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GERAÇÃO DE

ORIELISARB OMSINREDOM
22: FASE DA
DESTRUIÇÃO
Profa. Beatriz Linhares
Repercussão
- INTEGRAÇÃO DE SÃO PAULO AO
CIRCUITO DAS CIDADES GLOBAIS DE
PONTO DE VISTA ARTÍSTICO E CULTURAL
- CHOQUE COM UM PAÍS MARCADO PELO
PROVINCIANISMO E POR UMA
POPULAÇÃO MAJORITARIAMENTE
RURAL: A IMPORTÂNCIA DE SÃO PAULO
PARA A CONSOLIDAÇÃO DO MOVIMENTO
Repercussão
- PROBLEMATIZAÇÃO DA
REPRESENTAÇÃO
LITERÁRIA E DA
IDENTIDADE NACIONAL
BRASILEIRA

PERSPECTIVA DESTRUTIVA

RESISTÊNCIA DO PÚBLICO
oãssucrepeR
“Oswald encarna o conceito francês de
vanguarda, uma noção de rompimento
total com o passado. O Mário era mais
equilibrado e tentava conciliar a
mudança com a tradição”
MÁRIO DE
ANDRADE
O TEÓRICO DO
MODERNISMO
09/10/1883 - 25/02/1945

BUSCA PELA CONSCIÊNCIA


NACIONAL
EQUILÍBRIO CRITERIOSO
ENTRE A TRADIÇÃO E A
INOVAÇÃO
MÁRIO DE
ANDRADE POESIA

1917: PUBLICAÇÃO DE "HÁ


UMA GOTA DE SANGUE EM
CADA POEMA"
1922: PUBLICAÇÃO DE
"PAULICEIA DESVAIRADA"
1945: PUBLICAÇÃO DE LIRA
PAULISTANA
PREFÁCIO
Leitor: Está fundado o Desvairismo. INTERESSANTÍSSIMO
Este prefácio, apesar de interessante, inútil.
Alguns dados. Nem todos. Sem conclusões. Para quem me aceita são inúteis
ambos. Os curiosos terão o prazer em descobrir minhas conclusões,
confrontando obra e dados. Para que me rejeita trabalho perdido explicar o
que, antes de ler, já não aceitou.
Quando sinto a impulsão lírica escrevo sem pensar tudo que meu
inconsciente me grita. Penso depois: não só para corrigir, como para
justificar o que escrevi. Daí a razão deste Prefácio Interessantíssimo.
INSPIRAÇÃO
São Paulo! comoção de minha vida...
Os meus amores são flores feitas de original!...
Arlequinal!... Traje de losangos... Cinza e ouro...
Luz e bruma... Forno e inverno morno...
Elegâncias sutis sem escândalos, sem ciúmes...
Perfumes de Paris... Arys!
Bofetadas líricas no Trianon... Algodoal!...
São Paulo! comoção de minha vida...
Galicismo a berrar nos desertos da América!
A MEDITAÇÃO SOBRE O TIETÊ
Água do meu Tietê,
Onde me queres levar?
– Rio que entras pela terra
E que me afastas do mar…
É noite. E tudo é noite. Debaixo do arco admirável
Da Ponte das Bandeiras o rio
Murmura num banzeiro de água pesada e oliosa.
É noite e tudo é noite.
MÁRIO DE
ANDRADE PROSA
1927: PUBLICAÇÃO DE
"AMAR, VERBO
INTRANSITIVO"
1928: PUBLICAÇÃO DE
"MACUNAÍMA"

rapsódia
é uma obra literária que condensa todas
as tradições orais e folclóricas de um
povo. Entre os antigos Gregos, trecho de

