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CAPANEMA
2017
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA - UFRA
CAPANEMA
2017
Oliveira, Aldiney Teixeira
Manejo alternado de incubação artificial e natural na criação de
patos crioulos (Cairina moschata)/ Aldiney Teixeira Oliveira,
Ronniery da Silva Costa. – Capanema-PA, 2017.
34 f.
CDD – 598.34
Dedicamos este trabalho primeiramente a Deus, por ser essencial em nossas vidas,
autor do nosso destino, nosso guia, socorro presente na hora da angústia, aos
nossos pais e mães, aos nossos irmãos e aos amigos.
DEDICO
AGRADECIMENTOS
Às nossas mães que sempre nos apoiaram e deram forças não somente
neste momento, mas como também em todos os momentos de nossas vidas.
Sócrates
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
No Brasil, assim como em alguns países do noroeste da Ásia, a criação de
anseriformes (patos, marrecos e gansos) vem aumentando consideravelmente a
partir da década de 1980 devido ao aumento significativo do consumo da carne de
pato (Cairina moschata) nos últimos anos (DEAN; SANDHU, 2014a). O consumo de
pato pelos brasileiros ainda é restrito cerca de 20 gramas por habitante por ano
(ABPA, 2015). Já na China e na Europa o consumo chega a 1,5 e 1,0
kg/habitante/ano, respectivamente. A carne de pato também é bastante consumida
nos Estados Unidos, Egito e Arábia Saudita (AVICULTURA INDUSTRIAL, 2005).
A produção de aves aquáticas vem progredindo nas últimas décadas e, sem
dúvida, continua a desempenhar um papel cada vez mais importante no mundo em
relação à alimentação (HUANG et al., 2012). A venda da carne de anseriformes tem
crescido em média 5% ao ano no Brasil, sendo possível encontrar o produto
congelado nos principais hipermercados nacionais. O mercado externo comprou, em
2014/2015 cerca de 11.857 toneladas de carne industrializadas no País. O maior
pólo industrial de produção e abate de anseriformes está localizado no Estado de
Santa Catarina, responsável por mais de 60% da produção nacional. Outros Estados
que se destacam na produção de aves aquáticas é o Paraná, com 15,56 %, Minas
Gerais, com 7,29% e São Paulo, com 4,13%. Ocorreu nos últimos anos um
incremento significativo na produção dessas aves (15,09% de patos e 0,82% de
marrecos), passando de 2,5 toneladas em 2013, para 11,9 toneladas em 2015,
demonstrando, assim, a importância das aves aquáticas na avicultura brasileira
(ABPA, 2015).
A criação de patos domésticos (Cairina moschata) ainda é pouco popular no
Brasil, sua produção é em maior parte utilizada como alternativa na avicultura
familiar (GOIS; ALMEIDA; FARIAS FILHO, 2012) e está voltada à produção de ovos
e carne (CRUZ; CHAGAS; BOTELHO, 2013). Os patos domésticos são aves bem
adaptadas às condições brasileiras e sua criação vem sendo difundida no País pela
facilidade de manejo. Como a maioria das criações são de subsistência, apenas o
excedente dos ovos e da criação são vendidos nas feiras ou pequenos comércios
próximos aos locais de criação. A espécie de pato (Cairina moschata) é a mais
criada no Brasil, popularmente conhecida como pato comum, que é proveniente de
cruzamentos com a raça europeia Muscovy e o gigante alemão, de cor branca
(BÉJCEK; STASTNÝ, 2008).
5
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. Pato doméstico (Cairina moschata)
O pato nativo, também chamado “pato crioulo” ou “pato selvagem”, acredita-
se já existir no Brasil bem antes da colonização, sendo a espécie originária da
América do Sul e domesticada pelo povo indígena (ALMEIDA, 2016),
provavelmente, no início de nossa era no litoral setentrional do continente, cuja
criação se espalhou muito lentamente a outras regiões das planícies e terras baixas
amazônicas, onde ele ainda é relativamente raro (DESCOLA, 2002). Estes
anatídeos têm ampla distribuição geográfica, ocorrendo desde o México até o norte
da Argentina (MATTOS JÚNIOR et al., 2008). A taxonomia se encontra na figura 1.
para cima como se fosse uma vírgula, o pato grasna e anda lentamente (FABICHAK,
1999; VIEIRA, 2009).
