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Projeto de implementação de uma unidade de produção de patos

Pequim criados em modo biológico

Joana Raquel Maia da Cruz Soares

Dissertação para a Obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Zootécnica – Produção Animal

Orientadores: Professora Maria Madalena dos Santos Lordelo Redford

Professor André Martinho de Almeida

Júri:
PRESIDENTE
Doutor João Pedro Bengala Freire, Professor catedrático do(a) Instituto Superior de Agronomia
da Universidade de Lisboa.

VOGAIS
Doutor Mário Alexandre Gonçalves Quaresma, Professor auxiliar do(a) Faculdade de Medicina
Veterinária da Universidade de Lisboa;
Doutora Maria Inês Alves de Carvalho Martins Carolino, Professora auxiliar convidada do(a)
Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa;
Doutora Maria Madalena dos Santos Lordelo Redford, Professora auxiliar do(a) Instituto Superior
de Agronomia da Universidade de Lisboa;
Doutora Teresa de Jesus da Silva Matos Nolasco Crespo, Professora auxiliar do(a) Instituto
Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa.

2021
1
Agradecimentos

Primeiramente, gostaria de agradecer aos meus orientares, Professor André Almeida


e Professora Madalena Lordelo, por todos os ensinamentos passados ao longo do
meu percurso académico, mas sobretudo por me terem proposto e apoiado tanto
neste desafio, permitindo a concretização desta dissertação. Ao professor Francisco
Gomes da Silva pela disponibilidade imediata em me ajudar na reta final deste
trabalho.

Agradeço a todos os representantes das empresas que contactei. O seu contributo e


informações disponibilizadas foram imprescindíveis para a concretização deste
projeto. Em especial, à Marinhave S.A., e Diamantino Coelho e Filhos, S.A..

Aos meus pais, avós e Ana por todas as palavras de carinho, apoio e compreensão e
por todos os seus esforços durante todo o meu percurso escolar e académico.

Aos meus amigos e colegas de faculdade, em especial Claúdia e Catarina, por todos
os risos junto ao mar que tanto me ajudaram aliviar.

Um agradecimento especial ao meu namorado, Nuno, por ter sempre acreditado em


mim. A sua motivação e presença foram essenciais para ultrapassar todas as
adversidades.

2
Resumo

A presente dissertação pretendeu projetar uma unidade de produção de patos Pequim


em modo biológico.

Para elaboração da mesma, foi realizada primeiramente uma revisão bibliográfica


sobre a produção de patos em Portugal, na Europa e no Mundo, bem como a
caracterização das espécies mais utilizadas neste tipo de produção. Dado o seu
prestígio e aptidão ao nível da produção de carne, foi escolhido o pato Pequim para
este projeto.

O projeto foi desenvolvido para São Martinho do Porto, numa exploração de 7 500
m². A descrição do projeto inclui as dimensões e características dos pavilhões de
alojamento dos animas e respetiva pastagem, bem como da área social e armazém
associado. A estruturação do projeto inclui ainda uma descrição pormenorizada do
maneio dos animais, maneio alimentar e equipamentos necessários.

Tendo em consideração todos os detalhes mencionados, o plano de produção anual


prevê a produção de 4 147 patos, com um peso médio de 3 kg.

Por último, uma breve análise financeira prevê que este projeto seja rentável. Esta
análise assenta numa previsão das receitas obtidas pela venda dos patos, despesas
e investimentos associadas à atividade.

A análise de sensibilidade demonstrou que face a variações na ordem dos 5 e 10%


ao nível da produção, custos de exploração e/ou investimento, a realização deste
projeto mantem-se viável.

Palavras-chave: projeto de exploração, pato Pequim, carne de pato, produção


biológica, análise financeira.

3
Abstract

This dissertation aimed to design a project for a Peking duck production in organic
system.

The dissertation started with a literature review about duck production in Portugal,
Europe and the World, as well as the characterization of the species commonly used
in duck production. Given its production aptitude and traits concerning meat produc-
tion, the Peking duck was chosen for this project.

The project was developed for the São Martinho do Porto region, on a 7,500 m² farm.
The project description includes the dimensions and characteristics of the animals'
facilities and respective outdoor area, as well as the social area and associated ware-
house. The structuring of the project also includes a detailed description of the man-
agement of animals, nutrition management and necessary equipment.

The aforementioned descriptions lead to a prediction regarding that the annual pro-
duction plan foresees the production of 4 147 ducks, with an average weight of 3 kg.

Lastly, a brief financial analysis indicates that this project may be viable. This analysis
is based on a projection on the revenues obtained from the sale of ducks, expenses
and investments associated with the activity.

The sensitivity analysis showed that in the face of variations in the order of 5 and 10%
in terms of production, operating costs and/or investment, the realization of this project
will reamin viable.

Key words: Duck production; Peking Duck; Duck meat; organic production; fi-
nancial analysis

4
Índice
1. Introdução .................................................................................................................... 10
2. A Produção de patos ................................................................................................... 12
2.1 Produção a nível Mundial ......................................................................................... 12
2.2 Produção de patos na Europa .................................................................................. 13
2.3 Produção de patos em Portugal ............................................................................... 15
3. Espécies de patos em produção .................................................................................. 16
3.1 Pato Pequim............................................................................................................. 16
3.2 Pato da Barbárie/Muscovy........................................................................................ 17
3.3 Pato Mullard ............................................................................................................. 19
4. A Fileira de produção de pato ...................................................................................... 20
4.1 Seleção .................................................................................................................... 20
4.2 Centro de incubação ................................................................................................ 21
4.3 Patinhos do dia ........................................................................................................ 22
4.4 Produção de carne ................................................................................................... 23
4.5 Produção de ovos .................................................................................................... 24
4.6 Produção de penas e plumagem .............................................................................. 25
4.7 Produção de Foie Gras ............................................................................................ 27
4.8 Abate........................................................................................................................ 30
5. Sistemas de produção de patos ................................................................................... 31
5.1 Sistemas alternativos ............................................................................................... 31
5.2 Sistema extensivo .................................................................................................... 32
5.3 Sistema Intensivo ..................................................................................................... 33
6. Nutrição de patos ......................................................................................................... 34
7. A agricultura biológica .................................................................................................. 36
7.1 Evolução da agricultura biológica ............................................................................. 36
7.2 Regulamentação e Certificação................................................................................ 37
7.3 Mercado Biológico e Qualidade dos produtos .......................................................... 38
8. Produção Animal biológica ........................................................................................... 39
8.1 Período de conversão .............................................................................................. 40
8.2 Reprodução.............................................................................................................. 40
8.3 Seleção .................................................................................................................... 40
8.5 Alojamento dos animais e práticas de maneio .......................................................... 41
8.6 Bem-estar animal e prevenção de doenças .............................................................. 42
8.7 Abate........................................................................................................................ 42
9. Produção Animal Biológica Nacional ............................................................................ 43

5
9.1 Produção biológica de Patos .................................................................................... 44
10. Objetivo do projeto ................................................................................................... 45
10.1 Memória descritiva e justificativa .............................................................................. 46
10.1.1 Localização ........................................................................................................... 46
10.1.2 Organização da empresa ...................................................................................... 46
10.2 Objetivos de Produção ............................................................................................. 47
11. Caracterização do produto ....................................................................................... 58
12. Análise da rentabilidade económica ......................................................................... 60
12.1 Plano de produção ................................................................................................... 60
12.2 Plano de investimento .............................................................................................. 60
12.3 Plano de exploração ................................................................................................. 61
13. Análise de rentabilidade dos capitais envolvidos ........................................................... 62
14. Análise de sensibilidade ................................................................................................ 65
15. Considerações finais .................................................................................................... 67
16. Bibliografia ............................................................................................................... 69
17. Anexos ..................................................................................................................... 73

6
Lista de figuras

Figura 1: Produção Mundial de patos. Fonte: FAO, 2018......................................... 12


Figura 2: Produção Europeia de pato. Fonte: FAO, 2018......................................... 13
Figura 3: Evolução da produção de patos na Europa. Fonte: FAO. ......................... 14
Figura 4: Evolução da produção de patos em Portugal entre 2001 e 2019. Fonte:
INE ........................................................................................................................... 15
Figura 5: Pato Pequim. Fonte: Pngegg .................................................................... 17
Figura 6: Pato da Barbárie/Muscovy. Fonte: Wikipédia ............................................ 18
Figura 7: Pato Mullard. Fonte: Wikipedia.................................................................. 19
Figura 8: Ovos ballut, ovos salgados e ovos do século. Fonte: Breaking Asia. ........ 24
Figura 9: Ovos de pato Clarence Court. Fonte: Clarence Court. .............................. 25
Figura 10: Secagem das penas e plumagens em máquinas industriais. Fonte:
M.Fuller .................................................................................................................... 26
Figura 11: Separação das penas das plumagens dentro de camaras de ar. Fonte:
M.Fuller .................................................................................................................... 27
Figura 12: Gaiolas coletivas. Fonte: Eurofoiegras. ................................................... 29
Figura 13: Foie gras. Fonte: StockFood ................................................................... 29
Figura 14: Magret de pato. Fonte: HomeButcher ..................................................... 30
Figura 15: Logótipo da Agricultura Biológica. Fonte: ENAB ..................................... 38
Figura 16: Evolução do efetivo pecuário em Agricultura Biológica entre 2002 e 2015,
em Portugal Continental. Fonte DGADR .................................................................. 44
Figura 17: Terreno utilizado pela empresa. Fonte: GoogleMaps. ............................. 46
Figura 18: Representação das várias áreas no terreno. Realizado através do
GoogleMyMaps. ....................................................................................................... 48
Figura 19: Esquema representativo do pavilhão com a pastagem ........................... 49
Figura 20: Planta do interior do pavilhão .................................................................. 49
Figura 21: Representação da disposição dos pavilhões. ......................................... 50
Figura 22: Representação do interior do pavilhão .................................................... 50
Figura 23: Comedouro de 5kg e bebedouros de 5L. Fonte: Saidacasca.................. 51
Figura 24: Esquema de produção anual................................................................... 55
Figura 25: Rótulo da PatoNatura .............................................................................. 60

7
Lista de quadros

Quadro 1: Composição do alimento composto de iniciação e de crescimento. Fonte:


Diamantino Coelho e Filhos, S.A......................................................................................... 57
Quadro 2: Consumo esperado de alimento composto para produção de um lote de animais.
........................................................................................................................................... 57
Quadro 3: Cálculo do investimento inicial ............................................................................ 61
Quadro 4: Cálculo dos custos de exploração (em €) .................................................................... 62
Quadro 5: Representação do cash-flow (em €)............................................................................. 63
Quadro 6: Representação da análise de rentabilidade dos capitais investidos (em €) .......... 63
Quadro 7: Indicadores de rentabilidade da exploração ........................................................ 64
Quadro 8: Síntese dos valores de VLA, TIR e PR, obtidos pelas variações estudadas. ...... 66
Quadro 9: Análise de rentabilidade, considerando uma diminuição do custo de exploração
em 5% (em €) ..................................................................................................................................... 73
Quadro 10: Análise de rentabilidade, considerando um aumento do custo de exploração em
5% (em €) ............................................................................................................................................ 73
Quadro 11: Análise de rentabilidade, considerando uma diminuição do custo de exploração
em 10% (em €) ................................................................................................................................... 74
Quadro 12: Análise de rentabilidade, considerando um aumento do custo de exploração em
10% (em €) .......................................................................................................................................... 74
Quadro 13: Análise de rentabilidade, considerando uma diminuição da produção em 5% (em
€). ....................................................................................................................................... 75
Quadro 14: Análise de rentabilidade, considerando um aumento da produção em 5% (em €).
........................................................................................................................................... 75
Quadro 15: Análise de rentabilidade, considerando uma diminuição da produção em 10%
(em €) ................................................................................................................................................... 76
Quadro 16: Análise de rentabilidade, considerando um aumento da produção em 10% (em
€). ....................................................................................................................................... 76
Quadro 17: Análise de rentabilidade, considerando uma diminuição do investimento em 5%
(em €) ................................................................................................................................................... 77
Quadro 18: Análise de rentabilidade, considerando um aumento do investimento em 5% (em
€). ....................................................................................................................................... 77
Quadro 19: Análise de rentabilidade, considerando uma diminuição do investimento em 10%
(em €) ................................................................................................................................................... 78
Quadro 20: Análise de rentabilidade, considerando um aumento do investimento em 10%
(em €) ................................................................................................................................................... 78

8
Lista de Siglas e Abreviaturas
AB - Agricultura Biológica
CE- Comissão Europeia
CE- DGA -Comissão Europeia- Direção Geral da Agricultura
DGADR – Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural
DGAV – Direção Geral de Agricultura e Veterinária
ENAB- Estratégia Nacional para a Agricultura Biológica
FAO - Food and Agriculture Organization
INE – Instituto Nacional de Estatística
ha- hectares
kg- quilograma
kg/m2 - quilograma por metro quadrado
m2 - metro quadrado
OGM - Organismos Geneticamente Modificados
PAC – Política Agrícola Comum
PB – Produção Biológica
PR – Período de Recuperação
UE- União Europeia
TIR – Taxa Interna de Rentabilidade
VLA – Valor Líquido Atualizado

9
1. Introdução

Nas últimas décadas, o crescimento populacional, o aumento do poder financeiro das


famílias, assim como inovações tecnológicas, ao nível da nutrição, genética e
equipamentos, impulsionaram fortemente o crescimento do sector pecuário. De
acordo com a Food and Agriculture Organization (FAO) das Nações Unidas, a
produção animal representa cerca de 40% da produção agrícola a nível mundial e
utiliza de forma considerável recursos terrestres, tais como pastagens e terras
agrícolas destinadas à produção do alimento para os animais e ainda áreas
destinadas em si à produção animal.
O sector avícola responde a uma procura crescente, uma vez que a carne e ovos
estão entre os alimentos de origem animal mais consumidos a nível global. A sua
carne e os ovos contribuem para a nutrição equilibrada, fornecendo proteínas de alta
qualidade e baixos níveis de gordura, com um perfil de ácidos gordos benéficos para
a saúde humana. Em específico, a produção de patos gera subprodutos tais como as
penas e plumagens, extremamente valorizadas nos mercados internacionais, dado o
seu elevado potencial de isolamento térmico.
No que respeita à produção de patos, a mesma está localizada principalmente em
mercados na Ásia e Europa, sendo a China e a França, os maiores produtores em
todo o mundo (FAO, 2018). Em Portugal, apesar da tendência crescente nos últimos
anos, a produção de pato representa apenas 1,97 % das aves produzidas para
consumo humano (INE, 2019)
A produção biológica combina as melhores práticas ambientais, um elevado nível de
biodiversidade, a preservação dos recursos naturais, a aplicação de normas
exigentes ao nível de bem-estar animal e utiliza processos naturais como métodos de
produção (DGADR, 2019). Na produção biológica deve optar-se por animais
adaptados às condições locais e resistentes a doenças, para isso devem ser
selecionados animais de raças autóctones ou estirpes de crescimento lento. Caso
não seja possível, deve ser respeitada a idade mínima de abate, que no modo de
produção biológico é de uma forma geral mais prolongada.

Na Europa, a procura por bens alimentares de origem biológica tem apresentado um


crescimento significativo nos últimos anos. A Comunidade Europeia tem criado
estratégias de apoio à produção biológica, ao nível da produção, mercado e

10
divulgação do conhecimento técnico-científico. Estes três eixos estratégicos permitem
promover o interesse e disponibilizar maior oferta de produtos biológicos junto dos
consumidores, contribuindo desta forma para a expansão deste mercado e aumento
da remuneração dos produtores do modo de produção biológico.