RAPSÓ
poema épico cantado por um rapsodo

composição livre que obedece


características especiais ou clássicas, é
DIA
uma justaposição, de escassa unidade
formal de melodias populares e de
temas conhecidos, extraídos com
frequência de óperas e operetas
"PARA A FORMAÇÃO DA ENTIDADE
NACIONAL É NECESSÁRIO SUPERAR TODOS
ESSES OBSTÁCULOS QUE SE IMPÕEM
DIANTE DO HERÓI: PRIMEIRAMENTE ELE NÃO
TEM CARÁTER, NÃO É LIGADO AO SEU MEIO
GEOGRÁFICO (QUE, INCLUSIVE, RENEGA AO
FINAL DO LIVRO), AS PARTES (RAÇAS) QUE
O COMPÕEM SÃO CONFLITANTES COM A
OPRESSÃO DO COMPONENTE EUROPEU, O
TEMPO EM QUE O BRASIL VIVE PASSA POR
UM PERÍODO DE TRANSIÇÃO, INÍCIO DA
INDUSTRIALIZAÇÃO NACIONAL"
MACUNAÍMA
No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói da nossa gente. Era preto retinto e
filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o
murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é
que chamaram de Macunaíma. Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro
passou mais de seis anos não falando. Si o incitavam a falar exclamava:
– Ai! que preguiça!...e não dizia mais nada. Ficava no canto da maloca, trepado no jirau de
paxiúba, espiando o trabalho dos outros e principalmente os dois manos que tinha,
Maanape já velhinho e Jiguê na força do homem
O herói depois de muitos gritos por causa do frio da água entrou na cova e se lavou
inteirinho. Mas a água era encantada porque aquele buraco na lapa era marca do pezão
do Sumé, do tempo em que andava pregando o evangelho de Jesus pra indiada brasileira.
Quando o herói saiu do banho estava branco louro e de olhos azuizinhos, água lavara o
pretume dele. E ninguém não seria capaz mais de indicar nele um filho da tribo retinta
dos Tapanhumas. Nem bem Jiguê percebeu o milagre, se atirou na marca do pezão do
Sumé. Porém a água já estava muito suja da negrura do herói e por mais que Jiguê
esfregasse feito maluco atirando água pra todos os lados só conseguiu ficar da cor do
bronze
Então (Macunaíma) resolveu ir brincar com a Máquina para ser também imperador dos
filhos da mandioca. Mas as três cunhãs deram muitas risadas e falaram que isso de
deuses era uma gorda mentira antiga, que não tinha deus não e que com a máquina
ninguém não brinca porque ela mata. A máquina não era deus não, nem possuía os
distintivos traços femininos de que o herói gostava tanto. Era feita pelos homens. Se
mexia com eletricidade com fogo com água com vento com fumo, os homens
aproveitando as forças da natureza.
(…) a máquina devia ser um deus de que os homens não eram verdadeiramente donos
só porque não tinham feito dela uma Iara explicável mas apenas uma realidade do
mundo. De toda essa embrulhada o pensamento dele (Macunaíma) sacou bem clarinha
uma luz: Os homens é que eram máquinas e as máquinas é que eram homens.
Macunaíma deu uma grande gargalhada.”
Acabou-se a história e morreu a vitória. Não havia mais ninguém lá. Dera tangolom ângolo na tribo
Tapanhumas e os filhos dela se acabaram de um em um. Não havia mais ninguém lá. [...]
Então o homem descobriu na ramaria um papagaio verde de bico doirado espiando pra ele. Falou:
– Dá o pé, papagaio.
O papagaio veio pousar na cabeça do homem e os dois se acompanheiraram. Então o pássaro
principiou falando numa fala mansa, muito nova, muito! que era canto e que era cachiri com mel-de-
pau, que era boa e possuía a traição das frutas desconhecidas do mato.
A tribo se acabara, a família virara sombras, a maloca ruíra minada pelas saúvas e Macunaíma subira
pro céu, porém ficara o aruaí do séquito daqueles tempos de dantes em que o heroó fora o grande
Macunaíma imperador. E só o papagaio no silêncio do Uraricoera preservava do esquecimento os
casos e a fala desaparecida. Só o papagaio conservava no silêncio as frases e feitos do herói.
Tudo ele contou pro homem e depois abriu asa rumo de Lisboa. E o homem sou eu, minha gente, e
eu fiquei pra vos contar a história. Por isso que vim aqui. Me acocorei em riba destas folhas, catei
meus carrapatos, ponteei na violinha e em toque rasgado botei a boca no mundo cantando na fala
impura as frases e os casos de Macunaíma, herói de nossa gente.
Tem mais não.
OSWALD DE
ANDRADE 11/01/1890-22/10/1954
O REVOLUCIONÁRIO
DO MODERNISMO
POLÊMICO, GOZADOR E
DEBOCHADO
NACIONALISMO CRÍTICO
VALORIZAÇÃO DO FALAR
COTIDIANO - POESIA
"V. ocupa um lugar tão diferente dos outros
lugares do modernismo brasileiro que estar "READY-MADE"
com v. é ter a sensação de estar sozinho"
OSWALD DE
ANDRADE POESIA

1926: PUBLICAÇÃO DE:


