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de
Histórias
Formando Leitores no Ensino Fundamental II
1ª EDIÇÃO
MÁRCIO ALMEIDA CÓ
Diretor de Ensino
CHRISTIAN MARIANI
Diretor de Extensão
COMISSÃO CIENTÍFICA
Antônio Carlos Gomes
Lucas dos Passos e Silva
Dilza Côco
EDITORAÇÃO
Aline Pereira da Silva Antonio
PRODUÇÃO E
DIVULGAÇÃO
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
(Biblioteca Nilo Peçanha do Instituto Federal do Espírito Santo)
CDD 21 – 372.4
ILUSTRAÇÕES
As imagens aproveitadas neste material foram retiradas do acesso público Google.
Em respeito a seus autores, citamos os links para as fontes dos textos ou imagens, pois nossa finalidade,
com essa publicação, é tão somente educativa.
ELABORAÇÃO DAS ATIVIDADES
IRLEY DA PENHA GUIJANSQUE
ORIENTAÇÃO E REVISÃO
ANTÔNIO CARLOS GOMES
04
sional em Letras - Profletras, além de coordenar O
curso de Letras à Distância.
Sumário
Apresentação O incentivo à leitura
pag. 06 Era uma vez em sala de aula
pag. 07 pag. 09
Quinto Módulo:
Conhecendo as
histórias que circulam
na comunidade
pag. 20
Sexto Módulo: Sétimo Módulo:
Apreciação de videos Pesquisando os
de contação de história gêneros narrativos
pag. 22 pag. 24
Oitavo Módulo:
Trabalhando o gênero
Narrativo
Nono Módulo: pag. 26
Décimo Módulo:
Momento do contotra- Apresentação do
balhando a oficina: uso Produt e avaliação
de dinâmicas pag. 44
pag. 29
Apresentação
Caro(a) leitor(a),
Boa leitura!
06
Era uma vez...
Por que a contação de histórias para o Ensino
Fundamental II?
07
A arte de Contação
de História
O termo contação de histórias é uma expressão que até pouco
tempo não existia e que apareceu para denominar a arte de contar
histórias, uma das formas mais antigas de se registrar, por meio da
oralidade, os fatos ocorridos e a transmissão de experiências a
outros. Pois somos constituídos de várias histórias que entrelaçadas
a outras nos fazem ser o que somos. Como numa colcha de reta-
lhos, essas histórias se cruzam e se unem, tornando-se imprescindí-
veis para a construção da identidade de uma pessoa ou até mesmo
de uma geração inteira. Essa identidade se estabelece na relação
entre os “retalhos” que formam o sujeito, por meio da consciência de
si, do outro e da compreensão do mundo que o rodeia, além das va-
riadas vivências com a cultura e a arte que o ato de contar histórias
proporciona.
08
O incentivo à leitura em
sala de aula
Sabemos que todo texto possui uma função social. Quando lemos uma
notícia de jornal, a intenção é de nos informar; quando lemos um
manual de instrução, procuramos compreender o funcionamento de
algo; e quando se conta uma história, o que se objetiva? O principal
objetivo da contação de histórias sempre foi a necessidade do ser
humano em transmitir suas experiências e divulgar os valores sociais
para as gerações mais novas. E hoje tem se mostrado um importante
recurso pedagógico, capaz de ser utilizada em variadas atividades es-
colares.
09
Assim, apresentamos a seguir uma sequência de atividades que
destacam aspectos relevantes ao ato de contar histórias, aspiran-
do não somente à formação de contadores de histórias, mas o de-
senvolvimento do hábito de leitura. Por ser organizado em módu-
los o conteúdo é trabalhado de maneira sistemática, em que cada
parte pode ser definida como uma etapa de execução do projeto
com a intenção de despertar o “contador de histórias” presente em
cada um deles, além de estimular a exposição oral dos alunos de
forma criativa.
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Módulos da
Sequência de
atividades
Primeiro Módulo:
Sondagem
Planejamento
Apresentação do projeto e sondagem do conhecimento
Atividade prévio dos alunos
Duração 2 aulas
12
Como Fazer?