O objetivo da presente dissertação é projetar uma exploração de patos em produção


biológica, de modo a introduzir no mercado um produto nacional de elevada qualidade
que pretende satisfazer os consumidores que procurem um alimento diferenciado,
com menor impacto ambiental e que valoriza o bem-estar dos animais. Este projeto
inclui a sua descrição, planeamento e análise financeira.

11
2. A Produção de patos

2.1 Produção a nível Mundial


De acordo com os dados recolhidos pela Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura (FAO) relativos a 2018, a produção mundial de patos atingiu
cerca de 3 mil milhões em todo o mundo (FAO, 2018).

Os dados recolhidos relativos à produção mundial de patos foram analisados e estão


expostos na figura 1. A Ásia domina 90% da produção mundial de patos, sendo a China
responsável por 88% da produção, seguindo-se países como o Vietname e Tailândia. A China
é o maior produtor mundial não só de carne de pato, como também de ovos, penas e outros
derivados.

Segue-se a Europa, que contribui com 6,2% da produção mundial de pato. A América
do Norte, produz 1,8%, sendo a produção maioritariamente proveniente dos Estados
Unidos da América. Em África, que representa apenas 1,5% produção mundial de
pato, a produção é extensiva e feita principalmente por agricultores locais do Egipto.
Na Oceânia, a Austrália é o maior produtor, mas contribui apenas com 0,3% da
produção mundial.

Figura 1: Produção Mundial de patos. Fonte: FAO, 2018

12
2.2 Produção de patos na Europa

Na Europa, a produção de pato destina-se exclusivamente à produção de carne e de


foie gras, sendo que a produção de ovos para consumo humano é pouco comum. De
acordo com os dados recolhidos pela FAO relativos a 2018, apresentados na figura
2, a Hungria e a França representam 73,3% da produção europeia de pato. A Hungria,
o maior produtor europeu de pato, representa 41,2% e produz essencialmente para
os países do leste europeu que são os maiores consumidores de carne de pato.
Seguindo-se França, que produz 32,1%, sendo o maior produtor de foie gras,
produzindo cerca de 80% da produção mundial deste produto.
Apesar da Europa ser o segundo maior produtor de pato, é simultaneamente o maior
importador e o maior exportador mundial.

Figura 2: Produção Europeia de pato. Fonte: FAO, 2018

Com base nos dados obtidos pela FAO, foi estabelecido um período de análise, entre
2001 e 2018, por forma a compreender a evolução da produção de patos na Europa.
A análise está representada na figura 2. Apesar do aumento de 46% na produção
europeia de patos entre 2001 e 2018, houve uma queda significativa na produção nos
anos 2004, 2009 e 2016 (FAO, 2018). Em 2004, o decréscimo é consequente de uma
crise de mercado derivada da ocorrência de focos de gripe aviária na UE.

13
Simultaneamente, a diminuição de produção de patos é justificada pela alteração da
Recomendação adotada pelo Comité Permanente
em 22 de Junho de 1999. Esta alteração obriga a substituição das gaiolas individuais
para gaiolas coletivas a partir de 31 de dezembro de 2004 até 31 de dezembro de
2010. Contudo, só em 2016 é que ocorreu efetivamente a proibição das gaiolas
individuais (para engorda e gavage dos animais para produção de foie gras) em
França. A imposição desta alteração, implicou o abandono de muitas explorações que
sentiram dificuldade nos investimentos necessários para adaptarem as suas
instalações às novas regras de bem-estar animal (D. Guémené e G. Guy, 2004).

100

90
Número de patos produzidos (10⁶ cabeças)

80

70

60

50

40

30

20

10

0
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Anos

Evolução da produção de pato na Europa

Figura 3: Evolução da produção de patos na Europa. Fonte: FAO.

14
2.3 Produção de patos em Portugal

De acordo com os dados recolhidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), foi
estabelecido um período de estudo, entre 2001 e 2019. A figura 4, permite
compreender a evolução da produção de patos em Portugal.

Os dados relativos ao ano 2001, permitem aferir que a produção de patos


representava apenas 1,55% das aves produzidas em Portugal. Em 2004, ocorre um
decréscimo bastante acentuado no número de patos abatidos e aprovados para
consumo, decorrente do surto de gripe aviária iniciado em 2003 (MADRP, 2007). No
ano 2008 e 2012, ocorre mais uma vez um decréscimo significativo. Esta diminuição
é consequente de uma crise económica que afetou significativamente o poder de
compra dos consumidores portugueses, que optaram por carnes com preços mais
acessíveis. A partir de 2013, o número de patos abatidos e aprovados para consumo
tem mantido uma tendência crescente. Em 2019, foram produzidos 4 371 676 patos,
o que representa apenas 1,97 % das aves produzidas em Portugal no mesmo ano.

Com base nas estatísticas divulgadas pelo INE, verifica-se que entre o ano 2001 e
2019 ocorreu um aumento de 42% da produção de patos em Portugal.

5 000 000
4 500 000
Patos abatidos e aprovados para consumo

4 000 000
3 500 000
3 000 000
2 500 000
2 000 000
1 500 000
1 000 000
500 000
0

Anos

Evolução da produção de patos em Portugal entre 2001 e 2019

Figura 4: Evolução da produção de patos em Portugal entre 2001 e 2019. Fonte:


INE.

15
Os dados recolhidos pelo INE, permitem ainda aferir que entre 2001 e 2019, o maior
número de patos abatidos e aprovados para consumo em Portugal, regista-se na
região agrária Ribatejo e Oeste. Em 2019, foram abatidos e aprovados para consumo
4 370 923 patos na região agrária Ribatejo e Oeste, o que representa 99,98% da
produção nacional. Os Açores apresentam um aumento significativo da produção de
patos (+80%), enquanto que a Madeira apresenta uma tendência decrescente (-92%)
(INE, 2019).

3. Espécies de patos em produção


Embora existam numerosas espécies, existem duas predominantes na produção
comercial de pato: o Pequim e o da Barbárie (Moscuvy ou Barbary). O pato Mullard,
surgiu do seu cruzamento.

O pato Pequim é mundialmente o mais utilizado e representa 90% da produção, 4%


é representada pela Bárbarie e 6% é respetivo aos patos Mullard (D. Guémené et al,
2011).

3.1 Pato Pequim


O pato Pequim, sendo o seu nome científico Anas platyrhynchos, é originário da China
onde a sua domesticação remonta ao século XIV. Foi introduzido nos Estados Unidos
da América por volta de 1873 e alguns anos mais tarde na Europa (P. Cherry e T.
Morris, 2008).

O pato Pequim, representado na figura 5, caracteriza-se pelo seu bico, pernas e patas
de cor laranja a amarelo, a sua plumagem branca, pescoço comprido e corpo bastante
desenvolvido. A sua elevada aptidão para a produção de carne e de ovos, fazem do
pato Pequim a espécie mais utilizada em todo o mundo (V. Sandilands e P.M.
Hocking, 2012). A alta taxa de crescimento destes animais permite que atinjam um
peso de 3 kg com 7 a 9 semanas, idade a que são abatidos. Apresentam dimorfismo
sexual pouco acentuado, isto é, os machos geralmente alcançam o peso de 3,5 a 4
kg e as fêmeas alcançam 3 a 3,5 kg. A postura inicia-se aos 5 meses e podem
produzir mais de 200 ovos por ano (S.J Meulen e G. Dikken, 2004). Apesar de

16
bastantes precoces quanto à postura, com ovos de bom tamanho e em abundância,
as fêmeas não apresentam boas características maternas (C. Rosell, 1977).
A sua carne é vermelha escura e é rica em gordura o que é bastante apreciada no
mercado asiático, assim como os seus ovos que são amplamente utilizados em
iguarias típicas.

Embora proveniente da China, está bastante difundido na América do Norte e na


Europa, onde é criado tanto em pequenas produções, como em grande escala por
empresas especializadas. Apesar de se tratar de uma ave de tamanho grande, o seu
temperamento é dócil e sossegado o que facilita o seu maneio (C. Rosell, 1977).
Dadas as suas excelentes características produtivas, como rápido crescimento,
resistência e precocidade, a espécie Pequim é a mais produzida em todo o mundo,
sobretudo nas grandes explorações dedicadas à produção de patos para o mercado
(C. Rosell, 1977).

Figura 5: Pato Pequim. Fonte: Pngegg.

3.2 Pato da Barbárie/Muscovy

O pato da Barbárie, também conhecido por Muscovy ou Barbary, representado na


figura 6, de nome científico Cairina moschata, é a única espécie domesticada que não
é originária do pato-real. Foi domesticado pelos indígenas colombianos e peruanos e
introduzido na Europa por espanhóis e portugueses no século XVI. No seu habitat
natural ocupam preferencialmente florestas tropicais pantanosas, mas a sua
rusticidade permitiu que se adaptasse com facilidade a diferentes sistemas de

17
produção (V. Sandilands e P.M. Hocking, 2012). Os patos Barbárie distinguem-se
pelo seu rosto nu com carúnculas vermelhas em redor dos olhos e do bico e a sua
plumagem branca e preta com algumas variações entre o azul e o verde (FAO, 2010).
As suas taxas de crescimento são baixas, isto é, alcançam cerca de 5 kg no caso dos
machos e cerca de 2,0 a 2,5 kg no caso das fêmeas apenas às 16 semanas, idade
em que atingem o peso de abate (F. Bauer, 1983). Aos 7 meses, as fêmeas iniciam a
postura. (S.J. Meulen, G. Dikken, 2004). Apesar de possuir excelentes características
maternas (FAO, 2010) tem fraca aptidão para a produção de ovos, com ciclos de
postura curtos e baixas produções, colocam apenas 90 ovos por ano (V. Sandilands
e P.M. Hocking, 2012). Em condições de produção intensiva podem atingir a produção
de 120 a 150 ovos em dois períodos reprodutivos (M. Nickolova, 2004).

Tradicionalmente, a produção de foie gras era obtida através da alimentação forçada


de patos Barbárie ou gansos. Contudo, o seu temperamento agressivo dificultava a
alimentação forçada e consequentemente o fígado tinha tendência a perder gordura
diminuindo a qualidade do produto final (P. Neindre et al. 1998).

Atualmente, o pato Barbárie é utilizado na produção de carne de pato pois produz


carne com baixo teor de gordura (22-26%), o que lhe confere uma vantagem
considerável junto de consumidores mais conscientes de alternativas saudáveis (G.C.
Mead, 2004).

Figura 6: Pato da Barbárie/Muscovy. Fonte: Wikipédia

18
3.3 Pato Mullard

A crescente procura pela carne de pato e de foie gras incentivaram o desenvolvimento


e a produção de híbridos. Nos anos 1960, quando as técnicas de inseminação artificial
foram otimizadas, permitiram o cruzamento de animais Cairina moschata e Anas
platyrhynchos, o que veio a resultar nos patos híbridos Mullard (J.F. Huang et al,
2012). Estes animais beneficiam do vigor híbrido, pois resultam da combinação das
melhores características de ambas as espécies, refletindo um desempenho superior
(V. Sandilands e P.M. Hocking, 2012). O pato Mullard, representado na figura 7, é um
pato mais resistente, menos temperamental e de rápido crescimento.

Devido às baixas taxas de fertilidade por acasalamento natural, a produção ocorre


exclusivamente por inseminação artificial. Como esta técnica requer um maior
investimento em equipamentos e técnicos especializados, é apenas rentável em
grandes produções (V. Sandilands e P.M. Hocking, 2012). Após um período de
incubação de 32 dias, os animais são selecionados ao nascimento. Os machos são
criados e engordados para produzir foie gras de excelência, enquanto que as fêmeas
apenas se destinam à produção de uma carne particularmente saborosa (P. Neindre
et al, 1998). O abate ocorre às 10 semanas, quando os machos atingem 4,0 kg e as
fêmeas 3,6 kg (H. Pingel, 1999).

Atualmente, 95% da produção de foie gras é proveniente dos patos Mullard e apenas
5% da Barbárie (C. Marie-Etancelin et al, 2008). Os Mullard, tornaram-se
extremamente utilizados até em regiões que não produzem foie gras, como a América
do Norte e a Ásia.

Figura 7: Pato Mullard. Fonte: Wikipedia.

19
4. A Fileira de produção de pato

As questões relacionadas com a qualidade e segurança alimentar fazem com que os


intervenientes na fileira deste sector ajustem as características dos produtos e dos
processos. Os avanços tecnológicos, a nível da genética, nutrição e reprodução,
possibilitaram a produção de aves cada vez mais produtivas. A industrialização
acelerou a inovação de processos tecnológicos ao nível do abate e processamento
que favorecem as unidades de grande escala.
A crescente procura no sector avícola estimulou as empresas a criarem estratégias
que lhes permitissem aumentar a oferta. Maioritariamente, a organização deste sector
é feita ao nível de integração vertical o que lhes permite conter duas ou mais etapas
da produção. As empresas conseguem diferenciar e garantir a qualidade dos seus
produtos, evitar a dependência de agentes terceiros, reduzir os custos associados,
bem como comercializar rapidamente o seu produto.

Apesar da seleção ser realizada sempre por empresas especializadas, os principais


produtores de pato abrangem várias etapas desta cadeia como: as unidades de
reprodução, os centros de incubação, unidades de produção, os centros de abate,
transformação, comercialização e distribuição.

4.1 Seleção
Na Europa, os maiores empresas de seleção genética de patos são a Grimaud Frères
Sélection, Orvia e Sepalmem em França (C. Marie-Etancelin et al, 2008) e a Cherry
Valley em Inglaterra (P. Cherry e T. Morris, 2008). Estas companhias estão envolvidas
na seleção de animais para a indústria de foie gras e produção de carne.

As empresas especializadas pelo melhoramento genético e seleção de reprodutores


estabelecem critérios de seleção relacionados com o crescimento e produção de
carne, assim como para a reprodução e produção de ovos. Os aspetos mais
importantes relacionados com a produção são a eficiência alimentar, a velocidade de
crescimento, os rendimentos de carcaça, a composição corporal, a gordura
abdominal, a velocidade de emplumação e ausência de defeitos físicos.
Relativamente à reprodução, a seleção baseia-se em critérios como início da postura,
taxa de produção de ovos, viabilidade, fertilidade e incubabilidade (H. Pingel, 1999).
As estratégias associadas aos programas de seleção são baseadas em cruzamentos

20
de linhagens específicas maternas e paternas, que permitem beneficiar na
descendência, das melhores características da linha paterna e materna. Geralmente,
a indústria da produção de carne de pato utiliza cruzamentos de 4 vias. O
retrocruzamento com linhagens paternas permite ainda recuperar características
relacionadas à qualidade da carcaça e eficiência alimentar (H. Pingel, 1999).

Os reprodutores devem ser selecionados tendo em consideração o seu objetivo


produtivo, isto porque a seleção de animais para maiores produções de carne, afeta
negativamente os parâmetros reprodutivos, dada a sua correlação negativa (J.F.
Huang et al, 2012).

As linhas paternas são selecionadas de acordo com características produtivas, como


as taxas de crescimento, índice de conversão, rendimento da carcaça e qualidade da
carne. A taxa de crescimento tem heritabilidade de 0,4-0,6 e está positivamente
correlacionada com o índice de conversão. Altos índices de conversão permitem
diminuir os custos da alimentação e impacto ambiental derivado dos seus
excrementos (H. Pingel, 1999). Além de garantir um excelente rendimento da carcaça
e qualidade da carne, é importante garantir que o animal desenvolva por completo a
plumagem. As plumas e penas são um subproduto da produção comercial de patos,
altamente valorizado por certas indústrias. Deve também ter-se em conta que o
crescimento rápido dos animais pode provocar sérios problemas de mobilidade,
diminuindo a ingestão de alimento e consequentemente prejuízos na produção.

