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ORIELISARB OMSINREDOM
22: FASE DA
DESTRUIÇÃO
Profa. Beatriz Linhares
Repercussão
- INTEGRAÇÃO DE SÃO PAULO AO
CIRCUITO DAS CIDADES GLOBAIS DE
PONTO DE VISTA ARTÍSTICO E CULTURAL
- CHOQUE COM UM PAÍS MARCADO PELO
PROVINCIANISMO E POR UMA
POPULAÇÃO MAJORITARIAMENTE
RURAL: A IMPORTÂNCIA DE SÃO PAULO
PARA A CONSOLIDAÇÃO DO MOVIMENTO
Repercussão
- PROBLEMATIZAÇÃO DA
REPRESENTAÇÃO
LITERÁRIA E DA
IDENTIDADE NACIONAL
BRASILEIRA
PERSPECTIVA DESTRUTIVA
RESISTÊNCIA DO PÚBLICO
oãssucrepeR
“Oswald encarna o conceito francês de
vanguarda, uma noção de rompimento
total com o passado. O Mário era mais
equilibrado e tentava conciliar a
mudança com a tradição”
MÁRIO DE
ANDRADE
O TEÓRICO DO
MODERNISMO
09/10/1883 - 25/02/1945
rapsódia
é uma obra literária que condensa todas
as tradições orais e folclóricas de um
povo. Entre os antigos Gregos, trecho de
RAPSÓ
poema épico cantado por um rapsodo
as meninas da gare
Eram tres ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com cabellos mui pretos pelas espadoas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que de nós as muito bem olharmos
Não tinhamos nenhuma vergonha
ESCAPULÁRIO
No Pão de Açúcar PRONOMINAIS
De Cada Dia BIBLIOTECA NACIONAL
Dai-nos Senhor Dê-me um cigarro
A Poesia Diz a gramática A Criança Abandonada
De Cada Dia Do professor e do aluno O Doutor Coppelius
POEMA BESTA E do mulato sabido Vamos com Ele
Mas o bom negro e o bom Senhorita Primavera
Que horas são branco Código Civil Brasileiro
1 hora Da Nação Brasileira A arte de ganhar no bicho
Que horas são Dizem todos os dias O Orador Popular
2 horas Deixa disso camarada O Polo em Chamas
Que horas são Me dá um cigarro.
5 horas
Que horas são
Coração
OSWALD DE
ANDRADE PROSA
1922: PUBLICAÇÃO DE
"SERAFIM PONTE GRANDE"
1924: PUBLICAÇÃO DE:
"MEMÓRIAS SENTIMENTAIS
DE JOÃO MIRAMAR"
3 . GARE DO INFINITO
Papai estava doente na cama e vinha um carro e um homem e o
carro ficava esperando no jardim.
Levaram-me para uma casa velha que fazia doces e nos mudamos
para a sala do quintal onde tinha uma figueira na janela.
No desabar do jantar noturno a voz toda preta de mamãe ia me
buscar para a reza do Anjo que carregou meu pai.
4. GATUNOS DE CRIANÇAS
O circo era um balão aceso com música e pastéis na entrada.
E funâmbulos cavalos palhaços desfiaram desarticulações risadas
para meu trono de pau com gente em redor.
Gostei muito da terra da Goiabada e tive inveja da vontade de ter
sido roubado pelos ciganos
158. RECREIO PINGUE-PONGUE
Miramar a vida é relativa
O acontecido não teria sido
Se nascesses só
Sem a mãe que te deixou virtudes caladas
O acontecido te ofertou
A filhinha de olhos claros
Abertos para os dias a vir
És o elo duma cadeia infinita
Abraça o Dr. Mandarim
E soma ele ao azul desta manhã
Louça
MANUEL
BANDEIRA
O PREOCUPADO DO
MODERNISMO
EM 1913, MUDA-SE PARA
19/04/1886-13/10/1968 SUÍÇA A FIM DE MELHORAR
DO DIAGNÓSTICO DE
TUBERCULOSE
DIVISÃO DE FASES
LIBERDADE POÉTICA,
SAUDOSISMO,
AUTOBIOGRAFIA E O
COTIDIANO
1º FASE: LIRISMO
SIMBOLISTA
POEMAS MARCADOS PELA
MUSICALIDADE E
EXTREMAMENTE 1919
MELANCÓLICOS
1917
Eu faço versos como quem chora
De desalento… de desencanto…
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente…
DESENCANTO Tristeza esparsa… remorso vão…
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
(Teresópolis, 1912)
2ª FASE: MODERNISTA
VERSOS LIVRES, REGISTRO
COLOQUIAL E
EXPERIMENTAÇÕES
EVOCA BASTANTE O
PASSADO
1930
Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
PNEUMOTÓRAX Mandou chamar o médico:
— Diga trinta e três.
