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APONTAMENTOS DAS AULAS PRÁTICAS DE

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO II

DIREITO

Imperatividade; Sancionabilidade80; Coercibilidade; Normatividade

Fontes de Direito

O que temos à nossa frente é o texto legal, como, por exemplo, os artigos do Código Civil. O
nosso objetivo é chegar ao pensamento normativo vertido nas palavras dos artigos. Vamos
dominando um código linguístico, vamos associando palavras da lei a certos significados. Há
conjuntos de palavras que nos fornecem as normas jurídicas.

Conjunto de sinais gráficos cujo significado é o Direito.

Só estas fontes fornecem direito na medida em que as convicções de Justiça quanto à


resolução de certo caso não vale nada, na medida em que, se cada um de nós tivesse um
Código de Conduta, dominaria a lei do mais forte. Então, o que interessa, de forma a chegar ao
Direito, é a análise das fontes de Direito – fornecem o que é a Justiça segundo o povo. O Direito
é a normatividade segundo o povo (português). O cruzamento entre Direito e Democracia nem
sempre existiu:

25/04/1974 - período de confusão - 25/11/1975 – aberto o caminho da democracia em


Portugal. Entre 74 e 76 verifica-se uma incerteza acerca da democracia em Portugal. 1974
simboliza o fim do Estado Novo, sendo que data da democracia é, na verdade, 25/11/1975. O
terceiro momento decisivo para a democracia em Portugal é o 25/04/1974 – Inicio de Vigência
da Constituição. Este cruzamento entre Direito e Democracia dá origem aos modos de
revelação da vontade normativa popular.

“O Direito é uma coisa demasiado séria para ser deixada ao legislador” – Frase proferida 20
anos após o 25 de Abril de 1974. O Direito é procurar a vontade do povo português, sendo este
o legislador. Nessa medida, esta frase aponta para uma conceção de que o Direito deveria ser
fixado pelos juristas/jurisconsultos – cabe à Academia dizer o que é o Direito. Em Democracia
é o eleito que faz o Direito.

Regime jurídico que regula a atividade de revelar/evidenciar o Direito a partir das fontes do
Direito.

A fonte é o modo de criação e revelação do Direito e nesse sentido, o Direito, enquanto


normas jurídicas, é apurado através da fonte de Direito.

Método de Interpretação dos Textos (como retirar as normas da fonte de direito)= Resolve
problemas como? De uma forma estrita (interpretação da lei) e, por outro lado, de uma forma
lata: atribuindo significados, fixando vivências próprias e subjetivas.
Deve-se interpretar os textos legais de forma estrita, não adulterando a vontade do povo
através de vivências subjetivas. No entanto, por vezes os textos legais apresentam falhas e
buracos e, nesse sentido, recorre-se ao método de deteção e integração de lacunas.

Por outro lado, por vezes os textos legais apresentam, não falhas ou buracos, mas
conceitos/palavras que não apresentam valor normativo, que consistem em valores, princípios,
grandes interesses, etc. sendo que este confere liberdade ao juíz, surgindo este enquanto
“Legislador do caso concreto”, sendo que este pondera os interesses e os valores. É o exemplo
da “boa-fé”, dos “bons costumes”, etc. - cabe ao juiz fixar qual o interesse que deve prevalecer.

O regime das fontes e do método é que permitem chegar as normas e, por conseguinte, às
soluções dos casos concretos.

Estudar a sucessão de leis no tempo é estudar as normas que delimitam a faixa temporal à qual
se aplica cada lei/norma jurídica. Tratam-se, portanto, de normas sobre normas – art.12.º CC.

O contrato de compra e venda de automóveis exige escritura pública – Lei que entra em vigor
em 2020.

Contrato de compra e venda de automóveis de 1990 – válido ou inválido. – Aparentemente,


aquele contrato é inválido, nos termos da Lei de 2020 – o facto em questão está dentro da
previsão normativa (Se queres comprar/vender um automóvel então tens de o fazer mediante
escritura pública). No entanto, é importante delimitar o campo temporal de aplicação das
normas, sendo que este campo pode surgir fixado na própria lei, no entanto, existe um regime
jurídico subsidiário/supletivo/regra/geral que surge fixado no art.12.º CC.