As linhas maternas são selecionadas para melhorar as características reprodutivas,


como a produção, qualidade e taxa de eclosão dos ovos. É comum o cruzamento
entre raças de grande aptidão reprodutiva, por forma a originar linhas maternas que
beneficiem da sua heterose nos parâmetros reprodutivos. A seleção é realizada tendo
em conta o número de ovos postos e respetiva taxa de eclosão, das mães ao fim de
um período de postura comparativamente ao das fêmeas resultantes dos
cruzamentos (H. Pingel, 1994).

4.2 Centro de incubação

Nos tempos antigos, os chineses utilizavam o calor derivado da fermentação do


estrume como método de incubação dos ovos. No século XVII, os franceses

21
desenvolveram incubadoras com lâmpadas a óleo, mas apenas após o século XIX se
desenvolveram as primeiras incubadoras industriais (P. Cherry e T. Morris, 2008).

Os centros de incubação permitiram a incubação de ovos em grande escala,


permitindo a sua comercialização para venda de patos do dia a empresas de recria.
A sua implantação requer investimentos em incubadoras e equipamentos de controlo
constante de temperatura e humidade e também mão-de-obra especializada. O
período de incubação é entre 25 a 32 dias. No entanto, os ovos de patos Barbárie,
apresentam um período de incubação de 35 dias e os ovos Mullard incubam em 32
dias (FAO, 2010).

O desenvolvimento do embrião na incubadora implica a existência de condições muito


específicas. A incubadora deve ser bem ventilada, a temperatura deve ser entre 37 a
38ºC e a humidade relativa elevada, cerca de 56% nos primeiros dias e 68-72% no
fim do período de incubação. Este aumento é necessário devido à perda de
humidade, por evaporação, dentro do ovo ao longo do seu desenvolvimento. As
incubadoras industriais rodam os ovos a cada hora, para evitar que os conteúdos do
ovo se prendam ao interior da casca. Os sistemas de arrefecimento automático
simulam a diminuição da temperatura dos ovos, quando em estado selvagem, as
fêmeas saem do ninho para procurar alimento. O arrefecimento dos ovos, através da
vaporização de água na sua superfície, permite ainda diminuir a rigidez da casca do
ovo e facilita a eclosão dos patinhos (FAO, 2017).

4.3 Patinhos do dia

Como o crescimento dos animais é rápido, é necessário garantir a rápida substituição


do efetivo do próximo bando. Os animais podem ser comprados aos centros de
incubação ou a empresa mantêm a sua linha de reprodutores que produzem ovos que
serão os próximos patinhos a serem engordados.

Na chegada dos patinhos ao pavilhão, estes devem estar restringidos a uma pequena
área por forma a garantir a temperatura de 30ºC, pois ainda não conseguem manter
a sua temperatura corporal. A cada semana deve reduzir-se 3ºC até à terceira
semana, pois o crescimento das plumagens é rápido e a partir dos 10 dias de idade
já proporciona isolamento suficiente para que o patinho consiga manter a sua
temperatura corporal. A partir da sua segunda semana de vida, o crescimento

22
intensifica-se e aos 30 dias, a sua plumagem está completa (P. Cherry e T. Morris.,
2008).

A sexagem dos patinhos pode ser feita ao nascimento, através de uma ligeira curva
no fim das penas da cauda dos machos, enquanto que as fêmeas não a apresentam.
Os patos Barbárie, não apresenta esta diferenciação, contudo é possível distinguir os
machos pelo seu tamanho bastante maior relativamente as fêmeas (FAO, 2010).

4.4 Produção de carne

Na produção de carne, as espécies de excelência são a Pequim, a Barbárie e o


híbrido resultante do seu cruzamento, o Mullard. As suas elevadas taxas de
crescimento, boa condição corporal, bons índices de conversão, rusticidade e boa
qualidade da carne, tornaram o pato Pequim amplamente utilizada. Atualmente, os
patos Pequim constituem 90% da produção em todo o mundo

A eficiência ou índice de conversão alimentar, permite qualificar a aptidão do pato em


produzir mais músculo em relação a uma determinada quantidade de ração ingerida.
De acordo com as especificações da Cherry Valley, a taxa de conversão alimentar
para patos Pequim é cerca de 1,75 a 2,29 (International Hatchery Practice, 2017). Os
ganhos médios diários rondam os 70 gramas por dia (J. Tayleur, 2012). Ao fim de
cada ciclo produtivo, é previsível que cada animal, com cerca de 3 kg, apresente um
consumo total de 6,75 kg de alimento (Marinhave, 2020). A taxa de mortalidade e
refugo é cerca de 3 a 5% (J. Tayleur, 2012).

Para a produção de carne, utiliza-se maioritariamente o sistema “All in-All out”. O


bando é renovado em intervalos fixos, os animais entram e saem com a mesma idade.
Ao nível da prevenção de doenças, os patos não são vacinados contra a Salmonella
ou aplicados outros medicamentos. A indústria foca-se principalmente utilização de
bandos saudáveis, garantir condições de higiene através de vazio sanitário e fornecer
alimentos de qualidade (J. Tayleur, 2012).

Em explorações com vários pavilhões permitem que existam bandos em diferentes


fases de crescimento, o que garante ao produtor que haja sempre animais em
produção. No sistema, em duas fases, os animais estão instalados num pavilhão
durante a fase de crescimento e noutro distinto na fase de acabamento.

23
4.5 Produção de ovos
Os patos iniciam a produção de ovos entre os 6 a 9 meses de idade. Em condições
de produção comercial de patos, ocorre principalmente a incubação artificial destes
ovos. Os ovos são recolhidos logo pela manhã para prevenir que se partam ou sejam
conspurcados com fezes. Nesta fase, são rejeitados os ovos demasiado pequenos,
rachados ou com casca de fraca consistência. A limpeza superficial evita que
microorganismos penetrem a casca e prejudiquem o embrião. Os ovos podem ser
armazenados até 7 dias, à temperatura de 13°C e humidade relativa de 75%.
Contudo, deve ter-se em atenção que o aumento do período de armazenamento,
diminui a taxa de eclosão dos ovos (M.E. Abd El-Hack et al, 2019).

A produção de ovos de pato para consumo é bastante comum na Ásia, onde são
feitas diversas iguarias locais feitas com ovos de patos (Figura 8). As mais populares
são os ovos ballut (ovos de patos fertilizados), os ovos salgados (ovos salgados
armazenados por muito tempo) e os ovos do século (os ovos são colocados numa
solução salina com argila, sal, casca de arroz, cal e cinzas, o que produz um ovo
cremoso de cor escura) (P. Cherry e T. Morris, 2008).

Figura 8: Ovos ballut, ovos salgados e ovos do século. Fonte: Breaking Asia.

É estimado que o consumo de ovos de pato representa 10 a 30% do consumo total


de ovos na China e Sudoeste Asiático, em países como Vietnam e Filipinas
(Ismoyowati e J. Sumarmono, 2019). Nestes países, a produção de ovos de pato
baseia-se em sistemas intensivos com uso de raças altamente produtivas, tais como
Jinding, Shao e Tsaiya com produções de 260 a 300 ovos por ano.

24
Na Europa, a produção de ovos de pato para consumo humano é exclusiva da
empresa Clarence Court, representado na figura 9. A Clarence Court é uma empresa
situada no Reino Unido, especializada na produção de ovos de diversas aves.

Figura 9: Ovos de pato Clarence Court. Fonte: Clarence Court.

Os ovos de pato apresentam um tamanho superior aos de galinha e são bastante


nutritivos. Estes ovos contêm um teor de gordura mais elevada, bem como um perfil
de ómega 3 e ómega 6 superior. A casca do ovo é mais espessa, conferindo-lhe maior
resistência e consequentemente maior durabilidade (Ismoyowati e J. Sumarmono,
2019).

4.6 Produção de penas e plumagem


O elevado isolamento térmico das penas e plumagens permite aos patos não só
manterem a sua temperatura corporal quando em contacto com a água nos rios e
lagoas que constituem o seu habitat natural, como são suficientemente leves para
garantir o seu voo. Estas características conferem às penas e plumagens um produto
de excelência de isolamento térmico bastante utilizado no enchimento de roupas,
almofadas, edredons, materiais de exterior e outros materiais (M. Fuller, 2015).

É estimado que a produção global de penas e plumagens em 2014 tenha sido 270,000
toneladas (M. Fuller, 2015). A China é o maior produtor com uma produção anual de
100,000 toneladas, seguida do Vietnam e Tailândia (V. Sandilands e P.l M. Hocking,
2012). A Europa constitui o segundo maior produtor, sendo maior parte da produção
proveniente da Hungria (H. Schmitz, 2018). As penas e plumagens de origem
Europeia são bastantes mais valorizadas (pela sua qualidade superior) que as de

25
origem Asiática (M. Fuller, 2015). Os principais importadores são os Estados Unidos
da América, China, Japão e Alemanha (H. Pingel, 2004).

As penas e plumagens são subprodutos da indústria de produção de patos. O


crescimento das penas inicia-se na zona do peito por volta dos 14 dias e ao fim dos
35 dias de idade do animal o seu desenvolvimento está completo (P. Cherry e T.
Morris., 2008). Após o abate, ocorre a remoção das penas e plumagens. O processo
pode ser realizado de forma manual, após colocar o animal num tanque de água a
60ºC por 1 a 3 minutos. Em grandes produções, as penas e plumagens são removidas
através de máquinas industriais que as removem (Figura 10) (M. Fuller, 2015).

Figura 10: Secagem das penas e plumagens em máquinas industriais. Fonte:


M.Fuller.

De seguida são higienizadas e secas para evitar que o desenvolvimento de bactérias


e fungos resultem em alterações da cor e odor, e diminuam a sua qualidade. Por fim,
constituem 4 a 12% do peso vivo do animal (P. Cherry e T. Morris., 2008) e são
separadas entre penas e plumagens pela sua densidade (Figura 11) (M. Fuller, 2015).

26
Figura 11: Separação das penas das plumagens dentro de camaras de ar. Fonte:
M.Fuller.

O maneio e as condições do pavilhão podem afetar o crescimento e qualidade das


penas e plumagens dos patos. Isso reduz significativamente a qualidade, capacidade
de isolamento e enchimento, e consequentemente o seu valor económico (P. Cherry
e T. Morris., 2008). A qualidade depende ainda da idade da ave (aumenta com a
idade), da espécie da ave (as de patos Pequim têm capacidade de enchimento de
143 mm, enquanto que as dos patos da Barbárie têm de 134 mm) e ainda as técnicas
de processamento industriais (M. Fuller, 2015).

4.7 Produção de Foie Gras

De acordo com a Euro Foie Gras, os primeiros vestígios da produção de foie gras,
remontam à época do antigo Egito. Os egípcios aperceberam-se da capacidade
destas aves armazenarem gorduras no fígado antes da migração e desenvolveram a
técnica de alimentação forçada destes animais, denominada gavage. A tradição
continuou pelas comunidades judaicas que utilizavam a gordura de patos e gansos
para cozinhar. Mais tarde, difundiram a produção de foie gras em França,
especialmente na Alsácia, bem como na Hungria. Atualmente, França produz 80% do
foie gras produzido em todo o mundo, sendo produzidas anualmente cerca de 20 000
toneladas, principalmente no sudoeste do território. É o principal produtor, consumidor
e exportador para países como a Bélgica, Espanha, Japão, Brasil e Médio Oriente.
Em conjunto com a Hungria, Bulgária e Espanha produzem 90% do foie gras mundial.
A China, Estados Unidos da América e Canadá, produzem o restante.

27
Tradicionalmente, a produção de foie gras consistia na alimentação forçada de patos
Barbárie e gansos. Atualmente, o mais comum é a utilização de patos Mullard que
são criados em condições muito específicas. O foie gras é produzido apenas de
fígados de machos, pois os fígados das fêmeas têm mais presença de veias,
diminuindo a sua qualidade (V. Sandilands e P. M. Hocking, 2012).

No Regulamento (CE) N.o 543/2008 Da Comissão de 16 de Junho de 2008, o foie


gras consiste em fígados de patos Mullard ou gansos, que foram alimentados de
modo a produzir uma hipertrofia das células hepáticas adiposas, também chamada
de fígado gordo. Os fígados de pato devem atingir pelo menos 300 gramas, enquanto
que os fígados de ganso 400 gramas.

Assim, a produção de patos Mullard apresenta três fases. A fase de crescimento que
se compreende desde a eclosão até às 11 semanas, a de preparação que decorre
durante uma semana e por fim a fase de engorda, entre a 12 a 18 semanas de vida
e com duração de 10 a 16 dias (para patos e gansos, respetivamente),

Conforme a Euro Foie Gras, durante a fase de recria os animais são instalados em
pavilhões com acesso permanente ao exterior, com água e alimento ad libitum. Na
fase de preparação, pretende-se que o animal se prepare para a fase de engorda ao
se estimular a sua capacidade bulímica. No fim deste período, só os animais
saudáveis e mais robustos seguem para a fase de engorda. Durante a fase de
engorda, os animais são mantidos em gaiolas coletivas e são alimentados duas vezes
ao dia. O alimento fornecido é à base de milho e óleos para facilitar a ingestão, isto
é, rico em hidratos de carbono e lípidos (P. Neindre et al, 1998). A sua alimentação
consiste em colocar o alimento ao longo do esófago através de um tubo de eixo
helicoidal (processo dura de 45 a 60 segundos) ou de sistema pneumático (apenas 2
ou 3 segundos), mais utilizado em produções de larga escala (P. Neindre et al, 1998).

A técnica de gavage é facilitada por caraterísticas muito especificas destes animais,


relacionadas com as suas necessidades biológicas de aumentarem previamente as
reservas energéticas para as migrações. Isto é, a ausência de glote cartilaginosa
possibilita o alinhamento do bico e pescoço, a elasticidade das paredes esofágicas e
a constituição de uma bolsa de armazenamento no fundo esofágico, permite-lhes que
se alimentem de matérias volumosas que são progressivamente libertadas para a
moela (Euro Foie Gras, 2020).

28
O aumentou da procura e de forma a satisfazer as necessidades dos consumidores,
é importante garantir que as condições de produção cumprem com as normas de
bem-estar dos animais e causam o mínimo de sofrimento possível. Assim, ao longo
dos últimos anos todas as gaiolas individuais (“épinettes”) foram proibidas e
substituídas por gaiolas coletivas (figura 12).

Figura 12: Gaiolas coletivas. Fonte: Eurofoiegras.

O produto final, o foie gras, representado na figura 13, é uma iguaria bastante
prestigiada e altamente valorizada no mercado.

Figura 13: Foie gras. Fonte: StockFood.

A carne proveniente destes animais, é uma carne com maior teor de gordura, o que
lhe confere um sabor e textura específica resultando num produto muito apreciado
(G. C. Mead, 2004). O pato poderá ser comercializado inteiro, ou às peças, perna e
peito. O magret, representado na figura 14, é o peito de um pato ou um ganso, com
boa camada de pele e gordura subcutânea cobrindo o músculo, também bastante
apreciado.

29
Figura 14: Magret de pato. Fonte: HomeButcher.

4.8 Abate

A idade de abate varia consoante os animais, para patos Pequim é usual serem
abatidos às 7 semanas, enquanto os patos Barbárie entre as 10 a 12 semanas e os
Mullard às 10 semanas de vida.

O abate dos patos ocorre por atordoamento em tanque de imersão. O processo inicia-
se pela suspensão das aves pelas duas patas, emergidas até à base das suas asas
num tanque de água associado a um elétrodo imerso, durante pelo menos, quatro
segundos a uma corrente de 130 mA. O sangramento é efetuado pela incisão das
artérias carótidas ou os vasos de onde surgem, num intervalo máximo de 20
segundos, para evitar que recuperem a consciência (Regulamento (CE) n. o
1099/2009 do Conselho, de 24 de Setembro de 2009). De seguida os patos são
sujeitos a um escaldão, sendo depois depenados (Marinhave, S.A., 2020).