"PAU-BRASIL"
1927: PUBLICAÇÃO DE
PRIMEIRO CADERNO DO
ALUNO DE POESIA OSWALD
DE ANDRADE
PERO VAZ CAMINHA
a descoberta
Seguimos nosso caminho por este mar de longo
Até a oitava da Paschoa
Topamos aves
E houvemos vista de terra

as meninas da gare
Eram tres ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com cabellos mui pretos pelas espadoas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que de nós as muito bem olharmos
Não tinhamos nenhuma vergonha
ESCAPULÁRIO
No Pão de Açúcar PRONOMINAIS
De Cada Dia BIBLIOTECA NACIONAL
Dai-nos Senhor Dê-me um cigarro
A Poesia Diz a gramática A Criança Abandonada
De Cada Dia Do professor e do aluno O Doutor Coppelius
POEMA BESTA E do mulato sabido Vamos com Ele
Mas o bom negro e o bom Senhorita Primavera
Que horas são branco Código Civil Brasileiro
1 hora Da Nação Brasileira A arte de ganhar no bicho
Que horas são Dizem todos os dias O Orador Popular
2 horas Deixa disso camarada O Polo em Chamas
Que horas são Me dá um cigarro.
5 horas
Que horas são
Coração
OSWALD DE
ANDRADE PROSA

1922: PUBLICAÇÃO DE
"SERAFIM PONTE GRANDE"
1924: PUBLICAÇÃO DE:
"MEMÓRIAS SENTIMENTAIS
DE JOÃO MIRAMAR"
3 . GARE DO INFINITO
Papai estava doente na cama e vinha um carro e um homem e o
carro ficava esperando no jardim.
Levaram-me para uma casa velha que fazia doces e nos mudamos
para a sala do quintal onde tinha uma figueira na janela.
No desabar do jantar noturno a voz toda preta de mamãe ia me
buscar para a reza do Anjo que carregou meu pai.
4. GATUNOS DE CRIANÇAS
O circo era um balão aceso com música e pastéis na entrada.
E funâmbulos cavalos palhaços desfiaram desarticulações risadas
para meu trono de pau com gente em redor.
Gostei muito da terra da Goiabada e tive inveja da vontade de ter
sido roubado pelos ciganos
158. RECREIO PINGUE-PONGUE
Miramar a vida é relativa
O acontecido não teria sido
Se nascesses só
Sem a mãe que te deixou virtudes caladas
O acontecido te ofertou
A filhinha de olhos claros
Abertos para os dias a vir
És o elo duma cadeia infinita
Abraça o Dr. Mandarim
E soma ele ao azul desta manhã
Louça
MANUEL
BANDEIRA
O PREOCUPADO DO
MODERNISMO
EM 1913, MUDA-SE PARA
19/04/1886-13/10/1968 SUÍÇA A FIM DE MELHORAR
DO DIAGNÓSTICO DE
TUBERCULOSE
DIVISÃO DE FASES
LIBERDADE POÉTICA,
SAUDOSISMO,
AUTOBIOGRAFIA E O
COTIDIANO
1º FASE: LIRISMO
SIMBOLISTA
POEMAS MARCADOS PELA
MUSICALIDADE E
EXTREMAMENTE 1919
MELANCÓLICOS
1917
Eu faço versos como quem chora
De desalento… de desencanto…
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente…
DESENCANTO Tristeza esparsa… remorso vão…
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca,


Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
— Eu faço versos como quem morre.

(Teresópolis, 1912)
2ª FASE: MODERNISTA
VERSOS LIVRES, REGISTRO
COLOQUIAL E
EXPERIMENTAÇÕES
EVOCA BASTANTE O
PASSADO
1930
Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
PNEUMOTÓRAX Mandou chamar o médico:
— Diga trinta e três.
— Trinta e três… trinta e três… trinta e três…
— Respire.
……………………………………………………………………….
— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito
infiltrado.
— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
— Não.
A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
Quando a Indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou caroável),
CONSOADA Talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
- Alô, iniludível!
O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A noite com seus sortilégios.)
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.
3ª FASE: PÓS-
MODERNISTA
EQUILÍBRIO ENTRE A TRADIÇÃO
E A VANGUARDA: POEMAS COM
VERSIFICAÇÃO CLÁSSICA E
BRANCOS
EVOCAÇÃO DA INFÂNCIA E DE
RECIFE, OLHAR SOCIAL
1944
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
O BICHO Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
POEMA TIRADO DE UMA
NOTÍCIA DE JORNAL
João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro
da Babilônia num barracão sem número
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu
afogado..
ALCÂNTARA
MACHADO
25/05/1901-14/04/1935
O "GRINGO" DO
MODERNISMO
UM DOS PRINCIPAIS
APOIADORES DA
1927 MODERNIZAÇÃO LITERÁRIA
RETRATA O CONTURBADO
PROCESSO DE
MODERNIZAÇÃO DO BRASIL
TAMBÉM RETRATA O
COTIDIANO
- Xi, Gaetaninho, como é bom! GAETANINHO
Gaetaninho ficou banzando bem no meio da rua. O Ford quase o derrubou e ele não viu o Ford.
O carroceiro disse um palavrão e ele não ouviu o palavrão.
- Eh! Gaetaninho! Vem prá dentro.
Grito materno sim: até filho surdo escuta. Virou o rosto tão feio de sardento, viu a mãe e viu o chinelo.
- Subito!
Foi-se chegando devagarinho, devagarinho. Fazendo beicinho. Estudando o terreno. Diante da
mãe e do chinelo parou. Balançou o corpo. Recurso de campeão de futebol. Fingiu tomar a
direita. Mas deu meia volta instantânea e varou pela esquerda porta adentro.
Êta salame de mestre!
Ali na Rua Oriente a ralé quando muito andava de bonde. De automóvel ou carro só mesmo em
dia de enterro. De enterro ou de casamento. Por isso mesmo o sonho de Gaetaninho era de
O Beppino por exemplo. O Beppino naquela tarde atravessara de carro a cidade. Mas como? Atrás da tia
Peronetta que se mudava para o Araçá. Assim também não era vantagem.