Artigo 12.º - (Aplicação das leis no tempo. Princípio geral)

1. A lei só dispõe para o futuro; ainda que lhe seja atribuída eficácia retroactiva,
presume-se que ficam ressalvados os efeitos já produzidos p
2. elos factos que a lei se destina a regular.

a) Efeitos: Quando referida a efeitos jurídicos instantâneos, a aplicação imediata da LN


implica que são abrangidos pela LN os efeitos que se produzam (ou que se modifiquem ou
extingam) depois do início da sua vigência;
b) Factos: Os factos jurídicos que ocorram após a sua vigência; Os factos duradouros que se
iniciaram na vigência da LA e que se mantenham no momento de início de vigência da LN

2. Quando a lei dispõe sobre as condições de validade substancial ou formal de


quaisquer factos ou sobre os seus efeitos, entende-se, em caso de dúvida,
que só visa os factos novos; mas, quando dispuser directamente sobre o
conteúdo de certas relações jurídicas, abstraindo dos factos que lhes deram
origem, entender-se-á que a lei abrange as próprias relações já constituídas,
que subsistam à data da sua entrada em vigor.

a) Factos: Eventos/Acontecimentos do quotidiano que produzem efeitos jurídicos –


contratos;
b) Efeitos:
c) Factos: Contratos realizados no âmbito de vigência da lei nova;
d) Conteúdo das relações jurídicas:
e) Factos: Título/Facto constitutivo;
f) Relações: (Situações jurídicas – modelos orientadores de ação)

29/02/2024

Aplicação da lei nova a situações jurídicas pendentes (ou subsistentes: nascidas antes do início
de vigência da lei nova e prolongando-se para lá do início de vigência da lei nova) havendo
abstração do correspondente facto constitutivo (explicita-se que esse facto ocorreu antes do
início de vigência da lei nova).

L1 L2

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2010 F 2024

F: A comprou um computador a B – A passa a ser proprietário do computador, ou seja, passa


a ter direito de propriedade sobre o computador: pode usar, fruir e dispor do computador

A LA vem proibir o fruir da coisa de que se é proprietário: só pode dispor e usar - ao contrário
do CC66 que também fixa a fruição.

Antes da entrada em vigência da L2, A pode fruir, dispor e usar do computador, mas e depois
da entrada em vigência da Le?

Se L2 nada nos diz relativamente ao âmbito temporal de aplicação então explicita-se que
estamos a falar de cada norma (lei, neste caso, surge como conjunto de artigos e, por
conseguinte, de normas)  É necessário delimitar o campo de aplicação de cada norma

Art.12.º - Regime Transitório Formal Subsidiário/Supletivo e Geral

 Direito transitório: trata do âmbito de aplicação temporal das normas;


 Formal: tem caráter remissivo, não fixando um regime novo)
 Supletivo: não falamos de um regime trazido pela própria lei nova cujo âmbito está a
ser determinado, mas sim de um regime transitória que está fixado noutro artigo – no
silêncio da lei nova/do legislador olha-se a este direito subsidiário (regime jurídico que
entra em vigor na falta
 Abrange qualquer norma que não esteja contemplada num regime transitório especial
- o 13.º revela direito transitório formal subsidiário que quanto ao 12.º é especial (tem
uma conotação geral, no entanto, pois aplica-se a qualquer norma interpretativa
independentemente da sua matéria – se o 13.º não existisse, o art.12.º aplicava-se a
todas as normas)

Norma subsidiária – é sinónimo de supletivo por ser suplente, mas não

As normas supletivas em sentido estrito – entra em ação na ausência de estipulação negocial.


É problema de aplicação da lei do tempo é o problema de aplicação da norma no tempo. O
legislador pode apresentar regimes diferenciados para cada uma das normas de um diploma.

7.º, n.º4 CC – Norma subsidiária pois entra em ação se o legislador não disser “eu quero
repristinação”

No caso mencionado, a partir da entrada em vigência da L2 deixa de poder frui do computador


– chama-se retro conexão porque a lei nova é aplicada para o futuro (não é retroativa) mas
como este direito de propriedade foi criado no passado (antes do IV da LN).

