Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DO PROFESSOR
E N S I N O F U N DA M E N TA L
ANOS FINAIS
D R É VILELA
GY AN
E O R G E LUCAS NERCESSIAN
P OU I T TO G
A N
L IAN OLINA
E R
A CA
AN
ARTE
COMPONENTE CURRICULAR:
ART E
MANUAL DIGITAL-INTERATIVO
DO PROFESSOR
ARTE
COMPONENTE CURRICULAR: ARTE
E N S I N O F U N DA M E N TA L ANOS FINAIS
ELIANA POUGY
Doutora em Teoria Política com foco em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(PUC-SP).
Mestra em Educação pela Universidade de São Paulo (USP).
Especialista em Linguagens das Artes pelo Centro Universitário Maria Antonia da Universidade de São
Paulo (Ceuma-USP).
Bacharela em Comunicação Social pela Fundação Armando Álvares Penteado (Faap-SP).
Autora de livros didáticos e paradidáticos de Arte.
ANDRÉ VILELA
Licenciado em Educação Artística pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp-SP).
Atuou como coordenador pedagógico de programas públicos de formação em Arte.
Professor de cursos de capacitação e formação de professores de Arte.
Atuou como professor de Arte no Ensino Fundamental e no Ensino Médio.
Autor de livros didáticos de Arte.
1ª edição
São Paulo, 2022
Direção executiva: Flávia Bravin
Direção de negócio: Volnei Korzenieski
Gestão editorial: Alice Ribeiro Silvestre
Gestão de planejamento: Eduardo Kruel Rodrigues
Gestão de projeto digital: Tatiany Renó
Gestão de área: Marina Sandron Lupinetti
Coordenação de área: Renato Malkov
Edição: Mirian Senra e Luciana Abud,
Rogério Fernandes Cantelli (digital)
Planejamento e controle de produção: Vilma Rossi, Camila Cunha,
Adriana Souza e Isabela Salustriano
Revisão: Mariana Braga de Milani (ger.), Alexandra Costa da Fonseca,
Ana Paula C. Malfa, Carlos Eduardo Sigrist,
Flavia S. Venezio e Sueli Bossi
Arte: Claudio Faustino (ger.), Erika Tiemi Yamauchi (coord.),
Nilza Shizue Yoshida (edição de arte), Essencial Design (diagramação)
Iconografia e tratamento de imagens: Roberto Silva (ger.),
Evelyn Torrecilla e Silvio Kligin (pesquisa iconográfica),
Emerson de Lima (tratamento de imagens)
Direitos autorais: Fernanda Carvalho (coord.), Emília Yamada,
Erika Ramires e Carolyne Ribeiro
Licenciamento de conteúdos de terceiros: Erika Ramires e
Tempo Composto Ltda.
Ilustrações: Aidacass, Aline Sentone e Andrea Ebert
Design: Flávia Dutra (proj. gráfico, capa e Manual do Professor)
Ilustração de capa: Paula de Aguiar
Pré-impressão: Alessandro de Oliveira Queiroz,
Débora Fernandes de Menezes, Fernanda de Oliveira,
Pamela Pardini Nicastro e Valmir da Silva Santos
Bibliografia
Outros autores: André Vilela, Ana Carolina Nitto, George
Lucas Nercessian
Suplementado pelo manual do professor
ISBN 978-65-5767-530-4 (Livro Digital-Interativo do
Estudante)
ISBN 978-65-5767-531-1 (Manual Digital-Interativo do
Professor)
Impressão e acabamento
II
Apresentação
Olá, professor!
Esta coleção foi escrita com o intuito de auxiliá-lo no processo de ensino-aprendiza-
gem em Arte. Para tanto, tem como base o ensino da Arte por meio de projetos de tra-
balho, que respeitam a faixa etária dos estudantes e as culturas juvenis. Esses projetos
enfocam obras e parte da trajetória de artistas oriundos de vários contextos e propõem
reflexões sobre produções de diferentes linguagens, além de estimular pesquisas e aná-
lises de grupos culturais e propostas de experimentações artísticas que vão resultar em
produções artísticas diversas.
A coleção apresenta, sempre de modo contextualizado, as artes contemporâneas, as
manifestações artísticas tradicionais e as diferentes formas de arte socialmente consti-
tuídas que estão mais próximas de nós. Ao valorizar a singularidade de cada artista e os
aspectos culturais relacionados a sua produção, pretendemos contribuir para incentivar
os estudantes a valorizar a própria cultura e a respeitar as várias culturas com as quais
se relacionam.
Acreditamos que o diálogo entre as culturas juvenis, as artes contemporâneas e as
artes tradicionais (com destaque para as brasileiras) permita que o processo de ensino-
-aprendizagem seja contextualizado e mais significativo. Além de possibilitar o desenvol-
vimento de uma metodologia ativa, que estimula a pesquisa, a reflexão, a crítica, a explo-
ração de materiais e técnicas e que convida à participação e à liberdade de expressão,
fortalecendo o protagonismo dos estudantes.
Sabemos que aprender arte é um direito de todos. As aulas de Arte, por esse viés,
promovem a inclusão e permitem a cada estudante desenvolver uma forma de expressão
pessoal, além de consolidar o respeito pelo próprio trabalho, pelo trabalho dos colegas,
pelo trabalho do professor e pelo trabalho dos artistas. Dessa forma, ao aprender arte,
os estudantes estão desenvolvendo também suas habilidades socioemocionais, que vão
ajudá-los em outros campos do conhecimento e na vida.
Assim, desejamos a você um bom trabalho e muita, mas muita arte no decorrer do
Ensino Fundamental – Anos Finais!
Os autores
III
Sumário
Orientações gerais 5 Arte e operações cognitivas .................................. XXXIV
Arte-educação baseada na cultura visual .......................... V Leitura e escrita nas aulas de Arte .............................. XXXVI
Arte-educação baseada na cultura visual Inferência nos processos de leitura ............................ XXXVI
e a abordagem triangular ........................................................ VI Dica prática: Inferência e diversidade
em sala de aula ....................................................................... XXXVII
Arte-educação baseada na cultura visual
e projeto de trabalho .............................................................. VIII Introdução à pesquisa científica .............................. XXXVIII
Dica prática: Ética da pesquisa científica .................. XXXIX
Projeto de trabalho e metodologias ativas ...................... IX
Arte e pensamento computacional ............................ XXXIX
Dica prática:
Dica prática: Pensamento computacional
Trabalho com grupos de estudantes ....................................... X
e diversidade em sala de aula ................................................. XLI
Roteiro para trabalho em grupo ............................................... XI
6 Avaliação em Arte ....................................................... XLI
2 Arte no Ensino Fundamental – Anos Finais ............... XI
Avaliação formativa ................................................................ XLII
Aprendizado das linguagens artísticas .......................... XIV Dica prática: Fichas de acompanhamento
Artes visuais ...................................................................................... XV do portfólio ................................................................................... XLIV
Distribuição dos projetos pelas unidades ..................... XXIX 9 Referências bibliográficas comentadas ..................... LV
Educação baseada em competências ........................... XXIX
Competências e habilidades da BNCC ............................. XXX Orientações específicas
Competências gerais da Educação Básica ...................... XXX
Competências específicas de Linguagens para o
1 Objetivos e justificativa das propostas didáticas .. LVIII
Ensino Fundamental .................................................................... XXXI
2 Competências e habilidades desenvolvidas
Competências específicas de Arte para o Ensino por volume .................................................................. LVIII
Fundamental ................................................................................ XXXII
Dica prática: Relação entre competências 3 Proposta de planejamento e cronograma ..................LIX
e habilidades ............................................................................. XXXIV Sugestão de estrutura de diário de bordo .................... LXIV
IV
Orientações gerais
Esta coleção é voltada ao Ensino Fundamental – Anos Finais, que corresponde ao período de 6o a
o
9 ano, cujas áreas do conhecimento, estabelecidas em documentos oficiais, como a Base Nacional
Comum Curricular (BNCC), são: Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e
Ensino Religioso.
O componente curricular Arte, foco da coleção, faz parte da área de Linguagens, com Língua Por-
tuguesa, Língua Inglesa e Educação Física.
Esta é uma etapa da Educação Básica em que os estudantes vão retomar, ressignificar, aprofundar e
ampliar as aprendizagens desenvolvidas no Ensino Fundamental – Anos Iniciais, período em que tiveram
a oportunidade de se alfabetizar e construir saberes diversos nas diferentes áreas do conhecimento.
É também nesta etapa que eles vão se preparar para o ingresso no Ensino Médio. Nesse sentido,
os conhecimentos construídos no Ensino Fundamental – Anos Finais servirão de alicerce para que,
nos anos seguintes, possam ser ampliados a fim de possibilitar a construção de um projeto de vida e
consolidar uma participação ativa e criativa na sociedade.
No cotidiano escolar, uma das mudanças que caracterizam o Ensino Fundamental – Anos Iniciais é a
introdução de maior número de componentes curriculares, e, por extensão, de maior número de profes-
sores. Portanto, novos desafios são oferecidos a esses estudantes, que vivem a transição entre infância
e adolescência, marcada por intensas transformações biológicas, psicológicas, sociais e emocionais.
Nesse período da vida, os estudantes, que já estão capacitados a desenvolver raciocínios mais
abstratos, ampliam seu círculo de convivência e formam vínculos sociais e laços afetivos intensos.
Entretanto, como sujeitos em desenvolvimento, imersos em uma cultura globalizada urbana e digital,
os riscos do fracasso escolar e da violência são reais e preocupantes. Daí, a necessidade de pensar
em práticas escolares diferenciadas, capazes de contemplar suas necessidades e seus diferentes
modos de inserção social.
De acordo com os documentos oficiais e as teorias pedagógicas contemporâneas, nesta coleção,
entendemos que a etapa do Ensino Fundamental – Anos Finais deve ter como objetivo oferecer ferra-
mentas e condições para que os estudantes possam ter acesso a diferentes conhecimentos e fontes
de informação, com vistas a fortalecer seu protagonismo, desenvolver sua criticidade e ampliar seu
repertório acadêmico e cultural.
Com esse propósito, esta coleção busca mobilizar habilidades e aprofundar conhecimentos (concei-
tos, procedimentos e atitudes) das diferentes linguagens artísticas (artes visuais, música, dança, teatro
e artes integradas) de acordo com a faixa etária de cada ano letivo e as diferentes culturas juvenis.
Assim, ela visa levar os estudantes de 11 a 14 anos a participar de diversas práticas de linguagem
de modo a ampliar o repertório e a capacidade de expressão, tanto artísticas como corporais e lin-
guísticas, dando-lhes voz e oportunidade de expor à comunidade escolar o que pensam e sentem
sobre o mundo a sua volta.
1. Fundamentos teórico-metodológicos
Arte-educação baseada na cultura visual
Esta coleção tem como referencial teórico a Arte-educação baseada na cultura visual, aborda-
gem pedagógica que foi construída no decorrer do século XX com forte influência dos pensamentos
antropológico e pedagógico brasileiros. De acordo com a Arte-educação baseada na cultura visual,
vivemos em um mundo em que as imagens, estáticas ou em movimento, acompanhadas ou não de
sons e música, ou as visualidades, estão por toda parte, criando verdades, sonhos e desejos.
Para Mitchell1 (1942-), um dos teóricos da cultura visual, essa forma de cultura baseada na ima-
gem inclui a relação com todos os sentidos e linguagens. Assim, outras formas de arte além das artes
visuais, como a música, o teatro e a dança, vêm ganhando uma expressão audiovisual muito forte e,
graças ao intenso desenvolvimento das tecnologias de comunicação e informação, irreversível.
Segundo Mirzoeff (1962-), estudar a cultura visual nos leva a compreender a vida contemporânea.
Para ele, compreendê-la seria uma:
[...] tática para estudar a genealogia, a definição e as funções da vida cotidiana pós-moderna a partir da perspectiva
do consumidor, mais que do produtor. [A cultura visual] é um lugar sempre desafiante de interação social e defini-
ção em termos de classe, gênero, identidade sexual e racial.2
1
MITCHELL, William J. T. Qué es la cultura visual. Princenton: Irving Lavin Institute for Advanced Study, 1995.
(Texto traduzido.)
2
MIRZOEFF, Nicholas. Una introducción a la cultura visual. Barcelona: Paidós, 2003. p. 20. (Texto traduzido.)
V
Por isso, de acordo com essa abordagem, a arte e a educação podem auxiliar na compreensão
das diferentes culturas visuais, ou seja, das diversas culturas que organizam e regulam a percepção
visual, as funções da visão e seus usos.
As imagens, para a cultura visual, são entendidas como mediadoras de valores culturais e caracte-
rizadas por trazer metáforas que, por sua vez, surgem da necessidade de construção de significados
tipicamente humanos e sociais. Por isso, uma das finalidades da arte-educação baseada na Cultura
Visual é reconhecer e desconstruir as diferentes metáforas, valorizá-las e, assim, estimular a produ-
ção de novas metáforas.
Um dos mais influentes educadores da cultura visual é o espanhol Fernando Hernández (1952-),
que tem como referências Paulo Freire (1921-1997) e o filósofo estadunidense John Dewey3 (1859-
-1952). Em seu livro Cultura visual, mudança educativa e projetos de trabalho, Hernández afirma que:
[...] a compreensão da cultura visual implica aproximar-se de todas as imagens, de todas as culturas com um olhar
investigativo, capaz de interpretar(-se) e dar respostas ao que acontece no mundo em que vivemos. Vincular a
educação à cultura visual pode ser a conexão para nos religar no caminho para se ensinar tudo aquilo que se pode
aprender nesse cruzamento de saberes que é a arte e conectar o que se ensina e o que se aprende na escola com
o que acontece além dos seus muros.4
Nesse sentido, a arte-educação baseada na cultura visual busca dirigir o olhar dos estudantes
para uma sensibilidade e uma crítica apuradas ao permitir que se sintam capazes de produzir, conhe-
cer e apreciar arte, de conhecer a história das artes e a história de vida dos diferentes artistas. Além
disso, procura também desenvolver sua criatividade, estimulando a expressão autoral.
O livro didático, portanto, é um excelente apoio na educação para a cultura visual, uma vez que
nele são oferecidos textos, imagens, atividades e sugestões de sites, que podem ser usados como
fontes de informação, conhecimento e pesquisa e servir ainda de disparadores de questões nortea-
doras e inspirações para estudantes e professores.
Leitura
da obra de arte
Banco de imagens/Arquivo da editora
Contextualização
Fazer
Produção
Crítica
Estética A abordagem triangular,
de Ana Mae Barbosa.
3
Para Dewey, o conhecimento é construído por consensos que resultam de discussões coletivas, da cooperação e do
autogoverno dos estudantes.
4
HERNÁNDEZ, Fernando. Cultura visual, mudança educativa e projetos de trabalho. Porto Alegre: Artmed, 2000. p. 51.
VI
A Arte-educação baseada na cultura visual, por sua vez, respalda-se nos Estudos Culturais, um cam-
po de estudos interdisciplinares que envolve diversas áreas do saber, como Antropologia, Comunica-
ção Social, Arte, Literatura e Ciências Sociais, entre outras.
Para os Estudos Culturais, cultura é a produção e a troca de significados entre membros de deter-
minados grupos sociais. Esses significados estão presentes nas conversas do dia a dia, nas teorias mais Na tela
elaboradas dos intelectuais, na arte acadêmica, na TV ou nos festejos populares. No entanto, a cultura não
Para ter mais
se restringe a essa multiplicidade de manifestações e produções culturais (entre elas, as artísticas), mas
informações sobre
é também um campo de conflito e negociação para a validação dos significados dados a essas manifes-
interculturalidade,
tações e produções.
leia “Por que debater
Esses conflitos, negociações e validações acontecem tanto no âmbito das linguagens como no das sobre interculturalidade
práticas sociais. Os seres humanos agem, pensam e se expressam de forma a validar (por vezes, até é importante para a
mesmo impor) significados preconcebidos para modos de pensar, agir e desejar. A isso chamamos
Educação?”, de Simone
controle das subjetividades. Esse controle ocorre porque as fontes geradoras de sentido podem partir
Romani e Raimundo
tanto de instâncias individuais como das coletivas, engendradas em jogos de poder e de linguagem.
Rajobac. Revista Espaço
A Arte-educação baseada na cultura visual tem como principal objetivo estimular a consciência Acadêmico, 11 (127),
cultural do indivíduo, começando pelo reconhecimento de sua própria cultura e, gradativamente, 65-70. Disponível em:
ampliando seu repertório. Desse modo, o ensino de Arte pode auxiliar na reorganização da escola https://periodicos.
para se tornar o grande palco do diálogo entre diferentes culturas, ou seja, da interculturalidade.
uem.br/ojs/index.php/
Nesse sentido, para que o processo de ensino-aprendizagem de arte se torne significativo tanto EspacoAcademico/
para estudantes como para professores, as aulas precisam abranger as mais diversas manifesta- article/view/12715.
ções artísticas e culturais, principalmente as manifestações contemporâneas. Além disso, as es- Acesso em: 25 maio 2022.
tratégias de ensino devem ser pautadas pelo diálogo e pelo respeito à faixa etária dos estudantes.
5
MARTINS, Raimundo. Abordagem Triangular e Cultura Visual: possibilidades no ensino da arte complementares ou
excludentes? Boletim Arte na Escola, São Paulo, ed. 76, maio/jun. 2015. Disponível em: http://artenaescola.org.br/
boletim/materia.php?id=75450. Acesso em: 25 maio 2022.
VII
Uma vez que a Arte-educação baseada na cultura visual tem como objetivo desenvolver um olhar
sensível, um pensamento reflexivo e contextualizado e um fazer artístico significativo e criativo,
fruto de ações discentes participativas e críticas, orientamos a produção desta coleção por esses
fundamentos.
A prática investigativa constitui o modo de produção e organização dos conhecimentos em Arte. É no percurso do
fazer artístico que os alunos criam, experimentam, desenvolvem e percebem uma poética pessoal. Os conhecimen-
tos, processos e técnicas produzidos e acumulados ao longo do tempo em Artes visuais, Dança, Música e Teatro
contribuem para a contextualização dos saberes e das práticas artísticas. Eles possibilitam compreender as relações
entre tempos e contextos sociais dos sujeitos na sua interação com a arte e a cultura.6
O projeto de trabalho tem como característica se vincular à exploração de problemas significati-
vos para os discentes ao mesmo tempo que os aproxima dos saberes escolares. Em outras palavras,
é construído com base em questões que são relevantes para os estudantes e que possibilitam o
desenvolvimento das competências e habilidades específicas de Arte. Essas questões tanto podem
partir do interesse dos estudantes como podem ser propostas pelo professor, que, por sua vez, deve
ter em vista a mobilização de habilidades para o desenvolvimento de competências por meio de
objetivos, temas e propostas de atividades preestabelecidos.
A perspectiva de globalização que se adota na escola, e que se reflete nos projetos de trabalho, trata de ensinar o
aluno a aprender, a encontrar o nexo, a estrutura, o problema que vincula à informação e que permite aprender.
Finalidade esta que se pode fazer coincidir com os objetivos finais de cada nível educativo.7
Por isso, em primeiro lugar, é necessário que coordenador, professor e estudantes concordem com
a escolha da questão norteadora do projeto que, no caso das aulas de Arte, pode estar relacionada
a uma inquietação relacionada com algum tópico do campo das artes ou ser uma pergunta técnica,
artística, estética ou ética a respeito do trabalho de um artista ou grupo de artistas.
Essa questão pode estar relacionada também a temas contemporâneos transversais (TCT), que
mobilizam a reflexão e a crítica sobre quem somos hoje. Em um projeto, diferentemente de outras
modalidades organizativas, o professor faz a mediação da escolha do tema, pois é ele quem deve
conduzir o trabalho, em diálogo com o projeto político-pedagógico (PPP) da escola e o universo cul-
tural dos estudantes:
O ponto de partida para a definição de um projeto de trabalho é a escolha do tema. Em cada nível e etapa da esco-
laridade, essa escolha adota características diferentes. Os alunos partem de suas experiências anteriores, da infor-
mação que têm sobre os projetos já realizados ou em processo de elaboração por outras classes. Essa informação
se torna pública num painel situado na entrada da escola (com isso, as famílias também estão cientes). Dessa for-
ma, o tema pode pertencer ao currículo oficial, proceder de uma experiência comum (como os acampamentos),
originar-se de um fato da atualidade, surgir de um problema proposto pela professora ou emergir de uma questão
que ficou pendente em outro projeto.
[...]
O critério de escolha de um tema pela turma não se baseia num “porque gostamos”, e sim em sua relação com os
trabalhos e temas precedentes, porque permite estabelecer novas formas de conexão com a informação e a ela-
boração de hipóteses de trabalho, que guiem a organização da ação. Na etapa inicial, uma função primordial do
docente é mostrar ao grupo ou fazê-lo descobrir as possibilidades do projeto proposto (o que se pode conhecer), Na tela
para superar o sentido de querer conhecer o que já sabem.8
Para saber mais
Definida a questão norteadora, é necessário proceder ao estudo sistematizado e à pesquisa,
da metodologia dos
a fim de buscar respostas para o problema, bem como à organização das informações por parte
projetos de trabalho,
dos estudantes, que, assim, se sentem instigados a descobrir relações entre elas. Para tanto, de-
assista ao vídeo
vem vivenciar situações de simulação de decisões, estabelecer nexos ou inferir novos problemas.
Trabalhando com
O essencial em um projeto não é a localização de respostas, mas a compreensão do significado e projetos. Disponível
da pertinência delas quando aplicadas em vivências diversas, presentes em diferentes modos de em: https://youtu.be/
ensinar e aprender, como aulas expositivas, debates, apresentações, oficinas, trabalhos em grupo dQ7aifxh16Y. Acesso em:
e individuais e visitas culturais, entre tantas outras possibilidades. Nesse sentido, o processo é tão 25 maio 2022.
importante quanto o produto.
6
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC/SEB, 2018. p. 191.
7
HERNÁNDEZ, Fernando; VENTURA, Montserrat. A organização do currículo por projetos de trabalho. 5. ed. Porto Alegre:
Penso, 2017. p. 66.
8
Idem, ibidem. p. 67.
VIII
Projeto de trabalho e metodologias ativas
Nesta coleção, buscamos organizar as diferentes etapas que estruturam os projetos de trabalho
de modo a incentivar os estudantes a interagir com autonomia, ter autoconfiança, ser protagonista,
expressar-se e, principalmente, aprender a aprender.
A organização de um projeto de trabalho envolve a apresentação de um tema que proponha um
problema a ser solucionado pelos estudantes, as diversas etapas que devem ser seguidas a fim de
chegar às soluções do problema e, finalmente, à elaboração, seguida da divulgação de uma ou mais
produções finais.
As etapas dos projetos que compõem as oito unidades desta coleção são calcadas em metodo-
logias ativas, de modo a levar os estudantes a desenvolver a cooperação necessária ao trabalho em
equipe, a empatia, a criatividade e a habilidade para solucionar problemas por meio de uma nova
organização do espaço e do tempo escolares.
Segundo José Morán9, essas metodologias podem ser pontos de partida para processos mais
avançados de reflexão, integração cognitiva e generalização. Elas buscam inspiração em ativida-
des desafiadoras que solicitam informações pertinentes, oferecem recompensas estimulantes, com-
binam percursos pessoais com participação significativa em grupos, inserem-se em plataformas
adaptativas e valorizam o trabalho individual e em equipe, além de estimular o uso das tecnologias
adequadas.
As metodologias ativas propõem uma nova organização do espaço na escola, que deve oferecer,
por exemplo, computadores com acesso à internet, além de bibliotecas e materiais acessíveis a pes-
soas com deficiência. Entretanto, tais ambientes educativos devem proporcionar sobretudo a pos-
sibilidade de troca e diálogo entre professor e estudantes, subvertendo, assim, o modelo tradicional
e oferecendo salas maiores e mesas adequadas ao trabalho em grupo, a fim de garantir a conexão
direta e a integração.
Espaços adequados
para as aulas de Arte.
9
MORÁN, J. Mudando a educação com metodologias ativas. In: SOUZA, C. A.; TORRES MORALES, O. E. (org.).
Convergências midiáticas, educação e cidadania: aproximações jovens. Ponta Grossa: UEPG/Proex, 2015.
IX
O tempo escolar é outro aspecto a ser modificado com as novas práticas, a fim de fugir da orga-
nização por horas-aula de 45 a 50 minutos e perseguir a organização do tempo por horas-relógio,
incluindo as tarefas para casa. Assim, é possível propor atividades interdisciplinares que visam ga-
rantir a apreensão de conceitos, procedimentos, atitudes e valores e a problematização de temas
que estimulam a pesquisa e a transposição do conhecimento para a solução de problemas reais.
Ao combinar projetos de trabalho com diversas metodologias ativas de aprendizado, buscamos
auxiliar os professores de Arte a tornar a experiência escolar mais dinâmica e dialógica e o processo
de aprendizado mais significativo, tanto para os estudantes como para os próprios docentes.
Dica prática
Trabalho com grupos de estudantes
O Ensino Fundamental – Anos Finais exige do professor a capacidade de orientar duplas, trios e
grupos, além da atenção individual dispensada ao corpo discente.
O trabalho em grupo permite que os estudantes se organizem espacialmente de uma forma di-
ferente do que fariam em uma aula expositiva, utilizando mesas de trabalho comuns (por vezes,
com a união de mesas individuais). Esse contexto promove a troca de ideias entre os estudantes,
ou seja, não é uma aula silenciosa.
Daí, a necessidade de criar regras para esse tipo de trabalho, previamente combinadas com os
estudantes. É natural que, no início, a turma fique agitada e que faça mais barulho do que o
habitual, entretanto, depois de algum tempo, o trabalho fluirá e, com a concentração, ocorrerão
momentos silenciosos.
Dada a faixa etária em que estão, os estudantes desse segmento já conseguem compreender a
importância da cooperação para poder realizar um bom trabalho, assim, deve-se dialogar com
eles para que as regras sejam construídas de comum acordo.
Seguem algumas sugestões para mediar a organização dos grupos:
⓿ Cuidar para não fazer barulho ao arrastar cadeiras e mesas.
⓿ Distribuir as tarefas das etapas entre os integrantes do grupo de forma que todos participem.
10
COHEN, E; LOTAN, R. Planejando o trabalho em grupo: estratégias para salas de aula heterogêneas. Porto Alegre: Pen,
2017.
X
exemplo – e por controlar o tempo que os integrantes do grupo dispõem para realizar cada
tarefa. É evidente que ele não poderá obter todos os recursos sozinho, mas vai coordenar e
acompanhar a obtenção deles, além de sua devolução, quando for o caso.
⓿ Repórteres: estudantes responsáveis por tirar dúvidas com o professor sobre o trabalho e por
fazer a apresentação oral em nome do grupo. Esses estudantes vão interagir também com
repórteres de outros grupos, portanto eles serão os porta-vozes do grupo.
⓿ Harmonizador: estudante responsável pelo equilíbrio do grupo. Ele medeia as discussões e
garante que todos os integrantes participem igualmente do trabalho, por exemplo, redistri-
buindo o tempo de exposição, ou seja, sugerindo àqueles que falam mais que cedam espaço
aos que falam menos, entre outras funções de mediação.
Na tela
Mais de um estudante pode assumir um mesmo papel caso o grupo tenha menos de quatro
integrantes. O importante é que os papéis sejam respeitados e que haja alternância deles para Para saber mais do
que todos possam desenvolver diversas habilidades durante o trabalho em grupo. trabalho de Elizabeth
Roteiro para trabalho em grupo11 Cohen e Rachel A.
Lotan, pesquisadoras da
⓿ Antes Universidade de Stanford,
Ajude os estudantes a formar os grupos ou, caso julgue necessário garantir a heterogeneidade, nos Estados Unidos, leia
monte os grupos por eles. Por exemplo, um grupo formado apenas por meninas ou meninos é o artigo “Como todos
pouco diverso em um contexto de sala de aula. podem sair ganhando
Peça a cada estudante que liste suas habilidades, ou seja, que declare aos demais membros do no trabalho em grupo”,
grupo como pode contribuir para o trabalho. Oriente o grupo, por sua vez, a fazer uma lista des- na página do Porvir.
sas habilidades a fim de reconhecer o potencial de cada um de seus integrantes. Disponível em: https://
Apresente aos estudantes as habilidades que o grupo precisa ter para fazer o trabalho. Incenti- porvir.org/como-todos
ve-os a perceber que, juntos, são mais potentes do que cada estudante é individualmente. -podem-sair-ganhando
Distribua os papéis entre os estudantes, cuidando para alterná-los em cada oportunidade e -trabalho-em-grupo/.
para garantir que todos tenham chance de participar. Acesso em: 25 maio 2022.
⓿ Durante
Sempre que um estudante que não for o repórter fizer uma pergunta a você, questione se essa é
uma pergunta do grupo ou se é apenas dele. Se for apenas dele, oriente-o a compartilhar primei-
ro sua dúvida com os membros do grupo e, caso seja do grupo, incentive os estudantes desse
grupo a respeitar os papéis a fim de valorizar suas habilidades. Só depois, responda à pergunta.
Passe de grupo em grupo para observar o trabalho de cada um deles durante algum tempo e, se
for o caso, ofereça ajuda ao facilitador e ao controlador de recursos e tempo com a gestão dos
materiais usados e do tempo.
Avalie a produção do grupo, assim como a participação individual de cada estudante. Dê retor-
nos personalizados para a turma e com evidências do que você percebeu durante o trabalho
para que os estudantes possam evoluir na próxima oportunidade.
Dê oportunidade para que o grupo se autoavalie. Oriente os estudantes a retomar a lista de ha-
bilidades proposta inicialmente a fim de verificar se elas foram desenvolvidas durante o trabalho.
11
O roteiro de planejamento do trabalho em grupo foi construído de acordo com as propostas de Cohen e Lotan.
12
Quando se trata do componente curricular, grafa-se Arte; nos demais casos, arte.
XI
Assim, e de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)13 e a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC)14, entendemos nesta coleção que a arte é um saber passível de ser ensinado e
aprendido, além de constituir um patrimônio histórico e cultural da humanidade.
Rubens Chaves/Pulsar Imagens
sweeann/Shutterstock
Rubens Chaves/Pulsar Imagens
Como objeto de estudo da área do conhecimento Linguística, Letras e Artes15, a Arte abarca o
fazer e o pensamento artísticos, que se caracterizam um modo particular de dar sentido à vida, pois
esse pensamento e esse fazer se relacionam à experiência estética ou à experiência que vivemos ao
apreciar e produzir beleza.
A beleza, um dos valores que atribuímos às coisas do mundo, tem relação direta com aquilo que
agrada aos sentidos. O que não quer dizer, entretanto, que o belo se resume ao “bonito” ou “correto”.
Muitas vezes, algo que não é considerado bonito nem convencionalmente correto pode despertar
fortes emoções, como medo, asco, raiva, revolta ou tristeza e, em consequência, causar intensas
experiências estéticas.
É importante lembrar que o significado que cada pessoa em cada cultura atribui à beleza varia,
por isso dizemos que esse significado é relativo, mudando de acordo com as experiências vividas pelo
sujeito e os valores culturais do grupo social em que se insere. Assim, a arte pode ser definida também
como uma forma de conhecimento que se manifesta por meio da experiência cultural.
13
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997a.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte. Brasília: MEC/SEF, 1997b.
14
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC/SEB, 2018.
15
Conheça mais das áreas do conhecimento no Brasil segundo a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (Capes). Disponível em: https://www.gov.br/capes/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/avaliacao/
instrumentos/documentos-de-apoio-1/tabela-de-areas-de-conhecimento-avaliacao. Acesso em: 25 maio 2022.
XII
O Nascimento de Vênus, do pintor
Reprodução/Galleria degli Uffizi, Florença, Itália.
italiano Sandro Botticelli (1445-1510),
c. 1482 (óleo sobre tela,
172,5 cm × 278,5 cm). Pinturas
como essa são exemplos da
beleza na tradição ocidental.
Na tela
Para obter mais
informações sobre
arte, assista ao vídeo
Afinal, o que é Arte?
no canal da Univesp.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=pZnuwvpzHhg.
Acesso em: 25 maio
2022.
Merla/Shutterstock
Por isso, compreendemos que é na escola, e por meio da me-
diação do professor16, que os estudantes vão compreender me-
lhor a cultura em que estão inseridos e expandir seus conheci-
mentos no campo da arte, abrindo-se para a produção artística
de outras culturas, de hoje e de outros tempos.
Na escola, os estudantes têm a oportunidade de conhecer,
apreciar e criticar as diversas culturas e manifestações da arte,
dialogando com o “diferente”, e refletindo sobre ele, ao valorizar
a diversidade.
16
Segundo orientações da Federação de Arte/Educadores do Brasil (FAEB),
quem ministra as aulas de Arte no Ensino Fundamental – Anos Finais são
os licenciados em Artes Visuais, Música, Dança e Teatro, a fim de evitar a
polivalência. Jovem ouvindo música.
XIII
Como se orienta na BNCC:
O componente curricular contribui, ainda, para a interação crítica dos alunos com a complexidade do mundo, além
de favorecer o respeito às diferenças e o diálogo intercultural, pluriétnico e plurilíngue, importantes para o exercí-
cio da cidadania. A Arte propicia a troca entre culturas e favorece o reconhecimento de semelhanças e diferenças
entre elas.
Nesse sentido, as manifestações artísticas não podem ser reduzidas às produções legitimadas pelas instituições
culturais e veiculadas pela mídia, tampouco a prática artística pode ser vista como mera aquisição de códigos e Na tela
técnicas. A aprendizagem de Arte precisa alcançar a experiência e a vivência artísticas como prática social, permi-
tindo que os alunos sejam protagonistas e criadores.17 Para obter mais
informações sobre
Será nas aulas de Arte que os jovens vão ampliar seu conhecimento e aprender acerca das técni-
Arte na BNCC, assista
cas e dos procedimentos construídos socialmente que permitirão que eles se expressem de forma
ao vídeo Artes na
artística. Isso quer dizer que as manifestações e as produções artísticas são, elas mesmas, fruto de
BNCC, realizado pelo
um aprendizado sistematizado, que é um direito dos estudantes brasileiros.
Movimento pela Base.
O grande objetivo das aulas de Arte no Ensino Fundamental – Anos Finais, então, será possibilitar Disponível em: https://
aos estudantes que estão na transição entre a infância e a adolescência experiências estéticas, cul- youtu.be/lNn9tzV1NiY.
turais e afetivas a fim de mobilizar habilidades para desenvolver competências artísticas, ampliar o
Acesso em: 25 maio
repertório acadêmico e cultural, assim como a capacidade de raciocínio abstrato, e promover uma
2022.
cidadania participativa, crítica e criativa. Esse é, portanto, nosso desafio.
17
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC/SEB, 2018. p. 191. Os jovens e as artes.
XIV
Para conhecer a coleção Na tela
Nesta coleção, a sequência didática organizada em cada um dos capítulos que estruturam
Para obter mais
as unidades relaciona-se ao aprendizado de uma linguagem artística, ou unidade temática da
informações sobre
Arte, por meio de atividades inspiradas na abordagem triangular e nas seis dimensões do co-
linguagens da Arte,
nhecimento presentes na BNCC (criação, crítica, estesia, expressão, fruição e reflexão).
assista ao vídeo
Explicando a BNCC:
Uma vez que as linguagens têm suas especificidades, nos próximos tópicos, apresentaremos as- as linguagens da arte,
pectos próprios do ensino de cada uma delas. produzido por Circularte
Educação. Disponível
Artes visuais
em: https://youtu.be/
Os estudantes do Ensino Fundamental – Anos Finais podem apresentar um valioso repertório
HKFH8v9wt4c. Acesso
visual oriundo do contato com a produção artística tanto de outros jovens como de adultos,
em: 25 maio 2022.
como imagens de TV, cinema e sites, além daquelas expostas em livros, revistas, museus e outros
espaços de divulgação. Ao participar da cultura, eles constroem seus conhecimentos sobre artes
visuais.
Nos adolescentes, a produção em artes visuais é reflexo da capacidade de compreender a si pró-
prio e suas relações com o mundo. Por isso, ao se expressar por meio da linguagem visual – com de-
senho, pintura, colagem, escultura e fotografia, entre outras formas de manifestação –, eles revelam
muito daquilo que sabem e sentem em relação aos objetos, às pessoas, à vida, etc.
Nessa faixa etária, os jovens já têm consciência de si, de sua produção artística e de suas limita-
ções e começam a pôr em dúvida a autoridade dos adultos. Essa é a idade da contemplação, em que
o ser humano vê a si mesmo a fim de se descobrir. O comportamento, o modo de se vestir e pentear
e a escolha de participar ou não do que é considerado “legal” demonstram a pressão que os adoles-
centes sofrem para pertencer a um grupo. Ao mesmo tempo que se dão conta de que são maduros
para algumas coisas, sentem-se imaturos para outras. Por esse motivo, costumam ser muito críticos
em relação a seu produto artístico e podem se sentir inseguros de sua capacidade para a arte.
Além disso, os estudantes dessa faixa etária valorizam o conhecimento sobre o processo que re-
sultou em uma manifestação de arte. Eles costumam ser criativos, apreciam explorar procedimentos
e percebem mudanças no resultado. Nesse sentido, a pressão do grupo pode ser transformada em
algo desafiador. Caso isso aconteça, o grupo será estimulado a criar, a tentar extrapolar seus limites
e a dialogar.
Os jovens têm sentimentos intensos e gostam de compartilhar ideias. Assim, o gosto pessoal e a
crítica devem ser estimulados por meio de conversas, levantamentos de informações e experimenta-
ções. A motivação para o aprendizado da arte vai decorrer da contribuição de cada estudante para
a finalização de um produto, fruto de um projeto.
Por isso, nesta coleção, a proposição de fazeres com as artes visuais, para além de um aprendiza-
do técnico ou com resultados corretos, busca a sensibilidade e a expressão dos estudantes. Assim,
a proposta é desenvolver a expressividade cultivada por meio das técnicas, não a técnica por ela
mesma.
A sensibilização e a expressão são importantes também na leitura que os estudantes fazem das
obras de arte visual. Ao ler uma obra, eles expressam sua experiência, seu conhecimento prévio e seu
repertório cultural. Isso significa que a apreciação pode ser mais ou menos complexa, dependendo
do contato do apreciador com a obra.
Existem diversas pesquisas, incluindo brasileiras, sobre
XV
Para Anamélia Bueno Buoro18, existem sete momentos importantes para a mediação de leitura de
imagem:
⓿ descrição da imagem;
⓿ descoberta de percursos visuais na imagem a fim de perceber toda a estruturação da compo-
sição e possibilitar o afloramento de significações e questões pertinentes, inerentes ao texto
visual;
⓿ percepção das relações entre a obra focalizada e a produção anterior realizada pelo artista
produtor;
⓿ pesquisa, em busca das respostas que surgiram no processo de leitura, a fim de se aproximar
do significado visual da obra;
⓿ comparação ou diálogo entre obras contemporâneas;
⓿ construção de texto verbal com registro do percurso empreendido, que abarque a significação
do texto visual lido;
abordagem do conceito de produção artística como construção de linguagem e trabalho hu-
⓿
mano.
Além dos aspectos formais e temáticos de uma obra de arte visual, a partir de uma perspectiva
crítica19, deve-se buscar perceber o que há de nós mesmos na obra, ou seja, como nós nos reco-
nhecemos nela, o que vemos de nossa vida em sociedade nessa imagem, por que determinadas
representações são recorrentes, que interesses são satisfeitos com essas representações. Assim, será
possível discutir também com os estudantes aspectos presentes nas obras de arte relativos aos jo-
gos de poder, à diversidade e aos temas contemporâneos instigantes que fazem parte da vida deles
e, portanto, lhes interessam.
A fim de trabalhar a leitura das obras de artes visuais apresentadas nesta coleção, propomos
tanto nos Livros do Estudante como neste Manual do Professor – Orientações Gerais:
⓿ questões que buscam desenvolver nos estudantes um olhar crítico e contextualizado;
Na tela
⓿ momentos destinados a conhecer outros trabalhos do artista para que seja possível estabele-
cer relações entre suas obras; Para obter mais
⓿ ampliação de repertório para um diálogo com outras produções artísticas, até mesmo de ou- informações sobre
tras linguagens; artes visuais na escola,
⓿ inserção progressiva de um registro escrito sobre as impressões a respeito da obra; assista ao vídeo
Ubuntu – Sou porque
⓿ incentivo para a investigação da poética do artista e da linguagem construída por ele;
somos, produzido pelo
questionamentos sobre como os estudantes se sentiram e o que pensaram ao apreciar as
⓿
Instituto Arte na Escola.
obras, revelando o que veem de si mesmos e da vida em sociedade na obra analisada.
Disponível em: https://
Com esse trabalho sistemático de experimentação em artes visuais e leitura de imagens, com foco youtu.be/Mfwa5qova1I.
na análise artística e estética, buscamos mobilizar as habilidades listadas na BNCC relacionadas à Acesso em: 26 maio
unidade temática Artes Visuais. As orientações didáticas oferecidas no decorrer dos volumes da co- 2022.
leção demarcam os momentos específicos em que elas serão trabalhadas.
Música
Para a tradição acadêmica, a técnica e a erudição são aspectos considerados essenciais para
uma boa formação musical. Desde meados do século XX, entretanto, outro modo de ensinar
e aprender música vem sendo aceito e valorizado. A fim de ampliar a percepção e a consciên-
cia do indivíduo e contribuir para a superação de preconceitos, posturas individualistas e vi-
sões de mundo dualistas, essa nova prática se apoia em três eixos de trabalho: a apreciação,
a performance e a criação musicais. Para tanto, é preciso cultivar contextos educacionais que
respeitem e estimulem o sentir, o questionar e o criar, além de promover o debate relacionado à
música e ao humano.
O ato de ouvir e apreciar música consiste em receber estímulos sonoros, transformá-los em per-
cepções e, então, inserir essas percepções em nosso contexto mental (psíquico, afetivo e cultural,
entre outros). Essa inserção se dá mediante a estruturação de novas configurações mentais. Nossa
reação à música é, portanto, um ato de (re)criação. Segundo Moraes20, a música atua por meio de
três dimensões: a corpóreo-sensorial, a afetivo-subjetiva e a estético-social. Essas dimensões são
indissociáveis e integram aspectos fisiológicos, psicológicos e socioculturais.