A fase de evisceração, inicia-se através de um furo vertical junto à cloaca e um corte


ao longo do abdómen. São-lhes retiradas a cabeça e as vísceras (sendo aproveitados
os pescoços, fígados e moelas) e as carcaças são sujeitas a lavagens sucessivas até
seguirem para a refrigeração rápida (refrigeradas por ar frio e/ou imersão em água (4-
12˚C)) (SGCIE, 2018). As tripas e pulmões, resultado da evisceração, são
encaminhados para subprodutos (Marinhave, S.A., 2020).

Nesta última fase, uma parte das carcaças destina-se a expedição em fresco,
enquanto que outras são embaladas e armazenadas no túnel de refrigeração onde
permanecem a temperaturas entre 0 e 2˚C (SGCIE, 2018).

30
Certos nichos de mercado, especialmente localizados na Ásia, utilizam as cabeças,
línguas e patas destes animais. Nesse sentido, após removidos das carcaças são
também mergulhados em água fria (4-12ºC) e armazenadas na câmara de
refrigeração (0-4 ˚C) (Marinhave, S.A., 2020).

5. Sistemas de produção de patos


O sistema de produção depende de diversos fatores como a disponibilidade de
investimento em instalações e tecnologias, custo de mão-de-obra, regulamentação
sanitária e o mercado a que se destina.

Na Ásia, durante muitos anos a produção de patos para obter carne e ovos, estava
fortemente relacionada com agriculturas familiares em zonas rurais. Os patos
andavam soltos, muitas vezes em conjunto com outros animais, a sua produção era
para consumo próprio e os excedentes eram vendidos nos mercados locais.
Atualmente, o aumento da população provocou também um crescente consumo de
carne de pato. Os sistemas de produção tradicionais foram abandonados e a
produção de patos na Ásia está maioritariamente relacionada com sistemas
intensivos em larga escala (V. Sandilands e P.M. Hocking, 2012).

5.1 Sistemas alternativos

Em alguns países da Ásia, tais como o Vietname, Camboja e Indonésia ainda são
utilizados sistemas de transumância ou sistemas de produção integrados com
aquacultura ou produção de arroz (V. Sandilands e P.M. Hocking, 2012).

No sistema de transumância os pequenos produtores percorrem longas distâncias


com os seus animais à procura de locais onde estes se possam alimentar
devidamente. Os bandos são mantidos em tanques ou rios e são movidos de acordo
com o nível da água.

O sistema de produção de patos integrado com aquacultura é amplamente utilizado


nas províncias do Sul da Ásia (V. Sandilands e P.M. Hocking, 2012). Por volta das 4
a 6 semanas, os patos são encaminhados para os tanques de produção de carpas e
tilápias. A vantagem deste sistema está no ciclo de nutrientes de azoto e fosfato

31
proveniente do excremento dos patos, que fertiliza e promove o desenvolvimento das
algas das quais se alimentam estes peixes. É também comum, sistemas de produção
de patos integradas em culturas de arroz. Quando os tanques são esvaziados, os
excrementos dos patos são utilizados para fertilizar os campos de arroz.

Em alguns países do Leste Europeu, é também comum o sistema integrado de


produção de patos com aquacultura (V. Sandilands e P.M. Hocking, 2012). Os patos
são instalados em abrigos com acesso a parques exteriores com tanques onde são
alojados os peixes. Devido aos Invernos rigorosos nesses países, esta associação
está limitada ao período de Abril a Outubro.

5.2 Sistema extensivo

Os sistemas extensivos estão associados a baixas produções e investimentos


menores. Desta forma, dividem-se em: extensivo em interior, semiliberdade, ar livre
ou liberdade.

A produção extensiva em interior caracteriza-se como uma produção no interior do


pavilhão, o animal não tem acesso ao exterior em nenhuma etapa do seu
desenvolvimento, porém a densidade animal é inferior e a idade de abate é superior.
A densidade animal máxima é de 25 kg/m 2 e a idade mínima de abate é 49 dias no
caso dos patos Pequim, 70 dias para as fêmeas e 84 dias para os machos Barbárie
e 65 dias para os patos Mullard (Regulamento (CE) nº 543/2008 de 16 de junho).

Na produção em semiliberdade os patos são criados num pavilhão, com acesso


obrigatório e contínuo durante o dia a um espaço ao ar livre com uma área coberta,
sobretudo por vegetação, durante pelo menos metade da sua vida. A área exterior,
deve conter uma área mínima de um 2 m 2 por pato. No interior do pavilhão, a
densidade populacional não deve exceder os 25 kg/m2 e as aberturas das instalações
devem conter, pelo menos, 4 m por 100 m2 de superfície. O regime alimentar
fornecido a estes animais na fase de engorda deve apresentar, pelo menos, 70 % de
cereais (Regulamento (CE) nº 543/2008 de 16 de junho)

Na produção ao ar livre os animais são criados dentro de pavilhões até às 8 semanas


de idade, quando o emplume já se encontra completo. No interior dos pavilhões, a
densidade populacional máxima deverá ser 35 kg/m2 no caso dos machos e de 25

32
kg/m2 no caso das fêmeas de pato Pequim. O número máximo no interior das
instalações é 4 000 fêmeas ou 3 200 machos para patos Barbárie ou Pequim e 3 200
aves, no caso dos patos Mullard. A área máxima das instalações por unidade de
produção é 1 600 m2 e as aberturas das instalações devem conter, pelo menos, 4 m
por 100 m2 de superfície. Após as 8 semanas, os animais devem ter acesso continuo
durante o dia a um espaço ao ar livre, que deve apresentar uma área de 2 m 2 por
pato Barbárie, pato de Pequim ou 3 m2 por pato Mullard. O regime alimentar fornecido
a estes animais na fase de engorda deve apresentar, pelo menos, 70 % de cereais.
A fase final em cativeiro não deve ser superior a 4 semanas no caso dos patos Mullard
destinados à produção de foie gras e maigret (Regulamento (CE) nº 543/2008 de 16
de junho).

A produção em liberdade exige que a densidade populacional, o número máximo de


animais no interior dos pavilhões, a área máxima das instalações por unidade de
produção, o regime alimentar, as raças ou variedades utilizadas e a idade mínima de
abate devem ser iguais aos aplicados no sistema de produção ao ar livre. Contudo,
na produção em liberdade os animais devem ter acesso contínuo durante o dia a uma
área ao ar livre sem vedações (Regulamento (CE) nº 543/2008 de 16 de junho).

5.3 Sistema Intensivo

Os sistemas intensivos, estão associados a produções a larga escala, com grandes


investimentos em instalações, nutrição, maneio, mão-de-obra e tecnologias. A
produção deve ter como objetivo obter o máximo de rentabilidade económica sem
nunca comprometer o bem-estar animal, fornecendo todas as condições necessárias
em todas as fases do seu crescimento. Nestes sistemas, os animais permanecem
confinados em pavilhões. Como os patos estabelecem interações sociais entre si é
importante que fiquem livres pelos pavilhões e nunca em gaiolas. Os pavilhões devem
ser bem ventilados, de forma natural ou forçada, para evitar que as doenças
respiratórias sejam propagadas entre os animais e diminuir a temperatura no interior.
Como os patos são mais sensíveis a temperaturas elevadas, com a sua zona de
termoneutralidade compreendida entre os 10 a 13ºC, é importante controlar as
condições de temperatura nos pavilhões para que nunca exceda os 24ºC. Quando as
temperaturas aumentam, aumenta também a temperatura corporal dos animais e em
consequência diminuem a ingestão de alimento. Além do impacto na produção,

33
nestas condições, a suscetibilidade a doenças é também maior, causando diminuição
da qualidade da carcaça ou mesmo mortalidade (H. Pingel, 2004). A alimentação dos
patos deve ter em consideração as diferentes fases de crescimento dos animais. O
alimento é disposto em comedouros manuais ou abastecidos por sistemas de
transporte de alimento e devem ter acesso livre e permanente a água limpa. É
importante haver locais onde os animais possam efetuar a sua limpeza e assim evitar
a disseminação de doenças. As necessidades relativas à água podem variar
consoante a espécie. Os patos de Pequim, habituados a climas mais frios, utilizam a
água para manter a sua temperatura corporal, enquanto que os patos da Barbárie,
adaptados a climas tropicais, não apresentam essa necessidade. Até às 3 semanas,
quando desenvolvem a penugem, é importante evitar que os patinhos se molhem
(FAO, 2010).

O piso ripado é proibido por questões de bem-estar e devem ser utilizados materiais
como palha ou aparas de madeira (V. Sandilands e P.M. Hocking, 2012). Após a saída
dos bandos, as camas devem ser totalmente renovadas. O controlo da densidade
populacional permite evitar conflitos entre os animais e disseminação de doenças, o
recomendado é entre 5 a 13 animais/m2 no caso dos patos da Barbárie e entre 6 a
15 animais/m2 para patos Pequim. O corte dos seus bicos é permitido para evitar
traumatismos por bicadas. Os machos e fêmeas podem ser criados em pavilhões
comuns, mas o abate das fêmeas deve ser feito às 10 semanas (em vez das 12
semanas em que são abatidos os machos), pois o seu crescimento é afetado pelos
machos que competem pelo alimento. O Conselho Europeu aconselha um máximo
de dezasseis horas diárias de luminosidade, seguido de um período de repouso
noturno contínuo, sem luz artificial, de pelo menos oito horas. (Regulamento (CE) nº
889/2008 de 5 de setembro).

6. Nutrição de patos
A elaboração dos regimes alimentares para patos deve ir de encontro às
necessidades dos animais em três fases distintas, existindo os regimes iniciação e
crescimento para animais destinados à produção de carne e um regime específico
para reprodutores (C. Scanes et al, 2003).

34
Para os patos a metionina, a lisina e treonina são aminoácidos limitantes. A metionina
é responsável pelo desenvolvimento das penas e ganho de peso corporal. A lisina
tem como principal função a síntese de proteína muscular. A treonina está envolvida
na produção de imunoglobulinas. O cálcio constitui cerca de 90% da casca do ovo e
cerca de 60 a 70% do esqueleto. Ao fornecer as quantidades adequadas é possível
evitar deficiências ao nível da produção, o peso e rigidez dos ovos. A riboflavina e a
niacina são duas vitaminas essenciais no crescimento e desenvolvimento dos patos.
A riboflavina (ou vitamina B2) é um importante oxidante, que protege as células do
stress oxidativo, enquanto a niacina (vitamina B3) é responsável pela biossíntese de
coenzimas. As dietas com teores insuficiências provocam deficiências do
desenvolvimento muscular e do esqueleto, refletindo-se em sinais de periose,
emplumação incompleta, fraco rendimento de carcaça e de qualidade da carne, bem
como mortalidade elevada (Fouad et al, 2018).

Na primeira fase, que vai desde a eclosão do patinho até às duas semanas seguintes,
o animal alimenta-se de uma dieta de iniciação que consiste em 2900 kcal/kg de
energia metabolizável, 20% de proteína bruta, 0.48% de metionina, 1.1% de lisina,
0.70% de treonina, 0.83% de cálcio, 10 mg/kg de riboflavina e 50 mg/kg de niacina
(Fouad et al, 2018).

Os animais com destino à produção de carne são alimentados com regimes que
assegurem boas taxas de crescimento e bom rendimento de carcaça. Entre as duas
e as seis semanas, é lhes fornecida a dieta de crescimento, com 3000 kcal/kg de
energia metabolizável, 18% de proteína bruta, 0.50% de metionina, 1% de lisina,
0.80% de treonina, 0.89% de cálcio, 6 mg/kg de riboflavina e 50 mg/kg de niacina.
Nesta fase, a dieta garante o bom desenvolvimento muscular e permite o crescimento
da plumagem (Fouad et al, 2018).

Os patos destinados à produção de ovos, requerem dietas que assegurem boas taxas
de produção de ovos, qualidade e peso dos ovos e ainda boas taxas de fertilidade e
eclosão. As dietas destinadas a reprodutores consistem entre 2500 a 2750 kcal/kg de
energia metabolizável, 17% de proteína bruta, 0.40% metionina, 0.80% de lisina,
0.60% de treonina, 3.60% de cálcio, 10 mg/kg de riboflavina e 25 mg/kg de niacina
(Fouad et al, 2018).

35
Um pato adulto necessita de, pelo menos, 2 litros de água por dia, pelo que devem
ter acesso permanente a água limpa (Fouad et al, 2018).

7. A agricultura biológica
A agricultura biológica é um sistema de produção vegetal e/ou animal que produz uma
ampla variedade de produtos agrícolas diferenciados, de elevada qualidade e que
respondem à procura crescente de alimentos produzidos através de práticas que não
sejam prejudiciais para o ambiente, a saúde humana e animal e ao bem-estar animal.
As técnicas agrícolas aplicadas visam a sustentabilidade e a preservação dos
recursos naturais, como o solo, a água, o ar e a biodiversidade. Recorre a espécies
adaptadas às condições locais, proíbe o uso de organismos geneticamente
modificados (OGM) e a aplicação de pesticidas e fertilizantes sintéticos, de
antibióticos, aditivos alimentares e auxiliares tecnológicos. A agricultura biológica
baseia-se sobretudo na utilização de medidas preventivas e de processos biológicos,
como é o caso da rotação das culturas (Regulamento (UE) nº2018/848, de 30 de
maio).

Assim, a produção biológica além de cumprir os requisitos de proteção ambiental da


PAC, garante uma produção agrícola sustentável. O aumento da procura de
produtos biológicos permite o desenvolvimento e expansão do mercado destes
produtos e consequentemente, o aumento da remuneração dos agricultores
envolvidos na produção biológica (Regulamento (UE) nº2018/848, de 30 de maio).

7.1 Evolução da agricultura biológica

As primeiras notificações relativas a superfície destinada a agricultura biológica em


Portugal, ocorreram em 1994, ocupando 7.183 hectares. A partir de 2017, face ao
novo regime de apoios, PDR 2020, houve um acréscimo de 19% de superfície em
agricultura biológica em Portugal (DGADR, 2019). O número de produtores de
produção biológica tem vindo sucessivamente a aumentar, atingindo em 2017 os
4267 produtores, o que representa um aumento de 13,8% face a 2013.

36
De acordo os dados recolhidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2016
a proporção da superfície agrícola em agricultura biológica corresponde a 5,1%. O
Centro e Alentejo são as regiões de Portugal que ocupam maior proporção da
superfície agrícola em agricultura biológica, com cerca de 7,2% e 6,2%,
respetivamente. No entanto, é na região Alentejo e Beira Interior que se localizam as
maiores explorações em agricultura biológica (DGADR, 2019).

De acordo com EUROSTAT, em 2018, a agricultura biológica na União Europeia


ocupava 13,4 milhões de hectares, o que corresponde a 7,5% da superficie agricola
total utilizada. Entre o ano 2012 e 2018 ocorreu um aumento de 34% da superficie
agricola em modo biológico e mantem-se com fortes perpectivas de evolução. As
maiores áreas, tanto em 2012 como em 2018, estão em Espanha, França, Itália e
Alemanha. Em 2018, representaram 55,5 % do total de superficie em agricultura
biológica na União Europeia. No oposto, encontra-se Malta com apenas 0,4% da
superficie total destinada à agricultura biológica.

A nivel Europeu a carne bovina de origem biológica apresentou a maior participação


de mercado (1,7 %) seguida da carne de ovinos e caprinos (0,7%), suína (0,3 %) e
aves (0,3%). Actualmente, a América do Norte detém o maior crescimento de
agricultura biológica em todo o mundo, sendo o setor da carne o que mais contribui
para esse crescimento (Napolitano et al, 2009).

