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APONTAMENTOS DAS AULAS DE

ECONOMIA
Todos nós, como seres humanos, sentimentos necessidades. Estas necessidades podem ser
muito variadas, desde os essenciais à sobrevivência às mais dispensáveis e passageiras, tais
como aspirações e desejos. De uma forma geral, podemos dizer que as nossas necessidades são
ilimitadas, no entanto, os recursos (bens e serviços) que utilizamos para as saciar são, por sua
vez, limitados e escassos.
Esta dicotomia leva à necessidade de fazer escolhas, face às diferentes opções que temos ao
nosso dispor. Este é o objeto principal da Economia. Nas palavras de Robbins: "a Economia é a
ciência que estuda as opções face à raridade dos bens.".
As necessidades de cada pessoa são ilimitadas, muitas vezes satisfeitas recorrentemente,
relativas, dependem de pessoa para pessoa, e de carácter variável, podem mudar com o passar
do tempo e o evoluir da tecnologia. A sobreprodução não significa que exista uma diminuição
das necessidades, ou seja, que estas tenham sido saciadas, mas sim que há um desequilíbrio no
mercado, ou seja, entre a procura e a oferta.
As escolhas e os bens são limitados, principalmente os bens económicos (diferentes dos bens
livres, que existem em tais condições que se podem obter sem grande esforço).
A Economia é uma ciência eminentemente social, estudando a conduta humana nas suas
interações, os seus padrões de consumo e a forma como fazem as suas escolhas. A economia
estuda as escolhas individuais e coletiva no ambiente de escassez de recursos. Escolhas estas
feita em liberdade, de forma não condicionada e não coagida, neste ambiente de escassez e
com a premissa de que as necessidades são ilimitadas.
Temos bens/recursos escassos e necessidades virtualmente ilimitadas. Há que tomar uma
decisão e, nesse sentido, fazemos uma avaliação das opções que temos, analisando os prós e os
contras daquela decisão, e, inevitavelmente, surge uma ordem. Há uma ordem espontânea para
tomar esta decisão, ao fazê-lo estamos a agir de acordo com o princípio da racionalidade: a
escolha racional é aquela que permite a maior vantagem líquida, ou seja, aquela em que os
benefícios são máximos e os custos são mínimos (benefícios - custos = resultado líquido). Ao
fazer esta operação obtenho o resultado líquido e escolho a opção que tiver maior resultado
líquido, sendo esta a minha escolha racional. A racionalidade é, no fundo, a que permite a maior
vantagem líquida.

ADDAM SMITH E A MAXIMIZAÇÃO DAS VANTAGENS INDIVIDUAIS


O início da teorização daquilo que é a Economia e da sua designação enquanto ciência dá-se
no séc. XVIII, com a publicação de "A riqueza das nações", de Adam Smith, em 1776. Smith
apresenta a ideia de que todos nós queremos obter o máximo benefício possível com o mínimo
de esforço/custo associado. Esta vontade de maximização das vantagens individuais seria o que
motiva as nossas ações. Mesmo que todos façamos escolhas diferentes, todos chegamos à nossa
decisão através desta vontade, ou seja, não é a escolha que deve ser tida em conta, mas sim a
forma como esta é feita e, embora as escolhas sejam todas diferentes, o seu aspeto em comum
é o facto de visarem a maximização das vantagens individuais, tendo em conta os conceitos de
rendimento, utilidade e desutilidade.
Podemos determinar a vontade de maximização das vantagens individuais como
"comportamentos racionais", ou seja, todas as escolhas são racionais e elas são-no na medida
em que procuraram maximizar os benefícios e reduzir os custos.
Smith introduz o conceito de "ordenação espontânea" que consiste "cada um se estiver a
tomar decisões em liberdade, toma-as egoisticamente, ou seja, escolhe a opção que lhe trouxer
menos custo e maior benefício".
De acordo com Smith, “Aos defeitos individuais correspondem virtudes públicas”, ou seja,
cada um age egoisticamente, no sentido de satisfazer o interesse próprio, mas isso acaba por
melhorar geralmente a sociedade (cada um, querendo o melhor para si mesmo, produz o melhor
para si e, consequentemente, para todos, logo, é um bem geral). Este egoísmo individual,
condizente com a lei do menor esforço, traduz-se, em escala, em benefício público. Isto
acontece, pois, as nossas ações, como agente racionais, permitem uma auto-organização dos
mercados de forma a atingir um equilíbrio. O egoísmo individual transforma-se em virtudes
públicas visto que contribui para o funcionamento do mercado e para a riqueza da sociedade.
Através da nossa conduta estamos a contribuir para o equilíbrio da sociedade pelo que há uma
ordem natural e imanente e a sociedade equilibra-se por si. Pode-se concluir que o Homem
procura obter o máximo de satisfação e com isso está a contribuir para o bem comum e que a
racionalidade conduz os mercados ao equilíbrio, que se alcança naturalmente pela interação dos
mercados.
A ideia de egoísmo individual forma a ideia de "mão invisível": os egoísmos individuais
transformam-se em benefícios coletivos. Como todos estamos a trabalhar da mesma forma,
todos ficamos satisfeitos, pelo que o Estado não precisa de intervir na Economia, exceto em
casos de defesa militar e defesa interna. Chamamos a isto Liberalismo Económico.
Relativamente à mão invisível, Smith dava o exemplo do padeiro que fez o pão porque sabia que
alguém tinha a necessidade de comer o pão e ia adquirir aquele bem, pelo que obteria lucro.
Nesse sentido, eu compro o pão porque preciso dele e não quero fazê-lo, pelo que também
obtenho benefício dessa compra. Os agentes económicos agem de acordo com aquilo que é
lucrativo para os mesmos. Assim sendo, se todos agirem egoisticamente, existe um encaixe de
egoísmos. O egoísmo do padeiro encaixa no meu egoísmo de querer comprar pão e não o querer
fazer. É assim que funciona a dita mão invisível: se todos tiverem o mesmo comportamento, as
necessidades de todos vão se encaixar.
O Estado não precisa de fazer qualquer tipo de intervenção porque, agindo da mesma forma,
os agentes possuem necessidades complementares.
Segundo esta conceção, é possível afirmar que qualquer intervenção exterior, como a do
Estado, na Economia deve ser cautelosa, limitada e mínima, pois interfere no equilíbrio da
ordem natural que decorre dos incentivos individuais dos agentes económicos, ou seja, no
equilíbrio natural da sociedade. Esta ideia, de Smith, informa a ideologia do Liberalismo
Económico e Político: a sociedade autorregula-se, ou seja, as pessoas organizam o mercado por
si mesmas, logo, não é necessária a intervenção do Estado. A ordem espontânea para que os
mercados tendem é imanente, deriva da racionalidade de cada individuo, e não transcendente,
no sentido de esta ordem provir de um ser superior.

A PERSPETIVA NEOINSTITUCIONAL
Apesar de Smith ser identificado como o pai da Economia, outros autores e pensadores
contribuíram, desde então, para a disciplina. Podemos dizer que Smith e outros autores foram,
inicialmente, os autores clássicos. Sendo seguidos pelos autores neoclássicos. Havendo
eventualmente uma divergência de perspetivas, entre a neoclássica e a neoinstitucional.
A perspetiva neoclássica, representada por Robbins, muito associada à matemática, é uma
perspetiva de metedologia dedutiva, que parte do geral para o particular. Nela criam-se modelos
abstratos e subsequentemente tenta-se aplicar estes modelos ao mundo real.
A perspetiva neoinstitucional, por sua vez, emprega uma metodologia indutiva, que parte da
análise do concreto para o abstrato/geral, ou seja, para a formação de princípios gerais. Assim
analisa como a realidade (as instituições) condicionam o comportamento dos agentes
económicos.
Podemos afirmar que associado à perspetiva neoclássica existe o conceito de racionalidade
perfeita e associado à perspetiva neoinstitucional existe o conceito de racionalidade limitada.

A racionalidade plena/perfeita é característica/pressuposto comportamental assumido pelos


economistas da escola clássica e neoclássica que admite que os seres humanos nas escolhas
económicas são homens económicos, ou seja, que o Homem tem informação completa e plena,
o que se revela um ideal abstrato.
De facto, a racionalidade perfeita parte do pressuposto de que o Homem possui toda a
informação, mas isso não ocorre. De facto, para este ideal ser aplicável, teria de se verificar que,
quando alguém quisesse fazer uma determinada compra, por exemplo uma caneta, tivesse de
saber os preços da respetiva caneta em todas as papelarias, algo que não ocorre. Percebe-se,
portanto, que o Homem revela limitações relativamente a um comportamento quase perfeito
e, nesse sentido, Herbert Simon introduz, em 1957, a ideia de racionalidade limitada que afirma
que a escolha económica é feita num contexto de ignorância económica. No entanto, embora
limitada, a escolha não deixa de ser racional visto que acarreta custos e benefícios. A nossa
informação é limitada visto que obter a mesma também acarreta custos visto que, recuperando
o exemplo da compra da caneta, para saber os preços em todas as papelarias teria de gastar
dinheiro e, sobretudo, tempo. Tempo este que não estou a canalizar para outras atividades mais
valiosas.
O conceito de Racionalidade Limitada decorre da forma como a nossa informação é limitada
porque a nossa própria capacidade informacional é limitada. Smith considerava que a
racionalidade era perfeita, partindo da ideia de que todos os agentes são homoeconómicos, ou
seja, que detêm toda a informação do mercado, sabendo todas as características do mercado e
que, portanto, tendo plena informação, fazem a escolha mais racional - a que tem o benefício
líquido mais elevado. A racionalidade limitada tem em consideração os custos associados à
recolha e tratamento da informação, os quais são custos de oportunidade, afirmando, por isso,
que o agente escolha em contexto de ignorância racional, tomando a melhor decisão com a
informação que detêm.
No âmbito do conceito de "custos" encontramos dois tipos: os custos explícitos ou monetários
e os custos implícitos ou de oportunidade.
Os custos explícitos consistem nos custos direitos e contabilizáveis. Entende-se como exemplo,
a busca e compra de um computador, procurando em várias lojas de tecnologia e comparando
os seus preços e qualidade de forma a conseguir o melhor computador ao preço mais barato,
além dos custos de transporte, por exemplo, que essa pesquisa acarreta. Por sua vez, os custos
implícitos consistem no valor de benefício perdido / que se deixa de obter associado à segunda
melhor alternativa. Os custos de uma atividade consistem na soma entre os custos explícitos e
os custos implícitos.
Por exemplo, supondo que eu quero comprar um carro e, nesse sentido, dirijo-me a um stand,
faltando ao trabalho. Ao não comparecer ao trabalho, vou ser descontada no meu vencimento.
Existe, portanto, uma comparação entre aquilo que fiz e o que poderia ter feito. Racionamos
sempre à margem, não segundo tudo o que poderíamos estar a fazer. Os custos implícitos são,
portanto, o valor daquilo que deixamos de fazer e, nesse sentido, escolhemos a opção que tiver
mais valor para nós.
Por outro lado, tendo como exemplo a minha presença na faculdade. Em termos de custos
explícitos podemos colocar o preço do passe e da propina e, em termos de custos implícitos, o
facto de não estar em casa a fazer algo de lazer, por exemplo. Em termos de benefícios, encaro
o investimento na minha educação enquanto uma garantia de que, no futuro, possa vir a ganhar
um maior salário, no entanto, também posso encarar estes quatro anos enquanto uma renúncia
ao vencimento imediato, visto que já podia estar a trabalhar.
Outro exemplo verifica-se quando comparamos duas situações de um determinado
trabalhador:
 SITUAÇÃO A: trabalhador por conta de outrem com o rendimento líquido de 5000€;
 SITUAÇÃO B: trabalhador independente com rendimento líquido de 4000€.
Verifica-se que a escolha mais racional a fazer é a escolha da situação A visto que maximiza os
benefícios relativamente aos custos: na situação A o nosso sujeito ganha, em termos
monetários, 1000€ a mais e, em termos de oportunidade, a chance de ganhar 1000€ a mais.
Percebe-se que faz sentido encerrar uma empresa lucrativa se existir uma atividade mais valiosa
e com mais rendimentos.
Outro exemplo decorre da seguinte situação: A é o melhor advogado de Lisboa mas, ao mesmo
tempo, é o melhor a fazer tarefas de secretariado. Como há de A dividir o seu dia? Deverá
trabalhar enquanto advogado o dia todo? Como secretário o dia todo? Ou como advogado meio
dia e a outra metade enquanto secretário? Tendo em conta que advocacia traz mais benefícios
monetários, percebe-se que a escolha mais rentável seria A ser advogado a tempo inteiro visto
que o custo de oportunidade de dividir o seu tempo entre a advocacia e o secretariado seria
maior do que se se dedicasse exclusivamente à advocacia. Aplicados neste exemplo, os
conceitos de divisão e especialização afirmam que cada um desempenha aquilo que lhe traz
mais benefícios.
Um preço relativo é o preço de uma mercadoria, como um bem ou serviço, em termos de
outro; ou seja, a proporção de dois preços. Um preço relativo pode ser expresso em termos de
uma razão entre os preços de quaisquer dois bens. Por exemplo, se se considerar que um
quilograma de bananas custa 6€ e que um quilograma de maçãs custa 3€, conclui-se que o preço
relativo de um quilograma de bananas é dois quilogramas de maçã, ou seja, para comprar um
quilograma de bananas tenho de abdicar de dois quilogramas de maçãs.
A taxa marginal de transformação de um bem noutro é a medida do custo de oportunidade
(unitário) de um bem medido em termos do outro. Trata-se da quantidade de um bem que
obtenho quando me sujeito a perder outro bem.
Conclui-se que, os benefícios, ou seja, a satisfação das nossas vontades, têm de ser maiores do
que os custos. Procuramos sempre, portanto, obter o maior benefício líquido: maximizar os
benefícios e minimizar os custos.
A noção de benefício decorre da atribuição, da nossa parte, de valor às coisas, sendo que bens
necessários são bens com valor.
Os clássicos (Adam Smith e Marx) associavam o valor do bem ao trabalho que estava
incorporado nesse bem, ou seja, o valor de determinado bem estava associado ao tempo,
esforço, etc. do trabalhador que o fez. No entanto, os bens não têm o mesmo valor para todos.
Atendendo a esta perspetiva, os Marginalistas introduzem um conceito: utilidade. A utilidade,
em termos simples, é o valor subjetivo do bem. Esta utilidade também depende das
necessidades.
Na década de 1870, os marginalistas Jevons, Mengor e Walra concluíram,
independentemente, a preconização da revolução marginalista, que consiste numa série de
contribuições teóricas que fundamentariam uma nova abordagem da Economia - o
marginalismo -, baseada na ideia de que o valor económico resulta da utilidade marginal. Esta
revolução levou à teorização e modernização da Economia e à passagem da Economia Clássica
para a Economia Neoclássica. As descobertas dos marginalistas, condizentes com as descobertas
de Gossen feitas há vinte anos atrás, chamadas Leis de Gossen, permitiram que estas ideias
fossem amplamente divulgadas.
De acordo com a primeira Lei de Gossen, a intensidade de uma necessidade decresce á medida
que vão sendo aplicadas doses sucessivas do mesmo bem até alcançar o ponto de saciedade.
Por exemplo, tenho n copos de água à frente e tenho sede. O primeiro copo de água sabe muito
bem, até que com os sucessivos copos de água que bebo, vai deixar de saber bem (atingi a
saciedade e a partir daí vai ser penoso beber água). As decisões económicas não são de “tudo
ou nada” – há uma gestão para satisfazer parcialmente as nossas necessidades, fazer mais ou
menos de algo. Fica-se sempre aquém do ponto de saciedade. Ou seja, percebe-se que os nossos
raciocínios, andam, na verdade, na margem. Se, por exemplo, tenho dinheiro para comprar
roupa e sapatos, não vou gastá-lo todo em sapatos para ter dinheiro para roupa. O objetivo é
sempre equilibrar e satisfazer as nossas satisfações. Não temos tudo aquilo que gostaríamos de
ter. Como temos de distribuir o nosso rendimento por vários bens, verifica-se que nem sempre
satisfazemos totalmente as nossas necessidades.
Os marginalistas introduziram, portanto, o conceito de utilidade, ou seja, a satisfação
(benefícios e vantagens) que se retira por satisfazer uma necessidade. Trata-se de um conceito
subjetivo. Na generalidade das necessidades não chegamos a satisfazê-las inteiramente,
chegamos antes a um ponto anterior à saciedade, à qual chamamos utilidade marginal.