18
BUORO, Anamélia B. O olhar em construção: uma experiência de ensino e aprendizagem da arte na escola. São Paulo:
Cortez, 1996. BUORO, Anamélia B. Olhos que pintam: a leitura da imagem e o ensino da arte. São Paulo: EDC/Fapesp/
Cortez, 2002.
19
SARDELICH, Maria E. Leitura de imagens, cultura visual e prática educativa. Cadernos de Pesquisa, 36 (128): p. 451-472,
maio/ago. 2006.
20
MORAES, José J. de. O que é música. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1991.
XVI
A dimensão corpóreo-sensorial é epidérmica, está relacionada ao ritmo e é
Dança
A visão dualista que põe corpo e alma como domínios opostos faz com que os educadores consi-
derem, muitas vezes, o trabalho físico apartado do trabalho intelectual. Com isso, relega-se a dança
ao âmbito da “ginástica” ou ao universo da “pura diversão”, como se nada disso pudesse contribuir
para o aprendizado e a formação do cidadão. No entanto, alguns estudiosos da dança e do movi-
mento humano, como Rudolf Laban (1879-1958), Gerda Alexander (1908-1994), Peter Brook (1925-)
e Angel Vianna (1928-), entre outros, entendem a dança como o “pensamento do corpo”, sugerindo
que a visão dualista seja abandonada e que o processo educativo se torne mais holístico e produtivo.
Como afirma Isabel Marques23, é possível pensar dançando e dançar pensando.
Assim, a presença da dança na escola não deve ter como objetivo tão somente um aprimoramen-
to técnico que forme bailarinos como “fazedores de dança”, mas entender o ato de dançar como uma
das maneiras que possibilitam às pessoas conhecer seu corpo e a si mesmas. Nesse sentido, não exis-
tem aqueles que “sabem” dançar e aqueles que “não sabem”: uma vez que o movimento é a base de
todas as ações humanas, a dança é um dos aspectos que compõem a existência de qualquer pessoa.
21
SCHAFER, Murray. Le paysage sonore. Marseille: Wildproject, 2010. SCHAFER, Murray. O ouvido pensante. 3. ed. São
Paulo: Unesp, 2013.
22
KATER, Carlos. Música Viva e H. J. Koellreutter: movimentos em direção à modernidade. São Paulo: Musa/Atravez, 2001.
23
MARQUES, Isabel. A dança no contexto. São Paulo: Ícone, 1999.
XVII
O corpo, mesmo quando está parado ou em repouso, deve estar em movimento para estar vivo.
Essa é uma das questões centrais para muitos artistas da dança contemporânea, que incluem em
seus trabalhos a importância do movimento dos órgãos internos e dos fluidos corporais.
BearFotos/Shutterstock
O corpo ativo e consciente
A dança é uma forma de o ser humano se expressar por meio do movimento corporal. Entretanto, nas aulas de dança.
é também uma maneira de experienciar o mundo e de interagir com ele e com as pessoas que nele
vivem. Daí o trabalho com dança na escola constituir uma maneira de estreitar o elo entre professo-
res e estudantes. Para tanto, é fundamental reservar momentos para discutir as práticas propostas.
Conhecendo e compreendendo a expressão corporal dos estudantes, o professor pode se aproximar
deles, além de propiciar uma maior integração do grupo.
Com a incorporação da dança às aulas de Arte, exploraram-se as possibilidades de movimento
e as relações entre tais possibilidades e a expressão individual e trabalham-se a relação entre os
diferentes corpos e a relação entre o corpo e o espaço. Além de estimular a coordenação motora, o
equilíbrio e o tônus muscular, esse tipo de trabalho cria possibilidades para o exercício da imagina-
ção, da capacidade lúdica e da socialização.
Na tela
Descobrir maneiras de se movimentar para além daquelas com as quais estamos habituados no
cotidiano constitui a criação estética que permeia a dança, e é justamente essa busca por novas Para obter mais
possibilidades, para além do usual, que permitirá aos jovens que formamos imaginar e dar forma a informações sobre
um mundo diferente, que não seja restrito ao que já está estabelecido. dança na escola, ouça
Na coleção, a fim de sistematizar o ensino de dança, propomos, tanto nos Livros do Estudante o podcast Oficina
como neste Manual do Professor – Orientações Gerais: com conversa: dança
contemporânea, o
⓿ exercícios de consciência corporal;
que a escola tem a
⓿ apreciação de diferentes manifestações de dança;
ver com isso?. Com
⓿ atividades de reconhecimento de elementos da linguagem corporal; Jussara Xavier.
⓿ atividades de criação e de improvisação de movimentos dançados; Disponível em: https://
ampliação gradativa do repertório cultural dos estudantes, com a abordagem da dança em
⓿
open.spotify.com/
suas diferentes formas. episode/3dGquh5SRgw
Buscamos, dessa forma, mobilizar as habilidades listadas na BNCC relacionadas à unidade temá- Ejj5P19yJPM. Acesso em:
tica Dança. As orientações didáticas oferecidas no decorrer dos volumes da coleção demarcam os 26 maio 2022.
momentos específicos em que elas serão trabalhadas.
Teatro
Para Viola Spolin24 (1906-1994), o objetivo do trabalho com a linguagem teatral na escola não é
fazer dos estudantes atores, mas abrir caminho para que cada um deles descubra a si mesmo e re-
conheça a importância da arte em sua vida.
O teatro ajuda o estudante a desenvolver maior domínio do tempo, do corpo e da verbalização
a fim de se tornar mais expressivo. Porém, longe de ser apenas instrutivo, o teatro é sobretudo uma
forma de arte que deve ser explorada por seu caráter estético.
Como arte, o teatro em sala de aula põe os jovens em contato com uma das mais antigas mani-
festações culturais da humanidade, que sempre discutiu as questões essenciais dos seres no mun-
do. Nessa perspectiva, o teatro tem função estética, catártica, questionadora, social e política. Há,
24
SPOLIN, Viola. Improvisação para o teatro. 6. ed. São Paulo: Perspectiva, 2015. SPOLIN, Viola. Jogos teatrais: o fichário
de Viola Spolin. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 2001. SPOLIN, Viola. O jogo teatral no livro do diretor. 2. ed. São Paulo:
Perspectiva, 2013.
XVIII
então, algumas de suas facetas que devem ser explora-
XIX
Além dos exemplos citados, a arte contemporânea, nascida da ruptura com os valores da arte
tradicional ocidental, caracteriza-se quase sempre pela integração das linguagens. Por ter muitas
vertentes e tendências, é muito difícil defini-la de maneira a dar conta dessa variedade. Porém, o que
podemos afirmar acerca das transformações que ocorreram na arte durante o século XX e conti-
nuam a se desenrolar no século XXI é que noções como a beleza, a imitação do real, a obra-prima, o
talento e, principalmente, o papel e o valor da arte passaram a ser amplamente discutidos e revistos.
Assim, a arte tem estado em permanente mudança e muitas das produções artísticas atuais nos
causam sensações diversas, por vezes, antagônicas, como estranhamento, curiosidade e, até mesmo,
rejeição.
Assim, podemos afirmar que a arte contemporânea se caracteriza por:
⓿ questionar o sistema de circulação de arte;
⓿ incorporar as artes das periferias urbanas, além de ocupar as ruas e os espaços públicos;
⓿ mesclar as culturas populares brasileiras e as artes que são fruto do ensino formal;
⓿ valorizar, ver e ouvir quem somos nós.
Além disso, os seguintes elementos estruturam a arte contemporânea: Na tela
⓿ diálogo entre as linguagens artísticas;
Para obter mais
⓿ uso inusitado de materiais e meios, estranhamento que causa no público e ludicidade e integra-
informações sobre arte
ção entre obra e espectador;
contemporânea, assista
uso de tecnologias de comunicação e informação.
⓿
ao webinar O que é
Nesta coleção, de acordo com a BNCC, o ensino das artes integradas é sistematizado com ati- arte contemporânea?.
vidades de apreciação, contextualização e produção. Assim, apresentamos gradativamente os ele-
Disponível em: https://
mentos presentes nessa forma de arte a fim de ampliar o repertório cultural dos estudantes.
youtu.be/xClU8ZSObqs.
Buscamos, dessa forma, mobilizar as habilidades listadas na BNCC relacionadas à unidade te- Acesso em: 26 maio
mática Artes Integradas. As orientações didáticas oferecidas no decorrer dos volumes da coleção 2022.
demarcam os momentos específicos em que elas serão trabalhadas.
Cultura midiática
Segundo levantamento realizado pelo Comitê Gestor da Internet (CGI) e pelo Centro Regional de
Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação no Brasil (Cetic.br) em 2015, oito em
cada dez crianças e adolescentes com idade entre 9 e 17 anos usam a internet com frequência, o que
representa 23,7 milhões de jovens em todo o país. Para esse grupo, o telefone celular é o principal
dispositivo de acesso (83%), seguido de computadores de mesa, tablets, computadores portáteis
ou consoles para videogames. Por isso, tão importante como saber interpretar e escrever um texto
para que se alcance uma formação cidadã, é fundamental desenvolver um olhar crítico para filtrar as
informações encontradas na rede.
Segundo a Arte-educação baseada na cultura visual, a cultura midiática pode e deve ser proble-
matizada nas aulas de Arte, uma vez que quase tudo o que nos sensibiliza e informa nos dias de hoje
advém das imagens e visualidades veiculadas pelos meios de comunicação e pela publicidade. “Vi-
sualidade”, para os arte-educadores, significa
mais do que visão, um dos sentidos humanos,
As tecnologias de comunicação e
informação no cotidiano escolar.
Sumaré (SP), 2014.
25
MIRZOEFF, Nicholas. Visual culture reader. London: Routledge, 1998. MIRZOEFF, Nicholas. An introduction to visual
culture. London: Routlege, 1999.
XX
Utilizar a linguagem audiovisual em sala de aula apenas como passatempo seria, portanto, des-
considerar seu potencial educativo. Há uma notória preferência dos jovens por essa linguagem. As-
sim, os estudantes podem desenvolver diversas habilidades se instigados a pensar sobre as produ-
ções midiáticas e a produzir audiovisuais, pois são, enfim, telespectadores acostumados a aprender
com a TV e a internet: conhecem outras culturas, absorvem diferentes modos de falar e agir e rece-
bem grande quantidade de informação, entre outras coisas. Tudo isso se dá por meio da representa-
ção imagética e da percepção sonora. Cabe ao educador, portanto, saber usar essas ferramentas de
forma produtiva para criar significados.
O trabalho com a linguagem audiovisual na escola abrange três eixos primordiais: apreciação,
produção e difusão. A apreciação enfoca a leitura crítica de uma obra mediada pelo educador; a
produção, a participação em experimentações audiovisuais com e sem tecnologia; já a difusão dos
trabalhos realizados pelos estudantes implica uma ação política de democratização de acesso aos
meios de comunicação. Nesse sentido, a internet se configura como um dos mais eficientes, além dos
eventos escolares.
Com a presença crescente das tecnologias digitais na vida cotidiana, boa parte dos estudantes
do Ensino Fundamental – Anos Finais costuma utilizar o celular para tirar fotografias e fazer peque- Na tela
nos vídeos. Assim, é muito indicado o uso desse aparelho em trabalhos com a linguagem audiovisual.
Para obter mais
No entanto, é papel da escola fornecer parâmetros, tanto técnicos como éticos, para que as tecno-
informações sobre o
logias sejam empregadas com cuidado e consciência a fim de evitar mau uso.
tema, leia o Guia da
Nesta coleção, o trabalho com a linguagem audiovisual é feito com o objetivo de ampliar o reper-
Educação Midiática,
tório cultural dos estudantes, além de mostrar possibilidades de criação com o uso de tecnologias
produzido pelo Instituto
da informação.
Palavra Aberta.
Ao solicitar aos estudantes do Ensino Fundamental – Anos Finais que usem a tecnologia para criar Disponível em: https://
nas aulas de Arte, visamos construir com eles novos sentidos para esses materiais, que vão além do educamidia.org.br/guia.
entretenimento e podem ser utilizados de modo consciente e crítico. Os jovens, por sua vez, sendo
Acesso em: 26 maio
nativos digitais, podem se sentir mais engajados em propostas de produção que utilizem celular,
2022.
câmera fotográfica, de vídeo ou gravador de áudio, que se aproximam muito de tudo aquilo a que
têm acesso fora da escola.
DisobeyArt/iStockphoto/Getty Images
piciar uma educação integral, baliza-
da pelos direitos humanos e princípios
democráticos, pode se concretizar em
aulas de Arte contextualizadas e ade-
quadas às culturas juvenis e à cultura
e à arte contemporâneas.
XXI
GoodStudio/Shutterstock
Na tela
Para obter mais
informações sobre
culturas juvenis,
assista ao vídeo do
Centro de Mídias da
Educação de São
Paulo. Disponível em:
https://www.youtube.
com/watch?v=H-_
OOm8afdA. Acesso em:
Tribos jovens. 26 maio 2022.
26
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC/SEB, 2017. p. 35-36.
XXII
Nesse cenário, torna-se evidente que o respeito à diversidade está estreitamente relacionado à
saúde mental. O aumento significativo do número de casos de transtornos mentais, principalmente
na infância e adolescência, bem como o crescente relato de episódios de automutilação e tentati-
vas de suicídio entre adolescentes são exemplos claros de quão delicado o momento atual vem se
desenhando.
A escola, depois da família, é a principal responsável pelo aprendizado das regras de convivência
social, desempenhando um papel especialmente importante de conscientizar os estudantes e pro-
mover sua saúde social e mental por meio de atividades e projetos coletivos que envolvam o respeito
à diversidade e, por extensão, o combate ao preconceito, à discriminação e ao bullying.
Uma Arte-educação que valorize a cultura de paz deve propor o uso de processos metodológicos
Na tela
criativos, participativos e de construção coletiva da aprendizagem, a fim de transformar a escola
em um ambiente de sensibilização e vivência, com o objetivo de valorizar as diferenças e, ao mesmo Para obter mais
tempo, enfrentar as desigualdades, mesmo que, muitas vezes, esse enfrentamento provoque situa- informações sobre
ções de conflito. bullying, consulte o tema
Nesse sentido, o conflito é tomado como uma dimensão natural e inevitável da existência hu- no site Convivere Mais.
mana, que, se mediado de modo adequado, pode vir a constituir uma importante experiência de Disponível em: https://
desenvolvimento pessoal. A mediação de conflitos realizada por professores, coordenadores e di- www.conviveremais.com.
retores escolares, além do suporte das redes de proteção de abrangência municipal, estadual, br/?s=bullying. Acesso
nacional e/ou internacional, pode ajudar, assim, na segurança de cada estudante e na segurança em: 28 jun. 2022.
do ambiente escolar.
Dica prática
Mediação de conflitos
Como sabemos, pré-adolescentes e adolescentes podem apresentar nuances de um comporta-
mento peculiar na escola que conturbam as aulas, como conversar, fazer piadas e rir em momen-
tos impróprios, não trazer o material necessário, chegar com atraso à sala e deixar de fazer a
lição de casa, entre outros. Essas ações, que refletem uma atitude de constante enfrentamento,
podem resultar em aulas infrutíferas.
Nas aulas de Arte, em especial, os momentos de experimentação em dança e teatro promovem
encontros bem diferentes da prática escolar cotidiana, pois algumas atividades envolvem, mui-
tas vezes, um trabalho corporal. Isso pode suscitar, por exemplo, atitudes de bullying e resultar
em momentos de confronto.
A fim de auxiliá-lo nessas situações, sugerimos, como estratégia para estimular o diálogo e a
compreensão, a mediação de conflitos, um método alternativo utilizado para prevenção, nego-
ciação e resolução de conflitos, ou seja, para a prática restaurativa aplicada a diferentes campos
da convivência.
A mediação de conflitos é um processo confidencial no qual o mediador, um terceiro neutro
capacitado, facilita a comunicação entre os protagonistas de um conflito a fim de ajudá-los
a encontrar soluções mutuamente aceitáveis e a transformar uma situação adversarial em
colaborativa.
O mediador não decide o que é certo ou errado nem encontra culpados ou inocentes. Ele pro-
cura ajudar os envolvidos na disputa a encontrar juntos um caminho pacífico para resolvê-la.
Uma questão central quando se trata de conflito é compreender a maneira como, nessas si-
tuações, os envolvidos pensam, agem e sentem, em geral de acordo com sua visão de mundo.
Assim, aqueles que acreditam que, no conflito, só existe risco, tendo uma visão negativa dele,
endurecem sua posição, dificultando qualquer tentativa de solução. Por sua vez, aqueles que
acreditam que o conflito é uma dificuldade que pode ser resolvida de alguma forma, conferindo
a ele uma visão mais positiva, têm maior probabilidade de desenvolver recursos para buscar
soluções. Entretanto, o conflito é um processo interacional, ou seja, sempre construído por duas
ou mais partes, que se caracteriza por:
⓿ posição antagônica entre os interesses das partes;
⓿ presença ou ausência de processos agressivos entre as partes;
⓿ disputa como apenas uma etapa do conflito, intercalada com momentos de tristeza e angús-
tia, entre outras atitudes;
⓿ partes antagônicas que acreditam que seus interesses não podem ser satisfeitos simulta-
neamente;
⓿ inflexibilidade das partes.
XXIII
A convivência entre pessoas, grupos e nações foi marcada em todos os tempos por conflitos,
que oferecem maior ou menor risco segundo a maneira positiva ou negativa como são enxerga- Biblioteca
dos. Chegar a uma solução depende sempre dos recursos que as partes envolvidas disponham
para negociar acordos e criar alternativas para a disputa; caso contrário, ela pode levar à ruptu- TORREMORELL, Maria
ra de relacionamentos, impasse nos negócios e guerra entre nações. Carme B. Mediação
A busca de alternativas para resolução dos conflitos envolve práticas que consistem em: de conflitos na escola:
Modelos, estratégias
⓿ legitimar as diferenças;
e práticas. São Paulo:
⓿ buscar opções que atendam de algum modo aos interesses e às necessidades dos envolvidos;
Summus, 2021. Nessa
⓿ possibilitar a colaboração entre as partes; obra extremamente
⓿ favorecer o empoderamento pessoal e o reconhecimento do outro; didática, dividida em
⓿ estimular o diálogo; três partes, abordam-se
os fundamentos da
⓿ criar um contexto favorável para a construção de acordos participativos e duradouros.
mediação de conflitos,
O mediador pode empregar inúmeras técnicas para fazer a mediação de um conflito. Uma delas
seus modelos e
é a técnica restaurativa – círculo de classe/hora do círculo, de Belinda Hopkins27. Segundo essa
âmbitos de aplicação,
técnica, em um conflito escolar, o mediador deve criar um círculo com os envolvidos e iniciar uma
o passo a passo para
conversa com base nestas perguntas:
sua implementação,
⓿ De acordo com seu ponto de vista, o que aconteceu?
seu uso específico na
⓿ O que cada uma das partes envolvidas está sentindo e pensando? comunidade escolar – na
⓿ Entre os envolvidos, quem foi mais afetado ou sofreu algum dano? Educação Infantil, no
⓿ O que é preciso ser feito para que uma boa relação se restabeleça? Ensino Fundamental e
no Ensino Médio – e o
⓿ O que posso fazer para ajudar?
papel do mediador no
⓿ Como dar uma oportunidade aos envolvidos de reparar o dano causado e pôr tudo em ordem? processo. Apresentam-se
⓿ O que se pode aprender com o episódio? ainda exemplos
⓿ Como teria sido possível tratar o ocorrido de outra maneira? bem-sucedidos de
mediação e um plano
⓿ Como você acha que os envolvidos na disputa se sentem? O que pensa do atual estado deles?
detalhado para formar
⓿ Que soluções podem beneficiar cada um dos envolvidos? mediadores no âmbito
⓿ O que você pensou quando ocorreu o episódio? Estava tentando conseguir o quê? educativo.
Houve mudanças em sua vida depois do incidente?
Reprodução/Summus Editorial
⓿
O “perguntar restaurativo”, como é chamada essa prática, leva a uma forma de escuta que
possibilita ao ouvinte entender a história de seu interlocutor e reconhecer seus pensamentos,
sentimentos e necessidades em dado momento. Em síntese, permite refletir sobre o episódio e
suas consequências futuras, promove a expressão de sentimentos, pensamentos, ações, com-
portamentos e necessidades e auxilia na busca de um caminho de conciliação, ou um modo
de fazer com que as coisas fiquem bem. Além disso, permite ao ouvinte permanecer imparcial
perante a situação.
Ao utilizar essa técnica, é esperado das partes que:
⓿ narrem seu lado da história;
⓿ expressem seus sentimentos a fim de buscar compreender melhor o que aconteceu;
⓿ compreendam como isso pode ser evitado no futuro;
⓿ sintam-se compreendidas por todos os envolvidos e reconheçam o dano causado;
⓿ encontrem um modo de continuar juntos e de se sentir melhor em relação a si mesmos e aos
demais.
27
HOPKINS, Belinda. Just Schools: a whole School Approach to Restorative Justice. Londres/Filadélfia: Jessica Kingsley,
2004.
28
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC/SEB, 2018. p. 60.
XXIV
O projeto de vida relaciona-se com o caminho que os jovens escolhem para identificar seus inte-
resses, limites e potenciais, que são influenciados pelo meio em que estão inseridos. Dessa forma, é
possível identificar como esses projetos futuros são influenciados pelas culturas juvenis e trazê-los
para a reflexão individual dos estudantes.
Por isso, é uma missão da escola habilitá-los para gerir a própria vida, capacitando-os a planejar,
eleger metas de aprendizagem e fazer projetos de médio e longo prazo. Algumas características es-
senciais para que isso aconteça são persistência, foco e respeito a compromissos. O professor, então,
deve mostrar a eles que é preciso esforço para alcançar objetivos e superar dificuldades – isso inclui
a busca de apoio na família, na escola e na comunidade. Os estudantes devem compreender ainda
que a autoavaliação é uma habilidade necessária para ajudá-los a ser independente e a melhorar seu
desempenho.
O projeto de vida contempla também uma compreensão a respeito do mundo do trabalho, de
suas possibilidades, dificuldades e tendências. Os estudantes devem ser incentivados a compreen-
der suas habilidades e competências e relacioná-las a possíveis carreiras e caminhos profissionais.
Nesse sentido, abarca ainda o campo das pesquisas científicas e dos estudos acadêmicos, carreira
potencial a todos que cursarem uma graduação.
Na relação entre projeto de vida e experiência escolar, devem-se considerar três dimensões dis-
tintas e interligadas:
⓿ Autoconhecimento (descoberta de aspirações, interesses, potenciais e desafios pessoais), pro-
cesso que se relaciona com o encontro consigo, com ênfase na dimensão pessoal.
⓿ Expansão e exploração (reflexão sobre relações sociais e ampliação de horizontes e possibilida-
des), processo que envolve o encontro com o outro e o mundo, com ênfase na dimensão cidadã.
⓿ Reconhecimento (construção de caminhos para a vida futura), que aborda o encontro com o
futuro e o nós, com ênfase na dimensão de reconhecimento de possíveis vocações.
XXV
4. Ensino de Arte e BNCC
Educação integral e interdisciplinaridade
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento normativo que tem como objetivo
definir um conjunto de aprendizagens mínimas comuns que devem ser desenvolvidas nas etapas da
Educação Básica nas escolas de todo o território brasileiro.
O documento, baseado em princípios éticos, políticos e estéticos estabelecidos pelas Diretrizes
Curriculares Nacionais (DCN) da Educação Básica, propõe parâmetros para uma educação para a
formação humana integral e para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
Vextok/Shutterstock
Educação integral
para construir uma
sociedade justa,
democrática e
inclusiva.
A educação integral proposta pela BNCC visa a um desenvolvimento global dos estudantes, reco-
nhecendo que o processo de aprendizado é complexo, não linear e composto das diversas dimensões
da vida (afetiva, cognitiva, estética e ética, entre outras). Nesse sentido, os estudantes são conside-
rados sujeitos desse processo, ou seja, agentes da própria formação, e a educação, por sua vez, deve
abrigar as singularidades de cada um deles, acolhendo as diferentes culturas juvenis.
Nessa perspectiva, mais do que acumular informações, os estudantes devem ser capazes de lidar
com a realidade que os cerca, transitando inclusive pelas diversas plataformas tecnológicas e fazen-
do um uso adequado de suas ferramentas. Portanto, a educação integral traz embutida a possibili-
dade de criar pontes entre os diferentes componentes curriculares e o mundo real, de maneira que
o aprendizado capacite os estudantes para se desenvolver na escola e na vida. Assim, seus variados
contextos de inserção devem ser considerados para que as singularidades pessoais, culturais e re-
gionais sejam respeitadas – o que implica ouvir e considerar toda a comunidade escolar.
Uma educação integral, então, deve levar em conta também o que está para além da escola e
da sala de aula, contemplar diferentes perspectivas e existências, além de oferecer aos estudantes
a possibilidade de vivenciar diferentes linguagens, contextos e ritmos para que sejam capazes de se
desenvolver física, social, intelectual e afetivamente.
Segundo as DCN para a Educação Básica (Parecer CNE/CEB n. 7, de 2010, e Resolução CNE/CEB
n. 4, de 2010), a interdisciplinaridade é recomendada no trabalho escolar para facilitar o exercício da
transversalidade, ou seja, o modo de organizar o currículo por meio de temas transversais. A articu-
lação dos conhecimentos é um dos objetivos dessa maneira de organizar o currículo, pois permite
romper com a forma rígida de trabalhar separadamente com os saberes escolares.
Nesse sentido, ao realizar um projeto de trabalho, você tem a oportunidade de levar os estudan-
tes a entender que determinado conhecimento não é exclusividade de uma disciplina específica, mas
transita entre diferentes modos de entender e explicar a vida.
XXVI
A Segundo Fernando Hernández29, para realizar projetos interdisciplinares é importante integrar
conhecimentos e desenvolver habilidades de vários componentes curriculares, reconhecendo a curio-
sidade dos estudantes e estimulando as questões que levantam e as possíveis relações que são ca- Na tela
pazes de estabelecer entre os saberes. Portanto, a organização do currículo por projetos de trabalho
Para obter mais
permite que a interdisciplinaridade aconteça entre as linguagens artísticas e entre o componente
informações sobre
Arte e outros componentes curriculares.
o tema, ouça o
Os saberes e procedimentos específicos de cada uma das linguagens artísticas e alguns dos co- podcast O que é
nhecimentos de outras disciplinas do Ensino Fundamental – Anos Finais estão contemplados em
interdisciplinaridade?,
cada uma das unidades da coleção. Acreditamos que essa abertura para a interdisciplinaridade po-
realizado por estudantes
derá despertar no professor o desejo de experimentar e trazer mais conhecimentos de outras disci-
do Programa de
plinas para cada um dos projetos.
Educação Tutorial –
Conexões de Saberes/
Interdisciplinar, da
Para conhecer a coleção
Universidade Federal
Observe a articulação das linguagens e dos componentes curriculares enfocadas na seção Co- Fluminense (UFF).
nexões dos capítulos. Disponível em: https://
cafecompet.wordpress.
Trabalho integrado de linguagens e disciplinas na coleção com/2020/09/21/2o
-episodio-o-que-e
Volume Unidade Unidade temática/linguagem Componente curricular -interdisciplinaridade/.
Acesso em: 29 jun. 2022.
Arte
Teatro: figurino
Língua Portuguesa
1 Artes visuais: escultura
História
Artes integradas: performance
o
6 ano Geografia
Dança: dança contemporânea Arte
2 Música: rock e culturas juvenis Ciências
Artes integradas: objetos relacionais Língua Portuguesa
Arte
Artes visuais: grafite
Geografia
1 Teatro: teatro de rua
História
Artes integradas: audiovisual (cinema)
o
7 ano Matemática
Dança: danças tradicionais brasileiras Arte
2 Música: coral de músicas tradicionais brasileiras Geografia
Artes integradas: festejo tradicional brasileiro História
Dança: danças indígenas brasileiras
Arte
Artes visuais: arte africana contemporânea
1 Educação Física
(ready-made)
Ciências
8o ano Artes integradas: intervenção artística
Teatro: Teatro do Oprimido Arte
2 Música: músicas afro-brasileiras Geografia
Artes integradas: artes circenses História
Música: instrumentos musicais de sucata e luteria Arte
Dança: dança contemporânea e intervenção urbana Língua Portuguesa
1
de dança Geografia
Artes integradas: escultura social Informática
9o ano
Teatro: Teatro do Absurdo Arte
2 Artes visuais: land art Informática
Artes integradas: videoarte Ciências
29
HERNÁNDEZ, Fernando; VENTURA, Montserrat. A organização do currículo por projetos de trabalho. 5. ed. Porto Alegre:
Penso, 2017.
XXVII
cultural em diálogo permanente tanto com a cultura local como com a cultura do planeta. Portanto,
a escolha das questões norteadoras foi feita com a mesma intenção: começar pelo âmbito local
para chegar ao global.
De acordo com o Ministério da Educação (MEC), os TCT adequados à problemática atual ajudam
na construção de valores e podem ser trabalhados em qualquer área ou componente curricular do
Ensino Fundamental. Esses temas, que não pertencem a uma área em particular, mas que atravessam
todas elas, são multiculturalismo, cidadania e civismo, saúde, economia, meio ambiente, ciência e
tecnologia, que se desdobram em subtemas, como mostra o esquema.
MEIO AMBIENTE
Educação ambiental
Educação para o consumo
CIÊNCIA E TECNOLOGIA ECONOMIA
Ciência e Tecnologia Trabalho
Educação financeira
Educação fiscal
MULTICULTURALISMO TEMAS
Diversidade cultural CONTEMPORÂNEOS
Educação para a valorização TRANSVERSAIS NA BNCC
do multiculturalismo nas SAÚDE
matrizes históricas e culturais Saúde
brasileiras Educação alimentar e nutricional
CIDADANIA E CIVISMO
Vida familiar e social
Educação para o trânsito
Educação em direitos humanos
Direitos da criança e do adolescente
Processo de envelhecimento, BRASIL. Ministério da Educação. Temas
contemporâneos transversais na BNCC:
respeito e valorização do idoso contexto histórico e pressupostos
pedagógicos. Brasília: MEC, 2019. p. 13.
TCT na coleção
XXVIII
Distribuição dos projetos pelas unidades
As unidades da coleção se iniciam com a Introdução, que tem a função de sensibilizar os estu-
dantes para a questão norteadora e o TCT que as permeiam, e se encerram com o Unindo as pontas,
que visa conectar os saberes estudados nos capítulos de cada uma delas por meio do trabalho com
uma obra de arte integrada, que vai culminar com uma mostra cultural.
Um dos resultados esperados na pedagogia de projetos é o levantamento de novas questões e
problemas com base no que foi vivenciado e aprendido. Afinal, um tema nunca se esgota se for de
fato relevante e fruto de um questionamento significativo. Dessa forma, no encerramento de cada
uma das unidades, os estudantes são convidados a continuar a pesquisa e a criação com base nas
vivências que tiveram no decorrer dos estudos.
Nesse caso, deve-se considerar a necessidade de haver um fio condutor para articular os projetos
e os temas, que, por sua vez, devem se relacionar com o PPP da escola e os currículos do município e
do estado em que a escola se situa. Assim, o trabalho do professor em sala de aula engloba a criação
de índices ou listas para organizar o trabalho e a elaboração de sínteses para a conferência das
descobertas feitas pelos estudantes.
As listas permitem uma previsão de saberes (conceituais e procedimentais) e atividades, bem
como de fontes de informação que auxiliem a iniciar e desenvolver o projeto. Essa seleção de infor-
mação deve ser contrastada com fontes que os estudantes venham a apresentar e conjugada com
saídas culturais e outros eventos para ampliação de repertório. As sínteses, por sua vez, vão reforçar
a consciência do aprender e auxiliar tanto estudantes como professores a verificar o que foi apren-
dido e o que deve ser revisto.
Outro recurso fundamental para o controle do trabalho docente é o diário de bordo ou diário de
campo, instrumento de registro que permite a reflexão docente sobre o trabalho realizado com os
estudantes, além do planejamento de seus próximos passos. Esse registro pode ser feito com a ajuda Na tela
dos estudantes ou não, mas deve ser acessado por todos. Para obter mais
informações sobre o
Educação baseada em competências uso do diário de bordo
Para a elaboração dos volumes da coleção, conforme a orientação da BNCC, buscou-se respaldo nas aulas de Arte,
na educação baseada em competências, que é um processo de ensino-aprendizagem interdiscipli- acesse o artigo “O
nar fundamentado em atividades desafiadoras que possibilitam aos estudantes resolver problemas diário de bordo como
– para tanto, os estudantes devem retomar conhecimentos já construídos ao mesmo tempo que elemento diferenciador
buscam novos conhecimentos. na aprendizagem por
Portanto, nesta coleção, entende-se que uma competência será alcançada por meio da mobili- projeto, experimental e
zação de certas habilidades com o objetivo de resolver demandas complexas da vida cotidiana, do artística”, de Carolina
exercício da cidadania e do mundo do trabalho. Assim, para que os estudantes alcancem determina- R. M. C. Branco e
da competência, é preciso que desenvolvam antes diversas habilidades, que, por sua vez, podem ser Sofia M. B. Jorge, da
definidas como a articulação de conhecimentos que visam a uma ação, um agir no mundo30. Habi- Universidade de Lisboa.
lidade, por essa via, é uma forma agregada de conhecimento (conceitos, procedimentos, atitudes e Disponível em: https://
valores), que pode ser organizada da seguinte maneira: repositorio.ul.pt/
handle/10451/29211.
⓿ Habilidade cognitiva: permite que os estudantes aprendam a aprender; exercitem sua curio-
Acesso em: 29 jun. 2022.
sidade intelectual; aprendam a investigar causas e elaborar e testar hipóteses; aprendam a
formular e resolver problemas; valorizem e utilizem conhecimentos historicamente construídos;
desenvolvam o senso estético; tenham autonomia para tomar decisões; exercitem a invenção
de soluções; entre outras experiências.
⓿ Habilidade prática: permite que os estudantes apliquem conhecimentos para resolver proble-
mas; sejam proativos para identificar os dados de uma situação e buscar soluções; utilizem tec-
nologias digitais de comunicação e informação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética
nas diversas práticas do cotidiano ao se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir
conhecimentos e resolver problemas; entre outras experiências.
30
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC/SEB, 2018. p. 18.
XXIX
⓿ Habilidade socioemocional: permite que os
ArtVarStudio/Shutterstock
estudantes saibam reconhecer emoções e ge-
rir sua expressão desenvolvendo formas so-
cialmente aceitáveis de comunicá-las; cuidem
de sua saúde física e emocional; reconheçam
as emoções dos outros e tenham capacidade
para lidar com elas e com a pressão do gru-
po; convivam com pessoas e instituições em
um contexto de regras, praticando o respeito
mútuo e a colaboração; exercitem a empatia,
o diálogo, a resolução de conflitos e a coope-
ração; respeitem-se e respeitem o outro; aco-
lham e valorizem a diversidade de indivíduos
e grupos sociais; reconheçam-se como parte
de uma coletividade; atuem com responsabi-
lidade nos contextos das culturas digitais; co-
laborem para a construção de uma sociedade
solidária; entre outras experiências.
Por isso, na educação baseada em competên-
cias, a fim de ser assertivo, o trabalho docente
deve propor atividades voltadas à mobilização de
habilidades para desenvolver competências. Como
afirmam Lino de Macedo e Maria Inês Finni:
Um professor que medeia pode ser diferente de um pro-
fessor que mobiliza. Ele pode mobilizar de muitas formas:
propor exercícios ou tarefas a serem realizados, configu-
rar rodas de conversa sobre determinado tema, fazer re-
flexões ou propor projetos. O aluno, igualmente, pode ser
mobilizado de muitas formas: pelas ações ou motivações
de seu professor, pelo intercâmbio com seus pares, por suas motivações em fazer pesquisas, discutir um ponto de Pode-se mobilizar habilidades
vista, assumir certa atitude ou abraçar dado valor. por meio de estratégias diversas,
como atividades e rodas de
Quem mobiliza organiza uma situação, aceita um desafio, compromete-se com alguma coisa. A mobilização sem-
conversa.
pre acontece com um sujeito, mesmo que seja estimulada por outro. Se vida é movimento, viver é mobilizar-se
para lhe dar sentido, para conhecer e conviver com seus desafios. Daí competência ser, para a BNCC, o mesmo que
conhecimento mobilizado, operado e aplicado em situação, sendo conhecimento compreendido de forma ampla,
ou seja, envolvendo conceitos, procedimentos, valores e atitudes.31
Nesta coleção, as habilidades cognitivas, práticas e socioemocionais relativas ao componente
curricular Arte presentes na BNCC são mobilizadas por meio de atividades variadas, que, além de
propor o estudo contextualizado das práticas artísticas, exigem dos estudantes reflexão, debate,
pesquisa e ação cidadã, tendo em vista o desenvolvimento da argumentação, da ampliação do re-
pertório e do protagonismo social, com base em valores democráticos e atitudes participativas e co-
laborativas. Nesse sentido, considera os estudantes sujeitos do próprio processo de aprendizagem e
agentes de transformação dentro e fora da escola.
31
MACEDO, Lino de; FINNI, Maria Inês. Uma análise do conceito de competências na BNCC. Desafios da Educação, jul. 2018.
Disponível em: https://desafiosdaeducacao.grupoa.com.br/analise-de-competencias-na-bncc/. Acesso em: 31 maio 2022.
XXX
3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar
de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora
e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e
partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que
levem ao entendimento mútuo.
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa,
reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar infor-
mações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que
lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício
da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias,
pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioam-
biental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação
ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade huma-
na e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o
respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de
grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, to-
mando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.32
Segundo a BNCC, as linguagens são dinâmicas, e os conhecimentos humanos, sempre construídos
por formas de linguagem, fruto de ações intersubjetivas geradas em atividades coletivas, nas quais
as ações dos sujeitos são reguladas por outros sujeitos.
Na BNCC, a área de Linguagens no Ensino Fundamental é composta pelos componentes curricula-
res Língua Portuguesa, Arte, Educação Física e, além dessas, nos Anos Finais, Língua Inglesa.
No decorrer do Ensino Fundamental, os componentes dessa área do conhecimento organizam
as aprendizagens com vistas à ampliação de capacidades expressivas e à compreensão de como se
estruturam as manifestações artísticas, corporais e linguísticas. Nesse sentido, as práticas de lingua-
gem são reconhecidas como produtos culturais que organizam as relações humanas.
Assim, os estudantes do Ensino Fundamental brasileiro devem desenvolver também determina-
das competências específicas de Linguagens.
Na BNCC, propõe-se ainda que o estudo da Arte, considerado um dos componentes de uma área
do conhecimento e entendida como patrimônio histórico e cultural da humanidade, seja centrado
em quatro linguagens: artes visuais, dança, música e teatro; assim como que seja explorada a articu-
lação entre essas linguagens por meio das artes integradas.
32
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC/SEB, 2018, p. 9-10.
33
Idem, p. 63.
XXXI
Em síntese, o componente Arte no Ensino Fundamental articula manifestações culturais de tempos e espaços diver-
sos, incluindo o entorno artístico dos alunos e as produções artísticas e culturais que lhes são contemporâneas. Do
ponto de vista histórico, social e político, propicia a eles o entendimento dos costumes e dos valores constituintes
das culturas, manifestados em seus processos e produtos artísticos, o que contribui para sua formação integral.34
Além disso, de acordo com a BNCC, a abordagem das linguagens artísticas deve articular as se-
guintes dimensões do conhecimento: criação, crítica, estesia, expressão, fruição e reflexão. Portanto,
em cada capítulo da coleção, há seções que têm como foco trabalhar essas dimensões a fim de criar
uma sequência didática que permita o desenvolvimento de determinadas competências específicas
de Arte.
Unidades Objetos do
Habilidades
temáticas conhecimento
(EF69AR01) Pesquisar, apreciar e analisar formas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em
obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de
modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginá-
rio, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.
Contextos e práticas
(EF69AR02) Pesquisar e analisar diferentes estilos visuais, contextualizando-os no tempo e no espaço.
(EF69AR03) Analisar situações nas quais as linguagens das artes visuais se integram às linguagens audiovisuais
(cinema, animações, vídeos, etc.), gráficas (capas de livros, ilustrações de textos diversos, etc.), cenográficas, coreo-
gráficas, musicais, etc.
(EF69AR04) Analisar os elementos constitutivos das artes visuais (ponto, linha, forma, direção, cor, tom, escala,
Elementos de linguagem
Artes visuais dimensão, espaço, movimento, etc.) na apreciação de diferentes produções artísticas.
(EF69AR05) Experimentar e analisar diferentes formas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadri-
Materialidades
nhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance, etc.).
(EF69AR06) Desenvolver processos de criação em artes visuais, com base em temas ou interesses artísticos, de
modo individual, coletivo e colaborativo, fazendo uso de materiais, instrumentos e recursos convencionais, alterna-
Processo de criação tivos e digitais.
(EF69AR07) Dialogar com princípios conceituais, proposições temáticas, repertórios imagéticos e processos de
criação nas suas produções visuais.
(EF69AR08) Diferenciar as categorias de artista, artesão, produtor cultural, curador, designer, entre outras, esta-
Sistemas da linguagem
belecendo relações entre os profissionais do sistema das artes visuais.
34
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC/SEB,2018, p. 194-195.
35
Idem, p. 196.
36
Idem.
XXXII
Unidades Objetos do
Habilidades
temáticas conhecimento
(EF69AR09) Pesquisar e analisar diferentes formas de expressão, representação e encenação da dança, reconhe-
Contextos e práticas
cendo e apreciando composições de dança de artistas e grupos brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas.
(EF69AR10) Explorar elementos constitutivos do movimento cotidiano e do movimento dançado, abordando, criti-
camente, o desenvolvimento das formas da dança em sua história tradicional e contemporânea.
