um ponto do elipsóide equivale à média geométrica dos raios de
curvaturas das seções normais principais (raio seção grande normal e raio da seção meridiana).

𝑅𝑚 = √𝑁 ∙ 𝑀 .

1⁄
𝑎 𝑎 . (1− 𝑒 2 ) 2
𝑅𝑚 = ( 1 ∙ 3 ) .
( 1 − 𝑒 2 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 𝜑) ⁄2 ( 1 − 𝑒 2 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 𝜑) ⁄2

1⁄
𝑎 . (1− 𝑒 2 ) 2
𝑅𝑚 = ( 1 − 𝑒 2 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 𝜑)
(15)

Site de cálculo de parâmetros de elipsóide; http://www.ufrgs.br/engcart/Teste/par_elip.php

3.2.4 Coordenadas Geocêntricas Cartesianas 3D

Considerando-se o centro de massa da Terra coinci-


dente com o centro elipsóide do sistema de referên-
cia adotado, pode-se definir com origem neste cen-
tro, um sistema cartesiano de mão direita (dextro-
giro), cujo eixo dos X é a interseção entre o plano
meridiano de Greenwich e o plano equatorial, e cujo
eixo dos Z coincide com o eixo menor do elipsóide.
Sistema é dito dextrogiro (Figura 3.6) quando o re-
batimento do eixo X sobre o eixo Y é feito no sentido
anti-horário. Figura 3.6 – Sistema cartesiano dextrogiro

É fácil notar que se um ponto qualquer da superfície física da Terra pode ser definido ou por sistema de
coordenadas cartesianas ou por um sistema de coordenadas geodésicas, portanto, necessariamente, es-
tes dois sistemas devem relacionar-se matematicamente.

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Figura 3.7 - Coordenadas Geocêntricas Cartesianas

Assim sendo, as coordenadas cartesianas geocêntricas podem ser deduzidas a partir das coordenadas
geodésicas, de acordo com a Figura 3.8:

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Figura 3.8 - Relação das coordenadas Geodésicas e Geocêntricas Cartesianas

3.2.4.1 Relações entre as coordenadas geocêntricas cartesianas e as coordenadas geodésicas


̅̅̅̅̅
𝑃𝑃′ = ℎ .

̅̅̅̅̅
𝑂𝑃′ = 𝑁 .

̅̅̅̅ = 𝑂
𝑂𝐵 ̅̅̅̅̅̅
′ 𝐵 ′ = (𝑁 + ℎ) ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜑 .

̅̅̅̅ ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜆
𝑋 = 𝑂𝐵  𝑋 = (𝑁 + ℎ) ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜑 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜆 (16)

̅̅̅̅ ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜆
𝑌 = 𝑂𝐵  𝑌 = (𝑁 + ℎ) ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜑 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜆 (17)
̅̅̅̅̅̅ + ℎ) ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜑
𝑍 = (𝑃"𝑃′ .

𝑃"𝑃′ = 𝑁 ′ = 𝑁 ∙ (1 − 𝑒 2 ) 
̅̅̅̅̅̅ 𝑍 = (𝑁 ∙ (1 − 𝑒 2 ) + ℎ ) ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜑 (18)

Onde:

N - grande normal → normal ao elipsóide que passa pelo ponto P e se extende até o eixo polar
(corresponde ao raio de curvatura da seção normal no primeiro vertical).
𝑎
𝑁= 1 .
(1− 𝑒2 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 𝜑) ⁄2

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N’ - pequena normal → normal ao elipsóide passando pelo ponto P, que extende do ponto P até
o plano do Equador.

𝑎 . (1− 𝑒 2 )
𝑁′ = 1 .
( 1 − 𝑒 2 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 𝜑) ⁄2

h - altura elipsoidal → distância, medida sobre a normal do ponto P à superfície do elipsóide.

3.2.5 Relações entre as coordenadas geodésicas e as coordenadas geocêntricas cartesianas

O cálculo das coordenadas geodésicas (latitude e longitude) e a altura elipsoidal, em função das
coordenadas cartesianas geocêntricas é feita de forma relativamente simples. Entretanto a lati-
tude, por envolver uma função transcendente, pode ser calculada por dois métodos: um intera-
tivo e outro direto.

• Método Interativo do cálculo da latitude (𝝋)

𝑍 𝑍
𝑠𝑒𝑛 𝜑 = 𝑁 ′ +ℎ
 𝑠𝑒𝑛 𝜑 = (𝑁 ∙ (1−𝑒 2 ) + ℎ )
(19)

1

(𝑋 2 + 𝑌 2 ) 2
𝑐𝑜𝑠 𝜑 = 𝑁+ ℎ
(20)

Dividindo a expressão (19) pela expressão (20), temos:


𝑍 𝑁+ ℎ
𝑡𝑔𝜑 = (𝑁∙(1−𝑒 2 ) + ℎ )
∙ 1 .
(𝑋 2 + 𝑌 2 ) ⁄2

Simplificando a expressão anterior:

𝑍 1
𝑡𝑔𝜑 = (1−𝑒 2 )
∙ 1 .
(𝑋 2 + 𝑌 2 ) ⁄2

Com a equação simplificada, calcular o valor aproximado da latitude o, e com esta latitude provisória
calcula-se a grande normal (No) e altura elipsoidal aproximada (ho). E então, de forma interativa, calcula-
se latitude com a expressão (19). Até que o valores de  e o sejam próximos nos décimos milésimos de
segundo.

• Método Direto do cálculo da latitude (𝝋) - expressão direta, sem necessidade de interação.

𝑍 + 𝑒′2 ∙ 𝑏 ∙ 𝑠𝑒𝑛3 𝜃
𝜑 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 (𝑝 − 𝑒 2 ∙ 𝑎 ∙ 𝑐𝑜𝑠3 𝜃
) (21)

onde:

𝑏2 𝑒2
𝑒2 = 1 − 𝑒′2 = .
𝑎2 (1− 𝑒 2 )

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𝑏 = 𝑎 ∙ (1 − 𝑓) 𝑝 = √𝑋 2 + 𝑌 2 .
𝑍 ∙ 𝑎
𝜃 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 (𝑝 ∙ 𝑏
) .

• Cálculo da Longitude (𝝀)

𝑌
𝑡𝑔 𝜆 = 𝑋
(22)

• Cálculo da altura elipsoidal (h)

√𝑋 2 + 𝑌 2
ℎ= 𝑐𝑜𝑠 𝜑
−𝑁 (23)

Exemplos de Transformação de Coordenadas Latitude e Longitude em Coordenadas Cartesianas 3D e vice-


versa.

Exemplo 1 – Transformar as coordenadas geodésicas (latitude e longitude e altura elipsoidal) do Vértice


RBMC do IFES em coordenadas cartesianas 3D.

Vértice Latitude Longitude Altura Elipsoidal (m)


CEFE -20°18´38.8600” -40°19´10.0376” 14.31

Parâmetros do Elipsóide do SIRGAS-2000 (GRS-80)


Semieixo maior (a) 6378137 m
Semieixo maior (b) 6356752.31414036 m
Achatamento (1/f) 298.257222101

1- Cálculo da Excentricidade ao quadrado (e2)


𝑏2 (6356752.31414036)2
𝑒2 = 1 − → 𝑒2 = 1 −
𝑎2 (6378137)2

𝒆𝟐 = 0.00669438

2- Cálculo da segunda Excentricidade ao quadrado (e’2)


𝑒2 0.00669438
𝑒′2 = (1− 𝑒 2 )
→ 𝑒′2 = (1− 0.00669438)

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𝒆′𝟐 = 0.006739497

3- Cálculo da Grande Normal (N)


𝑎 6378137
𝑁= 1 → 𝑁= 1
(1− 𝑒2 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 𝜑) ⁄2 ( 1 − 0.00669438 𝑥 𝑠𝑒𝑛2 (−20°18´ 38.8600")) ⁄2

𝑵= 6380710.81390 m

4- Cálculo da Coordenada – X

𝑋 = (𝑁 + ℎ) ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜑 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜆

𝑋 = (6380710.81390 + 14.31) × 𝑐𝑜𝑠(−20°18´38.8600”) ×∙ 𝑐𝑜𝑠(−40° 19´10.0376”)

𝑿 = 4562488.496 m

5- Cálculo da Coordenada – Y

𝑌 = (𝑁 + ℎ) ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜑 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜆

𝑌 = (6380710.81390 + 14.31) × 𝑐𝑜𝑠(−20°18´38.8600”) × 𝑠𝑒𝑛(−40° 19´10.0376”)

𝒀 = -3871935.794 m

6- Cálculo da Coordenada – Z

𝑍 = (𝑁 ∙ (1 − 𝑒 2 ) + ℎ ) ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜑

𝑍 = (6380710.81390 × (1 − 0.00669438 ) + 14.31) × 𝑠𝑒𝑛(−20°19´38.8600”)

𝒁 = -2200001.574 m

Exemplo 2 – Transformar as coordenadas cartesianas 3D da estação RBMC do IFES em coordenadas geo-


désicas (latitude e longitude e altura elipsoidal).

