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VIGILÂNCIA OU REVANCHISMO?

O USO DO ÉRARIO PARA PERSEGUIR, INIBIR E COIBIR A CONSCIÊNTIZAÇÃO


POLÍTICA NO 9º ANDAR DA UERJ

Para: Revista Veias Abertas

Por: Luiz Henrique da Costa Moreira

Estudante de Graduação e Bacharel em História

É de conhecimento geral, pois a vista de todos está. Não há desfaçatez ou mesmo o


minimo de cuidado em não querer causar uma impressão estranha ou até mesmo
equivocada. Também não é de hoje que situações inusitadas às mais escabrosas
acometem o nono andar do campus da UERJ, mas nenhuma delas me deixam mais
curioso comparado ao forte esquema de vigilância exarcebada e descabida que tomou
de assalto todos os cantos do respectivo pavimento. Pavimento este que abriga o
Instituito de Filosofia e Ciências Humanas, notadamente o andar mais engajado e
politizado de todo o campus.

Pergunto: Qual o despropósito? Qual prerrogativa? A troco de quê e de quem?


Quem financiou? Quem vigia e armazena as imagens?

São perguntas que os leitores julgam – e de toda forma são – ser questões bem simples
de serem respondidas, mas que para a Reitoria da UERJ e para sua assessoria de
comunicação julgam ser de alta complexidade. De toda forma, não há presente no
Estatuto da UERJ ou em qualquer normativa legal algum impeditivo para que alunos se
assossiem e/ou façam conscientização política pelos corredores. A não ser que a
própria reitoria ou junta de secretários que administram o nono andar façam por meio
de intimidação barata e de fácil reconhecimento, pois não vejo motivo para que tamanha
parafernalha esteja somente no nono andar se não por motivação de revanchismo
contra panfletagem ou observação de lideranças dos movimentos alocados no
pavimento.
ATO I – OS EQUIPAMENTOS

Ao subirmos quase todas as rampas do campus e ao chegarmos no nono andar nos


deparamos com um esquema de segurança que se assemelha a filmes ruins
hollywoodianos como Missão Impossível ou até mesmo espelhar um pouco do 007
GoldenEye – perdão ao leitores da Geração Z – Mas comparando entre filmes ruins e
uma segurança exarcebada, ainda prefeririamos os filmes ruins para ter nossos direitos
de imagem e de não ser molestado por estes equipamentos assegurados. Não estamos
aqui pelos filmes, estamos pelo direito que temos assegurado por lei que qualquer tipo
de desvio de conduta minima no tratamento igualitário seja a qualquer tipo de pessoa,
corrente ideológica, cor, raça, religião ou etnia configura crime de segregação/racismo
e é o que vem sendo feito no nono andar da UERJ desde o final de 2022. As câmeras
IntelBras VHD 1220 B 1000 são equipamentos de alta resolução que capturam imagens
em 60Hz e em qualidade 1900x1080p obtendo fácilmente um rosto mesmo que o
individuo registrado esteja a pelo menos 10 metros de distância da câmera posicionada.
Ter mais de uma câmera dessa no corredor inteiro é um sinal do presságio maldito, algo
que não se espera nem mesmo em presídios como da Colmeia ou Papuda, pois até lá,
Golpistas do Ato Criminoso de 8 de Janeiro em Brasilia ainda podiam usar o celular,
circular livremente pelo pátio de detenção e delirar em tramoias golpistas sem serem
incomodados e ventilando todo e qualquer tipo de fake news. Não somente isso, como
se não fosse o bastante, estes modelos de câmeras assim como todo o segmento do
modelo registram gravações de áudio, fazendo registros de incontáveis horas – até o
momento desde que foram instaladas – de vozes pelos corredores, escutando e
observando tudo e todos que andam pelo nono andar. Definitivamente, poderiamos
chamar de segurança ou atestado de bandidismo em pensamento? Não há o que contra
argumentar, ou passa pelo crivo do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro a
análise da notícia crime ou a reitoria providencia de uma vez por todas a instalação dos
mesmos equipamentos em todos os pavimentos do campus, caso contrário,
configurando o crime caberá a denúncia formal sem quaisquer medo de represália.
Nesta imagem, é possível observar a composição completa do equipamento de
vigilância que julgo ser algo intimidador e nada serve aos verdadeiros propósitos do
pavimento. Em número 1, podemos fácilmente identificar a câmera, com o LED de
reconhecimento e movimento ativado, não a toa, sempre são ativados quando alguém
passa pelos corredores. Em número 2 temos algo ainda mais curioso, tais câmeras
possuem dois tipos de conexão, a primeira em DVR que armazenas as imagens dentro
de um disco rígido e catalogada em arquivo de formato digital e a outra conexão é
realizada por meio de ADSL, ou seja, com conexão a banda larga e seu monitoramento
feito via IP (Internet Protocol). Cabe a nós perguntar, por que querem um monitoramento
a distância, se todas as imagens já estão sendo salvas em Discos Rígidos? Será mesmo
que somente a equipe de segurança da UERJ monitora o nono andar? Não quero de
maneira nenhuma promover o pânico generalizado, mas o que está acontecendo é
muito sério, e está passando despercebido por veteranos e calouros.
Em VGA temos o monitor de serviço, trabalhando para fazer o monitoramento em tempo
real, assim como a HDMI. O que diferencia as duas entradas é que a HDMI tem poder
de captar áudio misto, ou seja, sem necessáriamente utilizar a entrada RCA, que serve
para registro de áudio Mono, de qualidade mais baixa. Em outro terminal marcado como
ADSL está a entrada da Conexão com Banda Larga, propiciando a qualquer um que
esteja com o IP cadastrado em uma rede privada, podendo assim observar através das
lentes das câmeras à distância.