7.2 Regulamentação e Certificação

A produção biológica tem sido regulada desde 1991, segundo o Regulamento (CEE)
n.°2092/91. Os produtos de origem biológica são distinguidos, a nível europeu, com
um logótipo. O logótipo indica que o produto foi produzido em conformidade com as
respetivas normas da União Europeia e sujeito a um sistema de controlo e
certificação. Após o Regulamento (UE) nº 271/2010 da Comissão de 24 de Março de
2010, entrou em vigor o novo logótipo biológico da EU (figura 15).

37
Figura 15: Logótipo da Agricultura Biológica. Fonte: ENAB.

A certificação dos produtos biológicos na União Europa obedece a um sistema de


controlo rigoroso, com verificações realizadas uma vez por ano desde a produção
primária, transporte, abate, desmancha e distribuição até chegar ao consumidor final
(Regulamento (UE) nº 2018/848, de 30 de maio). Em Portugal, a certificação de
produção biológica é realizada por 11 organismos de controlo privados, acreditados
pelo Instituto Português da Acreditação e Certificação (IPAC).

7.3 Mercado Biológico e Qualidade dos produtos

O crescente interesse dos consumidores em alimentos biológicos, resulta


essencialmente numa maior consciencialização do impacto da agricultura tradicional
no meio ambiente e saúde humana. Os meios de comunicação social desempenham
um papel fundamental na divulgação de informação sobre os benefícios e qualidade
de excelência destes produtos para a saúde humana, sustentabilidade e bem-estar
animal, influenciado a decisão de compra dos consumidores (Pitt et. al, 2017).

Os consumidores regulares de produtos biológicos, são também fisicamente mais


ativos e menos propensos a fumar (Mie A., 2016). No geral, possuem elevado nível
de instrução, com maior acesso a informação e conhecimentos, bem como
rendimentos superiores que lhes permitem pagar preços superiores em relação aos
produtos convencionais. Maioritariamente, são as mulheres as principais
consumidoras, isto porque, são as responsáveis pelas compras domésticas e acabam
influenciadas pelos benefícios destes produtos ao nível da saúde e sustentabilidade
ambiental (D. Pearson et al, 2010).

38
Em Portugal, o comércio de produtos biológicos faz-se principalmente em mercados
de rua, lojas especializadas, lojas on-line e entregas ao domicílio. Desta forma, é
possível aos produtores biológicos venderem os seus produtos regularmente a preços
acessíveis, reduzir os custos logísticos associados e ainda garantir maior
sustentabilidade económica e ambiental (AGROBIO, 2020).

Por forma a dar resposta às necessidades deste nicho de mercado, tem ocorrido um
maior investimento das cadeias de grande distribuição na sua produção e
comercialização, o que pode contribuir para reduzir a diferença de preços atual entre
produtos biológicos e convencionais (Napolitano et al, 2009).

Em Portugal, a informação disponível provém de questionários elaborados ao


comércio retalhista e produtores com venda direta ao consumidor. Nesse sentido, o
sector é constituído principalmente por pequenas empresas que comercializam
exclusivamente produtos biológicos. Os frutos e vegetais frescos representam
maioritariamente os produtos biológicos comercializados.

Determinados estudos indicam que os produtos de animais criados em modo


biológico apresentam um teor significativamente superior de ácidos gordos poli-
insaturados (23%), ómega 3 (47%) (Mie, 2016) e ferro (Castellini et al. 2002) quando
comparados com animais criados em sistemas convencionais. Deste modo, a
produção destes animais em modo biológico resulta em características particulares
que tornam a carne destes animais mais suculenta e saborosa (Castellini et al. 2002),
com qualidade nutricional e sensorial de excelência.

8. Produção Animal biológica

A existência de sistemas integrados de produção vegetal e animal na própria


exploração, permitem maximizar a troca de nutrientes e assegurar o mínimo impacto
de poluição sobre os recursos naturais como o solo e a água. Os estrumes
provenientes da produção animal fornecem matéria orgânica e nutrientes necessários
à fertilização das culturas de produção vegetal destinada à alimentação animal,
contribuindo para a melhoria dos solos e desenvolvimento da agricultura sustentável.

39
A produção animal biológica assenta em regras especificas e exigentes, a nível de
alimentação, alojamento e prevenção de doenças, que asseguram a saúde e bem-
estar animal, tendo em consideração as necessidades comportamentais de cada
espécie ao longo de toda a produção. (Regulamento (UE) nº 2018/848, de 30 de
maio). Neste modo de produção, a eficiência produtiva destes animais é menor, uma
vez que as taxas de crescimento e peso ao abate são menores, em resultado do
aumento da atividade física e gastos energéticos em termorregulação (Matt et al,
2011).

8.1 Período de conversão

Os animais de produção biológica devem nascer ou ser chocados e criados em


unidades de produção biológica. Caso os animais de produção biológica não estejam
disponíveis em quantidade ou qualidade para o agricultor constituir pela primeira vez
o seu efetivo ou ainda para aumentar ou renovar os seus efetivos, é possível recorrer
a animais de produção não biológica. Após respeitado o período de conversão os
produtos podem ser considerados biológicos (Regulamento (UE) nº 2018/848, de 30
de maio).

8.2 Reprodução

Quanto à reprodução dos animais de produção biológica deve utilizar-se


preferencialmente métodos naturais, no entanto é autorizada a inseminação artificial.
A clonagem e a transferência de embriões não são permitidas. É proibido a indução
ou impedimento dos comportamentos reprodutivos através de tratamentos hormonais
ou outras substâncias com efeito semelhante, exceto sob a forma de tratamento
terapêutico veterinário (Regulamento (UE) nº 2018/848, de 30 de maio).

8.3 Seleção

Na seleção das raças ou estirpes, deve ter-se em consideração as características


importantes para a agricultura biológica, como um alto grau de diversidade genética,
o valor genético, a longevidade, a vitalidade, a capacidade de se adaptar às condições
locais e a sua resistência às doenças ou a problemas de saúde. Na seleção dos
animais, deve ser dada preferência às raças autóctones ou estirpes de crescimento

40
lento adaptadas à produção ao ar livre (Regulamento (UE) nº 2018/848, de 30 de
maio).

8.4 Alimentação

Os animais devem ser alimentados com matérias-primas produzidas de acordo com


o modo biológica e preferivelmente provenientes da própria exploração, tendo sempre
em consideração as necessidades fisiológicas dos animais nas diversas fases de
crescimento. No modo de produção biológico, a alimentação deve conter pelo menos
30% dos alimentos produzidos na própria exploração. Caso não seja possível, devem
ser produzidos na mesma região. As rações fornecidas diariamente devem
contemplar forragens grosseiras, frescas, secas ou ensiladas. Estes animais devem
também ter acesso a pastagens biológicos na sua área de livre acesso ao exterior. É
proibido a incorporação de promotores de crescimento ou aminoácidos sintéticos. Por
forma, a atender por completo às necessidades nutricionais dos animais e em
situações bem especificadas, pode ser autorizada a incorporação de determinadas
matérias-primas de origem microbiana ou mineral, aditivos e auxiliares tecnológicos.
No caso, do agricultor não conseguir obter alimentos proteicos através do modo
biológico é possível incluir alimentos proteicos não biológicos após autorização
(Regulamento (UE) nº 2018/848, de 30 de maio).

8.5 Alojamento dos animais e práticas de maneio

Os animais devem ter acesso sempre que possível a um espaço ao ar livre que pode
ser parcialmente coberto. Contudo, deve considerar-se o encabeçamento para evitar
o sobrepastoreio, a compactação dos solos, a erosão e a poluição causada pelos
animais ou o espalhamento do seu estrume. O encabeçamento não pode exceder
170 kg de azoto orgânico por ano e por hectare de superfície agrícola (Regulamento
(CE) nº 889/2008 de 5 de setembro). As instalações devem conter zonas de repouso
cobertas de cama do tipo palha, aparas de madeira, areia ou turfa. O alojamento dos
animais não pode conter solo húmido. O isolamento, o aquecimento e a ventilação do
edifício devem assegurar que a circulação do ar, o nível de poeiras, a temperatura, a
humidade relativa do ar e a concentração em gases se encontram dentro de limites
que garantam o bem-estar dos animais. Os edifícios devem permitir a entrada de luz
e ventilação naturais suficientes. Em produção biológica não é permitido a utilização

41
de jaulas ou compartimentos individuais (Regulamente (UE) nº 2018/848 de 30 de
maio). A densidade populacional deve proporcionar espaço suficiente para os animais
executarem todas as posições e movimentos naturais da sua espécie.

8.6 Bem-estar animal e prevenção de doenças

A produção biológica visa garantir que os animais ao longo de todo o processo


produtivo estão livres de dor ou perturbação, garantindo todas as condições
necessárias para que se desenvolvam com saúde e bem-estar. Nesse sentido, é
imprescindível que as pessoas responsáveis por estes animais quer na produção,
transporte ou abate tenham formação adequada. A duração do seu transporte deve
ser reduzida ao mínimo e a sua carga e descarga deve ocorrer sem recurso a alguma
estimulação dolorosa para os forçar ou ao uso de calmantes (Regulamento (UE) nº
2018/848, de 30 de maio).

A produção em modo biológico envolve riscos microbiológicos maiores devido à


produção de animais ao ar livre e à proibição de medicação profilática. Assim, a
gestão da saúde animal assenta na prevenção de doenças. Para isso, devem
selecionar-se raças e estirpes que se adaptem bem às condições locais e que sejam
resistentes a doenças, a alimentação deverá ser de boa qualidade, a densidade
populacional adequada e deve incentivar-se o exercício dos animais.

Caso seja necessário restabelecer a saúde e bem-estar do animal de imediato,


poderá ser autorizado a utilização de medicamentos. No entanto, a sua utilização
deve ser de 48 horas e os animais ficam sujeitos a um intervalo de segurança duas
vezes superior ao normal (Regulamento (UE) nº 2018/848 de 30 de maio).

8.7 Abate

A Direcção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGAGR) emitiu uma nota


de esclarecimento sobre o abate e desmancha de animais produzidos segundo os
princípios do modo biológico. O abate dos animais biológicos é efetuado em unidades
de abate e salas de desmancha devidamente aprovados pela Direcção-Geral de
Alimentação e Veterinária (DGAV) e preferencialmente na respetiva área geográfica
de produção.

42
Os animais de produção biológica são separados dos outros animais de produção
não biológica e devem ser os primeiros ou últimos a ser abatidos, constituindo uma
série completa ininterrupta. A linha de abate deve ser previamente limpa e desinfetada
com os produtos autorizados no Regulamento (CE) n.º 889/2008, para evitar riscos
de contaminação. O armazenamento da carne e produtos deve ser separado dos
produtos não biológicos. As unidades de abate devem registar todas as operações
efetuadas e quantidades no abate e desmanchadas e assegurar a identificação dos
lotes para evitar trocas com carnes de origem não biológica.

9. Produção Animal Biológica Nacional


Este modo de produção tem vindo a dinamizar as explorações pecuárias em regime
extensivo, verificando-se um aumento nos últimos anos. Os efetivos pecuários com
maior número de cabeças em produção biológica são bovinos, ovinos e aves e por
isso, com base nos dados fornecidos pela DGADR, a figura 16 representa a evolução
dos efetivos pecuários entre 2002 e 2017. Em 2017, as espécies com maior
expressividade em modo de produção biológico em Portugal, foram os ovinos e
bovinos, com cerca de 40,0% e 38,1%, do efetivo nacional total em produção
biológica. Como referido anteriormente, é na Região Alentejo e Beira Interior que se
localizam principalmente estes efetivos (DGADR, 2019).
Ao longo do período em estudo, o efetivo das aves sofre algumas flutuações. Os
decréscimos mais marcantes são referentes aos anos de 2008, 2012 e 2016, em
consequência da recessão económica e das elevadas taxas de desemprego. Os
produtos alimentares biológicos caracterizam-se uma qualidade de excelência,
contudo o seu valor comercial é também mais elevado, pelo que durante estas fases
poderá ter diminuído a sua procura. No entanto, os últimos 3 anos apresentam um
acréscimo significativo nos efetivos de aves em produção biológica. Maioritariamente,
representado por galinhas poedeiras (DGADR, 2019).
As aves representam apenas 15,4% do efetivo nacional total em produção biológica,
tendo maior expressividade na Região da Beira Litoral e na Região Ribatejo e Oeste.
A dimensão média por produtor é cerca de 766 aves (DGADR, 2019).

43
140000

120000

Efetivos animais (nº) 100000

80000

60000

40000

20000

0
2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2017

Bovinos Ovinos Aves

Figura 16: Evolução do efetivo pecuário em Agricultura Biológica entre 2002 e 2015,
em Portugal Continental. Fonte DGADR.

9.1 Produção biológica de Patos


Na produção biológica de patos deve respeitar-se a idade mínima de abate, que no
caso dos patos Pequim são 49 dias, para fêmeas de patos da Barbárie são 70 dias,
para machos de patos da Barbárie são 84 dias e para patos Mullard são 92 dias
(Regulamento (CE) nº 889/2008 de 5 de setembro). Se houver necessidade de
introduzir patos com menos de três dias de produção não biológica na exploração e
para que possam ser vendidos como produtos biológicos, estes devem ser criados de
acordo com as regras de produção biológica pelo menos durante 7 semanas
(Regulamento (UE) nº 2018/848, de 30 de maio).

Nos alojamentos dos patos, pelo menos um terço da superfície deve ser uma
construção sólida, não ripada, e deve ser coberta de palha, aparas de madeira, areia
ou turfa. As instalações devem no limite conter 4 000 fêmeas Barbárie ou fêmeas de
Pequim, 3 200 machos Barbárie ou machos de Pequim. As aberturas das instalações
devem respeitar um comprimento total de pelo menos 4 m por 100 m 2 de superfície
das instalações. A área total utilizável das instalações de uma única unidade, não
pode exceder 1 600 m2. Para garantir um máximo de dezasseis horas diárias de
luminosidade, a luz natural pode ser complementada artificialmente, seguido de um
período de repouso noturno contínuo, sem luz artificial, de pelo menos oito horas.
(Regulamento (CE) nº 889/2008 de 5 de setembro).

44
Os patos não podem ser mantidos em gaiolas e devem ter acesso continuo a uma
área ao ar livre e durante pelo menos um terço da sua vida. As zonas ao ar livre,
devem apresentar cerca de 2 m2 por pato Barbárie ou Pequim e 3 m2 por pato Mullard
e estar maioritariamente cobertas de vegetação (Regulamento (CE) nº 543/2008 de
16 de Junho de 2008).

A alimentação destes animais deve ser de origem biológica e se os alimentos


disponíveis na zona de pasto forem limitados, deve incorporar-se forragens
grosseiras. Os patos devem ter acesso a um curso de água, charco, lago ou tanque
por forma a respeitar as necessidades e os níveis de bem-estar dos animais. Após a
saída de cada bando, os equipamento e acessórios devem ser desinfetados e os
parques exteriores devem permanecer desocupados para permitir que a vegetação
torne a crescer. A produção biológica pretende oferecer o máximo de bem-estar aos
animais, o sofrimento animal deve ser minimizado, pelo que o corte do bico nos
primeiros 3 dias de vida só é permitido excecionalmente e a depena de aves viva é
proibida (Regulamento (UE) nº 2018/848, de 30 de maio).

A produção biológica de patos em Portugal está muito pouco desenvolvida pelo ocorre
principalmente em pequenas produções, onde os animais são alimentados de sobras
das produções vegetais. Esta produção ocorre maioritariamente em simultâneo com
a produção de frangos, sendo posteriormente vendidos em mercados e fóruns online
de produtos biológicos.

