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Furto e Roubo – previstos no CP, estão inseridos no que a doutrina chama de delitos ou
crimes patrimoniais, nos arts. 155 e 157, ambos os crimes possuem um verbo nuclear que é
“subtrair coisa alheia móvel para si ou para outrem”, tanto o furto como o roubo têm essa
característica comum, eu subtraio algo de terceiro, obviamente que não é meu, e essa subtração
delitiva ela é ou para mim ou para outrem pessoa.
Quando se diz que são que são delitos patrimoniais, pode se dizer que em qualquer
circunstância, como regra, esses delitos patrimoniais são julgados pelo Tribunal do Júri? Não.
Furto – Art. 155 do CP - subtrair para si ou para outrem coisa alheia móvel – pena de
reclusão de 01 a 04 anos e multa, na forma simples.
Não se trata de crime de menor potencial ofensivo, e, obviamente, não será julgado no rito
da Lei nº 9.099/95 que é a lei dos Juizados Especiais Criminais. Portanto, não há competência do
JECRIM.
CUIDADO – há uma grande discursão doutrinária que discute o que é este repouso
noturno, se é só a noite ou se não é, se a pessoa precisa necessariamente estar dormindo ou não.
O que se entende na doutrina majoritária é que não é necessário, efetivamente, que a pessoa
esteja dormindo. Portanto, segundo a doutrina majoritária, não é necessário que a vítima esteja
de fato dormindo. Quando se fala em repouso noturno não é necessário que a pessoa esteja
dormindo. A preocupação do legislador foi que o homem médio geralmente a noite está
descansando.
CUIDADO – nos temos uma causa de aumento de pena, não é uma qualificadora, o §1º
trata-se de caso de aumento de pena e não qualificadora.
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir
a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de
multa. É o que a doutrina chama de furto privilegiado.
É possível que exista furto qualificado privilegiado desde que a qualificadora seja de ordem
objetiva e a privilegiadora de ordem subjetiva.
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor
econômico.
CUIDADO – energia elétrica se equipara a coisa alheia móvel ou qualquer outra que tenha
valor econômico. Agora o cuidado é com o SINAL DA TV A CABO, a doutrina entende que há crime,
que a depender do caso concreto pode ser estelionato, pode ser crime de furto, mas NÃO é essa a
posição da jurisprudência e é essa posição jurisprudencial que vem caindo em prova. Hoje
prevalece que o skygato, essa manobra de subtrair sinal de TV não se enquadra como furto.
É pacífico tanto no STJ como no STF – se eu fizer uma ligação clandestina para adulterar o
medidor da minha casa para que o medidor aponte um valor menor eu não cometo o crime de
furto, eu cometo o crime de estelionato.
Se eu faço uma ligação clandestina do poste de energia elétrica para a minha casa deixa de
ser estelionato e passa a ser furto mediante fraude, pois eu estou através de um meio inabitual
conseguindo energia elétrica para a minha casa, eu estou, de certa forma, ludibriando a forma
correta que é através de uma companhia de energia elétrica.
Estelionato – eu induzo alguém a erro eu adiro a minha vontade criminosa ao sujeito ativo.
O exemplo mais clássico disso é o cheque sem fundos, eu induzo uma pessoa a erro, eu utilizo
outra pessoa a praticar o crime. No furto, eu próprio cometo o crime ludibriando alguém.
EXEMPLO – Weverton desejo ter um carro e vou para um restaurante luxuoso se passar por
manobrista, Maiara chega em um corola, entre a chave do carro para Weverton achando que ele é
o manobrista, ele pega o carro e vai embora, ele praticou o furto mediante fraude? NÃO,
Weverton não subtraiu a coisa alheia móvel, Maiara que entregou a chave do carro por livre e
espontânea vontade, claro que ela foi induzida a erro, é diferente do furto mediante fraude, a
fraude é um elemento, um mecanismo, para retirar a capacidade da vítima de resistir e através
dessa redução da vigilância, da atenção, o próprio criminoso subtrai – o famoso batedor de
carteira – não dá para confundir furto mediante fraude com o crime de estelionato.
PROVA – Quais são as teorias adotadas em relação a consumação tanto do crime de furto
como o crime de roubo? Tem três teorias:
Existe o furto tentado quando por circunstancias alheia a vontade do agente o crime não se
consuma.