A retroconexão é importante, a nível pedagógico, mas não é um conceito importante – não há


proibições de retroconexão.

Não há normas legais que estabeleçam um regime especial para a retroconexão – o mesmo
não acontece com a retroatividade (pelo que temos proibições constitucionais – é necessário
delimitar a aplicação da retroação das leis à luz dessas proibições).

Este campo de aplicação ilustra o art.12.º, n.º2 2.ª parte CC.

A LA fica sujeita ao 12.º, n.º2 2.ª parte quando a lei nova trata de direitos e deveres abstraindo
do facto que lhe deu origem.

Inocêncio Galvão Teles: Há dois graus de retroatividade: o primeiro (forte – abrange o 1.ª, 2.ª e
3.ª grau) e segundo (o 4.ª – ordinária).

RETROATIVIDADE FORTE - Aplicação da lei nova a realidades jurídicas (factos e efeitos)


ocorridos no passado.

Os proprietários desde 2020 deixam de fruir – Os contratos de aluguer deixam de ser válidos.

RETROATIVIDADE FRACA (ORDINÁRIA) –

A lei nova trata de direitos e deveres – não de factos – em função do facto que os originou –
não abstraindo dos factos que lhes deram origem.

A lei nova quer aplicar-se à fase futura destes direitos e deveres (se se aplicar para o passado
falamos em RF) mas quer ser aplicada a partir do seu IV às situações jurídicas pendentes
constituídas no facto passado.

A retroatividade é a aplicação da lei nova a factos e efeitos passados, bem como


à aplicação da lei nova para o futuro a situações jurídicas pendentes (nascidas no passado), não
se tendo a lei nova abstraído do facto que as originou (as situações jurídicas, portanto).

A diferença entre retroatividade ordinária e retroconexão é a abstração dos factos


constitutivos.
Art.12.º, n.º1 2.ª parte CC

LA (2020)

LN (2024) – A compra e venda a prestações exige pagamento de taxa de juros de 10%. O


presente diploma aplica-se aos contratos de compra e venda celebrados desde 2020.

A LN quer, inequivocamente, retroatividade – é uma lei retroativa.

A lei diz que quer aplicar-se aos contratos desde 2020, mas nada menciona quanto às
prestações – se estás na dúvida, relativamente aos efeitos, deve-se presumir que o legislador
quer ressalvar os efeitos já produzidos.

Se A celebrou um contrato a prestações de compra de um frigorifico em 2023 – não se aplicam


as taxas de juro às 12 prestações antes do IV mas sim às prestações após a IV da LN.

SUBSIDIÁRIO OU SUPLETIVO

Não é um regime trazido pela lei nova (jav gosta mais da palavra supletivo). A raiz da palavra
remete para a substituição de algo perante a sua falta.

Entra em ação no silêncio do legislador (quando o mesmo não o indica na lei nova, esta norma
é aplicada.

Geral – é direito subsidiário mais geral, porque abrange qualquer norma geral que não esteja
representa num direito transitório.

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Subsidiário – porque não se fala de um regime trazido pela própria lei nova cujo próprio âmbito
está por ser determinado, mas sim porque está no artigo 12º do CC – (no silêncio do legislador
e da lei nova vamos olhar para o 12º do CC) subsidiário = supletivo (a palavra subsidiária
significa “entrar em ação no silêncio do legislador”) A regra do 7º/4 é subsidiária porque o
importa o silêncio do legislador.

Se a nova lei nada diz sobre o seu âmbito temporal de aplicação( ( estamos a falar de cada
norma, é necessário delimitar no tempo o âmbito de aplicação de cada normal )- não temos de
ter um regime de aplicação da norma no tempo de um diploma inteiro, apenas se o legislador
quiser. ) vamos para o regime do 12º regime de direito transitório, formal (não apresenta um
regime substantivo novo, tem carater remissivo), subsidiário/ supletivo ( não estamos afalar de
um regime trazido pela lei nova cujo âmbito temporal esta á ser determinado, um regime que
esta noutro lado, não esta na lei 2, esta no 12º- está no silenciado do legislador- supletivo) e
geral( direito subsidiário mais geral porque abrange qualquer norma que não esteja num
direito subsidiário especial)
» o professor JAV prefere a palavra supletiva. Normal supletiva em sentido restrito é uma
norma que entra em ação na ausência de estipulação. Não entra em ação porque as partes não
convencionaram

» Subsidiaria usada como sinónimo no sentido de ser suplente. Entra em ação no silencio do
legislador, que não apresenta regime legal. Como por exemplo o 7º/4- o legislador nada diz
sobre a repristinação. Aqui entra em ação porque o legislador não disse.