Vértice X (m) Y (m) Z (m)


CEFE 4562488.496 -3871935.794 -2200001.574

Parâmetros do Elipsóide SIRGAS-2000


Semieixo maior (a) 6378137
Semieixo maior (b) 6356752.31414036
Achatamento (1/f) 298.257222101

1- Cálculo da Excentricidade ao quadrado (e2)

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𝑏2 (6356752.31414036)2
𝑒2 = 1 − → 𝑒2 = 1 −
𝑎2 (6378137)2

𝒆𝟐 = 0.00669438

2- Cálculo da segunda Excentricidade ao quadrado (e’2)


𝑒2 (0.00669438)2
𝑒′2 = (1− 𝑒 2 )
→ 𝑒′2 = (1− (0.00669438)2 )

𝒆′𝟐 = 0.006739497

3- Cálculo de hipotenusa no plano do Equador(p)

𝑝 = √𝑋 2 + 𝑌 2
𝑝 = √(4562488.496)2 + (−3871935.794)2

𝒑 = 5983994.324 m

4- Cálculo da latitude aproximada (𝜃)

𝑍 ∙ 𝑎
𝜃 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 ( )
𝑝 ∙ 𝑏

−2200001.574 × 6378137
𝜃 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 ( )
5983994.324 × 6356752.31414036

𝜃 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 (−0.36888447)
𝜽 = -20°14´53.6443”

5- Cálculo da latitude final (𝜑)

𝑍 + 𝑒′2 ∙ 𝑏 ∙ 𝑠𝑒𝑛3 𝜃
𝜑 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 ( )
𝑝− 𝑒 2 ∙ 𝑎 ∙ 𝑐𝑜𝑠 3 𝜃
−2200001.574 + 0.006739497 × 6356752.31414036 × 𝑠𝑒𝑛3 (−20°14´ 53.6443”)
𝜑 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 ( )
5983994.324 − 0.00669438 × 6378137 × 𝑐𝑜𝑠 3 (−20°14´ 53.6443”)

𝜑 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 (−0.370125425)
𝝋 = -20°18´ 38.8600”

6- Cálculo da longitude (𝜆)

𝑌 −3871935.794
𝜆 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 ( ) → 𝜆 = atan ( )
𝑋 4562488.496
𝜆 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 (−0.848645601)
𝝀 =-40°19´10.0376”

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7- Cálculo da Grande Normal (N)


𝑎 6378137
𝑁= 1 → 𝑁= 1
(1− 𝑒2 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 𝜑) ⁄2 ( 1 − 0.00669438 𝑥 𝑠𝑒𝑛2 (−20°18´ 38.8600")) ⁄2

𝑵 = 6380710.81390 m

7- Cálculo da altura elipsoidal (𝒉)

√𝑋 2 + 𝑌 2 p
ℎ= −𝑁 → ℎ= −𝑁
𝑐𝑜𝑠 𝜑 𝑐𝑜𝑠 𝜑

5983994.324
ℎ=
𝑐𝑜𝑠 (−20°18´ 38.8600”)
− 6380710.81390 → 𝒉 = 𝟏𝟒. 𝟑𝟏 𝒎

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4 Métodos de Posicionamento do Datum Geodésico

Considerando a definição de “Datum” Geodésico, cabe esclarecer, resumidamente, de que métodos se


vale a Geodésia para posicionar um determinado elipsóide em relação à Terra física.

4.1 Posicionamento Astronômico

Escolhido o elipsóide de referência, diz-se que um Datum geodésico é estabelecido por posicionamento
astronômico quando se define astronomicamente, para um determinado ponto da superfície física da
Terra, chamado ponto de origem, as coordenadas e o azimute para um outro ponto do terreno, e as co-
ordenadas astronômicas deste ponto são sumariamente consideradas como geodésicas, ou seja, referidas
ao elipsóide, o qual fica, desse modo, fixado em relação à Terra. Neste ponto consideram-se, ainda, su-
mariamente nulos o ângulo de desvio entre a vertical do ponto e a normal ao elipsóide. Em outras pala-
vras, é forçada a condição de tangência (ondulação nula) entre o geóide e elipsóide, neste ponto, e com
a orientação dada pelo azimute astronômico inicial, é expandida a rede geodésica.

Figura 4.1 – Orientação do Centro do elipsóide em relação ao centro da Terra

Este método não prevê qualquer correção às coordenadas astronômicas iniciais, o que vai provocar des-
locamentos da rede geodésica em relação ao eixo de rotação da Terra, muito embora as posições calcu-
ladas sejam corretas entre si. Isto não é significativo para uso local das posições determinadas, mas po-
derá produzir erros sistemáticos à medida que for expandida a rede. Ao se afastar do ponto de origem,
poderão acontecer também grandes separações entre o geóide e o elipsóide, o que provocará erros nas
reduções geodésicas. Além disto, este tipo de orientação traz o inconveniente de que as posições dedu-
zidas de diferentes Data assim definidos, não são comparáveis entre si em qualquer cálculo geodésico.

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Como exemplo de Datum assim estabelecido pode-se citar o de Córrego Alegre, adotado no Brasil anteri-
ormente ao SAD-69.

4.2 Posicionamento Astro-Geodésico

Segundo o método astro-geodésico, são observados os desvios da vertical, de modo a permitir posterior
ajustamento pelo método dos mínimos quadrados. Dessa forma, ficam definidos os desvios da vertical
ajustados, inclusive para o ponto inicial do Datum, não sendo forçada nenhuma condição ideal neste
ponto. Em vários pontos da rede é observada a condição de Laplace, que permite a reorientação da
mesma através de observações astronômicas de precisão reduzidas ao eixo médio de rotação da Terra.

Assim sendo, em lugar de um desvio da vertical nulo na origem, como é o caso do posicionamento pura-
mente astronômico, há um desvio ajustado, bem como a ondulação geoidal, também ajustado, entre o
geóide e o elipsóide. Ainda, com a aplicação da condição de Laplace, o elipsóide é reorientado, de modo
que fica estabelecida uma melhor adaptação entre o geóide e o elipsóide. Consequentemente, um Datum
com posicionamento astro-geodésico é largamente aplicável sobre grandes extensões, podendo abranger
um continente (como é o caso do SAD-69).

Figura 4.2 – Datum de orientação astro-geodésico

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4.3 Posicionamento Gravimétrico

Este método baseia-se em estudos das anomalias da gravidade sobre extensas áreas, com objetivo de
bem identificar as ondulações do geóide em relação a um elipsóide de referência escolhido, cujo centro
é posicionado coincidentemente com o centro de massa da Terra. Devem ser considerados os valores
absolutos dos desvios da vertical e dos desníveis geoidais.

A utilização eficaz deste método depende da disponibilidade de dados gravimétricos na área de adapta-
ção, bem como de um conhecimento geral das anomalias da Terra inteira.

Figura 4.3 – Resultado do método de posicionamento gravimétrico

O sistema de referência geocêntricos WGS-84, ITRF, SIRGAS-2000, foram estabelecidos pela aplicação dos
métodos gravimétricos. Neste método busca-se fazer a coincidência do centro do elipsóide com o centro
de massa da Terra (geóide).

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5 Mudança de Datum

5.1 Introdução

Foi em 1975, de acordo com Projeto de Recomendação da Sociedade Brasileira de Cartografia, realizado
por ocasião do 7°Congresso Brasileiro de Cartografia, que a Fundação IBGE iniciou o ajustamento da rede
Geodésica fundamental ao “Datum”, o SAD-69 (South American of Datum de 1969). Concluído o ajusta-
mento, no início de 1978, passou então, a ser adotado pelo Brasil o como Datum oficial.

Até então, a rede geodésica brasileira estava referida ao “Datum” Córrego Alegre, considerando o elipsó-
ide Internacional de Hayford e como origem, o Vértice Córrego Alegre. Posteriormente foram realizados,
pela Dra. Irene Fisher do IAGS - Inter American Geodetic Survey, da DMA (Defense Mapping Agency dos
Estados Unidos), estudos para a definição de um novo ponto origem para a adaptação de um possível
novo Datum à superfície da América do Sul. Os estudos iniciais levaram ao estabelecimento de um Datum
provisório, o PASAD-56 (Provisional South American Datum of 1956), com origem no Vértice La Canoa, na
Venezuela, cuja adaptação ao território sul-americano não foi considerada a melhor possível.

Posteriormente, foi escolhido o ponto físico denominado Chuá, determinado astronomicamente e consi-
derado como origem do que se chamou Chuá Astro Datum. Este “Datum” foi definido, convencional-
mente, com o desnível geoidal3 e o desvio vertical nulos na origem, ou seja, foi “forçada” a condição de
“tangência” entre o elipsóide (Internacional de Hayford) e o geóide. Posteriormente, referenciado ao
referenciado ao novo elipsóide Internacional de 1967, estudos gravimétricos foram realizados, em torno
dessa região. Resultaram do ajustamento final desses estudos, os valores dos desvios da vertical e ondu-
lação geoidal, bem como as coordenadas ajustadas, no novo elipsóide, do mesmo ponto físico, conside-
rado como origem agora denominado Vértice Chuá.

Este novo elipsóide, posicionado da maneira, descrita acima, proporcionou o que se pode chamar de uma
“boa adaptação” para a América do Sul e, consequentemente, para o território brasileiro. O novo “Datum”
foi denominado, então, South American Datum of 1969 – SAD69.

A partir do início de 2005, o “Datum” oficial do Brasil passou a ser o SIRGAS-2000, embora o SAD-69 tam-
bém continue oficial até 2015 (considerando o período de transição de 10 anos).

Com o advento dos satélites artificiais para posicionamento e, posteriormente GNSS, com sua efetiva uti-
lização como ferramenta importante no Brasil, surgiu um problema novo para o geodesista brasileiro,

3
Ondulação geoidal - desnível entre o geóide e o elipsóide.

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qual seja, a “transformação de sistemas de referência”. As coordenadas fornecidas pelo emprego de


GNSS, particularmente aquela processadas com efemérides transmitidas pelos satélites GPS, referem-se
ao sistema de referência WGS-84 (Word Geodetic System 1984), um sistema de referência definido, a
partir de um modelo geocêntrico adequado par atender toda a superfície da Terra, uma vez que a mesma
é totalmente coberta pelo sistema GPS.

5.2 Geometria do Problema

Em termos de coordenadas cartesianas, o que acontece quando se tem um ponto da superfície física da
Terra e dois sistemas de referência distintos, aos quais o ponto está referido, está mostrado na Figura 5.1,
considerado o caso 3D genérico de posição relativa entre os referidos sistemas de referência.

Figura 5.1 - Representação das três rotações e as três translações

Estão representadas na Figura 5.1 três rotações e três translações entre os sistemas.

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5.2.1 Transformação Sistemas de Referência de Coordenadas 2D

Embora, em Geodésia, as transformações são 3D (três rotações, três translações e fator de escala), para
facilitar a compreensão de transformação de sistemas, será mostrado como fazer transformação em sis-
temas 2D (rotação e translação). Será estudado de forma separada a rotação e a translação.

5.2.1.1 Rotação 2D
Para facilitar a compreensão de transformação de sistemas, será mostrado como fazer rotação. A rotação
é feita projetando os eixos do primeiro sistema para o segundo sistema conforme mostrado na Figura 5.2.

