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Resumo

Matrimônio – Concepções Antropológicas


Luiz Gonzaga de Carvalho Neto

Teresina, 13 de agosto de 2020

Por Fernanda Pinheiro


Sumário

i. Evolução histórica do casamento;


ii. Sentidos, estimativas e pensamentos;
iii. Desenvolvimento psico-fisiológico do homem e da mulher e sua posição na tribo;
Iv. Expectativas, necessidades e projeções sobre o sexo oposto;
v. Papéis no casamento;
vi. Conclusão.
i. Evolução histórica do casamento

Dentre os homens pré-históricos a interação entre homem e mulher era puramente animalesca. Sua
função era dar continuidade à espécie e, a priori, nem vínculos afetivos haviam, tendo em vista que, em
grande parte do período, eles só se encontravam para acasalar.

A partir do surgimento da agricultura e, consequentemente, das comunidades sedentárias, as famílias


começam a surgir de forma bastante análoga nas sociedades da antiguidade e casais fixos são formados
(mesmo que com a presença da poligamia). A maioria expressiva de todos os núcleos sociais vivem à
base da subsistência.

Com o início da Idade Média e o advento da Igreja Católica, o casamento com a forma que conhecemos
é instituído. Entretanto, dentro do modelo feudal, o modo de produção ainda permanece centralizado
na subsistência. Ou seja: por mais que com funções diferentes, homem e mulher trabalham no
ambiente doméstico, em se tratando dos servos e camponeses.

Isso só vai mudar com a Revolução Industrial, quando o homem é o primeiro a iniciar jornadas de
trabalho fora de casa. Em sequência, vemos, gradualmente, a mulher também adentrando nesse
cenário, em geral pelas dificuldades financeiras da família. Com isso, a relação entre marido e mulher
quanto aos seus papeis é disfuncionalizada e, conseguintemente, sua relação pessoal também.

Esse processo de mutação da estrutura conjugal é o que cumina, partindo da Idade Moderna e
estourando na Contemporânea, na expansão escalar dos índices de divórcios e, com o advento do
iluminismo e das ideologias derivadas dele, da subversão das figuras masculina e feminima e, por
associação, do equilíbrio matrimonial.

ii. Sentidos, estimativas e pensamentos.

Para entender a brilhante exposição do professor Luiz Gonzaga, é necessário ter como ferramentas
esses três conceitos bem definidos:

a) Sentidos: configuram a identificação de nossos desejos e necessidades.


b) Estimativas: representam a ponderação do que é preciso fazer e de qual a melhor forma
de fazê-lo para satisfazer tais desejos e necessidades.
c) Pensamentos: a maioria dos seres vivos têm sentidos e estimativas, mas só o homem
possui pensamentos, o que o torna capaz de potencializar suas estimativas.

Por exemplo: os sentidos fazem com que o homem e a gazela saibam identificar quando um leão deseja
atacá-los, as estimativas fazem ambos perceberem que não têm chances de sobreviver se não fugirem,
mas, os pensamentos fizeram com que os homens criassem armas para se defenderem.

iii. Desenvolvimento psico-fisiológico do homem e da mulher e sua posição na tribo

O despertar expressivo de suas características sexuais ocorre na purberdade e é nessa fase que a
distinção entre os papéis e necessidades do homem e da mulher surgem:
a) Homem: durante toda a infância a criança vê nos pais figuras superiores em força,
portanto, em poder. Entretanto, ao passar pela purberdade, a estrutura física do
menino torna-se, em um curto período de tempo, equivalente ou superior as deles. Isso
desenvolve nele a perspectiva de autossuficiência e independência. Além disso, nessa
fase, os índices de testosterona em seu corpo passam por um aumento assustador,
logo, sua sexualidade e desejo pelo sexo oposto ficam à flor da pele, e essa
característica masculina norteia sua necessidade base pelo resto da vida. É aí que ele
chega à importante conclusão: por mais autossuficiente que seja, não pode achar em si
a fonte central de seu prazer: a mulher. E isso o torna imcompleto.

b) Mulher: em contra partida, durante a purberdade, as mudanças ocorridas na menina


não alteram sua força física relevantemente. Seu amadurecimento é mais intelectual e
sexual. Porém, como não passa pela descoberta da autossuficiência vivida pelo menino,
ela continua atada às expectativas e aprovação dos outros, essencialmente de seus pais,
mas da tribo como um todo. Isso acontece pois sabe que, caso seja atacada ou
recriminada pela tribo, ao contrário do homem, não tem como se defender ou viver
independente dela. Portanto, enquanto o homem não acha, se não na mulher, seu
prazer; a mulher não acha, se não no homem, a liberdade a respeito da tribo. Por isso
precisa dele.

iv. Expectativas, necessidades e projeções sobre o sexo oposto.

O homem, como animal, necessita da satisfação de seus desejos sexuais centrados na mulher para viver
plenamente satisfeito. A mulher necessita do poder, da autossuficiência e da independência do homem
quanto à tribo para se sentir segura em dar curso à sua vida sem ser refém dela. Portanto, ambos
complementam-se e isso, por muito tempo, garantiu a manutenção dos casamentos.

Entretanto, com a relativização de seus papéis biológicos, muitos homens tornaram-se filhinhos
covardes e muitas mulheres abriram mão de sua essência feminina pela busca utópica da
autossuficiência dos homens. Isso gerou uma bagunça na dinâmica relacional e desencadeou uma série
de problemas, como: aumento nos índices de suicídio, no consumo de pornografia e prostituição e
mesmo na recorrência de casos de traição.

v. Papéis no casamento.