Situação Jurídica –Posição jurídica de uma pessoa relativamente a um bem.

Mediante a verificação do facto (evento/acontecimento que produz efeitos jurídicos) que


constitui a previsão da norma, dá-se a produção dos efeitos jurídicos fixados na estatuição, que
podem ser a constituição, transmissão, modificação e extinção de situações jurídicas (posição
jurídica de uma pessoa relativamente a um bem / modelos orientadores de ação, que,
essencialmente, são de três tipos: direitos, obrigações e deveres).

 Direito Subjetivo – Poder atuar;


 Obrigação – Ter de fazer;
 Dever Genérico – Não posso fazer.

O efeito jurídico é a situação jurídica e a correspondente vicissitude (aquilo que acontece à


situação jurídica: eficácia constitutiva, eficácia modificativa, eficácia transmissiva ou eficácia
extintiva).

A situação jurídica é aquilo que é constituído/modificado/extinto/transmitido através da


norma jurídica.

Porque eu queimei o livro constitui-se a obrigação na minha esfera jurídica de indemnização; e


na esfera jurídica do proprietário do livro o direito de exigir essa indemnização.

Queimar o livro – facto que desencadeia a norma fixada no art.483.º CC, que constitui um
direito de crédito para o dono do livro e uma obrigação para mim.

Conteúdo da Relação Jurídica: Relação entre as situações

COMENTE A SEGUINTE DECLARAÇÃO: RELAÇÃO JURÍDICA É SINÓNIMO DE CONTRATO

O contrato é um tipo de facto, ao passo que as relações jurídicas estão no mundo dos efeitos.
Há muitas normas jurídicas no OJ: há muitos diplomas, que possuem muitos artigos e através
da interpretação dos mesmos chega-se às normas. Existem ainda normas instrumentais (sobre
fontes, por exemplo) às normas de conduta de social. Existem várias normas de conduta.

Assim, de forma a estudar estas normas recorre-se à relação jurídica:

Estudar as realidades omnipresentes nessas normas ou presentes em grandes conjuntos de


normas de conduta.

As normas de conduta dirigem-se a pessoas, orientado a sua ação, relativamente a bens com
tutela jurídica a propósito de factos.

RELAÇÃO JURÍDICA: Sujeitos, Conteúdo, Objeto e Facto

O art.483.º revela uma norma que se dirige às pessoas em geral: Aquele que praticar um facto
danoso, tem a obrigação de indemnizar o lesado.

Se quem cumpre o dano não pagar a indemnização, o lesado por recorrer aos tribunal
(heterotutela).

875 – Se estás a celebrar um contrato de compra e venda de bem imóvel, deves celebrá-lo por
escritura pública.

Existem imensos artigos que mencionam os bens imóveis: art.202.º CC, logo estudam-se os
“bens imóveis” num todo.

Todos estes artigos dirigem-se a pessoas:

Regimes jurídicas das realidades jurídicas em todas as normas de conduta, passando a poder
analisar uma grande quantidade de normas.

Em 1944, o ministro justiça, Vaz Serra, decide fazer um novo código civil, sabendo que é
colossal o estudo para tal fim: existe muito saber e doutrina.

Dessa forma, decide distribui tarefas, chamando alguns juristas prestigiados para trabalhar
neste novo CC. Entre esses juristas encontra-se Manuel de Andrade.

No seguimento de Guilherme Moreira, surge Manuel de Andrade segue Rui de Alarcão, depois
Carlos Mota Pinto, depois Paulo Mota Pinto.