10. Objetivo do projeto


O presente projeto tem como principal objetivo a planificação de uma exploração de
produção de patos em modo biológico. Este projeto surge com o intuito de produzir
carne destinada ao consumo humano e a sua comercialização a este nicho de
mercado, face ao crescente consumo de carne de pato e procura por produtos de
origem biológica.
A carne de pato biológica destinar-se-á a consumidores dispostos a pagar um preço
premium por um produto certificado e de elevada qualidade

45
10.1 Memória descritiva e justificativa

10.1.1 Localização

A exploração localizar-se-á em São Martinho do Porto, freguesia do concelho


de Alcobaça, distrito de Leiria (Oeste). Esta vila apresenta uma área de 14,64 km² e
apresentava em 2011 cerca de 2 868 habitantes. O terreno selecionado para a
implementação da exploração de patos em modo biológico está localizado em São
Martinho do Porto, junto à Estrada Nacional 242.

De acordo com o Sistema de Köppen, o clima da região caracteriza-se é Csb. Em


São Martinho do Porto, o clima é temperado com Invernos chuvosos e Verões pouco
quentes. A pluviosidade média anual é de 694 mm e a temperatura média é 15.6 °C.

A área total deste terreno é aproximadamente 7 500 m². Na figura 17, está
representado o terreno que será utilizado neste projeto.

Figura 17: Terreno utilizado pela empresa. Fonte: GoogleMaps.

10.1.2 Organização da empresa

A empresa, designada PatoNatura, requer uma estrutura organizacional simples,


dado se tratar de uma empresa pecuária de pequena dimensão.

O proprietário, Engenheiro Zootécnico, é o responsável pela gestão administrativa,


financeira e da produção. Este possui conhecimentos técnicos e científicos ao nível
da produção biológica de patos. Deve certificar-se que a produção obedece as regras
imperativas ao modo de produção biológico, bem como planear o maneio dos animais
e ajustar os parâmetros de produção sempre que necessário.

46
Será contratado também um funcionário indiferenciado que irá prestar auxílio ao
engenheiro zootécnico no maneio dos animais: receber e instalar os bandos,
alimentar os animais, verificar as condições das pastagens e dos equipamentos.

10.2 Objetivos de Produção


O principal objetivo da exploração é a produção de carne de pato Pequim criada em
modo biológico. O efetivo será composto por 1080 patos Pequim, divididos em quatro
pavilhões e respetivos parques exteriores distintos.

10.2.1 Instalações e Equipamentos

A exploração pecuária será composta por três zonas distintas: de produção, de


armazenamento e social e administrativa. A zona social será destinada ao Engenheiro
Zootécnico e funcionário, e consistirá em um escritório, uma área de refeições e uma
casa de banho. Esta zona terá aproximadamente 30 m 2. A zona de armazenamento,
está projetada com uma área de 50 m2 para armazenar alimentos e equipamentos.

A zona de produção animal está dimensionada, de acordo com as recomendações


do modo de produção biológico. Cada pavilhão terá 270 patos, com uma área de 30
m2 (10 metros de comprimento e 3 metros de largura) e a respetiva pastagem de
550m2 (25 metros de comprimento e 22 metros de largura). Existirá ainda uma área
de pastagem para corte, destinada à cultura de milho biológico. Na figura 18, está
representada a disposição de cada pavilhão e a sua pastagem, armazém, zona social
e pastagem para corte.

47
Figura 18: Representação das várias áreas no terreno. Realizado através do
GoogleMyMaps.

Os pavilhões e respetivas pastagens, esquematizados na figura 19, serão dispostos


a Oeste, por forma a receber radiação uniforme durante todo o ano. As paredes serão
edificadas com 3 metros de altura, em alvenaria e o telhado de chapa metálica
revestido com agropainel (painel com isolamento em poliuretano). A planta de cada
pavilhão, apresentada na figura 20, apresenta as 5 aberturas de 1 metro de
comprimento e 1 metro de altura, por onde os patos terão acesso livre ao parque
exterior. Contemplada também na planta, está a porta de entrada com cerca de 3
metros de comprimento para facilitar a entrada de equipamentos.

48
Figura 19: Esquema representativo do pavilhão com a pastagem.

Figura 20: Planta do interior do pavilhão.

Os pavilhões têm janelas e aberturas, para a passagem de luz colocadas por forma a
assegurar uma iluminação homogénea em toda a instalação. No entanto, a instalação
de 3 lâmpadas permite complementar as 16 horas de luz diárias. Por forma a garantir
uma temperatura adequada ao crescimento dos patinhos, serão também adicionadas
3 lâmpadas de aquecimento, suspensas a 0,50 metros do pavimento. Como a
densidade populacional não é elevada, a ventilação será natural. As janelas
existentes e aberturas para a zona exterior, permitem controlar a temperatura, a
humidade do ar e eliminar os gases nocivos através da renovação constante de ar.

49
No interior dos pavilhões, representado na figura 21, o pavimento será composto por
cimento e revestido com palha, comprada a outra exploração.

Figura 21: Representação do interior do pavilhão.

Os comedouros devem estar dispersos em linha com 1,5 metro entre cada e os
bebedouros devem estar dispostos com distância de 0,5 metro. Cada pato deve ter
acesso a 10 cm de comprimento nos comedouros e a 2,5 cm nos bebedouros. Assim,
cada pavilhão estará equipado com 10 comedouros manuais com capacidade para 5
kg de alimento e 20 bebedouros manuais com capacidade de 5L de água,
representado na figura 22.

Figura 22: Comedouro de 5kg e bebedouros de 5L. Fonte: Saidacasca.

50
O parque exterior, representado na figura 23, deverá conter uma área mínima de 2 m 2 por
pato e estar maioritariamente coberto por vegetação. Existirá um lago, com 2 metros de
largura por 5 metros de comprimento, onde os patos possam nadar e tomar banho e 4
bebedouros de 5L

Figura 23: Representação dos pavilhões e respetivos parques exteriores.

Cada área exterior estará vedada por cercas com rede galvanizada em PVC e ripas
de madeira enterradas a 50 cm de profundidade e com uma altura de 1,50 metros.
Assim, é possível prevenir a entrada de predadores e a saída das aves. Para isso, é
necessário estacas de madeira e rede com 188 metros de comprimento e 2 metros
de altura.

10.2.2 Animais

Na implementação desta exploração foi escolhida a espécie pato Pequim, com base
na sua elevada rusticidade, altas taxas de crescimento, boa condição corporal e
qualidade da carne. O seu comportamento dócil e fraca apetência de voo em virtude
de ser um animal pesado, trazem vantagens à utilização deste animal.

Os patinhos do dia serão adquiridos à empresa Marinhave S.A, sendo uma empresa
de referência do sector avícola, em Portugal, que se dedica exclusivamente à
produção de patos. Os patos são recebidos com idade inferior a 3 dias, de modo a
cumprir regras do modo de produção biológico.

51
O funcionário garantirá que os pavilhões apresentam as condições necessárias à
entrada dos animais. Devem ser previamente limpos e desinfetados com produtos
homologados pelo modo de produção biológico e as camas preparadas. Os
comedouros e bebedouros devem estar cheios.

Durante a receção dos animais, assegurar-se-á o bem-estar dos animais bem como
a distribuição pelas respetivas áreas de produção. Durante a primeira semana, ficam
sujeitos a uma área limitada do pavilhão, sob lâmpadas de aquecimento, por forma a
garantir a temperatura de 30ºC. A cada semana deve reduzir-se 3ºC até à terceira
semana, quando a plumagem já permite manter a sua temperatura corporal. A partir
da terceira semana, os animais terão acesso ao parque exterior. Os patos apenas
são mantidos encerrados durante a noite sendo alimentados nesse período.

A exploração iniciará a sua atividade com 270 patinhos do dia, estando considerada
uma mortalidade total de 4%. Os animais serão adquiridos a um preço de 0,55€/
animal, pelo que cada bando custará 148,50€.

Os patos comprados à Marinhave S.A estarão previamente vacinados e não serão


necessárias outras medidas profiláticas. Os animais serão abatidos às sete semanas,
com 3 kg de peso vivo.

10.2.3 Gestão de Produção

A Marinhave S.A, está a 110 km de distância, pelo que o transporte até a exploração
demorará cerca de 2h.

A primeira etapa é a receção dos patinhos que serão encaminhados para os pavilhões
(previamente preparados como descrito anteriormente). Inicialmente ficarão limitados
a uma pequena área do pavilhão sob o aquecimento de uma lâmpada. A temperatura
deverá ser reduzida (cerca de 3ºC) a cada semana e o seu acesso à restante área do
pavilhão aumentada. Às 3 semanas, os patos apresentam plumagem suficiente para
regular a sua temperatura corporal o que lhes permitirá acesso total ao pavilhão e ao
parque exterior. Os patos apenas são mantidos no interior do pavilhão durante a
noite, por forma a protegê-los das condições meteorológicas e de predadores.
Durante este período, têm alimento e água à disposição.

52
A saída de animais começa a partir do 49º dia, idade mínima de abate, sendo
escolhidos os patos que apresentarem melhor condição corporal. Como o
crescimento dos machos é mais rápido do que das fêmeas, pressupõe-se que serão
estes os primeiros a sair. Os animais que apresentem menor condição corporal
continuarão no pavilhão, até ao fim do segundo mês de crescimento. A apanha das
aves será realizada manualmente pelos funcionários. O abate ocorrerá no matadouro
Nutriaves Lda, a 25 minutos da exploração, pelo que o transporte dos animais será
feito em 45 minutos.

Após a saída de cada bando, efetuar-se-á um vazio sanitário, com a duração de um


mês, aos pavilhões. Conforme a legislação referente ao modo de produção biológica,
os pavilhões e e equipamentos serão limpos e desinfetados com água e com
hipoclorito de sódio (lixivia líquida).

O engenheiro zootécnico deverá manter os registos durante seis meses a seguir à


expedição, do número de aves, apresentando igualmente o número de aves vendidas,
os nomes e endereços dos compradores e as quantidades e origem dos alimentos
para animais.

O plano de produção anual, apresentado na figura 24, foi esquematizado tendo em


consideração que o pato Pequim biológico é um produto novo e exclusivo no
mercado, com um preço acima da média, sendo a sua aceitação por parte do
consumidor imprevisível. No esquema elaborado, o primeiro dia de saída dos animais
ocorrerá ao 19º dia do segundo mês de produção, quando os animais completam os
49 dias de idade mínima para abate. Quando o 19º dia ocorre num fim de semana,
exceções que ocorrem nos pavilhões 2 e 3 nos meses junho, setembro e dezembro,
a saída destes animais iniciar-se-á na próxima segunda-feira, dia 21 e 20,
respetivamente.

O período dos 49 dias de idade até fim do segundo mês de produção, permite não só
que o desenvolvimento dos animais com menor condição corporal, mas possibilita
também que haja disponibilidade de patos para venda ao longo da produção. De
seguida, ocorre um vazio sanitário mais longo que o convencional, com duração de
um mês, que tem em conta prevenir que se intensifique a quantidade de patos
produzidos e assim que a produção exceda a procura. Apesar das limitações

53
mencionadas, este plano de produção anual maximiza a produção tal como se
descreverá na análise financeira.

54
Legenda: Animais em crescimento; Vazio sanitário; 1º dia de saída de animais;

Figura 24: Esquema de produção anual.


.

55
10.2.4 Maneio Alimentar

A alimentação dos patos será assegurada pelo alimento composto biológico


específico para a sua produção, comprado à empresa nacional, Diamantino Coelho e
Filhos, S.A.. O pastoreio irá complementar a alimentação destes animais.

Após acesso à área exterior, estes permanecerão soltos durante o dia, deambulando
livremente, à procura de comida. No interior do pavilhão, têm alimento composto e
água à disposição.

A alimentação representa um custo significativo na produção destes animais. Ao


longo da produção dos patos, será necessário fornecer duas rações distintas por
forma a satisfazer as necessidades nutricionais nas diferentes fases de crescimento.
Até serem mantidos no interior do pavilhão, 3 semanas, será fornecida o alimento de
iniciação, seguindo-se o alimento de crescimento até à idade de abate.

O alimento composto fornecido nas primeiras três semanas garante um bom


desenvolvimento corporal do pato, assim como previne deficiências ao nível das patas
e emplumação. O alimento biológico é composto por trigo, cevada, bagaço de soja,
milho, carbonato de cálcio, fosfato de bicálcico, premix e sal. O alimento de iniciação
fornecerá 2900 kcal/kg de energia metabolizável, enquanto que o alimento de
crescimento fornecerá 3000 kcal/kg de energia metabolizável. A composição analítica
do alimento composto de iniciação e de crescimento está representada no quadro 1.

56
Quadro 1: Composição do alimento composto de iniciação e de crescimento. Fonte:
Diamantino Coelho e Filhos, S.A.

Constituintes Analiticos Iniciação Crescimento

Proteina Bruta 20% 18,50%


Matéria Gorda Bruta 7,80% 8,40%
Fibra Bruta 4,20% 4,00%
Cinza Bruta 6,40% 8,90%
Cálcio 1,10% 1,00%
Fósforo 0,62% 0,58%
Sódio 0,16% 0,15%
Metionina 0,63% 0,52%
Lisina 1,31% 1,13%

A pastagem para corte será composta por uma pastagem natural com coberto vegetal de
árvores e arbustos. Contudo, o alimento composto satisfaz todas as suas necessidades
nutricionais, pelo que os nutrientes fornecidos pela pastagem não são contabilizados
no cálculo da quantidade de alimento ingerido. No quadro 2, apresenta-se a
quantidade de alimento que será distribuída por pavilhão, dos dois alimentos, de
acordo com os valores obtidos pelo INRA e pela Cherry Valley.

Quadro 2: Consumo esperado de alimento composto para produção de um lote de


animais.

Alimento Composto
Iniciação Crescimento
idade (semanas) 0 às 3 4 às 5 6 às 8
consumo por animal (kg) 0,5 0,75 4

De acordo com o quadro 2, o consumo médio de alimento composto de iniciação será


135 kg de alimento e 1282,5 kg de alimento de crescimento.

57
11. Caracterização do produto
11.1 Fundamentação para a existência de mercado e clientes

A carne de pato é extremamente saborosa e muito valorizada no mercado. No


entanto, as condições de bem-estar dos patos na produção de carne e foie gras são
um motivo controverso há variadíssimos anos. O aumento do poder financeiro das
famílias portugueses ao longo das últimas décadas permitiu aumentar a procura e
diversidade de bens alimentares consumidos. De acordo com a análise dos dados
recolhidos pelo INE, anteriormente descrita, a produção de carne de pato tem vindo
a aumentar, sendo que no período de 2001 a 2019, teve um crescimento de 42%.

Adicionalmente, os hábitos de consumo dos portugueses têm vindo a alterar-se. O


interesse por um estilo de vida mais saudável e a preocupação da agricultura
tradicional sobre o ambiente, leva aos consumidores a optarem por bens alimentares
benéficos à saúde e ao ambiente. Outro aspeto que tem tido relevância no momento
de compra, é o modo de produção dos animais, optando por práticas de produção
que garantam o bem-estar animal. Deste modo, e como já referido anteriormente, a
procura por produtos de origem biológica tem sido significativamente crescente.

As perspetivas apresentadas pela ENAB, como os apoios financeiros aos produtos


biológicos e aumento da área agrícola destinada à agricultura biológica são vantagens
adicionais para a implantação deste novo segmento avícola.