Através deste gráfico é possível concluir que a Lei Marginal é decrescente, ou seja, a utilidade
marginal é decrescente. Por outro lado, a utilidade total é o somatório das utilidades marginais
e é crescente em menor progressão e utilidade marginal é a utilidade da última dose que é
empregue na satisfação de uma necessidade.
A utilidade depende de pessoa para pessoa, é um conceito subjetivo. Dessa forma, o valor que
damos a algo é relativo a cada pessoa, no entanto, o mercado não sabe isso.
Paramos de consumir porque temos de fazer equilíbrios. Supondo que cada garrafa de água
custa 1 euro, e todas as garrafas custam um euro, e eu estou cheia de sede. Aquilo que acontece
é que na primeira garrafa sinto uma vontade muito intensa, pelo que a utilidade que retiro da
garrafa vale mais do que o custo. Por sua vez, na segunda garrafa, a utilidade que retiro da
garrafa é menor mas continuo a pagar o mesmo preço da primeira garrafa. Comprar a garrafa
não é, portanto, racional pois os benefícios não superam os custos. Se comprasse a garrafa
estaria a incorrer numa decisão que me prejudicaria mais do que beneficiaria. A utilidade é
importante pois mostra quando é que os agente económicos param de consumir um
determinado bem: quando a utilidade marginal é igual ao preço. Há, portanto, uma ideia de
equilíbrio individual.
A utilidade marginal explica, então, o comportamento do consumidor no mercado: consumo
até ao momento em que o valor de utilidade dos bens seja igual ao custo dos mesmos.
No entanto, os marginalista incorreram num paradoxo, o chamado paradoxo do valor: "Nada
é mais útil do que a agua mas com ela pouco se compra. O diamante é pouco valioso quando ao
seu uso mas pode trocar-se por uma grande quantidade de bens.".
Percebe-se, portanto, uma distinção entre valor de uso, que é meramente estimativo, e valor
de troca. Percebe-se, por exemplo, esta distinção quando pensamos no código civil anotado que
tem imenso valor para o estudante de Direito mas não possui qualquer valor para um
comprador.
Desta forma, os marginalistas fizeram uma distinção entre estas duas conceções, sendo que
o referencial do valor para as relações de troca é dado pela utilidade marginal.

As trocas são um jogo de soma positiva pois todos ficam a ganhar, os compradores e os
vendedores, visto que estamos num quadro de liberdade e ninguém é obrigado a vender ou a
comprar. Um jogo de soma positiva, surge por oposição aos jogos de soma zero, em que para
um ganhar o outro tem de perder. É o exemplo de alguém que compra um telemóvel e
imediatamente é roubado depois de sair da loja. O benefício de um dá-se através do custo de
outro. É uma troca não consentida e de soma zero: aquilo que um ficou a ganhar foi aquilo que
outro ficou a perder.
No mercado há um referencial que é objetivo: o preço. O preço forma-se no mercado e pelo
confronto entre a totalidade de oferta e a totalidade de procura daquele bem. Para que o
mercado funcione tem de existir procura e oferta, e este resulta do cruzamento entre estes
conceitos.

A procura é personalizada pelos consumidores e a oferta pelos produtores, dando origem ao


preço. A utilidade é uma conceptualização do valor de um bem para o sujeito, é um conceito
subjetivo de valor. O referencial do valor de um bem para os consumidores nasce da utilidade e
o referencial do valor para os produtores é dado pelo custo. Cada uma das parte do mercado
vai ponderar as trocas se, no caso dos consumidores, as vantagens forem maiores do que os
custos dos bens (diferencial entre ambos é a vantagem da troca para o consumidor que é
definida pela utilidade, ou seja, troco até a utilidade marginal ser igual ao preço visto que, até
lá, obtenho mais vantagens do que custos). Por sua vez, os produtores ganham quando
conseguem produzir lucro através de uma grande produção com reduzidos custos de produção.
Produzem até o custo marginal ser igual ao preço de produção.

O mercado é o ponto de encontro entre oferta e procura, quer seja um local físico ou não,
temporário ou não e, por sua vez, o preço corresponde à expressão monetária do valor de bem,
tratando-se de algo objetivo que decorre da interação entre procura e oferta.
As empresas são quem produz os bens para colocar no mercado de bens, pelo que
representam a oferta (output) deste mercado, por outro lado, para funcionar, tem de contratar
trabalhadores, possuir matéria prima e máquinas que constituem bens instrumentais, pelo que
representam a procura do mercado de fatores. Os fatores de produção são o capital e a terra,
que constituem fatores naturais, e o trabalho. Por sua vez, as famílias representam a procura do
mercado de bens e representam a oferta do mercado de fatores. As famílias fazem oferta da
sua força de trabalho no mercado dos fatores. As famílias pagam às empresas com o seu
trabalho e as empresas pagam de volta com juros, rendas e salários. A renumeração do capital
é o juro, da terra é a renda e do trabalho é o salário.

O conceito de Economia centralizada consiste no controlo total do Estado no mercado,


determinando o tipo de consumos para as pessoas.
Na economia de mercado há intervenção do Estado na economia, podendo ser esta maior
ou menor. Verifica-se, por exemplo, que nos países nórdicos há uma maior intervenção do
Estado no Economia, ao passo que nos E.U.A se verifica um menor intervencionismo.
O economia de mercado é o foco do estudo e a intervenção do Estado pode recorrer de
duas razões: justiça e eficiência (acrescentando-se, ainda, por menção de Fernando Araújo, de
razões decorrentes da ignorância).
A Justiça está relacionada com uma ideia de justiça presente na nossa sociedade. Por
exemplo, o Estado pode intervir no sentido de uma retificação distributiva ao afirmar que quem
tem maior rendimento deve pagar mais impostos. Nesse sentido, agimos segundo a nossa noção
de equidade e justiça, e também segundo a ideia, proveniente de John Rawls, de que se
estivéssemos na base da pirâmide socioeconómica, também gostaríamos de ser ajudados, pelo
que não julgamos esta redistribuição.
Por outro lado, o Estado também pode agir no sentido de melhorar a eficiência económica. O
Estado intervem, portanto, quando quer corrigir falhas de mercado, podendo estas ser:
externalidades (bens públicos), falhas de informação e poder de mercado.
De acordo com Smith, os mercados vão funcionando por si só e vão se autorregulando e
equilibrando, corrigindo as diferenças entre a oferta e a procura, pelo que o Estado não precisa
de intervir. No entanto, os economistas perceberam que a nossa racionalidade é limitada e, por
conseguinte, o Estado tem de intervir para corrigir as falhas do mercado. O conceito de falha
assenta na ideia de que os mercados desequilibram, mas existem falhas que legitimam a
intervenção do Estado.

PODER DE MERCADO
No âmbito de poder de mercado falamos em falhas de concorrência. Ao funcionarem
individualmente, as empresas influenciam, pela sua conduta, o funcionamento do mercado.
Este funcionamento individualizado é admissível até certo ponto pois os mesmos podem gerar
situações de concentração de poderes de mercados, ou seja, não pode haver um abuso de poder
da posição dominante de forma a que os consumidores sejam prejudicados. A concentração do
poder de mercado pode prejudicar o mercado e o seu funcionamento, bem como os
consumidores visto que um ambiente de concorrência é sempre melhor para os consumidores
e, por outro lado, pode desencadear situações de monopólio pela inovação.
Em suma, verifica-se poder de mercado quando um agente económico, através da sua
conduta, consegue influenciar os aspetos essenciais do mercado: preço e quantidade; quando
alguém explora abusivamente o mecanismo dos preços para proveito próprio: casos de
monopólio, oligopólio e monopessónio – Estado regula, legisla, incentiva e impõe padrões de
conduta.

FALHAS DE INFORMAÇÃO
Existem ainda as falhas de informação, ou assimetrias informativas, que podem ser de dois
tipos: seleção adversa e risco moral.
Uma assimetria informativa é a diferença informacional entre dois bens/agentes envolvidos
numa transação, ou seja, o domínio de uma informação importante para as condições da
transação, que uma pessoa sabe melhor e vai usar para obter vantagens à custa da outra.

Seleção Adversa
Na seleção adversa, verifica-se um estreitamento do mercado que decorre da forma como
neste ficam os "piores" agentes económicos, excluindo-se os "melhores". Toma-se como
exemplo, o mercado dos carros usados em que apenas o vendedor sabe avaliar a qualidade do
bem. O potencial comprador não tem acesso à informação total do bem, pelo que fixa um valor
médio para gastar nesse bem. Por esse valor, os vendedores dos bens com melhores qualidades
retiram-se do mercado (não estão dispostos a vender por esse preço). Posteriormente, sairão
do mercado os medianos até só restarem os maus.
Por outro lado, no caso das seguradoras, o segurando tem mais informação e a seguradora
fixa um prémio médio para o seguro. Se o seguro do carro não fosse obrigatório, os melhores
condutores retirar-se-iam do mercado e, no limite, só os piores condutores é que teriam seguro.
Conclui-se, portanto, que o Estado tem a função de legislar para que não haja este
estreitamento do mercado (seja na obrigação de algo ou não).

Risco Moral
No risco moral, verifica-se a atuação negligente de um agente, por este saber que o seu
comportamento será dificilmente detetado, ou seja, que o seu contraparte não detetará
eficientemente essa conduta. Não se consegue aferir a diligência na conduta de outrem pelo
que há uma resposta na ordem jurídica – formulações contratuais para superar a aversão ao
risco. É o exemplo de alguém que tem o vendedor da sua empresa num país estrangeiro. Este
agente tem liberdade de estabelecer um contrato que dê uma remuneração fixa e uma parte
variável consoante as vendas.

EXTERNALIDADES
Falamos ainda de externalidades que tanto podem ser positivas como negativas. Tratam-se de
efeitos positivos ou negativos causados pela atuação de alguém sobre a esfera de outrem que
não é compensado pelos prejuízos nem tem de pagar pelos benefícios.
Trata-se de uma externalidade positiva "sentir o cheiro agradável do perfume do vizinho" e
trata-se de uma externalidade negativa "ouvir música muito alta e má do meu vizinho". Outros
exemplos de externalidades negativas são o barulho, a poluição e o fumo.
As externalidades não são objeto de transação pelo que não têm preço, tratam-se,
simplesmente, de efeitos que fogem do mercado.
Verifica-se que a poluição do mundo advém das atividades produtivas e que a poluição sonora
pode advir, por exemplo, dos aviões. Percebe-se, portanto, que a atividade económica e
produtiva acaba por produzir externalidades, sejam elas positivas ou, principalmente, negativas.
No entanto, estas atividades, embora acarretem efeitos negativos, são necessárias para a vida,
sendo que, por exemplo, para parar a poluição sonora teríamos de deixar de recorrer aos aviões
o que teria um imenso custo social.
Conclui-se, portanto, que uma sociedade tem sempre externalidades. Problema este que, à
medida que as sociedades se foram desenvolvendo, ficou pior. No entanto, a ideia é minimizar
as externalidades, de forma que o custo social não seja tão alto, sendo nesse sentido que o
Estado atua e limita. Verifica-se ainda que se as entidades funcionassem individualizadas, na sua
tentativa de maximizar os benefícios, maximizariam também as externalidades, chamando-se a
estas atividades, atividades externalizadoras, pelo que, desta forma, o Estado atua. O Estado
vem refrear o nível de atividade daquele que continua a lucrar quando os danos que causa a
terceiros já são em elevado grau.