Na distribuição de tarefas coube a MA aquilo que se projetava como as primeiras normas do


CC: interpretação, aplicação da lei do tempo, das pessoas em geral, dos bens em geral, etc. ao
qual corresponde o Livro I do CC – 396.º CC.
2334.º - Último artigo do CC.

Dessa forma, MA utiliza a relação jurídica – por isso, título II do Livro I – “Relações Jurídicas” :
pessoas, coisas, factos jurídicos, atos jurídicos.

SITUAÇÕES JURÍDICAS (DIREITOS E DEVERES) – CONTEÚDO DA RELAÇÃO JURÍDICA

Nos anos 60, em Lisboa, não em Coimbra, um Professor contesta o conceito de “RJ” enquanto
conceito jurídico omnipresente: Oliveira Ascensão, depois Menezes Cordeiro, depois Barreto
Menezes Cordeiro.

Dessa forma, nos manuais de TGDC, deixa de haver um conceito aglutinador de todas as
realidades jurídicas: relação jurídica.

O conteúdo da relação jurídica é o conjunto/binómio das situações jurídicas: direito subjetivo e


correspondente dever.

Crítica: O conceito de relação jurídica só deve existir quando há interdependência enão quando
há dos sujeitos.

Quando A queima o livro de B, A passa a ter a obrigação de pagar uma indemnização a B e B


passa a ter o direito subjetivo de crédito de exigir a indemnização.

Relação jurídica de interdependência – Relação Jurídica Relativa

A tem direito à vida e B tem o dever genérico de respeitar a vida do B.

Quando a lei diz que A tem direito à vida está implicitamente que toda e qualquer outra pessoa
tem o dever genérico de respeitar a vida de A.

A RJ deixa de abranger os direitos absolutos e, por conseguinte, deixa de ser um elemento


jurídico aglutinador.

Reação de reciprocidade.

A estatuição da norma é a parte da norma onde estão fixados os efeitos jurídicos: que são a
constituição, modificação, transmissão e extinção de situações jurídicas. A deve €100 a B; B
esqueceu-se; 20 anos depois, B exige a A a obrigação de entregar os €100; o decurso do tempo
tem um efeito extintivo da situação jurídica, isto é, da obrigação.

O efeito jurídico é a situação jurídica e a respetiva vicissitude (ocorrência relativa a essa


situação jurídica constituição, transmissão, modificação e extinção). O efeito é a
constituição/transmissão/modificação/extinção da situação jurídica.

SITUAÇÃO JURÍDICA: Posição juridicamente definida de uma pessoa relativamente a um bem -


podes fazer; deves fazer; não podes fazer-
O facto jurídico em abstrato:” Se alguém matar outrem”. O facto concreto é um exemplo do
tipo de facto fixado na previsão da norma, ao passo que o efeito jurídico concreto é um
exemplo do tipo de efeito fixado na estatuição da estatuição de uma norma.

Por exemplo: Constança – Entrega das propinas – Relativamente a este bem, tenho a obrigação
– “tenho de” as entregar.

No mundo do direito, todas as situações jurídicas estão relacionadas, formando relações


jurídicas. Cada par

Em cada norma de conduta existe um direito e um dever – sempre que algum tem um direito,
outra pessoa tem um dever. Quando o Direito diz a uma pessoa “tu podes”, diz a outra “tu não
podes”.

Escola de Coimbra – Reciprocidade de direitos e deveres para cada relação jurídica.

Há situações jurídicas ativas e situações jurídicas passivas. Só vivem casadas, no caso dos
direitos de crédito – Escola de Lisboa – só neste caso é que há dependência de um sujeito face
ao outro. Só há relação jurídica quando há dependência – direitos relativos.

ESCOLA DE COIMBRA – Há relação jurídica face aos direitos absolutos e direitos relativos –
sempre que houver direitos e deveres - a qualquer direito corresponde um dever–
reciprocidade e dependência;

ESCOLA DE LISBOA – Há relação jurídica face aos direitos relativos – dependência.

