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Dentre os homens pré-históricos a interação entre homem e mulher era puramente animalesca. Sua
função era dar continuidade à espécie e, a priori, nem vínculos afetivos haviam, tendo em vista que, em
grande parte do período, eles só se encontravam para acasalar.
Com o início da Idade Média e o advento da Igreja Católica, o casamento com a forma que conhecemos
é instituído. Entretanto, dentro do modelo feudal, o modo de produção ainda permanece centralizado
na subsistência. Ou seja: por mais que com funções diferentes, homem e mulher trabalham no
ambiente doméstico, em se tratando dos servos e camponeses.
Isso só vai mudar com a Revolução Industrial, quando o homem é o primeiro a iniciar jornadas de
trabalho fora de casa. Em sequência, vemos, gradualmente, a mulher também adentrando nesse
cenário, em geral pelas dificuldades financeiras da família. Com isso, a relação entre marido e mulher
quanto aos seus papeis é disfuncionalizada e, conseguintemente, sua relação pessoal também.
Esse processo de mutação da estrutura conjugal é o que cumina, partindo da Idade Moderna e
estourando na Contemporânea, na expansão escalar dos índices de divórcios e, com o advento do
iluminismo e das ideologias derivadas dele, da subversão das figuras masculina e feminima e, por
associação, do equilíbrio matrimonial.
Para entender a brilhante exposição do professor Luiz Gonzaga, é necessário ter como ferramentas
esses três conceitos bem definidos:
Por exemplo: os sentidos fazem com que o homem e a gazela saibam identificar quando um leão deseja
atacá-los, as estimativas fazem ambos perceberem que não têm chances de sobreviver se não fugirem,
mas, os pensamentos fizeram com que os homens criassem armas para se defenderem.
O despertar expressivo de suas características sexuais ocorre na purberdade e é nessa fase que a
distinção entre os papéis e necessidades do homem e da mulher surgem:
a) Homem: durante toda a infância a criança vê nos pais figuras superiores em força,
portanto, em poder. Entretanto, ao passar pela purberdade, a estrutura física do
menino torna-se, em um curto período de tempo, equivalente ou superior as deles. Isso
desenvolve nele a perspectiva de autossuficiência e independência. Além disso, nessa
fase, os índices de testosterona em seu corpo passam por um aumento assustador,
logo, sua sexualidade e desejo pelo sexo oposto ficam à flor da pele, e essa
característica masculina norteia sua necessidade base pelo resto da vida. É aí que ele
chega à importante conclusão: por mais autossuficiente que seja, não pode achar em si
a fonte central de seu prazer: a mulher. E isso o torna imcompleto.
O homem, como animal, necessita da satisfação de seus desejos sexuais centrados na mulher para viver
plenamente satisfeito. A mulher necessita do poder, da autossuficiência e da independência do homem
quanto à tribo para se sentir segura em dar curso à sua vida sem ser refém dela. Portanto, ambos
complementam-se e isso, por muito tempo, garantiu a manutenção dos casamentos.
Entretanto, com a relativização de seus papéis biológicos, muitos homens tornaram-se filhinhos
covardes e muitas mulheres abriram mão de sua essência feminina pela busca utópica da
autossuficiência dos homens. Isso gerou uma bagunça na dinâmica relacional e desencadeou uma série
de problemas, como: aumento nos índices de suicídio, no consumo de pornografia e prostituição e
mesmo na recorrência de casos de traição.
v. Papéis no casamento.
Como vimos, o centro da necessidade carnal do homem é o sexo e o da mulher é a segurança . Nas
palavras do professor: “a mulher arruma o ninho, o homem conquista território para ela.”
A mulher necessita que o marido identifique seus anseios e inseguranças diante da tribo e saiba lidar
com eles, protegê-la deles e resolvê-los. Ela carece de poder dizer “Se a sociedade inteira me odiar, mas
eu tiver você ao meu lado, a gente vence.” Não quer delicadeza e sim alguém para identificar e sanar
seus problemas. Quer um parceiro para ajudá-la a navegar no labirinto social. “Carinho é barato no
mercado feminino. O carinho vale pouco no seu mercado porque é abundante. O apoio vale pouco
porque é escasso - com o homem é ao contrário.” “A vida social tem seus efeitos exclusivamente sobre a
mulher. Portanto, é dever do homem tomar o leme da coisa para garantir seu equilíbrio.”