13
Segundo Módulo:
Filme: “Narradores
de Javé”
Planejamento
Atividade Apresentação e análise do filme: Narradores de Javé
Duração 2 aulas
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Como Fazer? Ficha Técnica
Direção:
Eliane Caffé
Roteiro:
Elina Caffé
Luís Alberto de Abreu
Elenco:
José Dumont
Gero Camilo
Rui Resende
Antes da exibição do filme, faça uma breve Luci Pereira
apresentação da obra e oriente os alunos a Nélson Dantas
observarem os aspectos formais do filme, Nélson Xavier
tais como: personagens, enredo, espaço, e
principalmente o papel da contação de his- Gênero:
tórias para a manutenção da memória e da Drama
cultura local. Após o filme, faça uma roda de
conversa e peça aos alunos que teçam co- Companhia(s)
mentários sobre o que observaram no filme, produtora(s):
respondendo, oralmente, as questões a Bananeira Filmes
seguir: Gullane Filmes
Laterit Productions
Riofilme
a) Qual o tema do filme?
b) O que a história quis transmitir? Distribuição:
Riofilme
c) Como são abordadas às questões
referentes à memória?
Lançamento:
d) O que você conseguiu aprender 16 de maio de
com a história? 2003 (Cannes)
e) Do que mais gostou?
23 de janeiro de
f) Por que para os moradores de Javé,
2004
era importante resgatar a memória do
lugar?
g) Conhece algum fato parecido com o
assunto abordado no filme?
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Terceiro Módulo:
Contar e encantar:
o contador em ação
Planejamento
Duração 2 aulas
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Como Fazer?
Convide um contador de histórias para conversar com os alunos sobre
seu ofício e contar uma ou mais histórias bem interessantes para eles.
Antes, organize um espaço na escola (é interessante que não seja a sala
de aula), para a apresentação, pois quanto mais agradável ficar o am-
biente, mais envolvidos e empolgados ficarão os alunos. Antecipada-
mente, peça a eles que observem a performance do contador, analisan-
do o uso dos elementos típicos da linguagem oral: os gestos, a forma
como o contador usa a voz, sua qualidade e entonação; a seguir que ob-
servem para onde ele dirige o olhar; seus movimentos; a troca de olha-
res; as mímicas faciais; os gestos; as hesitações; as interrupções e as
pausas, ou seja tudo o que compõe o processo de contação.
Planejamento
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Como Fazer?
Para esse módulo é importante explicar aos alunos as condições de pro-
dução do gênero entrevista, sua relevância e importância social. Para
isso, comece a atividade apresentando o gênero a ser produzido, qual
seu objetivo e o público destinado a ele. Essas etapas são necessárias
para esclarecer as possíveis dúvidas que possam surgir durante o pro-
cesso.
Esse processo não é mecânico "já que a passagem da fala para a escri-
ta não se dá naturalmente no plano dos processos de textualização.
Trata-se de um processo que envolve operações complexas que interfe-
rem tanto no código como no sentido e evidenciam uma série de aspec-
tos nem sempre bem compreendidos da relação oralidade-escrita
(MARCUSCHI, 2001, p. 46).
Planejamento
Pesquisar sobre histórias que fazem parte da memória da
Atividade comunidade local.
Duração 2 aulas
- Resgatar a memória;
- Valorizar a identidade local, promovendo a reflexão;
Objetivos - Ajudar a desenvolver a produção oral e escrita, além de estimu-
lar a leitura.
- Auxiliar o aluno a escrever de modo mais adequado em uma
situação de comunicação.
- Resgatar a memória;
- Valorizar a identidade local;
- Promover a reflexão;
Avaliação - Ajudar a desenvolver a produção oral e escrita,
além de estimular a leitura.
- Auxiliar o aluno a escrever de modo mais adequado
em uma situação de comunicação.
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Como Fazer?
Para o desenvolvimento dessa atividade, os alunos podem usar as per-
guntas abaixo ou adaptá-las:
Planejamento
Apresentação de dois vídeos do canal You tube: “O pesca-
Atividade dor, o anel e o rei” e “A história do grande livro de histórias”.