Existem, sobretudo, duas grandes razões para o Estado intervir na Economia: justiça social e
eficiência. As falhas de mercado são as assimetrias informacionais, o poder de mercado e as
externalidades.
No caso da economia clássica e neoclássica não existia a conceção de "falha de mercado",
visto que se acreditava no sistema da "mão invisível" pelo que o mercado conseguiria regular-
se a si próprio e os egoísmos individuais complementar-se-iam no âmbito do mercado. Desta
forma, conclui-se que não se necessitaria da intervenção do Estado. Contudo, até Adam Smith
dizia que em determinadas situações o Estado devia intervir em determinadas situações:
situações em que os individuais não teriam interesse em participar como, por exemplo, a defesa
nacional e administração interna.
Os neoinstitucionalistas verificaram que havia situações em que o mercado, sozinho, não
conseguia ultrapassá-las, chamando às mesmas falhas de mercado. Nesse sentido, o Estado
deve intervir de forma a resolvê-las. Estas falhas de mercado são: assimetrias de informação, na
qual um dos agentes tem mais informação do que o outro, criando um desequilíbrio; poderes
de mercado, em que um agente de mercado domina as trocas dentro do seu campo, exercendo
uma influência sobre os restantes agentes; as externalidades, em que a atitude de alguém vai
prejudicar ou beneficiar outrem sem que haja lugar para qualquer tipo de indemnização.
As externalidade são situações em que a conduta de uma pessoa vai afetar o bem estar de
outra, por vias extra-mercado, seja prejudicando sem ter de pagar, ou beneficiando sem ter
chance de fazer-se pagar por isso. Verifica-se que os agentes do mercado, sem qualquer tipo
de influência, estão a ter uma prejuízo ou benefício, sem que o mercado consiga fazer, no fundo,
a compensação desse prejuízo ou desse benefício. O exemplo típico da externalidade é a
poluição.
Por exemplo, uma fábrica que causa poluição de um rio está a ter, com a sua produção, um
benefício alto a baixo custo individual, visto que não está a recorrer a nenhum meio para impedir
a poluição. Contudo, esta atitude está a provocar um custo social muito elevado, ou seja, a
poluição de um rio de uso público, prejudicando a comunidade. É esta diferença entres custos
individual e social que constitui a falha de mercado e dá origem ao desequilíbrio no mercado. O
Estado, no entanto, só intervém caso o a diferença tenha relevância elevada o suficiente no
âmbito social.
No caso das externalidades negativas, o Estado geralmente atua, impondo medidas, para o
indivíduo, ou seja, a fonte de externalidades negativas e não junto da comunidade. No exemplo
dado, o Estado pode criar medidas, no caso de agentes poluidores, com vista à imposição de
filtros e tratamento das águas. Também podem ser impostas sanções aos agentes poluidores. O
Estado vai, portanto, aumentar o custo individual, equilibrando os custos individuais e sociais.
Este tipo de intervenção pelo Estado pretende que o custo individual e social se equilibrem:
atenuação da falha do mercado. No caso da externalidade negativa, a falha de mercado é a
existência de uma sobreprodução: produção a mais do que seria desejado. Algo que ocorre no
exemplo dado: há uma sobreprodução de poluição. A intervenção do Estado no sentido da
atenuação da falha tem como objetivo a internalização desta sobreprodução e terminar com
este excesso de produto.
No caso das externalidades positivas, temos a atitude de alguém que vai provocar um beneficio
a outrem sem que o mercado consiga indemnizar este agente que provocou o benefício. A falha
de mercado decorre, portanto, do facto de não haver correspondência económica para o
benefício que um agente está a provocar a outrem.
No caso destas externalidade, alguém teve uma atitude que provocou um benefício social
elevado e a falha de mercado vai ser a diferença de benefícios. Ou seja, em termos individuais,
a atitude não causou um benefício muito grande, mas em termos sociais causou . Temos o
exemplo das vacinas, contexto no qual se verifica um beneficio individual não muito elevado,
pois os custos são muito elevados, mas que, a nível social, o benefício é extremamente elevado.
Ou seja, temos uma desproporção entre aquilo que é o beneficio individual e o beneficio social.
Neste caso, estamos perante uma subprodução: mercado que, em rigor, até precisava de mais
produto daquele género. É esta a falha: há procura para mais recursos daqueles mas não há
oferta pois os privados não produzem. Sendo assim, o Estado intervém incentivando os privados
a produzir, através, sobretudo, de subsídios. Desta forma, o Estado intervém, corrigindo as
falhas.

BENS PÚBLICOS
No caso dos bens públicos, o problema nem é bem uma subprodução mas sim o facto de os
privados/particulares não estarem interessados em produzir estes bens, não têm incentivo para
o fazer.
Isto acontece porque os bens públicos (em termos económicos) têm características muito
próprias. Os bens públicos são bens em que não há exclusividade e não há rivalidade de uso.
A ausência de exclusividade dos bens públicos diz que todos podem usá-los, ou seja, todos têm
acesso a eles, ao passo que não haver rivalidade uso significa que posso usar esse bem sem
impedir outra pessoa de usá-lo, ou seja, esse bem pode estar a ser usado por 1 ou 50 pessoas
ao mesmo tempo.
Relativamente aos bens privados, existe rivalidade de uso tal como há exclusão eficiente. Se
nos bens públicos, todos podem usar e todos podem aceder a esse bem, os indivíduos privados
não vão querer produzi-los pois não vão ser beneficiados por eles.
Tem-se, por exemplo, a iluminação pública: existe procura mas não há nem exclusividade nem
rivalidade de uso. Neste caso, não existe um mecanismo eficiente para cobrar pela iluminação
pública. Não há mercado pois embora haja procura (a existência de iluminação pública permite
um maior acautelamento da segurança, permite que as pessoas fiquem até mais tarde ao ar
livre, etc.), não há produtor. Sendo assim, o Estado faz a própria produção desse bem ou
realização desse serviço.
No caso dos recursos comuns, embora não haja exclusividade, há rivalidade de uso. Ou seja,
são recursos que estão disponíveis a todos mas que, se todos os usarem, vão perder a sua
utilidade. Um exemplo típico de recursos comuns são os terrenos baldios. Os baldios são
terrenos abandonados pelas comunidades que poderiam existir para pastagem. Verifica-se, no
entanto, que se todos os usassem, existiria rivalidade. Por outro lado, um exemplo são as
estradas: estão acessíveis a todos mas se todos decidirem usá-las vai ocorrer congestionamento.
Dessa forma, o Estado intervém fazendo as estradas pois os privados não têm forma de produzir
benefício desta forma.
No entanto, por vezes existem falhas de governação, pelo que o Estado se engana e comete
erros.

A teoria das falhas de mercado afirma a legitimação da intervenção estadual em prol da


eficiência económica.
Às falhas de mercado surgem , em contraposição, as falhas de intervenção visto que a
intervenção do Estado também não é perfeita e também acarreta custos, significativos, que
devem ser tomados em conta. Portanto, também podem existir falhas na própria intervenção
corretiva.
O decisor público não tem informação perfeita pelo que podem ocorrer falhas nos mecanismos
de fiscalização.
Se já falhas de mercado e falhas de intervenção e estas forem superiores, então é preferível
que não ocorra intervenção estadual. Ou seja, deve se deixar o mercado trabalhar
autonomamente, mesmo com falhas e perdas de eficiência.
A intervenção estadual pode ocorrer através da regulação, da redistribuição, da correção de
falhas de mercado e da produção de bens públicos.
A macroeconomia é o estudo dos grandes agregados económicos, ou seja, do crescimento
económico, do desemprego, da inflação e das trocas internacionais. Por sua vez, a
microeconomia é o estudo das decisões dos agentes individuais e das empresas.
FONTEIRA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO
A fronteira de possibilidades de produção demonstra a eficiência em termos produtivos.
Trata-se da representação gráfica da quantidade máxima de 2 bens, que é possível produzir a
partir dos recursos e tecnologia de uma economia num dado momento. A F.P.P. representa a
eficiência produtiva, ou seja, a utilização eficiente dos recursos, sem que haja desperdício.
 o conjunto de todos os pontos máximos de produção representa a fronteira de
possibilidades de produção, ou seja, pontos eficientes;
 os pontos exteriores à fronteira de possibilidades de produção são inatingíveis dado os
recursos disponíveis;
 pontos interiores representam ineficiência produtiva, ou seja, quantidades que estão
abaixo das possibilidades da economia, os recusos não estão a ser utilizados de forma
eficiente.
O vale de equilíbrio é o conjunto de combinações de dois bens em que não se verificam custos
de produção crescentes. Por sua vez, a encosta de custos crescentes decorre da lei dos
rendimentos marginais decrescentes e da produtividade do trabalho.

Por exemplo:
Se eu estou unicamente a produzir canhões e quero produzir manteiga, vou retirar da
produção de canhões os trabalhadores menos especializados/produtivos. No entanto, conforme
vou aumentando a produção de manteiga, mais trabalhadores produtivos vou ter de retirar,
pelo que a produção de canhões vai descer muito.
Se só estou a produzir o bem A e ponho um trabalhador a produzir o bem B, verifica-se que o
custo associado é baixo, uma vez que só perco um trabalhador.
No entanto, se em vez de ter só um trabalhador a produzir o bem B, tiver agora dois, verifica-
se agora um aumento dos custos de oportunidade. É verdade que passo a ter mais benefício,
mas mesmo com maios um trabalhador, não há um aumento proporcional do benefício.

Por exemplo:
Por exemplo, se eu tiver um terreno (fator fixo), este, sozinho, não me dá rendimento. Se
adicionar um trabalhador, ou seja, um fator variável ao fator fixo percebe-se que os custos
(mensuráveis e de oportunidade) aumentam, porque tenho de pagar o salário ao trabalhador,
mas também tive um benefício, visto que o meu rendimento aumentou (de 0 para 10, por
exemplo). Se acrescentar outro trabalhador, o meu rendimento volta a aumentar (de 10 para
15, por exemplo) e, se continuar a adicionar trabalhadores, os custos vão sempre aumentando,
enquanto que os benefícios não têm um aumento proporcional.

A fonteira não é fixa ao longo do tempo: podem existir expansões (por causa da evolução
tecnológica verifica-se o aumento da produtividade) e contrações (por causa da destruição de
fábricas e infraestruturas).

O MODO DE PENSAR DOS ECONOMISTAS (CAPÍTULO II)


No âmbito do pensamento económico pode ser fazer a distinção entre metodologia
dedutivista e metodologia indutivista.
A análise económica clássica e, sobretudo, a análise económica neoclássica são
fundamentalmente dedutivistas, devido à sua grande conexão com a matemática. Esta
metodologia parte do geral para o particular, e, nesse sentido, formula teorias que terão, ou
não, correspondência com a realidade. Trata-se de uma construção teórica de como a realidade
se comporta e, por conseguinte, possui o conceito de "irrealismo" associado.
O dedutivismo surgiu enquanto metodologia de análise económica até meados do século XX,
ou seja, até ao surgimento e adoção de uma metodologia indutivista.
O indutivismo parte do particular, do concreto e do real, para o geral. O indutivismo pode
possuir duas conceções: histórico e estatístico. O indutivismo histórico decorre da leitura e da
recolha de dados e informação do passado, ao passo que o indutivismo estatístico, grande aliado
da ciência económica, decorre da estatística visto comportamentos estudados são de massa.
O comportamento do mercado é tendencionalmente o mesmo, e a forma de mostrarem a sua
preferência também se rege por um padrão comum: a moeda. Ou seja, o dinheiro constitui
um fator comum da expressão da vontade da pessoa.
A partir do tratamento dos fenómenos em massa, é possível retirar conclusões e formular leis
económicas. As leis económicas são probabilísticas visto que nos dizem que a maior parte das
pessoas comporta-se de certa forma, no entanto, isso não impede que ocorra uma mudança de
atitude, decorrente do livre-arbítrio.
Duas leis fundamentais da economia são a lei da procura e a lei da oferta.
A lei da procura relaciona duas realidade variáveis: o preço e a quantidade procurada. Por
exemplo, se o preço dos bilhetes de cinema aumenta, a quantidade procurada diminui visto que
a generalidade das pessoas terá este comportamento, no entanto, a possibilidade da escassez
faz com que os agentes se comportem contrariando a lei da procura, ou seja, embora o preço
aumente, a procura aumente também . Trata-se de uma correlação inversa, ou seja, o
comportamento das variáveis está ligado, de forma contrária, em termos de probabilidades.
Por sua vez, de acordo com a lei da oferta, com o aumento do preço, há um estímulo de
aumento da capacidade oferecida. Por exemplo, se o preço dos iogurtes aumenta, a quantidade
de iogurtes oferecida aumenta. Por outro lado, se o preço dos iogurtes diminui, a quantidade
de iogurtes oferecida diminui. Trata-se de uma correção direta, ou seja, o comportamento das
variáveis é igual.
A economia tem a vertente do estudo da realidade, além de uma vertente descritiva. Possui
também uma dimensão prescritiva, no sentido de formar políticas económicas, que ganha
protagonismo no séc. XX.
Ao estudar os mercados deve-se ter em conta duas abstrações: o pressuposto "ceteris
paribus", o modelo de concorrência perfeita e a racionalidade.
O "ceterius paribus" significa "mantendo-se tudo o resto constante", pelo que devemos olhar
estritamente para a oferta e a procura, sem dar atenção à complexidade das situações.
O modelo da concorrência perfeita, na prática, não existe, visto que não existe a perfeição. Os
mercados reais estão ou mais perto ou mais afastados da concorrência perfeita, que surge como
modelo. Um mercado pode ser mais ou menos concorrencial, mas nunca chega lá. Assenta no
pressuposto da racionalidade dos indivíduos e, nesse sentido, pressupõe que os mercados se
equilibram. O mercado de concorrência perfeita possui 3 características: atomicidade, fluidez e
liberdade (de mercado).

INTERDEPENDÊNCIA DE TROCAS (CAPÍTULO III)


As trocas económicas ocorrem nos mercados e são jogos de soma positiva, em que ambas as
partes beneficiam da troca, ficando melhor do que estavam antes da troca.
Uma ambiente de troca permite a divisão e especialização do trabalho.
A primeira pessoa a evidenciar as vantagens da divisão e especialização do trabalho foi Adam
Smith, dando o exemplo do fabrico de alfinetes. Se apenas uma pessoa tiver de fazer todas as
partes do alfinete ou, por outro lado, cada uma das tarefas de produção de um alfinete for
atribuída a uma pessoa diferente, verifica-se que a produção é muito maior na segunda
alternativa.
Smith conclui que quantos mais pessoas, mas se produz. Por outro lado, há mais rapidez e
inovação na realização da tarefa. A quantidade produzida de um bem é maior se houver divisão
de tarefas.
A produção em massa está largamente associada à produção de automóveis, sobretudo Henry
Ford, que otimiza o tempo de produção e baixa muito o preço.
Por outro lado, quanto maior a for a dimensão do mercado, maiores são as possibilidade de
especialização do mercado.
Os países só vão para o mercado internacional quando têm quantidade para isso, ou seja,
quando a quantidade produzida suprime o consumo interno e existe um excedente de produção
que exporta para os outros países.
Na ideia de Adam Smith e de David Ricardo, para existirem mais trocas internacionais, teriam
de existir mais excedentes de produção.
Para Smith a criação de excedentes surgia através da divisão e especialização do trabalho. A
divisão de trabalho decorre da consideração de Adam Smith de que se as tarefas fossem
divididas e cada um possuísse a sua, cada um, através da repetição, tornar-se-ia mais eficiente
na sua produção. A divisão do trabalho levaria a que cada trabalhador possuísse uma tarefa
definida e o mesmo, através da repetição, tornar-se-ia mais eficiente nessa tarefa.
Adam Smith percebe que há vantagens na divisão e especialização do trabalho numa economia
interna, logo também vai funcionar no mercado internacional. Smith admite que cada país deve
especializar-se no que faz melhor e depois trocam no mercado internacional. O pressuposto das
trocas internacionais é um movimento de livre cambismo, que se opõe ao protecionismo.
Addam Smith analisou que o Tratado de Methuen de 1703, feito entre Portugal e entre
Inglaterra, construi a sua teoria das vantagens absolutas. Este tratado estabelecia que o vinho
de Portugal entrava em Inglaterra com grande vantagem e com pouco custo, e os têxteis de
Inglaterra entravam em Portugal também em condições de grande vantagem e pouco custo.
Smith conclui, olhando para os custos de produção (determinado pelo trabalho e número de
horas que esse bem precisou para ser concretizado) que uma unidade de vinha era produzida
com menos de trabalho em Portugal do que no Reino Unido, algo que se verifica com o tecido
também. Em termos de horas de trabalho, tanto nos texteis como no vinho, Portugal precisava
de menos tempos para produzir uma unidade. Desta forma, não faz sentido para a Inglaterra
estar a produzir têxteis, sendo mais benéfico exportá-los de Portugal. Nesta teoria, o que
importa para escolher as produções são os valores absolutos de produção, ou seja, a
produtividade (que se mede pelo número de unidades produzidas numa determinada unidade
de tempo). Assim sendo, as vantagens absolutas são simples de encontrar visto que
correspondem às produções onde existe mais produtividade: produzir mais em menos tempo.
É nestas produções que devem recair a especialização. Há limites de capacidade produtiva pelo
que é necessário locar os recursos na produção que é, efetivamente, mais eficiente. A divisão
de trabalho é um mecanismo da especialização.
Esta teoria foi, posteriormente, alterada e completada por David Ricardo. David Ricardo
formulou a teoria das vantagens comparativas que afirmava que cada pais, antes de se
especializar em alguma produção e se desenvolver no âmbito do mercado internacional, deve
olhar para as suas produções e escolher a que faz melhor. Por exemplo, Portuga para a produção
de uma unidade de vinho precisava de menos horas de trabalho do que na produção de têxteis,
pelo que compensa mais produzir vinho. Trata-se de uma ideia de custo de oportunidade. Dessa
forma, de acordo com esta teoria a especialização deve recair na produção onde os custos de
oportunidade forem mais baixos. Os países deviam olhar para as suas produções e fazer uma
comparação/relação entre produções e escolher especializar-se onde os custos de oportunidade
forem mais baixos.