Figura 5.2 - Rotação do eixo X1 – Y1 para X2 – Y2

𝑋2 = 𝑋1 ∙ cos  + 𝑌1 ∙ 𝑠𝑒𝑛 

𝑌2 = − 𝑋1 ∙ sen  + 𝑌1 ∙ 𝑐𝑜𝑠 

Representação na forma matricial

𝑋2 cos  𝑠𝑒𝑛  𝑋1
( ) = (−sen  cos  ) ∙ (𝑌1)
𝑌2

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Exercício: Dadas as coordenadas no sistema X1- Y1

SISTEMA DE REFERÊNCIA 1

Ponto Abscissa (X1) Ordenada (Y1) Distância (m) Azimute

P1 1000 1500

P2 1100 1700 223.607 26°33' 54.18''

Calcular para o sistema de coordenada X2 – Y2:

Sistema de Referência com Rotação 25°10' 30.00''

Ponto Abscissa (X2) Ordenada (Y2) Distância (m) Azimute

P1 1543.089 932.135
P2 1718.668 1070.599 223.607 51°44' 24.18''

1. Cálculo das coordenadas do ponto P1

𝑋2 = 𝑋1 ∙ cos  + 𝑌1 ∙ 𝑠𝑒𝑛 

𝑃1𝑋2 = 1000 ∙ cos(25°10′ 30′′ ) + 1500 ∙ 𝑠𝑒𝑛 (25°10′ 30′′ )

𝑷𝟏𝑿𝟐 = 𝟏𝟓𝟒𝟑. 𝟎𝟖𝟗 𝒎

𝑌2 = − 𝑋1 ∙ sen  + 𝑌1 ∙ 𝑐𝑜𝑠 

𝑌2 = − 1000 ∙ sen  + 1500 ∙ 𝑐𝑜𝑠 (25°10′ 30′′ )

𝑷𝟏𝒀𝟐 = 𝟗𝟑𝟐. 𝟏𝟑𝟓 𝒎

2. Cálculo das coordenadas do ponto P2

𝑋2 = 𝑋1 ∙ cos  + 𝑌1 ∙ 𝑠𝑒𝑛 

𝑃2𝑋2 = 1100 ∙ cos(25°10′ 30′′ ) + 1700 ∙ 𝑠𝑒𝑛 (25°10′ 30′′ )

𝑷𝟐𝑿𝟐 = 𝟏𝟕𝟏𝟖. 𝟔𝟔𝟖 𝒎

𝑌2 = − 𝑋1 ∙ sen  + 𝑌1 ∙ 𝑐𝑜𝑠 

𝑃2𝑌2 = − 1100 ∙ sen  + 1700 ∙ 𝑐𝑜𝑠 (25°10′ 30′′ )

𝑷𝟐𝒀𝟐 = 𝟏𝟎𝟕𝟎. 𝟓𝟗𝟗 𝒎

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5.2.1.2 Translação 2D
A translação somente pode ser aplicada quando os eixos dos dois sistemas são paralelos.

A Figura 5.2 mostra a translação:

Figura 5.3 – Transformação do Sistema 2D – somente translação

Exercícios:

1 - Quais são as coordenadas do ponto P1?

Se P1 (40, 18) no sistema de referência X' Y'

No sistema X Y:

P1 (40 + 30, 18 + 20)

P1 (70, 38)

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Exercício: Dadas as coordenadas no sistema X1- Y1

SISTEMA DE REFERÊNCIA 1

Ponto Abscissa (X1) Ordenada (Y1) Distância (m) Azimute

P1 1000 1500

P2 1100 1700 223.607 26°33' 54.18''

Calcular para o sistema de coordenada X2 – Y2:

Sistema de Referência com Rotação 25°10' 30.00''

Ponto Abscissa (X2) Ordenada (Y2) Distância (m) Azimute

P1 1543.089 932.135
P2 1718.668 1070.599 223.607 51°44' 24.18''

Parâmetros de transformação (translação) de X1 – Y1 para X2 – Y2

DX 32.560 m

DY 56.780 m

Resolução:

Adicionando os parâmetros de translação (DX e DY) às coordenadas rotacionadas, tem-se as coordenadas


finais, rotacionadas e transladadas:

𝑃1𝑋1 = 1543.089 + 32.560 = 𝟏𝟓𝟕𝟓. 𝟔𝟒𝟗 m

𝑃1𝑌1 = 932.135 + 56.780 = 𝟗𝟖𝟖. 𝟗𝟏𝟓 m

𝑃2𝑋2 = 1718.668 + 32.560 = 𝟏𝟕𝟓𝟏. 𝟐𝟐𝟖 m

𝑃2𝑌2 = 1070.599 + 56.780 = 𝟏𝟏𝟐𝟕. 𝟑𝟕𝟗 m

Sistema de Referência com Rotação 25°10' 30.00''

Ponto Abscissa (X2) Ordenada (Y2) Distância (m) Azimute

P1 1575.649 988.915
P2 1751.228 1127.379 223.607 51°44' 24.18''

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𝑷𝟐𝒀𝟐 = 𝟏𝟎𝟕𝟎. 𝟓𝟗𝟗 𝒎

5.3 Procedimentos para mudança de Sistema de Referência Geodésico

5.3.1 Procedimento para mudança de Sistemas de Referência Geodésicos

A transformação entre sistemas de referência geodésicos é feita pela aplicação dos parâmetros de trans-
formação nas coordenadas geodésicas cartesianas 3D. No Brasil, os parâmetros oficiais de transformação
entre sistemas de coordenadas geodésicas é elaborado e publicado pelo IBGE.

Suponha que um ponto esteja com coordenadas na projeção UTM e no sistema de referência SAD-69
(Técnica Dopller ou GPS). Deseja-se obter esse ponto na projeção UTM, mas no sistema de referência
SIRGAS-2000.

A sequência para resolução desse problema clássico de Geodésia é mostrada de forma esquemática na
Figura 5.4. Ou seja, inicialmente, é preciso transformar as coordenadas do ponto da projeção para as
coordenadas geodésicas curvilíneas (latitude e longitude), e destas para as coordenadas cartesianas 3D.
Essas transformações iniciais foram conduzidas no sistema de referência SAD-69. Nas coordenadas carte-
sianas 3D, são aplicados os parâmetros oficiais de transformação de SAD-69 para SIRGAS-2000 (parâme-
tros publicados pelo IBGE). Com as coordenadas, agora, no sistema de referência SIRGAS-2000, faz-se a
transformação para latitude e longitude, e desta para projeção UTM.

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Figura 5.4 – Sequência para mudança de Sistema Geodésico de Referência

5.3.2 Transformação usando o programa ProGrid

5.3.2.1 Informações Gerais sobre o ProGrid


O ProGriD foi desenvolvido pelo IBGE representa um avanço no tratamento da transformação de coorde-
nadas entre referenciais geodésicos. Em geral, dois referenciais geodésicos se relacionam através de pa-
râmetros de transformação constantes para qualquer área coberta por estes referenciais, conforme foi
falado anteriormente. O que esta transformação não consegue transformar torna-se em resíduo, repre-
sentando as distorções da rede. O ProGriD modela estes resíduos (ou seja, a própria distorção da rede),
possibilitando um resultado final mais preciso.

O ProGriD se vale de arquivos contendo uma grade de valores em latitude e longitude que permite a
direta transformação entre Córrego Alegre, SAD-69 e SIRGAS-2000 (incluindo a modelagem dos resíduos
mencionada anteriormente). Esta grade segue o formato NTv2, formato esse utilizado em outros países,
originalmente o Canadá (onde o NTv2 foi desenvolvido), e mais recentemente na Austrália e Estados Uni-
dos. A escolha da grade NTv2 se deve ao fato de que muitos dos programas computacionais de GIS ou

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GPS terem capacidade para ler este formato. Deste modo, espera-se que estes programas possam passar
a utilizar as mesmas grades de transformação utilizadas no ProGriD.

O ProGriD foi desenvolvido primordialmente como uma ferramenta de transformação entre coordenadas
bidimensionais geodésicas (latitude/longitude) ou UTM (E/N) usando-se grades de transformação. Porém,
ele também permite a transformação de coordenadas tridimensionais geodésicas (latitude/longitude/al-
titude geométrica) e cartesianas (X, Y, Z) em alguns casos particulares.

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6 Coordenadas Planas

6.1 Sistema de projeção UTM

O sistema de projeção UTM (Universal Transverso de Mercator) foi recomendado pela União Geodésica
e Geofísica Internacional (UGGI) na IX Assembleia de Bruxelas, em 1951. Trata-se de um sistema con-
forme, ou seja, que conserva a forma ou ângulos, e as deformações lineares são pequenas. Esta foi a
principal razão de sua rápida adoção por quase todos os países do mundo. No Brasil este sistema vem
sendo aplicado pelos órgãos oficiais do IBGE e SGE desde 1955 para o mapeamento sistemático do país.

A projeção UTM baseia-se no cilindro transverso secante ao elipsóide. No sistema UTM, os paralelos e
meridianos são representados ortogonalmente segundo linhas retas.

As linhas de contato do cilindro com o elipsóide são paralelas ao meridiano central e ao longo das quais a
projeção é equidistante (K=1), já no meridiano central esta propriedade não é válida (no meridiano central
é K=0.9996).

Figura 6.1 – Representação da projeção UTM

Considerando uma região compreendida entre os meridianos extremos que dão origem de = 6° que
constitui o fuso (Figura 6.2), ocorrerá redução (K< 1) entre as linhas de secância, e entre as linhas de
secância e os limites extremos ter-se-á uma ampliação (K>1).

Este sistema foi concebido inicialmente por Gauss, foi reestudado pelo geodesista Krueger que estabele-
ceu o sistema de fusos. No sistema UTM o elipsóide é dividido em 60 fusos de 6º cada, ficando assim a
representação constituída de diversos sistemas parciais. Cada fuso terá um meridiano central (MC) que
na interseção com o plano do Equador constituirá a origem do sistema. Os fusos são limitados por duas

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longitudes múltiplas de 6º e os limites da latitude vão de 84º N a 80ºS. Com estes limites de latitude,
observa-se que o sistema não é utilizado para representar regiões polares.

Figura 6.2 - Meridiano central, linha de secância e limite do fuso

6.1.1 Características Técnicas do Sistema

Na realidade, o sistema de projeção UTM adota a projeção cilíndrica de Gauss (a projeção de Gauss con-
sidera o cilindro tangente ao elipsóide), apenas com a modificação do fator (ou coeficiente) de redução
de escala para 0.9996, no meridiano central (ao invés de 1.000), o que torna, analiticamente, o cilindro
secante ao elipsóide e não mais tangente.

Na construção das malhas, para evitar coordenadas negativas no sistema de projeção UTM, em cada zona
é dado um translado falso ao Este de 500.000 metros. Para valores norte, o Equador é usado como linha
básica. Para fazer a grade das zonas no hemisfério norte ao equador é dado um valor norte de (zero)
metros e para o sul 10.000.000 metros.