Elementos da linguagem
(EF69AR11) Experimentar e analisar os fatores de movimento (tempo, peso, fluência e espaço) como elementos
que, combinados, geram as ações corporais e o movimento dançado.
Dança (EF69AR12) Investigar e experimentar procedimentos de improvisação e criação do movimento como fonte para a
construção de vocabulários e repertórios próprios.
(EF69AR13) Investigar brincadeiras, jogos, danças coletivas e outras práticas de dança de diferentes matrizes es-
téticas e culturais como referência para a criação e a composição de danças autorais, individualmente e em grupo.
Processos de criação
(EF69AR14) Analisar e experimentar diferentes elementos (figurino, iluminação, cenário, trilha sonora, etc.) e espa-
ços (convencionais e não convencionais) para composição cênica e apresentação coreográfica.
(EF69AR15) Discutir as experiências pessoais e coletivas em dança vivenciadas na escola e em outros contextos,
problematizando estereótipos e preconceitos.
(EF69AR16) Analisar criticamente, por meio da apreciação musical, usos e funções da música em seus contextos
de produção e circulação, relacionando as práticas musicais às diferentes dimensões da vida social, cultural, política,
histórica, econômica, estética e ética.
(EF69AR17) Explorar e analisar, criticamente, diferentes meios e equipamentos culturais de circulação da música
Contextos e práticas e do conhecimento musical.
(EF69AR18) Reconhecer e apreciar o papel de músicos e grupos de música brasileiros e estrangeiros que contribuí-
ram para o desenvolvimento de formas e gêneros musicais.
(EF69AR19) Identificar e analisar diferentes estilos musicais, contextualizando-os no tempo e no espaço, de modo
a aprimorar a capacidade de apreciação da estética musical.
(EF69AR20) Explorar e analisar elementos constitutivos da música (altura, intensidade, timbre, melodia, ritmo,
Música Elementos da linguagem etc.), por meio de recursos tecnológicos (games e plataformas digitais), jogos, canções e práticas diversas de compo-
sição/criação, execução e apreciação musicais.
(EF69AR21) Explorar e analisar fontes e materiais sonoros em práticas de composição/criação, execução e aprecia-
Materialidades ção musical, reconhecendo timbres e características de instrumentos musicais diversos.
(EF69AR22) Explorar e identificar diferentes formas de registro musical (notação musical tradicional, partituras
Notação e registro musical criativas e procedimentos da música contemporânea), bem como procedimentos e técnicas de registro em áudio e
audiovisual.
(EF69AR23) Explorar e criar improvisações, composições, arranjos, jingles, trilhas sonoras, entre outros, utilizando
Processos de criação vozes, sons corporais e/ou instrumentos acústicos ou eletrônicos, convencionais ou não convencionais, expressando
ideias musicais de maneira individual, coletiva e colaborativa.
(EF69AR24) Reconhecer e apreciar artistas e grupos de teatro brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas, in-
vestigando os modos de criação, produção, divulgação, circulação e organização da atuação profissional em teatro.
Contextos e práticas (EF69AR25) Identificar e analisar diferentes estilos cênicos, contextualizando-os no tempo e no espaço de modo a
aprimorar a capacidade de apreciação da estética teatral.
(EF69AR26) Explorar diferentes elementos envolvidos na composição dos acontecimentos cênicos (figurinos, ade-
Elementos da linguagem reços, cenário, iluminação e sonoplastia) e reconhecer seus vocabulários.
(EF69AR27) Pesquisar e criar formas de dramaturgias e espaços cênicos para o acontecimento teatral, em diálogo
Teatro
com o teatro contemporâneo.
(EF69AR28) Investigar e experimentar diferentes funções teatrais e discutir os limites e desafios do trabalho artís-
tico coletivo e colaborativo.
Processos de criação (EF69AR29) Experimentar a gestualidade e as construções corporais e vocais de maneira imaginativa na improvi-
sação teatral e no jogo cênico.
(EF69AR30) Compor improvisações e acontecimentos cênicos com base em textos dramáticos ou outros estímulos
(música, imagens, objetos, etc.), caracterizando personagens (com figurinos e adereços), cenário, iluminação e sono-
plastia e considerando a relação com o espectador.
(EF69AR31) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica,
Contextos e práticas
econômica, estética e ética.
Processos de criação (EF69AR32) Analisar e explorar, em projetos temáticos, as relações processuais entre diversas linguagens artísticas.
Matrizes estéticas e (EF69AR33) Analisar aspectos históricos, sociais e políticos da produção artística, problematizando as narrativas
Artes culturais eurocêntricas e as diversas categorizações da arte (arte, artesanato, folclore, design, etc.).
integradas
(EF69AR34) Analisar e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas diversas, em especial a
Patrimônio cultural brasileira, incluindo suas matrizes indígenas, africanas e europeias, de diferentes épocas, e favorecendo a construção
de vocabulário e repertório relativos às diferentes linguagens artísticas.
(EF69AR35) Identificar e manipular diferentes tecnologias e recursos digitais para acessar, apreciar, produzir, regis-
Arte e tecnologia
trar e compartilhar práticas e repertórios artísticos, de modo reflexivo, ético e responsável.
XXXIII
Dica prática
Relação entre competências e habilidades
Para demonstrar a diferença de trabalhar com as competências gerais, as específicas de área,
as específicas do componente e as habilidades da BNCC, é importante compreender como elas
se inter-relacionam.
Como foi dito, para que as competências sejam desenvolvidas, os estudantes devem mobilizar
determinadas habilidades. Com o objetivo de deixar clara essa relação, podemos decompor os
textos de cada uma das competências gerais, específicas de área, específicas do componente e
habilidades em trechos menores a fim de examinar suas palavras-chave, que indicam como uma
ou mais de uma das dez competências gerais dialogam com as competências específicas de área
e do componente e com as habilidades.
Observe, na sequência, um exemplo dessa decomposição com base na Unidade 2, do 6º ano
(feita por meio de trechos sublinhados nos descritivos das competências e habilidades), para
auxiliar na compreensão dessa ideia.
Competência geral 1: Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos
sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, conti-
nuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e
inclusiva.
Competência de área Linguagens 2: Conhecer e explorar diversas práticas de linguagem
(artísticas, corporais e linguísticas) em diferentes campos da atividade humana para con-
tinuar aprendendo, ampliar suas possibilidades de participação na vida social e colaborar
para a construção de uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva.
Competência de Arte 1: Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e produ-
ções artísticas e culturais do seu entorno social, dos povos indígenas, das comunidades
tradicionais brasileiras e de diversas sociedades, em distintos tempos e espaços, para reco-
nhecer a arte como um fenômeno cultural, histórico, social e sensível a diferentes contex-
tos e dialogar com as diversidades.
Unidade temática Música
(EF69AR16) Analisar criticamente, por meio da apreciação musical, usos e funções da mú-
sica em seus contextos de produção e circulação, relacionando as práticas musicais às di-
ferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.
Unidade temática Dança
(EF69AR09) Pesquisar e analisar diferentes formas de expressão, representação e ence-
nação da dança, reconhecendo e apreciando composições de dança de artistas e grupos
brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas.37
O “cascateamento” realizado visou demonstrar que, ao trabalhar com competências (gerais e es-
pecíficas) e habilidades, não se pretende atender separadamente cada uma delas, mas fazer um
trabalho articulado que alicerce a proposta em prol do desenvolvimento integral do estudante.
37
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC/SEB, 2018.
38
Idem, p. 9.
XXXIV
Em uma educação dialógica, que valoriza a argu-
Dica prática
Como orientar o debate
Um aspecto relevante para o processo de ensino-aprendizagem no Ensino Básico é levar os estu-
dantes a desenvolver a habilidade de debater entre si a fim de chegar a consensos e conclusões
parciais. Os debates, ou discussões mediadas, são essenciais para uma educação crítica, e quem
deve fazer essa mediação é o professor.
Antes de um debate, o professor deve apresentar o tema, ou o problema a ser debatido pela
turma, a fim de orientar a busca de subsídios, como textos, filmes e imagens, entre outros, que
vão sustentar a argumentação. Após a apresentação, pode criar duas hipóteses de resolução do
problema para que os estudantes as defendam. Para visualização e ênfase, sugere-se o registro
do problema e das hipóteses na lousa.
É essencial esclarecer para os estudantes os parâmetros éticos que vão guiar o julgamento do
mediador, como os valores democráticos, os direitos humanos e o respeito à diversidade, por
exemplo.
Além disso, é preciso estipular as regras do debate, incluindo tempo de preparação e de exposi-
ção de cada debatedor, além da quantidade de réplicas e tréplicas, quando os contra-argumen-
tos serão apresentados.
Deve-se ressaltar para os estudantes que a fala dos debatedores não pode ser interrompida e
que cabe ao professor-mediador manter a ordem no debate, de forma que sejam garantidos o
direito à fala e a integridade dela a cada participante.
Encerradas as réplicas e tréplicas, o professor pode convidar os estudantes que não debateram
a questionar os debatedores, que, desse modo, terão oportunidade para refletir sobre a própria
argumentação e os pontos expostos pelo opositor.
O debate estará concluído quando todos os participantes tiverem exposto seus argumentos e
estiver estabelecido um panorama geral da diversidade de olhares trazida para aquele diálogo.
É preciso ficar evidente para os estudantes que nenhum deles será preterido nesse processo
e que todos terão espaço para se posicionar, desde que não se reproduzam discursos de ódio
nem sejam utilizados enunciados antiéticos, violentos ou, em alguma medida, problemáticos e
desrespeitosos. Nesse sentido, a mediação dos professores será especialmente fundamental.
XXXV
Leitura e escrita nas aulas de Arte
Os estudantes vão se valer da leitura e da escrita de textos verbais nas aulas de Arte em diver-
sas situações, como na busca de informações durante as pesquisas, para seguir as orientações
nas etapas das atividades e na escrita de textos críticos e criativos, entre muitas outras situações
relevantes.
É por esse motivo que, nesta coleção, sugerimos a leitura e a exploração de diferentes gêneros
discursivos (textuais), que visam principalmente a uma análise voltada ao uso e à compreensão de
que tudo que é produzido no ato de enunciação é discurso, produto da enunciação.
Assim, nos volumes da coleção há diversos enunciados (discursos), que fazem parte da sequência
didática, tanto para ser lidos e analisados como para ser produzidos e divulgados pelos estudantes.
Sugerimos que, durante a leitura, além do tema, o professor explore o contexto de produção, o es-
tilo e os aspectos formais de cada enunciado (discurso), destacando inclusive os campos de atuação
a que o texto lido pertence.
Segundo Isabel Solé39, diferentes estratégias contribuem para que a leitura de textos verbais re-
sulte proveitosa. Assim, antes, durante e depois da leitura, pode-se buscar, entre outras estratégias:
⓿ antecipar o que será lido, com questões como: “Do que será que se trata esse texto?”; “Que
tipo de informação será que vamos encontrar nele?”; “Com base em que podemos levantar tais
hipóteses?”;
⓿ chamar a atenção para componentes do texto, como títulos, subtítulos, enumerações e pala-
vras-chave;
⓿ abordar o tema do texto para mobilizar os conhecimentos prévios dos estudantes;
⓿ orientar diferentes modos de ler, como leituras individuais silenciosas, leituras compartilhadas
em pequenos grupos e leituras coletivas, com toda a turma;
⓿ refletir sobre aspectos do texto lido, como a relevância do tema, o sentido da mensagem e as
diferentes acepções propostas para sua interpretação;
⓿ orientar uma discussão sobre o texto lido e, por fim, propor a produção de um resumo que con-
tenha as ideias principais veiculadas por ele.
Assim, a fim de desenvolver o nível inferencial dos estudantes, é necessário que, além de pro-
mover o aprendizado das diferentes línguas e linguagens e dos valores necessários à convivência
democrática, o professor busque ampliar o repertório discursivo e cultural desses estudantes, pois,
quanto maior o repertório, mais capazes de articular conhecimentos prévios e informações textuais
e discursivas eles serão.
Nesse sentido, o discurso é compreendido como algo que só se constrói por meio de uma coauto-
ria entre autor e leitor, ou entre emissor e receptor.
39
SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. Porto Alegre: Artmed, 2008.
XXXVI
A compreensão da linguagem é então um verdadeiro jogo entre aquilo que está explícito no texto (que é em parte
percebido, em parte previsto) e entre aquilo que o leitor insere no texto por conta própria, a partir de inferências
que faz, baseado no seu conhecimento do mundo.40
Nos volumes da coleção, os estudantes são instados a todo momento a se envolver com gêneros
discursivos diversificados. Essa participação ativa é requisitada por meio de atividades de debate,
reflexão e pesquisa, entre tantas outras. Segundo Dell’Isola:
Quando o sujeito-leitor se deixa interagir com o texto, completando-lhe as lacunas com sua própria história, tro-
cando experiências um com o outro, um novo texto surge, uma nova produção se dá, e a verdadeira leitura aconte-
ce. O texto permite uma multiplicidade tamanha de leituras quantos múltiplos forem seus leitores já que cada um
gera inferências segundo seu conhecimento de mundo. Conhecimento de mundo engloba componentes emocio-
nais, socioculturais, políticos e econômicos e isso, ou vem sendo desprezado pela escola, ou pior, vem sendo “pu-
nido” pelo sistema, através da figura do professor que não permite a viagem pelo texto.41
Para ampliar o repertório cultural dos estudantes e estimular suas múltiplas formas de expressão
e interpretação, apresentam-se a eles nesta coleção textos oriundos de culturas diferentes, além de
uma grande variedade de gêneros discursivos (visuais, sonoros, textuais, corporais).
Dica prática
Inferência e diversidade em sala de aula
Para que os estudantes possam desenvolver a ⓿ Resumir o texto;
habilidade de inferir, é preciso que, antes, outras ⓿ Fichar o texto;
habilidades tenham sido mobilizadas, como:
⓿ Comparar o que se leu com outras obras do
⓿ Dominar as regras do sistema alfabético
autor ou de outros autores;
para ler e escrever;
⓿ Fazer paráfrases, ou seja, escrever um texto
⓿ Associar adequadamente letras e sons;
com base no texto lido para torná-lo mais com-
⓿ Ler palavras com vários tipos de estrutura preensível ou apresentar um novo enfoque.
silábica;
Além disso, é necessário propor atividades que
⓿ Reconhecer a finalidade do texto com o levem os estudantes a desenvolver o compor-
apoio das características gráficas; tamento leitor, que está relacionado com pro-
⓿ Reconhecer o tema/assunto de gêneros tex- cedimentos, como:
tuais diversos; ⓿ Procurar regularmente materiais de leitura;
⓿ Ler palavras de diferentes tamanhos e pa- ⓿ Zelar por diferentes materiais de leitura;
drões silábicos; ⓿ Frequentar bibliotecas;
⓿ Ler frases com sintaxe simples e complexa;
⓿ Contrastar informações provenientes de di-
⓿ Ler textos com autonomia, localizando infor- ferentes fontes sobre um tema de interesse;
mações e reconhecendo o tema/assunto ou
⓿ Acompanhar um autor preferido;
a finalidade com base na leitura;
⓿ Comentar com outros o que está lendo;
⓿ Ter o domínio do sistema de escrita e a com-
preensão do princípio alfabético. ⓿ Compartilhar a leitura, socializando critérios
de escolha e apreciação estética de leituras;
Nesse sentido, é preciso realizar avaliações
diagnósticas com a turma antes de propor ati- ⓿ Comentar ou recomendar o que leu, inclusive
vidades mais complexas. lendo trechos de textos que gostou para os
O professor de Língua Portuguesa é o mais colegas;
indicado para auxiliar o professor de Arte no ⓿ Confrontar sua interpretação de um livro ou
trabalho de desenvolvimento da habilidade de uma notícia com a de outros leitores;
fazer interferências com aqueles estudantes ⓿ Atrever-se a ler textos difíceis, entre outros.
que ainda apresentam dificuldade com essa
habilidade. Por fim, há atividades que podem e devem ser
Para tanto, deve-se realizar com frequência promovidas por todos os docentes da área de
atividades em que procedimentos de leitu- Linguagens, como:
ra, como os listados na continuação, sejam ⓿ Rodas de leitura de livros, canções, imagens,
desenvolvidos: manifestações da cultura corporal do movi-
⓿ Antecipar o conteúdo do texto com base em mento;
imagens e outros elementos visuais; ⓿ Curadoria de gêneros discursivos feita pelos
⓿ Reler para verificar o que compreendeu; estudantes;
⓿ Marcar palavras-chave; ⓿ Produções discursivas feitas pelos estudantes;
⓿ Grifar trechos do texto; ⓿ Trabalhos em grupo.
40
FULGÊNCIO, L.; LIBERATO, Y. Como facilitar a leitura. São Paulo: Contexto, 2003. p. 28.
41
DELL’ISOLA, R. L. P. A avaliação da leitura de textos no ensino de língua portuguesa. In: DELL’ISOLA, R. L. P.; MENDES, E.
A. M. (org.). Reflexões sobre a língua portuguesa: ensino e pesquisa. Campinas: Pontes, 1997. p. 56.
XXXVII
Introdução à pesquisa científica
Como se dá em qualquer área do saber, os estudos acadêmicos sobre Arte produzem pesquisas
que se manifestam em artigos, dissertações e teses, que partem de premissas consideradas ver-
dadeiras que são comprovadas cientificamente em situações controladas. Esse processo recebe o
nome de método científico, que se caracteriza por determinados procedimentos e regras que resul-
tam em teses consideradas comprovadas e verdadeiras.
Um dos principais procedimentos científicos é a criação de hipóteses sobre um assunto (ou pro-
blema) a ser pesquisado (ou a criação de possíveis soluções que vão orientar o caminho da pesquisa).
A partir delas, é possível chegar a conclusões parciais que, juntas, auxiliam na construção da tese.
Uma tese, portanto, difere de uma falácia (ou afirmação baseada em premissas não verdadeiras ou
em um método de comprovação não científico).
O Ensino Básico pode ser também um espaço para que os jovens façam inferências baseadas em
deduções e procedimentos baseados em métodos científicos, ou seja, ele pode ser um espaço da
pesquisa para os estudantes.
A iniciação científica no Ensino Fundamental – Anos Finais tem como objetivo fortalecer proces-
sos que disseminem conhecimentos científicos a fim de desenvolver atitudes, habilidades e valores
necessários à educação científica e tecnológica. Dessa forma, nesta coleção, pretende-se possibilitar
aos estudantes um processo de autodescoberta sobre suas habilidades de pesquisa.
Essa abordagem colabora para desenvolver o pensamento crítico e científico, ampliando a visão
de mundo e, consequentemente, garantindo maior segurança e liberdade de escolha em sua jornada
pessoal e profissional – o que pode vir a contribuir para o prosseguimento dos estudos e para maior
assertividade na escolha da carreira.
7o ano
Por que alguém participa de um festejo tradi-
2 Entrevista
cional brasileiro?
8o ano
Por que ensinar práticas circenses para as
2 Construção e uso de questionários
novas gerações?
9o ano
Quem pesquisa sobre videoarte nas redes
2 Análise de mídias sociais
sociais?
A etapa de divulgação, conclusiva do trabalho de pesquisa científica, pode variar entre produ-
ções individuais e em grupo, usando tecnologias digitais de comunicação e informação ou não.
Nesta coleção, as produções, fruto das pesquisas realizadas, buscam desenvolver a argumenta-
ção e o diálogo, por meio do compartilhamento dos resultados de pesquisa, que podem se dar
tanto pelo debate de ideias como pela produção discursiva.
XXXVIII
Dica prática
Ética da pesquisa científica
No trabalho de iniciação à pesquisa científica no Ensino Fundamental – Anos Finais, é necessário
orientar os estudantes em relação à ética de pesquisa, deixando claro como se deve proceder
durante as entrevistas ou situações observadas.
Eles precisam ter consciência de que posturas corretas, como pedir a permissão dos entrevista-
dos para a divulgação das entrevistas ou solicitar sua autorização para uso de imagem, trazem
credibilidade para uma pesquisa científica.
Outro ponto importante a enfatizar com a turma é a realização de pesquisas de fato autorais, e
não meras cópias da internet.
Por fim, é especialmente importante chamar a atenção dos jovens para a distinção entre uma
conduta aceitável e uma conduta inaceitável, especialmente quando seres humanos e animais
estão envolvidos em um estudo.
Além dos aspectos já assinalados, oriente os estudantes sobre o que devem fazer ou não fazer
em uma pesquisa com base em mais algumas sugestões sobre:
O que fazer
⓿ Realizar um bom registro de todas as etapas da pesquisa, relatando os dados da forma mais
cuidadosa possível.
⓿ Respeitar a propriedade intelectual, a privacidade e a confidencialidade, e atribuir o devido
crédito por qualquer contribuição recebida de outro pesquisador.
⓿ Valorizar o avanço da ciência e o compartilhamento de seus conhecimentos dentro da comu-
nidade.
O que não fazer
⓿ Falsificar, manipular ou deturpar dados.
⓿ Usar dados de pesquisa externos, publicados ou não, sem permissão.
⓿ Apoiar práticas irresponsáveis de publicação.
Converse com a turma antes das pesquisas, durante e depois delas sobre esses parâmetros e,
também com base neles, avalie os resultados obtidos.
A escola pode ajudar ainda nessas atividades, fornecendo modelos de autorização de uso de
imagem ou mediando o contato com grupos de potenciais entrevistados.
XXXIX
Observe o esquema de decomposição do jogo e alguns algoritmos usados em sua programação.
INÍCIO
Mostrar o
tabuleiro
Obter o movimento
do computador
Obter o movimento
do jogador
Verificar se o
computador venceu
Verificar se o
jogador venceu
Verificar se
ocorreu empate
Verificar se
ocorreu empate
Perguntar se o jogador
deseja jogar novamente
FIM
3 #include<iostream>
4 #include<stdlib.h>
5 #include<stdio.h>
6 #include<stdlib.h>
7 #include<conio.c>
8
9 using namespace std;
10
11 #define DIM 3
12
13 char matriz[DIM][DIM]
14 int i,j;
15 char p1,p2;
16 int ganhou=false;
17 int jogada=0, turno=1;
18 int certo=false, fim=false;
19 int v1=0, v2=0;
XL
Para conhecer a coleção
O pensamento computacional é desenvolvido em diversos momentos nos volumes da coleção,
em especial no que se refere à decomposição e ao reconhecimento de padrões. Isso se dá, por
exemplo, quando se solicita aos estudantes que refaçam os passos realizados nas atividades ou
que escrevam relatórios para o portfólio.
Dica prática
Pensamento computacional e diversidade em sala de aula
A fim respeitar os diferentes modos de aprendizagem de seus estudantes em relação ao pensa-
mento computacional, é essencial reforçar antes o trabalho “desplugado”, ou seja, sem o uso de
tecnologias digitais. Nesse sentido, é possível propor atividades de:
1. Decomposição de uma ação/situação, em que podemos usar perguntas como:
⓿ Quais são suas causas?
⓿ Quais são seus efeitos em determinado contexto?
⓿ Qual é seu objetivo?
2. Reconhecimento de padrões, para o qual podemos usar perguntas como:
⓿ Que regras carrega?
⓿ Que procedimentos se repetem ou são constantes?
⓿ Que procedimentos são imprescindíveis?
⓿ Quais deles são dispensáveis?
3. Abstração, para a qual podemos empregar preguntas como:
⓿ Que etapas são cruciais para criar uma solução para essa ação/situação?
⓿ Como é possível adaptá-las para um programa de computador?
Para exercitar a decomposição de ações, o reconhecimento de padrões e a abstração, os es-
tudantes podem utilizar tanto a linguagem verbal, em suas formas oral e escrita, como outras
formas de linguagem.
Sugerimos que, para esses exercícios, as situações e ações escolhidas sejam corriqueiras e sim-
ples, como escovar os dentes, vestir uma blusa e tentar encontrar trajetórias entre diferentes
pontos em um tabuleiro.
Ao exercitar essa forma de pensar, que pode e deve ser desenvolvida nas aulas de todos os
componentes curriculares da área de Linguagens, e ao aprender sobre algoritmos nas aulas de
Matemática, os estudantes serão capazes de desenvolver essa forma de pensamento, especial-
mente útil no contexto em que vivemos.
6. Avaliação em Arte
A avaliação do desempenho dos estudantes deve estar integrada à formação global e não ficar
restrita a uma mera prova no enceramento de uma sequência didática ou de um projeto de trabalho.
A melhor avaliação é aquela que se faz continuamente, em todas as etapas do projeto, considerando
que, para cada etapa, devem ser identificados os objetivos e os instrumentos de avaliação mais ade-
quados. Os resultados obtidos vão auxiliar tanto o professor, no planejamento de atividades futuras,
como os estudantes, no reconhecimento de seus avanços e dificuldades.
A avaliação é um processo de autorregulação do ensino-aprendizagem. Assim, quanto mais con-
tínua ela for (isto é, quanto maior for a frequência com que o professor observa o desempenho e o
desenvolvimento dos estudantes), maiores serão as oportunidades de colher dados para avaliar o
trabalho educativo desenvolvido e de imprimir novos rumos a ele, quando for o caso. Avaliar o pro-
cesso de ensino-aprendizagem significa avaliar o que se ensina e o que se aprende. Então, essa é uma
via de mão dupla que ajuda a manter a rota.
Vale lembrar que os instrumentos avaliativos nas diversas modalidades devem contemplar não
apenas a aquisição dos conceitos, mas também das habilidades que se esperam que os estudantes
mobilizem durante a aprendizagem.
É preciso considerar ainda que as avaliações realizadas devem ser comentadas e registradas e que
a análise dos processos de avaliação deve ser feita conjuntamente por estudantes e professor. Essa
análise possibilita a síntese tanto dos temas desenvolvidos como do processo de ensino-aprendiza-
gem, além de fomentar nos estudantes atitudes de responsabilidade diante dos colegas, da escola e
do processo de construção do conhecimento.
XLI
Sendo assim, os estudantes podem ser avaliados pelo que produzem a cada aula e em cada mo-
mento da aula, por meio da observação de diferentes aspectos:
⓿ interesse demonstrado pelos assuntos abordados;
⓿ escuta atenta às falas do professor e dos colegas;
⓿ compreensão das explicações das atividades;
⓿ apreensão das ideias mais importantes de um texto;
⓿ capacidade de relacionar um novo conhecimento com o anterior;
⓿ interesse em saber o significado de palavras desconhecidas;
⓿ participação na troca de ideias;
⓿ curiosidade e entusiasmo por aprender coisas novas;
⓿ capacidade de se expressar com clareza;
⓿ capacidade de fazer resumos;
⓿ cooperação com os colegas;
⓿civilidade no tratamento com os colegas e com toda a comunidade escolar.
Na tela
Para fazer uma avaliação contínua, conforme se disse anteriormente, é preciso que o professor Para obter mais
crie uma rotina de registro de comportamentos, atitudes e comentários dos estudantes, especial- informações sobre o
mente no que se refere a sua relação com os diversos saberes e seu envolvimento nas atividades valor do portfólio nas
propostas, fazendo uma espécie de diário de bordo. Esse diário pode ser um caderno ou um registro aulas de Arte, consulte
digital em que se relate tudo o que acontece durante as aulas e no qual se possa arquivar fotografias
Portfólio: conceito e
e vídeos realizados pela turma.
construção, material
Outro ponto fundamental na avaliação é o portfólio de cada estudante, ao qual se deve recorrer em PDF elaborado
com frequência para verificar seu desenvolvimento individual. Esse é um instrumento híbrido, que se por uma equipe do
constitui fisicamente de uma pasta ou caixa em que são arquivados (em geral, em ordem cronoló- Instituto de Formação
gica) os registros dos trabalhos realizados durante o ano letivo, como desenhos, fotografias, textos
de Educadores da
escritos, etc., além de algum meio de armazenamento digital que possa armazenar produções com
Universidade de
esse formato. Vale ressaltar que mobilizar recursos tecnológicos como forma de registro é uma das
Uberaba (Uniube).
competências específicas de Arte na BNCC.
Disponível em: https://
Nesse processo, devemos ter em mente que o questionamento constante dá aos estudantes uniube.br/biblioteca/
oportunidade de aprofundar suas respostas. Podemos propor, por exemplo, que apliquem conheci- novo/udi/rondon/
mentos, produzam desenhos e textos, interpretem problemas, analisem situações e utilizem informa-
arquivos/portfolio_
ções, conceitos, procedimentos e atitudes. Dessa forma, a própria avaliação se tornará uma situação
biblioteca_uniube.pdf.
de ensino-aprendizagem – do mesmo modo que toda situação de ensino-aprendizagem pode ser
Acesso em: 2 jun. 2022.
avaliada.
Avaliação formativa
A avaliação formativa42 se caracteriza por possibilitar ao professor recolher e organizar índices,
informações e dados que podem ser usados em propostas e estratégias de ensino para apoiar os
processos de aprendizagem. Diferentemente das avaliações somativas, que buscam aferir os conhe-
cimentos ao final de cada etapa de estudos por meio de testes e provas, uma avaliação formativa
permite que o professor acompanhe o processo de aprendizagem dos estudantes e, com isso, possa
identificar quando será necessário intervir e/ou ajustar as propostas de ensino.
Os instrumentos e recursos disponíveis para a realização da avaliação formativa são variados.
Entre outros, enfatizamos, por exemplo, avaliações diagnósticas, questionários, trabalhos em grupo,
atividades práticas, pesquisas, divulgação de conhecimentos, apresentações, entrevistas, pautas de
observação, grades de avaliação, feedbacks e avaliações de resultado. Essa diversificação permite
ao professor observar e avaliar o desenvolvimento de competências em inúmeros contextos e situa-
ções, propiciando uma visão mais abrangente do processo de ensino-aprendizagem.
42
LUCKESI, C. Avaliação da aprendizagem: componente do ato pedagógico. São Paulo: Cortez, 2015.
XLII
wavebreakmedia/Shutterstock
Roda de conversa para avaliar o aprendizado.
A avaliação formativa pressupõe ainda a inserção e a participação dos estudantes nesse pro-
cesso, de maneira que possam identificar as aprendizagens e os saberes que estão construindo, o
modo como estão aprendendo e o que podem fazer para se aprimorar. Ao se compartilhar e discutir
os objetivos de aprendizagem com os estudantes, cria-se a possibilidade para que identifiquem as
metas coletivas e estabeleçam metas individuais e, dessa forma, se engajem mais fortemente nas
propostas de ensino.
Portanto, a avaliação formativa não proporciona apenas uma avaliação da aprendizagem. Para além
da verificação, ela é uma avaliação para a aprendizagem, ou seja, uma avaliação que visa ao aprimora-
mento da aprendizagem e busca elevar o aproveitamento dos estudantes, calcada na ideia de que eles
aprendem mais e melhor quando compreendem os objetivos e as expectativas de aprendizagem, como
se situam em relação a esses objetivos e como e por que precisam se empenhar para alcançá-los.
Com o intuito de orientar a condução de processos de avaliação formativa consistentes durante o
trabalho com os projetos de cada volume da coleção, são oferecidos diferentes instrumentos, como
pautas de observação, registros, retomada do portfólio dos estudantes, atividades e produções.
Essa organização foi pensada a fim de garantir a distribuição dos instrumentos avaliativos no de-
correr dos bimestres ou trimestres. Além disso, a diversidade oferecida permite que se lance mão de
diferentes estratégias avaliativas para que estudantes com diferentes relações com os saberes sejam
contemplados (observe-se ainda que os processos de remediação podem ser utilizados nesse sentido).
O objetivo desta proposta é viabilizar um processo de avaliação formativa que esteja de fato a
serviço das aprendizagens dos estudantes, e não se tornar meramente um vetor para a composição
burocrática de notas.
Nesse sentido, é fundamental considerar que todo o elenco de propostas apresentadas visa ao
desenvolvimento das competências pretendidas para a aprendizagem dos estudantes. A aquisição
das competências pressupõe o aprender a aprender e o saber fazer, mobilizando e integrando temas
e habilidades.
Aprender envolve conceitos, procedimentos e atitudes. Os saberes conceituais referem-se a teo-
rias, fatos, situações, nomes, acontecimentos e fenômenos, que, quando assimilados, passam a fazer
parte do conhecimento do estudante – fazem parte do “aprender a conhecer”. Os saberes procedi-
mentais referem-se a ações e modos de pôr em prática os conhecimentos adquiridos – são o “saber
fazer”. Os saberes atitudinais referem-se a valores que facilitam o convívio com os outros e estão
baseados em respeito, compreensão e solidariedade – fazem parte do “saber ser”. Assim, esses sa-
beres devem ser trabalhados simultaneamente para garantir um efetivo processo de aprendizagem.
Embora a aquisição dos saberes, bem como o desenvolvimento de competências, seja um pro-
cesso individual, ela pode ser facilitada pelo trabalho em grupo, ou seja, na relação colaborativa
estabelecida com os colegas e com o professor.
XLIII
Dica prática Na tela
Fichas de acompanhamento do portfólio
A avaliação, como vimos, é um recurso fundamental, não apenas para definir a aprovação ou a Para aprimorar a
retenção dos estudantes, mas sobretudo para acompanhar sua aprendizagem em um projeto de avaliação no cotidiano
trabalho. Além disso, por meio de uma avaliação constante, o professor pode reavaliar periodica- escolar, consulte o Guia
mente suas estratégias de ensino. Por isso, os instrumentos avaliativos não devem ser acionados da ação avaliativa:
somente no final do percurso, como se a aprendizagem fosse um produto que se pode medir estratégias de avaliação
com um gabarito, mas a avaliação deve ser formativa e constante. diagnóstica e formativa
Como vimos, o portfólio é um instrumento de registro. Então, ao selecionar os trabalhos que para uso durante as
farão parte dele, professores e estudantes devem fazer uma avaliação crítica e cuidadosa dos aulas, do Movimento
objetivos estabelecidos e dos propósitos de cada atividade. Assim, oferecemos na sequência su- pela Base, elaborado em
gestões de fichas de acompanhamento do portfólio dos estudantes para auxiliar nesse processo. parceria com o Centro
Essas fichas, que se relacionam com competências apresentadas na BNCC, foram criadas com o de Políticas Públicas e
intuito de auxiliar o professor no acompanhamento do portfólio, sugerindo aspectos que podem Avaliação da Educação
ser avaliados e o que pode guiar essa avaliação. Cada docente, no entanto, deve levar em con- da Universidade Federal
sideração sua prática pedagógica e a realidade de sua sala de aula para escolher as fichas mais de Juiz de Fora
adequadas para sua turma, definir como usá-las e verificar a necessidade de adaptação delas ou
(CAEd-UFJF), a Frente
criação de outras fichas que contemplem aspectos diferentes dos que estão sendo apresentados.
Consed/Undime de
Faz-se necessário ressaltar que o exame do portfólio com base nas fichas vai oferecer um recorte
Avaliação e a Fundação
do desenvolvimento do estudante em dado momento. Nesse sentido, é crucial retomar fichas
Lemann. Disponível em:
feitas anteriormente para construir um histórico do desenvolvimento dos estudantes (em que se
https://tedit.net/sS9tTB.
destaquem a evolução e as dificuldades de cada um deles), que vai guiar os temas e as habilida-
des a serem trabalhados, reforçados ou remediados. Acesso em: 2 jun. 2022.
Indicador pretendido
Capacidade do estudante de se perceber, se colocar, produzir e estabelecer relação de autonomia
com seu processo de aprendizagem.
Perguntas orientadoras
⓿ Quanto o estudante se apropria da produção dele?
⓿ Que significado a produção do estudante tem para ele?
⓿ O estudante busca construir essa marca pessoal ou quer apenas repetir fórmulas prontas?
Indicadores de realização
1. O estudante precisa ser estimulado para se envolver nas atividades e não aponta para a cons-
trução de um percurso pessoal. Com dificuldade de estabelecer pontes entre sua individualidade
e o coletivo, não consegue compartilhar as descobertas e dificuldades provenientes do processo.
2. O estudante se engaja em algumas empreitadas (produção, pesquisa, troca de ideias e expe-
riências) durante o processo. Seu trabalho apresenta características próprias resultantes de suas
descobertas, mesmo que não tenha consciência disso.
3. O estudante tem consciência do que constitui o fator autoral na linguagem artística em que está
trabalhando. A partir disso, reconhece seu processo criativo e se sente representado por seu trabalho.
4. O estudante tem consciência da importância de ser o autor/protagonista de seu processo de
aprendizagem. A partir disso, interage com o grupo, cria e compartilha suas experiências de ma-
neira crítica, colaborativa e dialógica. Reconhece sua pesquisa artística como fator necessário
(indispensável e integrado) para a interação com seu contexto sociocultural.
Indicador pretendido
Interesse do estudante pela busca de referências para produção e desenvolvimento de estraté-
gias de pesquisa e reflexão acerca da produção artística.
Perguntas orientadoras
⓿ O estudante se sente estimulado a buscar referências artísticas além das que trouxe consigo?
⓿ Na linguagem em foco, o estudante está revendo conceitos preestabelecidos?
XLIV
⓿ O estudante está relativizando o conceito que tem de gosto? Ele entende que o gosto pode ser
alterado?
Indicadores de realização
1. O estudante não reconhece como a aquisição de novas referências artístico-culturais podem
contribuir para suas concepções sociais e visão de mundo. Chega a apresentar preconceitos em
relação a diferentes manifestações artísticas e culturais, ou seja, está orientado por referências
externas, que aceita sem elaborar (sem critérios).
2. O estudante manifesta interesse pelos temas e pela diversidade cultural que é apresentada nas
atividades, mas não se engaja na construção de sua pesquisa de ampliação de repertório. Não
legitima a escola como um espaço de troca e criação de repertório.
3. O estudante reconhece, identifica e estabelece que seu repertório cultural pode ser ampliado
de diversas maneiras e alimentado pelos conhecimentos que constrói por meio das linguagens
artísticas. Compreende que a diversidade de seu repertório subsidia sua produção artística.
4. Ao se relacionar com o gosto e as referências do outro, o estudante aceita indicações dos cole-
gas e contribui também para a ampliação de repertório deles, realiza pesquisas pessoais fora da
escola e cita e compartilha suas fontes de pesquisa.
Indicador pretendido
Compreensão, reconhecimento e envolvimento nas atividades e grau de iniciativa e participação
na rotina estabelecida para o grupo.
Perguntas orientadoras
⓿ Que papel o estudante exerce no grupo de que participa?
⓿ Como o estudante manifesta o significado da aula de Arte em sua vida? Ele fala sobre isso?
Indicadores de realização
1. O estudante não está implicado na atividade proposta (ele não sabe quais são seus objetivos).
Não reconhece vários dos elementos da rotina estabelecida para o grupo e não participa dessas
atividades, ou participa pouco.
2. Quando chamado a participar, o estudante se envolve com as propostas. Sua colaboração se
dá porque reconhece que está inserido em um contexto de aprendizagem e assume o papel de
responder aos estímulos que recebe para se integrar.
3. O estudante participa ativamente das rotinas de trabalho de seu grupo. Identifica e expressa
sua relação com a aula de Arte e, nesse contexto, conhece seu papel no grupo e tem consciência
de sua responsabilidade sobre a própria formação.
4. O estudante se compromete com a rotina das atividades por reconhecer o papel que elas de-
sempenham em sua formação integral. Por identificar a aula de Arte como um espaço coletivo,
trabalha buscando envolver pessoas com laços familiares e de amizade.
Indicador pretendido
Iniciativa e disposição em compartilhar, isto é, sabe falar sobre os conhecimentos construídos
acerca das linguagens artísticas, além de saber ouvir (escuta ativa), ciente da importância da
contribuição individual nos processos coletivos de pesquisa e criação.
Perguntas orientadoras
⓿ De que forma o estudante participa de situações coletivas, como discussões acerca dos temas
XLV
Indicadores de realização
1. O estudante não participa das situações coletivas de troca e discussão, ou, quando o faz, é
apenas para apontar os próprios processos. Não reconhece ou não identifica relações entre seu
processo e o dos colegas. Não manifesta interesse em falar de seu processo e compartilhá-lo,
tampouco demonstra curiosidade em relação ao trabalho dos colegas.
2. O estudante se envolve e participa das situações coletivas de troca e discussão. Estabelece re-
lações de companheirismo com os demais aprendizes, mas, em parte de seu processo, é possível
identificar poucas conexões com os processos dos colegas e os interesses coletivos do grupo.
3. O estudante participa ativamente das situações coletivas de troca e discussão. Sabe falar de seu
processo e escuta os colegas com atenção. É um indivíduo que zela pelos interesses coletivos do grupo.
4. O estudante tem consciência da importância da construção coletiva de conhecimentos e busca
criar situações de integração de processos com os colegas, inclusive com aprendizes de outras
atividades e projetos. Em muitas situações, exerce papel de liderança e é propositor de situações
de troca de experiências e de coletividade.
Indicador pretendido
Grau de domínio dos procedimentos técnicos, materiais, suportes, meio de produção e expressão
na linguagem artística.
Perguntas orientadoras
⓿ Em que grau o estudante se apropria e sabe usar (domina) os procedimentos que são ensinados
e como os incorpora em suas produções individuais?
⓿ Como o estudante relaciona seu aprendizado técnico com o que ele quer fazer?
⓿ As escolhas são diversificadas?
⓿ Considera alternativas técnicas e poéticas?
⓿ O estudante se disponibiliza a aprender novas técnicas e procedimentos?
Indicadores de realização
1. O estudante precisa de ajuda técnica, produz apenas sob orientação e/ou acompanhamento
total do educador.
2. O estudante apresenta facilidade em trabalhar com meios e suportes, mas precisa ainda de
alguma orientação.
3. O estudante consegue se apropriar dos procedimentos, meios e materiais propostos e traba-
lhar com eles sem necessidade de supervisão ou de acompanhamento direto.
4. O estudante explora e pesquisa os materiais e suportes a partir da apropriação que faz dos
procedimentos desenvolvidos na atividade.
Indicador pretendido
Curiosidade pela produção artístico-cultural em sua relação com o contexto social, identificação
do próprio repertório e de como incorpora essas referências em sua pesquisa pessoal.
Perguntas orientadoras
⓿ De que forma a ampliação do repertório se reflete na produção do estudante?
⓿ O estudante tem uma postura investigativa que o leva a ampliar suas possibilidades de produ-
ção?
