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Sobre o projeto
Este é o primeiro volume do projeto Cursed Pence, ele foi pensado para publicar
histórias de horror, fantasia, ficção e mistério, qualquer autor que queira publicar basta
enviar seu conto para que o mesmo seja publicado, sem custo algum, o propósito é
divulgar o autor e as histórias por eles escritas. Uma cópia em PDF será enviada ao
autor(es) e os mesmos podem repassar a quem quiserem gratuitamente ou por um valor
que não ultrapasse R$0,50 centavos, como o nome diz – Cursed Pence (Centavos
Malditos).
O projeto foi inspirado nas antigas Penny Dreadfulls, publicações que eram
muito famosas na Inglaterra do final do Século XVIII e início do sec. XIX, onde eram
publicadas histórias de mistério, horror, e várias outras, eram vendidas por 1 pence, por
isso o nome de Centavos Malditos ou Penny Dreadfull, essas publicações eram
destinadas à classe operária, sua popularidade veio a decrescer na década de 1890,
quando outros tipos de literatura começaram a aparecer. Devido a serem livros baratos,
publicados em papel de baixa qualidade poucos exemplares chegaram até os dias de
hoje, por isso surgiu o desejo de resgatar essa “antiga” tradição, esse projeto seguirá os
mesmos moldes, desejamos que esse seja o trampolim para que muitos autores nacionais
se tornem conhecidos e popularizem a literatura de horror, mistério, fantasia e ficção no
Brasil.
João Lopes
Editor
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A Coisa na Neblina
“Pois não sabemos com que feras a Noite sonha quando suas horas ficam longas
demais para que até mesmo Deus esteja acordado” (Hildred Castaigne)
pequena cidade de Rio Negro, distante 10 km da cidade de Cruz das Almas, Rio Negro é
uma pequena vila de pescadores, aposentados e pessoas em busca de uma vida mais
prosaica. Como toda cidade pequena, Rio Negro também tinha seus segredos. Um desses
segredos, talvez o mais bem guardado, ocorreu em 1973, um segredo que nenhum
morador do povoado ousa a contar em voz alta.
Não testemunhei diretamente os eventos que ali ocorreram, mas tendo contato com
muitos moradores da pequena cidade tive acesso à história àqueles que me contaram
tinham um olhar de pavor, como se algo ainda espreitasse o local e quem ousasse falar
seria punido, ou talvez quisessem esconder como se fosse uma maldição que é melhor ser
esquecida.
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Em 1973 as chuvas de início de ano foram mais abundantes que os anos anteriores
o que fez com que o rio que dá o nome à cidade enchesse além do normal isolando a
pequena Rio Negro da vizinha Cruz das Almas. As autoridades, sejam por incompetência
ou negligência, pouco puderam fazer para amenizar o problema dos moradores e Rio
Negro ficou completamente sem contato com o mundo exterior.
O evento só começou a ser levados a sério quando o pároco da cidade, o Sr. Josué
Marcondes, confidenciou ao seu amigo ter testemunhado a neblina que o perseguiu
enquanto ele retornava da casa de uma de suas beatas, tarde da noite após o jantar. O
sacerdote retornava à casa paroquial e resolveu “cortar caminho” pela rotunda. O mesmo
contou que ao se aproximar do local sentiu um intenso frio, úmido e pegajoso, e dentro
da arruinada rotunda a neblina se condensava e se tornava mais densa. O padre, curioso
com o que poderia estar acontecendo ali, resolveu checar.
O pobre homem foi encontrado horas depois vagando pelas margens do rio
balbuciando palavras desconexas, seu olhar era vazio e havia em seu semblante um pavor
nunca visto. O pouco que se conseguiu entender do que era dito pelo padre era que Ele
havia chegado para punir os homens pelos seus crimes e que Deus havia abandonado Rio
Negro.
Ninguém ousou a perguntar ao velho padre quem ou o que poderia ser Ele, e os
policiais locais não encontraram ninguém na região próxima às ruínas da rotunda. Quando
a cidade ficou isolada os eventos se intensificaram, o que antes era visto apenas pelos que
se aventuravam pelas ruas desertas, tarde da noite, passou a ser testemunhado por todos
os moradores da cidade. Após uma forte tempestade, povoada de trovões e relâmpagos
que riscavam o céu negro a Neblina se fez visível a todos os habitantes apavorados de
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Rio Negro. Fria, densa, úmida e pegajosa, a Névoa maligna dominou toda a cidade e os
habitantes não conseguiam enxergar um palmo a sua frente.
“Devolvam-me!” Foram essas as palavras que todos ouviram sair dos lábios do
padre. Visões dominaram todos os presentes, seres grandiosos em uma assembleia
observavam enquanto milhares de almas eram torturadas e massacradas em campos de
morte e destruição. “Devolvam-me!”
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Aquele lugar passou desde então a ser evitado pelos moradores de Rio Negro, e
aqueles que ousam adentrar o arruinado local sentem um desconforto tomar conta de sua
mente. Dizem que se você permanecer em silêncio ainda consegue ouvir o coro sombrio
daqueles que pereceram na fatídica noite de 1973. Confesso que minha visita àquele lugar
me deixou deveras assombrado. E em noites tempestuosas, quando os trovões ressoam
pode-se ouvir ainda o sombrio grito “Devolvam-me!” E uma luz esverdeada cercada por
uma densa e fria Neblina é avistada.
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