Mas se era o único meio? Paciência.

Gaetaninho enfiou a cabeça embaixo do travesseiro.

Que beleza, rapaz! Na frente quatro cavalos pretos empenachados levavam a tia Filomena para o
cemitério. Depois o padre. Depois o Savério noivo dela de lenço nos olhos. Depois ele. Na boléia do
carro. Ao lado do cocheiro. Com a roupa marinheira e o gorro branco onde se lia: ENCOURAÇADO SÃO
PAULO. Não. Ficava mais bonito de roupa marinheira mas com a palhetinha nova que o irmão lhe
trouxera da fábrica. E ligas pretas segurando as meias. Que beleza rapaz! Dentro do carro o pai os dois
irmãos mais velhos (um de gravata vermelha outro de gravata verde) e o padrinho Seu Salomone. Muita
gente nas calçadas, nas portas e nas janelas dos palacetes, vendo o enterro. Sobretudo admirando o
Caetaninho.

Mas Gaetaninho ainda não estava satisfeito. Queria ir carregando o chicote. O desgraçado do cocheiro
não queria deixar. Nem por um instantinho só.

Gaetaninho ia berrar mas a tia Filomena com a mania de cantar o "Ahi, Mari!" todas as manhãs o acordou.

Primeiro ficou desapontado. Depois quase chorou de ódio.


Tia Filomena teve um ataque de nervos quando soube do sonho de Gaetaninho. Tão
forte que ele sentiu remorsos. E para sossego da família alarmada com o agouro
tratou logo de substituir a tia por outra pessoa numa nova versão de seu sonho.
Matutou, matutou, e escolheu o acendedor da Companhia de Gás, Seu Rubino, que
uma vez lhe deu um cocre danado de doído.

Os irmãos (esses) quando souberam da história resolveram arriscar de sociedade


quinhentão no elefante. Deu a vaca. E eles ficaram loucos de raiva por não haverem
logo adivinhado que não podia deixar de dar a vaca mesmo.

O jogo na calçada parecia de vida ou morte. Muito embora Gaetaninho não estava ligando.

- Você conhecia o pai do Afonso, Beppino?

- Meu pai deu uma vez na cara dele.

- Então você não vai amanhã no enterro. Eu vou!

O Vicente protestou indignado:

- Assim não jogo mais! O Gaetaninho está atrapalhando!


Gaetaninho voltou para o seu posto de guardião. Tão cheio de responsabilidades.

O Nino veio correndo com a bolinha de meia. Chegou bem perto. Com o tronco arqueado, as pernas dobradas, os
braços estendidos, as mãos abertas, Gaetaninho ficou pronto para a defesa.

- Passa pro Beppino!

Beppino deu dois passos e meteu o pé na bola. Com todo o muque. Ela cobriu o guardião sardento e foi parar no
meio da rua.

- Vá dar tiro no inferno!

- Cala a boca, palestrino!

- Traga a bola!

Gaetaninho saiu correndo. Antes de alcançar a bola um bonde o pegou. Pegou e matou.
No bonde vinha o pai do Gaetaninho.

A gurizada assustada espalhou a noticia na noite.

- Sabe o Gaetaninho?

- Que é que tem?


A vizinhança limpou com benzina suas roupas domingueiras.

Às dezesseis horas do dia seguinte saiu um enterro da Rua do Oriente e Gaetaninho


não ia na boléia de nenhum dos carros do acompanhamento. Ia no da frente dentro de
um caixão fechado com flores pobres por cima. Vestia a roupa marinheira, tinha as
ligas, mas não levava a palhetinha.

Quem na boléia de um dos carros do cortejo mirim exibia soberbo terno vermelho que
feria a vista da gente era o Beppino.

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