⓿ O estudante aceita o que é apresentado nas atividades?
⓿ O estudante tem interesse em outras linguagens artísticas e busca trazer aspectos delas para
o trabalho dele?
⓿ O estudante elabora um discurso sobre a própria produção que revela seu percurso investigati-
XLVI
Ficha 7 – Participação e envolvimento
Indicador pretendido
Envolvimento e resposta do estudante às atividades propostas, atenção às atividades individuais
e em grupo e dedicação à própria produção.
Perguntas orientadoras
⓿ O estudante aceita os desafios ou o que é apresentado como atividade?
⓿ O estudante se dispersa?
Indicadores de realização
1. O estudante costuma demonstrar desvios de atenção e precisa recorrentemente ser chamado
de volta a participar da atividade. Não parece ter consciência de suas expectativas em relação às
aulas de Arte.
2. O estudante mantém a atenção nas propostas de atividade e se compromete com os objetivos
e temas que são compartilhados de modo explícito pelo educador.
3. O estudante tem metas próprias em relação a seu aprendizado artístico-cultural, demonstra
atenção e dedicação a seu processo de aprendizagem e participa ativamente das propostas
de trabalho, contribuindo para a configuração de um trabalho de grupo baseado na troca de
experiências.
4. No decorrer do processo, o estudante amplia seus objetivos e constrói novas metas para sua for-
mação artístico-cultural, estabelecendo planos para alcançá-los. Além de ampliar suas perspectivas
e campos de pesquisa e contribuir na elaboração de novas propostas de trabalho para o grupo.
A sondagem diagnóstica não se limita à primeira seção do Livro do Estudante, pois, no decorrer
do volume, outros questionamentos são propostos para que os estudantes mobilizem e revelem
conhecimentos prévios para interpretar situações-problema. Um dos objetivos dessa estratégia é
levar os estudantes a perceber a limitação desses conhecimentos e necessidade de ampliá-los. Com
base nesses diagnósticos, colhidos sistematicamente, poderá ser feito o planejamento das etapas
seguintes do trabalho.
Durante o desenvolvimento dos temas trabalhados nas unidades, outras atividades avaliativas
do processo podem ser exploradas pelo professor, como rodas de conversa, jogos de palavras e pro-
dução de desenhos, colagens e textos, entre outras. A cada avaliação é importante que fique claro,
tanto para o professor como para os estudantes, quais são os objetivos em relação aos saberes
conceituais, procedimentais e atitudinais que serão avaliados.
O uso dessas avaliações não exclui a aplicação de avaliações somativas, por exemplo, na realiza-
ção das produções que encerram as unidades, ou da avaliação de resultado, que encerra o volume.
Propostas estas que serão realizadas para finalizar etapas determinadas (respectivamente o fim dos
projetos de trabalho e o fim do ano letivo) e que vão permitir visualizar os resultados alcançados ao
término do desenvolvimento de um tema ou de um conjunto ordenado de habilidades e objetivos.
XLVII
Observe estas sugestões para a construção de avaliações de resultado em conjunto com a turma:
⓿ Pedir aos estudantes que façam coletivamente o levantamento de temas que poderão fazer
parte da avaliação de resultado. Essa estratégia ajudará o professor a perceber o que eles já
sabem. Temas não apontados pelos estudantes são provavelmente aqueles que não dominam.
⓿ Solicitar aos grupos que elaborem questões que possam vir a fazer parte da avaliação de re-
sultado e, depois, trocar as questões entre os grupos para discutir suas soluções. Para validar
essa estratégia, é recomendável utilizar ao menos uma das questões ao elaborar a avaliação.
⓿ Dar aos estudantes a oportunidade de revisar os temas estudados antes da aplicação da ava-
liação de resultado – essa revisão deve ser feita em dia distinto da data da avaliação. Assim, os
estudantes vão buscar, com o apoio do professor, sanar suas dúvidas e isso vai auxiliá-los no
desenvolvimento da aprendizagem.
⓿ Após a correção da avaliação de resultado, selecionar uma atividade que tenha gerado mais
dúvidas durante a correção e pedir aos estudantes que, em grupo, a decomponham avaliando
cada um de seus elementos. No caso de uma atividade que contenha várias proposições para
a escolha da alternativa correta, é recomendável que os estudantes reconheçam o que está
errado nas demais e corrijam cada uma delas.
Autoavaliação
A autoavaliação implica considerar, com atenção e cuidado, tanto a capacidade dos estudantes
de mobilizar as habilidades que compõem a aprendizagem como sua postura durante a realização
das atividades e nas relações interpessoais, como a cooperação, o envolvimento e a participação
no grupo, para que se ampliem as futuras conquistas dentro do processo de ensino-aprendizagem.
É essencial que esse procedimento crítico seja realizado periodicamente para que os estudantes
possam refletir sobre suas percepções e seus sentimentos em relação ao processo e constatar sua
evolução em relação aos diferentes saberes propostos e trabalhados.
O papel do professor, nesse aspecto, é promover momentos em que a autoavaliação se faça pre-
sente no cotidiano. Para isso, é importante estabelecer critérios e usar instrumentos adequados a
fim de colher frutos que possam guiar as estratégias e o planejamento, considerando os objetivos
pretendidos e as diferentes situações pedagógicas vivenciadas (avaliação de redação ou discussão,
de trabalho individual ou coletivo, de um bimestre ou do ano inteiro, entre outras). O procedimento
mais recomendado para medir os avanços e as dificuldades dos estudantes é a observação sistemá-
tica, acompanhada de anotações e conversas. Dessa forma, será possível traçar ainda as estratégias
para remediação de eventuais defasagens que sejam detectadas.
Além do tópico Autoavaliação: hora de retomar o portfólio, oferecido no Fio da meada, no encer-
ramento de cada unidade do Livro do Estudante, o professor pode se valer de uma ficha para que
esse autoexame seja promovido de modo ágil em qualquer etapa da aprendizagem.
Dica prática
Como fazer uma ficha de autoavaliação
Uma ficha de autoavaliação pode ser um instrumento simples e produtivo para ajudar os estu-
dantes nessa atividade.
No exemplo que oferecemos, os estudantes podem responder apenas “sim” ou “não” e, quando
for o caso, justificar sua resposta escrevendo um texto curto.
Ele pode ser modificado pelo professor, com o acréscimo ou a exclusão de itens, conforme as
particularidades de cada turma, ou mesmo de cada estudante, considerando também as obser-
vações e anotações realizadas nas diferentes trajetórias de aprendizagem.
Ficha de autoavaliação
1. Apresento minhas opiniões para os colegas e o professor?
2. Respeito a opinião dos colegas e os turnos de fala nas discussões coletivas?
3. Faço perguntas sobre os assuntos em estudo?
4. Ajudo os colegas em suas dificuldades?
5. Participo com interesse dos trabalhos em grupo?
6. Sou organizado com os materiais que utilizo nas atividades?
7. Entrego as tarefas nas datas solicitadas?
8. Consigo ler os textos e responder às questões sem ajuda?
9. O que mais gostei de estudar até agora?
10. O que menos gostei de estudar?
11. Preciso de ajuda em algum tema ou procedimento? Que tipo de ajuda e em que tema ou
procedimento?
12. O que aprendi ao realizar as atividades propostas?
13. O que devo fazer para melhorar?
XLVIII
Remediação e diversidade em sala de aula
“Dificuldades de aprendizagem” é uma expressão genérica que abarca um grupo diversificado de
problemas que alteram as possibilidades de aprendizagem de uma pessoa e podem ser influenciados
por fatores relacionados à escola, à família ou ao próprio aprendiz. Assim, torna-se essencial iden-
tificar sua origem a fim de planejar medidas para remediá-las, minimizando-as ou extinguindo-as43.
A construção da postura dos estudantes é um trabalho constante nos processos de ensino-
-aprendizagem. Esse processo envolve sua relação com o conhecimento (produção, engajamento
e trajetória intelectual) e com a organização escolar, além de sua interação com os colegas e o
professor. Esses aspectos são fundamentais para que os estudantes se apropriem do projeto pe-
dagógico no qual estão inseridos e assumam o protagonismo de seus processos de aprendizagem.
O modo como se desenvolvem e se aprimoram em relação a eles, portanto, deve ser objeto cons-
tante de avaliação.
Na grade de avaliação oferecida na sequência, estão organizados alguns critérios de observação
para que o professor avalie a participação e as estratégias de execução dos estudantes nas diferen-
tes tarefas e atividades propostas na coleção a fim de aprimorar o engajamento, a organização e
a autogestão dos integrantes da turma para garantir seu pleno aproveitamento dos processos de
ensino-aprendizagem.
A grade de avaliação traz, portanto, indicadores das condições que os estudantes têm e constro-
em para si mesmos para que aprendam. Sendo assim, é importante que a avaliação seja contínua
e transversal, aplicando-se às mais variadas situações didáticas presentes nas diversas etapas de
cada projeto de trabalho proposto.
Os critérios apresentados na grade dizem respeito ao desenvolvimento individual dos estudantes
quanto a sua postura como aprendizes e a sua relação com o conhecimento. Portanto, partindo de
um princípio formativo, esses critérios devem ser observados e avaliados pelo professor no decorrer
do projeto, com o objetivo de apoiar suas decisões em relação aos ajustes do percurso para auxiliar
os estudantes nos aspectos em que apresentarem necessidade de remediação das aprendizagens.
Nesse sentido, pesquisas, experimentações, produções autorais individuais e coletivas, discussões
em grupo e apreciação de textos e imagens, entre outras estratégias, podem mobilizar de um a to-
dos os critérios apresentados e servir como práticas de remediação.
43
ALMEIDA, Roselaine P. et al. Prevenção e remediação das dificuldades de aprendizagem: adaptação do modelo de
resposta à intervenção em uma amostra brasileira. Revista Brasileira de Educação [on-line], jul.-set. 2016, v. 21, n. 66, p.
611-630. Disponível em: https://tedit.net/MgQHX1. Acesso em: 4 jun. 2022.
XLIX
Critérios de Necessidade Sugestões de caminhos Bom aproveitamento Domínio dos processos de
participação de melhoria para remediar das atividades aprendizagem e alto grau de
nas atividades para assumir na construção de autonomia na construção das
o processo de aprendizagens com aprendizagens
aprendizagem autonomia para
com autonomia desenvolvê-las
Compreensão da Não compreende qual Retomar o que foi realizado em Reconhece a relevância de rea- Reconhece e sabe verbalizar como algu-
atividade e de seus será o resultado espe- cada atividade. lizar as atividades práticas, mas mas ou muitas atividades se relacionam
objetivos rado da atividade. Orientar o estudante para identifi- pode não conseguir verbalizar com o que está sendo estudado no capí-
Não reconhece como car dificuldades que consegue su- com clareza como elas se relacio- tulo ou na unidade.
as atividades práticas perar no decorrer do trabalho. nam com os estudos do capítulo Algumas vezes, consegue antecipar ou le-
se relacionam com o Explicar ao estudante o que ele vai ou com o tema da unidade. vantar hipóteses sobre o que pode apren-
que está sendo estu- aprender em cada atividade, ou que Consegue apontar as aprendiza- der em cada atividade.
dado. habilidades vai mobilizar. gens de algumas ou de muitas Identifica e algumas vezes classifica as
Não identifica ou não Enfatizar a relação de cada etapa atividades por meio de coloca- evidências de suas aprendizagens nas
sabe explicar o que do estudo com a questão norteado- ções como “aprendi a construir”, produções e no portfólio.
aprendeu ao realizar as ra da unidade. “aprendi a fazer”, “aprendi a dese- Consegue expressar algumas de suas
atividades. Realizar as rodas de conversa, ativi- nhar”, “aprendi a tocar”, “aprendi aprendizagens nas atividades de forma
dades de avaliação e autoavaliação a mexer”, etc., mas ainda não conceitual: “aprendi que estes elementos
ao final de cada atividade. generaliza ou conceitua essas da linguagem musical/visual/teatral/da
Recorrer ao portfólio para que o es- aprendizagens. dança podem ser usados para…”, “aprendi
tudante compare suas produções que podemos fazer música/artes visuais/
no decorrer do processo e identifi- teatro/dança com…”, “aprendi que para
que evoluções e pontos a desenvol- me expressar por meio das artes visuais/
ver. música/teatro/dança eu…”, etc.
Trabalho em grupo Em todas as atividades Participar da formação dos grupos Apresenta familiaridade e acei- Participa ativamente da formação dos
ou na maioria delas, en- quando necessário, garantindo he- tação dos processos de seleção grupos, por vezes exercendo liderança po-
contra dificuldade para terogeneidade e promovendo a in- dos integrantes dos grupos. Po- sitiva nesses processos.
participar ativamente tegração de todos. rém, por vezes, pode precisar de Demonstra compreender a necessidade
delas em grupo. Evitar situações de escolha de inte- orientação para escolher ou in- de heterogeneidade e acolhe colegas que
Não participa do pla- grantes para formar os grupos nas gressar em um grupo. apresentam dificuldades com o trabalho
nejamento e da orga- quais alguns estudantes possam Participa com interesse do pla- coletivo ou com as habilidades exigidas
nização das tarefas do ser deixados por último. Para tanto, nejamento e da organização do na atividade.
grupo. utilizar estratégias como sorteios, trabalho. Exerce liderança positiva ou atua esti-
Raramente ou nunca pareamento por números da cha- Compreende as etapas, a divisão mulando os colegas na organização do
exerce papel ativo ou mada, iniciais do nome, etc. de tarefas e a criação do produto, trabalho, dos espaços e dos materiais na
participa das tomadas Com os estudantes, levantar dife- mas não define estratégias nem atividade.
de decisão nos grupos rentes critérios para avaliar a par- colabora com ideias.
dos quais participa. ticipação dos integrantes do grupo. Reconhece a necessidade do tra-
Não se coloca devida- Explorar diferentes formas de distri- balho colaborativo e, na maioria
mente no grupo, por buição de tarefas e papéis nos gru- das vezes, busca participar ativa-
não querer, não saber pos, garantindo que determinados mente dele.
como ou não conseguir. estudantes não repitam sempre as Em algumas situações pode não
mesmas funções e não fiquem es- saber como conduzir o trabalho
tigmatizados nesses papéis. em grupo, ou se portar diante
dele, demandando orientação.
Dica prática
Práticas de remediação
É importante ter em mente que diferentes tipos de conhecimento podem demandar estratégias
diferentes.
1. Saberes procedimentais relacionados às atividades práticas de exploração dos elementos da
linguagem
⓿ Para a revisão, nesse caso, organize uma retomada das atividades nas quais esses elementos
são abordados. Antes de iniciar as atividades, consulte os indicadores de realização específicos
de cada uma delas no Manual do Professor – Orientações Específicas e explique aos estudan-
tes o que é esperado deles, esclarecendo que devem mobilizar o que aprenderam para atingir
tais expectativas.
L
⓿ Depois de realizada cada atividade, organize rodas de conversa, nas quais os estudantes pos-
sam explicar individualmente como se organizaram e procederam e que aprendizagens mobili-
zaram para atingir os objetivos combinados.
2. Saberes conceituais que são abordados nas seções do capítulo
⓿ Nesse segundo caso, organize grupos de revisão seguindo os mesmos critérios do item ante-
rior. Identifique em que seção do Livro do Estudante foram trabalhados os indicadores que
precisam ser revisados. Em roda de conversa, proponha a cada integrante dos grupos que con-
te o que aprendeu com os estudos da seção e solicite aos grupos que sistematizem os relatos
em uma lista de tópicos.
⓿ Peça a cada integrante do grupo que aponte os temas ou procedimentos dessa lista com os quais
teve dificuldade e/ou aqueles que não havia sequer identificado nas atividades e leituras da seção.
⓿ Proponha, então, que os demais estudantes expliquem sua compreensão dos itens apontados.
Em seguida, cada integrante dos grupos pode organizar uma lista de três a cinco palavras que
sintetize os pontos considerados mais importantes nesse aprendizado.
⓿ Observe que, no caso dos indicadores relacionados a conhecimento e reflexão sobre a obra do
artista ou grupo estudado, você poderá propor também a retomada das atividades propostas.
3. Saberes atitudinais
⓿ Nesse outro caso, uma roda de conversa sempre resulta mais uma em uma boa prática. En-
tretanto, caso seja necessário, dialogue individualmente com os estudantes que apresentem
comportamento inadequado e oriente sobre como devem se portar no ateliê, no estúdio ou
no palco.
⓿ Além disso, a indicação de livros, filmes e vídeos que trabalhem com valores podem ser de
grande ajuda para melhorar o comportamento desses estudantes. Usar técnicas de mediação
de conflito é outro recurso possível, recomendável especialmente em casos de desrespeito aos
Direitos Humanos ou bullying.
⓿ Procure organizar os estudantes em grupos de acordo com os indicadores nos quais apresen-
taram necessidade de revisão. A esses grupos, integre também estudantes que alcançaram as
aprendizagens pretendidas nos respectivos indicadores de modo que possam apoiar o desen-
volvimento dos colegas.
7. Organização da coleção
Por meio da coleção, no decorrer do Ensino Fundamental – Anos Finais, os estudantes entrarão
em contato com obras de arte de diferentes linguagens, tempos e culturas, vivenciando experimen-
tações que lhes permitirão trilhar um percurso criador e autoral.
O estudo das linguagens artísticas nos quatro volumes da coleção vai proporcionar uma progres-
são de aprendizagens de modo a promover novas descobertas para a construção de conhecimentos
e se tornar cada vez mais instigante.
Assim, para cada ano letivo, são propostos dois projetos de trabalho, que permitem a apre-
ciação de obras de arte por meio de atividades, pesquisas e produções desafiadoras, sempre em
crescente complexidade. Segundo Fernando Hernández, em um projeto de trabalho é preciso que
a curiosidade e o interesse dos estudantes sejam mobilizados, caso contrário, o aprendizado não
acontece. Dessa maneira, a coleção está de acordo com a BNCC também no que diz respeito à pro-
gressão das aprendizagens:
A progressão das aprendizagens não está proposta de forma linear, rígida ou cumulativa com relação a cada lin-
guagem ou objeto de conhecimento, mas propõe um movimento no qual cada nova experiência se relaciona com
as anteriores e as posteriores na aprendizagem de Arte.44
Com esse trabalho, a coleção busca desenvolver as habilidades e competências específicas da
área de Arte do Ensino Fundamental – Anos Finais.
Estrutura do volume
Para cumprir a proposta de trabalhar com projetos, os volumes contam com duas unidades temá-
ticas, que se configuram como projetos de trabalho, sendo que cada um deles deve ser desenvolvido
em um semestre letivo.
As duas unidades/projetos vão apresentar durante um ano letivo as quatro linguagens artísticas
do componente curricular, além de diferentes linguagens integradas.
44
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC/SEB, 2018. p. 195.
LI
Os projetos partem de questões para nortear o estudo e provocar o interesse dos estudantes,
levando-os a refletir sobre TCT aliados a manifestações de artes integradas, ou artes híbridas, que
exploram as relações e as articulações entre as diferentes linguagens e suas práticas, como definidas
na BNCC:
Ainda que, na BNCC, as linguagens artísticas das Artes visuais, da Dança, da Música e do Teatro sejam consideradas
em suas especificidades, as experiências e vivências dos sujeitos em sua relação com a Arte não acontecem de for-
ma compartimentada ou estanque. Assim, é importante que o componente curricular Arte leve em conta o diálogo
entre essas linguagens, além de possibilitar o contato e a reflexão acerca das formas estéticas híbridas, tais como
as artes circenses, o cinema e a performance.
Atividades que facilitem um trânsito criativo, fluido e desfragmentado entre as linguagens artísticas podem cons-
truir uma rede de interlocução, inclusive com outros componentes curriculares. Temas, assuntos ou habilidades
afins de diferentes componentes podem compor projetos nos quais saberes se integrem, gerando experiências de
aprendizagem amplas e complexas.45
Essa organização reflete ainda o entendimento de que, quanto mais os estudantes puderem re-
lacionar o trabalho dos artistas que vão conhecendo a seu contexto e à própria produção artística,
mais capazes serão de produzir arte.
Observe a síntese da estrutura de cada volume da coleção no quadro:
Estrutura
Volume
Ponto de partida (proposta de avaliação diagnóstica)
Unidade 1 (projeto 1) Introdução
Capítulo 1
Capítulo 2
Unindo as pontas
Unidade 2 (projeto 2) Introdução
Capítulo 3
Capítulo 4
Unindo as pontas
Ponto de chegada (proposta de avaliação de resultado)
Referências bibliográficas comentadas
Abertura de unidade
As unidades dos volumes são compostas, portanto, de uma Introdução, dois capítulos e um en-
cerramento, chamado Unindo as pontas.
A abertura da unidade propõe o estudo do tema que vai se desenrolar no semestre de forma refle-
xiva, contextualizada e dialógica, apresentando o projeto aos estudantes por meio da questão nortea-
dora, de uma imagem relacionada às linguagens que serão estudadas e alguns questionamentos per-
tinentes. Oferece, assim, oportunidade para desvelar o que a turma sabe sobre o tema e as linguagens
que serão estudados, além de ter como objetivo despertar interesse e curiosidade para a proposta.
Na sequência, apresenta-se a Introdução, que oferece atividades práticas e reflexivas com o ob-
jetivo de provocar o diálogo com os estudantes, em duas seções:
⓿ Experimentação: que introduz experimentações nas linguagens artísticas que serão abordadas
na unidade, articuladas ao tema norteador.
⓿ Reflexão: que traz obras que dialogam com a questão norteadora para que os estudantes
iniciem suas reflexões sobre o tema e comecem a compreender as relações que ele estabelece
com as linguagens artísticas.
Capítulos
Os dois capítulos de cada unidade abordam de forma aprofundada duas das quatro linguagens
artísticas que fazem parte do componente curricular Arte. Essa abordagem propicia a coleta de
informações e propõe vivências que serão convertidas em fontes de pesquisa para refletir sobre a
questão norteadora do projeto.
Cada capítulo traz uma sequência didática relacionada ao aprendizado de uma linguagem ar-
tística principal em diálogo com outras linguagens. Isso se dá por meio de atividades inspiradas na
abordagem triangular, que abarcam as dimensões do conhecimento criação, crítica, estesia, expres-
são, fruição e reflexão.
45
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC/SEB, 2018. p. 194.
LII
Ainda que a abordagem triangular seja voltada para o ensino das artes visuais e não oriente uma
ordem ou sequência didática específica de organização dos vértices do triângulo, esta coleção se
apropria dessa proposta para o ensino de todas as linguagens.
As atividades do capítulo estão organizadas de modo que os estudantes aprendam arte e suas
linguagens de forma contextualizada e repleta de sentido e garantem o desenvolvimento das habi-
lidades e competências previstas na BNCC, além de permitir que o professor flexibilize o trabalho,
agregando outros procedimentos e saberes que considerar relevantes e que estejam de acordo com
o projeto político pedagógico (PPP) da escola.
O capítulo se inicia com uma obra de arte cuidadosamente escolhida para que os estudantes
possam refletir e passar a construir respostas para a questão norteadora do projeto. É a partir dessa
obra que os saberes específicos da área de Arte são apresentados à turma.
Com base na apreciação e na contextualização da obra em seções especializadas, o capítulo
oferece outra seção com conceitos estéticos, elementos da linguagem ou saberes artísticos e expe-
rimentações que promovem a vivência necessária para que os estudantes construam seu percurso
criador e desenvolvam um olhar sensível e crítico para apreciar a obra em estudo.
Unindo as pontas
Tendo a finalidade de encerrar o projeto de trabalho do semestre, a parte Unindo as pontas se
situa após os dois capítulos da unidade e tem como objetivo apresentar de forma aprofundada o
estudo de obras de artes integradas, que é acompanhado de uma sequência de atividades para a
realização da produção final do projeto.
Além de propor uma retomada inicial dos estudos realizados nos capítulos, essa parte é compos-
ta de três seções:
⓿ Mais perto: apresenta uma obra ou manifestação de arte híbrida ou integrada, além de infor-
mações sobre o contexto em que foi produzida e sobre o artista ou o grupo que a criou.
⓿ Puxando outros fios: traz uma proposta de iniciação à pesquisa científica, propondo uma me-
todologia de pesquisa específica que pode auxiliar no entendimento da questão estudada ou
mesmo auxiliar na produção de arte da próxima seção.
⓿ Entrelaçando as artes: proposta de criação e produção artística descrita em etapas que resulta
na produção final do projeto para concluir o trabalho do semestre. A ideia é que, por meio dessa
produção, levando em conta tudo o que foi estudado nos capítulos, os estudantes ofereçam
uma resposta possível à pergunta norteadora da unidade.
Seções
Conheça na sequência as seções apresentadas em cada capítulo ou parte da unidade e suas res-
pectivas funções.
⓿ 1. A arte de [artista]: situada após a abertura do capítulo, propõe um contato inicial com a obra
ou manifestação artística em foco. Contém a subseção Primeiras impressões de [obra], que
levanta questões para guiar a leitura inicial das imagens que foram apresentadas.
⓿ 2. Mais perto de [obra]: traz informações sobre a obra ou manifestação artística apresentada
no capítulo, como contexto de produção, materiais e intencionalidade do artista, entre outros
aspectos que auxiliam os estudantes a criar outros sentidos para a leitura inicial e confirmar as
hipóteses levantadas sobre ela.
⓿ 3. Por dentro de [linguagem]: oferece elementos e conhecimentos específicos das linguagens
artísticas em diálogo com a obra ou a manifestação artística estudada.
⓿ 4. Mais perto de [artista]: reúne informações sobre o artista ou o grupo autoral criador da obra
estudada, oferecendo subsídios para que os estudantes ampliem o repertório artístico e esta-
beleçam novas relações entre a produção artística e a poética do artista ou grupo. Essa seção
traz a subseção Outras obras de [artista], que apresenta outros trabalhos do artista ou grupo
com o objetivo de fornecer um panorama de suas obras a fim de que os estudantes possam
analisar criticamente o conjunto das produções.
⓿ História da arte: tem como objetivo oferecer dados históricos que ajudam na contextualização
da obra ou manifestação artística estudada no capítulo a fim de que os estudantes ampliem o
repertório artístico e estabeleçam novas relações da obra ou manifestação com seu contexto
de produção.
⓿ Conexões: essa seção, em que se destaca a interdisciplinaridade, estabelece a relação entre
Arte e outros componentes curriculares e/ou entre diferentes linguagens.
⓿ Fazendo arte: finaliza o capítulo e traz uma proposta prática estruturada em etapas, que es-
timula os estudantes a utilizar os conhecimentos e procedimentos artísticos estudados para
desenvolver uma criação artística de forma autoral e colaborativa, que vai subsidiar a produção
final do projeto.
LIII
Conheça também a seção especial Fio da meada, que encerra o trabalho com cada um dos capí-
tulos ou partes da unidade e seus componentes com as respectivas propostas de trabalho:
⓿ O que vimos: oferece aos estudantes uma síntese do que foi estudado no capítulo/na parte da
unidade.
⓿ Autoavaliação: é hora de retomar o portfólio: traz orientações para que os estudantes reflitam
sobre suas aprendizagens e façam uma autoavaliação dos estudos do capítulo/da parte da
unidade, que deve ser registrada por escrito a fim de ser guardada no portfólio.
⓿ O que vem por aí, que finaliza o capítulo, e Outros fios, quando finaliza as partes da unidade:
apresentam os tópicos que serão estudados na sequência ou propõem o desenvolvimento de
outros percursos para além do volume.
Boxes
Tanto nas partes inicial e final da unidade como em seus capítulos, vão aparecer de forma recor-
rente alguns boxes que propõem atividades ou aprofundamento dos estudos e outros que oferecem
informações complementares. Conheça-os:
⓿ Experimente e compartilhe: propõe experimentações artísticas individuais e coletivas com
base nos elementos da linguagem estudados.
⓿ Critique e compartilhe: propõe uma reflexão sobre o trabalho do artista ou grupo com a
intenção de estabelecer relações entre as obras estudadas. Nesse tipo de atividade, os es-
tudantes são incentivados a compartilhar suas opiniões com os colegas sempre por meio de
algum gênero discursivo preestabelecido a fim de desenvolver um raciocínio crítico e compa-
rativo em Arte.
⓿ Pesquise e compartilhe: propõe o levantamento de informações sobre artistas, obras e outros
aspectos relacionados à temática estudada a fim de que os estudantes possam ampliar conhe-
cimentos e construir novas relações com o que aprenderam durante os estudos.
⓿ Criando laços: apresenta uma atividade prática que propõe e favorece a interdisciplinaridade.
⓿ Palavra de artista: apresenta depoimentos de artistas sobre seu trabalho para que os estudan-
tes possam refletir acerca dos processos de criação e ampliar o repertório a fim de desenvolver
uma poética própria.
⓿ Saiba mais: oferece informações sobre assuntos abordados no capítulo ou unidade, ou relacio-
nados, para ampliar os conhecimentos dos estudantes em Arte.
⓿ Na tela: sugere sites, filmes e vídeos relacionados aos temas abordados, que podem ser explo-
rados pelos estudantes individualmente ou sob orientação do professor.
⓿ Biblioteca: sugere leituras que permitem aos estudantes o aprofundamento no tema estudado.
⓿ Visitação: traz sugestões de visita física ou virtual a lugares ou eventos em que ocorrem mani-
festações artísticas.
São oferecidos ainda, no decorrer de todo o volume, alguns verbetes que buscam auxiliar os
estudantes:
⓿ a definir conceitos artísticos que surgem no texto, cujo esclarecimento é essencial para a com-
preensão do tema estudado;
⓿ a esclarecer termos utilizados no decorrer do texto e que podem ser desconhecidos.
8. Transcrição de áudio
Locutor 1: Quando ele fala que os alunos, que eles são de culturas diferentes, traz muito essa
questão da voz ativa do aluno, né? Porque na metodologia de projetos, o aluno tem voz e tudo se
desenvolve a partir das experiências e das coisas que são trazidas pelos alunos. E quando a gente
abre essa oportunidade para os alunos, de eles falarem, a gente descentraliza a questão da fonte da
informação, porque quando é sempre o professor trazendo, o professor passa a ser a única fonte do
conhecimento de todos. E quando a gente abre isso para os alunos falarem, a gente amplia muito a
fonte e a gente consegue ver também como que se dá na vida do aluno, né? Quando o Hernández
fala de como trazer os assuntos para a sala de aula, os alunos vão debatendo, eles vão conversando
entre eles, ele transgride o limite da disciplina, porque o aluno, ele não fica restrito só à disciplina de
matemática, ou só à disciplina de português, ele traz formações diversas sobre o tema.
Locutor 2: Cabe a gente mencionar então que, quando a gente trabalha com interdisciplinaridade
e projetos, existe também uma confusão de que para se realizar projetos tem que ser inter[disci-
plinar], e para ser inter[disciplinar] tem que ser só com projetos, e nem sempre. Não são propostas
integradas. Elas podem ser realizadas de maneira integrada, conjuntamente, mas elas não são de-
pendentes. Acho que esse é o ponto. Para executar a interdisciplinaridade, você não precisa ser só
por projetos, e as pessoas vinculam isso com muita frequência.
LIV
9. Referências bibliográficas comentadas
PARSONS, M. Compreender a arte. Lisboa: Presença, 1992.
ARTE VISUAL E AUDIOVISUAL
No livro, o autor apresenta suas ideias sobre a apreensão es-
BARBERO, J. M. Dos meios às mediações: comunicação, cultura e tática em uma hipótese que tem como base a noção de está-
hegemonia. Rio de Janeiro: UFRJ, 2009.
gios de desenvolvimento, respaldada pelos estudos de Piaget e
O autor trata da comunicação na América Latina em diferentes Kohlberg.
períodos do século XX. Segundo ele, a análise da mídia deve levar
em conta não apenas a intenção de quem envia as mensagens, READ, H. A educação pela arte. 2. ed. São Paulo: WMF Martins
mas sua recepção, que nunca é simplesmente passiva e consu- Fontes, 2013.
midora.
Obra que retoma as ideias de Platão sobre a arte ser a base
da educação com o objetivo de formular uma teoria que abar-
BARBOSA, A. M.; CUNHA, F. P. da (org.). Abordagem triangular no
ensino das artes e culturas visuais. São Paulo: Cortez, 2010. que todos os modos de expressão (artística, musical, literária,
etc.) de maneira contextualizada: uma educação pautada nos
Nesse livro, reúnem-se pesquisas, relatos de experiências e de-
sentidos sobre os quais se baseiam a consciência e o raciocínio
bates sobre a abordagem triangular no ensino de Arte e em
humano.
outras áreas do conhecimento.
RICHTER, I. M. Interculturalidade e estética do cotidiano no ensino
BUORO, A. B. O olhar em construção: uma experiência de ensino e
das artes visuais. Campinas: Mercado de Letras, 2003.
aprendizagem da Arte na escola. São Paulo: Cortez, 1996.
No livro, apresenta-se uma visão do ensino de artes visuais na
Esse livro relata experiências do ensino de Arte nas escolas no
escola com base no multiculturalismo e na estética feminina co-
trabalho com leitura de imagens.
tidiana, discutindo tendências sobre a educação intercultural.
CANTON, K. Temas da arte contemporânea. São Paulo: Martins
Fontes, 2009 (Coleção Temas da Arte Contemporânea) SODRÉ, M. Antropológica do espelho: uma teoria da comunicação
linear e em rede. Petrópolis: Vozes, 2009.
A autora apresenta temas do mundo contemporâneo cujos re-
flexos podem ser sentidos na arte de nossos dias. Além de teoria, No livro, aborda-se o fato de a mídia ser parte constituinte de
são apresentadas entrevistas com diversos artistas brasileiros. uma nova forma de vida ou de uma nova subjetividade, consti-
tuindo mais do que um equipamento ou tecnologia que transmi-
CAUQUELIN, A. Arte contemporânea: uma introdução. São Paulo: te ideologia.
Martins Fontes, 2005. (Coleção Todas as Artes)
Nessa obra, é mapeada a transformação dos mecanismos da CULTURA
arte a partir do começo do século XX. Dos ready-mades às séries,
dos salões às galerias, da sociedade de consumo à sociedade de BERGAMASCHI, M. A. (org.). Povos indígenas e educação. Porto
comunicação, da obra ao espaço da arte, a autora apresenta Alegre: Mediação, 2008.
uma análise dos desdobramentos no Pós-modernismo. No livro, apresentam-se e discutem-se temas atuais sobre a
vida e a cultura de povos indígenas e sobre suas experiências
DERDYK, E. Formas de pensar o desenho: desenvolvimento do
de organização da educação escolar em algumas regiões do
grafismo infantil. São Paulo: Panda Educação, 2020.
Brasil, do ponto de vista do respeito e dos projetos de vida des-
A autora faz uma reflexão sobre a linguagem gráfica das crian- ses povos.
ças e enfatiza que a vivência prática é fundamental para a com-
preensão do universo gráfico, assim como dos significados BHABHA, H. K. O local da cultura. Belo Horizonte: UFMG, 2010.
contidos no ato de desenhar delas.
Nesse livro, o autor questiona a ideia de uma narrativa nacional
homogênea. Em vez disso, propõe que as narrativas nacionais,
DEWEY, J. A arte como experiência. São Paulo: Martins Fontes,
2010. (Coleção Todas as Artes) não somente no âmbito pós-colonial, mas em geral, considerem
a hibridez dos discursos que fazem parte dessas narrativas.
Nessa obra, reúnem-se resultados de uma série de palestras que
trataram da estrutura da arte e de sua relação com o público.
BURKE, P. Hibridismo cultural. São Leopoldo: Unisinos, 2008.
DONDIS, D. A. Sintaxe da linguagem visual. 3. ed. São Paulo: Martins Nessa obra, o autor aborda a ideia de que, assim como uma cul-
Fontes, 2015. tura pode ser transmitida de uma população a outra, pode ser
modificada pelas particularidades locais e acabar voltando ao
Nesse livro, os elementos e as características da linguagem vi-
ponto de origem, influenciando a cultura de que saiu por causa
sual são fundamentados e explicados com o objetivo de ensinar
dos novos atributos adquiridos.
a ver e a ler dados visuais presentes em imagens, obras de arte e
objetos, entre outros.
CANCLINI, N. G. Culturas híbridas: estratégias para entrar e sair da
FELDMAN, E. B. Becoming Human Through Art: Aesthetic Experience modernidade. São Paulo: Unesp, 2013.
in the School. Upper Saddle River: Prentice-Hall, 1970. Nesse livro, o autor apresenta suas reflexões sobre o fenômeno
Na obra, o autor identifica os diferentes tipos de olhar que po- da hibridação cultural nos países latino-americanos, buscando
dem ser suscitados pelo leitor que desenvolveu a crítica de arte. compreender o intenso diálogo entre as culturas erudita, po-
pular e de massa e sua representação no cenário mundial. Para
MACHADO, A. Arte e mídia. Rio de Janeiro: Zahar, 2007. empreender a análise, lança mão de uma abordagem interdisci-
O livro explora o conceito de artemídia, que ultrapassa a noção plinar e intercultural.
de uso de aparatos tecnológicos na produção artística, buscan-
do refletir como mídia e arte se combinam, contaminam e distin- EAGLETON, T. A ideia de cultura. 2. ed. São Paulo: Unesp, 2011.
guem em diferentes criações virtuais, semivirtuais, colaborati- A obra traz um estudo sobre os significados da cultura investi-
vas ou não, e em diversos outros contextos. gando as origens dos diferentes sentidos dados ao termo.
LV
EFLAND, A. D.; Freedman, K.; Stuhr, P. La educación en el arte BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base.
posmoderno. Barcelona: Paidós, 2003. Brasília: MEC/SEB, 2018.
Um estudo sobre modernidade, multiculturalismo e teoria cultu- Nesse documento, definem-se as competências e habilidades es-
ral que demonstra que a filosofia pós-moderna tem influenciado senciais a serem trabalhadas em escolas públicas e privadas do
a educação, em especial nas áreas de Ciências Humanas e Arte. território brasileiro que ofertam a Educação Básica.
ESCOSTEGUY, A. C. D. “Estudos Culturais: uma introdução”. In: Silva, BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica.
T. T. O que é, afinal, estudos culturais?. Belo Horizonte: Autêntica, Brasília: MEC/SEB, 2013.
2006. Nesse documento, propõem-se as diretrizes que regem a Edu-
Nesse artigo, apresentam-se os fundamentos teóricos do movi- cação Básica brasileira com o objetivo de assegurar que saberes
mento britânico denominado estudos culturais. fundamentais sejam garantidos a todos os estudantes.
KRENAK, A. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia BRASIL. PNA: Política Nacional de Alfabetização. Brasília: MEC/
das Letras, 2019. SEALF, 2019.
Nessa obra, o autor apresenta alguns aspectos das cosmologias Documento que apresenta a Política Nacional de Alfabetização
indígenas, colocando em questão a separação entre o ser huma- (PNA), que se baseia em um conjunto de evidências de como as
no e a natureza, premissa presente na origem do desastre socio- pessoas aprendem a ler e escrever, trazendo essa questão para
ambiental que caracteriza nossa era. o centro do debate político.
OGOT, B. A. (ed.). História geral da África V: África do século XVI BRASIL. Temas Contemporâneos Transversais na BNCC: contexto
ao XVIII. São Paulo: Cortez, 2011. (Coleção História geral da África) histórico e pressupostos pedagógicos. Brasília: MEC/SEB, 2019.
Publicada em oito volumes, a coleção é um marco no processo Por meio de propostas, esse documento explica a importância
de reconhecimento do patrimônio cultural da África, uma vez da implementação dos temas transversais contemporâneos
que permite compreender o desenvolvimento histórico dos po- (TCT) nas escolas em um trabalho conjunto com a BNCC.
vos africanos e sua relação com outras civilizações a partir de
uma visão panorâmica, diacrônica e objetiva, obtida de dentro COHEN, E. G.; LOTAN, R. A. Planejando o trabalho em grupo:
do continente. estratégias para salas de aula heterogêneas. 3. ed. São Paulo:
Penso, 2017.
Na obra, apresenta-se uma fundamentação teórica que sus-
DANÇA tenta a importância do trabalho em grupo como ferramenta
BOLSANELLO, D. P. (org.). Em pleno corpo: educação somática, para uma educação para a equidade, além de propostas práti-
movimento e saúde. Curitiba: Juruá, 2010. cas para planejar e implementar o trabalho em grupo em sala
de aula.
Na obra, apresentam-se diversos métodos e técnicas que desau-
torizam a concepção cartesiana, responsável pela conhecida ci- CONDEMARÍN, M.; MEDINA, A. Avaliação autêntica: um meio para
são entre corpo e mente. Os artigos presentes na publicação são melhorar as competências em linguagem e comunicação. Porto
tratados cientificamente e se revestem de intenção pedagógica. Alegre: Artmed, 2005.
Nessa obra, propõe-se um novo modo de avaliar as aprendiza-
MARQUES, I. A dança no contexto: uma proposta para a educação
gens dos estudantes e apresentam-se as características e as ba-
contemporânea. 1996. Tese (Doutorado). USP, 1996.
ses teóricas que fomentam uma avaliação autêntica.
Em sua tese, a autora analisa o ensino de dança nas escolas e
propõe mudanças em seu formato de maneira que seja cada vez DEWEY, J. Democracia e educação: introdução à filosofia da
mais incorporada aos estudos no cotidiano. educação. 3. ed. Trad. Godofredo Rangel e Anísio Teixeira. São
Paulo: Nacional, 1959.
MARQUES, I. Ensino de dança hoje: textos e contextos. São Paulo:
Na obra, apresentam-se os principais aspectos do pensamento
Cortez, 2018.
do filósofo John Dewey sobre educação democrática.
No livro, propõem-se reflexões sobre o histórico do ensino de
dança e defende-se uma proposta atual para a abordagem des- FAZENDA, I. C. A. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa.
sa linguagem artística. 18. ed. Campinas: Papirus, 2016.
Um estudo sobre a interdisciplinaridade que aborda a história
RENGEL, L. P. Dicionário Laban. 2001. Dissertação (Mestrado em
desse conceito, o surgimento e a consolidação de um grupo de
Artes). Unicamp, 2001. Disponível em: https://estudiofiorire.com/
pesquisas sobre interdisciplinaridade e um apanhado de investi-
wp-content/uploads/2022/02/Dicionario-Laban-Lenira-Rengel.
gações realizadas na área.
pdf. Acesso em: 23 abr. 2022.