Os patos crioulos são facilmente reconhecidos por uma característica
morfológica que os diferem das outras aves aquáticas que é o crescimento de carne,
de cor vermelha, encontrado em volta dos olhos e do bico (UGBOMEH, 2002).
Membrana interna
Gema
Membrana externa
Calaz
Câmara de ar a
Casca e cutícula
Albúmen Disco
germinativo
Fonte: Santos, 2014
RAHMAN, 2006), fazendo com que incubação artificial de ovos de pato esteja a
baixo da incubação natural (HARUN et al., 1998)
O desenvolvimento embrionário e a taxa metabólica também são
influenciados pelo tamanho do ovo, por conta disso, incubadores de patos
comerciais geralmente selecionam ovos para minimizar a variação no tamanho do
ovo. A variação pode causar problemas com controle de temperatura e ventilação
durante Incubação (HARUM, 2001). A temperatura da superfície dos ovos aumenta
de forma significativa após o 15 ° dia de desenvolvimento do embrião e é maior na
fase final aos 33 dias. Isso é explicado pelo fato de que, desde o dia 20 ou 23 do seu
desenvolvimento os embriões de pato se alimentam principalmente de gorduras da
gema, provocando o aumento do calor gerado pelo seu organismo (NICKOLOVA,
2005). Existe maior teor de gordura na gema de ovos de pato em comparação com
os ovos de galinha e isso aumenta a necessidade de arrefecimento mais intenso
após o 16° dia de incubação para resfriamento do ovo em incubação artificial
(HARUM, 2001; NICKOLOVA, 2005), na incubação natural o problema pode ser
selecionado quando a pata se afasta do ninho, auxiliando na diminuição da
temperatura (NICKOLOVA, 2005).
3. METODOLOGIA DA PESQUISA
3. 1. Localização
O experimento foi conduzido no Galpão Experimental de Aves da Faculdade
de Medicina Veterinária - Campus de Castanhal, da Universidade Federal do Pará –
UFPA (Figura 3), de acordo com as coordenadas geográficas 1º 18’ 42.2”S e 47º 56’
51.7”W, localizado na cidade de Castanhal-PA. Segundo a classificação climática de
Köppen e Geiger o município de Castanhal é do tipo Afi, clima quente e úmido com
26.5 °C é a temperatura média e pluviosidade média anual de 2432 mm. (CLIMATE-
DATA.ORG, 2017).
3. 4. Experimento
Os ovos selecionados para incubação foram distribuídos nos tratamentos que
ficaram definidos em função da incubação natural e artificial total ou parcialmente da
seguinte maneira:
T1. Incubação natural (35 dias em incubação natural);
T2. 07 dias em Incubação natural e 28 dias em incubação artificial;
T3. 14 dias em incubação natural e 21 dias em incubação artificial;
T4. 21 dias em incubação natural e 14 dias em incubação artificial;
T5. 28 dias em incubação natural e 7 dias em incubação artificial;
T6. Incubação artificial (35 dias na incubadora artificial);
Cada tratamento era composto por 10 repetições e cada repetição era
composta por 10 ovos incubáveis. A incubação artificial foi realizada em duas
chocadeiras Maru 380 (Figura 4) com capacidade para 200 ovos cada, de acordo
com a tabela 1.
SEMANAS 1 e 2 38.0 60
SEMANAS 3 e 4 37.5 65
SEMANA 5 36.8 70
20
Figura 4 - Incubadora Maru 380, utilizada para incubação artificial (IA) com capacidade para 200
ovos.
Fonte: www.chocmaster.com.br
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados obtidos, após a realização dos diferentes tratamentos são
mostrados na tabela 2.