A PatoNatura pretende colocar no mercado um produto diferenciado, essencialmente


caracterizado por ser nacional e biológico. O pato criado em modo biológico produz
uma carne de elevado valor nutricional e organolético. Esta carne é rica em ácidos
gordos polinsaturados tornando-a particularmente saborosa e suculenta, graças ao
modo de produção que permite aos animais terem acesso livre a pastagens,
alimentação biológica e reduzidos níveis de stress. Este produto é livre de
conservantes adicionais, pelo que deve ser consumido fresco.

De acordo com as novas exigências de mercado, a empresa acredita que o pato


biológico irá distinguir-se de forma positiva. O principal mercado será junto dos
consumidores de produtos biológicos, contudo a sua excelente qualidade terá
também recetividade junto dos restantes consumidores.

58
11.2 Estratégia comercial

A PatoNatura pretende iniciar a comercialização do pato biológico em lojas


especializadas de produtos regionais e/ou biológicos, mercados regionais, mercados
AgroBio, restaurantes regionais e empresas de transformação de produtos cárneos.
Por forma a diversificar a oferta, existirá uma loja online associada ao site e redes
sociais da PatoNatura. Nesta fase, o produto poderá ser adquirido diretamente no
matadouro pelo que a distribuição não é da responsabilidade da empresa.

Primeiramente, os locais de venda serão essencialmente em regiões da zona Oeste,


como São Martinho do Porto, Alcobaça, Nazaré, Caldas da Rainha, Torres Vedras e
Leiria. No entanto, é do interesse da empresa expandir o seu produto a outras regiões
nacionais e colocar o pato biológico em supermercados.

A promoção deste produto irá ocorrer principalmente por marketing de influência,


estratégia que ocorre ao nível das plataformas digitais como Instagram e Facebook.
Esta estratégia comercial consiste em dar a conhecer o nosso produto através de
utilizadores que estabelecem uma relação de confiança com o seu público e
interferem nas suas decisões de potenciais clientes.

Através das nossas plataformas digitais daremos a conhecer a exploração, a


produção biológica, o modo de vida dos nossos patos, bem como os benefícios
aliados ao consumo do pato biológico.

Os patos devem ser embalados e deve ser-lhes colocado o rótulo da PatoNatura,


representado na figura 25. No rótulo está representado o logótipo da empresa,
informação quanto à origem e modo de produção, indicações quanto à conservação
e estará também o logótipo da agricultura biológica.

Criação nacional e biológica


Conservar no frigorifico
Consumir até: ver validade

59
Figura 25: Rótulo da PatoNatura.

12. Análise da rentabilidade económica


A análise da rentabilidade económica permite prever o valor que o projeto irá gerar
para a empresa, com base nas previsões e estimativas anteriormente descritas.

O objetivo será avaliar criteriosamente os benefícios e os custos resultantes da


execução deste projeto de investimento. Nesse sentido, projeto de investimento
engloba o conjunto de entradas e saídas de capitais que ocorrem ao longo da vida
útil do projeto e os respetivos custos iniciais de investimento.

A análise financeira deste projeto prevê um período de vida útil de 12 anos e assenta
num conjunto de critérios que procuram estabelecer parâmetros de viabilidade.

A empresa iniciará a sua atividade em 2021, sendo que os primeiros animais irão para
abate em meados de fevereiro.

12.1 Plano de produção

O objetivo deste projeto, de acordo com o esquema de produção (figura 23), prevê
produzir em média 4147 patos anualmente, com um peso médio de 3 kg. Cada pato
será vendido a um preço médio de 20€. Espera-se com a concretização deste projeto,
que as receitas obtidas anualmente pela venda dos animais seja 62210 euros.

12.2 Plano de investimento

O plano de investimento consiste na descrição do investimento inicial e de


substituição ao longo da vida útil do projeto. Admitiu-se que o projeto terá um período
de vida útil de 12 anos.

Para a implementação deste projeto, foram considerados os custos de equipamentos,


materiais e terreno no cálculo do investimento inicial, representados no quadro 3. Os
valores dos custos foram obtidos através diversos pedidos de orçamentos a
empresas.

60
Não foram previstos os custos de manutenção, uma vez que o tempo útil do projeto é
inferior ao tempo de vida do projeto. Prevê-se apenas que no sexto ano sejam
substituídos os comedouros, bebedouros e lâmpadas.

Quadro 3: Cálculo do investimento inicial.

Equipamentos, materiais e
Valor Unitário (€) Valor Total (€)
terreno
Terreno 26000 26000
Pavilhões 7000 28000
Comedouros 2,45 98
Bebedouros 2,50 200
Lâmpadas de iluminação 1,50 18
Lâmpadas de aquecimento 4 48
Vedações 2,83/m 532
Zona Social 10000 10000
Armazém 6000 6000
Total 70 896

Com base nos valores apresentados no quadro 3, a concretização do projeto


PatoNatura requer um investimento inicial no valor de 70 896 euros.

12.3 Plano de exploração

O plano de exploração toma em conta as receitas e despesas de exploração anual


durante a vida útil do projeto (Avillez et. al 2006).
As despesas representam os custos anuais que a exploração terá e estes estão
representados no quadro 4. Os custos foram subdivididos em: mão-de-obra, que
contempla os salários dos funcionários; os consumos intermédios, que no caso da
exploração será a energia, água, higienização e camas; a aquisição de serviços, que
representam os custos de alimentação, abate e compra de animais; e os gastos
gerais, que representam todos os outros gastos que não foram descritos nos custos,
mas que terão representação para os custos anuais.

61
Quadro 4: Cálculo dos custos de exploração (em €).
Ano
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 11 12
Mão-de-obra
Trabalhador 9000 9000 9000 9000 9000 9000 9000 9000 9000 9000 9000 9000
Responsável 13200 13200 13200 13200 13200 13200 13200 13200 13200 13200 13200 13200
Consumo
Intermédios
Eletricidade+
1800 1800 1800 1800 1800 1800 1800 1800 1800 1800 1800 1800
Água
Higienização
100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
e camas
Aquisição de
serviços
Animais 2376 2376 2376 2376 2376 2376 2376 2376 2376 2376 2376 2376
Ração 15330 15330 15330 15330 15330 15330 15330 15330 15330 15330 15330 15330
Abate +
557 557 557 557 557 557 557 557 557 557 557 557
transporte
Diversos
Gastos
400 400 400 400 400 400 400 400 400 400 400 400
gerais (2%)
Total 42758

De acordo com os valores estudados no quadro 4, estima-se que o custo de


exploração seja de aproximadamente 43 000 € por ano de produção.

13. Análise de rentabilidade dos capitais envolvidos


A análise de rentabilidade de um projeto de investimento deve basear-se em critérios
que tomam em conta o fator tempo (Avillez et. al 2006). Tendo em consideração que
o período de maturação deste investimento é relativamente longo, será utilizada uma
análise de rentabilidade empresarial de projetos designada por cash-flow.
O cash-flow deste projeto, está representado no quadro 5. Contempla as entradas,
valor que a empresa obterá em consequência da venda dos patos e as saídas, valor
que representa o investimento inicial e os custos anuais associados à concretização
do projeto. É por meio destes valores, que é possível calcular o benefício líquido,
representado no quadro 4, obtido pela subtração das entradas pelas saídas,
representa o fluxo de benefícios correspondentes à recuperação dos capitais
investidos (Avillez et. al 2006).

62
Quadro 5: Representação do cash-flow (em €)
Ano
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Entradas 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 90005

Vendas 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210

Valor
27795
Residual
Saídas 113659 42763 42763 42763 42763 42763 43117 42763 42763 42763 42758 42763 42763

Investimento 70896 0 0 0 0 0 354 0 0 0 0 0 0


Custos
42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763
Anuais
Benefício
-51449,0 19447,0 19447,0 19447,0 19447,0 19447,0 19093,0 19447,0 19447,0 19447,0 19452,0 19447,0 47242,0
Líquido

O valor residual, somado às entradas no 12º ano do projeto, corresponde à venda do


terreno e instalações presentes, após o término da atividade.
O benefício líquido antes do investimento, no ano 0, corresponde ao fluxo de
benefícios correspondente à recuperação dos capitais investidos.
Após aplicada a taxa de atualização definida neste projeto, 3%, ao benefício líquido
obteve-se o benefício líquido atualizado.

No quadro 6, apresenta-se a analise de rentabilidade dos capitais investidos, estando


representado os valores do cash-flow mencionado e benefício líquido atualizado.

Quadro 6: Representação da análise de rentabilidade dos capitais investidos (em €).


Ano
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Entradas 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 90005

Vendas 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210
Valor
27795
Residual
Saídas 113659 42763 42763 42763 42763 42763 43117 42763 42763 42763 42758 42763 42763

Investimento 70896 0 0 0 0 0 354 0 0 0 0 0 0


Custos
42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763
Anuais
Benefício
-51449,0 19447,0 19447,0 19447,0 19447,0 19447,0 19093,0 19447,0 19447,0 19447,0 19452,0 19447,0 47242,0
Líquido
Benefício
Líquido -51449,0 18880,6 18330,7 17796,8 17278,4 16775,2 15990,1 15812,2 15351,6 14904,5 14474,1 14048,9 33134,6
Atualizado

63
No quadro 7, estão representados três indicadores de rentabilidade considerados
para este projeto: o valor líquido atualizado (VLA), a taxa interna de rendibilidade (TIR)
e o período de recuperação (PR).
O VLA é a diferença entre os valores dos benefícios e os custos previsionais que
caraterizam um investimento, depois de aplicada a taxa de atualização definida.
Expressa o montante dos benefícios líquidos gerados durante o período de vida útil
do projeto após a dedução dos capitais envolvidos (Avillez et. al 2006). Neste projeto
tem um valor de 187 186 €. O facto
de o VLA ser maior que zero significa que o projeto é rentável, já que gerou fundos
suficientes para amortizar o valor do investimento e ainda gerou um excedente de
fundos.
A TIR de um investimento é a taxa de atualização para a qual se anula o respetivo
valor líquido atualizado. Esta mede o rendimento anual durante o período de vida do
projeto, depois de recuperados os custos por unidade de capital aplicado (Avillez et.
al 2006). A TIR do projeto é de 43%.
O PR corresponde ao número de anos de vida útil do projeto necessários para que o
fluxo de benefícios líquidos positivos iguale o montante total investido (Avillez et. al
2006). O período de recuperação do projeto será 3 anos.

Quadro 7: Indicadores de rentabilidade da exploração.

Taxa de
3%
Atualização
VLA 161 328,62 €
TIR 37 %
PR 3 anos

VLA- Valor Líquido Atualizado; TIR- Taxa Interna de Rentabilidade; PR- Período de Recuperação.

64
14. Análise de sensibilidade

A análise de rentabilidade dos capitais envolvidos foi calculada de acordo com valores
pressupostos de diferentes elementos, que representam o cash-flow deste projeto.
Esses valores são pressupostos de acordo com o seu comportamento ao longo da
sua vida útil deste projeto. No entanto, é possível que surjam variações mais ou
menos significativas, provocando uma incerteza associada à atribuição desses
valores.
Deste modo, a análise de sensibilidade do investimento implica uma comparação
entre os resultados obtidos para o VLA, TIR e PR, para variações distintas ao nível
do valor de produção (VP), custo de investimento (I) e encargos de exploração (EE)
anual do projeto.
Assim, considerou-se variações -5%, +5%, - 10% e +10%, ao nível da produção, do
custo de investimento, encargos de exploração (substituição de materiais e custo de
exploração). A taxa de atualização considerada, não sofreu alteração.
A rentabilidade do projeto é superior quando ocorre um aumento da produção e uma
diminuição dos custos de exploração e do investimento inicial, que proporcionam um
aumento das receitas e a uma diminuição a nível dos custos. Esta melhoria pode ser
observada, pelo aumento do VLA e da TIR e pela diminuição no PR, como
apresentado nos quadros 9, 11, 14, e 16 secção de anexos.
No entanto, uma diminuição a nível da produção, um aumento dos custos de
exploração e do investimento inicial, provocam uma diminuição das receitas ou um
aumento dos custos de produção, respetivamente. Estas alterações diminuem a
rentabilidade do projeto levando à diminuição do VLA, da TIR e ao aumento do PR,
como apresentado nos quadros 10, 12, 13, 15, 17, 18, 19, 20 na secção de anexos.
No quadro 8, está representada em síntese os valores do VLA, da TIR e o PR, o que
permite analisar os valores obtidos pelas variações estudadas relativamente aos
valores obtidos pela análise de rentabilidade da situação projetada. Este quadro foi
realizado tendo por base os quadros 9 ao 20, apresentados na secção de anexos.

65
Quadro 8: Síntese dos valores de VLA, TIR e PR, obtidos pelas variações

Variação em estudo VLA TIR PR

Situação projetada 161 328,62 € 37,0% 3


Diminuição do custo de exploração em 5% 183 158,94 € 43,4% 3
Aumento do custo de exploração em 5% 139 498,30 € 31,8% 4
Diminuição do custo de exploração em 10% 204 989,26 € 50,0% 3
Aumento do custo de exploração em 10% 117 667,98 € 26,6% 4
Diminuição da produção em 5% 127 256,19 € 29,2% 4
Aumento da produção em 5% 195 401,05 € 46,4% 3
Diminuição da produção em 10% 93 183,76 € 21,7% 5
Aumento da produção em 10% 229 473,48 € 56,6% 2
Diminuição do investimento em 5% 164 888,24 € 40,3% 3
Aumento do investimento em 5% 157 769,00 € 34,8% 3
Diminuição do investimento em 10% 168 447,87 € 43,6% 3
Aumento do investimento em 10% 154 209,37 € 32,6% 4
estudadas.

VLA- Valor Líquido Atualizado; TIR- Taxa Interna de Rentabilidade; PR- Período de
Recuperação.

Ao analisar o quadro 8, a diminuição do custo de exploração e o aumento da


produção, ao nível de 5% e 10%, são as variações que provocam um aumento da
rentabilidade comparativamente com a situação projetada inicialmente. Apenas
quando ocorre um aumento de 10% da produção, o período de recuperação é de 2
anos, menor que o período de recuperação da situação inicial.

Por outro lado, o aumento de custos e diminuição da produção ao nível de 10%,


resulta nos valores de VLA e TIR mais baixos, o que poderá representar quebras
muito significativas. A diminuição da produção em 10%, provoca também o período
de recuperação mais longo, 5 anos.

As variações, ao nível de 5% e 10% no investimento inicial, apesar de diminuírem o


VLA e TIR do projeto, são as variações que menos impacto provocam ao nível da
rentabilidade comparativamente com a situação projetada inicialmente.

66
15. Considerações finais

A elaboração do projeto PatoNatura consiste na produção de patos Pequim em modo


biológico, pelo que exige um conhecimento acerca das exigências de produção de
patos, bem como da legislação em vigor relativa à produção biológica.

Este projeto pretende ser um negócio rentável aliado a uma produção que assenta
num conjunto de normas que visam reduzir o impacto da produção animal nos
ecossistemas, respeitando as exigências destes animais que crescem ao ar livre.

Sendo que a produção de patos representa uma minoria relativamente à produção de


aves em Portugal, a estruturação deste projeto implicou uma análise profunda acerca
dos encargos e responsabilidades associadas a esta atividade. Nesta análise
contempla-se uma pesquisa quanto à produção de patos a nível europeu e mundial,
às espécies de pato em produção, à fileira e sistemas de produção, nutrição especifica
para patos, agricultura biológica, planeamento da produção e por fim analise
financeira do projeto.

A análise financeira provou que a concretização deste projeto é viável uma vez que
apresenta um VAL positivo, uma TIR superior à taxa de atualização estabelecida e
um PR inferior ao tempo de vida do projeto.