Dissertação em que a autora sistematiza os principais conceitos FULGÊNCIO, L.; LIBERATO, Y. É possível facilitar a leitura: um guia
labanianos, apresentando-os de forma objetiva e clara. (O tra- para escrever claro. São Paulo: Contexto, 2007.
balho, pioneiro em língua portuguesa, também foi publicado em No livro, descrevem-se os passos que permitem aos leitores al-
livro pela Annablume, em 2003.) cançar a interpretação do texto, as informações de que neces-
sitam para compreender integralmente uma mensagem e como
EDUCAÇÃO E PEDAGOGIA funciona a memória durante o processo de leitura.
BERGMANN, J.; SAMS, A. Sala de aula invertida: uma metodologia HERNÁNDEZ, F. Cultura visual, mudança educativa e projeto de
ativa de aprendizagem. Trad. Afonso Celso da Cunha Serra. São trabalho. Porto Alegre: Artmed, 2000.
Paulo: LTC, 2016. Relatos de experiências que buscam mudar as ideias sobre o
Livro que auxilia o docente a estimular a autonomia e a motiva- componente curricular Arte, mostrando como é possível expan-
ção dos estudantes ao apresentar os princípios da metodologia dir os conhecimentos dos estudantes do Ensino Fundamental ao
da aula invertida, assim como suas aplicações. Médio sobre a cultura visual.
LVI
HERNÁNDEZ, F.; VENTURA, M. A organização do currículo por MORAES, J. J de. O que é música. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1991.
projetos de trabalho: o conhecimento é um caleidoscópio. 5. ed. No livro, o autor traça um panorama sobre a música, contando
Porto Alegre: Penso, 2017. sua história e seus efeitos sobre a linguagem.
No livro, apresentam-se as ideias e práticas dos autores sobre a
organização do currículo com base em projetos. SCHAFER, M. O ouvido pensante. 3. ed. São Paulo: Unesp, 2013.
Na obra, desenvolve-se a ideia de paisagem sonora e propõe-se
MACEDO, L. de; FINI, M. I. “Uma análise do conceito de competências que os estudos musicais sejam realizados por todas as pessoas.
na BNCC”. Desafios da Educação, 11 jul. 2018. Disponível em: https://
desafiosdaeducacao.grupoa.com.br/analise-de-competencias-na TINHORÃO, J. R. Pequena história da música popular segundo seus
-bncc/. Acesso em: 22 mar. 2022. gêneros. São Paulo: Editora 34, 2013.
O artigo aborda o conceito de competências e habilidades e seu Na obra, abordam-se os diferentes gêneros musicais presentes
trabalho na Base Nacional Comum Curricular. na cultura brasileira, trazendo um estudo sintético das origens
de nossos movimentos musicais, desde a modinha e o lundu
OLIVEIRA, J. B. A e. ABC do alfabetizador. Brasília: Instituto Alfa e (século XVII) até a lambada, nos anos 1990, percorrendo refe-
Beto, 2008. rências sobre maxixe, choro, frevo, sertanejo, bossa nova, entre
No livro, são oferecidas informações teóricas e práticas sobre outros.
todos os componentes essenciais do processo de alfabetização.
Alinhado com a ciência cognitiva da leitura e com as principais WISNIK, J. M. O som e o sentido: uma outra história das músicas.
e mais robustas evidências sobre alfabetização, cada capítulo São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
apresenta ao leitor novos conceitos, reforça conhecimentos pré- Nessa obra, o autor apresenta a história da música com base em
vios e propõe exercícios práticos. dois elementos básicos: o recurso à experiência acústica concre-
ta e a comparação com as outras estruturas produtoras de sen-
SOUZA, Z. R. de; BIELLA, J. Currículo baseado em competências. tido (a língua, o mito, a sociedade).
Natal: Sesi, 2010. Disponível em: http://lagarto.ufs.br/uploads/
co nte nt _ at t a c h /p at h / 1 1 3 3 8 /c u r r i c u l o _ b a s e a d o _ e m _
competencias_0.pdf. Acesso em: 22 mar. 2022. TEATRO
Nesse curso, elabora-se o conceito de currículo escolar baseado BOAL, A. Jogos para atores e não atores. São Paulo: Sesc São
em competências, traçando um panorama histórico desde seu Paulo/Cosac Naif, 2015.
surgimento e suas diretrizes até a sua aplicação.
Nesse livro, o autor aprofunda e exemplifica, por meio de uma
ZABALZA, M. A. Diários de aula: um instrumento de pesquisa e série de exercícios, os princípios já definidos em Teatro do
desenvolvimento profissional. Porto Alegre: Artmed, 2004. Oprimido, em que o espectador é levado a interagir com os ato-
res no palco.
Na obra, apresentam-se exemplos práticos sobre o uso e a im-
portância dos diários para a pesquisa e a formação profissional KOUDELA, I. D. Jogos teatrais. 7. ed. São Paulo: Perspectiva, 2013.
do professor.
Na obra, apresenta-se uma proposta de ensino de teatro com
base nas ideias de Spolin, Piaget e Languer, permitindo aos pro-
MÚSICA fessores reinventar suas práticas.
BEHLAU, M.; MADAZIO, G. Voz: tudo o que você queria saber sobre SPOLIN, V. Jogos teatrais: o fichário de Viola Spolin. 2. ed. São
fala e canto: perguntas e respostas. São Paulo: Thieme Revinter, 2015. Paulo: Perspectiva, 2001.
No livro, são oferecidas informações a respeito do uso da voz no Na obra, é oferecida uma seleção dos jogos teatrais de Viola
canto e dicas de práticas que promovem a saúde vocal de canto- Spolin em forma de fichas para auxiliar o trabalho em sala de
res. Sugerimos a leitura para aprofundar seu conhecimento nas aula.
práticas de canto coral.
STANISLAVSKI, C. A criação de um papel. Rio de Janeiro: Civilização
CAGE, J. De segunda a um ano. Rio de Janeiro: Cobogó, 2013. Brasileira, 2004.
No livro, o autor trata de política, música, poesia e arte. A dispo- Este livro do ator, produtor e diretor russo é o terceiro volume de
sição visual dos textos chama a atenção do leitor. uma trilogia — completada pelos títulos A preparação do ator
e A construção da personagem — fundamental para todos que
KATER, C. H. J. Koellreutter: Música Viva e movimentos em direção se interessam pelo teatro, sejam simples espectadores ou profis-
à modernidade. São Paulo: Musa/Atravez, 2001. sionais da arte cênica.
No livro, faz-se um estudo detalhado de conceitos e princípios
do grupo Música Viva, um movimento que exerceu grande in-
fluência na música brasileira.
LVII
Orientações específicas
1. Objetivos e justificativa das propostas
O volume de 9o ano tem como eixo condutor a relação entre as questões socioambientais e a
arte. A escolha dessa temática se justifica porque os estudantes, nesse período, têm capacidade
e discernimento para propor soluções para os problemas que resultam da sociedade, consumista,
injusta e tecnológica em que vivemos. Nesse sentido, a arte pode ser uma forma de questionar os
problemas socioambientais, permitindo que os estudantes elaborem suas emoções e reflexões em
obras autorais.
Por meio dos projetos de trabalho propostos, os estudantes vão conhecer artistas e obras de arte
que abordam a questão da sustentabilidade, do surgimento das megacidades, da desesperança e
da valorização da vida conectada à natureza a fim de refletir sobre essa relação.
LVIII
Competências e habilidades desenvolvidas no volume de 9o ano
Bimestre Linha Competências Competências Competências Componentes Unidades Objetos do conhecimento Habilidades
metodológica gerais específicas de específicas de da coleção temáticas de Arte
Linguagens Arte
Projeto de trabalho 1; 2; 3; 4; 5; 1; 2; 3; 4; 5; 6 2; 4; 5; 6; 7; 8 Introdução Artes integradas Contextos e práticas EF69AR31
Questão 9; 10 (à Unidade 2) Artes visuais • Contextos e práticas EF69AR01
problematizadora: • Elementos da linguagem EF69AR04
A arte pode tornar • Materialidades EF69AR05
estranho o que é Teatro • Contextos e práticas EF69AR25
familiar? • Processos de criação EF69AR29
Capítulo 3 Teatro • Contextos e práticas EF69AR24
3o • Elementos da linguagem EF69AR25
• Processos de criação EF69AR26
EF69AR27
EF69AR28
EF69AR29
EF69AR30
Artes visuais Contextos e práticas EF69AR02
Artes integradas • Contextos e práticas EF69AR31
• Arte e tecnologia EF69AR35
Capítulo 4 Artes visuais • Contextos e práticas EF69AR01
• Elementos da linguagem EF69AR02
• Materialidades EF69AR04
• Processos de criação EF69AR05
• Sistemas da linguagem EF69AR06
EF69AR07
EF69AR08
4o Artes integradas Contextos e práticas EF69AR31
Unindo as Artes integradas • Contextos e práticas EF69AR31
pontas • Processos de criação EF69AR32
(encerramento • Matrizes estéticas e culturais EF69AR33
da Unidade 2) • Arte e tecnologia EF69AR35
Artes visuais Contextos e práticas EF69AR02
EF69AR03
LIX
Plano de desenvolvimento do volume de 9o ano
Bimestre Linha metodológica Temas contemporâneos transversais (TIC) Unidades temáticas Assuntos abordados
Projeto de trabalho • TCT meio ambiente: educação ambiental; • Artes integradas • Relação com o planeta
Questão problematizadora: educação para o consumo • Música • Arte e problemas ambientais
A arte alerta sobre o meio • TCT ciência e tecnologia: ciência e tecnologia • Dança
ambiente?
Projeto de trabalho • TCT meio ambiente: educação ambiental • Artes integradas • Relação com a vida
Questão problematizadora: • TCT ciência e tecnologia: ciência e tecnologia • Teatro • Arte e estranhamento
A arte pode tornar estranho • TCT saúde: educação alimentar e nutricional • Artes visuais • Arte e esperança
o que é familiar? Teatro • Teatro do Absurdo
• Estranhamento
• Incomunicabilidade, anti-heroísmo, pausas e
3º silêncios
• História do teatro do século XX: teatro expres-
sionista, futurista, épico
• Teatro e tecnologia
LX
Plano de desenvolvimento do volume de 9o ano
Objetivos
• Apreciar a gestualidade, os movimentos, os figurinos e os cenários do espetáculo de dança Sobre Cisnes, reconhecendo a influência de diferentes estilos cênicos
em sua concepção.
• Analisar a letra da canção “Sobradinho”, de Sá & Guarabyra, reconhecendo como nela são apresentados os problemas socioambientais.
• Perceber como diferentes manifestações artísticas tratam de temas relacionados a questões ambientais e refletir acerca de sua inserção e circulação em diferen-
tes contextos socioculturais.
• Analisar criticamente o trabalho musical do grupo Vida Seca por meio da apreciação da canção “Tupatutu”.
• Reconhecer e analisar, por meio da escuta musical e da apreciação de imagens, o trabalho desenvolvido pelo grupo Vida Seca a partir da mobilização dos elemen-
tos constitutivos da música, como timbres e ritmo.
• Conhecer a apreciar o trabalho do músico Walter Smetak de modo a analisar criticamente, por meio dos textos e da apreciação musical, os usos e as funções da
música para relacioná-la às diversas dimensões da vida.
• Explorar e analisar a melodia e a textura musical, por meio de texto e atividades, a fim de aprimorar a apreciação e as possibilidade de criação musical.
• Explorar e analisar sons dos diferentes instrumentos musicais que formam uma orquestra, por meio de texto e áudio, para ampliar o conhecimento sobre a lin-
guagem musical.
• Conhecer e explorar a notação musical tradicional, por meio de texto e atividade, a fim de aprofundar os conhecimentos sobre práticas musicais e aprimorar a
capacidade de experimentação e criação musical.
• Explorar e criar improvisações, de maneira colaborativa, utilizando a voz, sons corporais e objetos do cotidiano.
• Explorar e criar improvisações, de modo colaborativo e coletivo, usando sons diversos para trabalhar elementos da música e expressar ideias musicais.
• Compreender e distinguir as características e a história da música experimental, identificando seu desenvolvimento no decorrer do tempo em diferentes contextos.
• Pesquisar e experimentar diferentes fontes sonoras, como instrumentos musicais convencionais e não convencionais e o próprio corpo, para composição e execu-
ção musical da proposta da atividade.
• Analisar a intervenção Manchas Urbanas, reconhecendo e apreciando o trabalho de uma companhia de dança contemporânea brasileira, a Eduardo Severino
Cia. de Dança.
• Explorar, por meio do contato com os princípios da teoria de Laban, os movimentos cotidianos e os movimentos dançados para apreciar criticamente diferentes
formas de dança.
• Analisar, explorar e experimentar, por meio leitura de texto, apreciação de imagens e participação nas atividades práticas propostas, os fatores do movimento
para compreender como, quando combinados, geram ações corporais e movimentos dançados.
• Analisar diferentes formas de expressão da dança, em especial a dança moderna e a contemporânea, identificando suas características estéticas e seus princípios
conceituais, para reconhecer e apreciar obras de artistas e grupos de dança diversos, brasileiros e estrangeiros.
• Investigar e experimentar a criação integrada em dança e a expressão corporal para a construção de novos repertórios.
• Explorar a experimentação de elementos como iluminação, trilha sonora, enquadramentos, etc., na criação da composição cênica e coreográfica.
• Participar, de forma colaborativa e integrada, de procedimentos de pesquisa, seleção de material, concepção artística e confecção de elementos cênicos para a
coreografia, como figurino, cenário, adereços e iluminação.
• Identificar as temáticas socioambientais tratadas por Joseph Beuys em suas obras, contextualizando-as no tempo e no espaço, de maneira a reconhecer relações
entre sua produção artística e as diferentes dimensões da vida social e política.
• Utilizar tecnologias de informação e comunicação como ferramentas de pesquisa e levantamento de dados, sempre procurando referências confiáveis e checando
suas fontes, e como suporte para publicação das próprias produções, desde que de forma ética em relação às imagens e informações divulgadas.
• Pesquisar e experimentar, de modo colaborativo, diversos materiais e procedimentos de trabalho para a criação coletiva de ação artística.
• Experimentar a gestualidade e as construções corporais de maneira imaginativa na improvisação teatral para a realização da proposta.
• Explorar, na criação de uma composição visual, os elementos constitutivos da linguagem visual, como ocupação do espaço, linhas, cores, formas, ritmo visual e
equilíbrio formal.
• Reconhecer e apreciar o trabalho do grupo Garagem 21 na montagem do texto dramático de Samuel Beckett, investigando os modos de criação, produção, divul-
gação, circulação e organização da atuação profissional em teatro.
• Identificar e analisar, por meio das reflexões propostas, o estilo cênico de um grupo teatral a fim de aprimorar a capacidade de apreciação da estética do teatro.
• Experimentar, na realização das atividades, a expressão, a gestualidade e as construções corporais de maneira imaginativa no jogo cênico, conforme indicado nas propostas.
• Compor improvisações e acontecimentos cênicos com base em textos dramáticos ou outros estímulos (música, imagens, objetos, etc.), caracterizando persona-
gens (com figurinos e adereços) e considerando a relação com o espectador.
• Conhecer e apreciar a montagem de R.U.R., Rossum’s Universal Robots, do dramaturgo Karel Capek, realizada pelo artista multimídia Leonel Moura.
• Criar texto teatral sobre a relação das pessoas com a tecnologia, experimentando procedimentos de criação em dramaturgia.
• Participar de processo coletivo e colaborativo de criação teatral, tendo como ponto de partida a reflexão sobre o papel da tecnologia na vida humana.
• Apreciar e analisar a obra de Nils-Udo, compreendendo sua proposta estética e conceitual, para ampliar a experiência com diferentes práticas artístico-visuais.
• Analisar a obra de Nils-Udo, contextualizando-a em relação aos princípios estéticos e conceituais da land art.
• Estudar a teoria das cores de maneira a compreender os conceitos cor-luz, cor-pigmento, cores primárias, cores secundárias e tonalidade e distingui-los, identifi-
cando suas aplicações práticas na composição visual.
• Compreender os conceitos de harmonia e contraste na linguagem visual e reconhecer suas aplicações na composição visual.
• Experimentar e explorar as cores e suas combinações e os princípios de harmonia e contraste na elaboração de diferentes composições visuais.
• Experimentar e explorar diferentes materiais, convencionais e não convencionais, na realização das atividades.
• Conhecer e distinguir diferentes estilos e escolas artísticas, como Romantismo, Realismo, Impressionismo, Simbolismo, Cubismo, Suprematismo, Abstracionismo, Arte
Bruta, Arte Povera, localizando-os no tempo e no espaço e observando materiais, técnicas, procedimentos e temáticas que caracterizam cada uma dessas correntes.
• Participar, de forma colaborativa, do processo coletivo e autoral de criação de intervenção artística fazendo uso criativo e experimental de diferentes materiais,
recursos e procedimentos artísticos.
• Refletir sobre os princípios da arte conceitual e da land art como parte do próprio processo criativo para a elaboração de um trabalho que trate das relações entre
as pessoas e a natureza, por meio da arte.
• Apreciar e analisar obra de videoarte, buscando refletir sobre as relações processuais entre as linguagens artísticas para a realização da produção final do projeto
da unidade.
• Identificar os recursos tecnológicos presentes na obra de Yann Arthus-Bertrand para ampliar o repertório sobre as possibilidades criativas da integração entre
tecnologia e arte.
• Analisar a obra de Yann Arthus-Bertrand e o modo como a linguagem das artes visuais se integra à linguagem audiovisual, reconhecendo diferentes relações entre
ambas linguagens artísticas.
• Utilizar tecnologias de informação e comunicação como ferramentas de pesquisa e levantamento de dados, sempre procurando referências confiáveis e checando
suas fontes, e como suporte para publicação das próprias produções, desde que de forma ética em relação às imagens e informações divulgadas.
• Mobilizar o uso de diferentes ferramentas e recursos tecnológicos e digitais para a produção de um documentário e uma obra de videoarte e para sua publicação
digital, respeitando os referenciais éticos para a divulgação de imagens.
LXI
Plano de desenvolvimento do volume de 9o ano
Bimestre Sugestão de cronograma Estratégias pedagógicas Parâmetros de avaliação
Ponto de partida Ponto de partida: 1 hora-aula Aplicação de avaliação diagnóstica • Respostas corretas
1 hora-aula • Participação nas atividades
• Participação em grupo
Introdução • Experimentação: 1 hora-aula • Jogos musicais • Participação nas atividades práticas
(à Unidade 1) • Reflexão: 1 hora-aula • Exercícios de dança • Participação em grupo
2 horas-aula • Roda de conversa • Interpretação de texto
• Registro no portfólio • Escrita
• Produção artística
• Registro no portfólio
1o Capítulo 1 • A arte de [artista]: 1 hora-aula • Apreciação de obra de arte • Participação nas atividades práticas
13 horas-aula • Mais perto de [obra]: 1 hora-aula • Estudo de obra e trajetória do artista • Participação em grupo
• Por dentro de [linguagem]: 4 horas- • Experimentação em música • Interpretação de texto
-aula • Estudo da história da arte • Escrita
• Mais perto de [artista] e História da • Pesquisa • Produção artística
arte: 2 horas-aula • Roda de conversa • Registro no portfólio
• Conexões: 1 hora-aula • Leitura/escrita
• Fazendo arte e Fio da meada: 4 ho- • Construção de instrumentos musicais
ras-aula • Criação e apresentação de música
• Registro no portfólio
Capítulo 2 • A arte de [artista]: 1 hora-aula • Apreciação de obra de arte • Participação nas atividades práticas
11 horas-aula • Mais perto de [obra]: 1 hora-aula • Estudo de obra e trajetória do artista • Participação em grupo
• Por dentro de [linguagem]: 3 horas- • Experimentações em artes visuais e audiovisuais • Interpretação de texto
-aula • Estudo da história da arte • Escrita
• Mais perto de [artista] e História da • Pesquisa • Produção artística
arte: 2 horas-aula • Roda de conversa • Registro no portfólio
• Conexões: 1 hora-aula • Leitura/escrita
• Fazendo arte e Fio da meada: 3 ho- • Criação e apresentação de coreografia
2o ras-aula • Registro no portfólio
Unindo as pontas • Retomada da unidade e Mais perto: • Apreciação de obra de arte • Participação nas atividades práticas
(encerramento da 1 hora-aula • Estudo de obra e trajetória do artista • Participação em grupo
Unidade 1) • Puxando outros fios: 1 hora-aula • Pesquisa • Interpretação de texto
5 horas-aula • Entrelaçando as artes e Fio da mea- • Roda de conversa • Escrita
da: 3 horas-aula • Leitura/escrita • Produção artística
• Criação e produção de ação artística • Registro no portfólio
• Registro no portfólio
Introdução • Experimentação: 1 hora-aula • Apreciação de obra de arte • Participação nas atividades práticas
(à Unidade 2) • Reflexão: 1 hora-aula • Jogos teatrais • Participação em grupo
2 horas-aula • Experimentação com arte visual • Interpretação de texto
• Leitura/escrita • Escrita
• Roda de conversa • Produção artística
• Registro no portfólio • Registro no portfólio
Capítulo 3 • A arte de [artista]: 1 hora-aula • Apreciação de obra de arte • Participação nas atividades práticas
14 horas-aula • Mais perto de [obra]: 1 hora-aula • Estudo de obra e trajetória do artista • Participação em grupo
3o • Por dentro de [linguagem]: 4 horas- • Jogos teatrais • Interpretação de texto
-aula • Estudo da história da arte • Escrita
• Mais perto de [artista] e História da • Pesquisa • Produção artística
arte: 2 horas-aula • Roda de conversa • Registro no portfólio
• Conexões: 2 horas-aula • Leitura/escrita
• Fazendo arte e Fio da meada: 4 ho- • Leitura dramatizada
ras-aula • Criação de texto dramático
• Criação de encenação de Teatro do Absurdo
• Registro no portfólio
Capítulo 4 • A arte de [artista]: 1 hora-aula • Apreciação de obra de arte • Participação nas atividades práticas
10 horas-aula • Mais perto de [obra]: 1 hora-aula • Estudo de obra e trajetória do artista • Participação em grupo
• Por dentro de [linguagem]: 2 horas- • Exercícios de arte visual • Interpretação de texto
-aula • Produção de câmara escura • Escrita
• Mais perto de [artista] e História da • Estudo da história da arte • Produção artística
arte: 2 horas-aula • Pesquisa • Registro no portfólio
• Conexões: 1 hora-aula • Roda de conversa
• Fazendo arte e Fio da meada: 3 ho- • Leitura/escrita
ras-aula • Criação, produção, registro fotográfico e exposi-
ção de obra de land art
4o • Registro no portfólio
Unindo as pontas • Retomada da unidade e Mais perto: • Apreciação de obra de arte • Participação nas atividades práticas
(encerramento da 1 hora-aula • Estudo de obra e trajetória do artista • Participação em grupo
Unidade 1) • Puxando outros fios: 3 horas-aula • Pesquisa • Interpretação de texto
5 horas/aula • Entrelaçando as artes e Fio da mea- • Roda de conversa • Escrita
da: 1 hora-aula • Leitura/escrita • Produção artística
• Registro no portfólio • Registro no portfólio
• Criação de documentário e videoarte
Ponto de chegada Ponto de chegada: 1 hora-aula Aplicação de avaliação de resultado • Respostas corretas
1 hora-aula) • Participação nas atividades
• Participação em grupo
LXII
Plano de desenvolvimento do volume de 9o ano
Trimestre Semestre Sugestão de cronograma
Ponto de partida Ponto de partida:
1 hora-aula 1 hora-aula
Introdução • Experimentação:
(à Unidade 1) 1 hora-aula
2 horas-aula • Reflexão:
1 hora-aula
Capítulo 1 • A arte de [artista]:
13 horas-aula 1 hora-aula
• Mais perto de [obra]:
1 hora-aula
• Por dentro de [linguagem]:
1o 4 horas-aula
• Mais perto de [artista] e História da arte:
2 horas-aula
• Conexões:
1 hora-aula
• Fazendo arte e Fio da meada:
4 horas-aula
1o
Capítulo 2 • A arte de [artista]:
11 horas-aula 1 hora-aula
• Mais perto de [obra]:
1 hora-aula
• Por dentro de [linguagem]:
3 horas-aula
• Mais perto de [artista] e História da arte:
2 horas-aula
• Conexões:
1 hora-aula
• Fazendo arte e Fio da meada:
3 horas-aula
Unindo as pontas • Retomada da unidade e Mais perto:
(encerramento da Unidade 1) 1 hora-aula
5 horas-aula • Puxando outros fios:
1 hora-aula
• Entrelaçando as artes e Fio da meada:
2o 3 horas-aula
Introdução • Experimentação:
(à Unidade 2) 1 hora-aula
2 horas-aula • Reflexão:
1 hora-aula
Capítulo 3 • A arte de [artista]:
14 horas-aula 1 hora-aula
• Mais perto de [obra]:
1 hora-aula
• Por dentro de [linguagem]:
4 horas-aula
• Mais perto de [artista] e História da arte:
2 horas-aula
• Conexões:
2 horas-aula
• Fazendo arte e Fio da meada:
4 horas-aula
Capítulo 4 • A arte de [artista]:
2o 10 horas-aula 1 hora-aula
• Mais perto de [obra]:
1 hora-aula
• Por dentro de [linguagem]:
2 horas-aula
• Mais perto de [artista] e História da arte:
3o 2 horas-aula
• Conexões:
1 hora-aula
• Fazendo arte e Fio da meada:
3 horas-aula
Unindo as pontas • Retomada da unidade e Mais perto:
(encerramento da Unidade 1) 1 hora-aula
5 horas/aula • Puxando outros fios:
3 horas-aula
• Entrelaçando as artes e Fio da meada:
1 hora-aula
Ponto de chegada Ponto de chegada:
1 hora-aula) 1 hora-aula
LXIII
Sugestão de estrutura de diário de bordo
O diário de bordo é um instrumento útil para o controle do planejamento. Por isso, deve trazer
registros detalhados e precisos de cada atividade desenvolvida durante um projeto de trabalho.
Para tanto, é preciso anotar data e hora (do início e do fim) da tarefa e o local em ocorreu a ativi-
dade, além de fazer uma descrição de tudo o que aconteceu durante o andamento dela.
Esse registro pode conter uma avaliação, ou seja, uma reflexão sobre o modo como transcorreu
o encontro com os estudantes, o efeito dele no processo de trabalho, as consequências futuras, etc.
Se, por exemplo, a atividade for uma consulta à biblioteca, você pode registrar o local, o dia, a
hora, o livro (ou outro material) consultado, o resultado da pesquisa e a forma de registro; e finalizar
a entrada no diário com uma reflexão crítica sobre o balanço da tarefa.
Segue sugestão de estrutura para cada entrada do diário:
Turma / Data
Nome da atividade
Tempo da atividade
Recursos utilizados
Lembre-se de que um registro de atividade não requer que ela seja bem-sucedida, pois deve ser
usado como instrumento de autocrítica e de avaliação do processo de ensino-aprendizado, incluindo
também reflexões sobre o contexto da escola e sobre o perfil da turma com a qual você interage.
Assim, o diário de bordo pode e deve ser compartilhado com os estudantes, principalmente em
momentos de autoavaliação. Nesse sentido, ele pode se transformar em uma página de blog ou site
pessoal, cujo endereço fique disponível para os estudantes.
LXIV
ARTE
COMPONENTE CURRICULAR: ARTE
E N S I N O F U N DA M E N TA L ANOS FINAIS
ELIANA POUGY
Doutora em Teoria Política com foco em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(PUC-SP).
Mestra em Educação pela Universidade de São Paulo (USP).
Especialista em Linguagens das Artes pelo Centro Universitário Maria Antonia da Universidade de São
Paulo (Ceuma-USP).
Bacharela em Comunicação Social pela Fundação Armando Álvares Penteado (Faap-SP).
Autora de livros didáticos e paradidáticos de Arte.
ANDRÉ VILELA
Licenciado em Educação Artística pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp-SP).
Atuou como coordenador pedagógico de programas públicos de formação em Arte.
Professor de cursos de capacitação e formação de professores de Arte.
Atuou como professor de Arte no Ensino Fundamental e no Ensino Médio.
Autor de livros didáticos de Arte.
1ª edição
São Paulo, 2022
Bibliografia
Outros autores: André Vilela, Ana Carolina Nitto, George
Lucas Nercessian
Suplementado pelo manual do professor
ISBN 978-65-5767-530-4 (Livro Digital-Interativo do
Estudante)
ISBN 978-65-5767-531-1 (Manual Digital-Interativo do
Professor)
1a impressão
De acordo com a BNCC.
Envidamos nossos melhores esforços para localizar e indicar adequadamente os créditos dos textos e imagens
presentes nesta obra didática. Colocamo-nos à disposição para avaliação de eventuais irregularidades ou omissões
de créditos e consequente correção nas próximas edições. As imagens e os textos constantes nesta obra que,
eventualmente, reproduzam algum tipo de material de publicidade ou propaganda, ou a ele façam alusão,
são aplicados para fins didáticos e não representam recomendação ou incentivo ao consumo.
Impressão e acabamento
2
Apresentação
3
Sumário
Ponto de partida ..................................................... 8 1
Unidade 1 Arte e sustentabilidade ........................ 20
1 A arte do grupo Vida Seca ........................ 21
A arte alerta sobre o Primeiras impressões de “Tupatutu” ........ 21
meio ambiente? .......................................... 14 2 Mais perto de “Tupatutu” ........................ 22
Introdução .......................................................... 16 3 Por dentro da música ................................. 26
Som, silêncio e ruído ......................................26
Experimentação .................................................... 16 Fontes sonoras e instrumentos
Vamos cantar os problemas ambientais musicais .............................................................28
que nos afetam? .............................................. 16 Melodia, textura e música ............................30
Como expressar os problemas ambientais Instrumentos musicais de orquestra ........33
com movimentos corporais? ........................17 Notação musical .............................................38
Un i dades
Este livro se divide em Unidade 1 e Unidade 2, sendo que
cada uma delas corresponde a um projeto de trabalho e
traz expressa em seu título a questão que vai nortear esse
percurso. Logo em seguida, uma Introdu•‹o propõe atividades
práticas e reflexivas a fim de despertar seu interesse para os
saberes que serão desenvolvidos nos capítulos.
4
2 História da arte ...................................................76
Do moderno ao contemporâneo .............. 76
Arte e manchas urbanas ........................56
Conexões .............................................................. 80
1 A arte da Eduardo Severino Arte e tecnologia ........................................ 80
Cia. de Dança ...............................................57
Fazendo arte ....................................................... 84
Primeiras impressões de
Fio da meada ................................................ 87
Manchas urbanas ......................................... 57
Unindo as pontas ..................................... 88
2 Mais perto de Manchas urbanas ............58
Os solos de Manchas urbanas .................. 60 A arte alerta sobre o meio ambiente? ... 88
C apít ulo s
Há dois capítulos por unidade. As seções de
cada capítulo apresentam com destaque
uma obra de arte ou manifestação artística Vo c ê s a b i a ?
e abordam uma das linguagens artísticas – Traz informações complementares
artes visuais, dança, música e teatro. Nelas, aos assuntos abordados no livro.
você vai conhecer de forma aprofundada a
obra e o artista ou grupo que a produziu, 00
além de ser convidado a participar de
Atividade Atividade Atividade Áudio Portfólio
diversas atividades de apreciação, pesquisa, oral em dupla em grupo
crítica e experimentação em arte.
5
Unidade 2 3
A arte pode tornar estranho Arte e estranhamento .......................... 108
o que é familiar? ........................................102 1 A arte do grupo Garagem 21 ................. 109
Introdução .......................................................104 Primeiras impressões de
Esperando Godot ...................................... 109
Experimentação .............................................. 104 2 Mais perto de Esperando Godot ........... 110
Do lógico ao ilógico .................................. 104 O texto teatral de Samuel Beckett ........ 110
O que a natureza nos dá de presente? 105 O espetáculo montado pelo grupo
Reflexão ................................................................. 106 Garagem 21 .................................................. 113
A arte pode mostrar o absurdo? ........... 106 3 Por dentro do teatro ................................. 116
A arte pode ser o meio para que O estranhamento ...................................... 116
outro mundo aconteça? .......................... 106 Teatro do Absurdo .................................... 119
Fio da meada ............................................. 107 4 Mais perto do grupo Garagem 21 ........ 126
Outras obras do grupo Garagem 21 ..... 127
História da arte ................................................... 128
O teatro do século XX .............................. 128
Conexões ................................................................ 134
Arte e tecnologia ...................................... 134
Fazendo arte .........................................................138
Fio da meada .......................................................139
Na t e l a
Sugestões de sites,
filmes, vídeos e
outros recursos
disponíveis em
dispositivos digitais.
Vis it a çã o
Recomendação de visitas
presenciais ou virtuais a
museus, espetáculos e
eventos que favorecem
a exploração da arte
no cotidiano.
6
4 Fazendo arte ......................................................... 172
Fio da meada .............................................. 175
Arte e natureza ........................................ 140
Unindo as pontas ....................................... 176
1 A arte de Nils-Udo ................................... 141 A arte pode tornar estranho
Primeiras impressões de
o que é familiar? ........................................ 176
Ninho de argila de Clemson .................... 141
Mais perto .............................................................. 180
2 Mais perto de Ninho de argila A arte de Yann Arthus-Bertrand ............. 180
de Clemson ................................................ 142
Puxando outros fios .......................................... 186
3 Por dentro das artes visuais ................. 146 O interesse pela videoarte nas
Cores ............................................................ 146
mídias sociais ............................................. 186
Arte Conceitual .......................................... 152
Entrelaçando as artes ....................................... 188
4 Mais perto de Nils-Udo........................... 160 Documentário e videoarte ...................... 188
Outras obras de Nils-Udo ....................... 160
Fio da meada ..............................................189
História da arte ................................................... 162
A natureza na arte ..................................... 162 Ponto de chegada ............................................... 190
Arte e conceito .......................................... 163
Lista de áudios oferecidos no volume .........196
Conexões ................................................................ 168
Referências bibliográficas comentadas ..... 197
Arte e Ciências ........................................... 168
Pu xa n do
ou t ros f i o s
Seção de iniciação à
pesquisa científica
que propõe uma
investigação passo
a passo relacionada à
obra ou manifestação
de arte integrada
abordada no
encerramento da
unidade.
Un in do a s p onta s
Encerramento da unidade,
que apresenta obra ou
manifestação de arte E nt re laç and o a s
integrada seguida de duas
propostas, uma de pesquisa
art es
e outra de produção artística Seção que apresenta
relacionada à pergunta proposta de criação artística
que norteia o projeto integrada que vai resultar na
desenvolvido. produção final do projeto de
trabalho.
7
As atividades da seção Ponto de
partida visam à realização de uma
avaliação diagnóstica dos estudantes.
A proposta permitirá conhecer o reper-
Ponto de partida
NÃO ESCREVA NO LIVRO.
tório da turma a respeito de temas e co-
nhecimentos que serão trabalhados no Durante o ano, você vai estudar diversos artistas e suas produções, vai aprender sobre as diferentes
decorrer das unidades do volume, as- linguagens artísticas (as artes visuais, a dança, a música e o teatro) e vai compreender também como essas
sim como suas experiências prévias em linguagens podem se integrar em produções e manifestações artísticas.
relação às linguagens artísticas. Para iniciar essa jornada de aprendizagens, que tal identificar e organizar os conhecimentos que você
Essa é uma etapa fundamental do tem sobre arte e suas diferentes linguagens?
processo de ensino-aprendizagem, pois 1 Nesta atividade, você vai revisitar um pouco do que já experimentou e aprendeu sobre música. Para isso:
o reconhecimento das condições em
a) Monte um grupo com quatro colegas. Cada um de vocês vai pensar em uma música conhecida.
que cada um dos estudantes inicia os
b) Em seguida, um integrante do grupo por vez vai apresentar um trecho da música escolhida aos
estudos propostos no volume permite
colegas sem revelar verbalmente a letra da canção; em vez disso, você pode assobiar, cantarolar
identificar lacunas e potencialidades.
(“lá, lá, lá”) ou murmurar (“hummm, hummm, hummm”) a música.
Com base no diagnóstico será possí-
c) Os demais integrantes do quarteto vão tentar identificar que música cada colega está apresentando.
vel decidir que aspectos deverão ser
desenvolvidos mais plenamente e em d) Depois disso, o grupo vai discutir as questões propostas e anotar as conclusões no caderno.
que aspectos os estudantes necessita- ⓿ Qual foi a maior dificuldade em reconhecer a música?
rão de mais apoio docente e dos pró- ⓿ Por que você acha que conseguiu reconhecer a música sem a letra? O que nos ajuda a reconhecer
prios colegas. uma canção?
Ao propor o trabalho, pense em es- ⓿ O que é mais marcante em uma canção: a letra ou seus elementos musicais? Por quê?
tratégias para acessar as possíveis difi- e) No caderno, registre ainda suas maiores dificuldades ao realizar a atividade.
culdades em relação ao trabalho com 2 Agora, você vai refletir um pouco sobre como a arte em geral e, em especial, a música podem se rela-
as linguagens artísticas. Assim, faça um cionar com o tema da sustentabilidade ou dar visibilidade a ele. Para tanto, sigas as orientações:
registro das condições de cada estu-
a) Primeiramente, junte-se a três colegas para discutir as seguintes questões (anote suas conclusões e
dante no começo do ano letivo. Esse
ideias no caderno):
será o ponto de partida para o ma- ⓿ O que é sustentabilidade? Qual é a importância das práticas sustentáveis?
peamento e o acompanhamento da ⓿ De que maneira a produção artística ou a postura dos artistas pode contribuir para uma socie-
aprendizagem.
dade sustentável?
O ideal é que essa proposta seja ⓿ O que seria fazer música de maneira sustentável? Como isso pode se dar?
realizada antes do início do trabalho
b) Depois de conversar com os colegas e registrar o resultado da discussão, observe a imagem
com as unidades do Livro do Estudan-
que mostra integrantes do grupo musical brasileiro Vida Seca em uma apresentação ao vivo. No
te. Para realizar as atividades, organi-
Capítulo 1, você vai estudar a trajetória desse grupo, que valoriza atitudes sustentáveis por meio de
ze os estudantes em grupos de quatro
suas composições e performances.
a seis integrantes. Assim, eles poderão
discutir entre si as questões de respos-
Elisa Di Garcia/Vida Seca
8
c) Em seguida, leia as questões que estão na continuação e discuta cada uma delas com os colegas de se possível em parceria com professo-
grupo. Depois, registre as respostas no caderno. res de Ciências e de Geografia, antes
⓿ Você gosta de ouvir música? De que tipo de música você mais gosta? Quais são suas canções
de iniciar o Capítulo 1. Sugere-se ainda
preferidas?
a organização de subgrupos para reali-
⓿ O que mais chamou sua atenção na imagem da performance do grupo Vida Seca?
zar pesquisas sobre a sustentabilidade
e sua influência nas ações de diversos
⓿ Que instrumentos musicais são utilizados pelo grupo em sua apresentação? De que material eles
agentes sociais.
são feitos?
⓿ Qual parece ser a relação do trabalho do grupo com o tema sustentabilidade?
Outro aspecto importante a ser con-
siderado é a forma como os estudan-
3 Observe as imagens que mostram cenas de dois solos de dança que fazem parte da intervenção tes enxergam o papel de conscientiza-
Manchas urbanas, realizada pela Eduardo Severino Cia. de Dança em Porto Alegre (RS), que será estu-
ção do público que a arte, nesse caso
dada no Cap’tulo 2. Depois, leia as questões na continuação, discuta cada uma delas com seus colegas
a música, pode desempenhar. Verifique
e anote as repostas no caderno.
se entendem que os artistas podem ser
engajados em diferentes causas, e que
Fernando Pires/Fernando Pires Fotografia
9
Assim, é fundamental verificar como a) O que mais chama sua atenção nas imagens?
reconhecem e compreendem as carac-
b) Pela observação delas você consegue perceber como são os movimentos que os dançarinos realizam?
terísticas e implicações da dança reali-
Descreva-os.
zada em espaços públicos e em inte-
c) Como você descreveria as cenas que aparecem nas imagens? O que os dançarinos estão fazendo?
gração com os espectadores, se têm
Como são as roupas usadas por eles? Como os dançarinos se relacionam com o público?
familiaridade com essa ideia ou se ela
lhes causa estranhamento. Portanto, d) O que você acha que muda em uma apresentação de dança realizada nas ruas da cidade em relação
observe de que forma reconhecem e a apresentações feitas em salas de espetáculos?
valorizam a importância da dança co- 4 Nesta atividade, você vai participar de uma criação coletiva que envolve a consciência corporal e a
mo estratégia de intervenção urbana e exploração de movimentos e gestos expressivos. Como uma “máquina”, movida pela interação entre
conscientização sobre questões sociais as engrenagens, o grupo deverá buscar a integração – o que exige a observação do outro e o controle
e culturais, aspectos que serão aprofun- dos próprios movimentos. Siga as orientações:
dados nos estudos do capítulo. a) Forme um grupo com cinco colegas.
Sistematize as discussões a fim de b) Um integrante do grupo de cada vez vai realizar um movimento repetitivo. Pode ser um movimento
que a turma anote as respostas no ca- que represente um sentimento ou uma ideia ou, então, simplesmente a exploração de ações com
derno. A partir desse registro, será pos- diferentes partes do corpo.
sível aferir os diferentes conhecimentos
c) Procure criar movimentos com diferentes intensidades e velocidades e que explorem todas as par-
prévios sobre o tema e planejar a abor-
tes do corpo; podem ser baseados nos movimentos do dia a dia, como limpar objetos, lavar louça,
dagem inicial do trabalho com o Capí-
brincar, escovar os dentes, etc.
tulo 2. Utilize o diagnóstico do reper-
d) É importante que todos os integrantes do grupo prestem atenção um no outro, em como ocupam
tório sobre o aspecto social e cultural
o espaço e no tempo dos movimentos que realizam.
da dança e sobre a intervenção artís-
tica em espaços urbanos para estabe- e) Para começar, um dos integrantes do grupo deve colocar a máquina para funcionar, realizando um
lecer um ponto de partida para as dis- movimento ritmado e repetitivo no centro do espaço disponível para o grupo.
cussões propostas no capítulo e como f) Em seguida, os demais integrantes do grupo, um de cada vez, vão se integrar à criação com outros
critério para organizar grupos de traba- movimentos, sempre ritmados e repetitivos. Como se cada um deles fosse uma peça da máquina
lho heterogêneos. coletiva, atuando juntos para fazê-la funcionar.