Em resumo, as principais características do sistema UTM são as seguintes:

a) Projeção cilíndrica conforme, transversa de Gauss;

b) Decomposição em sistemas parciais, correspondentes a fusos de 6º de amplitude, limitados pelos


meridianos múltiplos de 6°, assim meridianos centrais são múltiplos ímpares de 3º;

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c) Fusos numerados de 1 a 60, contados a partir do antemeridiano de Greenwich no sentido leste


(anti-horário);

d) Limitação do sistema até as latitudes de +84° Norte e -80° Sul;

e) A origem de coordenadas no cruzamento do Equador e meridiano central do fuso, acrescidos dos


valores de 10.000.000m no eixo norte-sul, e 500.000m no eixo leste-oeste;

f) Abscissas indicadas pela letra E (Este) e ordenada indicadas pela letra N (Norte), ambas sem sinal
algébrico;

g) Zona de superposição de fusos de 30’;

h) Coeficiente de redução de escala K0=0.9996 = (1 - 1/2500);

6.2 Ângulos considerados na projeção UTM

Quando trabalha-se com coordenadas UTM é necessário considerar vários tipos de elementos angulares.
Os principais elementos são:

• Redução angular;
• Convergência meridiana;
• Azimute plano ou azimute da quadrícula;
• Azimute geodésico.

Figura 6.3 - Azimutes envolvidos no sistema de projeção UTM

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6.2.1 Redução angular ()

No elipsóide a linha que liga dois pontos recebe o nome de linha geodésica, e é uma curva reversa sobre
a superfície do elipsóide (linha geodésica). A linha geodésica projetada sobre o plano da projeção UTM é
denominada transformada. A transformada também é uma curva, e tem sua concavidade sempre voltada
para o meridiano central.

Entre a transformada da linha geodésica


e sua respectiva corda há um ângulo de-
nominado de redução angular, assim re-
dução angular é o ângulo formado entre
a tangente à transformada da linha geo-
désica e a correspondente corda.

O sinal algébrico da redução angular é


convencionado como positivo, se o sen-
tido do ângulo da redução angular for
anti-horário, e negativo se o sentido do
ângulo da redução angular for horário.
Figura 6.4 – Redução angular e a convenção do sinal
algébrico
Na Figura 6.4, considerando-se dois pontos (1) e (2), a redução angular do ponto 1 (sentido horário→sinal
negativo), é o ângulo formado entre a tangente à transformada 1-2 com a correspondente corda 1-2.

Figura 6.5 – Linha geodésica no elipsóide e sua correspondente representação na projeção UTM

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O comprimento da corda da transformada da linha geodésica corresponde à distância plana entre os dois
pontos extremos da corda.

O comprimento entre os dois pontos medidos sobre o elipsóide (comprimento da linha geodésica) é re-
presentado no plano UTM pela transformada.

Obs.: A diferença entre os comprimentos da transformada e de sua respectiva corda, normalmente, não
são considerados nos cálculos de transporte de coordenadas por serem pouco significativos, no entanto,
a redução angular sempre deve ser considerada nos cálculos de transformação de azimutes geodésicos
para UTM, ou vice versa.

6.2.1.1 Expressão de redução angular simplificada

𝐸1 ′ = 𝐸1 − 500000 𝐸2 ′ = 𝐸2 − 500000

∆N1−2 = 𝑁2 − 𝑁1 ∆N2−1 = 𝑁1 − 𝑁2

68755 × ∆N1−2 × (2 ∙ 𝐸1 ′ + 𝐸2 ′ )
1−2 =
2 × 𝑅𝑚1 2 × 0.99962

68755 × ∆N2−1 × (2 ∙ 𝐸2 ′ + 𝐸1 ′ )
2−1 =
2 × 𝑅𝑚2 2 × 0.99962

6.2.1.2 Expressão de redução angular (IBGE)

1−2 = 6.8755 × ∆N2−1 × 10−8 × (2 ∙ 𝐸1 ′ + 𝐸2 ′ ) × XVIII

2−1 = 6.8755 × ∆N1−2 × 10−8 × (2 ∙ 𝐸2 ′ + 𝐸1 ′ ) × XVIII

𝐸1 ′ = 𝐸1 − 500000 e 𝐸2 ′ = 𝐸2 − 500000

∆N2−1 = 𝑁2 − 𝑁1 e ∆N2−1 = 𝑁1 − 𝑁2

(1 + 𝑒´2 ∙ 𝑐𝑜𝑠2 𝜑)
𝑋𝑉𝐼𝐼𝐼 = (2 ∙ 𝐾0 2 ∙ 𝑁2 )
× 1012 (Tabela XVIII do IBGE)

Exemplo: Dada a tabela com as coordenadas dos pontos P1 e P2, calcular a redução angular de P1 – P2 e
de P2 – P1.

SISTEMA DE REFERÊNCIA SIRGAS-2000


Vértice Latitude Longitude Este Norte Distância Azimute
P1 -19°.04'27.5278'' -40°.25'09.3030'' 350678.349 7890345.456
P2 -19°.00'59.9036'' -40°.20'57.4723'' 357990.257 7896786.452 9744.251 48°.37'24.4''

a) Cálculo do Fator de Escala pelo método Exato - IBGE

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1- Cálculo da Excentricidade ao quadrado (e2)


𝑏2 (6356752.31414036)2
𝑒2 = 1 − → 𝑒2 = 1 −
𝑎2 (6378137)2

𝒆𝟐 = 0.00669438

2- Cálculo da segunda Excentricidade ao quadrado (e’2)


𝑒2 (0.00669438)2
𝑒′2 = (1− 𝑒 2 )
→ 𝑒′2 = (1− (0.00669438)2 )

𝒆′𝟐 = 0.006739497
3- Cálculo da Grande Normal (N)
𝑎 6378137
𝑁1 = 1 → 𝑁1 = 1
( 1 − 𝑒 2 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 𝜑) ⁄2 ( 1 − 0.00669438 × 𝑠𝑒𝑛2 (−19°04´ 27.5278")) ⁄2

𝑵𝟏 = 𝟔𝟑𝟖𝟎𝟒𝟏𝟖. 𝟏𝟔𝟏 m

𝑎 6378137
𝑁2 = 1 → 𝑁2 = 1
( 1 − 𝑒 2 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 𝜑) ⁄2 ( 1 − 0.00669438 × 𝑠𝑒𝑛2 (−19°00´ 59.9036")) ⁄2

𝑵𝟐 = 𝟔𝟑𝟖𝟎𝟒𝟎𝟒. 𝟖𝟗𝟎 m

4- Cálculo da tabela XVIII do IBGE

(1 + 𝑒´2 ∙ 𝑐𝑜𝑠2 𝜑)
𝑋𝑉𝐼𝐼𝐼 = (2 ∙ 𝐾0 2 ∙ 𝑁2 )
× 1012

(1 + 0.006739497 × 𝑐𝑜𝑠 2 (−19°04´ 27.5278")


𝑋𝑉𝐼𝐼𝐼1 = (2 × 0.99962 × (6380418.161 )2 )
× 1012

𝑋𝑉𝐼𝐼𝐼1 = 0.0123659

5- Cálculo da redução angular de P1 – P2

1−2 = 6.8755 × ∆N2−1 × 10−8 × (2 ∙ 𝐸1 ′ + 𝐸2 ′ ) × XVIII

∆N2−1 = 7896786.452 − 7890345.456 = 6440.996 m

𝐸1 ′ = 350678.349 − 500000 = −149321.651

𝐸2 ′ = 357990.257 − 500000 = −142009.743

1−2 = 6.8755 × 6440.996 × 10−8 × [2 ∙ (−149321.651) + (−142009.743)] × 0.0123659

𝟏−𝟐 = −𝟐. 𝟒𝟏𝟑”

2−1 = 6.8755 × ∆N1−2 × 10−8 × (2 ∙ 𝐸2 ′ + 𝐸1 ′ ) × XVIII

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∆N2−1 = 7890345.456 − 7896786.452 = −6440.996 m


2−1 = 6.8755 × −6440.996 × 10−8 × [2 ∙ (−142009.743) + (−149321.651)] × 0.0123659

𝟐−𝟏 = 𝟐. 𝟑𝟕𝟑”

6.2.2 Convergência Meridiana

Os ângulos medidos no elipsóide estão referidos ao norte geográfico (Ng). As direções do Norte Geográ-
fico são representadas na projeção UTM por linhas curvas correspondentes aos meridianos (linhas curvas
que ligam os polos norte e sul geodésicos). As quadrículas UTM, por outro lado, formam um sistema de
coordenada retangular, com o eixo Y (Nq) na direção Norte-Sul, paralelos ao meridiano central. O ângulo
formado entre a tangente ao meridiano (direção do norte geodésico local) e a direção do norte de qua-
dricula (linha paralela ao meridiano central) é denominado convergência meridiana (), que é um valor
pontual, isto é, a convergência varia de ponto a ponto.

No meridiano central e no Equador a convergência meridiana é igual a zero. A convergência meridiana,


no hemisfério sul, é positiva para os pontos situados a Oeste do meridiano central e negativo, para os
pontos situados a Leste do meridiano central.

A convergência pode ser calculada de forma aproximada pela expressão a seguir;

𝛾 = ∆ ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜑
A Figura 6.5 mostra uma representação gráfica esquemática da convergência meridiana.

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Figura 6.6 - Norte geográfico e Norte da Quadrícula e Convergência da Meridiana

Exemplo: Dadas as coordenadas de um ponto P1 iguais a:

𝜑 = −20°18´38.8600"  = −40°19´10.0376

𝛾 = −40°19´10.0376 − (−39°) ∙ 𝑠𝑒𝑛 (−20°18´38.8600")

𝛾 = 0° 27´ 28.79668” → Valor calculado com a fórmula aproximada.

𝜸 = 𝟎° 𝟐𝟕´ 𝟐𝟗. 𝟎𝟓𝟕𝟔” → Valor calculado com a fórmula completa.

6.2.3 Azimute plano ou azimute da quadrícula

O azimute plano ou azimute da quadrícula é o ângulo, na projeção, entre a paralela do meridiano central
do fuso (Norte da quadrícula UTM) e a corda da transformada. A Figura 6.6 mostra o azimute de quadri-
cula (ou azimute UTM).

∆𝐸
𝐴𝑍𝑈𝑇𝑀 = 𝑎𝑟𝑐 𝑡𝑔 ( )
∆𝑁

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6.2.4 Azimute geodésico

O azimute geodésico é o ângulo, na projeção, entre o meridiano que passa pelo ponto inicial e à tangente
da transformada da linha geodésica entre os dois pontos considerados. A Figura 6.6 mostra o azimute
geodésico.

𝐴𝑍𝐺𝐸𝑂𝐷 = 𝐴𝑍𝑈𝑇𝑀 + 𝛼 + 

Onde,

𝛾= convergência meridiana;

 = ângulo de redução angular à


corda.