A análise de sensibilidade refletiu que é um projeto pouco sensível a alterações, dado


que mesmo que haja um aumento nos custos, uma diminuição das vendas ou um
aumento no investimento inicial, o projeto continua a ser rentável. A maximização da
produção poderá ser obtida através de um maneio correto, alimentação adequada às
fases de crescimento, e essencialmente através de boas praticas de higiene por forma
a prevenir doenças. O uso adequado de equipamentos e recursos, evitará gastos na
manutenção de equipamentos e reduzirá os desperdícios.

Apesar da produção de pato ocorrer mundialmente, principalmente em países como


China, Estados Unidos da América e França, a sua produção em modo biológico é
pouco praticada. Em Portugal, não existe informação referente à produção de pato
em modo biológico. Por este motivo, este projeto pretende desenvolver um novo
mercado ao oferecer uma carne de pato diferenciada, obtida em produção biológica.

67
Como conclusão, a elaboração deste projeto que tem como objetivo produzir patos
Pequim em modo biológico, é um projeto exclusivo, inovador e rentável

68
16. Bibliografia
Abd el-hack,M.E., Hurtado,C.B., Toro,D.M., Alagawany,M., Abdelfattah,E.M., e
Elnesr,S.S. (2019). Fertility and Hatchability in Duck Eggs: A Comprehensive Review.
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Agrícola.

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Cherry, P. e Raymond,T. (2008). Domestic Duck Production: Science and Practice.

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Schmitz, H. (2018). The Sustainable and Humane Practices of the Down and Feather
Industry.

Recomendação para patos domésticos (Anas platyrhynchos) aprovada pelo Comité


Permanente na 37.a reunião de 22 de Junho de 1999.

Regulamento (CE) n.o 543/2008 da comissão de 16 de Junho de 2008 que estabelece


regras de execução do Regulamento (CE) n.o 1234/2007 do Conselho no que respeita
às normas de comercialização para a carne de aves de capoeira

Regulamento (CE) nº 889/2008 de 5 de Setembro de 2008 que estabelece normas


de execução do Regulamento (CE) nº 834/2007 do Conselho relativo à produção
biológica e à rotulagem dos produtos biológicos, no que respeita à produção biológica,
à rotulagem e ao controlo

Regulamento (CE) nº 1099/2009 do Conselho, de 24 de Setembro de 2009, relativo


à proteção dos animais no momento da occisão

70
Regulamento (UE) nº 2018/848 do parlamento europeu e do conselho de 30 de maio
de 2018 relativo à produção biológica e à rotulagem dos produtos biológicos e que
revoga o Regulamento (CE) nº 834/2007 do Conselho

Regulamento (UE) nº 271/2010 da comissão de 24 de Março de 2010 que altera o


Regulamento (CE) nº 889/2008 que estabelece normas de execução do Regulamento
(CE) nº 834/2007 do Conselho, no que respeita ao logotipo de produção biológica da
União Europeia

Resolução do Conselho de Ministros n.º 110/2017- Estratégia Nacional para a


Agricultura Biológica

Fontes da internet:

AGROBIO: https://agrobio.pt/agrobio/missao-visao-e-valores/ (última consulta a


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DGADR:
https://www.dgadr.gov.pt/images/docs/val/mpb/NOTA_Abate_e_desmancha_de_ani
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pdf (última consulta a Agosto, 2020).

Euro Foie Gras https://www.eurofoiegras.com/fr/la-production/ (última consulta a


Agosto, 2020).

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(última consulta a Agosto, 2020).

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Agosto, 2020).

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International Hatchery Practice:
http://www.positiveaction.info/pdfs/articles/hp31_3p11.pdf (última consulta a Agosto,
2020).

MADRP:
http://www.isa.utl.pt/files/pub/destaques/diagnosticos/Carne Diagnostico_Sectorial.
pdf (última consulta a Outubro, 2020).

SGCIE: https://www.sgcie.pt/wp-content/uploads/2019/10/10120-ABATE-DE-AVES-
PRODU%C3%87%C3%83O-DE-CARNE_Caderno.pdf (última consulta a Outubro de
2020).

72
17. Anexos

Análise de rentabilidade em caso de alteração dos custos de


exploração

Quadro 9: Análise de rentabilidade, considerando uma diminuição do custo de


exploração em 5% (em €).
Ano
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Entradas 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 90005

Vendas 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210

Valor
27795
Residual
Saídas 111521 40625 40625 40625 40625 40625 40979 40625 40625 40625 42758 40625 40625

Investimento 70896 0 0 0 0 0 354 0 0 0 0 0 0


Custos
40625 40625 40625 40625 40625 40625 40625 40625 40625 40625 40625 40625 40625
Anuais
Benefício
-49310,9 21585,2 21585,2 21585,2 21585,2 21585,2 21231,2 21585,2 21585,2 21585,2 19452,0 21585,2 49380,2
Líquido
Benefício
Líquido -49310,9 20956,5 20346,1 19753,5 19178,1 18619,5 17780,8 17550,7 17039,5 16543,2 14474,1 15593,6 34634,2
Atualizado
Taxa de
3,00%
Atualização
VLA 183 158,94 €
TIR 43,4%
PR 3 anos

Quadro 10: Análise de rentabilidade, considerando um aumento do custo de


exploração em 5% (em €).
Ano
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Entradas 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 90005

Vendas 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210

Valor
27795
Residual
Saídas 115797 44901 44901 44901 44901 44901 45255 44901 44901 44901 42758 44901 44901

Investimento 70896 0 0 0 0 0 354 0 0 0 0 0 0


Custos
44901 44901 44901 44901 44901 44901 44901 44901 44901 44901 44901 44901 44901
Anuais
Benefício
-53587,2 17308,9 17308,9 17308,9 17308,9 17308,9 16954,9 17308,9 17308,9 17308,9 19452,0 17308,9 45103,9
Líquido
Benefício
Líquido -53587,2 16804,7 16315,3 15840,0 15378,7 14930,8 14199,4 14073,7 13663,8 13265,8 14474,1 12504,3 31634,9
Atualizado
Taxa de
3%
Atualização
VLA 139 498,30 €
TIR 31,8%
PR 4 anos

73
Quadro 11: Análise de rentabilidade, considerando uma diminuição do custo de
exploração em 10% (em €).

Ano
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Entradas 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 90005

Vendas 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210

Valor
27795
Residual
Saídas 109383 38487 38487 38487 38487 38487 38841 38487 38487 38487 42758 38487 38487

Investimento 70896 0 0 0 0 0 354 0 0 0 0 0 0


Custos
38487 38487 38487 38487 38487 38487 38487 38487 38487 38487 38487 38487 38487
Anuais
Benefício
-47172,7 23723,3 23723,3 23723,3 23723,3 23723,3 23369,3 23723,3 23723,3 23723,3 19452,0 23723,3 51518,3
Líquido
Benefício
Líquido -47172,7 23032,3 22361,5 21710,2 21077,8 20463,9 19571,4 19289,2 18727,4 18181,9 14474,1 17138,2 36133,9
Atualizado
Taxa de
3%
Atualização
VLA 204 989,26 €
TIR 50,0%
PR 3 anos

Quadro 12: Análise de rentabilidade, considerando um aumento do custo de


exploração em 10% (em €).

Ano
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Entradas 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 90005

Vendas 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210

Valor
27795
Residual
Saídas 117935 47039 47039 47039 47039 47039 47393 47039 47039 47039 42758 47039 47039

Investimento 70896 0 0 0 0 0 354 0 0 0 0 0 0


Custos
47039 47039 47039 47039 47039 47039 47039 47039 47039 47039 47039 47039 47039
Anuais
Benefício
-55725,3 15170,7 15170,7 15170,7 15170,7 15170,7 14816,7 15170,7 15170,7 15170,7 19452,0 15170,7 42965,7
Líquido
Benefício
Líquido -55725,3 14728,8 14299,8 13883,3 13479,0 13086,4 12408,8 12335,2 11975,9 11627,1 14474,1 10959,6 30135,3
Atualizado
Taxa de
0,03
Atualização
VLA 117 667,98 €
TIR 26,55%
PR 4 anos

74
Análise de rentabilidade caso exista alterações a nível da produção

Quadro 13: Análise de rentabilidade, considerando uma diminuição da produção em


5% (em €).
Ano
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Entradas 59100 59100 59100 59100 59100 59100 59100 59100 59100 59100 59100 59100 86895

Vendas 59100 59100 59100 59100 59100 59100 59100 59100 59100 59100 59100 59100 59100

Valor
27795
Residual
Saídas 113659 42763 42763 42763 42763 42763 43117 42763 42763 42763 42758 42763 42763

Investimento 70896 0 0 0 0 0 354 0 0 0 0 0 0


Custos
42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763
Anuais
Benefício
-54559,5 16336,5 16336,5 16336,5 16336,5 16336,5 15982,5 16336,5 16336,5 16336,5 16341,5 16336,5 44131,5
Líquido
Benefício
Líquido -54559,5 15860,7 15398,7 14950,2 14514,8 14092,0 13385,1 13283,1 12896,2 12520,6 12159,6 11801,8 30952,9
Atualizado
Taxa de
3%
Atualização
VLA 127 256,19 €
TIR 29,2%
PR 4 anos

Quadro 14: Análise de rentabilidade, considerando um aumento da produção em 5%


(em €).

Ano
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Entradas 65321 65321 65321 65321 65321 65321 65321 65321 65321 65321 65321 65321 93116

Vendas 65321 65321 65321 65321 65321 65321 65321 65321 65321 65321 65321 65321 65321

Valor
27795
Residual
Saídas 113659 42763 42763 42763 42763 42763 43117 42763 42763 42763 42758 42763 42763

Investimento 70896 0 0 0 0 0 354 0 0 0 0 0 0


Custos
42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763
Anuais
Benefício
-48338,5 22557,5 22557,5 22557,5 22557,5 22557,5 22203,5 22557,5 22557,5 22557,5 22562,5 22557,5 50352,5
Líquido
Benefício
Líquido -48338,5 21900,5 21262,6 20643,3 20042,0 19458,3 18595,1 18341,3 17807,1 17288,4 16788,6 16296,0 35316,2
Atualizado
Taxa de
3%
Atualização
VLA 195 401,05 €
TIR 46,4%
PR 3 anos

75
Quadro 15: Análise de rentabilidade, considerando uma diminuição da produção em
10% (em €).

Ano
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Entradas 55989 55989 55989 55989 55989 55989 55989 55989 55989 55989 55989 55989 83784

Vendas 55989 55989 55989 55989 55989 55989 55989 55989 55989 55989 55989 55989 55989

Valor
27795
Residual
Saídas 113659 42763 42763 42763 42763 42763 43117 42763 42763 42763 42758 42763 42763

Investimento 70896 0 0 0 0 0 354 0 0 0 0 0 0


Custos
42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763
Anuais
Benefício
-57670,0 13226,0 13226,0 13226,0 13226,0 13226,0 12872,0 13226,0 13226,0 13226,0 13231,0 13226,0 41021,0
Líquido
Benefício
Líquido -57670,0 12840,8 12466,8 12103,7 11751,1 11408,9 10780,1 10753,9 10440,7 10136,6 9845,1 9554,7 28771,3
Atualizado
Taxa de
3%
Atualização
VLA 93 183,76 €
TIR 21,7%
PR 5 anos

Quadro 16: Análise de rentabilidade, considerando um aumento da produção em 10%


(em €).
Ano
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Entradas 68431 68431 68431 68431 68431 68431 68431 68431 68431 68431 68431 68431 96226

Vendas 68431 68431 68431 68431 68431 68431 68431 68431 68431 68431 68431 68431 68431

Valor
27795
Residual
Saídas 113659 42763 42763 42763 42763 42763 43117 42763 42763 42763 42758 42763 42763

Investimento 70896 0 0 0 0 0 354 0 0 0 0 0 0


Custos
42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763
Anuais
Benefício
-45228,0 25668,0 25668,0 25668,0 25668,0 25668,0 25314,0 25668,0 25668,0 25668,0 25673,0 25668,0 53463,0
Líquido
Benefício
Líquido -45228,0 24920,4 24194,6 23489,9 22805,7 22141,4 21200,1 20870,4 20262,6 19672,4 19103,1 18543,1 37497,9
Atualizado
Taxa de
3%
Atualização
VLA 229 473,48 €
TIR 56,6%
PR 2 anos

76
Análise da rentabilidade se ocorrer alteração no valor do
investimento inicial

Quadro 17: Análise de rentabilidade, considerando uma diminuição do investimento


em 5% (em €).
Ano
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Entradas 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 90005

Vendas 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210

Valor
27795
Residual
Saídas 110114 42763 42763 42763 42763 42763 43099 42763 42763 42763 42758 42763 42763

Investimento 67351 0 0 0 0 0 336 0 0 0 0 0 0


Custos
42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763
Anuais
Benefício
-47904,2 19447,0 19447,0 19447,0 19447,0 19447,0 19110,7 19447,0 19447,0 19447,0 19452,0 19447,0 47242,0
Líquido
Benefício
Líquido -47904,2 18880,6 18330,7 17796,8 17278,4 16775,2 16004,9 15812,2 15351,6 14904,5 14474,1 14048,9 33134,6
Atualizado
Taxa de
3%
Atualização
VLA 164 888,24 €
TIR 40,3%
PR 3 anos

Quadro 18: Análise de rentabilidade, considerando um aumento do investimento em


5% (em €).
Ano
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Entradas 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 90005

Vendas 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210

Valor
27795
Residual
Saídas 117204 42763 42763 42763 42763 42763 43135 42763 42763 42763 42758 42763 42763

Investimento 74441 0 0 0 0 0 372 0 0 0 0 0 0


Custos
42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763
Anuais
Benefício
-54993,8 19447,0 19447,0 19447,0 19447,0 19447,0 19075,3 19447,0 19447,0 19447,0 19452,0 19447,0 47242,0
Líquido
Benefício
Líquido -54993,8 18880,6 18330,7 17796,8 17278,4 16775,2 15975,3 15812,2 15351,6 14904,5 14474,1 14048,9 33134,6
Atualizado
Taxa de
3%
Atualização
VLA 157 769,00 €
TIR 34,8%
PR 3 anos

77
Quadro 19: Análise de rentabilidade, considerando uma diminuição do investimento
em 10% (em €).
Ano
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Entradas 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 90005

Vendas 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210

Valor
27795
Residual
Saídas 106569 42763 42763 42763 42763 42763 43082 42763 42763 42763 42758 42763 42763

Investimento 63806 0 0 0 0 0 319 0 0 0 0 0 0


Custos
42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763
Anuais
Benefício
-44359,4 19447,0 19447,0 19447,0 19447,0 19447,0 19128,4 19447,0 19447,0 19447,0 19452,0 19447,0 47242,0
Líquido
Benefício
Líquido -44359,4 18880,6 18330,7 17796,8 17278,4 16775,2 16019,7 15812,2 15351,6 14904,5 14474,1 14048,9 33134,6
Atualizado
Taxa de
3%
Atualização
VLA 168 447,87 €
TIR 43,6%
PR 3 anos

Quadro 20: Análise de rentabilidade, considerando um aumento do investimento em


10% (em €).
Ano
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Entradas 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 90005

Vendas 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210 62210

Valor
27795
Residual
Saídas 120749 42763 42763 42763 42763 42763 43152 42763 42763 42763 42758 42763 42763

Investimento 77986 0 0 0 0 0 389 0 0 0 0 0 0


Custos
42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763 42763
Anuais
Benefício
-58538,6 19447,0 19447,0 19447,0 19447,0 19447,0 19057,6 19447,0 19447,0 19447,0 19452,0 19447,0 47242,0
Líquido
Benefício
Líquido -58538,6 18880,6 18330,7 17796,8 17278,4 16775,2 15960,4 15812,2 15351,6 14904,5 14474,1 14048,9 33134,6
Atualizado
Taxa de
3%
Atualização
VLA 154 209,37 €
TIR 32,6%
PR 4 anos

78

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