Os Estados Unidos, na atualidade, são grandes produtores de semicondutores, componentes


de grandes valores. O E.U.A também podia produzir têxteis com menor custo que a China, por
exemplo, pois possui tecnologia que lhe permite fazer isso. O EUA deve produzir ambos os bens?
Isto não se revela racional pois o custo de oportunidade de produzir têxteis revela-se muito
elevado: por cada unidade de têxteis produzida estão a perder unidades muito mais valiosas de
semicondutores. O E.U.A deve, portanto, colocar mais recursos na produção de bens mais
valiosos e depois pode usar os ganhos para comprar os bens menos valiosos, como os têxteis.
Isto implica que exista um ambiente de livre troca, que não seja protecionista. Atualmente, o
debate mantém-se entre economias protecionistas e economias que não são protecionistas. A
organização mundial do comércio assenta no principio do livre comércio.
Por exemplo, o Brasil que é muito protecionista: os vinhos portugueses quando chegam ao
Brasil, têm uma taxa aduaneira muito elevada pelo que, quando chegam aos supermercados,
chegam a preços muito elevados.
Quando há uma politica deste tipo, pretende-se proteger as produções nacionais. Através de
vários elementos históricos, verifica-se que o protecionismo tende a ser favorável para os
produtores mas não para os consumidores.
Por sua vez, durante o Estado Novo, tínhamos a lei de funcionamento industrial e, portanto,
existia um protecionismo e uma lei que regulava as indústrias que se encontravam no mercado,
pelo que existia uma proteção dos produtores.
Existem três tipos de ordens de razão das fontes das vantagens comparativas: dotações
naturais, dotações herdadas, dotações adquiridas e o capital humano.

As dotações (ou vantagens) naturais têm, no fundo, a ver com as circunstâncias geográficas
que são propicias a uma ou outra função: clima, relevo, minerais, etc. Por exemplo, uma das
produções de Africa do Sul é a de ouro, algo que decorre da sua grande quantidade de minerais.
As dotações herdadas surgem associadas às dotações naturais. Tenha-se o exemplo do vinho
do Porto e da calçada portuguesa, no caso de Portugal. Só se produz vinho do Porto no Douro
pois este tem um clima e solo adequados para esse fim, por outro lado, temos um processo de
fabrico herdado, passado de geração em geração e muito próprio da cultura portuguesa. Por
sua vez, a calçada portuguesa é algo intrinsecamente português, sendo que temos recursos de
pedra granito e calcário e, por outro lado, a arte do trabalhador calceteiro é algo passado de
geração em geração. São produções tipicamente portuguesas.
As dotações adquiridas consistem em aptidões adquiridas pelos povos. Por exemplo,
associamos a Suíça à produção de chocolate e relógios. Têm a ver com a formação de capital em
sentido económico. A Japão é um país relativamente pequeno, pobre em recursos naturais, no
entanto, é muitíssimo desenvolvido porque investiu bastante em infraestruturas (muitas linhas
de comboio de alto velocidade, fábricas dos mais diversos produtos, etc.).
Por último, o capital humano corresponde à formação e especialização/qualificação dos
indivíduos. Quando maior essa qualificação, maior a especialização do fator trabalho e,
portanto, a qualificação, sendo uma decisão individual.
Podem haver combinações de todos estes fatores.

FORÇAS DE MERCADO (CAPÍTULO IV)


As forças de mercado são duas: a procura e a oferta. Cada uma destas forças tem os seus
agentes.
A procura é a atitude típica daqueles que se dirigem ao mercado para satisfazer as suas
necessidades, através da aquisição de bens e de serviços cujo valor é dado pela utilidade. Por
sua vez, a oferta é a atitude típica daqueles que se dirigem ao mercado para vender bens ou
serviços cujo valor será determinado em função do custo de produção.´
Do lado da oferta falamos em vendedores e produtores, que se encontram no mercado. O
mercado é o ponto de contacto entre a oferta e a procura, ou seja, os mercados são espaços de
interação que não têm de ser necessariamente espaços físicos.~
Os mercados podem ser espontâneos ou muito regulados. O mercado espontâneo é o exemplo
da grande quantidade de táxis que vão para o Altice Arena quando um grande artista está a
tocar lá. O mercado regulado é o mercado financeiro, por exemplo.
Os mercados também têm muitas vezes intermediários, que têm uma função económica muito
relevante. Por exemplo, as empresas imobiliárias são os intermediários entre vendedores e
compradores. A informação está ali concentrada e isso tem valor para nós enquanto
consumidores. A parte burocrática também é facilitada. Os intermediários geram valor
acrescentado através da aproximação entre os vendedores e os compradores.
Os mercados têm tendência para se equilibrar. Os mercados reais também vão corrigindo os
seus desequilíbrios: se existir uma grande produção de chocolates e se, entretanto existir uma
campanha a dizer que os chocolates são maus, a procura vai diminuir e a oferta vai,
consequentemente, diminuir. Há, no entanto, mercados que demoram muito tempo a ser
corrigidos, como é o caso dos mercados imobiliários (de arrendamento e de compra e venda).
Quando se quer estudar um mercado isolado, há, no entanto, mais três tipos de bens que
temos de estudar em conjunto: os bens complementares, os bens sucedâneos e os bens de
produção conjunta. Ou seja, privilegiamos o estudo do mercado isolado, no entanto por vezes
temos também de analisar outros fatores.
Os bens complementares são os bens que têm de ser usados em conjunto, ou seja, a obtenção
de utilidade implica uma utilização conjunta (por exemplo, a pistola e a bala, o automóvel e o
combustível, etc.). Nestes casos, às vezes temos de os estudar também visto que as alterações
num mercado podem explicar as alterações no outro mercado.
Os bens sucedâneos são os bens que permitem obter uma utilidade similar, embora menor
(por exemplo, a manteiga e a margarina, etc.). Isto também faz sentido pois para saber o que se
está a passar no mercado do óleo, precisamos de saber o que se está a passar no mercado do
azeite.
No caso dos bens de produção conjunta, a indústria petroquímica é um bom exemplo visto
que a refinação do petróleo não produz apenas gasolina mas também óleos, ácidos, etc.
Percebe-se que uma única produção dá origem a vários bens.
Intuitivamente sabemos que relações são estas, no entanto, estas não se presumem mas sim
demonstram-se através do teste da elasticidade cruzada da procura.

O MERCADO DE CONCORRÊNCIA PERFEITA E AS SUAS CARACTERÍSTICAS


O estudo da análise da oferta e da procura será feito num pressuposto de mercado de
concorrência perfeita, que é um mercado caracterizado pela sua fluidez, atomicidade e
liberdade.
Num mercado de concorrência perfeita, a atomicidade decorre do número elevado e da
multiplicidade de agentes tanto do lado da oferta como do lado da procura. Desta forma, a
conduta individual não influencia o funcionamento do mercado.
Por exemplo, num mercado de laranjas, em que todas as laranjas são iguais e na qual se juntam
milhares de produtores e compradores, se eu, enquanto compradora, decidir não ir, isso não
influencia a forma como o mercado, o preço e as transações vão decorrer. Isto significa que
nenhum dos agentes tem poder de mercardo, pelo que são price takers (e não price makers).
Ou seja, não é cada um deles que vai influenciar a formação do preço (visto que este se forma
no mercado).
A fluidez consiste no misto de informação plena combinado com a homogeneidade dos bens,
em que o único fator de decisão diferenciador é o preço. A decisão racional decorre da aquisição
do bem com um menor preço. No mercado de concorrência perfeita haverá um único preço: o
mais baixo (relacionado com a decisão racional e o custo de produção).
Por exemplo, no caso do mercado de laranjas, as laranjas são todas iguais e os compradores
sabem o que se passa no mercado em termos de preço, o único fator de escolha é o preço. Se
isto se verifica, os vendedores de laranjas vão todos vender as laranjas ao preço do vendedor
que as estava a vender mais baixo.
A liberdade significa liberdade de entrada e saída do mercado, ou seja, não há barreiras
significativas à entrada e à saída do mercado.
As barreiras do lado de procura são muito menores (ou seja, os consumidores, se o preço
aumenta, deixamos de comprar esse bem), pelo que é muito mais fácil para o consumidor sair
do mercado. Para um produtor será muito mais difícil visto que toda a sua estrutura de produção
está orientada para a produção de um bem, logo, se quiser sair de/entrar em um mercado,
precisa de tempo.
As barreiras de entrada no mercado podem ser económicas ou administrativas.
As barreiras administrativas têm a ver com licenças, autorizações, administração, concurso
público, instalações básicas, entre outros. Por sua vez, as barreiras económicas decorrem dos
investimentos que são necessários fazer, ou seja, se os investimentos necessários para entrar
no mercado forem muito significativos, apenas um número muito estrito de agentes
económicos terá capacidade de entrar no mercado. Por vezes, os custos de entrada têm a ver
com os custos de saída (sunk costs, ou seja, custos irrecuperáveis, como o caso dos custos de
publicidade).
Quando um agente económico entra no mercado, tem de ponderar quais serão os custos, se
for necessário retirar-se do mercado. Se os sunk costs forem muito significativos há um risco
maior de não entrar.
A propósito da liberdade e da inexistência das barreiras no âmbito do mercado concorrencial
perfeito, Bain e Baunor criam duas teorias: teoria da concorrência potencial e teoria dos
mercados contestáveis, respetivamente.
Estes dois autores chegaram à conclusão de que não é efetivamente necessário que exista um
número efetivo, ou seja, um grande número de concorrentes para que as empresas que estão
instadas se comportem de forma concorrencial. Basta que as empresas se sintam ameaçadas
pela concorrência potencial, com a falta de barreiras à entrada e saída e que, se elas praticarem
preços elevados, torna-se muito fácil que outros agentes entrem no mercado. As empresas
devem, portanto, temer a concorrência potencial sendo que tanto esta como a concorrência
efetiva servem como incentivos para não haver abuso e exploração de uma posição de domínio.

OS MERCADOS DE CONCORRÊNCIA IMPERFEITA


As características do mercado de concorrência perfeita são cumulativamente criticadas no
mercado de concorrência imperfeita, visto que elas surgem em falta.
Falamos em três situações de mercado de concorrência imperfeita: monopólio, oligopólio e
concorrência monopolística.
No monopólio e no oligopólio a característica em falta é a atomicidade, ao passo que na
concorrência monopolística é a fluidez.
Uma situação de concorrência perfeita não existe, ou seja, é uma abstração mas podemos
verificar se os mercados reais são mais ou menos concorrenciais, ou seja, se estão mais ou
menos perto desse ideal de concorrência.
No monopólio, falamos numa situação onde existe um único agente do lado da oferta, ou seja,
um único vendedor, perante uma multiplicidade de compradores, ou seja, de agentes do lado
da procura (menos oferta e mais procura).
No oligopólio, existe uma quantidade limitada de oferta, ou seja, de vendedores, para uma
multiplicidade de compradores, ou seja, de procura (menos oferta e mais procura).
No monopólio e no oligopólio verifica-se atomicidade de procura mas não de venda.
No contexto da concorrência monopolística estamos num mercado de bens diferenciados
onde a produção do bem tem o foco e concentração de mercado (menos oferta, mais procura,
para um nicho de compradores, ou seja, um determinado market).

CURVA DE PROCURA
A procura é o comportamento típico dos que se dirigem ao mercado para satisfazer as suas
necessidades. "Comportamento típico" associa-se a um padrão de mercado. O padrão de
mercado em questão é o mercado de concorrência perfeita: atomicidade, liberdade e fluidez.
É no mercado de concorrência perfeita que analisamos a procura. A procura é a quantidade
de um bem que se está a disposto a adquirir e para a qual se tem poder de compra.
O incentivo da procura está relacionado com a utilidade, ou seja, com a satisfação das
necessidades com o menor custo associado. Sendo um comportamento típico de vários agentes
e atendendo ao ceteris paribus, é formada uma lei da procura onde existe uma correlação
inversa entre o preço e a procura. Percebe-se que quanto maior o preço, menor a quantidade
procurada, ao passo que, quanto menor o preço, maior a quantidade procurada.
Pode-se construir uma função da procura na qual é possível perceber, para cada preço, qual é
a quantidade procurada, isto é, quantos consumidores estão dispostos a adquirir esse bem, e a
quantidade que estão dispostos a adquirir desse bem. O facto de existir esta correlação inversa
é que vai levar à configuração da curva da procura que é inversamente inclinada.