Figura 6.7 – Azimute geodésico, azimute UTM

6.3 Reduções ou transformações sofridas pelas grandezas geométricas na Geodésia

Nas atividades práticas das ciências geodésicas, as grandezas geométricas, ou seja, distâncias, ângulos e
diferenças de nível, podem estar em diferentes situações ou posições. Os caminhos que estas grandezas
sofrem para atingir um dado objetivo serão mostrados a seguir.

6.3.1 Reduções ou transformações introduzidas nas distâncias:

As distâncias podem ser obtidas de diferentes formas, podem ser calculadas ou medidas. Suponha inici-
almente, a distância medida eletronicamente. Neste caso, aquela distância medida entre distanciômetro
eletrônico e anteparo (prisma) é a distância inclinada, e neste caso as reduções a serem introduzidas na
mesma são as seguintes:

• Distância inclinada em distância horizontal (topográficas)


• Distância horizontal em distância geodésica.
• Distância elipsoidal em distância plana UTM

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6.4 Transporte de distâncias

6.4.1 Transporte de distância topográficas da altitude elipsoidal - h para a superfície do elipsoide

𝑅𝑚
𝑆𝐸 = 𝑆𝑇 ∙ (𝑅 )
𝑚 + ℎ

onde:

SE = distância reduzida ao elipsóide em metros.

ST = distância na altitude elipsoidal h em metros (distância topográfica).

Rm = raio médio em metros.

h = altitude geométrica em metros.

6.5 Fator de escala

Para se obter a distância plana entre dois pontos A e B, é necessário, inicialmente, corrigir a distância
medida na superfície topográfica (ST), em relação aos fatores meteorológicos e erros instrumentais, em
seguida reduzi-la ao elipsóide de referência (SE) e, finalmente, reduzi-la a superfície plana (SU). Para a
redução ou ampliação (Figura 6.7) das distâncias da superfície de referência elipsoidal para a superfície
plana (superfície de projeção UTM), utiliza-se um fator de escala, representado pela letra K. O fator de
escala é definido como a relação entre a distância na projeção UTM pela equivalente distância na super-
fície elipsoidal.

𝑆𝑈
𝐾= 𝑆𝐸

Onde:
𝑆𝑈 = 𝑑𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑈𝑇𝑀
𝑆𝐸 = 𝑑𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑒𝑙𝑖𝑝𝑠𝑜𝑖𝑑𝑎𝑙 (𝑜𝑢 𝑔𝑒𝑜𝑑é𝑠𝑖𝑐𝑎)

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Figura 6.8 – Ampliação e redução de distâncias na Projeção UTM

Assim distância plana (distância UTM) é obtida multiplicando-se a distância elipsoidal (sobre elipsóide de
referência) pelo fator de escala K.

O fator de escala K possui valores variável ponto a ponto, isto é, ele varia de 𝐾0 = 0.9996, no meridiano
central, até K = 1.000977, nos limites do fuso, conforme mostrado na Figura 6.8.

Figura 6.9 – Fator de Escala – K (Projeção UTM)

6.5.1 Cálculo do fator de escala pontual

O fator de escala pode ser calculado a partir das coordenadas geodésicas ou a partir das coordenadas
UTM. A seguir é apresentada a expressão aproximada para o cálculo do fator de escala a partir das coor-
denadas geodésicas.

a) Cálculo aproximado do fator de escala a partir das coordenadas geodésicas curvílineas e a


partir das coordenadas UTM.

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𝐾0
𝐾=
√1 − [cos 𝜑 × 𝑠𝑒𝑛 ( −𝑀𝐶)]2

b) Cálculo aproximado do fator de escala a partir das cordenadas UTM e o raio médio do ponto
2
𝑄′
𝐾 = 𝐾0 × (1 + )
2 × 𝑅𝑚 2

onde:
𝐸 ′ = (𝐸𝑠𝑡𝑒 − 500000 )

𝑅𝑚 = 𝑅𝑎𝑖𝑜 𝑀𝑒𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑜 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜 − 𝑅𝑚 = √𝑁 × 𝑀

c) Cálculo do fator de escala a partir das coordenadas UTM (expressão usada pelo IBGE).

(1 + 𝑒´2 ∙ 𝑐𝑜𝑠2 𝜑)
𝑋𝑉𝐼𝐼𝐼 = (2 ∙ 𝐾0 2 ∙ 𝑁2 )
× 1012

𝑄 = (𝐸𝑠𝑡𝑒 − 500000 ) × 10−6

𝐾 = (1 + 𝑋𝑉𝐼𝐼𝐼 × 𝑄 2 + 0.00003 × 𝑄 4 ) × 𝐾0

Exemplo: Dadas as coordenadas do ponto P1. Calcular o fator de escala pelo método aproximado e pelo
método exato.

Vértice Latitude Longitude Este (m) Norte (m)


CEFE -20°18´38.8600” -40° 19´10.0376” 362241.7229 362241.7229

Parâmetros do Elipsóide do SIRGAS-2000 (GRS-80)


Semieixo maior (a) 6378137 m
Semieixo maior (b) 6356752.31414036 m
Achatamento (1/f) 298.257222101

a) Cálculo do Fator de Escala pelo método Exato - IBGE


1- Cálculo da Excentricidade ao quadrado (e2)
𝑏2 (6356752.31414036)2
𝑒2 = 1 − → 𝑒2 = 1 −
𝑎2 (6378137)2

𝒆𝟐 = 0.00669438

1- Cálculo da segunda Excentricidade ao quadrado (e’2)


𝑒2 (0.00669438)2
𝑒′2 = (1− 𝑒 2 )
→ 𝑒′2 = (1− (0.00669438)2 )

𝒆′𝟐 = 0.006739497
2- Cálculo da Grande Normal (N)

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𝑎 6378137
𝑁= 1 → 𝑁= 1
( 1 − 𝑒2 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 𝜑) ⁄2 ( 1 − 0.00669438 × 𝑠𝑒𝑛2 (−20°18´ 38.8600")) ⁄2

𝑵 = 𝟔𝟑𝟖𝟎𝟕𝟏𝟎. 𝟖𝟏𝟑𝟗𝟎 𝐦

3- Cálculo da tabela XVIII do IBGE

(1 + 𝑒´2 ∙ 𝑐𝑜𝑠2 𝜑)
𝑋𝑉𝐼𝐼𝐼 = (2 ∙ 𝐾0 2 ∙ 𝑁2 )
× 1012

(1 + 0.006739497 × 𝑐𝑜𝑠2 (−20°18´ 38.8600")


𝑋𝑉𝐼𝐼𝐼 = (2 × 0.99962 × (6380710.81390)2 )
× 1012

𝑿𝑽𝑰𝑰𝑰 = 𝟎. 𝟎𝟏𝟐𝟑𝟔𝟑𝟔𝟑𝟐

4- Cálculo do afastamento da coordenada Este do meridiano central (Q)

𝑄 = (𝐸𝑠𝑡𝑒 − 500000 ) × 10−6

𝑄 = (362241.7229 − 500000 ) × 10−6

𝑄 = − 0.137758277

5- Cálculo do fator de escala (K)

𝐾 = (1 + 𝑋𝑉𝐼𝐼𝐼 × 𝑄 2 + 0.00003 × 𝑄 4 ) × 𝐾0

𝐾 = [1 + 0.012363632 × (− 0.137758277)2 + 0.00003 × (− 0.137758277)4 ] × 0.9996

𝑲 = 𝟎. 𝟗𝟗𝟗𝟖𝟑𝟒𝟓𝟒𝟔

b) Cálculo do Fator de Escala pelo método aproximado

𝐾0
𝐾=
√1 − [cos 𝜑 × 𝑠𝑒𝑛 ( −𝑀𝐶)]2

0.9996
𝐾=
√1 − {cos(−20°18´ 38.8600") × 𝑠𝑒𝑛 [(−40° 19´10.0376”)−(−39°)]}2

𝑲 = 𝟎. 𝟗𝟗𝟗𝟖𝟑𝟑𝟏𝟔𝟏

c) Cálculo do Fator de Escala pelo método aproximado usando as coordenadas UTM e o raio
médio

𝐸′2
𝐾 = 𝐾0 × (1 + 2 × 𝑅𝑚 2
)

1- Cálculo do raio médio (Rm)

𝑎 . (1− 𝑒 2 )
𝑀= 3
( 1 − 𝑒 2 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 𝜑) ⁄2

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6378137 × (1− 0.00669438)


𝑀= 3
[1 − 0.00669438 × 𝑠𝑒𝑛2 (−20°18´ 38.8600")] ⁄2

𝑀 = 6343112.174 m

𝑁 = 6380710.814 m 𝑀 = 6343112.174 m 𝑅𝑚 = √𝑁 × 𝑀

𝑅𝑚 = √6380710.814 × 6343112.174

𝑹𝒎 = 𝟔𝟑𝟔𝟏𝟖𝟖𝟑. 𝟕𝟏𝟖 𝐦

2- Cálculo do fator de escala

(362241.7229− 500000 )2
𝐾 = 0.9996 × (1 + )
2 × (6361883.718) 2

𝑲 = 𝟎. 𝟗𝟗𝟗𝟖𝟑𝟒𝟑𝟒𝟕

Comparação dos resultados dos fatores de escala


IBGE (exata) UTM (aprox.) Geodésica (aprox.)
0.999834546 0.999834347 0.999833161

6.5.2 Cálculo do fator de escala de uma base

Quando se deseja transformar uma distância UTM em Geodésica ou vice-versa, precisa-se ter o fator de
escala da base. Considerando que se quer o fator de escala da base formada pelos pontos P1 e P2, o fator
̅ ) é obtido pela expressão:
de escala desta base (𝐾

̅ = (1 + 𝑋𝑉𝐼𝐼𝐼 × 𝑄̅ + 0.00003 × 𝑄̅ 2 ) × 𝐾0
𝐾

Onde:

(1 + 𝑒´2 ∙ 𝑐𝑜𝑠2 𝜑)
𝑋𝑉𝐼𝐼𝐼 = (2 ∙ 𝐾0 2 ∙ 𝑁2 )
× 1012

1
𝑄̅ = × (𝑄1 2 + 𝑄1 × 𝑄2 + 𝑄2 2 )
3

𝑄1 = (𝐸𝑠𝑡𝑒1 − 500000 ) × 10−6

𝑄2 = (𝐸𝑠𝑡𝑒2 − 500000 ) × 10−6

Exemplo: Dadas as coordenadas UTM e geodésicas dos pontos P1 e P2, Calcular a distância elipsoidal
entre estes pontos:

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Distância
Vértice Latitude Longitude Este Norte Azimute
UTM
P1 -19°.04'27.5278'' -40°.25'09.3030'' 350678.349 7890345.456