Tabela 2. Análise estatística para os diferentes tipos de tratamentos de incubação
Tratamentos PO PPO EOF MET PP RPP/PO
Natural 80,4 10,4 75,9 a 6,4a 51,9 63,3
7D 83,5 10,3 59,9 b 19,4 b 53,8 64,7
14D 82,9 11,7 75,2 a 8,1a 53,2 64,0
a a
21D 80,0 11,7 75,0 6,4 53,2 65,3
28D 81,6 10,6 76,2 a 6,5 a 50,9 63,4
Artificial 81,1 10,4 28,9 c 56,7 c 51,3 63,3
CV 8,5 8,9 18,4 47,3 17,1 15,4
PO – Peso do ovo; PPO – Perda de peso do ovo; EOF – Eclosão de ovos férteis; MET – Mortalidade
embrionária tardia; PP – Peso do patinho; RPP/PO – Relação Peso do patinho/Peso do ovo; CV –
abc
Coeficiente de variação. médias seguidas por letras diferentes mostram diferenças (p<0,05) pelo
*
teste de Tukey. CV – coeficiente de variação.
21
Não foi observado efeito significativo (p>0,05) na perda de peso do ovo (PPO)
entre os tratamentos, ou seja, os ovos submetidos a incubação natural, manejo
alternado e artificial não apresentaram diferenças significativas para essa variável.
Em todos os tratamentos, a perda de peso durante a incubação foi semelhante,
demonstrando que esta variável sofre maior influência de fatores inerentes à
incubação como temperatura, umidade e tempo o que explica os resultados
encontrados no trabalho com relação a essa variável.
À medida que o embrião se desenvolve, sua temperatura metabólica
aumenta, iniciando por volta do quarto dia de incubação. Na primeira metade do
período de incubação, a taxa metabólica embrionária ainda é baixa, a temperatura
do ovo é menor que a da incubadora, dessa forma, embrião ganha calor da
incubadora. Já na segunda metade, a produção de calor metabólico pelo embrião
aumenta, ficando a temperatura do ovo acima da temperatura da incubadora
(ARAÚJO, 2011). A partir dos 15 dias de incubação, ocorre maior mortalidade dos
embriões de ovos grandes o qual pode ser explicado pela dificuldade de perda de
calor observada nos ovos no final do período de incubação (ROCHA, 2007).
Durante os primeiros 12 dias de incubação, o embrião está muito sensível à
contaminação e nessa fase, a perda de peso ainda é limitada, pois a cutícula está
quase completamente intacta, minimizando a contaminação. Depois, quando o
embrião está mais resistente à contaminação, a ave progenitora faz com que
aumente a perda de peso, por degradação da cutícula. O perfil de perda de peso do
ovo da pata, no processo natural de incubação, é mostrado na figura 6, em que essa
perda é mais acentuada a partir dos 14 dias de incubação e no decorrer do processo
a perda apenas aumenta (BANWELL, 2017). Na incubação artificial ocorre da
mesma forma, pois a taxa de perda de peso dos ovos é maior à medida que avança
o desenvolvimento embrionário, demonstrando que com o decorrer da incubação, o
conteúdo de água do ovo vai sendo perdido para o meio externo (BARBOSA, 2011).
Algo similar é encontrado nos dados de Pedroso et al. (2006) com a incubação
artificial de ovos de codornas em que a perda de peso ocorrida aos 15 dias de
incubação foi influenciada pela umidade da incubadora, sendo observadas maiores
perdas de peso nas incubadoras com menor umidade relativa.
À medida que o patinho se desenvolve dentro do ovo, há uma perda de água
do ovo e um aumento no tamanho da célula de ar. Em marreco de pequim, se o
embrião estiver desenvolvendo normalmente, a célula de ar deve ocupar cerca de
24
6. CONCLUSÃO
O protocolo de incubação de 14 dias em incubação natural e 21 dias em
incubação artificial obtém o rendimento de incubação semelhante à incubação
natural, proporcionando maior quantidade de ciclos anuais de choco.
26
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