Duração 2 aulas
- Apresentar os vídeos;
- Dividir da turma em grupo;
Procedimentos
- Propor a análise do desempenho das duas contadoras;
metodológicos
- Escolher um aluno de cada grupo para socializar a respos-
ta com os outros grupos.
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Como Fazer?
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Sétimo Módulo:
Pesquisando os
gêneros narrativos
Planejamento
Atividade Pesquisa sobre gêneros narrativos
Duração 2 aulas
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Como Fazer?
Para essa tarefa, os alunos devem ser levados à sala de informática para
que, divididos em grupos, pesquisem os seguintes gêneros: mitos, fábu-
las, crônicas, contos, apólogos, lendas, entre outros. É necessário orien-
tá-los a buscarem em diferentes sites, os aspectos que particularizam
cada gênero, além de um texto que exemplifique cada gênero pesquisa-
do, para depois contá-lo para os colegas. Busca-se aqui, trabalhar a
leitura e a oralidade dos alunos.
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Oitavo Módulo:
Trabalhando o texto
Narrativo
Planejamento
Duração 2 aulas
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Como Fazer?
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Abaixo segue como sugestão uma lista de textos que podem
ser utilizados para o desenvolvimento das atividades:
• Os três companheiros
• A velha contrabandista
• O caso do espelho
• A vendedora de fósforos
• Os sete corvos
• A cigarra e a formiga
• Felicidade clandestina
• A moça tecelã
• As mil e uma noite
• A história do grande livro de histórias
• A mulher e a cozinheira;
• O pescador, o anel e o rei;
• A moça tecelã
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Nono Módulo:
Preparando o aluno
Narrador
Planejamento
Duração 2 aulas
- Incentivar a leitura;
- Estimular a criatividade;
Objetivos - Promover o hábito de escuta;
- Praticar a oralidade;
- Desenvolver a escrita.
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Como Fazer?
Para esse módulo, além de uma explicação mais detalhada sobre a
atividade que será desenvolvida, é importante enfatizar a importância
de se contar histórias. Salientamos a necessidade de se conhecer as
técnicas de contação, para que a atividade possa ocorrer da maneira
mais eficiente. Para trabalhá-las, propomos algumas dinâmicas que
podem auxiliar no estímulo à imaginação e à criatividade, no trabalho
com a oralidade, na expressão corporal, entre outros.
a) Quem era?
b) De onde veio?
c) O que pretendia?
d) Com quem se encontrou?
e) Em que se transformou?
f) Por quem foi transformado?
g) Por que foi transformado?
h) Que rumo tomou?
Como Fazer?
Esse leque vai ser passado de mão em mão e ao pegá-lo o partici-
pante deve responder a pergunta destinada a ele sem ler o que foi
respondido anteriormente. Isso irá ocorrer sucessivamente, até
que todas as perguntas sejam respondidas. Por fim, o leque será
desdobrado e serão lidas as respostas montando, assim, uma his-
tória.
Essa técnica possibilita ao aluno demonstrar sua criatividade e
sua capacidade de improvisação. É uma atividade que os alunos
consideram muito engraçada e por isso a adoram, tornando esse
momento muito especial.
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Dinâmicas 2:
Analisando atitudes
34
Dinâmicas 3:
Qual é a cor?
35
Dinâmicas 4:
História Compartilhada
Observações:
36
Dinâmicas 5:
Caixa história
37
Dinâmicas 6:
Criando personagens
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Dinâmicas 7:
Treinando os alunos.
39
Dinâmicas 8:
Trava-línguas e expressão oral
Esse tipo de atividade serve para divertir, pois se pode fazer uma
disputa entre os alunos, além de aprimorar a dicção.
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Dinâmicas 9:
Cores e emoções
Cores:
azul – tranquilo;
vermelho – violento;
amarelo - atenção
laranja- alegre
preto – triste
Formas:
quadrado – sério;
semicírculo – esquisito
círculo - divertido
triângulo – pensativo
Por fim, será mostrado um objeto e pedido aos alunos que criem
uma função mágica para ele. Após essa atividade, formam-se
grupos que deverão produzir uma história com as ideias. Ao final,
cada grupo apresentará, oralmente a história produzida.