P2 -19°.02'36.9788'' -40°.22'06.7702'' 355987.257 7893786.452 6326.528 57°.03'01.8''

a) Cálculo do Fator de Escala pelo método Exato - IBGE


1- Cálculo da Excentricidade ao quadrado (e2)
𝑏2 (6356752.31414036)2
𝑒2 = 1 − → 𝑒2 = 1 −
𝑎2 (6378137)2

𝒆𝟐 = 0.00669438

2- Cálculo da segunda Excentricidade ao quadrado (e’2)


𝑒2 (0.00669438)2
𝑒′2 = (1− 𝑒 2 )
→ 𝑒′2 = (1− (0.00669438)2 )

𝒆′𝟐 = 0.006739497

3- Cálculo da Grande Normal (N) para a latitude média de 𝜑̅ = −19°03´ 32.2533"

𝑎 6378137
𝑁= 1 → 𝑁= 1
( 1 − 𝑒2 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 𝜑) ⁄2 ( 1 − 0.00669438 × 𝑠𝑒𝑛2 (−19°03´ 32.2533")) ⁄2

𝑵 = 𝟔𝟑𝟖𝟎𝟒𝟏𝟒. 𝟔𝟐𝟒 𝐦
4- Cálculo da tabela XVIII do IBGE

(1 + 𝑒´2 ∙ 𝑐𝑜𝑠2 𝜑)
𝑋𝑉𝐼𝐼𝐼 = (2 ∙ 𝐾0 2 ∙ 𝑁2 )
× 1012

(1 + 0.006739497 × 𝑐𝑜𝑠2 (−19°03´ 32.2533")


𝑋𝑉𝐼𝐼𝐼 = (2 × 0.99962 × (6380414.624)2 )
× 1012

𝑿𝑽𝑰𝑰𝑰 = 𝟎. 𝟎𝟏𝟐𝟑𝟔𝟓𝟗𝟐𝟖

5- ̅)
Cálculo do afastamento da coordenada Este do meridiano central (𝑄

𝑄1 = (𝐸𝑠𝑡𝑒 − 500000 ) × 10−6

𝑄1 = (350678.349 − 500000 ) × 10−6

𝑄1 = − 0.1493217

𝑄2 = (𝐸𝑠𝑡𝑒 − 500000 ) × 10−6

𝑄2 = (355987.257 − 500000 ) × 10−6

𝑄2 = − 0.1440127

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1
𝑄̅ = × [(− 0.1493217 )2 + (− 0.1493217) × (− 0.1440127) + (− 0.1440127)2 ]
3

𝑄̅ = 0.021513615

6- Cálculo do fator de escala (K)

̅ = (1 + 𝑋𝑉𝐼𝐼𝐼 × 𝑄
𝐾 ̅ 2 ) × 𝐾0
̅ + 0.00003 × 𝑄

̅ = (1 + 0.012365928 × 0.021513615 + 0.00003 × (0.021513615)2 ) × 0.9996


𝐾

̅ = 𝟎. 𝟗𝟗𝟗𝟖𝟔𝟓𝟗𝟒𝟑
𝑲

7- Cálculo da distância elipsoidal (Se)


𝑆𝑈
𝐾= 𝑆𝐸

𝑆𝑈 6326.528
𝑆𝐸 = 𝐾̅
→ 𝑆𝐸 = 0.999865943

𝑺𝑬 = 𝟔𝟑𝟐𝟕. 𝟑𝟕𝟔 𝐦

b) Cálculo do Fator de Escala pelo método aproximado

1- Fator de escala
𝐾0
𝐾=
√1 − [cos 𝜑 × 𝑠𝑒𝑛 ( −𝑀𝐶)]2

0.9996
𝐾1 =
√1 − {cos(−19°04´ 27.5278") × 𝑠𝑒𝑛 [ (−40° 25´09.3030”) − (−39°)]}2

𝑲𝟏 = 𝟎. 𝟗𝟗𝟗𝟖𝟕𝟑𝟗𝟕𝟓
0.9996
𝐾2 =
√1 − {cos(−19°02´ 36.9788") × 𝑠𝑒𝑛 [ (−40° 22´06.7702”) − (−39°)]}2

𝑲𝟐 = 𝟎. 𝟗𝟗𝟗𝟖𝟓𝟒𝟖𝟑𝟗

2- Fator de escala médio (aproximado)

̅ = √1 × [K1 2 + K1 × K 2 + K 2 2 ]
𝐾 3

̅ = √1 × [( 0.999873975)2 + (0.999873975) × (0.999854839) + (0.999854839)2 ]


𝐾 3

̅ = 𝟎. 𝟗𝟗𝟗𝟖𝟔𝟒𝟒𝟎𝟕
𝑲

3- Cálculo da distância elipsoidal (Se)


𝑆𝑈
𝐾= 𝑆𝐸

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𝑆𝑈 6326.528
𝑆𝐸 = 𝐾̅
→ 𝑺𝑬 = 0.999864407

𝑺𝑬 = 𝟔𝟑𝟐𝟕. 𝟑𝟖𝟔 𝐦

6.5.3 Cálculo do fator de elevação

A distância topográfica entre dois pontos pode ser obtida da distância elipsoidal através da aplicação do
fator de elevação. O fator de elevação leva em consideração a altura elipsoidal média entre dois pontos
ou a altura média da região da qual se quer determinar as coordenadas topográficas.

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7 Coordenadas Topográficas

Em trabalhos geodésicos para a implementação de projetos em engenharia e cadastros, o uso do Sistema


de Coordenadas Terrestres Local, definido no Plano Topográfico Local, é o que permite operacionalizar
com maior exatidão a implantação de obras e de plantas cadastrais.

O uso intensivo da Geodésia Espacial facilitou a obtenção de coordenadas geodésicas de pontos, favore-
cendo a sua apresentação em sistemas de projeções cartográficas, com predominância da UTM. A opção
pelo uso das coordenadas da projeção UTM conduz a distorções incompatíveis com a exatidão requerida
em muitos trabalhos de engenharia.

A alternativa para aproveitamento das coordenadas geodésicas, principalmente em locação de obras de


engenharia, é transformá-las em coordenadas topográficas para ter-se a mesma exatidão, ou maior, que
os métodos empregados tradicionalmente.

As coordenadas geodésicas ou coordenadas da projeção UTM podem ser transformadas em coordenadas


plano-retangulares por rotações e translações e pelo método estabelecido pela norma NBR-14166.

7.1 Coordenadas Topográficas conforme a ABNT

7.2 Sistema Geodésico Local

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Transformação para sistema Geodésico Local

𝑋1 1 0 0 −𝑠𝑒𝑛 𝑜 𝑐𝑜𝑠 𝑜 0 𝑋 − 𝑋0
( 1 ) = (0
𝑌 𝑠𝑒𝑛 𝜑𝑜 𝑐𝑜𝑠 𝜑𝑜 ) ∙ ( −𝑐𝑜𝑠 𝑜 −𝑠𝑒𝑛 𝑜 0) ∙ ( 𝑌 − 𝑌0 )
ℎ1 0 −𝑐𝑜𝑠 𝜑𝑜 𝑠𝑒𝑛 𝜑𝑜 0 0 1 𝑍 − 𝑍0

𝑋1 = − ∆𝑋 ∙ 𝑠𝑒𝑛 0 + ∆𝑌 ∙ 𝑐𝑜𝑠 0

𝑌1 = − ∆𝑋 ∙ 𝑐𝑜𝑠 0 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜑0 − ∆𝑌 ∙ 𝑠𝑒𝑛 0 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜑0 + ∆𝑍 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜑0

ℎ1 = ∆𝑋 ∙ 𝑐𝑜𝑠 0 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜑0 + ∆𝑌 ∙ 𝑠𝑒𝑛 0 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜑0 + ∆𝑍 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜑0

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𝑎 . (1− 𝑒 2 )
𝑀= 3 (14)
( 1 − 𝑒 2 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 𝜑) ⁄2

d) 'Cálculo do Fator de Escala de uma base em função das Coordenadas UTM

TabXVIII = (1 + e2 ^ 2 * CosLatAnt ^ 2) / (2 * N ^ 2) * 1 / K0() ^ 2 * 10 ^ 12)

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Qa = 0.000001 * (UtmEsteAnt - 500000)

Qb = 0.000001 * (UtmEstePos - 500000)

Qab = 1 / 3 * (Qa ^ 2 + Qa * Qb + Qb ^ 2)

FatorEscalaBase = (1 + XVIII * Qab + 0.00003 * Qab ^ 2) * K0()

- Fórmulas:

K = Ko . (1+ (XVIII) . q2 + 0,00003 . q4 )

Ko = 0,9996

- Exemplo:

N = 8186501,119m

E = 728965,994m

- Cálculo de q (q1 = E1' - 500.000,00 x 10-6 e q2 = E2' - 500.000,00 x 10-6)

q2 = 1/3 ( q1 x q2 + q12 + q22)

q = 0,228965994

q2 = 0,052425426

q4 = 0,002748425

- Determinação do coeficiente (XVIII)

(XVIII) = 0,012370

- Cálculo de K

(XVIII) . q2 = 0,000648503

0,00003. q4 = 0,000000082

K = 0,9996 . (1 + 0,000648503 + 0,000000082) →K = 1,0002483

Como já comentado nas características técnicas do sistema, partes de uma faixa da Terra são reduzidas
na projeção, e outras são ampliadas, conforme figura 19.

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Figura 5.6 – Ampliação e Redução do Sistema

7.3 Introdução

Ao fim do século XVIII, tendo por fim o levantamento do território de Hannover, Gauss estabeleceu um
sistema de projeção conforme para a representação do elipsóide: Gauss Hannovershe Projektion.

Esta projeção tinha as seguintes características:

- cilindro tangente a Terra;

- cilindro transverso, tangente ao meridiano de Hannover.

Figura 12. 1 - Projeção Transversa de Mercator com cilindro tangente ao meridiano de Hannover

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Aproveitando os estudos de Gauss, outro geodesista alemão, Krüger, definiu um sistema projetivo, no
qual o cilindro era rotacionada, aproveitando-se fusos de 3º de amplitude, ficando este sistema conhecido
pelo nome de Gauss-Kruger.

Figura 12.2 - Modificação de Krüger: cilindro tangente e fusos de 3o

Após a 1a Grande Guerra Mundial (1914-1918), as exigências militares fazem com que as projeções con-
formes sejam largamente empregadas na confecção de cartas topográficas.

Um outro geodesista, francês, chamado Tardi, introduz novas modificações ao sistema de Gauss, criando
o sistema Gauss-Tardi.