Por outro lado, as necessidades do homem são mais simples, ele necessita do afeto físico que é
sacramentado no sexo. Ele necessita da beleza feminina e do prazer proporcionado por ela desde coisas
simples, como um abraço, beijo ou sorriso. Por isso é importante que a mulher busque satisfazer essa
necessidade, mesmo, por vezes, em um puro ato de serviço. Quando o homem sente sua mulher
fisicamente, é liberto de sua carne e encontra seu espírito, que é livre. A amarra dos desejos carnais que
mesmo sua autossuficiência não era capaz de romper é destruída. Os homens não querem conselheiras
e sim apoiadoras, no sentido de terem certeza de que, ao chegarem em casa, todo o caos do mundo lá
fora ficou lá e ali ele pode saciar o vazio da sua carne que o acompanha.
vi. Conclusão
• A tarefa da mulher é curar a carne do marido pra que ele seja livre para encontrar a Deus. E vice e
versa. Marido e mulher foram constituídos para serem uma só carne e não um só espírito. A mulher
ou o homem que cumpre seu papel cura a carne que separa o outro do espírito, possibilita que ele
alcance seus objetivos mais nobres.
• As virtudes, princípios e personalidade do cônjuge o mantém ligado ao outro como amigo e não como
marido ou mulher. Mas isso só pode ser conquistado se a questão de macho e fêmea estiver resolvida.
Caso não esteja, estabelece-se uma barreira intransponível entre ambos pois estão buscando
tornarem-se um só espírito e não uma só carne.
• A satisfação contínua das necessidades carnais de ambos os sexos mantém um casamento sólido pois,
quando o "serão uma só carne" mostra-se vivo e aceso, a falta de lealdade ou a traição representam
uma agressão não para com o outro, mas para com a sua própria carne.
• O que o outro precisa como animal é contra-intuitivo para mim. Mas é o que eu preciso fazer por ele.
• O que oprime o homem é a tristeza, o fracasso. O que oprime a mulher é o medo, a insegurança. Os
suicídios entre mulheres são menos recorrentes pois elas têm medo da morte, enquanto os homens
têm aversão à vida infeliz. De igual modo, a mulher mata menos, por sua posição diante da tribo.
• A única coisa que o homem não pode suprir sozinho é a necessidade de uma mulher, e vice e versa.
Por isso eles precisam estar unidos em uma só carne, jogando o mesmo jogo, mirando no mesmo
objetivo, mesmo que (porque na maior parte das vezes é isso que irá acontecer), precisem estar
contra a tribo. Só quem precisa saber que a mulher precisa de um homem é seu marido e só quem
precisa saber que um homem precisa de uma mulher é a sua esposa, essa mutualidade é que constrói
a base de seu casamento.
• É como se esse mutualismo fosse um movimento marcial: o homem é os pés, o que dá o impulso,
segurança e movimento. A mulher são os braços, que aplicam o golpe e finalizam.
• A simbologia do homem como pé é análoga à simbólica do peixe, que mesmo no oceano sombrio que
tudo destrói se mantém vivo, daí vem a referência a Cristo sob o símbolo do peixe (a vida que desceu
até o mais profundo e pode te fazer subir de volta).
• Para descobrir as virtudes do outro, é necessário amar continuamente o animal que há nele.
• O ser humano, em espírito, precisa do outro uma vez em meses. O ser animal, em carne, precisa do
outro todos os dias.
Vós, mulheres, sujeitai-vos a vosso marido, como ao Senhor; porque o marido é a cabeça da mulher,
como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo. De sorte que, assim
como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seu marido. Vós,
maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para
a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja
gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim devem os
maridos amar a sua própria mulher como a seu próprio corpo. Quem ama a sua mulher ama-se a si
mesmo. Porque nunca ninguém aborreceu a sua própria carne; antes, a alimenta e sustenta, como
também o Senhor à igreja; porque somos membros do seu corpo. Por isso, deixará o homem seu pai e
sua mãe e se unirá à sua mulher; e serão dois numa carne. Grande é este mistério; digo-o, porém, a
respeito de Cristo e da igreja. Assim também vós, cada um em particular ame a sua própria mulher como
a si mesmo, e a mulher reverencie o marido. Efésios 5:22-33