A Atividade 4, que mobiliza habilida- g) Durante a criação, você deve se relacionar com os colegas de grupo, encostando-se neles, seguin-
des e experiências relativas à consciên- do o mesmo ritmo ou revezando com eles a ocupação do espaço no qual realizam o movimento.
cia corporal e à expressividade de ges- O importante é que ninguém fique isolado no grupo.
tos e movimentos, envolve uma prática 5 Observe as imagens que mostram cenas do espetáculo Esperando Godot, de autoria do irlandês
corporal que provoca a integração com Samuel Beckett, em uma encenação feita pelo grupo Garagem 21 em 2016 – espetáculo que vai estu-
os colegas e com o espaço e permite dar no Cap’tulo 3. Depois, leia as questões que estão na continuação, discuta cada uma delas com os
a exploração de gestos e movimentos colegas e registre as repostas no caderno.
expressivos a partir de ações que fa-
zem parte do universo dos estudantes.
Reprodu•‹o/Vimeo; canal Cesar Ribeiro
10
A Atividade 6 tem como foco a ex-
11
A Atividade 7 propicia que o profes- f) Para a filmagem, se necessário, o grupo pode elaborar um figurino ou elementos cenográficos.
sor observe conhecimentos conceituais Terminados os preparativos, em local isolado, com a menor interferência de barulho possível, vai
e procedimentais acerca de elementos filmar as atuações que aparecerão no vídeo, lembrando de prever os silêncios, ou pausas, para que
fundamentais da linguagem visual re-
a interação com as atuações ao vivo seja possível.
lacionados à teoria das cores (como os
g) Depois de pronta, assista à filmagem com os colegas e verifique se a qualidade do áudio está boa e
conceitos de cor-luz e cor-pigmento e o
conhecimento sobre cores primárias e se o tempo de atuação foi bem controlado para a posterior interação. Caso haja necessidade, será
12
é contínua em todas as etapas de de-
8 Observe a imagem que mostra a escultura Clemson Clay Nest (Ninho de argila de Clemson), do artista
senvolvimento de um tema. Para cada
visual Nils-Udo, cujas obras e trajetória serão estudadas no Capítulo 4. Depois, leia as questões que
etapa devem ser identificados e traba-
estão na continuação, discuta cada uma delas com os colegas e registre as respostas no caderno.
lhados os objetivos e os instrumentos de
avaliação mais adequados. Os resulta-
Nils-Udo/Acervo do artista
dos obtidos, além de constituir parâme-
tros para o planejamento do professor,
vão ajudar o estudante a reconhecer as
próprias dificuldades e avanços no de-
correr do processo.
a) Que tipos de material são usados nessa obra? Você reconhece algum deles? Qual?
b) Em que lugar parece estar localizada a obra? Se trata de um lugar em que geralmente são expostas
as obras de arte?
c) Que ideias, conceitos ou sensações a obra lhe transmite ou provoca?
d) Para você, que relações existem entre arte e natureza?
e) Você acha que os artistas procuram passar algum tipo de mensagem ao utilizar materiais naturais?
Com que temas de nossa realidade o uso de materiais naturais está relacionado?
9 Os materiais e instrumentos utilizados na criação artística são um aspecto muito importante das artes
visuais. Por isso, você vai revisar suas vivências com diferentes materiais extraídos da natureza que po-
dem ser usados, por exemplo, para colagens, esculturas e construções, entre outras manifestações. No
caderno, faça uma lista com três desses materiais que conhece e já usou em suas experiências com arte.
Ao lado deles, descreva suas características e explique de que forma e em que circunstâncias os utilizou;
além disso, pode ensinar como manipulá-los ou comentar o tipo de efeito que se pode obter com eles.
10 Por fim, recorde as experimentações nas linguagens artísticas das quais participou em anos anteriores
reflita sobre elas para levantar seus conhecimentos e habilidades em arte. Retome as experiências que
teve com as linguagens das artes visuais, do teatro, da dança, da música e das artes integradas e, no
caderno, construa um quadro para descrever cada uma delas, procurando responder às perguntas:
⓿ Do que mais gosto nas aulas de Arte?
⓿ O que preciso praticar mais?
⓿ O que gostaria de aprender em arte?
Se necessário, converse antes com seus colegas e o professor sobre os aprendizados pelos quais passou
para, depois, registrar sua reflexão a respeito dessas experiências.
13
expectativas dos estudantes nas diferentes linguagens artís- materiais e procedimentos que precisarão ser trabalhados
ticas. Com base nos registros deles, será possível mapear as com mais atenção. Conhecer as dificuldades de cada estu-
linguagens, os materiais e os procedimentos com os quais dante é fundamental para o processo de avaliação forma-
estão mais familiarizados, assim como aqueles que foram tiva, uma vez que revela o tamanho do desafio necessário
menos explorados ou talvez nem trabalhados nos anos an- para o desenvolvimento de cada um deles no processo de
teriores. Se necessário, explique que o termo “artes integra- ensino-aprendizagem.
das” se refere a produções que integram elementos, pro- Com base nas respostas dos estudantes à pergunta “O que
cedimentos e materiais de diferentes linguagens artísticas, gostaria de aprender em arte?” é possível determinar as uni-
como performances, intervenções e instalações, inclusive dades e/ou os capítulos do volume que vão atender às di-
produções audiovisuais. ferentes expectativas, o que vai auxiliar o professor tanto no
A questão “O que preciso praticar mais?” pode aju- planejamento das atividades como na avaliação do desem-
dar o professor a identificar as principais dificuldades e penho e da participação dos estudantes em cada uma delas.
dúvidas dos estudantes em relação às linguagens artísti- É importante lembrar que toda avaliação deve estar inte-
cas, o que constitui um importante diagnóstico dos temas, grada à formação global. A melhor avaliação é aquela que
13
A arte alerta
BNCC na unidade
Competências gerais
⓿ Trabalho com a CG 1: o estudo das
sobre o meio
com destaque para suas relações com
diferentes contextos socioculturais es-
timula a reflexão sobre o papel da arte
para a construção de uma sociedade
justa, democrática e inclusiva.
ambiente?
⓿ Trabalho com a CG 2: por meio de
pesquisas e produções voltadas para Inspirado pela imagem que ilustra esta
a reflexão sobre temas contemporâ-
abertura, converse com os colegas e o
neos, especialmente nas esferas so-
cial e cultural, busca-se valorizar a professor sobre as questões propostas.
diversidade de saberes e vivências 1. Você conhece os problemas ambientais
culturais e promover a apropriação de que afetam a região em que vive? Quais
conhecimentos que possibilitem esco- são eles?
lhas alinhadas ao exercício da cidada-
nia, com liberdade, autonomia, cons- 2. Será que a arte pode nos fazer pensar
ciência crítica e responsabilidade. sobre o meio ambiente? De que forma?
⓿ Trabalho com a CG 10: por meio das
3. Já assistiu a espetáculos de dança ou
produções coletivas, em que aspec- música que tratavam de questões am-
tos como autonomia, responsabilida- bientais? Como foi essa experiência?
de, flexibilidade, resiliência e determi-
nação são potencializados, busca-se
abordar temas relacionados à con-
temporaneidade e ao próprio contex-
to para promover uma reflexão basea-
da em princípios éticos, democráticos,
inclusivos, sustentáveis e solidários.
Competências específicas
de Linguagens
⓿ Trabalho com a CEL 1: por meio
14
de apreciação das manifestações
artísticas contextualizadas, busca- Reprodução do Livro do Estudante em tamanho reduzido.
-se apresentar as linguagens como
⓿ Trabalho com a CEL 3: propõem-se criações autorais, ⓿ Trabalho com a CEL 6: ao pesquisar e publicar as pró-
construção humana, histórica, social
e cultural, de natureza dinâmica, que que mobilizam diferentes linguagens, e o compartilha- prias produções, estimula-se o uso responsável de tec-
devem ser reconhecidas como forma mento de conhecimentos e reflexões, por meio do diálo- nologias digitais de informação e comunicação de forma
de significação da realidade e de ex- go, da resolução de conflitos e da cooperação. ética e crítica por parte dos estudantes.
pressão de subjetividades e identi- ⓿ Trabalho com a CEL 4: por meio de produções auto-
Competências específicas de Arte
dades sociais e culturais. rais em diferentes linguagens, garantem-se a expressão ⓿
⓿ Trabalho com a CEL 2: por meio de
Trabalho com a CEA 1: a diversidade da curadoria de
respeitosa de visões de mundo e a abordagem crítica manifestações artísticas apresentadas para estudo e re-
práticas que envolvem experimenta- de temas relacionados a direitos humanos, consciência flexão a fim de se reconhecer a arte como fenômeno cul-
ções de duas linguagens artísticas socioambiental e consumo responsável.
principais, propõe-se a reflexão so- tural, histórico e social, garante a representatividade de
⓿ Trabalho com a CEL 5: por meio da apreciação de mani- diferentes culturas.
bre temas relevantes socialmente de
festações artísticas que remetem a diferentes contextos ⓿ Trabalho com a CEA 4: as experimentações propostas
modo a ampliar as possibilidades de
participação na vida social e de co- em práticas individuais e coletivas, busca-se estimular o exploram a ludicidade, a percepção, a expressividade e
laboração para a construção de uma reconhecimento, a fruição e o respeito à diversidade de a imaginação para promover a reflexão sobre as próprias
sociedade mais justa e inclusiva. saberes, identidades e culturas. relações com o contexto escolar e a comunidade.
14
Questão norteadora: A arte alerta
sobre o meio ambiente?
Tema contemporâneo transversal
(TCT): Meio Ambiente – Educação
Ambiental.
Capítulo 1: apreciação de grupo mu-
sical que pesquisa e incorpora sons de
sucata a suas composições.
Capítulo 2: apreciação de obra cuja
coreografia traduz os impactos causa-
dos no meio ambiente por uma socie-
dade globalizada.
Produção final: ação artística basea-
da na proposta de Joseph Beuys, que
busca responder à questão norteadora.
Expectativas de aprendizagem
⓿ Apreciar manifestações artísticas nas
linguagens da música e da dança, identi-
Andrea Ebert/Arquivo da editora ficando seus aspectos.
⓿ Apreciar manifestações de outras lingua-
música e à dança.
⓿ Reconhecer e valorizar as culturas juvenis
BNCC na unidade
Nesta abertura de unidade, os obje-
tivos de aprendizagem são, com base
na questão norteadora, refletir e discu-
tir sobre como as manifestações artísti-
1
cas podem atuar na conscientização de
temas ambientais, a fim de mobilizar a
habilidade EF69AR31 no trabalho com
a unidade temática Artes Integradas
articulada ao objeto de conhecimento
15 Contextos e Práticas.
A dimensão do conhecimento traba-
lhada é: Reflexão.
⓿ Trabalho com a CEA 5: a diversidade de propostas de ⓿ Trabalho com a CEA 8: o trabalho coletivo e colaborati-
Na Unidade 1, destaca-se o papel
pesquisa, registro de processo de criação e publicação vo realizado no encerramento dos capítulos e da unida-
da arte para trazer à tona questões re-
digital busca instigar e instruir o uso responsável das fer- de mobiliza o exercício da autoria a partir de pesquisas
e reflexões críticas. lacionadas ao meio ambiente. Assim,
ramentas tecnológicas de comunicação e informação. serão propostas análises e produções
⓿ Trabalho com a CEA 6: a apreciação de manifestações Para ler o texto das competências e das habilidades
que dialogam com a pergunta nortea-
artísticas e o estudo relativo a seus contextos e práticas da BNCC na íntegra, consulte PDF disponível em: http://
dora, enquanto são desenvolvidas re-
incentivam a reflexão sobre as relações entre a arte e basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_
flexões sobre como nos relacionamos
seus diferentes cenários, propondo análises dos modos EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 25 jun. 2022. com a natureza.
de produção e de circulação da arte. Cada unidade da coleção propõe um projeto de traba- Solicite aos estudantes que leiam o
⓿ Trabalho com a CEA 7: com base na reflexão sobre lho por semestre, que busca estabelecer um diálogo en- título e o parágrafo introdutório e, de-
a questão norteadora, mobilizam-se o planejamento, a tre os interesses dos estudantes e o desenvolvimento de pois, questione que relações conse-
produção e a apresentação de produções artísticas competências e habilidades, visando à formação de conhe- guem estabelecer entre imagem, texto
autorais que expressam pontos de vista sobre questões cimentos artísticos e estéticos e ao aprendizado em Arte. escrito e título. Em seguida, proponha
políticas, sociais, científicas e culturais. O projeto apresentado na Unidade 1 contempla: as perguntas do Livro do Estudante.
15
BNCC na unidade
Na seção Experimentação, os obje-
Introdução
tivos de aprendizagem são:
Experimentação
⓿ participar de experimentação corporal
16
2. Demonstrou interesse pela proposta
Como expressar os problemas ambientais e participou das conversas em grupo.
com movimentos corporais? 3. Levantou diferentes hipóteses so-
bre os problemas ambientais da
1 Com o mesmo grupo da atividade anterior, agora você vai expressar o que região; ou formulou hipóteses,
pensa e sente sobre o problema ambiental escolhido por meio de uma se- apresentou reflexões pertinentes
quência de movimentos corporais, mas sem trilha sonora. Para isso, é pre-
e levantou questões complexas so-
bre o tema.
ciso antes pensar sobre algumas questões:
⓿ Apresentar uma canção que se rela-
⓿ O que queremos expressar e que movimentos podem ser mais adequa-
cione com os problemas ambientais
dos (rápidos, lentos, agressivos, suaves, para o alto, para baixo, etc.)?
discutidos pelo grupo:
⓿ Que parte do corpo pode se destacar durante os movimentos: a cabeça, 1. Não participou da pesquisa nem
o tronco, os membros superiores ou os membros inferiores? da escolha da canção, tampou-
⓿ Em que altura os movimentos vão ocorrer: rente ao chão, em uma altura co apresentou repertório musical
média ou alta e bem longe do chão? significativo; não se envolveu nos
ensaios nem atuou de maneira
2 Após definir a sequência e as características dos movimentos, o grupo
engajada nas discussões para a
deve registrá-la em folhas de papel sulfite por meio de desenhos. Se neces-
apresentação da canção.
sário, faça anotações que ajudem na compreensão da ideia do grupo para 2. Participou da pesquisa e da escolha
a execução. da canção, apresentando curiosida-
3 Ensaie com os colegas de grupo a sequência de movimentos e, se necessá- de sobre o tema e interesse em am-
rio, faça alguns ajustes.
pliar seu repertório musical; colabo-
rou com os ensaios e se integrou
4 Quando estiver bem ensaiado, o grupo deve apresentar a coreografia à com os colegas na prática do canto;
turma. envolveu-se nas discussões para a
Depois das apresentações, converse com os colegas e o professor sobre a apresentação da canção, atuando
atividade. de acordo com as orientações.
⓿ O que seu grupo buscou representar com a sequência de movimentos? 3. Apresentou significativo repertório
musical, estabelecendo relações
⓿ O que você sentiu ao assistir às performances dos colegas?
Respostas pessoais. com o tema proposto, e realizou
pesquisas para escolha da canção;
participou dos ensaios com desen-
voltura, integrando-se ao grupo e
apoiando os colegas; exerceu lide-
rança na apresentação da canção
e durante as discussões do grupo.
⓿ Elaborar e apresentar uma coreogra-
Ilustrações: Aline Sentone/Arquivo da editora
17
BNCC na unidade Reflexão
Na seção Reflexão, os objetivos de
aprendizagem são:
⓿ apreciar o espetáculo de dança pa-
A arte pode ser um meio para que todos
ra refletir acerca da temática abor- sejam corresponsáveis?
dada e estabelecer relações com os As questões ambientais devem ser pensadas tanto em escala local como
contextos socioculturais em que es-
em escala global, pois, além de afetar individualmente as pessoas no cotidiano,
tá inserido, a fim de mobilizar a habi-
dizem respeito ao planeta como um todo. É por isso que esse assunto está cada
lidade EF69AR09 no trabalho com a
vez mais presente no dia a dia, inclusive na arte.
unidade temática Dança articulada
ao objeto de conhecimento Contex- Observe as imagens.
tos e Práticas;
⓿ apreciar a gestualidade, os movimen-
A dimensão do conhecimento traba- ⓿ Em sua opinião, expressar a insatisfação contra a falta de cuidado com
lhada é: Reflexão. o meio ambiente é importante? Como será que a arte pode ajudar
nessa ação? Respostas pessoais.
No início da seção Reflexão, a tur-
Existem diversas formas de manifestar preocupação com o meio ambiente
ma vai encontrar imagens de grupos
e ter atitudes de cuidado para com ele. Conscientes disso, os artistas contem-
que manifestam suas opiniões a res-
porâneos têm buscado diferentes materiais para fazer arte e abordar questões
peito de temas relacionados ao meio
que se relacionam com a temática ambiental. Assim, participam da ação global
ambiente. Organize os estudantes em
para promover mudanças de atitude em relação ao meio ambiente e ao cuida-
grupos de cinco integrantes para que
do com nosso planeta, a Terra.
eles analisem as imagens, leiam o tex-
to e conversem a respeito do tema. Se-
18
gundo o texto, a questão ambiental se
destaca em escalas local e global. Pro-
cure trazer a discussão para o cotidiano Reprodução do Livro do Estudante em tamanho reduzido.
dos estudantes, levantando pontos que Sobre cisnes são os primeiros exemplos apresentados na a situação vivida pelo povo do sertão, que seria expulso de
causam impacto direto na vida deles e unidade de artistas que trataram do tema da responsabi- casa para que a barragem funcionasse. Além de mencionar
que podem influenciar todo o planeta. lidade ambiental. Estimule os estudantes a analisar o tex- diversas cidades do sertão nordestino na letra da música,
Em seguida, organize uma roda de to e a imagem para obter algumas respostas quanto à pos- os compositores usam uma frase atribuída a Antônio Con-
conversa para que os grupos compar- sibilidade de utilizar a arte como alerta para os problemas selheiro no refrão: “O sertão vai virar mar, dá no coração /
tilhem suas impressões com o restan- ambientais. O medo que algum dia o mar também vire sertão”.
te da turma. Solicite aos estudantes Leia com os estudantes a letra da canção “Sobradinho”, Antônio Vieira Mendes Maciel (1830-1897), mais co-
que tomem nota dos principais pon- de Sá e Guarabyra, lançada em 1977, e, em seguida, dis- nhecido como Antônio Conselheiro, protagonizou um mo-
tos abordados pelos grupos para que cuta seu significado com o grupo. vimento popular e messiânico que ficou conhecido como
possam rever as anotações ao longo do Explique que a canção remete a uma visita dos compo- Guerra de Canudos (1896-1897). Após peregrinação pe-
processo e observar o desenvolvimento sitores a Bom Jesus da Lapa (BA). Ali, eles depararam com lo sertão nordestino, Antônio Conselheiro se instalou às
dos estudos durante as aulas. uma barragem do rio São Francisco que vinha sendo cons- margens do rio Vaza-Barris, na região de Canudos, reu-
Na sequência, a canção de Sá e truída às escondidas e que causaria impactos profundos na nindo milhares de seguidores. Esse povoado, batizado de
Guarabyra e a imagem do espetáculo região. A canção foi composta com a intenção de retratar Belo Monte, abrigou sertanejos, indígenas e escravizados
18
Leia a letra da canção “Sobradinho”, de Sá e Guarabyra e observe a foto-
Durante as propostas da Reflexão, se-
grafia do espetáculo Sobre cisnes, de Giselda Fernandes (1961-), que está na
ção da Introdução, observe se há estu-
dantes que não compreendem ou têm
continuação.
dificuldade em compreender a estrutura
Sobradinho de projeto, apresentando pouco conhe-
O homem chega, já desfaz a natureza Adeus, Remanso, Casa Nova, Sento Sé cimento prévio ou interesse relacionado
Tira gente, põe represa, diz que tudo vai mudar Adeus, Pilão Arcado, vem o rio te engolir à questão norteadora, de maneira que
O São Francisco lá pra cima da Bahia Debaixo d’água lá se vai a vida inteira não conseguem formular hipóteses ou
Diz que dia menos dia vai subir bem devagar Por cima da cachoeira o gaiola vai subir fazer reflexões acerca do tema. Procure
E passo a passo vai cumprindo a profecia Vai ter barragem no salto do Sobradinho identificar também se há estudantes que
Do beato que dizia que o sertão ia alagar E o povo vai-se embora com medo de se afogar. não participam ou apresentam dificulda-
de para participar das atividades de es-
O sertão vai virar mar, dá no coração Remanso, Casa Nova, Sento Sé, Pilão Arcado, Sobradinho colha e apresentação de uma canção e
O medo que algum dia o mar também vire sertão Adeus, adeus… de criação e execução de uma sequência
SOBRADINHO. Intérpretes e compositores: Sá e Guarabyra. In: SÁ & Guarabyra Maxximum. de movimentos expressivos propostas. Is-
Intérpretes: Sá e Guarabyra. [S. l.]: Sony BMG, 2005. 1 CD, faixa 1.
so pode ocorrer por desconhecer ou não
se sentir à vontade com os procedimen-
Agora, converse com os colegas e o professor tos mobilizados.
Américo Júnior/Os Dois Companhia de Dança
19
BNCC no capítulo
Na abertura do capítulo, o objetivo de
1
aprendizagem é entrar em contato com
o grupo musical em foco, identificando
Arte e sustentabilidade
relações de sua obra com as questões
socioambientais, a fim de mobilizar a
habilidade EF69AR16 no trabalho com
a unidade temática Música articulada a Se
ca
Vid
ao objeto de conhecimento Contextos aD
iG
arc
ia/
e Práticas. El i s
çam artistas que criam músicas por primeiras questões, aprofunde a discussão retomando a para acompanhar as aprendizagens e aprimorar o traba
meio de objetos inusitados ou com os questão norteadora, A arte alerta sobre o meio ambien lho. Você pode usar também suas anotações para verificar
sons do corpo, como já apresentamos te?, com perguntas como: “Vocês acham que é importan se algum membro da turma apresenta mais dificuldade ou
na coleção. Incentiveos, assim, a es te reutilizar materiais que seriam descartados? Por quê?”; menos interesse nos estudos e, dessa forma, elaborar es
tabelecer nexos entre os conhecimen “Que benefícios isso pode trazer ao meio ambiente?”; “Vo tratégias para acompanhar seu desenvolvimento nas aulas
tos anteriores e os que serão estudados cês consideram que criar instrumentos musicais com ma de Arte.
neste capítulo. Aceite todas as respostas teriais descartados é uma atitude sustentável?”; “Fazer ar
e faça a mediação educativa de forma te com materiais reutilizados pode chamar a atenção das
que os estudantes reflitam sobre as pos pessoas para as questões do meio ambiente? Por quê?”.
sibilidades de criação na arte e come Esse exercício inicial tem como objetivo verificar os co
cem a tecer relações entre a poética do nhecimentos da turma sobre o que será desenvolvido no
grupo Vida Seca e o tema da unidade. capítulo e se presta também a uma avaliação diagnóstica.
Caso ache interessante, com base Assim, anote em seu diário de bordo todas as respostas a
nas respostas dos estudantes a essas fim de retomálas quando for necessário durante o estudo
20
1 A arte do grupo Vida Seca
mais de uma vez para que os estudan
tes possam identificar diferentes aspec
tos da música.
01 Observe, nas fotos desta página e da anterior, imagens de uma apresenta- As questões indicadas no tópico Pri
ção do grupo musical brasileiro Vida Seca, formado por quatro artistas da cidade meiras impressões de “Tupatutu” têm
de Goiânia, em Goiás, em 2004. Repare nos objetos que eles utilizam como ins- como objetivo levar a turma a refletir so
trumentos musicais e nas roupas que vestem. Depois, ouça com os colegas e o bre o trabalho do grupo musical Vida
professor uma das músicas do grupo, a canção “Tupatutu”. Seca, relacionandoo ao tema da uni
dade: A arte alerta sobre o meio
ambiente?
Elisa Di Garcia/Vida Seca
21
BNCC no capítulo 2 Mais perto de “Tupatutu”
Na seção 2. Mais perto de “Tupatu
tu”, os objetivos de aprendizagem são:
⓿ analisar criticamente o trabalho do
01 A letra de “Tupatutu” é formada por onomatopeias. Você percebeu isso ao Onomatopeia:
ouvir a canção pela primeira vez? Escute-a novamente, agora acompanhando figura de linguagem
grupo em foco por meio da aprecia que se caracteriza
ção musical de uma de suas can a letra.
por representar, por
ções, a fim de desenvolver a habili Tupatutu meio da criação de
dade EF69AR16 no trabalho com a palavras, sons
unidade temática Música articulada Tutututututu diferentes, como o
ao objeto de conhecimento Contex Tupa barulho da chuva.
Aidacass/Arquivo da editora
Patutu papa
ca Música articulada ao objeto de
Tupatutu patutu
conhecimento Contextos e Práticas; Patutu patupatu
⓿ apreciar, por meio da escuta, o es
Tupatutu patutu
tilo musical do grupo em foco, re Tututu
lacionando suas características aos
materiais e instrumentos que utili Tupatutu patutu
Patutu patupatu
za e a suas influências para assegu
Tupatutu patutu
rar o desenvolvimento da habilidade Patutu patupatu
EF69AR19 no trabalho com a uni Tupatutu patutu
dade temática Música articulada ao Patutu patupatu
objeto de conhecimento Contextos Tupatutu patutu
e Práticas; Iáááá
⓿ reconhecer e analisar, por meio da
Tupatutu patutu
escuta musical e da apreciação de Patutu patupatu
imagens, o trabalho desenvolvido Tupatutu patutu
pelo grupo em foco a partir da mo Ai ai ai
bilização dos elementos constituti
vos da música, como timbre e ritmo,
a fim de desenvolver a habilidade
EF69AR20 no trabalho com a uni
dade temática Música articulada ao
objeto de conhecimento Elementos
da Linguagem;
⓿ identificar, por meio da apreciação
22
Tupatutu patutu Atividade complementar
Patutu patupatu
Tupatutu patutu BRINCADEIRA MUSICAL
Arriba Proponha à turma que brinque com o rit
mo da canção “Tupatutu” usando o ritmo
Tupatutu patutu principal da composição como base mu
Patutu patupatu sical. Acrescente outros sons de maneira
Reprodução/Novomundo
Tupatutu patutu improvisada.
Tupatutu patutu Antes de começar a atividade, certifiquese
de que todos os estudantes tenham reco
Patutupatupatu
nhecido o ritmo e consigam reproduzilo.
Tupatutupatutu
Para isso, divida a turma em grupos de até
cinco integrantes e orienteos conforme as
Vischhhhhh! instruções a seguir.
TUPATUTU. Intérpretes e compositores: Vida Seca. In: Som de sucata. ⓿ Os grupos devem decidir entre si que inte
Intérpretes: Vida Seca. Goiânia: Novomundo, 2008. 1 CD, faixa 3.
grantes serão responsáveis por interpretar
o ritmo de “Tupatutu” e quais deles farão
os improvisos.
⓿ Os grupos devem ensaiar algumas vezes
antes de se apresentar para o restante
da turma.
⓿ Durante os ensaios, os grupos podem se
organizar de maneira que dois integran
tes façam o “tupatutu” e o restante crie
outros sons improvisados. Sugira que
usem apenas os sons da boca. Aqueles
que realizam a base podem se dividir,
de maneira que um cante a sílaba “tu” e
Aidacass/Arquivo da editora
outro, a sílaba “pá”.
⓿ Além disso, durante os ensaios, os gru
pos devem preparar o início e o fim da
apresentação.
⓿ Após os ensaios, organize a turma para
que todos assistam às apresentações
dos colegas.
⓿ Ao final, organize uma roda de conversa
para que os estudantes analisem sua
apresentação e a dos colegas.
Registre as apresentações para que elas
possam integrar o portfólio da turma. Esse
registro pode ser feito em vídeo ou áudio,
por meio de aparelhos celulares. O registro
vai ajudar os estudantes a ouvir e a anali
sar o próprio trabalho.
Durante a roda de conversa, ressalte que,
nos exercícios de improviso, não existem
resultados certos ou errados. O importante
é que a turma tenha um bom entendimento
da proposta e possa analisar suas interpre
tações, refletindo sobre as facilidades e di
ficuldades encontradas e sobre o resultado
sonoro.
23
23
Antes de promover a leitura do texto As onomatopeias usadas na letra de “Tupatutu” têm um papel semelhante
desta página com os estudantes, incen ao dos instrumentos tocados pelos músicos na canção. Além dos sons feitos
tiveos a observar as fotos e a descrever com a boca, você conseguiu escutar os sons produzidos com diferentes objetos
os instrumentos musicais e o figurino e materiais, como garrafas de vidro, latas e tampas de panela?
do grupo. Pergunte a eles, por exem Essa canção divertida e cheia de sonoridades únicas faz parte do repertório
plo: “Que instrumentos musicais são do show Som de sucata. O álbum de mesmo nome, lançado em 2008, marcou a
A música experimental foi
esses?”; “Vocês já viram instrumentos uma revolução na maneira
estreia do Vida Seca, que se dedica à música experimental. de fazer e pensar a música
assim?”; “De que material esses instru
O grupo trabalha com a sonoridade da sucata, ou seja, objetos em desuso, que começou no início do
mentos são feitos?”; “Como é o figurino século XX. As inúmeras
como tonéis de ferro, molas de caminhão, chapas de zinco, latas de alumínio,
dos artistas?”. maneiras de fazer música
etc. O grupo utiliza também outros materiais descartados, como baldes e gar-
Depois da conversa, peça a um vo experimental rompem com
rafões de plástico, canos de PVC e garrafas de vidro, entre outros. tradições estabelecidas,
luntário que leia o texto e verifique se Assim, o Vida Seca transforma em instrumentos musicais aquilo que costu- criando modos inesperados
a turma entende a relação da música ma ser descartado e que acabaria em lixões, introduzindo em diversos ritmos de produzir, executar e
experimental com o trabalho do grupo ruídos que caracterizam a vida nas grandes cidades.
apreciar obras musicais.
Vida Seca. Incentive a reflexão sobre os Observe as imagens apresentadas nesta página.
instrumentos usados pelos artistas para
criar música e a definição do texto so Fotos: Elisa Di Garcia/Vida Seca
Na tela 24
O Instituto GEA – Ética e Meio
Reprodução do Livro do Estudante em tamanho reduzido.
Ambiente é uma organização
da sociedade civil de interesse
público (Oscip) e, como consta em
seu site, propõese a “desenvolver
a cidadania e a educação
ambiental, assim como assessorar
a população a implantar
programas de coleta seletiva de
lixo e reciclagem”. Disponível em:
http://institutogea.org.br/lixo/o
quepodeserreciclado/. Acesso
em: 4 jul. 2022.
24
A música “Tupatutu” pode ser dividida em duas partes. Na primeira, é feita Durante a análise da seção vocal da
apenas com a voz. Nesse trecho, os músicos brincam com as sílabas “tu” e “pa”
música do grupo Vida Seca, é produti
usando a voz de diferentes maneiras.
vo sugerir uma discussão a respeito do
que é o canto. Essa reflexão pode ser
01 ⓿ Ouça novamente os vocais do início da música e procure identificar o
despertada pelas perguntas: “O que é
ritmo que é marcado nesse canto. Você percebe as diferentes maneiras
cantar?”; “Existem requisitos básicos
de usar a voz que o grupo emprega para acompanhar o ritmo principal?
Resposta pessoal. para cantar?”.
Na segunda parte, após os vocais, entram os instrumentos de sucata. Nesse momento, é provável que os
01 ⓿ Ouça mais uma vez a seção instrumental de “Tupatutu” e tente acompa- estudantes mencionem elementos do
nhar cantando a palavra “tupatutu” do mesmo modo como é cantada canto, como afinação, ou mesmo a
pelos vocais do início da música. Você percebe que os instrumentos mar- criação de melodias. Medeie, então, a
cam o mesmo ritmo? Resposta pessoal. discussão apontando para o exemplo
Esse desenvolvimento de um padrão rítmico marcado por diversos instru- da canção “Tupatutu”, na qual os músi
mentos está presente em muitas músicas do grupo Vida Seca e é uma de suas cos, ao cantar, privilegiam a exploração
características. Outra é a proposta do grupo de chamar a atenção do público de elementos como o timbre e o ritmo,
para a realidade social e ambiental e para a necessidade de combater a polui- mantendo a altura indefinida em diver
ção e a degradação da natureza. Para tanto, entre outras práticas presentes sos trechos.
em seus processos de criação, os músicos reutilizam objetos e materiais para Incentive os estudantes a estabele
construir instrumentos e confeccionar o figurino de seus espetáculos. cer relações entre os saberes já estuda
Os artistas do Vida Seca, portanto, estão preocupados com os efeitos da dos sobre o canto e os que estão sen
ação humana no meio ambiente, pois ela vem causando muitos estragos em do apresentados agora. Para isso, você
nosso planeta, com efeitos devastadores e, às vezes, irreversíveis. pode propor perguntas como: “Vocês se
Os diversos efeitos nocivos fizeram com que muitas pessoas começassem lembram de como funciona o canto co
a imaginar e a viabilizar maneiras de contê-los e de revertê-los. Assim, surgiu o ral?”; “Como ele soa?”; “Quais seriam
conceito de sustentabilidade, que se refere à capacidade de uma comunidade, as diferenças entre o canto coral e o
uma empresa ou um país de se desenvolver econômica e materialmente sem
canto de ‘Tupatutu’?”.
agredir o meio ambiente e sem comprometer as gerações futuras.
Pensando nisso, no show Som de sucata, o cuidado com o figurino e os ade-
Inusitado: aquilo que é
reços é especial. Os músicos vestem roupas velhas, rasgadas e muitos adereços incomum, não
são feitos também de material reutilizado. convencional, estranho.
No espetáculo, que tem um
tom de irreverência, os músicos
25
25
BNCC no capítulo 3 Por dentro da música
Na seção 3. Por dentro da música,
os objetivos de aprendizagem são:
⓿ conhecer e apreciar uma obra de
Som, silêncio e ruído
Luigi Russolo e uma composição de Em meados do século XVIII, iniciou-se, principalmente na Europa, um pro-
John Cage, além de seus contextos cesso de industrialização, que resultou na substituição gradativa do trabalho
de produção, para ampliar o reper manual pela linha de montagem em larga escala das fábricas, caracterizada
tório musical; conhecer e apreciar o pelo uso de máquinas. Desde então, elas foram sendo aperfeiçoadas de acordo
trabalho de Walter Smetak, de mo com a tecnologia de cada época.
do a analisar criticamente, por meio
Assim, no começo do século XX, alguns músicos começaram a prestar aten-
de textos e apreciação musical, os
ção na maneira como os sons produzidos pelas máquinas influenciava os am-
usos e as funções da música para
relacionála às diversas dimensões bientes em que elas estavam instaladas. A percepção desse fenômeno abriu
da vida, a fim de mobilizar a habili caminho para que compositores incorporassem em suas obras ruídos que, até
dade EF69AR16 no trabalho com a então, não eram considerados como possibilidades musicais.
unidade temática Música articula Como vimos, ruídos são geralmente sons indesejáveis ou desagradáveis
da ao objeto de conhecimento Con para quem os ouve. Nem todos, porém, são necessariamente fortes, e alguns,
textos e Práticas; inclusive, podem passar despercebidos pelas pessoas. Atualmente, como pôde
⓿ explorar e analisar diferentes meios
perceber pela música "Tupatutu", a incorporação de ruídos em peças musicais
de circulação da música, como a rá não é incomum. Nessa e em outras obras, o grupo Vida Seca transforma ruídos
dio e os seminários do qual Smetak em música.
fez parte, para desenvolver a habili Entretanto, não foi apenas a incorporação de ruídos que colaborou para
dade EF69AR17 no trabalho com a
grandes mudanças na música ocidental no decorrer do século XX. As reflexões
unidade temática Música articulada
a respeito da música feitas nesse período foram também responsáveis por
ao objeto de conhecimento Contex
tos e Práticas; sugerir revoluções na maneira de entender o silêncio na música e na vida das
⓿ reconhecer o papel dos músicos em pessoas.
foco na seção para o desenvolvimen
to da música experimental, a fim de Voc• sabia?
tecer relações entre as diferentes
produções musicais, de modo a as Boa parte das mudanças no pensamento musical
26
Um dos principais compositores a se dedicar a pesquisas sobre o Procure retomar também com os es
A música de concerto é aquela criada, tudantes os estudos anteriores sobre
silêncio e suas possibilidades musicais foi o estadunidense John Cage executada e apreciada de acordo com
(1912-1992), expoente da música experimental, cuja formação como cânones elaborados sucessivamente
música experimental e comente que um
compositor passou pela música de concerto. Um dos trabalhos mais na tradição ocidental. É tocada para de seus expoentes foi o músico John
plateias em espaços de divulgação Cage. Peçalhes que observem a ima
emblemáticos desse artista é a peça 4‘33‘‘. Escrita em 1952, a com-
cultural, como teatros e salas de gem da partitura e faça a leitura com
posição divide-se em três movimentos, nos quais o instrumentis- exibição. Concertos são composições
ta não toca nenhuma nota sequer no decorrer de seus 4 minutos e
partilhada do texto para que verifiquem
musicais escritas para um ou mais
instrumentos solistas acompanhados como o silêncio e os ruídos foram incor
33 segundos. O primeiro movimento deve durar 33 segundos; o segundo,
por orquestra. porados à música 4’33’’.
2 minutos e 40 segundos; e o terceiro, 1 minuto e 20 segundos.
27
27
No trabalho com o tópico Fontes so
noras e instrumentos musicais, es Fontes sonoras e instrumentos musicais
perase que os estudantes percebam Como vimos até aqui, a música é composta de sons e silêncios, que podem
as possibilidades musicais de qual
ser produzidos por instrumentos tradicionais ou por aqueles feitos com mate-
quer objeto, desde que alguém se pro
riais reutilizados (como faz o grupo Vida Seca), com diferentes objetos e até
ponha a usálos como fontes sonoras.
mesmo com o corpo. Assim, podemos dizer que as fontes sonoras para fazer
Além disso, eles vão conhecer o ofício
música são diversas. Se pensarmos no mundo como uma grande composição
daqueles que constroem instrumentos
musical, tudo o que existe nele é fonte sonora. Walter Smetak com o
com base no estudo de Walter Smetak. instrumento AmŽm.
Essa é uma boa maneira de abordar es No entanto, nas diferentes culturas, os seres hu-
manos sempre tiveram preferência por determina-
É importante que os estudantes per foi apresentado indiretamente a eles na abertura desta se estudantes que imaginem que tipo de som essas escul
cebam que a maneira como Smetak ção, ao discutir a utilização de diferentes sons nas compo turas produzem e especular sobre a escolha dos forma
usa os sons não corresponde à que a sições musicais, mas foi muito trabalhado em outros volu tos e títulos.
maioria das pessoas escuta nas rádios, mes da coleção. Por isso, aproveite o momento para rever
em filmes, festas, etc. Assim, esperase o conceito. No caso de Smetak, o compositor decidiu incor
que manifestem estranhamento em re porar timbres ditos “não musicais” em seus trabalhos. No
lação à peça. Procure orientar a escu caso das alturas, vale ressaltar a maneira como o compo
ta para o modo como o artista organi sitor as utiliza: elas acontecem de modo que não podem
za os parâmetros sonoros. Nesse caso, ser relacionadas com as melodias que se ouvem nos veícu
o timbre e as alturas utilizadas mere los convencionais de difusão de música. Além disso, é inte
cem destaque. ressante dizer que a composição não conta com pulso de
É importante que os estudantes com finido, e isso causa diferentes sensações para os ouvintes.
preendam a definição de timbre como Oriente a leitura das imagens dos instrumentos apresen
a qualidade do som. Esse parâmetro já tados. Durante a conversa sobre eles, podese sugerir aos
28
Ouça com os colegas e o professor “Tijolinhos, material de construção (Audição Na proposta do boxe Experimente e
espontânea do silêncio, violão eólico)”, de Walter Smetak, que você pode encontrar
compartilhe, os estudantes devem usar
na internet. Essa música integra o álbum Smetak, lançado em 1974.
seu material escolar para explorar os di
ferentes timbres possíveis. Para promo
⓿ Preste atenção nos sons da composição. Eles lembram algo a você? Trans-
ver sua realização, peçalhes que se
portam-no para algum lugar? Como imagina que foram produzidos?
espalhem pela sala de aula. Ressalte
⓿ O que acha do título da música? Por que será que ela recebeu esse nome? Respostas pessoais. como a manipulação dos materiais in
terfere no timbre. As várias formas de
Mulher faladora, Amém, de Walter raspar e percutir um mesmo objeto, por
movida pelo vento..., Smetak, 1969 (madeira,
de Walter Smetak, metal, cabaça e cordão,
exemplo, podem produzir sons bastan
1974 (cabaça, 88 cm × 82 cm × 83 cm). te diferentes.
madeira, isopor,
metal, coco e náilon,
Deixe que investiguem os objetos
Fotos: Andrew Kemp/Acervo da Família Smetck
29
Os parâmetros do som e os demais
elementos da música, como melodia e Melodia, textura e música
textura, que serão abordados no tópico Qualquer objeto que produz som pode ser considerado uma fonte sonora. Isso
Melodia, textura e música, são utiliza quer dizer que podemos fazer música com qualquer coisa. Por exemplo, se você
dos geralmente para análises formais bater com a caneta na mesa, essa ação vai produzir um ruído, que pode ser con-
de diversos gêneros musicais. Assim,
siderado, dentro de um contexto musical, uma nota musical. Você deve estar se
no decorrer dos volumes da coleção,
perguntando agora como o fato de batucar a caneta na mesa pode virar música.
incentivamos os estudantes a desen
Como já estudamos, a existência da música depende da organização de
volver habilidades relacionadas à ex
sons e silêncios no tempo. Essa organização se dá por meio da manipulação dos
ploração desses elementos para que
parâmetros sonoros: timbre, duração, altura e intensidade. No entanto, existem
possam aprimorar a capacidade de
diversos elementos estruturantes na linguagem musical que são utilizados por
apreciação musical.
compositores para fazer música, como a melodia e a textura.