Este passa a ser aplicado a fusos de 6º de amplitude, idênticos à da carta do mundo ao milionésimo, e os
meridianos centrais são múltiplos de 6º (36º , 42º ...). O cilindro passa a ser secante, criando-se duas linhas
de distorção nula.

Figura 12. 3 - Modificação de Tardi: cilindro secante e fusos de 6o

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Este sistema foi proposto pela UGGI em 1935 como um sistema universal, numa tentativa de unificação
dos trabalhos cartográficos.

O antigo Serviço Geográfico do Exército (SGE), em 1932 adotou o sistema Gauss-Krüger, em fusos de 3º
(1,5º para cada lado do meridiano central).

Em 1943 o SGE adotou o sistema de Gauss-Tardi. Os meridianos centrais são múltiplos de 6º , não coinci-
dindo com a carta ao milionésimo.

Em 1951 a UGGI (União Geodésica e Geofísica Internacional) recomendou o emprego em sentido mais
amplo para o mundo inteiro, o sistema UTM (Universal Transversa de Mercator), o qual foi adotado a
partir de 1955 pela Diretoria do Serviço Geográfico do Exército.

Especificações

Serão apresentadas aqui as especificações de todos os sistemas (G. Kruger, Tardi e UTM), devido ao fato
de ainda existirem em circulação cartas que foram impressas nesses sistemas. Isto pode confundir o leigo,
uma vez que as coordenadas desses sistemas não são compatíveis. Mesmo tratando-se de sistemas teo-
ricamente semelhantes, são diferentes em conteúdo.

7.4 Sistema Gauss-Krüger - (Gauss 3)

-Projeção conforme de Gauss;

- Decomposição em fusos de 3° de amplitude;

- Meridiano central múltiplo de 1º 30’ ;

- Cilindro tangente no meridiano central;

- Ko coeficiente de escala (fator de escala) = 1 no meridiano central;

- Existe ampliação para as bordas do fuso;

- Constante do Equador - 0;

- Constante do meridiano central = 0;

- Coordenadas planas:

x - abcissa sobre o meridiano;

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y - ordenada sobre o Equador;

(Inversão do sistema matemático)

Desenho

É um sistema de aplicação mais local. Inspirou a criação dos sistemas LTM (Local Transversa de Mercator).

Figura 12. 4 - Sistema Gauss 3

7.5 Sistema Gauss-Tardi - (Gauss 6)

- Projeção conforme de Gauss, cilíndrica, transversa e secante;

- Fusos de 6º de amplitude (3º para cada lado);

- Meridiano central múltiplo de 6º . Para o caso brasileiro, os MC são: 36º, 42º, 48º, 54º, 60º, 66º e 72º ;

O fator de escala (coeficiente de redução de escala) ko = 0,999333...

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Figura 12. 5 - Cilindro secante e fusos de 6o

Existe portanto um miolo de redução, até a região de secância, aonde k = 1.0. Até as bordas do fuso haverá
ampliação;

- Origem dos sistemas parciais no cruzamento central, acrescidas as constantes:

5.000 km para o Equador,

500 km para o meridiano central;

- Estas constantes visam não existir coordenadas negativas o que aconteceria com o sistema Gauss-
Krüger;

- Existência de uma zona de superposição de 30' além do fuso. Os pontos situados até o limite da zona de
superposição são colocados nos dois fusos (próprio e subsequente), para facilitar trabalhos de campo.

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Figura 12. 6 - Sistema Gauss - Tardi

7.6 Sistema UTM

O sistema UTM foi adotado pelo Brasil, em 1955, passando a ser utilizado pela DSG e IBGE para o mapea-
mento sistemático do país.

Figura . 12. 7 - Divisão dos fusos do Brasil

Gradativamente foi o sistema adotado para o mapeamento topográfico de qualquer região, sendo hoje
utilizado ostensivamente em quaisquer tipo de levantamento.

- Utiliza a projeção conforme de Gauss como um sistema Tardi;

- O cilindro é secante, com fusos de 6º, 3º para cada lado;

- Os limites dos fusos coincidem com os limites da carta do mundo ao milionésimo;

- Os fusos de 6 são numerados a partir do antimeridiano de Greenwich, de 1 até 60, de oeste para leste
(esquerda para a direita, desta forma coincidindo com a carta do mundo; pela figura 7.5.7 pode ser veri-
ficado a divisão do país em fusos.

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A tabela a seguir, mostra o número de fusos, seu meridiano central e os meridianos extremos dos fusos
brasileiros.

Fusos Meridiano Central Meridianos Limites

-78o
18 -75o
-72o

-72o
19 -69o
-66o

-66o
20 -63o
-60o

-60o
21 -57o
-54o

-54o
22 -51o
-48o

-48o
23 -45o
-42o

-42o
24 -39o
-36o

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-36o
25 -33o
-30o

- Para evitar coordenadas negativas, são acrescidas as seguintes constantes:

- 10.000.000,00 m para o Equador,

- 500.000,00 m para o meridiano central.

Obs.: A constante de 10.000.000,00 refere-se apenas ao hemisfério sul.

- O coeficiente de redução de escala (fator de escala) no meridiano central é k0 = 0,9996

O cilindro sofre uma redução, tornando-se secante ao globo terrestre, logo, o raio do cilindro é menor do
que a esfera modelo.

A vantagem da secância é o estabelecimento de duas linhas de distorção nula, nos pontos de secância, ou
seja, k = 1.0

Estas linhas estão situadas a aproximadamente 180 km a leste e a oeste do meridiano central do fuso.
Pelo valor arbitrado ao meridiano central, as coordenadas da linha de distorção nula estão situadas em
320.000 m e 680.000 m aproximadamente.

A figura mostra a representação esquemática da variação da distorção na projeção. A partir do meridiano


central, existe um núcleo de redução, que aumenta de 0,9996 até 1,0, quando encontra a linha de secân-
cia. A partir da linha de secância, até a extremidade do fuso existe uma ampliação, até o valor de k <
1,0004.

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Figura 12. 8 - áreas de ampliação e redução

Figura 12. 9 - Região de secância

Deve ser observado, que o limite de fuso deve sempre ser preservado. A ampliação cresce de tal forma
após a transposição de fusos, que não respeitar o limite traz distorções cartograficamente inadmissíveis.

A simbologia adotada para as coordenadas UTM é a seguinte:

N - coordenada ao longo do eixo N-S,

E - coordenada ao longo do eixo L-O.

As coordenadas são dimensionadas em metros, sendo normalmente definidas até mm, para coordenadas
de precisão.

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As coordenadas E variam de aproximadamente 150.000 m a 850.000 m, passando pelo valor de 500.000


m, no meridiano central.

As coordenadas N, acima do Equador são caracterizadas por serem maiores do que zero e crescem na
direção norte.

Abaixo do Equador, que tem um valor de 10.000.000,00 m, são decrescentes na direção sul.

Um ponto qualquer P, será definido pelo par de coordenadas UTM E e N de forma P (E;N).

Exemplo

Figura 12. 10 - Sistema UTM

- P1 (640 831,33 m; 323, 285 m). É um ponto situado à direita do meridiano central e no hemisfério norte.

- P2 (640 831,33 m; 9 999 676, 615 m). É um ponto simétrico do ponto anterior em relação ao Equador.

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- P3 (359 168,67 m; 9 999 676, 715 m). É um ponto simétrico em relação ao anterior, em relação ao
meridiano central.

Figura 12. 11 - Esquema de representação das coordenadas UTM

É importante observar que cada fuso será responsável por um conjunto igual de coordenadas, ou seja, o
que irá diferenciar o posicionamento de um ponto, será a indicação do meridiano central ou do fuso que
contém o ponto ou conjunto de pontos.

Pelo esquema apresentado na figura, pode-se verificar que as coordenadas, não têm os valores das cons-
tantes do Equador e do meridiano central. Estas constantes são adicionadas para evitar coordenadas ne-
gativas.

- O sistema UTM é utilizado entre as latitudes de 84° e - 80° . As regiões polares são complementadas pelo
UPS (Universal Polar Estereographic).

7.6.1 Transformação de Coordenadas

A transformação de coordenadas da projeção UTM para o elipsóide e vice-versa, foge do objetivo deste
curso. No entanto, deve ser salientado algumas recomendações para não se cair em erros que possam
colocar a perder todo um trabalho que porventura esteja sendo realizado.

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A latitude e longitude de cartas topográficas em projeção UTM, estarão sempre referidas a um elipsóide
de revolução. São portanto latitudes e longitudes geodésicas e não geográficas (referidas à esfera).

Até 1977, o sistema cartográfico brasileiro utilizava o elipsóide de internacional de Hayford, sendo o da-
tum (origem) do sistema Córrego Alegre. A partir de 1977 todo o sistema foi modificado, passando-se a
utilizar o SAD - 69 (South American Datum) composto do elipsóide de Referência de 67 e o datum CHUÁ.

Os dados relativos aos dois elipsóides são mostrados abaixo:

Hayford: a = 6 378 388 m

f = 1 / 297

Referência de 67 a = 6 378 160 m

f = 1 / 298,25

Cartas mais antigas podem mostrar não só sistemas de projeção diferentes (Gauss-Krüger, Gauss-Tardi)
como também estarem relacionando outros data e elipsóides.

Deve-se ter a atenção ao se retirar coordenadas de cartas antigas.

A transformação de coordenadas pode ser efetuada por cálculo manual, utilizando-se tabelas e manuais
de transformação desenvolvidos pela DSG e IBGE, ou através de rápido cálculo em calculadora de bolso
ou programas de computadores.

Tais programas são capazes de calcular também a convergência meridiana e coeficiente de redução de
escala para o ponto considerado.

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8 Articulação Sistemática das Cartas

De modo a permitir a uniformidade dos levantamentos executados no país, o mapeamento naci-


onal, é regulamentado pelo SCN (Sistema Cartográfico Nacional). Este sistema, especifica a forma de arti-
culação das cartas e seu sistema de coordenadas, posicionando todos os trabalhos de mapeamento de
maneira global, ou seja, é uma continuidade das especificações adotadas pela Conferência Técnica das
Nações Unidas, realizada em Bonn em 1962.

A sistemática para sua montagem, parte da carta Internacional do Mundo ao Milionésimo (CIM),
confeccionada à escala de 1:1.000.000, sendo subdividida até atingir escala 1: 25.000. A utilização de es-
cala maiores, como 1:10.000, 1:2.000, etc., não são sistematizadas, porém, nota-se que a maioria dos
trabalhos de mapeamento atuais, procuram manter a mesma padronização.