Há, no entanto, dois tipos de bens que contrariam a lei da procura: bens de Veblen e bens de
Giffen.
Os bens de Giffen são bens inferiores, ou seja, bens que deixam de ser consumidos quando as
pessoas passam a ter rendimentos mais elevados. Estes bens, não sendo superiores, mesmo que
o seu preço aumente, não vão deixar de ser consumidos, aliás vão ser ainda mais consumidos.
Não há efeito de substituição pelo que, mesmo que o preço do bem aumente, o mesmo não é
substituído.
Os bens de Veblen são bens ostentatórios ou conspícuos, ou seja, são bens que são comprados
para transmitir um determinado estatuto, como é o exemplo dos produtos de luxo ou de grife.
Tratam-se de bens de procura especifica, que são requisitados por pessoas com grande poder
de compra. Surge contrariamente à lei da procura, visto que há bens que quanto mais caros e
reservados forem, mais incentivo à procura eles têm.
A curva da procura pode representar a procura individual, a procura de um determinado bem
ou a procura de agregados (decorre da macroeconomia e representa todos os bens procurados
numa economia).
A lei da procura só funciona devido a dois efeitos: efeito de rendimento e o efeito da
subs tuição.
O efeito de rendimento diz-nos que, caso algum preço dos bens se altere, o padrão de procura
também se altera. Ou seja, todos nós somos consumidores de um determinado cabaz de bens e
temos uma restrição financeira constante, logo, se o preço de um determinado bem desse cabaz
subir, a quan dade procurada por nós, enquanto consumidores, terá de descer visto que
teremos um rendimento mais baixo. Se pelo contrário, o preço do bem baixar, a quan dade do
mesmo vai subir. Ou seja, entende-se que o consumidor tem um orçamento constante e limitado,
pelo que de cada vez que ocorrerem variações no preço de um bem, a procura se vai alterar. Em
termos latos, "se eu ficar com menos rendimento disponível, consumo menos, ao passo que, se
eu ficar com mais rendimento disponível, consumo mais".
O efeito de subs tuição ocorre em resposta ao aumento do preço de um bem. Se o preço
do bem aumentar aquilo que a procura tendencialmente faz é subs tuir o seu consumo, ou seja,
vai à procura de um bem que seja semelhante e mais barato rela vamente ao bem mais caro,
subs tuindo o seu consumo.

A variação ao longo da curva tem a ver com a configuração da curva porque podem exis r
variações de preço, pelo que, de cada vez que ocorre uma, a curva terá um formato diferente.
Por sua vez, também se pode dar a formação de novas curvas de procura, através de
movimento de e expansão ou contração rela vamente à curva de procura originária.

Variações de Gostos
Os fatores que podem levar à formação de novas curvas de procura são as variações de gostos
(decorrentes das "modas", por exemplo: se está na moda o uso de boinas, este produto vai ter
um aumento de quan dade procura, pelo que se vai formar uma nova curva de procura em
movimento de expansão, rela vamente à curva de procura original).

Campanhas Publicitárias
Também pode decorrer de campanhas publicitárias, visto que, se vermos divulgação de
informação acerca de certos produtos, os padrões de consumo desses produtos podem mudar
(por exemplo, se ocorrer uma campanha publicitária rela va aos males do chocolate, este
produto vai ter uma diminuição de quan dade procurada, pelo que se vai formar uma nova curva
de procura em movimento de contração, rela vamente à curva de procura originária).

Alterações de Rendimento
Rela vamente às alterações de rendimento, estas ocorrem quando se verifica um aumento
ou diminuição do rendimento dos consumidores. Se o meu salário for maior, vou ter mais
capacidade de consumo visto que tenho mais dinheiro e recursos, pelo que as quan dades
procuradas aumentam e vai ocorrer a formação de uma nova curva da procura em movimento
de expansão. Quando há aumento de rendimento, em regra a procura de pereferiores diminui,
ou seja, passam a ser comprados em menor quan dade, e aumenta a quan dade procura de
bens normais e, caso o rendimento aumenta substancialmente, superiores.
Ocorre o contrário se o meu rendimento diminuir, pelo que a quan dade procurada vai
diminuir. Neste caso verifica-se uma diminuição da quan dade procurada de bens superiores,
sendo estes subs tuídos pelos bens normais, e, também pode ocorrer, o aumento da quan dade
procurada de bens inferiores (pelo que se dá a formação de uma nova curva de procura em
sen do de expansão).

Expeta vas
Outro fator de alteração da curva são as expecta vas: as expecta vas sobre o rendimento, por
exemplo. Se eu ver a expeta va de aumento de rendimento, por exemplo, ao aumentar o meu
salário, vou aumentar a quan dade procura, ao passo que, se eu ver a expeta va de diminuir
o meu salário, vou diminuir a minha quan dade procurada. Dá-se a formação de uma nova curva
em sen do de contração.
No caso dos preços, se a expeta va for sobre variações dos preços, se vermos a expeta va de
que o preço vai aumentar, vou antecipar a minha compra, pelo que vai exis r uma expansão da
procura imediatamente. Se, pelo contrário, ver uma expeta va de diminuição de preço, vou
diminuir o meu consumo, ou seja, ocorre uma diminuição da quan dade comprada. Se eu
souber que o preço daquele bem vai aumentar, vou tentar comprá-lo antes que o preço
aumente, ao passo que, se eu souber que o preço daquele bem vai diminuir, vou tentar esperar
para pode comprá-lo assim que o preço diminuir. º

Bens Sucedâneos e Bens Complementares


Temos ainda o caso dos bens sucedâneos e dos bens complementares.
Os bens sucedâneos são bens que conseguimos subs tuir, ou seja, são bens que sa sfazem a
mesma necessidade e, portanto, estão a disputar entre eles a preferência do consumidor. Nestes
casos passamos de um mercado para outro.
Por exemplo, se o preço da Coca Cola aumentar, a quan dade procurada da mesma vai diminuir
(variação da própria curva decorrente da variação de preço). Por outro lado, no mercado da
Pepsi, a quan dade procurada vai aumentar (formação de uma nova curva em sen do de
expansão). Portanto, aqui que acontece é que o facto de o preço de um bem variar, isso vai
provocar alterações no mercado do seu sucedâneo.
No caso dos bens complementares, falamos em bens de u lização conjunta. São bens que são
essenciais à maximização da u lização daquele bem, ou seja, por exemplo, de nada me serve ter
um telemóvel sem este ter um sistema opera vo. Para que exista uma u lização eficiente do
bem tem de exis r esta relação complementar. Aqui também existe uma relação entre os dois
mercados, ou seja, se vermos em conta o caso do hardware e do so ware, encontramos aqui
uma relação direta. Se o preço do hardware diminuir (variação da própria curva), a sua
quan dade procurada aumenta e, por conseguinte, a quan dade procurada de so ware
também vai aumentar (formação de nova curva) e vice-versa.

CURVA DE OFERTA
A oferta é o comportamento pico daqueles que se dirigem ao mercado para vender bens e
serviços, falando agora da situação pica dos produtores. A oferta é a disponibilidade dos
produtores de colocar bens no mercado, que são produzidos e que têm como referencial de valor
o custo de produção. O obje vo dos produtores é tentar vender ao mais alto preço, obtendo o
maior bene cio e vantagem na venda. Temos a lei da oferta que estabelece uma relação entre
o preço e a quan dade oferecida, atendendo a essa ideia de que os produtores querem obter o
maior lucro possível: se o preço aumenta, a quan dade oferecida também aumenta, ao passo
que, se o preço diminuir, a quan dade oferecida também diminui. Trata-se de uma correlação
direta entre preço e quan dade.
A curva da oferta, à par da, não começa no 0 porque estamos a falar de produtores, que, para
produzirem o serviço, têm sempre um custo associado pelo que, se os produtores entendem
obter lucro então só estão dispostos a entrar no mercado quando o preço do mercado cobrir,
pelo menos, os custos desta produção (se o preço do mercado for mais baixo não existe bene cio
na oferta pelo que não há uma decisão racional). Tem de haver uma coberta do preço marginal.
À medida que esse preço vai aumentando, vão exis r mais produtores a querer colocar o seu
produto no mercado e é por isso que a quan dade oferecida vai aumentar à medida que o preço
vai aumentando.

A curva da oferta é posi vamente inclinada porque a produção está sempre sujeita á lei dos
rendimentos marginais descrentes, ou seja, os custos marginais crescentes. Para produzir a
mesma quan dade, os custos de produção aumentam pelo que a sua produção só compensa se
os preços desses bens forem superiores.
Podemos dis nguir variações ao longo da curva de oferta (relacionadas com variações do fator
preço - se o preço aumenta, a quan dade aumenta) e formação de novas curvas de oferta, em
movimento de expansão e em movimento de contração.

Custos de fatores de produção


Se, numa dada produção, o preço de um dos fatores aumentar nos mercados internacionais,
dá-se a formação de uma nova curva, no sen do da contração. Isto ocorre porque os custos de
produção aumentam, logo as quan dades oferecidas diminuem.
Por sua vez, se numa dada produção, o preço de um dos fatores diminuir nos mercados
internacionais, dá-se a formação de uma nova curva, no sen do da expansão. Isto ocorre porque
os custos de produção diminuem, logo as quan dades oferecidas aumentam.

Rendibilidade de produções alterna vas


Se o produtor de um determinado bem verificar que a produção de outro bem é mais rentável,
este pode optar pela produção deste outro bem, pelo que a quan dade oferecida do primeiro
bem diminui.
Os produtores adaptam-se mais lentamente ás condições do mercado visto que a produção
associa-se aos próprios fatores de produção, as quais é di cil fazer a adaptação.

Tecnologia
As alterações tecnológicas tendem a diminuir os custos de produção e aumentar a quan dade
oferecida, e nesse sen do ocorre a formação de uma nova curva de oferta em movimento de
expansão de determinado bem.

Dimensão do produtor
A dimensão do produtor pode determinar maior ou menor produção, dando origem aos efeitos
de escala: quanto maior a dimensão, maior a possibilidade de maior produção, pelo que os
custos de produção marginais vão diminuindo.
Os pequenos produtores têm menor capacidade de adaptação ás condições do mercado que
os grandes produtores.

Obje vos estratégicos do produtor


Os produtores podem ter estratégias com o fim de re rar os seus concorrentes do mercado,
através dos preços predatórios, por exemplo.

Expeta vas do produtor


Rela vamente ao preço, por exemplo. Se o produtor de um bem em poucas quan dades,
espera um aumento de preço do mesmo, faz stocks para esperar para aumentar a quan dade
oferecida assim que os preços aumentarem. Isto não pode ocorrer com bens perecíveis, por
exemplo.

Influências especiais
Dizem respeito a fatores atmosféricos, polí cos e sociais. Se ocorrer a destruição dos recursos,
o número de produtores diminui, a quan dade oferecida diminui e, nesse sen do, ocorre a
contração da curva.

CRUZ DE MARSHALL
Albert Marshall formulou a cruz marshalliana. Verifica-se que há
um ponto de interseção entre a curva da procura e a curva da oferta
à qual se chama ponto de equilíbrio, no qual a quan dade
procurada é igual á quan dade oferecida. Não há procura em
excesso (rela vamente à oferta) nem oferta em excesso
(rela vamente à procura). A abcissa do ponto de equilíbrio é a
quan dade de equilíbrio e a ordenada do ponto de equilíbrio é a
quan dade de equilíbrio.
Verifica-se que a quan dade que os produtores estão dispostos a
vender é igual à quan dade que os consumidores estão dispostos a
comprar. Verifica-se a máxima sa sfação dos consumidores e
vendedores – sa sfação de toda a quan dade procurada àquele
preço.
 Acima do ponto há Excedentes – quan dade oferecida é maior que a quan dade
procurada. Vendedores dispostos a transacionar mais bens do que aqueles que os
compradores estariam dispostos a pagar
 Abaixo do ponto há Escassez – quan dade procurada é maior que a quan dade
oferecida – não sa sfaz a totalidade das necessidades dos consumidores que querem
esse bem. Consumidores dispostos a transacionar mais bens do que aqueles que os
vendedores.
Perante a formação de novas curvas de oferta e de procura, dão-se também a formação de
novos pontos de equilíbrio.

ELASTICIDADE
Por elas cidade entende-se a sensibilidade, isto é, o nível de reação, de um determinado
fator (por exemplo, a quan dade procurada ou oferecida) à variação de um outro (por exemplo,
o preço do bem A ou do bem B, rendimento). Quando a sensibilidade é elevada, ou seja, quando
a variação de um fator em relação ao outro é mais do que proporcional (maior) fala-se em
elas cidade/grande elas cidade e, no caso contrário, quando é menos do que proporcional
(menor) em pouca elas cidade, inelas cidade ou rigidez.

Estudamos a variação (se aumentam ou diminuem, muito ou pouco) das quan dades
oferecidas e das quan dades procuradas em função da variação do preço (subiu os desceu,
muito ou pouco) do mesmo bem (elas cidade preço da oferta e elas cidade preço da procura),
do preço de um outro bem (elas cidade preço cruzada, sobretudo em relação á procura), do
rendimento (elas cidade rendimento, normalmente quanto á procura).

A fórmula de cálculo traduz-se, de forma genérica, na divisão da variação (aumento ou


diminuição) das quan dades (oferecidas ou procuradas) expressas em percentagem pela
variação (aumento ou diminuição) do preço (do bem A ou B) ou do rendimento, igualmente
expressas em termos percentuais. Os resultados ob dos irão determinar o grau de elas cidade
e o po de bens (no caso da elas cidade cruzada e elas cidade rendimento).
Para as elas cidades-preço, o valor 1 traduz a fronteira entre a elas cidade e a rigidez. Abaixo
de 1, porque a variação das quan dades é menor do que a variação do preço, a procura ou a
oferta serão inelás cas. Ao contrário, acima de 1, visto que a variação das quan dades é maior
do que a variação do preço, a procura ou a oferta serão elás cas.

ELASTICIDADE- PREÇO PROCURA


Através da análise da curva da procura entende-se que existe uma correlação inversa entre
preços e quan dades: se os preços sobem, as quan dades procuradas diminuem, ao passo que,
se os preços descem, as quan dades procuradas aumentam.
Embora esta teoria seja verdadeira, existem, no entanto, bens que reagem mais sensivelmente
a esta variação do preço. A quan dade procurada de todos os bens não se altera da mesma
forma, em função da variação do preço dos mesmos.
A elas cidade preço-procura demonstra a sensibilidade da procura face à variação do preço,
sendo que se divide, em termos absolutos, a variação percentual das quan dades procuradas
pela variação percentual do preço.
 0 = Nenhuma sensibilidade = Inelas cidade absoluta (não há qualquer variação das
quan dades independentemente da variação dos preços – curva da procura
totalmente ver cal);
 0 – 1 = Pouca sensibilidade = Inelas cidade (variação menos do que proporcional das
quan dades – curva da procura mais levantada);
 1 = Elas cidade unitária (variação proporcional das quan dades)
 > 1 = Muita sensibilidade = Elas cidade (variação mais do que proporcional das
quan dades – curva da procura mais deitada)
 + ¥ = Sensibilidade extrema = Elas cidade perfeita (expansão infinita da procura no
caso da descida dos preços e retração total da procura na subida dos preços – curva
da procura totalmente ver cal).