Antes de ler o texto, continue incen Continuando com o exemplo dado, ao percutir a caneta na mesa, você pode
tivando a turma a estabelecer nexos produzir uma ou mais notas musicais. Essas notas são fundamentais para a
entre os conhecimentos musicais que
composição, pois, ao escolher o momento em que elas vão ocorrer na música e a
tem e os que serão apresentados ago
duração que elas terão, podemos determinar também sua altura (caso o instru-
ra. Para isso, pergunte a eles: “O que é
mento seja capaz de reproduzir alturas definidas). Ao propor essa organização,
nota musical?”; “E o que é melodia?”;
estamos criando uma melodia. A melodia é, na maior parte dos casos, um dos
“E o que é textura musical?”; “Vocês já
primeiros elementos que identificamos ao ouvir uma música.
ouviram esses termos? Em que situa
02 Geralmente, quando ficamos com uma música na cabeça, é da melodia que
ções?”. Permita que eles compartilhem
nos lembramos. Ouça com os colegas e o professor "Asa branca", uma canção
suas ideias e levantem hipóteses para,
bastante conhecida composta por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira em 1947.
depois, propor a leitura compartilhada
Depois, tente reproduzir sua melodia com a turma de outras maneiras.
do texto do Livro do Estudante e a es
cuta de “Asa Branca”, canção de Luiz
Gonzaga e Humberto Teixeira, que es Experimente e compartilhe
tá disponível na versão digital da obra.
Você pode também cantar a canção Identificando melodias
para a turma ou murmurála apenas Agora que você sabe o que é uma melodia, que tal participar de um jogo com os colegas?
com sílabas. 1 Para isso, a turma deve formar dois grandes grupos.
Caso queira aprofundar o assunto,
2 Com a ajuda dos colegas e do professor, afaste as mesas e as cadeiras da sala para criar um es-
comente que as melodias podem se paço livre.
comportar de diferentes maneiras,
3 Cada grupo deve ocupar um lado da sala e escolher algumas canções bem conhecidas por todos.
realizando tanto movimentos ascen
dentes, quando as alturas vão fican 4 O professor vai sortear um grupo para começar. Então, cada grupo a seu turno vai reproduzir a
melodia de uma das canções escolhidas cantando com sílabas, como “hum, hum, hum” ou “lá, lá,
do mais agudas, como descendentes,
lá”, ou usando vibrações de lábios e língua, entre outras opções.
quando as alturas vão ficando mais gra
ves. Além disso, as melodias podem re 5 Enquanto um grupo reproduz a melodia, outro deve prestar atenção para tentar adivinhar qual é
a canção.
petir as mesmas alturas em determina
dos trechos de uma música. 6 Caso o grupo que ouve acerte a melodia, ele assume imediatamente a vez de cantar. Caso não
acerte, terá direito a mais três tentativas de adivinhação, e, depois disso, o grupo que reproduziu
Para realizar a atividade do boxe Ex
a melodia deve revelar a canção escolhida e só então passar a vez ao outro.
perimente e compartilhe, proponha um
batepapo prévio aos estudantes para Para concluir
que eles falem sobre as canções que
conhecem e de que mais gostam. Faça Converse com os colegas e o professor sobre estas questões e guarde o registro dos pontos mais impor-
uma lista delas na lousa e, depois, co tantes da discussão no portfólio.
⓿ Você conseguiu identificar as canções por meio das melodias?
pieas em tiras de papel para que os gru
⓿ Alguma canção foi difícil de reconhecer? Por quê? Respostas pessoais.
pos possam sortear e fazer a atividade.
Esse exercício pode ser útil para veri
ficar o repertório musical dos estudan
30
tes e aproximar as aulas de música da
vivência que eles têm, a fim de tornar o
Reprodução do Livro do Estudante em tamanho reduzido.
processo de ensinoaprendizagem mais
canções, etc. Aproveite para questionar a turma sobre mu ⓿ Associar as melodias apresentadas às respectivas canções:
significativo.
Deixe a turma à vontade para se or danças nos parâmetros sonoros de uma melodia propondo 1. Não identificou nenhuma das canções com base nas
ganizar em dois grandes grupos e de questões como: “Se cantarmos uma canção com alturas e melodias.
cidir como vai reproduzir a melodia durações diferentes da versão original, modificamos a me 2. Soube associar as melodias cantadas às canções.
das canções escolhidas ou sorteadas. lodia da música?”. Se achar oportuno, proponha um exer 3. Percebeu a que canções as melodias pertenciam mes
No entanto, estimule os estudantes a cício para que os estudantes percebam as mudanças cau mo com variações na demonstração, como diferenças
usar a criatividade para pensar em fon sadas por essa alteração. de altura ou rítmicas.
⓿ Criar diferentes maneiras de cantar as melodias desejadas:
tes sonoras diversas e improvisar dife A atividade contribui para a compreensão do conceito
rentes sons. de melodia. Para uma avaliação de processo, observe o 1. Não conseguiu cantar as melodias das canções sem
Encerrada a vivência, converse com que os estudantes devem fazer para desenvolver as habi utilizar as letras.
os estudantes sobre as questões pro lidades trabalhadas e os respectivos indicadores de reali 2. Soube cantar as melodias propostas pelo grupo.
postas no tópico Para concluir e ve zação, que correspondem a: “1. Não atingiu o esperado”; 3. Contribuiu com propostas de diferentes maneiras de se
rifique se eles entenderam o conceito “2. Realizou a atividade satisfatoriamente”; e “3. Superou cantar as melodias, colaborando para uma diversidade
de melodia, se foi fácil reconhecer as as expectativas”. de cantos durante a atividade.
30
Do mesmo modo que podemos criar música organizando sons em fun- Faça a leitura compartilhada do tex
ção do tempo, ou seja, colocando-os em sequência, um após outro, existe a
to com os estudantes, assim como pro
possibilidade de sobrepor sons de maneira que eles soem simultaneamente.
porcione a audição dos exemplos de
Nesse caso, é como se músicas fossem compostas de várias “camadas”, e
monofonia (“Tantum ergo sacramen
essa somatória de sons pode se dar de diversas maneiras, sugerindo dife-
tum”), polifonia (“Miserere”) e homo
rentes escutas.
fonia (“Gracias a la vida”), todos eles
A escolha de sobrepor sons e a maneira como cada um deles se comporta
disponíveis na versão digital da obra,
e verifique se eles compreendem o
são características da textura de uma música. Para exemplificar melhor, recor-
conceito de textura musical. Estimule
de a música “Tupatutu”, do grupo Vida Seca. Ao ouvi-la, podemos perceber sons
os a pensar novamente na canção “Tu
de diferentes instrumentos e de vozes. Cada um desses sons forma uma cama-
patutu” e a descrever os sons que ou
da distinta.
vem, perguntando: “Há sons de vozes?
E de instrumentos? E de objetos? Co
31
Biblioteca
Arnold Schoenberg, Exercícios
preliminares em contraponto.
São Paulo: Via Lettera, 2004. No
livro, abordamse o pensamento
de um dos principais formadores
de compositores do século XX e a
técnica do contraponto.
Arnold Schoenberg, HarmoniaI.
São Paulo: Unesp, 2012. Essa
é uma das obras fundamentais
sobre harmonia em diálogo com
a música do século XX, ou seja,
distante da tonalidade clássica.
31
Na atividade do boxe Experimente 05 A homofonia conta também com uma sobreposição de sons, porém de ma-
e compartilhe proposta nesta página, neira diferente. Quando ouvimos uma textura homofônica, podemos perceber
os estudantes vão realizar experimen uma melodia ou voz acompanhada por outros instrumentos ou vozes. Essa
tações com os tipos de textura musical textura, apesar de contar com a sobreposição de sons, assim como a polifonia,
explicados no texto. Assim, primeiro pe privilegia a escuta de uma melodia principal que recebe suporte e interage
ça à turma que organize a sala de aula com o acompanhamento. Podemos notar o uso da homofonia quando alguém
afastando mesas e cadeiras e deixando canta uma música enquanto toca violão ou piano. Ouça com os colegas e o
um espaço livre. professor a canção "Gracias a la vida", de Violeta Parra, um exemplo desse tipo
Em seguida, faça a leitura comparti de textura.
lhada da atividade e verifique se os es
tudantes compreenderam a proposta.
Se necessário, você pode participar da
primeira rodada para estimular os es Experimente e compartilhe
tudantes. Depois, deixe que eles criem
sozinhos as texturas que quiserem, tes
tando diferentes possibilidades. Vivenciando as diferentes texturas
Proponha mais de uma rodada, mu Na atividade, você vai verificar como funcionam as diferentes texturas musicais: monofonia,
dando os integrantes do grupo, para polifonia e homofonia.
que possam trocar experiências com 1 Forme um grupo de cinco integrantes para criar um exemplo de monofonia e escolha com o grupo
outros colegas a fim de descobrir mais um de seus integrantes para começar. Esse colega deve propor uma melodia repetitiva, que pode
sobre as práticas musicais. ser cantada pronunciando sílabas, como “hum, hum, hum” ou “lá, lá, lá”.
Para encerrar a atividade, organize
2 Quando o colega começar a cantar, o grupo precisa manter a mesma sequência e organização.
uma roda de conversa orientada pelas
questões apresentadas no Livro do Es Assim, os demais integrantes do grupo devem ir, aos poucos, imitando a sequência até que todos
tudante. Como essas perguntas suge a realizem ao mesmo tempo. Depois, um a um deve parar de cantar e ficar em silêncio até que o
rem reflexões, não existem respostas último integrante a entrar na sequência tenha terminado.
certas nem erradas. 3 Em seguida, o grupo vai criar um exemplo de homofonia. Para isso, deve se juntar a outro grupo da
Registre o resultado da atividade e turma. Assim, enquanto um grupo cria a melodia principal, outro vai criar um acompanhamento
os comentários dos estudantes durante musical.
a reflexão, pois podem ajudar na ava
liação. Além disso, se possível, grave os 4 Um dos integrantes de um dos grupos deve propor uma melodia rápida e repetitiva que possa ser
improvisos feitos pelos estudantes para cantada com sílabas ou qualquer outro som. Na sequência, alguém do outro grupo deve criar um
que eles possam ouvilos e avaliar o som para acompanhar essa melodia. Depois disso, outro integrante do grupo da melodia imita a
próprio desempenho. melodia principal enquanto um integrante do outro grupo faz outro acompanhamento, e assim
A atividade propõe a exploração de por diante, até que todos tenham participado.
diferentes texturas musicais. Para uma 5 Por fim, o grupo retorna a sua formação original para criar a polifonia. Combine com os demais
avaliação de processo, observe na se integrantes quem vai começar.
quência o que os estudantes devem fa
zer para desenvolver as habilidades tra 6 Agora, o grupo vai criar melodias livremente e um integrante após outro vai executá-las. Para isso,
balhadas e os respectivos indicadores combine previamente com os colegas como serão essas melodias.
de realização, que correspondem a:
“1. Não atingiu o esperado”; “2. Reali
zou a atividade satisfatoriamente”; e Para concluir
“3. Superou as expectativas”.
Converse com os colegas e o professor sobre estas questões e guarde o registro dos pontos mais im-
⓿ Criar melodias para cada uma das portantes da discussão no portfólio.
⓿ Você teve alguma dificuldade durante a atividade? Como conseguiu superá-la?
texturas sugeridas:
⓿ Percebeu a diferença entre as diversas texturas? Como descreveria cada uma delas? Respostas pessoais.
1. Não criou melodias para nenhu
ma das texturas propostas; ou não
conseguiu repetilas para que os
32
colegas pudessem dar continuida
de à sequência.
Reprodução do Livro do Estudante em tamanho reduzido.
2. Criou melodias que contribuíram
⓿ Realizar os acompanhamentos para as melodias de acor
para a participação dos colegas na
atividade. do com as texturas propostas:
3. Criou melodias utilizando articu 1. Não conseguiu acompanhar as melodias propostas
lações vocais diversas, conseguiu para construir as texturas sugeridas na orientação.
mantêlas constantes durante 2. Soube acompanhar as melodias propostas para criar
a atividade e ajudou os colegas as diferentes texturas.
quando percebeu dificuldades 3. Explorou registros vocais que contribuíram para o can
em criar texturas de acordo com to conjunto, procurando timbres vocais adequados às
as orientações. propostas dos colegas.
32
Antes de ler o texto do tópico Instru
Instrumentos musicais de orquestra mentos musicais de orquestra com os
Na tradição da música ocidental de concerto, existem instrumentos que fo-
estudantes, lance algumas questões
ram e continuam a ser usados para fazer música e costumam ser reunidos em
para levantar seus conhecimentos so
orquestras, que são grandes grupos que se dedicam à música instrumental.
bre o que é uma orquestra e para in
centiválos a compartilhar suas vivên
Essa formação é bastante utilizada para a execução de obras do repertório
cias. Pergunte, por exemplo: “Vocês já
erudito de diversas épocas, como o barroco, o clássico, o romântico, o moderno
ouviram uma orquestra?”; “O que é
e o contemporâneo. Porém, há orquestras que se dedicam à execução de outros
uma orquestra?”; “O que vocês desta
gêneros musicais, como MPB e jazz.
cariam de mais interessante em uma
As orquestras podem apresentar cinco classes de instrumentos ou cinco nai-
orquestra?”.
pes. Conheça esses naipes.
Permita que se manifestem livremen
Naipe de cordas te e, em seguida, faça a leitura das ima
gens dos naipes, indagando: “O que vo
06 O violino, o violoncelo, o contrabaixo e a harpa são alguns exem- cês veem nas imagens?”; “Como são
plos de instrumentos de cordas. O som desses instrumentos é esses instrumentos? Há semelhanças
gerado ao se friccionar as cordas com o arco ou percuti-las e diferenças entre eles?”; “De que mo
com os dedos. No caso da harpa, as cordas são percutidas do eles estão agrupados?”; “Qual te
sempre com os dedos ou dedilhadas. Ouça exemplos de ins- ria sido o critério para agrupálos des
trumentos de cordas com os colegas e o professor. sa maneira?”.
Na sequência, leia o texto com eles
Stokkete/Shutterstock
AleksandarGeorgiev/iStockphoto/Getty Images
e verifique se têm dúvidas a respeito de
algum termo, sempre incentivandoos a
inferir primeiro o significado pelo contex
to e, depois, confirmálo no dicionário.
Peça aos estudantes que descrevam
as imagens do naipe de corda e comen
tem como esses instrumentos são toca
dos. Em seguida, promova a escuta dos
exemplos desses instrumentos (que vo
Violino. Contrabaixo. cê pode encontrar na versão digital da
obra) e pergunte: “Os sons dos instru
Ray Massey/The Image Bank/Getty Images
milart/Shutterstock
33
33
Em seguida, peça a um voluntário
que leia o texto sobre o naipe de ma Naipe de madeiras
deiras, promova a escuta dos exem 07 As madeiras são instrumentos de sopro feitos basicamente de madeira,
plos (que podem ser encontrados na como a flauta transversal, o oboé, o clarinete e o fagote, entre outros. Esses
versão digital da obra) e pergunte: “Os instrumentos podem ter o som gerado pela vibração de palhetas (lâminas de
sons dos instrumentos que você ouviu metal, plástico e outros materiais) ou, no caso da flauta, pelo sopro direto em
são iguais ou diferentes? Como vocês um orifício oval que existe no instrumento. O sopro forma uma coluna de ar que
os descreveriam?”. Aproveite para per vibra dentro do instrumento e produz as notas. O comprimento das colunas de
guntar se há alguém na turma que toca ar geradas pelos instrumentos vai determinar a altura da nota que será tocada.
um desses instrumentos e, caso haja, Tanto a flauta como os demais instrumentos apresentam orifícios, que podem
peça que compartilhe seus conheci ficar abertos ou fechados. A abertura desses orifícios, controlada por um siste-
mentos com os colegas. Caso contrá ma de chaves, molas e alavancas preso ao corpo dos instrumentos, é o que inter-
rio, você pode pedir aos estudantes que fere no comprimento das colunas de ar. As flautas transversais, apesar de feitas
procurem vídeos na internet que mos de metal, compõem o naipe de madeiras porque, antigamente, eram feitas des-
trem pessoas tocando instrumentos
se material. Ouça com os colegas e o professor exemplos desses instrumentos.
desse naipe.
CraigRJD/iStockphoto/Getty Images
Oboé.
Clarinete.
Igor Bulgarin/Shutterstock
Jose Luis Pelaez Inc/Digital Vision/Getty Images
Flauta transversal.
Fagote.
34
34
Proceda da mesma maneira ao apre
Naipe de metais sentar as informações desta e da pró
08 O trompete, o trombone, a trompa e a tuba são exemplos de metais. Assim xima página. Como os estudantes já
como as madeiras, o som desses instrumentos é produzido pelo sopro. Eles tiveram contato com instrumentos de
apresentam diferentes tamanhos de tubo que estão dobrados ou enrolados percussão em outros momentos da cole
para facilitar o manuseio. Em uma das extremidades do tubo há um bocal onde ção, você pode retomar com eles aque
o som é produzido; em outra, o tubo se alarga formando uma campânula, pela Campânula: parte les de que se lembram, como são toca
qual o som é projetado. A qualidade do som produzido por esses instrumen- ovalada, que tem dos, que sons produzem, como são seus
forma de sino. timbres, do que são feitos, entre outros
tos depende do tipo de bocal utilizado, do diâmetro do tubo e da abertura da
campânula, enquanto a altura vai depender do comprimento do tubo. A princi-
aspectos. Incentiveos a estabelecer re
pal diferença entre o naipe de metais e o de madeiras não é necessariamente
lações entre os temas já estudados e os
o material de que são feitos, mas a maneira como produzem som. Os instru-
que estão sendo apresentados aqui.
mentos de madeira produzem som com a vibração das palhetas, ou pelo sopro Em seguida, promova a escuta dos
dividido pela borda do orifício da embocadura, no caso das flautas, enquanto os exemplos dos naipes de metais, percus
metais produzem som pela vibração da boca dos instrumentistas. Ouça com são e teclas (que podem ser encontra
os colegas e o professor exemplos de metais. dos na versão digital da obra) e esti
mule os estudantes a falar sobre o que
ouviram, como perceberam os timbres,
Lise Gagne/E+/Getty Images
Nikolay Vinokurov/Alamy/Fotoarena
quais são os sons que mais lhes chama
ram a atenção, entre outras questões.
Comente que os instrumentos apre
sentados no Livro do Estudante são
apenas alguns exemplos daqueles que
podem fazer parte das orquestras e que
existem orquestras com diferentes for
mações, até mesmo com objetos inu
sitados, instrumentos construídos com
materiais reutilizados e instrumentos de
Trompete. Trompa. brinquedo, como é o caso da Orques
tra de Objetos Desinventados, grupo de
Miguel Sotomayor/Moment/Getty Images
São Paulo, da Orquestra de Reciclados
de Cateura, do Paraguai, e da Orquestra
dos Brinquedos, de Lisboa, Portugal. Se
for possível, mostre para a turma vídeos
de apresentações dessas orquestras.
Vale ressaltar também para os es
tudantes que a maneira de classificar
os instrumentos apresentada nesta se
ção não é a única. É interessante men
cionar as categorias utilizadas pelo sis
tema HornbostelSachs, que separa os
instrumentos de acordo com a maneira
chrisstockphoto/Alamy/Fotoarena
35
som é produzido pela vibração de
uma membrana tensionada e esten
dida, como os tambores.
⓿ Cordofones: instrumentos cujo som
35
Naipe de percuss‹o
09 O tímpano, o triângulo, a caixa e os pratos são alguns exemplos de ins-
trumentos de percussão. O toque depende da agitação deles, percussão ou
raspagem, que pode ser realizada com baquetas ou as próprias mãos dos ins-
trumentistas. Ouça com os colegas e o professor exemplos de instrumentos
de percussão.
chrisstockphoto/Alamy/Fotoarena
Coffee Mate/Shutterstock
Caixa.
Pratos.
Triângulo.
Bastiaan Slabbers/iStock Unreleased/Getty Images
36
36
Promova a escuta de um exemplo de
Naipe de teclas música de concerto, como “Symphony
10 O piano, o cravo e o órgão são exemplos desses n. 5 in C minor, Op. 67”, de Ludwig van
nvphoto/Shutterstock
instrumentos, que funcionam pelo aperto das te- Beethoven (que pode ser encontra
clas. Cada um deles apresenta diferentes mecanis- da facilmente na internet), para que
mos. O piano tem martelos atrelados às teclas que, os estudantes possam apreciálo. De
quando ativados, percutem as cordas que ficam no pois, lance as questões para que eles
interior do instrumento. O cravo tem um mecanismo compartilhem suas ideias e verifique o
que belisca as cordas. O órgão tem válvulas ligadas
que reconhecem na música. Estimule
às teclas, que, quando abertas, permitem que o ar
os a pensar nos timbres que ouviram e
fornecido por um fole seja conduzido pelos tubos e
em que momentos da música os instru
produza o som. Ouça com os colegas e o professor
mentos se destacam, do que eles mais
exemplos desse naipe.
gostaram e o que sentiram durante a
audição. Pergunte ainda se conhecem
outras músicas como essa e estimule
Ljupco Smokovski/Shutterstock
Biblioteca
ROCHA, Camilo. Qual a lógica da
posição dos músicos em uma
orquestra. Nexo Jornal, [s. l.],
29 jul. 2017. Disponível em:
Piano. Órgão de tubos. https://www.nexojornal.com.br/
StockphotoVideo/Shutterstock
expresso/2017/07/29/
Qualal%C3%B3gicada
posi%C3%A7%C3%A3odos
m%C3%BAsicosemuma
orquestra. Acesso em: 4 jul.
2022. No artigo, explicamse como
se organiza uma orquestra e como
são dispostos os músicos no palco.
Cravo.
Agora, que tal escutar uma música de concerto, tocada com alguns desses
instrumentos usados em orquestras, que você pode encontrar na internet com
a ajuda dos colegas e do professor? Ouça e depois converse com a turma sobre
as questões:
⓿ O que você sentiu ao ouvir essa música?
⓿ Reconheceu algum dos timbres ouvidos anteriormente? Respostas pessoais.
37
37
Para trabalhar com o tópico Notação
musical, enfatize para a turma que a Nota•‹o musical
escrita musical permite que músicos re Há mais de mil anos atrás, em diversas culturas, são usados códigos para re-
gistrem ideias sonoras. Esses registros gistrar ideias musicais a fim de que elas possam ser reproduzidas fielmente. Entre
facilitam processos que envolvem mui esses códigos está a partitura, que, do modo como a conhecemos hoje, se fixou
tas pessoas (grandes grupos musicais)
na Europa no século XIX, disseminou-se rapidamente e hoje é usada por músicos
ao representar determinada composi
do mundo inteiro.
ção e colaboram para a comunicação
Como estudamos em outros volumes da coleção, a partitura tem principal-
entre os músicos. Das inúmeras manei
mente a função de organizar os sons de uma música que serão tocados em fun-
ras possíveis de registros de som, a que
ção do tempo. Na maioria dos casos, esse tempo não é medido em horas, minutos
se desenvolveu na Europa foi uma das
ou segundos, mas em batidas musicais divididas em compassos. O modo como
mais difundidas e é utilizada até hoje
os compositores organizam os sons e os silêncios de uma música em função do
em diversos lugares do mundo.
tempo é chamado de ritmo, e essa organização pode ser feita de várias maneiras.
Em razão de sua funcionalidade, a O tempo das músicas, ou seja, o pulso, é dividido em compassos. Nas parti-
notação musical acompanha o trabalho
turas, os compassos são delimitados por linhas verticais que dividem a pauta. A
da maioria dos músicos. Por isso, possi
indicação do tipo de compasso, e, consequentemente, do pulso da música, é cha-
bilite aos estudantes conhecer sua fun
mada de fórmula de compasso e aparece no início das partituras. Ela determina
cionalidade. Por esse assunto ser exten
quantos tempos musicais terá cada compasso. Observe, por exemplo, a imagem.
so, ele foi dividido entre todos os livros
da coleção. Desse modo, os estudantes
podem ter um contato gradativo com o
tema, relacionandoo a outros objetos
de estudo discutidos durante os anos
finais do Ensino Fundamental. Ao abor
dar a notação musical, certifiquese,
então, de consultar os outros volumes
desta coleção para apresentar o con
ceito aos estudantes e retomar o que
eles já sabem.
Assim, antes de começar a leitura do A imagem que observou mostra três fórmulas de compasso diferentes:
texto desse tópico, pergunte a eles: “O 4 por 4, 3 por 4 e 2 por 4 (ou 4/4, 3/4 e 2/4). O compasso 4 por 4 (4/4) pode
que é notação musical?”; “Que formas ser representado também pela letra “C”. O primeiro número da fração indica
vocês conhecem de notação musical?”; quantos tempos existem dentro de cada compasso; o segundo, o denominador,
“Que importância esse registro tem indica que nota corresponde a um tempo desse compasso. Isso é importante
para os músicos?”. Permita que expres porque as durações das notas musicais dependem umas das outras, como mos-
sem livremente suas ideias e, em se tra o esquema.
guida, promova a leitura de modo com
38
No esquema anterior temos o nome das notas e suas relações de duração.
notas musicais, por exemplo. Já
as irregulares possuem alturas in-
Agora, se observarmos as fórmulas de compasso sugeridas anteriormente, po-
definidas e inconstantes, são os
demos perceber que todas têm o número 4 embaixo. chamados barulhos. [...] De acor-
Voltando às fórmulas do compasso, podemos utilizar a semibreve como re- do com Med (1969), “na música são
ferência para interpretar o denominador. Esse denominador indica a fração da usados não somente sons regu-
semibreve que dura cada tempo. O denominador 4 indica que cada tempo dura lares (instrumentos musicais com
1/4 da semibreve, ou seja, pode ser preenchido por uma semínima. Assim, no notas definidas), como também
sons irregulares (instrumentos de
compasso 2/4, por exemplo, podemos dizer que cabem duas semínimas, e cada
percussão)”.
pulso ou batida corresponde a uma semínima. Observe compassos sob a fór-
mula 2/4 preenchidos por notas de diferentes valores rítmicos. A escrita musical passou por um
processo de evolução até chegar
ao século XXI, cuja origem é deba-
2 tida e estudada por alguns autores.
4
Brito (2003) defende a ideia de que
a notação musical surgiu decor-
rente da necessidade do homem
Consideremos agora um compasso 2/2. Nele, temos dois pulsos ou batidas, em registrar os sons e, dessa forma,
cada um deles correspondendo a uma mínima. Observe compassos sob a fór- preservá-lo, como uma espécie de
mula 2/2 preenchidos por notas de diferentes valores rítmicos. lembrete para posteriores reprodu-
ções. Já para Schafer (1991) a no-
tação musical ganhou vida através
2 do desejo existente na humanidade
2
de capturar o som em determinado
momento histórico.
É importante lembrar que as músicas são feitas de sons e também de si- Nesse aspecto, a evolução da escri-
ta musical trouxe um grande avan-
lêncios. Assim, as pausas são fundamentais para as composições musicais. Tal
ço na vida social, sendo percebida
como as notas, as pausas têm símbolos que indicam seu tempo de duração e se como uma forma de comunicação
relacionam diretamente com os símbolos das notas. Observe a tabela. presente desde os séculos anterio-
res até as sociedades do mundo
Figuras Valores positivos Valores negativos atual. De acordo com Rego (2010),
Banco de imagens/Arquivo da editora
39
1) Pausa de semínima no segundo tempo do quarto compasso; 2) Pausa de mínima no segundo tempo do quarto
compasso; 3) Pausa de semínima no segundo tempo do quarto compasso; 4) Pausa de semínima no quarto tempo
do segundo e do quarto compasso; 5) Pausa de mínima no segundo tempo do segundo e do quarto compasso;
Na atividade Experimente e com 6) Pausa de semínima no
partilhe, os estudantes deverão identi Experimente e compartilhe NÃO ESCREVA NO LIVRO. terceiro tempo do primeiro e
do segundo compasso e no
ficar os ritmos que serão tocados, asso segundo tempo e no quarto
ciandoos com as frases musicais que Como identificar ritmos em uma partitura? tempo do terceiro e do quarto
os representam graficamente. Antes de compasso.
Nesta atividade, você vai relacionar partituras a gravações de alguns ritmos musicais.
dar início à escuta, eles devem analisar
as frases com base no que foi apresen 1 Observe as partituras. Nelas, há ritmos musicais que foram escritos com a utilização de três fór-
tado a eles no texto. Como essa ativi mulas de compasso: 2/4, 3/4 e 4/4; portanto, cada uma delas tem uma quantidade de tempos por
dade destaca a organização rítmica das compasso diferente.
notas, a altura não faz parte dela.
Certifiquese de que a turma preste Partitura 1
atenção na fórmula de compasso, item 2
4
que deve ser o primeiro a ser analisa
do. Em seguida, os estudantes devem
observar que figuras rítmicas e de pau Partitura 2
3
sa aparecem. Dessa maneira, poderão 4
prever momentos em que os sons se
rão mais curtos ou mais longos ou que
Partitura 3
haverá pausas.
2
Assim que todos tiverem feito suas 4
análises, promova a escuta dos exem
plos dos ritmos musicais relacionados Partitura 4
às partituras apresentadas (que pode 4
rá ser encontrada na versão digital da 4
40
4 Mais perto do grupo Vida Seca
o audiovisual, criando trilhas sonoras, e
para oficinas, em que discutem o te
ma da sustentabilidade por meio da
O quarteto Vida Seca é formado pelos músicos Danilo Rosolem, Igor Assis, Thia-
música.
go Verano e Ricardo Roquete, que já atuavam em projetos artísticos na cidade de
Goiânia (GO), quando criaram o grupo em 2004. Em 2008, lançaram o álbum inde-
Antes de dar início à leitura do texto
pendente Som de sucata. Depois disso, o grupo criou a trilha sonora de diversos
do Livro do Estudante, relembre com a
turma o que foi estudado sobre o gru
filmes de curta-metragem, além de participar da trilha do longa-metragem A noite
po anteriormente. Incentive o comparti
do Chupa-cabras (2011), do cineasta capixaba Rodrigo Aragão.
lhamento de ideias a respeito do traba
O quarteto realiza também oficinas em escolas, praças e espaços culturais,
lho do grupo de forma que comecem a
voltadas para a busca de novas experiências sonoras com objetos do dia a dia
criar uma opinião sobre ele, que será
e propondo novos olhares sobre o mundo. Com seus espetáculos e oficinas, o
mais bem desenvolvida adiante, na ati
Vida Seca já se apresentou em vários estados brasileiros e realizou duas turnês
vidade do boxe Critique e compartilhe.
em Portugal, em 2009 e 2010.
Aproveite para perguntar aos estu
Uma das oficinas criadas pelo quarteto chama-se Lixo Ritmado, Batuque
dantes se eles gostariam de participar
Reciclado. O objetivo é mostrar aos participantes que, por meio da música, ma-
de oficinas como a citada no texto e qual
teriais descartados ganham novos significados. Durante a oficina, os partici-
seria a importância desses encontros.
pantes realizam sons usando partes do corpo e sucata, fortalecendo o senti-
Nesse sentido, estimuleos a refletir so
mento de coletividade e corresponsabilidade.
bre a pergunta norteadora da unidade,
A arte alerta sobre o meio ambiente?.
Biblioteca
BRASIL. Secretaria de Educação
Fundamental. Educação Ambiental
Legal. Disponível em: http://
Integrantes do grupo Vida Seca (da esquerda para a direita): Igor Zargov, Thiago Verano, Ricardo Roqueto e Danilo Rosolem. portal.mec.gov.br/secad/
arquivos/pdf/educacaoambiental/
ealegal.pdf. Acesso em: 4 jul.
Visitação 2022. No documento, há
informações que podem auxiliar na
Em sua cidade ou região existem grupos de música que utilizam instrumentos de sucata ou outros não
aplicação correta da Lei n. 9795,
convencionais? Procure descobrir quando eles se apresentarão para conhecer seu trabalho.
de 1999, que institui a Política
Nacional de Educação Ambiental.
41 MUNHOZ, Daniele. Na rota da
Lata: obras e autores sobre a
construção de instrumentos
musicais com materiais
BNCC no capítulo trabalho com a unidade temática Música articulada ao alternativos. In: CONGRESSO
objeto de conhecimento Contextos e Práticas; DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE
Na seção 4. Mais perto do grupo Vida Seca, os objeti ⓿ explorar e analisar elementos da linguagem musical, co PESQUISA E PÓSGRADUAÇÃO
vos de aprendizagem são: mo timbre, por meio dos questionamentos propostos, para EM MÚSICA, 23, 2013, Natal.
⓿ apreciar e analisar criticamente a música do grupo Vida reconhecer práticas diversas de composição e apreciação Anais [...]. Natal: ANPPOM, 2013.
Seca em seu contexto de produção e circulação, refletin musicais, de modo a mobilizar a habilidade EF69AR20 no Disponível em: https://anppom.
trabalho com a unidade temática Música articulada ao com.br/congressos/index.
do sobre os usos e as funções da música, a fim de mobi php/23anppom/Natal2013/
objeto de conhecimento Elementos da Linguagem.
lizar a habilidade EF69AR16 no trabalho com a unidade paper/viewFile/2511/367.
temática Música articulada ao objeto de conhecimento As dimensões do conhecimento trabalhadas são: Frui
Acesso em: 4 jul. 2022. No
Contextos e Práticas; ção e Reflexão. artigo, são oferecidas referências
⓿ reconhecer o papel do grupo em foco para o desenvol
Na seção 4. Mais perto do grupo Vida Seca, os estu para o trabalho de construção
vimento da música experimental, ampliando repertório dantes conhecerão um pouco mais do grupo. É interessan de instrumentos e suas diversas
possibilidades artísticas e
sobre os processos de criação musical, de modo a as te chamar a atenção da turma para a versatilidade do tra
pedagógicas.
segurar o desenvolvimento da habilidade EF69AR18 no balho desses músicos ao transportar sua linguagem para
41
Ao trabalhar com o tópico Outras
obras do grupo Vida Seca, os estudan Outras obras do grupo Vida Seca
tes conhecerão mais um trabalho reali No ano de 2007, o grupo Vida Seca criou uma performance chamada Rua 57, N. 60. O título refere-se a
zado pelo quarteto, que propõe um tri um endereço, localizado no centro de Goiânia, onde ocorreu um desastre com radiação em 1987, causado
buto às vítimas do acidente radioativo pelo descarte indevido e ilegal de um aparelho hospitalar de radioterapia, que vitimou muitas pessoas. Foi
com o Césio 137 ocorrido em Goiânia
nesse mesmo local que o Vida Seca fez sua performance, quando o desastre completava vinte anos.
em 1987.
A performance daria origem a mais duas obras artísticas: o curta-metragem Rua 57, N. 60, Centro, dirigi-
Essa obra chama a atenção do pon do por Michael Valim, de 2011, e o álbum de mesmo nome gravado pelo grupo Vida Seca em 2015.
to de vista musical, pois apresenta uma O álbum apresenta uma faixa de mais de dezesseis minutos, com uma sonoridade diferente de Som de
pesquisa profunda na busca por sono sucata. Nesse álbum, o grupo se propõe a representar sonoramente o acidente com radiação acontecido
ridades. Os timbres que o grupo encon em Goiânia, com uma pesquisa rica em timbres e sonoridades.
trou em seus instrumentos são capazes 12 Além disso, a música não apresenta ritmos tradicionais, como aqueles de Som de sucata. No álbum Rua
de criar sensações e emoções bastan 57, N. 60, temos a construção de diferentes paisagens sonoras criadas com ruídos de sucata. Ouça essa
te diferentes daquelas propostas no pri composição com os colegas e o professor.
meiro trabalho do grupo.
Além disso, a temática do desastre
radioativo colocou os artistas em posi Ju Cordeiro/Arquivo Vida Seca
42
42
Cs é o símbolo químico do elemento radioati- a gravação deve ser feita em local si
vo Césio, que foi liberado no desastre que ocorreu
lencioso para que não haja interferên
cia sonora na locução. Nesse sentido,
Para concluir
Ouça os podcasts realizados por outros grupos. Você pode curti-los, comentá-los e compartilhá-los com
familiares e amigos de fora da escola. Por fim, guarde uma cópia da resenha crítica no portfólio, junta-
mente com uma cópia do podcast produzido por seu grupo.
43
Para realizar a proposta do boxe Critique e compar a pesquisa, pois esses registros vão contribuir para as
tilhe, ajude os estudantes a formar os grupos e oriente próximas etapas do trabalho.
os a revisitar as informações estudadas a respeito do Para a organização do roteiro, sugira que os integrantes
grupo Vida Seca. Incentiveos também a pesquisar in dos grupos façam uma divisão de maneira que todos con
formações complementares e certifiquese de que te tribuam com ideias para a escrita da resenha crítica e, pos
nham acesso à internet nessa etapa do trabalho. Nes teriormente, para a locução do podcast. Esclareça para a
se momento, é importante que eles se dediquem a ouvir turma que, se integrantes do mesmo grupo tiverem opi
novamente às canções e, se possível, procurem ouvir niões diferentes a respeito do Vida Seca, seria muito pro
outras composições do grupo para ampliar seu conheci dutivo que essas divergências fossem inseridas no podcast,
mento do trabalho musical dos artistas. Além disso, de que dessa forma apresentaria os dois pontos de vista e
vem reunir informações a respeito da trajetória do grupo suas justificativas.
e de seus integrantes, bem como a respeito das men Para realizar a locução é essencial que os estudantes te
sagens da música escolhida. Orienteos a anotar todas nham acesso a equipamentos de gravação de áudio, que
as informações que considerarem importantes durante podem ser gravadores ou celulares. Em ambos os casos,
43
BNCC no capítulo
Na seção História da arte, os objeti
História da arte
vos de aprendizagem são:
⓿ conhecer e apreciar obras dos artis
A música experimental
tas musicais em foco, contextualizan
doos no tempo e no espaço, a fim A música experimental é uma modalidade musical que abrange diferentes
de mobilizar a habilidade EF69AR16 maneiras de fazer e pensar música. Ela surgiu na primeira metade do século
no trabalho com a unidade temáti XX e rompeu com as concepções tradicionais a respeito do modo de produzir,
Na tela
ca Música articulada ao objeto de executar e apreciar música. Uma dessas rupturas foi o uso dos ruídos na com-
conhecimento Contextos e Práticas; posição das músicas. No vídeo indicado
⓿ analisar criticamente diferentes mo a seguir, é possível
A música experimental utiliza instrumentos musicais convencionais de manei-
assistir às pianistas
dos de circulação da música e do co ra inovadora e instrumentos pouco conhecidos ou modificados. Seu efeito so- Lilian Nakahodo e
nhecimento musical, como é o caso noro é bem diferente do que se considerava normal em música. Além disso, ela Grace Torres realizando
da “Sinfonia das Diretas”, apresen mistura muitas vezes gêneros musicais diferentes. Por exemplo, pode combinar a montagem de um
tada em Brasília pelo maestro Jorge piano preparado.
música de concerto e música eletrônica, que é aquela que utiliza recursos digitais
Antunes, a fim de ampliar o conhe Disponível em: https://
e tecnológicos, como sintetizadores, gravadores digitais e computadores. www.youtube.com/
cimento musical, para desenvolver a
habilidade EF69AR17 no trabalho Agora, você vai conhecer alguns dos compositores mais relevantes da mú- watch?v=2CDKwtnsLGU.
sica experimental mundial e brasileira. Acesso em: 26 fev. 2022.
com a unidade temática Música ar
ticulada ao objeto de conhecimento
Contextos e Práticas; John Cage
⓿ reconhecer o papel de músicos brasi
O artista estadunidense John Cage (1912-1992),
leiros e estrangeiros no desenvolvimen
lidades de criação musical, para as para um show em Paris (França), 1949.
da na internet).
iB
ur
44
Já, ocorrido em 1984 e que pedia o fim
Maestro Jorge Antunes do regime militar no país e a volta das
Em 1984, em homenagem ao Movimento das Diretas Já, o maestro e com- eleições diretas. Para trabalhar esse as
Movimento das sunto, você pode pedir a colaboração
positor brasileiro Jorge Antunes (1942-) compôs uma sinfonia que utiliza buzi- Diretas Já:
nas de carro como um de seus timbres. movimento popular
do professor de História e propor uma
A “Sinfonia das Diretas” foi executada para 30 mil pessoas no grande iniciado no Brasil em atividade em conjunto. Uma sugestão é
1983 que reivindicava que os estudantes pesquisem o período
Comício das Diretas, em Brasília, em 1º de junho de 1984, por 177 motoristas
eleições diretas para do regime militar no Brasil e suas im
que formavam a orquestra. Além dos automóveis que tocavam as buzinas, o presidente da
plicações. Como resultado da pesqui
maestro usou um coral, efeitos eletrônicos e percussão feita com panelas. República.
sa, eles podem criar um painel coletivo
Ouça um trecho da “Sinfonia das Diretas” com os colegas e o professor e
A palavra sinfonia já foi
com colagem, desenhos e pinturas que
confira a música das buzinas e os seguintes versos do poeta brasileiro Tetê
usada de diferentes representem esse período e o Movimen
Catalão, cantados pelo coral: “Quem nos tiraniza, abusa, arrasa, azucrina; a
maneiras na história da to das Diretas Já.
razão resolve, buzina, Brasília, buzina!”. A gravação foi feita ao vivo e é um re- música. Hoje, ela é Comente com os estudantes que
gistro histórico e único desse ato político (você pode encontrá-la na internet). associada a uma forma
de compor música
o maestro Jorge Antunes retomou a
instrumental organizada ideia da “Sinfonia das Diretas” em
F. Gualberto/CB/D.A. Press
em quatro movimentos. 2017 e compôs a “Sinfonia dos Direi
Essa forma se tos”, em decorrência dos acontecimen
estabeleceu durante o
tos políticos ocorridos nesse ano e pela
período clássico da
música e foi desenvolvida redemocratização.
a partir de peças
instrumentais escritas
para dar início a óperas
italianas. Mesmo assim, Na tela
diversos compositores
tomaram a liberdade de Para saber mais da “Sinfonia dos
interferir nas convenções
Direitos” executada em 2017,
que definiam uma
sinfonia e acrescentaram
assista com os estudantes a um
diferentes elementos a vídeo de uma entrevista com
ela, como fez o maestro o maestro Jorge Antunes. Na
Maestro Jorge Antunes Jorge Antunes. mesma página há outros vídeos
F. Gualberto/CB/D.A Press
45
ressalte como o desenvolvimento da música permitiu que automóveis, coral, efeitos eletrônicos e panelas. Esse é um
compositores trilhassem caminhos tão distintos. bom exemplo da incorporação dos ideais futuristas a uma
O primeiro artista em destaque é John Cage, cujas compo composição musical, já que ressignifica objetos do cotidia
sições, ao serem executadas, geram performances bastan no, transformandoos em instrumentos musicais, assim co
te diferentes. O uso constante do acaso em suas obras con mo ocorre com o grupo Vida Seca. Promova, então, a audi
tribuiu para que ele alcançasse a notoriedade que tem hoje. ção da “Sinfonia das Diretas”, de Jorge Antunes, que você
Após a leitura do texto sobre Cage, promova para a tur vai encontrar também na internet, e converse com a tur
ma a execução de sua “Sonata n. 1” para piano preparado, ma a respeito dela. Incentive os estudantes a falar sobre o
que pode ser encontrada na internet. Em seguida, converse que perceberam da música, por meio de perguntas como:
com os estudantes a respeito de suas impressões sobre a “O que vocês sentiram ao ouvir essa música?”; “Que sons
audição da peça. Caso julgue necessário, promova a escu vocês reconheceram?”; “O que vocês acham de uma com
ta da peça mais de uma vez. posição ter sons como esses?”. Permita que eles comparti
A seção destaca também o maestro Jorge Antunes, na lhem livremente suas ideias sobre a composição e aprovei
apresentação da “Sinfonia das Diretas”, que conta com te para conversar com eles sobre o Movimento das Diretas
45
Por último, os estudantes serão apre
sentados a Hermeto Pascoal. É possível Hermeto Pascoal
que alguns o conheçam. Nesse caso, in O compositor e multi-instrumentista
ampliar o trabalho fazendo outras per tampa de modo a obter um som de surdina. Em alguns casos, enquanto toca
guntas, como: “Que instrumentos vo a chaleira, ele aperta um patinho de borracha que faz um som agudo, criando
cês acham que o artista tocou nessa uma textura surpreendente.
música?”; “Do que vocês acham que
Robin Little/Redferns/Getty Images
Adriano Vizoni/Folhapress
são feitos esses instrumentos?”; “Se
rá que são instrumentos convencionais
ou são objetos que refletem a pesqui
sa do artista?”.