Cada CIM abrange uma área de 6o em longitude por 4o de latitude, e são representados por uma
letra e um número, procedidos de N ou S, conforme situem-se no Hemisfério Norte ou Sul, respectiva-
mente. As letras designam a faixa de 4o em latitude, contados a partir do Equador e os números, as zonas
em longitude, contados a partir do antimeridiano de GreenWich, por leste.

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Figura 12.1 - Carta Internacional ao Milionésimo

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Figura 13. 2 - Sistematização até a escala 1: 25.000

8.1.1 Cálculo de No de Fuso de uma Carta

Dadas as coordenadas geodésica de um determinado ponto P, podemos calcular em que carta do milio-
nésimo ele pertence, isto é, qual o número do fuso e a zona onde ele se encontra.

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Exemplo: Dada as coordenadas:

 = 07o 45’ 17” N

 = 43 o 29’ 56” W

Número do fuso (N) = 30 -  / 6 → N = 30 – 43/6 → 30 –7 = 23

Letra da Zona (Z) =  / 4 +1 → Z = 7/4 +1 = 2

Sendo o hemisfério Norte resulta: NB- 23

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9 Bibliografia

AQUINO, M. H. O., MACHADO, O. R., PEREIRA, S. M. - Noções de Geodésia e Cartografia – Aplicações na


Petrobrás – Rio de Janeiro – 1983 – 2a Edição.

IBGE – Noções Básicas de Cartografia – Rio de Janeiro - 1999

GRIPP JR, Joel - O sistema UTM: Operações Principais - Apostila no prelo, UFV, Viçosa - MG, 1994.

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10 Anexos (1)

10.1 Termos Comumente Usados na Geodésia

• Geóide

• Elipsóide

• DATUM

• Desvio da Vertical

• Convergência Mediana Plana

• Redução Angular

• Azimute Geodésico

• Azimute UTM ou de Quadricula

• Azimute Geodésico Projetado

• Distância Geodésica

• Distância Elipsoidal

• Distância Plana UTM

• Fator de Escala

• Meridiano Central

• Coordenadas Geodésicas Geográficas

• Coordenadas Astronômicas

• UTM – Universal Transverso de Mercator

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11 Anexos (2)

CÁLCULO DE AZIMUTE GEODÉSICO PROJETADO (Azgp)

POLIGONAL: DATA: _____/_____/____


ESTAÇÃO 0 : ESTAÇÃO I :
A PARTIR DO AZIMUTE GEODÉSICO - Azg A PARTIR DO AZIMUTE PLANO - Azp
*  ( long ) *N0
* MC * NI
 =  - MC ( )
N = N 0 - N I ( )

" *E0
p = " . 10 -4
* EI
p 2
E = E 0 - E I ( )

* 1 ( lat ) ( )
Tg az = E / N

I
XII = ( sen    ) Az
TAB XIII ; f (  ) ( ) 5
Azp (I-0)
2 2 ( )
XIII . p E' 0

XIIIp2 + XII E' I


( )

2 ( )
g = ( XIIIp + XII ) .p 2 E' I
3
GRÁFICO Cs ; f (  ) ( )
d' I = 2 E' I + E' 0
( )

CMp" ( g + Cs ) d I = 2 d' I . 10 -4 ( )

4 ( )
CMp TAB XVIII ; f ( N )
* Azg (I-0) N . XVIII ( )

6 ( )
Azg (I-0) + 180º C
( ) ( )
- CMp Ra = C . dI
Azg ( I - 0 ) Azgp (I-0)

Azgp (I-0) = Azg ( I - 0) + 180º - CMP Azgp (I-0) = Azg ( I - 0) + Ra (I-0)


1 4
XII = sen . 10 Ra = Redução Angular
2
ATÉ  = 1'40" XIII . p2 = 0 6
C = N XVIII . 6,8755 . 10-4
3
ATÉ  = 2º30' Cs = 0 E' = E - 500.000,00
4
SINAL DE 
5
Se N (+) e E (+) ; Azp = Az
N (+) e E (-) ; Azp = 360º - Az
N (-) e E (-) ; Azp = 180º + Az * DADOS
N (-) e E (+) ; Azp = 180º - Az

CMp = Convergência Meridiana Plana

CALCULISTA:

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12 Anexo (3)

TRANSFORMAÇÃO DE COORDENADAS
SERVIÇO:
LOCAL: ESTAÇÃO:
PLANAS - SISTEMA UTM EM GEOGRÁFICAS
N= q= E=
(-) 2
Cte = q = Cte =
3
N' = q = E' =
4
(I)= q = ( IX ) =
(+)
 (I)= q = 5
 ( IX ) =
' = q = 6
IX .q =

( VII ) = ( X) =
 ( VII ) =  ( X) =
VII = X=
2
VII .q = X .q3 =

VIII = E' 5 =

VIII .q 4=
E'5 .q5 =
" =
D' 6  =
D' 6 .q = 6
=

=  =

FÓRMULAS:
q = 0,000001 E'
 = ' - VII .q 2 + VIII .q 4 - D' 6 .q 6

 = IX .q - X .q 3
+ E' 5 . Q 5

ARGUMENTOS DAS TABELAS - '

CALCULISTA :

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13 Anexo (4)

TRANSFORMAÇÃO DE COORDENADAS
SERVIÇO:
LOCAL: ESTAÇÃO:
GEOGRÁFICAS EM PLANAS - SISTEMA UTM
= p=  =
( )= p = 2
0 =
 (I)= p 3
=  =
(I)= p = 4
" =
5
p =
(  ) = p6= ( IV ) =
 ( II ) = D ( IV ) =
( II ) = ( IV ) =
2
II .p = IV .p 2 =

( III ) = (V)=
4
III .p = V =
(V)=
A' 6 = V .p 3 =
6
A' 6 . P =
B' 5 =
N' = B' 5 .p 5 =

Cte = E' =
N' = Cte =

N= E =

FÓRMULAS:
p = 0,0001 ' ( sempre positivo )
N' = I + II .p 2 + III .p 4 + A' 6 .p 6
3
E' = IV .p + V .p + B' 5 .p 5
ARGUMENTOS DAS TABELAS - 

CALCULISTA :

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INTRODUÇÃO à GEODÉSIA GEOMÉTRICA

14 Anexo (5)

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INTRODUÇÃO à GEODÉSIA GEOMÉTRICA

15 Anexo (6)

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INTRODUÇÃO à GEODÉSIA GEOMÉTRICA

TRANSPORTE DE COORDENADAS PLANAS - SISTEMA UTM

ESTAÇÃO 0 : DATA: _____/_____/____


ESTAÇÃO I : ESTAÇÃO 2 :
* NI * E'
h = Azgp (I-0) Azgp ( I - 2 )
 
Azgp ( I - 2 ) = ( h +  )
* ( distância geodésica) dg
( E ) = dg .sen Azgp (I-2) ( N ) = dg .cos Azgp (I-2)
2
E'I q
( E'2 ) = E'I + ( E ) q
4

-6 4 -5
qI = E'I . 10 a = 3q . 10
-6
q2 = E'2 . 10 TAB XVIII
2
qI .q2 b = XVIII .q
2
qI a+b+I
2
q2 K=(a+b+I).K 0
2 2
( qI .q2 ) + qI + q2
* ( distância reduzida ) dr = dg . K
( N ) . XVIII C
2 E' 2 E'2
'
d'I = 2 E I + E'2 d'2 = 2 (E' 2 ) + E'I
-4 -4
dI = d'I . 10 d2 = d'2 . 10
Ra ( I - 2 ) = c . dI Ra ( 2 - 1 ) = c . d2
Azp ( I - 2 ) = Azgp (I-2) - Ra ( I - 2 ) =
N = dr .cos Azp  = dr .sen Azp
N2 = NI + N E2 = EI + E
Azp ( 2 - I ) = Azgp (I-2) - Ra ( 2 - I ) + 180º =

* DADOS
K0 = 0,9996 E' = E - 500.000,000
2 2 2
q = 1/3 ( qI .q2 + q1 + q2 ) K = fator de redução linear
C = N . XVIII . 6,8755 . 10 =
-4 0 2

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TRANSPORTE DE COORDENADAS PLANAS - SISTEMA UTM

ESTAÇÃO 0 : DATA: _____/_____/____


ESTAÇÃO I : ESTAÇÃO 2 :
* NI * E'
h = Azgp (I-0) Azgp ( I - 2 )
 
Azgp ( I - 2 ) = ( h +  )
* ( distância geodésica) dg
( E ) = dg .sen Azgp (I-2) ( N ) = dg .cos Azgp (I-2)
2
E'I q
( E'2 ) = E'I + ( E ) q
4

-6 4 -5
qI = E'I . 10 a = 3q . 10
-6
q2 = E'2 . 10 TAB XVIII
2
qI .q2 b = XVIII .q
2
qI a+b+I
2
q2 K=(a+b+I).K 0
2 2
( qI .q2 ) + qI + q2
* ( distância reduzida ) dr = dg . K
( N ) . XVIII C
2 E' 2 E'2
'
d'I = 2 E I + E'2 d'2 = 2 (E' 2 ) + E'I
-4 -4
dI = d'I . 10 d2 = d'2 . 10
Ra ( I - 2 ) = c . dI Ra ( 2 - 1 ) = c . d2
Azp ( I - 2 ) = Azgp (I-2) - Ra ( I - 2 ) =
N = dr .cos Azp  = dr .sen Azp
N2 = NI + N E2 = EI + E
Azp ( 2 - I ) = Azgp (I-2) - Ra ( 2 - I ) + 180º =

* DADOS
K0 = 0,9996 E' = E - 500.000,000
2 2 2
q = 1/3 ( qI .q2 + q1 + q2 ) K = fator de redução linear
C = N . XVIII . 6,8755 . 10 =
-4 0 2

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http://www.ufrgs.br/engcart/Teste/par_elip.php

- Coordenadas Tridimensionais
1.2.1 - Sistema cartesiano
O sistema cartesiano tridimensional é constituído por três eixos coordenados
ortogonais entre si. O primeiro eixo é o das abscissas, o segundo das ordenadas e o terceiro
das cotas. Dependendo da posição dos eixos ele pode ser classificado como dextrógiro ou
levógiro. Um sistema é dito dextrógiro quando o rebatimento do eixo X sobre o Y ocorre
no sentido anti-horário e levógiro quando o sentido de rebatimento é no sentido horário. A
figura a seguir ilustra os dois casos.
Independente da orientação adotada qualquer ponto pode ser definido por por suas
coordenadas cartesianas tridimensionais (xP, yP, zP).

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