RELAÇÃO ABSOLUTA E RELAÇÃO RELATIVA

ART.12.º, N.º2 CC – Relações jurídicas - relações creditícias - só se aplicaria a leis sobre direitos
de crédito e obrigações; se fosse sobre o direito de propriedade já não era relevante neste
caso;

Atualismo e Historicismo – Se nós interpretarmos a palavra relação jurídica à maneira dos


juristas, que são lisboetas, entender-se-ia que “relação jurídica”, neste artigo, seria uma relação
relativa. Por sua vez, se nós interpretarmos este artigo à luz de uma perspetiva historicista e
subjetivista, “relação jurídica” menciona relação jurídica relativa e relação jurídica absoluta,
isto é, qualquer relação jurídica.

Juízes e académicos: seguem as teses que lhes dão mais poder e espaço de atuação –

Conteúdo da relação jurídica – o que em 66 significava conteúdo da RL sobretudo no núcleo


das pessoas – tese subjetiva e historicista – dá menos liberdade pelo que a tese objetivista e
atualista concede mais liberdade e poder.

Apenas estão sujeito à lei – a doutrina, em 90% - lei significa Direito – “os tribunais estão
independentes e apenas estão sujeitos ao Direito” – qual das palavras dá mais poder ao
aplicador? Lei enquanto Direito ou lei enquanto texto legal? Lei enquanto Direito, na medida
em que permite ao aplicador pegar num texto moral e considera-lo Direito.

Lei = Direito –

Direito enquanto significado da palavra Lei vem de Prof.Jorge Miranda – os juízes não podem
estar apenas sujeitos à lei: “lei e Direito” – estava aberta a porta a normas que não fossem as
normas legais - esta proposta foi chumbada pela AC em 75/76 – só propõe Direito para além
da Lei quem considera que o significado de Lei não é Direito.

Argumento de coerência democrática – Lei = Direito – os juízes têm de estar vinculados apenas
à lei – deu-se poder ao parlamento não aos juízes.

Quando está a CRP quase a ser aprovada:

JM – reconhece que o positivismo legalista está ultrapassado

MANUAL DE DC – JM diz que Lei é polissémica, tem vários significados, entre eles “lei”, sendo
um dos usos da palavra “Lei” enquanto “Direito”, o art.203.º CRP. O significado e aplicação da
palavra “Lei” foi, portanto, adulterado pelos seus académicos.

António queima com uma beata o cabelo de Benedita que atirou do seu prédio. Benedita tem
de comprar uma peruca. A peruca custa €20.

FJ: António atirou a beata.

Se com culpa ilicitamente causas danos a outrem, então tens de indemnizar.

CRJ: Direito de exigir a entrega dos €20 – Direito relativo, de crédito (permissão normativa
especifica de aproveitamento da prestação). Obrigação de pagar os €20 – Prestação (BEM)

EF:

Benedita tem o direito de crédito. António tem a obrigação.

Se o direito não for satisfeito por António, pode ser satisfeito com recurso à força - GARANTIA.

Nexo da vida social mediante o qual o Direito atribui um direito a uma pessoa e um dever a
outra sobre bens a propósito de factos com tutela jurídica.

Quando a lei trata diretamente de direitos e deveres, abstraindo.se dos factos que lhe deram
origem – abrange os direitos e deveres que ocorreram antes da sua entrada em vigor.
INTERPRETAR O ART.12.º, N.º2 CC – à luz da teoria de coimbra

DESENHAR OS EFEITOS JURÍDICOS DE UM CONTRATO DE COMPRA E VENDA EM QUE A VENDE


A B UMA CAMISOLA POR 10€. – ART.879.º CC

08/03/2024

A envia B um projeto de arquitetura – a pedir que trabalhe na obra em questão. Preço:


€10.000. Ainda não está celebrado o negócio.

B delibera com os seus sócios, que concordam com a proposta de A. Ainda não há negócio.
Primeiro B tem de enviar uma carta a A a comunicar a sua vontade.

Venda com reserva de propriedade – a transmissão do direito de propriedade sobre a coisa


está dependente do pagamento das prestações – se o agente não pagar as prestações não se
dá a transmissão do direito de propriedade.

Extinção em A e Constituição em A – TRANSMISSÃO DE SITUAÇÕES JURÍDICAS

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