Como vimos, o centro da necessidade carnal do homem é o sexo e o da mulher é a segurança . Nas
palavras do professor: “a mulher arruma o ninho, o homem conquista território para ela.”

A mulher necessita que o marido identifique seus anseios e inseguranças diante da tribo e saiba lidar
com eles, protegê-la deles e resolvê-los. Ela carece de poder dizer “Se a sociedade inteira me odiar, mas
eu tiver você ao meu lado, a gente vence.” Não quer delicadeza e sim alguém para identificar e sanar
seus problemas. Quer um parceiro para ajudá-la a navegar no labirinto social. “Carinho é barato no
mercado feminino. O carinho vale pouco no seu mercado porque é abundante. O apoio vale pouco
porque é escasso - com o homem é ao contrário.” “A vida social tem seus efeitos exclusivamente sobre a
mulher. Portanto, é dever do homem tomar o leme da coisa para garantir seu equilíbrio.”

Por outro lado, as necessidades do homem são mais simples, ele necessita do afeto físico que é
sacramentado no sexo. Ele necessita da beleza feminina e do prazer proporcionado por ela desde coisas
simples, como um abraço, beijo ou sorriso. Por isso é importante que a mulher busque satisfazer essa
necessidade, mesmo, por vezes, em um puro ato de serviço. Quando o homem sente sua mulher
fisicamente, é liberto de sua carne e encontra seu espírito, que é livre. A amarra dos desejos carnais que
mesmo sua autossuficiência não era capaz de romper é destruída. Os homens não querem conselheiras
e sim apoiadoras, no sentido de terem certeza de que, ao chegarem em casa, todo o caos do mundo lá
fora ficou lá e ali ele pode saciar o vazio da sua carne que o acompanha.

vi. Conclusão

• A tarefa da mulher é curar a carne do marido pra que ele seja livre para encontrar a Deus. E vice e
versa. Marido e mulher foram constituídos para serem uma só carne e não um só espírito. A mulher
ou o homem que cumpre seu papel cura a carne que separa o outro do espírito, possibilita que ele
alcance seus objetivos mais nobres.

• A deficiência da carne dele não é a deficiência da carne dela.

• As virtudes, princípios e personalidade do cônjuge o mantém ligado ao outro como amigo e não como
marido ou mulher. Mas isso só pode ser conquistado se a questão de macho e fêmea estiver resolvida.
Caso não esteja, estabelece-se uma barreira intransponível entre ambos pois estão buscando
tornarem-se um só espírito e não uma só carne.

• A satisfação contínua das necessidades carnais de ambos os sexos mantém um casamento sólido pois,
quando o "serão uma só carne" mostra-se vivo e aceso, a falta de lealdade ou a traição representam
uma agressão não para com o outro, mas para com a sua própria carne.

• O que o outro precisa como animal é contra-intuitivo para mim. Mas é o que eu preciso fazer por ele.

• A promessa de amar e respeitar no matrimônio consiste em amar e respeitar as necessidades da


natureza do outro – para a mulher, a segurança. Para o homem, o sexo.

• O que oprime o homem é a tristeza, o fracasso. O que oprime a mulher é o medo, a insegurança. Os
suicídios entre mulheres são menos recorrentes pois elas têm medo da morte, enquanto os homens
têm aversão à vida infeliz. De igual modo, a mulher mata menos, por sua posição diante da tribo.

• A única coisa que o homem não pode suprir sozinho é a necessidade de uma mulher, e vice e versa.
Por isso eles precisam estar unidos em uma só carne, jogando o mesmo jogo, mirando no mesmo
objetivo, mesmo que (porque na maior parte das vezes é isso que irá acontecer), precisem estar
contra a tribo. Só quem precisa saber que a mulher precisa de um homem é seu marido e só quem
precisa saber que um homem precisa de uma mulher é a sua esposa, essa mutualidade é que constrói
a base de seu casamento.

• É como se esse mutualismo fosse um movimento marcial: o homem é os pés, o que dá o impulso,
segurança e movimento. A mulher são os braços, que aplicam o golpe e finalizam.

• A simbologia do homem como pé é análoga à simbólica do peixe, que mesmo no oceano sombrio que
tudo destrói se mantém vivo, daí vem a referência a Cristo sob o símbolo do peixe (a vida que desceu
até o mais profundo e pode te fazer subir de volta).

• Para descobrir as virtudes do outro, é necessário amar continuamente o animal que há nele.

• O ser humano, em espírito, precisa do outro uma vez em meses. O ser animal, em carne, precisa do
outro todos os dias.

Vós, mulheres, sujeitai-vos a vosso marido, como ao Senhor; porque o marido é a cabeça da mulher,
como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo. De sorte que, assim
como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seu marido. Vós,
maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para
a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja
gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim devem os
maridos amar a sua própria mulher como a seu próprio corpo. Quem ama a sua mulher ama-se a si
mesmo. Porque nunca ninguém aborreceu a sua própria carne; antes, a alimenta e sustenta, como
também o Senhor à igreja; porque somos membros do seu corpo. Por isso, deixará o homem seu pai e
sua mãe e se unirá à sua mulher; e serão dois numa carne. Grande é este mistério; digo-o, porém, a
respeito de Cristo e da igreja. Assim também vós, cada um em particular ame a sua própria mulher como
a si mesmo, e a mulher reverencie o marido. Efésios 5:22-33

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