Teoria da Ablatio – não é adotada. A teoria da ablatio vai dizer que o furto e o roubo só
estarão configurados, consumados, quando o criminoso tiver a posse mansa e pacífica, posse
mansa e desvigiada do objeto.
Furto qualificado:
EXEMPLO – José deixa seu notebook dentro do seu carro, aí a Maiara quer subtrair o
notebook, para subtrair o computador, fatalmente, ela terá que quebrar o vidro do carro, o vidro
do carro é um obstáculo para a subtração da coisa. CUIDADO, esse obstáculo não pode ser a
própria coisa, porque se for a própria coisa eu não estarei diante de um furto qualificado, estarei
diante de um furto simples.
EXEMPLO – o cara que quebra o vidro do carro para furtar o próprio carro, o vidro faz parte
do carro, então será furto simples porque o vidro não é o obstáculo para a subtração do carro, o
vidro faz parte da coisa a ser furtada.
I – Aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a
utilização de servidor mantido fora do território nacional; (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)
II – Aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou
vulnerável. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) – idoso acima de 60 anos.
O gato, o cachorro, não entram. Mesmo sendo daqueles de raça valiosa e cara, SEMPRE
TEM QUE OBSERVAR SE É UMA CARACTERÍSTICA DE PRODUÇÃO.
ATENÇÃO – furto de explosivos, roubo de explosivos, roubo com explosivos, NENHUM DOS
TRÊS SÃO CRIMES HEDIONDOS, só é crime hediondo o furto com o emprego do explosivo. O
explosivo faz parte do modus operandi da conduta delitiva aí sim teremos um crime hediondo na
forma da Lei dos Crimes Hediondos
Art. 156 – Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem
legitimamente a detém, a coisa comum:
§ 2º – Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a
que tem direito o agente.
EXEMPLO – sou sócio de um escritório de advocacia, um dos sócios subtrai uma cadeira do
escritório para leva-la para sua casa, em tese, não vai haver uma punição porque pressupõe que
aquele sócio tem direito aquela cota do escritório, e leva uma cadeira para a sua casa que é um
bem fungível.
A teoria adotada pelo crime de roubo é a mesma adotada para o crime de furto, amotio.
Roubo com violência própria – é aquela descrita no caput, é a violência física, a grave
ameaça, independentemente do momento em que ela é empregada. É aquele roubo em que há a
violência física ou a grave ameaça não importando o momento, se foi antes, durante ou depois.
Roubo com violência imprópria – ele não emprega a violência física ou a grave ameaça, na
verdade o agente criminoso retira da vítima a capacidade de resistência.
EXEMPLO – Maiara e Michael saem para um encontro em um bar, só que Michael não
estava interessado na Maiara, mas sim no seu iphone 14, no momento que a Maiara vai ao
banheiro Michael se aproveita da situação e coloca um sonífero na bebida da Maiara, ao ingerir
Maiara cai em sono profundo, Michael pega o celular e leva para casa. Michael praticou violência
física ou grave ameaça? Não, mas ele cometeu o furto com violência imprópria, a violência
imprópria é aquele que retira da vítima a possibilidade de resistir ao crime.
Roubo próprio – é o roubo clássico, que é aquele que para que eu subtraia coisa alheia
móvel eu emprego antes ou durante a subtração a violência ou grave ameaça. Violência
empregada antes ou depois do crime.
Roubo impróprio – a doutrina dizer que o roubo impróprio é um furto que foi frustrado.
EXEMPLO – O Michael vai em uma festa, encontra a Maiara dando bobeira e subtrai com
destreza o celular da Maiara, ela não viu o momento da subtração, o crime cometido pelo Michael
foi o furto qualificado com a destreza.
Em outro caso, no momento em que o Michael está tirando o celular da Maiara do bolso
dela, o celular começa a tocar, Maiara escuta e olha para Michael e ver que ele está subtraindo o
celular, Michael, para assegurar o proveito do crime que é o celular, nesse momento emprega a
violência ou grave ameaça, esse é o roubo impróprio. É o furto que se transformou em um roubo
porque a violência ou a grave ameaça é empregada depois da subtração do bem.