— Trinta e três… trinta e três… trinta e três…
— Respire.
……………………………………………………………………….
— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito
infiltrado.
— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
— Não.
A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
Quando a Indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou caroável),
CONSOADA Talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
- Alô, iniludível!
O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A noite com seus sortilégios.)
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.
3ª FASE: PÓS-
MODERNISTA
EQUILÍBRIO ENTRE A TRADIÇÃO
E A VANGUARDA: POEMAS COM
VERSIFICAÇÃO CLÁSSICA E
BRANCOS
EVOCAÇÃO DA INFÂNCIA E DE
RECIFE, OLHAR SOCIAL
1944
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
O BICHO Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
POEMA TIRADO DE UMA
NOTÍCIA DE JORNAL
João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro
da Babilônia num barracão sem número
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu
afogado..
ALCÂNTARA
MACHADO
25/05/1901-14/04/1935
O "GRINGO" DO
MODERNISMO
UM DOS PRINCIPAIS
APOIADORES DA
1927 MODERNIZAÇÃO LITERÁRIA
RETRATA O CONTURBADO
PROCESSO DE
MODERNIZAÇÃO DO BRASIL
TAMBÉM RETRATA O
COTIDIANO
- Xi, Gaetaninho, como é bom! GAETANINHO
Gaetaninho ficou banzando bem no meio da rua. O Ford quase o derrubou e ele não viu o Ford.
O carroceiro disse um palavrão e ele não ouviu o palavrão.
- Eh! Gaetaninho! Vem prá dentro.
Grito materno sim: até filho surdo escuta. Virou o rosto tão feio de sardento, viu a mãe e viu o chinelo.
- Subito!
Foi-se chegando devagarinho, devagarinho. Fazendo beicinho. Estudando o terreno. Diante da
mãe e do chinelo parou. Balançou o corpo. Recurso de campeão de futebol. Fingiu tomar a
direita. Mas deu meia volta instantânea e varou pela esquerda porta adentro.
Êta salame de mestre!
Ali na Rua Oriente a ralé quando muito andava de bonde. De automóvel ou carro só mesmo em
dia de enterro. De enterro ou de casamento. Por isso mesmo o sonho de Gaetaninho era de
O Beppino por exemplo. O Beppino naquela tarde atravessara de carro a cidade. Mas como? Atrás da tia
Peronetta que se mudava para o Araçá. Assim também não era vantagem.
Que beleza, rapaz! Na frente quatro cavalos pretos empenachados levavam a tia Filomena para o
cemitério. Depois o padre. Depois o Savério noivo dela de lenço nos olhos. Depois ele. Na boléia do
carro. Ao lado do cocheiro. Com a roupa marinheira e o gorro branco onde se lia: ENCOURAÇADO SÃO
PAULO. Não. Ficava mais bonito de roupa marinheira mas com a palhetinha nova que o irmão lhe
trouxera da fábrica. E ligas pretas segurando as meias. Que beleza rapaz! Dentro do carro o pai os dois
irmãos mais velhos (um de gravata vermelha outro de gravata verde) e o padrinho Seu Salomone. Muita
gente nas calçadas, nas portas e nas janelas dos palacetes, vendo o enterro. Sobretudo admirando o
Caetaninho.
Mas Gaetaninho ainda não estava satisfeito. Queria ir carregando o chicote. O desgraçado do cocheiro
não queria deixar. Nem por um instantinho só.
Gaetaninho ia berrar mas a tia Filomena com a mania de cantar o "Ahi, Mari!" todas as manhãs o acordou.
O jogo na calçada parecia de vida ou morte. Muito embora Gaetaninho não estava ligando.
O Nino veio correndo com a bolinha de meia. Chegou bem perto. Com o tronco arqueado, as pernas dobradas, os
braços estendidos, as mãos abertas, Gaetaninho ficou pronto para a defesa.
Beppino deu dois passos e meteu o pé na bola. Com todo o muque. Ela cobriu o guardião sardento e foi parar no
meio da rua.
- Traga a bola!
Gaetaninho saiu correndo. Antes de alcançar a bola um bonde o pegou. Pegou e matou.
No bonde vinha o pai do Gaetaninho.
- Sabe o Gaetaninho?
Quem na boléia de um dos carros do cortejo mirim exibia soberbo terno vermelho que
feria a vista da gente era o Beppino.