Esta elas cidade denota a sensibilidade dos consumidores face à alteração dos preços dos
bens e serviços.
Se o bem é rígido, ou seja, insensível à alteração, os agentes maximizadores de lucro
aproveitam-se disso e aumentam os preços. Por sua vez, se o bem é elás co, ou seja, muito
instável e sensível, pode demonstrar ausência de fidelização.
Existem fatores que condicionam a elas cidade de um bem:
 Grau de necessidade (sendo que bens de primeira necessidade têm procura mais rígida,
ao passo que com bens supérfluos há uma procura mais elás ca);
 Efeito de subs tuição (ou seja, ocorre o aumento da elas cidade da procura se há
alterna vas, ou seja, bens sucedâneos);
 Efeito de rendimento (ou seja, ocorre um aumento da elas cidade quando, embora o
rendimento se mantenha igual, o facto de o preço de um bem aumentar, visto que torna
o consumidor mais pobre, impossibilitando-o de comprar alguns dos outros bens que
costumava adquirir; desta forma, o consumidor, para conseguir manter as quan dades
dos outros bens, irá diminuir a quan dade procurada do bem cujo preço aumentou);
 Tempo (aumenta elas cidade).

De acordo com a lei de King, a procura de bens alimentares (bens essenciais e de 1.ºª
necessidade) é rígida, por isso, se há muita quan dade (devido a um bom ano agrícola) o preço
diminui – o que é mau para os agricultores porque há uma perda de rendimento. Do ponto de
vista do produtor, se este produz bens de procura rígida ele até pode aumentar os preços, mas,
se produz bens de procura elás ca, ele não deve alterar os preços.
Um bom ano agrícola é mau para os produtores porque leva a maior quan dade procurada
pelo que o preço diminui. Por outro lado, um mau ano agrícola é bom para os produtores porque
leva a uma menor quan dade procurada pelo que o preço dos bens aumenta. No entanto, esta
consequência só se verifica quando os produtores se mantêm no mercado, visto que muitos
saem.

ELASTICIDADE-RENDIMENTO
A elas cidade-rendimento corresponde à sensibilidade dos padrões de consumo face às
alterações do rendimento disponível do consumidor.
Esta depende dos pos de bens: inferiores (elas cidade = menor do que 0 – correlação inversa
e curva nega vamente inclinada), normais (elas cidade = entre 0 e 1, inclusive – variação direta
menos do que proporcional das quan dades) e superiores (elas cidade = maior do que 1 –
variação direta mais do que proporcional das quan dades – curva posi vamente inclinada mais
levantada).
Os bens de primeira necessidade não deixam de ser consumidos pela diminuição do
rendimento. Por outro lado, os bens inferiores deixam de ser consumidos quando o rendimento
aumenta.
Na sociedade em que nos encontramos o efeito de subs tuição tende a ser predominante, no
entanto, no caso dos bens de Giffen não há alterna va. Este bens contrariam a lei da procura
visto que se o preço dos mesmos aumenta, a quan dade procurada dos mesmos aumenta. Como
o efeito de subs tuição não é possível, verifica-se, por efeito de rendimento, aumenta a
quan dade procurada.

ELASTICIDADE-CRUZADA
Os bens podem ser independentes (elas cidade-cruzada = 0 – sem variação das quan dades),
sucedâneos (elas cidade-cruzada > 0 – correlação direta), sucedâneos perfeitos (elas cidade-
cruzada > + ¥ ) e complementares (elas cidade-cruzada < 0 – correlação inversa).
Na delimitação da concorrência do âmbito do Direito Concorrencial é importante recorrer ao
conceito de elas cidade-cruzada pois permite perceber se determinados bens, provenientes de
agentes diferentes, são sucedâneos.
Num cenário de Inelas cidade há uma maior dependência – explica porque as coisas novas são
mais cara, pois há uma inelas cidade da procura. Por muito que se varia o preço do iPhone,
haverá sempre muito procura, logo faz sen do que o preço con nue elevado. Quanto mais
integrada e fluida uma economia for, maior homogeneidade há e sucedaneidade do bem.

ELASTICIDADE-PREÇO DA OFERTA
É semelhante à elas cidade-preço da oferta, denotando a sensibilidade da oferta face à
variação do preço. É calculada através da divisão entre a variação percentual das quan dade
oferecidas pela variação percentual do preço.
 0 = Nenhuma sensibilidade = Inelas cidade absoluta (não há qualquer variação das
quan dades oferecidas no caso da variação dos preços – curva da oferta totalmente
ver cal);
 0 – 1 = Pouca sensibilidade = Inelas cidade (variação menos do que proporcional das
quan dades – curva da oferta mais levantada);
 1 = Elas cidade unitária (variação proporcional das quan dades – curva da oferta:
bissetriz);
 > 1 = Muita sensibilidade = Elas cidade (variação mais do que proporcional das
quan dades – curva da oferta mais deitada);
 + ¥ = Sensibilidade extrema = Elas cidade perfeita (expansão infinita da oferta no caso
da subida dos preços e retração total da oferta na descida dos preços – curva da
procura totalmente horizontal).
Existem fatores que condicionam a elas cidade de um bem:
 Efeito de Subs tuição: Aumenta a elas cidade da oferta – possibilidade de dares
des nos alterna vos ao bem cujo preço diminui - preços descem e se for possível a
subs tuição, os produtores re ram-se do mercado e a oferta diminui;
 Caracterís cas dos bens - por exemplo, os bens perecíveis (elas cidade menor- tem de
fazer a venda num determinado período rela vamente curto) e os bens não perecíveus
(elas cidade aumenta)
 Efeito de Rendimento – Diminui a elas cidade da oferta - necessidade do produtor de
obter certo nível de rendimento vai cuidadosamente decidir colocar o bem no mercado
independentemente dos baixos preços.
 Tempo – Quanto mais tempo maior a elas cidade da oferta.
PÁG. 408 DO MANUAL

INTERVENÇÃO DO ESTADO NO MERCADO (capítulo V)


Ocorre intervenção estadual nos mercados no âmbito do mecanismo de preços. Se não
ocorrerem intervenções externas os mercados tendem a corrigir as falhas, tendendo para o
equilíbrio.
O Estado intervém através de mecanismos de fixação e controlo dos preços, sendo o seu
propósito o da re ficação dos mecanismos injustos e/ou ineficientes. A intervenção estadual
dá-se nomeadamente através da legislação e dos impostos.
O Estado age de forma virtuosa e pretende alcançar os melhores resultados possíveis, mas isso
cria desequilíbrios de mercado Adam Smith: "Mão Invisível" - os mercados não precisam de
intervenção estatal pois têm uma dinâmica própria que conduz ao equilíbrio do mercado. A luta
contra esta “mão invisível” muitas vezes faz surgir mercados negros.

CONTROLO DE PREÇOS
O preço forma-se no mercado entre a disposição de vender e a disposição de comprar, ou seja,
entre a curva da oferta e a curva da procura. A curva da procura representa a disposição de
adquirir, ao passo que a curva da oferta representa a disposição de vender.
Tendo isto em conta, se o Estado impuser um preço, influencia o mercado.
Nos mercados, o Estado pode estabelecer:
 PREÇOS MÁXIMOS, abaixo do ponto de equilíbrio – ex.: Estado fixou rendas de casa
máximas e, por aquele preço, os senhorios não queriam entrar no mercado, logo
diminuiu a oferta de casas. Nas existentes, deixaram de se fazer obras, etc. A preços
abaixo do ponto de equilíbrio, a quan dade oferecida é muito inferior à procurada
(excesso de procura) – Escassez. Nesse sen do, os senhorios podem-se sen r tentados
a ir para mercados paralelos visto que há pessoas que podem estar tentadas e na
disposição de pagar mais pela casa - mercados negros.
 PREÇOS MÍNIMOS, acima do ponto de equilíbrio – ex.: Salário mínimo. Poderia haver
pessoas dispostas a trabalhar por menos, o que economicamente era uma aproximação
ao ponto de equilíbrio. Por um valor mais baixo haveria mais empregos, mas menos
pessoas a querer. A preços acima do ponto de equilíbrio a quan dade oferecida é
superior à procurada (excesso de oferta) – Excedente. Se não exis sse salário mínimo,
haveria mais pessoa empregadas. Se o salário mínimo for muito elevado pode acontecer
que a quan dade oferecida seja inferior á quan dade procurada. Estas situações
propiciam o mercado negro, o trabalho de emigrantes que não estão declarados.
Quando há a fixação de um preço mínimo para o salário, superior ao preço de equilíbrio,
há um excedente visto que há mais oferta e menos procura, o que origina o desemprego.

Dessa forma, a intervenção estadual deve ser pontual, excecional e cautelosa.

IMPOSTOS
A parte com maior rigidez tende a suportar a parte do imposto.

A PROCURA EM MERCADOS CONCORRENCIAIS (CAPÍTULO VI)


A teoria do consumidor e a teoria do produtor estão relacionadas com o aumento do bem
estar.

Teoria do consumidor
A utilidade surge enquanto referencial de valor para o consumidor.
A revolução marginal passou a ser alvo de críticas visto que os marginalistas trabalhavam com
valores cardinais. A critica primeira aos marginalistas era que a utilidade não podia ser vista do
ponto de vista cardinal, mas sim do ponto de vista ordinal: a primeira dose é mais útil do que
a segunda (ou seja, é possível ordenar, em termos de relevância, importância e utilidade, as
doses). Os próprios marginalistas assumiram esta crítica.
Samuelson afirmou que esta questão era resolvida através do conceito de disposição de pagar:
as preferências são reveladas no mercado através da disposição de pagar, sendo que cada um
de nós está disposto a pagar mais por aquilo que considera mais útil. Desta forma, se uma pessoa
A se sujeita a pagar mais por um bem do que outra pessoa B, então isso significa que A considera
este bem mais útil do que B. Desta forma, os números cardinais representam aquilo que estamos
dispostos a pagar. A disposição de pagar vai, no fundo, dar-nos a informação sobre a utilidade
que aquele bem tem para aquele consumidor.
A curva da procura individual representa as disposições para pagar / os preços que estamos
dispostos a pagar face à quantidade levada.
O consumidor para de consumir quando o preço iguala a utilidade marginal. Ou seja, paro de
consumir quando não conseguir retirar vantagens de mais uma dose, ou seja, quando o preço
for igual á utilidade marginal.
Tenha-se, por exemplo: em relação à primeira unidade, o consumidor está disposto a pagar
100 mas o mercado apenas lhe exigiu 45, pelo que surge um diferencial de 55. Isto acontece
sucessivamente e existe toda uma zona de diferencial entre aquilo que o consumidor está
disposto a pagar e aquilo que efetivamente pagou. Falamos, portanto, em excedente do
consumidor: diferença entre aquilo que o consumidor estava disposto a pagar e aquilo que
efetivamente paga. Falamos também em benefício líquido. Como há área de troca que lhe foi
facultada, o consumidor beneficia.

Falamos ainda na 2ªlei de Gossen ou equimarginalidade. Uma das condições de maximização


do bem-estar do consumidor é consumir até ao momento em que o preço se iguala á utilidade
marginal. Verifica-se, no entanto, que o consumidor consume vários bens, de vários tipos.
De acordo com a 2.ªLei de Gossen: "A utilidade total é maximizada quando a totalidade do
rendimento disponível estiver gasto e quando a utilidade marginal da última unidade de
rendimento for igual para todos os bens. ".

Bem A Bem B

€ Utilidade

1 7

1 6

1 4

1 1
€ Utilidade

1 8

1 6

A condição de equilíbrio entre o consumo de vários bens é o


princípio da equimarginalidade. Os consumidores irão fazer
locações de rendimento com vista á maximização total da sua
utilidade. A condição de equilíbrio consiste em nivelar a utilidade marginal de cada unidade de
rendimento.

Evidencia-se que, quando o preço diminui, o excedente do consumidor aumenta. Os


consumidores marginais são os últimos a sair do mercado quando o preço sobe e os primeiros
a entrar no mercado quando o preço desce. Situam-se na linha de procura no limite da área de
excedente.
Se o preço aumentar diminui a área de excedente do consumidor. Há, portanto, também
menos trocas porque há menos pessoas dispostas a entrar no mercado.

Relativamente à oferta, a sua curva é positivamente inclinada. O referencial para


desenharmos a curva da oferta é o custo de produção de cada unidade, sendo que, no caso da
curva da oferta, falamos de disposição para vender. O consumidor só está disposto a vender
uma determinada quantidade de bens, se o preço de produção dessa quantidade cobrir, pelo
menos, o custo de produção.
O preço é fixado no mercado, para todas as unidades. O produtor para de vender quanto o
custo marginal (de produzir mais uma unidade) for igual ao preço. O excedente do produtor,
correspondente ao lucro, consiste na diferença entre a disposição de vender e o preço a que
efetivamente vende. O excedente total corresponde ao bem-estar total das trocas: a soma do
excedente do consumidor com o excedente do produtor.

Em situações de concorrência imperfeita, como no caso do monopólio, existe menos


quantidade. O monopolista põe menos quantidade no mercado de forma a vender a um preço
mais alto, o que leva alguns consumidores a saírem do mercado (quando a disposição de pagar
é menor) levando a que certas trocas deixem de existir. O excedente do consumidor diminui, ao
passo que o excedente do produtor aumentou.
Os triângulos e retângulos de Harberger correspondem a perdas de bem-estar associadas ao
poder de mercado. Trata-se de um conjunto de trocas que deixa de ser feito, zona de excedente
que deixa de ser obtida.
No monopólio, os preços são influenciados e aumentados pelo monopolista (price maker). Se
o preço for mais alto, os excedentes alteram-se. Há um espaço de trocas que deixam de ser
feitas - perdas absolutas de bem estar.
O mercado em concorrência é melhor. No entanto, é bom para o monopolista se o que ganhar
com o aumento do preço for elevado. Ele restringe as trocas, mas se o que ganhar for superior,
será positivo.