Cabe aqui ressaltar, não é de minha intenção promover pânico generalizado, mas é de
grande responsabilidade lidar com a verdade e não jogar o véu da mentira em cima
dessas informações que a Reitoria e o Departamento do IFCH vem escondendo de
todos os estudantes do nono andar.

Deixo todas essas informações para quem quiser consultar na internet, pois acredito
que isso seja do interesse de cada um que passa a maior parte do seu dia no nono
andar e trata a UERJ como sua segunda residência. Não é possível que um lar possa
querer seus filhos fora de sua casa! Quem movimenta a UERJ são estudantes,
funcionários, professores, zeladores, e ninguém deve ter tal viés sobreposto aos seus
caráteres em quaisquer das circunstâncias. Com esse equipamento, a Reitoria não dá
outra margem pra interpretação se não para atestar que o nono andar deve ser
segregado, vigiado e constantemente vistoriado em comparação aos outros andares.
ATO II – SEGURANÇA PÍFIA

Como venho dedicando na maioria deste artigo, tal vigilância exarcebada não se
encontra nos restantes pavimentos. Mas o que mais me chamou atenção depois de toda
maratona investigativa que durou ao todo de dois dias, foi a forma como o pessoal da
segurança de todo o campus se comporta. Não há como fazer qualquer tipo de
argumentação, os flagrantes falam por sí só.

Na primeira imagem, podemos ver como é realizada a segurança do Portão que da


acesso a passarela do Metrô. Em número 01 podemos observar como se ocupava o
segurança que deveria estar atento a qualquer um que deveria entrar e sair pelo portão,
está olhando para o chão, local onde ele nada vê, além claro do próprio chão. Em
número 2 podemos observar um lugar que seria extremamente apropriado para que
câmeras como aquelas que estão instaladas exclusivamente no nono andar do campus
– que pasmem, até a prova d’agua são – poderiam estar fazendo grande serventia.
Porém, não há nenhuma câmera, tanto no portão principal, quanto nos outros.
Novamente, um outro flagrante gravíssimo. Enquanto pessoas na pandemia precisavam
fazer fila para entrar no campus, mesmo sabendo que precisavam identificar o
passaporta vacinal, agora já não mais fazem fiscalização. Em vez disso, a portaria virou
“point da conversa” para o pessoal da segurança. Como demonstrado nos números 1 e
2. Ao número 3 reservo para uma mera câmera de segurança de baixa resolução e que
torno a dizer, não impede a entrada de estranhos no campus, mas sim a função de
identifica-los. Quem deve impedir o trânsito ou entrada de pessoas são o pessoal da
segurança, que neste dia, conversavam e não prestavam atenção em quem entrava e
saia do campus. Notavelmente, a segurança do campus não é igual para todos.
Em outro flagrante, dessa vez feito no 4° andar. Onde um segurança, que deveria estar
fazendo a mesma fiscalização no 9° andar – com ronda de dois seguranças – este está
sentado, mexendo em seu aparelho celular, enquanto o mesmo pavimento não conta
com o mesmo número de câmeras de segurança. Sim, não posso ser leviano, o quarto
andar possúi câmeras de segurança, mas não em quantidade e proporção como o nono.
Acredito, que se compararmos o total de câmeras do nono com o quarto, por via de
regra, o quarto andar ainda continua bem mal vigiado e ainda mais com um segurança
que deveria estar postado foi pego no ato infracional.

Veja bem, não é de minha intenção jogar andares um contra o outro, mas de apontar
falhas e demonstrar por meio de um artigo denúncia que o nono andar está tomado de
assalto por uma vigilância sem prescendentes. Não podemos ser leviano com os outros,
portanto, não nos cabe também a auto levianidade.

ATO III – AS RESPOSTAS

Entre os dias de investigação 28/03 à 29/03, procuramos a Reitoria da UERJ e a


Ouvidoria por meio de e-mail, onde enviamos perguntas pertinentes à instalação das
câmeras de vigilância no 9° andar.

Contato: ouvidoria@uerj.br / reitoria@uerj.br

Não obtivemos respostas. OBS: Até a publicação

Procurados também, o DGTI-UERJ (Diretoria Geral de Tecnologia e Informação) por


meio de e-mail, onde enviamos perguntas pertinentes à instalação das câmeras de
vigilância no 9º andar.

Contato: helpdesk@uerj.br

Não obtivemos respostas. OBS: Até a publicação

Acionamos o Departamento de História por e-mail fazendo perguntas pertinentes à


instalação das câmeras de vigilância no 9° andar.
Por meio de resposta formal, o Departamento informa que a instalação foi soliticada
para coibir furtos, ou seja, subtração de bens e posses sem mediante violência ou grave
ameaça pertencentes ao andar onde foram instaladas.

Questionamos se o Departamento de História registrou boletim de ocorrência ou se


consta nos registros de ocorrência da própria universidade o relato e o bem subtraído.

Não obtivemos respostas. OBS: Até a publicação

Contato: historia@uerj.br

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