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou
violência a pessoa (roubo próprio com violência própria), ou depois de havê-la, por qualquer meio,
reduzido à impossibilidade de resistência (roubo próprio com violência imprópria):
ATENÇÃO – quando eu falo em roubo próprio, eu estou perguntando, tão somente, em que
momento foi empregado a violência ou grave ameaça. Se essa violência ou grave ameaça for
empregada antes ou durante será roubo próprio. Agora, se essa violência for empregada depois
será roubo impróprio (exemplo do celular).
Pra eu saber se o roubo é próprio ou impróprio eu só vou olhar uma única coisa, em que
momento a violência física ou a grave ameaça é empregada, se for empregada antes ou durante
será roubo próprio, se for empregada depois que o criminoso tem a posse do bem será um roubo
impróprio.
PROVA – é possível que haja um crime de roubo sem a violência física e sem a grave
ameaça, É POSSÍVEL, quando eu estiver me referindo não ao roubo próprio, mas ao roubo com
violência impropria.
O que se deve entender é que pode ter: o roubo próprio com violência própria e que pode
ter o roubo próprio com violência imprópria, pode ter roubo impróprio com violência própria e o
roubo impróprio com violência imprópria.
A doutrina vai dizer que o roubo impróprio não tem a modalidade tentada por se tratar de
um crime omissivo, visto que adotamos a teoria da amotio, no momento que você subtrair o bem
o crime está consumado.
O roubo impróprio admite a tentativa? Na doutrina prevalece que não, o roubo impróprio
é o furto frustrado, no momento que eu subtraio a coisa o crime se consuma, pois houve a
inversão da posse, no momento que a res furtiva é invertida o crime está consumado. CUIDADO,
não significa dizer que não cabe a tentativa porque cabe.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência
contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa
para si ou para terceiro. ROUBO IMPRÓPRIO.
(Revogado)
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: (Redação dada pela Lei nº 13.654,
de 2018)
(Revogado)
I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)
IV - Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro
Estado ou para o exterior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) - no furto é qualificadora no roubo
é causa de aumento de pena.
V - Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. (Incluído pela
Lei nº 9.426, de 1996)
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca; (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
I – Se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; (Incluído pela Lei nº
13.654, de 2018) – crime hediondo.
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso
restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal de natureza grave, a pena é de reclusão, de cinco
a quinze anos, alem da multa; se resulta morte, a reclusão é de quinze a trinta anos, sem prejuizo
da multa.
(Revogado)
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de cinco a quinze
anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa.
(Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
(Revogado)
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze
anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa.
(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
(Revogado)
I – Lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa;
(Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
II – Morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. (Incluído pela Lei
nº 13.654, de 2018) – LATROCÍNIO. Nunca diga que latrocínio é roubo seguido de morte, é errado.
O latrocínio é o roubo com a consequência morte.
Latrocínio é crime contra o patrimônio ou crime contra a vida? A doutrina majoritária vai
dizer que latrocínio é crime contra o patrimônio.
Súmulas 603 do STF – vão dizer que latrocínio é crime contra o patrimônio, portanto, deve
ser julgado por juiz criminal de primeira instância.
Súmula 610 do STF – diz que para saber se o latrocínio é consumado ou tentado eu vou
olhar tão somente o resultado morte.
ATENÇÃO – se sua questão narrar o crime de latrocínio e a vítima morreu, não importa se o
bem foi subtraído ou não, o latrocínio vai ser consumado. O que vai dizer se o latrocínio é
consumado ou tentado é se a vítima morreu ou não.
Podemos ter quatro situações: eu posso ter a situação em que o bem não é levado e que a
vítima morreu, eu posso ter uma situação em que o bem foi levado e que a vítima não morreu, eu
posso ter a situação em que nem a vítima morreu e nem o bem foi levado, e eu posso ter uma
situação em que a vítima morreu e o bem foi levado.
O latrocínio não está ligado à posse da res furtiva, ele está ligado se houve o resultado
morte ou não.
QUESTÃO – a vítima não morreu e o bem não foi levado, portanto, o agente responderá
pelos crimes de furto e lesão corporal em concurso material – ESTÁ ERRADO.
Roubo com restrição da Liberdade – na prova pode aparecer – roubo majorado pela
restrição da liberdade da vítima – mas também pode aparecer – roubo circunstanciado pela
restrição da liberdade da vítima. Neste crime existe uma intenção patrimonial delitiva, essa
restrição da liberdade da vítima ela é fundamental, ela é um elementar para que o roubo
aconteça? Não, essa restrição é dispensável. Crime hediondo.