Eficiência de Pareto
Para que exista eficiência, no fundo tem de existir eficiência produtiva, eficiência ao nível das
trocas e eficiência ao nível das preferências. O ponto máximo onde é alcançada a eficiência é
designado por ótimo de Pareto, sendo que este é uma abstração: as economias evoluem no
sentido de atingir o ótimo de Pareto, nunca, efetivamente, atingindo-o.
A Fronteira de Possibilidades de Produção corresponde à quantidade máxima que é possível
produzir através dos recursos exististes, pelo que se uma economia está sob a F.P.P não há
desperdício de recursos, havendo eficiência produtiva. Possuímos eficiência das trocas quando
estas resultam na maximização do excedente, ou seja, quando é possível atingir o máximo de
excedente total. Esta maximização é feita em mercados concorrenciais.
A eficiência das preferências significa que aquilo que está a ser produzido e trocado vai de
encontro às preferências dos consumidores. Está a ser produzido aquilo que os consumidores
desejam para satisfazer as suas necessidades.
O ótimo de Pareto é uma abstração pelos que as sociedades podem, apenas, estar mais ou
menos perto do mesmo. O ótimo de Pareto é uma situação em que não se pode melhorar o
bem-estar de alguém a não ser que se diminua o bem estar de outrem. Este critério é a base da
teoria do bem-estar, mas depois há várias formulações da mesma, sendo o mais conhecido o
critério de Kaldor-Hicks (ou uma ideia de eficiência potencial).

Teoria do produtor
O produtor procura o lucro e é a partir deste conceito que se desenvolve a teoria do produtor.
O lucro consiste na diferença entre a receita total e o custo total. A receita total corresponde
á multiplicação entre o preço e a quantidade vendida. Por sua vez, o lucro corresponde à
subtração entre a receita total (o referente àquilo que foi efetivamente vendido - nº de doses
vendidas x custo unitário) e o custo total (custos explícitos + custos implícitos ou custos fixos +
custos unitários ou custos unitários x doses produzidas).
Podemos falar em:
 custos explícitos - custos contabilizáveis (como os custos da mão de obra, das matérias-
primas, do aluguer das máquinas, etc.);
 custos implícitos - custos económicos, que podemos reconduzir ao custo de
oportunidade.
Falamos, portanto, em:
 lucro contabilístico - diferença entre as receitas totais e os custos explícitos;
 lucro económico - diferença entre o lucro contabilístico e os custos implícitos (ou
diferença entre a receita total e a soma dos custos explícitos e dos custos implícitos).
Uma empresa pode ser produtiva do ponto de vista contabilístico, mas não do ponto de vista
económico.
Outra conceção de custo reside na soma entre custos fixos e custos variáveis, sendo que:
 custo fixo – associado aos fatores fixos, pelo que é aquele que existe
independentemente do número de unidades produzidas (por exemplo, a renda da
fábrica);
 custo variável – associado a fatores variáveis, pelo que é aquele que depende do
número de unidades produzidas (por exemplo, se a produção for maior, as despesas de
eletricidade serão maiores - estes custos são crescentes por causa da lei dos
rendimentos marginais decrescentes).
No curto prazo (tempo necessário para que, numa produção, se tome a decisão de mudar
todos os fatores de produção, visto que é necessário tempo para entender as tendências do
mercado para, só depois, aumentar a escala de produção) há sempre um fator de produção que
é fixo.

Os custos médios fixos são decrescentes na medida em que se diluem na produção. Por sua vez,
os custos médios varáveis são crescentes porque aumentam com o aumento da produção e no
curto prazo funciona a lei da produtividade marginal/lei dos custos marginais decrescentes. Por
fim, o custo médio total consiste na divisão entre custo total e o número de unidades, dando
origem a que se possa esboçar uma curva do custo médio.

No ponto de custo médio mínimo (escala mínima de eficiência) evidencia-se uma diminuição
dos custos fixos. O percurso descendente até ao ponto de custo
médio mínimo caracteriza-se por uma predominância dos custos
fixos, ao passo que o percurso crescente a partir do ponto de custo
médio se deve a uma predominância dos custos variáveis.

Se o custo marginal ficar abaixo do custo médio, isso contribui para


que o custo médio diminua, ao passo que se o custo marginal ficar
acima do custo médio, este contribui para que o custo médio
aumente.

Para existir produção, o preço tem de ser, pelo menos, igual ao custo médio. O lucro
extraordinário existe quando o preço é superior ao custo de produção e, portanto, consegue
existir uma maximização do lucro. Se uma empresa está a produzir com lucro igual ao custo de
produção então não produz lucro extraordinário e se o preço diminuir sai do mercado. O lucro
normal verifica-se quando, relativamente às empresas em concorrência perfeita consigam
otimizar a sua produção de forma que esteja ao nível do preço.
A curto prazo, se o preço ficar abaixo do custo médio variável, isso vai levá-lo ao encerramento
temporário. Por sua vez, se ficar acima do custo médio variável e abaixo do custo médio total–
continua em atividade. Por sua vez, a longo prazo, se o preço ficar acima do custo médio variável
e abaixo do custo médio total – encerramento definitivo. Não há break even point – ponto de
escala mínima de eficiência. Um produtor mantém-se no mercado se alcançar ponto de break
even.

ESCALA MÍNIMA DE EFICIÊNCIA = Corresponde ao lucro normal, aquilo que é necessário para o
empresário se manter em atividade. Corresponde a um ponto ótimo em que o custo unitário é
o mais baixo possível mas está a cobrir o custo de produção daquelas doses.

PRODUÇÃO A LONGO PRAZO


O longo prazo corresponde ao horizonte temporal em que é possível fazer variar todos os
fatores de produção (custos variáveis): altera-se a escala de produção. Há uma decisão e tempo
para fazer variar todos os fatores.
 Rendimentos Constante - escala constante: aumento de produção corresponde à
medida do aumento de escala – o custo de unidade não sofre alterações – rendimento
obtido é proporcional aos custos da variação da escala – os custos médios mantêm-se;
 Rendimentos crescentes - economia de escala: aumento da escala leva á diminuição
dos custos médios totais do produtor – o rendimento aumenta mais do que
proporcionalmente em relação aos custos da variação dos fatores de produção, o que
significa que os custos médios diminuíram;
 Rendimentos decrescentes - perda de escala: aumento de escala, aumenta mais que
proporcional os custos do produtor – os rendimentos variam menos do que
proporcionalmente em relação aos custos da variação da escala da produção, ou seja,
os custos médios de produção aumentaram.

Para que a empresa ganhe dimensão e altere a sua escala é muitas vezes necessário um
investimento que pode ou não ser feito através de custos próprio. Aquilo que as empresas
investem é os lucros da mesma ou o património de individuais. As opções de investimento são
importantes para o consumidor e para o produtor pois podem aumentar o seu bem-estar, no
entanto, também possuem riscos.
 Investimento em bens: não têm liquidez, ou seja, capacidade de um recurso satisfazer
imediatamente necessidades (desta forma, se alguém comprar uma obra de arte cara e
precisa desse dinheiro para pagar uma operação primeiro tem de encontrar um
comprador e estabelecer a venda e, só depois, tem os recursos para satisfazer as suas
necessidades);
 Depósitos bancários: têm liquidez pelo que, em qualquer momento, é possível recorrer
a esses recursos para satisfazer necessidades;
 Obrigações: títulos que representam empréstimos feitos pelos particulares a
entidades. Possuem uma renumeração fixa: o juro.
 Ações: títulos que representam uma parte do capital de uma empresa (ou seja, quando
se compram ações, o sujeito torna-se dono de uma parcela da empresa, representada
pela ação), tendo como renumeração os dividendos, sendo que se trata de uma
renumeração variável e dependente dos lucros da empresa.
Evidencia-se que o depósito bancário é a alternativa mais segura e as ações as menos
seguras. Tanto as obrigações como as ações podem ser transacionadas no âmbito do mercado
de capitais. Tanto umas como outras estão dependentes da sobrevivência da empresa.
Quando uma empresa precisa de aumentar a sua capacidade e dimensão, ela pode recorrer a
várias formas de financiamento:
 pelos próprios proprietários da empresa (os próprios sócios fazerem empréstimos á
empresa);
 através do reinvestimento dos lucros (em vez de os distribuir pelos acionistas);
 recurso ao crédito bancário;
 recurso ao mercado de capitais (a relevância dos mercados de capitais tem a ver com o
capitalismo).

FATORES TEMPO E RISCO (capítulo V)


O juro será a renumeração do fator de produção capital, ou seja, é o preço que as empresas
pagam por adquirir capital. O juro é a compensação pelo tempo em que alguém se vê privado
da utilização do bem, visto que há uma utilidade que deixa de ser obtida por se estar a
emprestar esse montante: valor da privação.
Quando há inflação, a taxa de juro tem sempre de incorporar um prémio de inflação.
Um bem presente vale mais que um bem futuro pois entre o presente e o futuro há um
conjunto de circunstâncias impossíveis de acautelar. Quando se priva no presente, isso tem um
custo económico – conjunto de utilidades que se deixa de obter, espaço de privação da utilidade
– de não satisfazer já as necessidades. Só faz sentido prescindir quando a taxa de juro for
superior à taxa de desconto. As taxas de juro a longo prazo permitem maior rentabilização. Taxa
de juro existe sempre, mesmo se a inflação for zero e é o preço para compensar a privação e
tornar o negócio vantajoso. Para a transação ser racional, tem de se compensar pela utilidade
que se deixa de obter e haja benefício líquido do negócio. A taxa de juro tem de ser superior às
taxas de desconto -> valor da utilidade prescindida + benefício.

 TAXA DE JURO REAL = Taxa de juro nominal - Inflação


 TAXA DE JURO NOMINAL = Taxa de juro contratualizada.

MERCADO DE CONCORRÊNCIA PERFEITA E FATORES DE CONCENTRAÇÃO


A concorrência perfeita é uma abstração e um arquétipo de "mercado ideal", que serve de
modelo para análise dos mercados reais. O mercado de concorrência perfeita caracteriza-se
pela fluidez, liberdade e atomicidade.
No mercado concorrencial há incentivos para que as empresas sejam mais eficientes. A
receita marginal decorre do preço, pelo que se o preço for 10€, vou receber 10€ de receita
marginal. Como há muitos produtores, o produtor não influencia o preço, apenas podendo
influenciar a sua estrutura de custos. Aquele que fica a ganhar é aquele que possui uma
produção eficiente, ou seja, aquele que consegue produzir com menos custos associados.
Evidencia-se que a tendência no mercado de concorrência é a homogeneização dos bens,
através do efeito de miragem.
Tenha-se, por exemplo, um produtor B que se apercebe de que não consegue influenciar o
preço, apenas influenciar a sua estrutura de produção, e um produtor A, que produz o mesmo
bem com custos menores e, por conseguinte, possui lucros maiores. A empresa B diminui os
custos de produção, acabando por fazer desaparecer o lucro extraordinário porque, depois, os
dois agentes vão concorrer no seio do mercado. Isso leva ao abaixamento dos preços e dos
custos de produção, o que leva a uma maior eficiência produtiva, decorrente da concorrência
entre produtores. No entanto, o mercado de concorrência perfeita leva ao desaparecimento do
lucro extraordinário, só se verificando lucro normal.
O lucro normal tem de incorporar um custo económico - é a renumeração necessária para que
o produtor se mantenha nessa atividade. Todo o lucro que ficar acima do lucro normal é
designada como lucro extraordinário.
Isto acontece em mercados concorrenciais. No entanto, os mercados reais não são
perfeitamente concorrenciais e há fatores de concentração de mercados.
Falamos em concentração quando o número de agente é reduzido, sendo que a concentração
determina as quotas de mercado. Os fatores que podem levar a esta concentração podem ser:
existência de barreias legais, elevada escala mínima de eficiência, tecnologia e valor da rede.
A existência de barreias legais faz com que haja um número limitado de agentes com acesso
ao mercado. Podem existir por diversas razões: tenha se, por exemplo, os bares de praia, que
são atribuídos por concessões, pelo que há um número limitado de empresários que se podem
dedicar a estes negócios.
No caso da elevada escala mínima de eficiência, tenha-se, por exemplo, a questão das
telecomunicações: a fundação de uma rede de telecomunicações acarreta custos bastante
elevados que a empresa que produz eletricidade tem de acarretar. Dessa forma, os custos fixos
são bastante elevados. Ao aumentar as unidades produzidas, vai aumentando o seu custo
médio.
Estamos perante uma situação de monopólio natural, que é decorrente das estruturas de
custos e de uma só empresa satisfazer toda a procura a custos médios descrentes, ou seja,
satisfaz toda a procura sem ter atingido a escala mínima de eficiência. Não é eficiente entrar
outra empresa no mercado.Estes setores de atividade são fortemente regulados, embora
explorados pelos privados, visto que, embora naturais, não deixam de ser monopólios. Por
exemplo, o preço da eletricidade não é fixado livremente pelos privados - como só há um
produtor, têm de existir medidas que regulem e limitem o poder de mercado desse agente.

Os monopólios naturais estão associados a mercados das utilities (mercados que têm rede
associada - mercados essenciais - de gás, água, telecomunicações). Esta redes precisam de
investimentos para a sua construção e funcionamento, sendo que estes custos de investimento
são extremamente elevados e os custos fixos também. Desta forma, os privados não têm
interesses em produzi-los pelo que a maior parte dos monopólios naturais são propriedade do
Estado (EDP, rede de fornecimento de água, PT). Nos monopólios naturais é preferível ser
apenas um fornecedor a manter este serviço visto que quem está no mercado já fez o
investimento e os custos fixos só se amenizam a longo prazo. Desta forma, quem entra nestes
mercados tem de construir uma rede de raiz, pelo que os custos vão ser imensamente elevados,
o que vai fazer com que o preço final nunca possa ser tão bom como quando comparado ao
preço de quem já está há mais tempo no mercado. Se, pelo contrário, o agente arrendar a rede
de outro agente, está a criar ainda mais custos visto que está a dar receita ao agente originário,
desta forma o preço do novo agente nunca será melhor do que o preço do agente originário.

Outro aspeto que pode determinar situações de concentração de mercados são as tecnologias
porque se evidencia que o domínio de tecnologia cria monopólios. I valor da rede aumenta com
o adicionar de mais um utilizador, dando origem a efeitos positivos para todos os utilizadores
de facto de entrar mais um nada rede. Tenha-se, por exemplo, o caso do telefone: se num dado
ambiente eu for a única a ter telefone, este não tem qualquer valor visto que não posso ligar a
ninguém, ou seja, o seu valor aumenta a partir do momento em que mais.