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Dinâmicas 10:
Exercitando a leitura
42
Dinâmicas 11:
Recontando a história
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Décimo Módulo:
Concurso de contadores
de histórias
Planejamento
- Desenvolver a oralidade;
- Estimular a criatividade;
Objetivos - Trabalhar a capacidade de memorização;
- Estimular a leitura;
- Aplicar as técnicas de contação.
44
Como Fazer?
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Textos para o
desenvolvimento
das atividades
Os três
companheiros
Conto folclórico, texto de Luís da
Câmara Cascudo
48
A Velha
Contrabandista
Stanislaw Ponte Preta
50
O Caso do Espelho
Ricardo Azevedo
52
A pequena
vendedora
de fósforos
Hans Christian Andersen
55
Os sete corvos
Um conto de fadas dos Irmãos
Grimm
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- Minha filha, o que é que você está procurando?
- Procuro meus irmãos, os sete corvos - respondeu ela. O gnomo então
disse:
- Os senhores Corvos não estão em casa, mas se quiser esperar até que
eles cheguem, entre e fique à vontade.
Lá em cima, o gnomo pôs a mesa para o jantar dos corvos, com sete pra-
tinhos e sete copinhos. A irmã então comeu um pouco da comida de cada
prato e bebeu um gole de cada copo. Mas no último, deixou cair o anelzi-
nho que tinha trazido.
De repente, ouviu-se nos ares um barulho de gritos e batidas de asas.
Então o gnomo disse:
- São os senhores Corvos que estão chegando.
Eram eles mesmos, com fome e com sede. Foram logo em direção aos
pratos e copos. E, um por um, foram gritando:
- Quem comeu no meu prato? Quem bebeu no meu copo? Foi boca de
gente, foi boca de gente...
Mas quando o sétimo corvo acabou de esvaziar seu copo, o anel caiu lá
de dentro. Ele olhou bem e reconheceu que era um anel do pai e da mãe
deles, e disse:
- Quem dera que fosse a nossa irmãzinha, porque aí a gente ficava livre.
Quando a menina, que estava escondida atrás da porta, ouviu esse
desejo, apareceu de repente e todos os corvos viraram gente outra vez.
Começaram todos a se abraçar e se beijar e a se fazer mil carinhos e
depois voltaram para casa muito felizes.
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A Moça Tecelã
Por Marina Colasanti
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Desteceu os cavalos, as carruagens, as estrebarias, os jardins. Depois
desteceu os criados e o palácio e todas as maravilhas que continha. E
novamente se viu na sua casa pequena e sorriu para o jardim além da
janela. A noite acabava quando o marido estranhando a cama dura, acor-
dou, e, espantado, olhou em volta. Não teve tempo de se levantar. Ela já
desfazia o desenho escuro dos sapatos, e ele viu seus pés desaparecen-
do, sumindo as pernas. Rápido, o nada subiu-lhe pelo corpo, tomou o
peito aprumado, o emplumado chapéu. Então, como se ouvisse a chega-
da do sol, a moça escolheu uma linha clara. E foi passando-a devagar
entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha do hori-
zonte.
Texto extraído do livro “Doze Reis e a Moça no Labirinto do Vento”, Global Editora , Rio
de Janeiro, 2000, uma colaboração da amiga Janaina Pietroluongo, da longínqua Oxford.
61
Considerações Finais
62
REFERÊNCIAS
BAKTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1979.
BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1980
BOSI, Alfredo. O ser e o tempo da poesia. São Paulo: Cultrix; Esp, 1977.
BUSATTO, Cléo. Contar & encantar: pequenos segredos da narrativa. Petrópolis, RJ: Vozes,
2003.
COELHO, Beth. Contar histórias: uma arte sem idade. São Paulo: Ática, 1998.
LERNER, Délia. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário. Porto Alegre:
Artmed, 2005.
MARCUSCHI, L.A. – Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez,
2001.
SISTO, Celso. Textos e pretextos da arte de contar histórias. Chapecó: Argos, 2001.