MERCADOS DE CONCORRÊNCIA IMPERFEITA


MONOPÓLIO
Um monopólio (puro) é a situação em que existe no mercado um único produtor/vendedor,
ou seja, um único agente do lado da oferta para uma multiplicidade de agentes do lado da
procura. Trata-se, portanto, de uma falha de atomicidade, pelo que existe um único agente que
influencia o funcionamento do mercado, nomeadamente o preço e quantidades produtivas. No
entanto, similar em termos de poder económico, é o poder de monopólio.
A falha do mercado é a falta de atomicidade pelo que se houver monopólios, o Estado pode
criar regras anti-trust, regras de concorrência, nacionalização do monopólio, regularização
setorial.
Imagine-se que existe um agente que detém 95% da quota de mercado e os outros 5% são
detidos por mais agentes. Claramente, há aqui uma posição de domínio de um agente
económico e ele, com a sua conduta individual, pode influenciar o funcionamento do mercado,
e a atitude/comportamento dos restantes agentes será imitar aquilo que este faz: se venderem
a um preço mais alto, ninguém compra, por outro lado, se fixarem um preço mais baixo, perdem
lucros. Tratam-se de agentes com poder de mercado, ou seja, price makers - o preço não é um
dado, não é algo que não possam influenciar. Estes agentes têm a capacidade de, pela sua
conduta individual, influenciar os aspetos essenciais do funcionamento do mercado: quantidade
produzida e preço.

Os monopólios existem devido a certos fatores:


 Detenção exclusiva de recursos produtivos: Se uma empresa, num determinado país, é
a única proprietária de uma mina de ouro, é proprietária desse recurso: uma empresa
que detém o único aeroporto que existe num determinado país, detém um recurso
produtivo e detém uma situação de monopólio.
 A detenção de informação exclusiva
o Hayek teorizou a relevância da informação: aquilo que os agentes económicos
fazem e aquilo que os diferencia é o domínio de informação: se alguém compra
uma propriedade agrícola porque pretende explorar essa propriedade de uma
forma diferente daquela que até aí tinha sido utilizada, isso ocorre porque o dito
cujo tem esse conhecimento e informação. A inovação mais não é do que
informação.
o Schumpeter - Inovação enquanto motor do desenvolvimento económico.
Razão por que alguns países se desenvolvem mais e mais depressa do que
outros: as vantagens em termos de recursos produtivos são importantes, mas
há países que os têm e não alcançam grande desenvolvimento económico, ao
passo que há países que não os têm mas alcançam desenvolvimento
económico. No mercado há incentivos para inovar a prossecução de lucros
extraordinários se há vários concorrentes no mesmo mercado, e estão a
produzir o mesmo bem da mesma forma. Os agentes estão a concorrer, de
forma a livrar-se dos custos normais e de forma a atingir uma situação de
monopólio ainda que durante um curto prazo. A inovação é uma situação de
monopólio temporário e existirá até ser imitada pelos agentes e permitir obter
lucros extraordinários. Os outros vão imitar o agente inovador e todos os
agentes se vão manter no mesmo nível de tecnologia. Chegados a este nível há
incentivos para que um inove e os outros sigam atrás. Trata-se de ciclos de
destruição criativa que permitem o desenvolvimento das sociedades - os
produtores vão seguindo-se uns aos outros, quando uma empresa inova, a
outra vai atrás e assim sucessivamente.
 Monopólios naturais - Situações em que, pela estrutura de custos associada a uma
determinada atividade, a escala mínima de eficiência só é atingida com uma grande
quantidade produzida. Se um único agente conseguir satisfazer toda a procura a custos
médios decrescentes, não é eficiente entrar outro agente no mercado. Este agente
produz e faz com que o custo médio diminua, impedindo assim a entrada de outros
agentes no mercado.
 Direitos exclusivos - Licenças, concessões, direitos de propriedade intelectual (patentes
e marcas - as invenções quando são inovadoras podem ser patenteadas, criando uma
situação de monopólio temporário relativamente à exploração daquela inovação). Por
exemplo, uma empresa farmacêutica tem os seus laboratórios e faz os seus
investimentos durante 10 anos para criar um medicamente que cure o cancro. Trata-se
de um medicamente extremamente inovador. Esta empresa patenteia o medicamento
e, durante um certo prazo, esta explora o medicamento em situação de monopólio. Esta
medida permite que os agentes recuperem o seu investimento - algo que não ocorreria
se fosse possível que todos produzissem o medicamente - e incentiva a inovação
 Condutas anticoncorrenciais - Podem ser preços predatórios, não fornecimento de
inputs produtivos, etc. Por exemplo, num mercado existem 6 produtores e 1 deles
começa a adotar estratégias predatórias, porque possui uma maior quota do mercado.
Os preços predatórios, ilícitos, consistem em praticar preços muito baixos, acima ou não
dos custos de produção, sabendo que, com eles, vai fazer com que as outras empresas
saiam do mercado visto que estas têm menor dimensão/maiores custos médios. Uma
vez afastados os outros agentes, os preços são aumentados de forma a recuperar os
lucros perdidos. Isto é negativo para os consumidores.

Os monopólios afetam o bem-estar total. O excedente total é a soma do excedente do


produtor com o excedente do consumidor.
Quando há uma situação de monopólio os preços são mais altos do que seriam em mercado
de concorrência perfeita. Desta forma, os preços são mais altos e a quantidade disponível no
mercado é mais baixa. Há assim, uma perda absoluta de bem-estar. Há um espaço de troca que
deixa de existir - deadweight loss. Há assim consumidores que gostariam de ter o bem e não
têm, além de se estar a diminuir o excedente de consumidor.

Aquilo que é relevante para o monopolista não é a curva da oferta, mas sim a interpretação
da curva da procura - tentar entender a disposição a pagar do consumidor. O monopolista tem
de se confrontar com a disposição de pagar do consumidor: se o preço for muito elevado os
consumidores não têm poder de compra para adquirir o bem.
Verifica-se que o monopolista não vende mais quantidade a preços mais baixos. Em
concorrência perfeita o rendimento marginal é uma função linear de preço (Rendimento
Marginal = Preço). Entenda-se que isto não ocorre no monopólio visto que o monopolista está
a contribuir para que o preço cresça. Se o monopolista produz grandes quantidades, para as
escoar terá de diminuir o seu preço, pelo que estará a diminuir os seus rendimentos. Desta
forma, o monopolista maximiza o lucro com uma quantidade oferecida inferior àquela que seria
do mercado de concorrência perfeita.

Tenha-se, por exemplo, as viagens de avisão: voar de São Paulo para Lisboa e vice-versa é o
mesmo, no entanto, dentro do avisão os preços são diferentes em função do conforto, do
espaço, do tipo de refeições servidas, etc. Isto é uma prática de discriminação de preços: o
vendedor tenta ir ao encontro da disposição de pagar de determinados segmentos de
consumidor. Aquele espaço de troca que existiria se o produtor praticasse preços mais elevados
porque nem toda a gente teria disposição para pagar é sanado mediante a discriminação de
preços, fomentando as trocas e a maximização do lucro e do bem estar.

OLIGOPÓLIO
O oligopólio corresponde a um número restrito de vendedores (não há número exato)
perante uma multiplicidade de consumidores (atomicidade da procura), dando origem a que
os produtores são price makers, pelo que, pela sua atuação individual têm capacidade de
influenciar os aspetos mais importantes do mercado: preço e quantidade oferecida.
Os agentes económicos da oferta são poucos e eles têm duas possibilidades: concorrer entre
si ou cooperar. Se estes agentes cooperarem, então dá-se a formação de um cartel, ou seja, de
uma organização de produtores que procurara articular e combinar uma estratégia de
comportamento no mercado. Os oligopolistas pretendem imitar o monopólio, no entanto, na
forma de cartel haverá sempre custos associados a cada uma das estruturas, pelo que a nível de
eficiência diminuirá.

A teoria dos jogos foi desenvolvida por Neuman e Morgenstern e eles, no fundo, estudam as
estratégias de mercado, aplicando os comportamentos dos jogadores em jogos que todos
conhecemos: onde existam mais ou menos estratégia e mais ou menos sorte. Por exemplo,
quando se está a jogar xadrez, o movimento de um jogador é feito no pressuposto e antecipação
da jogada que o próximo jogador faça. No enquadramento do mercado oligopolista, a estratégia
de um irá depender daquilo que pressupõe ser o comportamento dos outros.
Por sua vez, Stigler dirá que os carteis são tendencialmente instáveis. Os oligopolistas,
produtores em coligação, combinam que vão aumentar o preço: há três comportamentos
possíveis - todos cumprem o acordo, alguns cumprem o acordo e nenhum cumpre o acordo.
Não cumprir o acordo é a estratégia dominante. Nesse sentido, recorre-se ao dilema do
prisioneiro, que se pode aplicar aos mercados.

 Se o McDonald’s baixa o preço e o Burguer King mantêm o preço, o lucro do McDonald’s


aumenta (visto que atrai mais clientes, o que compensa a redução dos preços);
 Se o McDonald’s mantém o preço e o Burguer King baixa o preço, o lucro do Burguer
King aumenta;
 Se o McDonald’s e o Burguer King baixam os preços, os lucros diminuem (visto que se
mantêm os clientes habituais);
 Se o Se o McDonald’s e o Burguer King mantêm os preços, os lucros mantêm-se.

Verifica-se, portanto, que o equilíbrio de Nash é as duas empresas reduzirem os preços. Isto
origina menos lucro para as empresas, o que é mau, mas origina vantagens para os
consumidores. A melhor situação para as empresas é manterem os preços através de um
acordo, no entanto, nesse caso temos um mercado cooperativo, o que é negativo para o
consumidor.
O melhor para as empresas em conjunto seria fazer um acordo para vender a preços altos e
iguais, de forma a dividir os lucros de monopólio. Mas, se nos colocarmos na perspetiva de uma
delas verificamos o seguinte: se a outra empresa cooperar, o melhor é romper o acordo e obter
lucros muito elevados; se a outra romper o acordo, o melhor é romper também, e obter
lucros nulos em vez de prejuízos. É sempre melhor romper o acordo, independentemente do
comportamento da empresa concorrente.

No âmbito do cartel há incentivos para todos os participantes fazerem batota decorrente da


racionalidade do comportamento e da falta de confiança relativamente à fidelização das outras
partes no acordo. No entanto, assistem-se a situações de cartel que perduram durante muito,
tenha-se, por exemplo, a OPEP, que se reúne para discutir as quantidades de petróleo oferecidas
nos diferentes países, dando origem a que influenciem também o preço deste bem.
Podem existir estratégias de retaliação (estratégias predatórias) entre oligopolistas. A
conceção de Stigler não é, portanto, tendencialmente correta em todos os carteis.

Nash desenvolveu a Teoria dos Jogos e o conceito de "equilíbrio de Nash". A interação entre
um número limitado de agentes vai se centrar na competição, até ao momento em que um
agente não pode mudar a sua estratégia, se os outros mantiverem a sua estratégia. Trata-se da
situação na qual se verifica que cada um dos vários agentes racionais que interagem escolhe a
sua melhor estratégia em face das escolhas estratégicas dos demais – sendo que o equilíbrio
ocorre, nesses contextos de “jogo não cooperativo”, se nenhum dos jogadores puder beneficiar
de uma mudança de estratégia quando os outros jogadores não mudaram a estratégia deles.
Através do equilíbrio de Nash constata-se que, por vezes, a não cooperação só vale a pena até
ao ponto em que cooperar é melhor. Ou seja, o racionalismo individual só vai ser bom até ao
ponto em que o racionalismo coletivo para a ser mais benéfico para todos. A concorrência por
via dos egoísmos individuais só é positiva até ao ponto em que a estratégia coletiva traz um
melhor resultado para todos.
Ao contrário daquilo que Smith defendia, nem sempre o comportamento individual racional
dá origem ao melhor resultado, sendo que a nossa racionalidade tem de incorporar as
estratégias dos outros. O pressuposto smithiano é válidos em certos contextos, mas não em
todos eles.

CONCORRÊNCIA MONOPOLISTA
A concorrência monopolística consiste numa situação de mercado imperfeito em que há uma
falha de fluidez, sendo esta a homogeneidade e a informação plena. Existindo homogeneidade
de produto e informação plena, a escolha económica do consumidor é feita pelo preço, no
entanto, neste caso há diferenciação de produto, pelo que a escolha do consumidor vai
decorrer de determinadas características do produto.

Tenha-se, por exemplo, a necessidade de comprar umas calças de ganga: existem imensas lojas
que podem satisfazer esta necessidade, no entanto, numas lojas estas podem ser vendidas a
30€ e noutras a 500€, diferenciação preçária que decorre das diferentes características entre
estas calças.

A CRIAÇÃO DE NICHOS E PRICE MAKERS


Os mercados de concorrência monopolística representam a soberania do consumidor. Do
ponto de vista da eficiência produtiva, a concorrência monopolística não é a mais relevante.
Seria mais eficiente se todos consumíssemos bens iguais, no entanto, cada pessoa tem
diferentes interesses.
Nesse sentido, ocorre a formação de um nicho de forma a atender aos interesses do
consumidor, sendo que, no âmbito do mesmo, os produtores são price makers, possuindo
liberdade para explorar o mecanismo dos preços, dando origem a lucros extraordinários.
Evidencia-se, no entanto, que estre lucro se tende a esbater, pois outros agentes, ao evidenciar
os lucros, vão entrar também no mercado, dando origem a que os lucros extraordinários do
agente fixado se tornem lucros normais. Desta forma, há um grande incentivo á inovação: os
agentes têm de inovar de forma a não cair no lucro normal, ou seja, de forma a atenderem a um
determinado segmento do mercado e exercerem poder de mercado no âmbito desse nicho.
Evidencia-se, no entanto, que se trata de um monopólio de curto prazo.

Tenha-se o exemplo do mercado dos iogurtes, onde há imensa variedade: iogurtes com ou sem
lactose, com ou sem aroma, com fruta ou sem fruta, etc. Por sua vez, dá-se a formação de um
nicho ao constatar que, por exemplo, as pessoas com intolerância á lactose vão consumir
produtos sem lactose e estão dispostas a pagar mais por este produto. É no âmbito deste nicho
que o mercado vai exercer o seu poder (poder de mercado), aumentando o preço do mercado.
Mercados em que não existe fluidez porque existe diferenciação de produtos, de forma a ir de
encontro ás preferências do mercado, formando-se, nesse nicho preços maiores (visto que o
consumidor se sujeita a pagar mais por esse produto).

A RELEVÂNCIA DA PUBLICIDADE
"A publicidade é o subproduto dos mercados em concorrência monopolística". É fundamental
que os produtores deem a conhecer as diferenças que vão introduzir nos seus produtos e
mercados. São aspetos que sinalizam o consumidor: sinais de qualidade, sinais de luxo, sinais de
tipo de consumo, etc. Dessa forma, a publicidade é a forma de adquirirmos informação com
baixo custo, podendo esta ser informativa (relativa a aspetos relacionados com o preço) ou
persuasiva (está a ser vendida uma ideia ou conceito).
A publicidade é necessária pois permite a divulgação das informações dos produtos, a captura
de segmentos de consumidores e a prática de preços com algum poder de monopólio para
aquele segmento de consumidores.

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