Se possível, assista também com a
turma a vídeos de Hermeto Pascoal du
rante apresentações ao vivo, em que
ele manipula os mais diversos objetos e
elementos para compor suas canções.
46
Para Hermeto Pascoal, a música está em toda
Reprodu•‹o/Cole•‹o particular
parte e nos liga a tudo. Por isso, em diversos mo-
mentos, gravou suas músicas em meio à nature-
za, como o local em que seus pais trabalharam.
Na tela
Palavra de artista
Para saber mais
A música pelo músico sem experiências nem vanguardas, ape- sobre o trabalho de
nas música sentida nota por nota, formando arranjos nos quais Hermeto Pascoal,
visite a página do
os instrumentos, num só tempo, convivem e são individualmente
artista na internet.
explorados. Escute. Disponível em: https://
PASCOAL, Hermeto. Entrevista ao programa Supertônica, da Rádio Cultura www.hermetopascoal.
Brasil, 8 nov. 2012. Disponível em: http://culturabrasil.cmais.com.br/programas/
supertonica/arquivo/zabumbe-bum-a-por-lelo-nazario. Acesso em: 25 fev. 2022.
com.br/. Acesso em: 25
fev. 2022.
Pesquise e compartilhe
Para concluir
Converse com os colegas e o professor sobre as semelhanças e diferenças entre as playlists comparti-
lhadas. Por fim, guarde uma cópia de sua playlist no portfólio e, se possível, compartilhe-a em um blog
ou rede social da escola para que colegas de outras turmas tenham acesso a ela.
47
Para realizar a atividade proposta no boxe Pesquise e A realização da playlist vai contribuir para que a turma
compartilhe é importante que os estudantes utilizem com possa conhecer a trajetória musical dos artistas, contando
putadores com acesso a internet. Assim, certifiquese de com áudios e vídeos de performances, assim como, eventu
que a sala de informática ou os equipamentos da esco almente, com entrevistas e documentários a respeito deles.
la estejam disponíveis para os dias programados. Oriente a A organização dos itens que serão adicionados à playlist
organização dos grupos e a realização de uma primeira pode ser feita de diferentes maneiras (pode ser uma orga
pesquisa sobre a música experimental e os artistas que nização cronológica dos trabalhos dos artistas ou de acor
a produzem. do com os interesses do grupo). O importante, no entanto,
Depois que os grupos escolherem os artistas ou grupos é que os estudantes pensem na narrativa que será cons
para aprofundar sua pesquisa, esperase que busquem in truída por ela.
formações como a origem dos artistas, sua formação musi
cal e as características de suas produções, como os instru
mentos musicais que utilizam, os ritmos, as melodias e as
texturas que criam, entre outros elementos.
47
BNCC no capítulo Conexões
Na seção Conexões, os objetivos de
aprendizagem são:
⓿ relacionar o trabalho do Coletivo
são social e de ações que a sociedade produção artesanal é realizada por jovens
hu
/S
ng
questões que afetam a todos. lher papelão nas ruas e passam a rece-
É interessante começar o estudo per ber por seu aprendizado artístico, além
guntando aos estudantes o que sabem de se aproximar da arte visual, da li-
sobre a expressão “inclusão social”. Du teratura e, muitas vezes, dos autores
rante a conversa, permita que expres das obras que serão impressas.
sem suas ideias livremente, mas orien
teos a pensar na importância e na
presença da inclusão social no mundo,
no lugar em que vivem e na vida de ca
da um deles.
A proposta de estudo e reflexão acer
ca do trabalho realizado pelo grupo Co
letivo Eloísa Cartonera mobiliza os es Feixes de papelão
comprimido prontos
tudantes a reconhecer o potencial de para a reciclagem.
ações coletivas e a refletir sobre direitos
e deveres em relação à sociedade, per
cebendose como cidadãos que inte 48
gram a construção da vida comunitária.
As ações sociais do coletivo apontam, Reprodução do Livro do Estudante em tamanho reduzido.
48
coletivo Eloísa Cartonera. Disponível em:
Jovem do coletivo
Daniel Garcia/AFP
mo: “Esse trabalho pode capacitar os
catadores para o mercado da recicla
gem e do artesanato?”; “Será que a
iniciativa é muito localizada e torna os
catadores dependentes dos artistas?”;
“Haveria outras maneiras de ampliar as
possibilidades de trabalho para os ca
tadores?”. Oriente os estudantes a dis
cutir processos de inserção de catado
res no mercado de trabalho.
A participação do professor de Lín
gua Portuguesa no trabalho proposto
nesta seção pode ser muito produtiva.
Converse com ele sobre a possibilida
de de auxiliar os estudantes na curado
ria dos textos que vão incluir nos livros
a serem confeccionados ou proponha
que, durante as aulas de Língua Portu
guesa, os estudantes produzam os pró
prios textos sob sua supervisão. Ou
tro caminho é consultar esse professor
para verificar se já existe uma produção
Os livros publicados pelo Eloísa Cartonera trazem textos literários, em ver-
textual realizada em suas aulas que pu
so e em prosa, escritos por autores profissionais que cedem gratuitamente os
desse ser aproveitada.
direitos autorais de suas obras para o grupo. Sem esse custo, os livros podem Direito autoral: direito
Se houver possibilidade, comente
ser vendidos a preços baixos. que o autor tem sobre com a turma sobre o Dulcinéia Cata
Com o dinheiro da venda dos livros, em bancas improvisadas nas ruas e em
a reprodução ou dora, grupo similar ao Eloísa Cartone
venda de suas obras. ra, que foi criado em São Paulo (SP)
algumas livrarias, o grupo pode comprar mais papelão dos catadores e assim
em 2007. Esse grupo é coordenado
produzir mais livros para dar continuidade a esse projeto que beneficia o meio
pela artista plástica Lúcia Rosa, com a
ambiente, a cultura e a comunidade envolvida.
ajuda dos editores Carlos Pessoa Rosa,
O projeto é dirigido pelos argentinos Washington Cucurto, editor de texto,
Flavio Viegas Amoreira, Rodrigo Ciriaco
Javier Barilaro, desenhista e responsável pela programação visual dos livros, e
e Douglas Diegues.
Fernanda Laguna, gerente cultural.
Lúcia Rosa entrou em contato com
os artistas do Eloísa Cartonera quando
49
eles vieram para o Brasil em 2006 para
participar da 27a Bienal de São Paulo.
Nessa mostra de artes visuais, o coleti
O pesquisador Romeu Kasumi Sassaki conceitua “in- Converse com os estudantes sobre o trabalho dos ca vo argentino montou um ateliê perma
clusão social” como o processo pelo qual a sociedade tadores e a iniciativa de inclusão social do coletivo Eloísa nente que contou com a participação
se adapta para poder incluir, em seus sistemas sociais Cartonera, perguntando se eles sabem como funciona o de artistas e catadores brasileiros.
gerais, pessoas com necessidades especiais e, simul- trabalho dos coletores, se há associações de catadores na
taneamente, estas se preparam para assumir seus pa- região em que moram e se há centros de reciclagem, en
péis na sociedade. A “inclusão social” constitui, en-
tre outras questões que achar pertinentes. Fale com eles
tão, um processo bilateral no qual as pessoas, ainda
sobre essa iniciativa de diversificar o trabalho dos cata
excluídas, e a sociedade buscam, em parceria, equa- Na tela
dores, editando livros. Assim, aprendem a reciclar o pa
cionar problemas, decidir sobre soluções e efetivar a
equiparação de oportunidade para todos. pel que recolhem e a fazer trabalhos artísticos com esse Para conhecer o trabalho do
BRASIL. Congresso Nacional. Excerto do projeto
material. Depois, proponha uma reflexão sobre a seguin Dulcinéia Catadora, visite a
de lei que institui 10 de dezembro como o Dia te pergunta: “Que benefícios esse projeto pode trazer para página do grupo na internet.
da Inclusão Social. Disponível em: www.senado. a vida dessas pessoas?”. Disponível em: http://www.
leg.br/atividade/rotinas/materia/getDocumento. dulcineiacatadora.com.br/.
asp?t=11740. Acesso em: 4 jul. 2022.
Permita que os estudantes se expressem livremente e,
Acesso em: 4 jul. 2022.
em seguida, se possível, assista com eles ao vídeo sobre o
49
Texto complementar
Daniel Garcia/AFP
PROJETO ELOÍSA CARTONERA:
ENTREVISTA COM JAVIER
BARILARO
Eloísa Cartonera, projeto existente
há três anos na cidade de Buenos
Aires, está presente na 27a Bienal
de São Paulo no andar dedicado
aos “projetos construtivos”, em um
espaço que reproduz um ateliê de
trabalho, com a presença dos artis-
tas Javier Barilaro e Ramona Leiva,
do colaborador-editor Cristian De
Napoli e dos filhos de catadores de
papel brasileiros selecionados para
o projeto. O trabalho do grupo con-
siste na edição de textos de litera-
tura latino-americana, cedidos pe-
los autores, para os quais se fazem
capas de papelão pintadas com o
nome do livro e do autor, confec-
Integrantes do Eloísa Cartonera: Ricardo Piña, Juan Guillermo Gomez, Alejandro Miranda e Nadia (em pé); Leonardo e Miriam Merlo
cionadas pelos próprios catadores (sentados). Buenos Aires (Argentina), 2009.
de papel. Javier Barilaro qualifica o
projeto como uma Escultura Social, O coletivo foi fundado em março de 2003 e, em agosto do mesmo ano, ganhou espaço próprio, que
a partir da noção de Joseph Beuys
funciona como ateliê e galeria de arte. Nesse espaço, artistas e coletores de papel trabalham juntos.
(“como moldamos ou damos forma
ao mundo em que vivemos”) um
Daniel Garcia/AFP
Javier: No Brasil, os catadores es- trabalham quando pagamos; se não pagamos, não tistas. Faço o possível, mais não se pode ou, pelo me-
tão muito mais organizados, têm vêm. Mas entendo: o que um catador pode ter em nos, eu não descobri. Teria que deixar de ser artista
sua cooperativa há 14 anos. Que- comum com a literatura ou com a arte? Então, não e passar a ser político e, para ser político, precisaria
ro levar para a Argentina o que pretendo, tampouco eles, que se apoderem total- começar a negociar... Prefiro ficar aqui e gerar uma
aprendi aqui. Quando iniciamos o mente, embora a utopia que perseguimos é de que potência simbólica.
projeto em São Paulo, decidimos eles se encarreguem de tudo e que eu vá fazer outras Número: É possível separar um campo estético de um
que os catadores seriam os orga- coisas. Mas estar na literatura ou na arte vem quan- campo da ação social e política?
nizadores. Em novembro virá uma do já há uma porção de outras coisas. Todos nós, de
catadora que trabalha conosco e classe média, mal ou bem comemos, mal ou bem es- Javier: Para mim não. Mas prefiro esclarecer. Traba-
veremos o que acontece. Antes de tudamos, e os catadores estão totalmente fora. Não lhamos no campo estético, somos artistas. E, de saída,
vir para cá, tomei a decisão de que podemos nos medir com a mesma vara e, embora afirmo: minha estética supõe que é mais belo quando
viria como o organizador porque queiramos ser todos iguais, não podemos ser, por há inclusão.
ainda não atingimos um ponto em infinitas circunstâncias. Por fim, por mais que nosso Número: Você deve escutar bastante a crítica de que
que os catadores tenham consci- grupo faça algo mais concreto, seguramente o que seu trabalho tem uma eficácia social limitada. Você
ência do que estão fazendo. Eles restará será o simbólico: somos iguais a todos os ar- acha que esta é uma crítica válida ao projeto?
50
A etapa em que os estudantes com
Criando laços partilham os trabalhos é fundamental
para as discussões finais sobre essa ex
Livro de papel reciclado perimentação. Esperase que eles apre
Agora, você vai se juntar a mais três colegas para produzir um livro com papel reciclado, engajan- ciem o que os colegas produziram e
do-se nesse empenho pela preservação do meio ambiente e pela valorização da cultura.
identifiquem seus processos de criação.
A atividade articula o trabalho do
1 Para começar, o grupo deve selecionar poemas ou relatos curtos para reproduzir no livro. Se pre-
grupo às diferentes dimensões da vida
ferir, pode criar também uma história original. Um dos membros do grupo deve ficar encarregado
social, cultural, política, histórica, eco
de transcrever o(s) texto(s) escolhido(s) em folhas de papel reciclado (previamente preparado
nômica, estética e ética, além de per
sob a orientação do professor ou adquirido). Os demais integrantes podem ilustrar o texto com
mitir que trabalhem com o tema da
desenhos ou colagens.
reciclagem por meio de diferentes lin
2 Ao compor as páginas do livro, o grupo deve considerar previamente o tamanho do(s) texto(s) a guagens. Para uma avaliação de pro
fim de calcular o número de páginas produzidas. Para unir as folhas deve-se empilhá-las e, usan- cesso, observe na sequência o que os
do um furador de papel, fazer dois furos em uma das laterais da pilha. Depois, basta passar um estudantes devem fazer para desen
pedaço de lã grossa ou barbante pelos furos e amarrar. volver as habilidades trabalhadas e
Marcos Brindicci/Reuters/Fotoarena
3 Não se pode esquecer de reservar uma folha em branco no início e
os respectivos indicadores de realiza
outra no fim do livro, pois nelas serão coladas a capa e a contracapa,
ção, que correspondem a: “1. Não atin
que podem ser feitas com pedaços de papelão recortados.
giu o esperado”; “2. Realizou a ativida
de satisfatoriamente”; e “3. Superou as
4 Com os colegas de grupo, pense na disposição dos elementos essenciais expectativas”.
que compõem a capa: título do livro, nome do autor ou dos autores e, se
⓿ Escolher ou produzir o texto:
possível, uma ilustração. É possível pintar esses elementos diretamente
sobre o papelão ou pintar as letras separadamente usando tinta guache 1. Não contribuiu com o grupo,
e depois colá-las sobre a capa. seja na escolha do texto, seja na
elaboração.
5 Quando a capa e a contracapa estiverem secas, devem ser coladas nas 2. Participou da escolha do texto;
Daniel Garcia/AFP
páginas inicial e final, que foram reservadas, com cola quente ou branca. ou contribui com ideias para sua
6 Encerrada a produção, a turma pode promover um sarau com todos os criação.
livros confeccionados. Essa é uma boa oportunidade para que cada gru- 3. Contribuiu ativamente para as to
po exiba seu trabalho e leia para os colegas o texto escolhido ou criado. madas de decisão referentes ao
Durante o sarau, procure fotografar toda a produção da turma. Se pos- texto que foi utilizado, comparti
sível, as leituras devem ser filmadas. lhando ideias e incentivando a to
dos que participassem também.
7 Depois de compartilhar os livros no sarau, a turma pode levá-los para
⓿ Confeccionar o livro:
um lugar movimentado do bairro ou da cidade, que seja próximo da es-
Livros produzidos pelo coletivo
cola, a fim de que sejam lidos e apreciados pelo maior número possível Eloísa Cartonera, de Buenos
1. Não participou de nenhuma das
de pessoas. Por fim, os livros confeccionados podem ser doados para a Aires (Argentina). Entre as obras etapas de confecção do livro.
há poesias, contos e romances 2. Realizou a função combinada pre
biblioteca da escola. Assim, estudantes de outras turmas terão a chance cujos autores são escritores
de conhecê-los! renomados e estreantes. viamente com o grupo.
3. Colaborou em todas as etapas de
confecção do livro, auxiliando os
Para concluir colegas em suas atribuições.
Converse com os colegas e o professor sobre essa produção, com base nas questões. Depois, guarde
um registro dos pontos altos do bate-papo no portfólio.
⓿ Como se deu o processo de produção: qual foi a etapa mais fácil e qual delas foi a mais difícil?
51
Javier: Lamentavelmente quem tem a eficácia alta A atividade do boxe Criando laços propõe aos estu
é o Estado. Segundo, nós trabalhamos com duas ou dantes que produzam em grupos os próprios livros. As eta
três pessoas, não são dois ou três objetos. Terceiro: o pas descritas no Livro do Estudante devem orientar es
que fica para a arte? Porque acho que a arte, quando sa criação.
se mete com o político e com o social, gera apenas
Após a organização dos grupos, é importante que os es
símbolos, ou seja, documentos, discussões e debates,
tudantes decidam qual tema será abordado em seus livros.
nunca mais que isso. Nós fazemos isso e ainda damos
Essa discussão deve nortear o trabalho que será realizado
concretamente trabalho para duas ou três pessoas. Eu
durmo tranquilo. Eu penso que há de se fazer o possí- e vai nortear a escolha do gênero que será escolhido: poe
vel, se cada um faz o possível, atingimos o impossível. mas, pequenos contos, fotos ou histórias em quadrinhos.
FÓRUM PERMANENTE. Projeto Eloísa Cartonera: Ao propor a atividade, providencie todos os materiais ne
entrevista com Javier Barilaro. Disponível em: cessários para a produção. A respeito da confecção, é im
http://www.forumpermanente.org/rede/numero/ portante que a turma tenha liberdade para criar, lembran
rev-NumeroOito/oitoentrevistacartonera.
Acesso em: 4 jul. 2022.
do que, nesse caso, a apresentação do livro e a organização
do conteúdo são tão importantes quanto o conteúdo em si.
51
BNCC no capítulo
Na seção Fazendo arte, os objetivos
de aprendizagem são:
Fazendo arte
⓿ explorar, de modo investigativo e Neste capítulo, conhecemos um grupo que faz música com material reutilizado, além de outras mani-
participativo, diferentes elementos festações que unem arte e sustentabilidade para nos fazer refletir e nos surpreender. Agora, inspirados
da linguagem musical, como tim por essas referências, que tal construir instrumentos musicais a fim de criar paisagens sonoras? Para isso,
bre, ritmo, melodia e intensidade, leia as orientações das etapas.
para realizar a composição propos
ta na atividade, a fim de assegurar Etapa 1
o desenvolvimento da habilidade
EF69AR20 no trabalho com a uni Montagem do grupo
dade temática Música articulada ao
objeto de conhecimento Elementos 1 Reúna-se com nove colegas. Assim como o grupo Vida Seca, você vai construir com seu grupo instru-
da Linguagem; mentos com diferentes materiais que seriam descartados e que vocês podem reutilizar. Esses instru-
⓿ pesquisar e experimentar diferentes mentos serão utilizados para criar paisagens sonoras.
fontes sonoras, como instrumentos 2 Pense com os colegas em algumas possibilidades de paisagens a serem sonorizadas: praias, escolas,
musicais convencionais e não con parques ou museus, entre outros locais. Essas possibilidades devem ajudar na pesquisa de sonoridades
vencionais ou o próprio corpo, para
que será feita pelo grupo, mas podem ser alteradas no decorrer do processo, já que a decisão a respei-
composição e execução musical da
to do tema só precisa ser tomada após o processo de exploração.
proposta da atividade, para ampliar
o conhecimento sobre a linguagem
musical, de modo a mobilizar a ha Etapa 2
bilidade EF69AR21 no trabalho com Pesquisa de sonoridades
a unidade temática Música articula
da ao objeto de conhecimento Ma
52
Na Etapa 2, os grupos devem explo
4 Quando os objetos estiverem dispostos, procure imaginar, entre as paisagens escolhidas, o que cada
rar os materiais de maneira objetiva,
um deles pode representar por meio de seu som, mas lembre-se de que os sons não precisam ser exa-
procurando formas de traduzir os sons
tamente iguais àqueles que podemos ouvir nessas paisagens.
disponíveis para a composição das pai
5 Cada objeto, então, deve ser experimentado a fim de que se possa conhecer suas possibilidades sono- sagens sonoras. A exploração dos mate
ras. Considere que existem diversas maneiras de produzir sons com objetos usados em nosso cotidia- riais e a descoberta de diferentes sono
no. Algumas ideias para explorar os sons desses objetos são: ridades podem influenciar na escolha
da paisagem que vão representar. Por
⓿ percuti-los utilizando a ponta dos dedos, a palma da mão, apenas o polegar, as unhas, baquetas, etc.;
isso, comente que a escolha da paisa
⓿ raspá-los com baquetas, com as mãos, em outros objetos ou até mesmo no chão; gem e a exploração dos sons poderão
⓿ chacoalhá-los, juntando diferentes objetos ou utilizando um barbante ou arame para criar uma es- ocorrer simultaneamente.
pécie de chocalho; Quando os materiais estiverem dis
⓿ assoprá-los (objetos como garrafas PET ou de vidro, quando assoprados perpendicularmente ao poníveis, incentive os grupos a experi
gargalo, podem produzir sons interessantes; o mesmo acontece quando são preenchidos com água mentar todas as maneiras possíveis de
e percutidos ou assoprados). produzir som. Além disso, orienteos a
experimentar possibilidades de sobre
6 Quanto mais tempo seu grupo dedicar a essa experimentação, maior será a quantidade de sons des-
posição de sons, pesquisando quais
cobertos por vocês para usar no momento da criação. deles soam mais ou menos agradáveis
e usando todos, caso haja interesse,
Etapa 3 para suas criações.
Construção dos instrumentos musicais Fique atento à escolha dos materiais
durante a experimentação e oriente a
1 Após a exploração, o grupo vai se organizar para transformar os materiais em instrumentos, pensando turma para que tome cuidado ao ma
na maneira de tocar e na sonoridade que espera obter. nusear materiais como vidro, por exem
plo, que pode se quebrar e oferecer ris
2 Antes de começar a construção dos instrumentos, pode ser interessante fazer um esboço deles para
co aos estudantes.
garantir que o que se espera produzir saia de acordo com o planejado. Nesse esboço, pode-se indicar
que materiais serão usados e como eles serão unidos ou farão parte dos instrumentos musicais.
Na Etapa 3, após a pesquisa e a ex
perimentação, os estudantes devem
3 Para elaborar o esboço, pense na maneira como o instrumento será tocado, se ele será pendurado nos construir seus instrumentos de manei
ombros, se cabe na mão ou se fica apoiado no chão, por exemplo, entre outras possibilidades. ra livre. Como Walter Smetak, a turma
4 Para construir os instrumentos, siga as indicações do esboço e utilize os materiais de apoio que forem pode criar esculturas, de acordo com a
necessários: fita adesiva, barbante, cola branca, tesoura com pontas arredondadas, etc.
vontade e a disponibilidade de mate
riais, que possam ser tocadas individu
almente, em duplas ou até mesmo por
Etapa 4
todo o grupo.
Composição da paisagem sonora e ensaios Durante essa etapa, organizados em
grupos, os estudantes podem usar uma
1 Com os instrumentos prontos, o grupo deve pensar na composição da paisagem sonora. Para isso, é
técnica de colagem em que há a sobre
importante que o grupo estabeleça a ordem dos acontecimentos musicais, organizando as ideias e de- posição dos objetos disponíveis da for
cidindo a maneira como elas serão apresentadas. Assim, é importante dividir a composição em etapas. ma que julgarem melhor. Com isso, eles
Para orientar a organização, o grupo pode se guiar pelas seguintes questões: conseguem visualizar os instrumentos
⓿ Como vai começar a composição? antes de juntálos com fita, barbante
⓿ Todos do grupo vão começar tocando ao mesmo tempo? Ou um integrante de cada vez?
ou qualquer outro material.
Durante o processo, pode ser inte
⓿ Como as ideias musicais se desenvolvem na composição?
ressante também que um integrante de
⓿ Como vai ser a finalização da composição? cada grupo se responsabilize pela reali
⓿ Como será trabalhada a intensidade do toque nos instrumentos? zação de desenhos de observação dos
⓿ Como será trabalhada a textura da composição? Ela será a mesma durante toda a execução? instrumentos para que as ideias não se
percam.
53 Na Etapa 4, com os instrumentos
prontos, os grupos podem pensar na
composição da paisagem sonora. Es
se é um bom momento para retomar
os parâmetros sonoros e os elemen
tos da música que eles conheceram no
decorrer de seus estudos sobre a lin
guagem musical. Assim, poderão uti
lizar aquilo que foi estudado em suas
composições.
53
Durante os ensaios e testes, estimu
2 Lembre-se de que a composição do grupo deve proporcionar aos ouvintes a possibilidade de imaginar um
le a turma a estabelecer o começo, o
lugar, ou seja, ela não precisa funcionar como a maioria das músicas que ouvimos no dia a dia. Isso quer di-
meio e o fim das composições. Isso
zer que o pulso não precisa ser constante nem a música precisa de uma melodia ou de um clímax. Espera-se
não quer dizer que as apresentações
apenas que ela ajude aqueles que a ouvirem a imaginar o lugar escolhido pelo grupo que a criou.
devem seguir maneiras exatas de tocar,
mas que todos precisam conhecer os 3 As decisões tomadas pelo grupo devem ser registradas a fim de criar uma partitura para a música.
instrumentos e as sonoridades escolhi Nela, podem-se usar os símbolos da notação musical tradicional ou símbolos não convencionais para
dos para cada momento. Essa divisão elaborar uma partitura criativa. Esse registro é importante para garantir que no dia da apresentação
ajuda os grupos a orientar seu trabalho, todo o grupo vai conseguir executar a composição conforme o combinado.
a se orientar melhor para as apresenta
ções e a expor a produção final de ma 4 Com a organização da composição definida, é preciso ensaiar a apresentação. O grupo pode escolher
neira clara. Além disso, contribui para um dos integrantes para ser o regente e indicar o momento em que os demais componentes começam
discussões durante as avaliações de a tocar e o momento em que devem parar, além de determinar a intensidade do toque, conforme regis-
processos e resultados. No entanto, co trado na partitura.
mente com os estudantes que, durante 5 Durante os ensaios, é importante que o grupo pense na maneira como será realizada a apresentação.
as apresentações, pode haver também Assim que o professor providenciar o espaço, é necessário escolher o figurino que será utilizado, que
momentos de improvisação.
pode se relacionar com a paisagem ou ser neutro em relação a ela.
Ao final das apresentações, é fun
damental que a turma reflita a respei 6 Além do figurino, dependendo da composição do grupo, os integrantes podem se posicionar de di-
to daquilo que foi produzido. Organize versas maneiras, formando um semicírculo como se estivessem em um palco, uma roda ou até mesmo
uma roda de conversa com os estudan espalhados pelo local.
tes para que possam falar sobre cada
etapa da atividade, considerando o que Etapa 5
sentiram, se tiveram sucesso, os moti
Apresentação
vos para esse possível sucesso, as difi
culdades, etc. 1 Com os colegas de turma e sob
Para uma avaliação de processo, ob explorações sonoras. 1. Não participou do processo de elaboração da
serve na sequência o que os estudan 3. Providenciou objetos diversos, feitos com vários ma composição.
tes devem fazer na atividade para de teriais e de formatos e tamanhos diferentes, extraiu 2. Colaborou com a composição da paisagem sonora.
senvolver as habilidades trabalhadas e diversos sons de cada um deles e auxiliou os colegas 3. Registrou as decisões do grupo e contribuiu para que
os respectivos indicadores de realiza na exploração. a composição remetesse ao local desejado, realizan
⓿ Construir instrumentos musicais: do o que lhe foi atribuído, além de auxiliar os colegas
ção, que correspondem a: “1. Não atin
giu o esperado”; “2. Realizou a ativida 1. Não contribuiu para a construção dos instrumentos durante os ensaios.
⓿ Apresentar o trabalho:
de satisfatoriamente”; e “3. Superou as musicais.
expectativas”. 2. Participou da construção com o grupo. 1. Não participou da apresentação.
54
Etapa 7 diversas, na busca de soluções para
expressar suas ideias e seus senti
Troca de ideias
mentos?
Finalizada a atividade, assista aos vídeos ou ouça os áudios gravados e converse com os colegas e o Em seguida, leia as questões com
professor sobre as questões. a turma e proponha a cada grupo que
⓿ Como foi a experiência de construir instrumentos usando materiais reutilizáveis? Foi possível obter as discuta separadamente, sempre
as sonoridades que imaginava com cada um deles? se apoiando em suas anotações e no
⓿ Que critérios o grupo utilizou para escolher a paisagem sonora? O grupo mudou de ideia durante o portfólio.
processo? Por quê? Após a conversa, peça a um ou dois in
⓿ Você considera que o grupo conseguiu representar a paisagem sonora escolhida? tegrantes de cada grupo que compartilhe
⓿ Como foi a reação do público durante a apresentação? Será que os ouvintes conseguiram imaginar
as reflexões com a turma. Nesse mo
a mesma paisagem escolhida pelo grupo? Respostas pessoais.
mento, sistematize as contribuições de
todos na lousa e solicite aos estudan
Etapa 8 tes que anotem os principais pontos. Em
seguida, ajudeos na elaboração dos tex
Retomada
tos individuais, que devem ser arquiva
⓿ Em uma folha à parte, faça um relatório organizado em tópicos, registrando todas as etapas viven- dos no portfólio.
ciadas na atividade, para guardar no portfólio.
Retome com a turma a lista de tópi
cos de estudos apresentada na Intro
dução da unidade, bem como os pos
Fio da meada síveis pontos levantados pelos próprios
estudantes. Orienteos, então, para que
O que vimos
Continuando nosso projeto, neste Capítulo 1, vimos como a música pode fazer parte das ações de sustentabilida-
acrescentem a essa lista os tópicos in
de necessárias para um mundo melhor. No decorrer do percurso, estudamos que: dicados no Livro do Estudante e per
⓿ a música pode ser feita por meio de diversos objetos, inclusive os mais inusitados;
gunte se imaginam outros tópicos que
⓿ a música nos permite refletir sobre sustentabilidade ao analisar grupos que aproveitam objetos reutilizáveis
podem ser inseridos depois da leitura
para a construção de instrumentos musicais;
⓿ os instrumentos musicais podem ser divididos de acordo com os materiais de que são feitos, a maneira como
desta seção.
produzem sons e suas funções na música; quando utilizados em orquestras, são classificados por naipes;
⓿ a notação musical organiza os sons e silêncios de uma música em função do tempo e pode determinar
opõem a concepções tradicionais de como uma música deveria ser criada, executada e apreciada.
⓿ continuar a reflexão sobre como a arte pode alertar sobre as questões ambientais.
55
tação, participou ativamente dela e contribuiu para característicos da linguagem musical estudados nas ati
envolver a comunidade escolar no evento. vidades e nas apreciações?
Para trabalhar com o boxe Fio da meada, organize os ⓿ Os estudantes utilizam elementos constitutivos da lingua
estudantes em grupos de até seis integrantes e peça que
gem musical em suas experimentações e produções (im
leiam os tópicos listados. Orienteos para que registrem em
papel kraft os temas e as atividades realizadas que se re provisações e composições) de maneira consciente?
⓿ Os estudantes avaliam o uso de diferentes fontes so
lacionam com cada um dos tópicos. Sugira que folheiem o
Livro do Estudante, associando as seções dos capítulos e noras nas produções, reconhecendo suas contribuições
suas informações a cada uma das aprendizagens listadas. para a composição?
⓿ Os estudantes comparam e avaliam os resultados de
Como forma de acompanhar as aprendizagens, retome
com a turma as habilidades trabalhadas e os temas do suas pesquisas e experimentações com fontes sonoras
55
BNCC no capítulo
Na abertura do capítulo, o objetivo
2
de aprendizagem é participar de dis-
cussão a respeito das experiências
do
EF69AR15 no trabalho com a unidade /Ac
er v
o
ões
Fabricio Sim
temática Dança articulada ao objeto de
conhecimento Processos de Criação.
A dimensão do conhecimento traba-
lhada é: Fruição.
Antes de iniciar os estudos do Capí-
tulo 2 com a turma, incentive-a a esta-
belecer relações entre o que foi traba-
lhado anteriormente e o que será visto
agora, retomando sempre a questão
norteadora do projeto: A arte alerta so-
bre o meio ambiente?. Oriente os es-
tudantes a elaborar hipóteses sobre o
significado de manchas urbanas, rela-
cionando a imagem de abertura do ca-
pítulo ao tema da unidade. Em seguida,
pergunte a eles de que modo a dança
pode estar relacionada à música, lin-
guagem abordada no capítulo anterior.
Faça o levantamento dos conheci-
mentos prévios sobre dança e estimule
os estudantes a compartilhar suas ex-
periências pessoais com essa lingua-
Cena da intervenção urbana
gem artística. Aproveite o trabalho com de dança Manchas urbanas,
solo de Eduardo Severino,
as questões do boxe Para começar Para come•ar da Eduardo Severino Cia. de
para perguntar também se já assisti- Dança, Porto Alegre (RS), 2013.
ram a um espetáculo de dança que os 1. Já dançou sozinho? E acompanhado? De qual dessas duas formas de dançar
você gosta mais?
tenha feito refletir sobre algum tema 2. Movimentos corporais realizados no meio da rua podem ser considerados
e para desvelar suas opiniões acerca dança? Por quê? Respostas pessoais.
dos locais onde acreditam que espetá-
culos de dança podem acontecer. Pro-
Um espetáculo de dança é uma experiência única, que pode ativar os senti-
mova um debate inicial sobre as ques-
dos e mexer com as emoções. Assistir aos dançarinos se movimentando rápida
tões propostas e outras que considerar
ou lentamente, saltitando, parecendo flutuar, correndo ou batendo os pés no
pertinentes, incentivando a participa-
chão com força, quase alcançando o céu com saltos incríveis ou dando giros
ção da turma.
costuma nos encher de prazer! Entretanto, será que os espetáculos de dança
Chame a atenção para a imagem
também podem nos alertar para algum tipo de reflexão? Nesta unidade, você
de abertura. Peça aos estudantes que
vai conhecer o trabalho de um grupo que usa a dança para fazer um alerta so-
a observem cuidadosamente. Oriente-
bre o modo como os seres humanos têm tratado o planeta Terra.
-os a descrevê-la apontando detalhes
como os gestos do dançarino e o fa-
to de ele estar utilizando como figuri- 56
no uma roupa do cotidiano. Destaque
o local onde ele se encontra, que pare- Reprodução do Livro do Estudante em tamanho reduzido.
ce ser uma praça pública urbana. Esti- é que os estudantes notem que, em um mundo globalizado,
mule-os a tentar caracterizar o espaço as metrópoles estão cada vez mais parecidas. Procure lis-
cênico perguntando: “O dançarino está tar, com a turma as características que elas têm em comum.
em local público ou privado?”; “Esse lo- Por exemplo: grandes prédios, unidades de lojas internacio-
cal parece fazer parte de uma zona ur- nais (que são iguais em diferentes países), as roupas das
bana ou rural? Que elementos emba- pessoas, as ruas repletas de pessoas e carros, pouca na-
sam suas respostas?”; “Vocês acham tureza nativa, etc.
que esse espaço pertence a uma me- Procure estimular os estudantes a relacionar seus co-
trópole? Por quê?”; “Em que país vo- nhecimentos prévios e seu repertório às produções artísti-
cês acham que está localizado esse cas e aos temas que serão estudados no capítulo a fim de
espaço?”. que percebam que as vivências pessoais podem ser pontos
Saliente que a imagem não deixa de partida para a fruição artística e para o estabelecimento
claro o local exato da cena e, por isso, de relações significativas para a aprendizagem.
não espere respostas exatas. O objetivo
56
1 A arte da Eduardo
transeuntes? E quais são as diferenças
entre eles?”.
57
BNCC no capítulo de dança”, que você pode discutir com os estudantes e ve-
rificar se compreenderam seu significado.
Na seção 1. A arte da Eduardo Severino Cia. de Dan- As questões apresentadas no tópico Primeiras impres-
ça, o objetivo de aprendizagem é analisar intervenção ur- sões de Manchas urbanas têm como objetivo auxiliar na
bana de dança para reconhecer variadas formas de dan- leitura das imagens. Em uma roda de conversa com a tur-
ça, como a da companhia em foco, e para apreciar a ma, explique que as imagens são de apresentações solo da
produção de artistas brasileiros, a fim de mobilizar a ha- intervenção Manchas urbanas.
bilidade EF69AR09 no trabalho com a unidade temáti-
Nesse primeiro momento de leitura, peça aos estudantes
ca Dança articulada ao objeto de conhecimento Contex-
que descrevam as imagens. É importante guiar essa leitura,
tos e Práticas.
tendo como foco os assuntos tratados no capítulo. Para is-
A dimensão do conhecimento trabalhada é: Fruição. so, utilize também as seguintes perguntas: “Onde os artis-
A leitura da seção 1. A arte da Eduardo Severino Cia. de tas estão se apresentando?”; “Vocês conseguem reconhe-
Dança pode ser feita de forma compartilhada com toda a cer quem é o artista e quem são os transeuntes? Como?”;
turma. No texto há uma definição para “intervenção urbana “O que os artistas das fotografias têm em comum com os
57
BNCC no capítulo 2 Mais perto de
Manchas urbanas
Na seção 2. Mais perto de Manchas
urbanas, os objetivos de aprendiza-
gem são: A intervenção de dança Manchas urbanas é uma criação da Eduardo Seve-
⓿ analisar a intervenção artística em
rino Cia. de Dança, grupo de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, realizada em
foco, reconhecendo e apreciando 2013. Depois de ter observado algumas cenas da intervenção e refletido sobre
o trabalho de companhia de dança
seu título, você já tem uma ideia de que essa obra trata?
contemporânea brasileira, a fim de
O termo mancha urbana, ou mancha urbanizada, costuma ser utilizado pe-
mobilizar a habilidade EF69AR09
los geógrafos para identificar áreas de diferentes dimensões por onde se esten-
no trabalho com a unidade temáti-
ca Dança articulada ao objeto de co- dem ambientes construídos, ou seja, espaços ocupados por residências, indús-
nhecimento Contextos e Práticas; trias, ruas, avenidas, estradas, ferrovias, etc. Os artistas da Eduardo Severino
⓿ explorar, por meio de imagens e tex- Cia. de Dança incluíram nesse conceito o modo de viver de uma comunidade.
to, elementos constitutivos do movi- Isso quer dizer que, para eles, uma mancha urbana é mais do que um conjunto
mento cotidiano presentes na inter- físico de edifícios: ela é também aquilo que creem, valorizam e praticam as pes-
venção em foco para refletir sobre a soas que circulam por esses lugares, o que inclui aspectos artísticos e históricos.
dança contemporânea, de modo a Observe a imagem da mancha urbana da Região Metropolitana de São Paulo.
assegurar o desenvolvimento da ha-
bilidade EF69AR10 no trabalho com Imagem de satélite da
Reprodução/Data SIO/NOOA, U.S. Navy/NGA/GEBCO/Image
Landsat/Copernicus/© 2018 Google Earth
que essas imagens têm com o título do Em relação às imagens de satélite, procure ressaltar a Solicite a eles que falem sobre filmes, espetáculos de
capítulo e o do espetáculo de dança questão norteadora presente no início do texto. Proponha teatro ou mesmo telenovelas que tenham como cenário um
que começamos a estudar?”. perguntas que retomem o que foi discutido, como: “Quan- local diferente de onde moram. Estimule-os a discorrer so-
Após essa primeira conversa, pro- do olhamos as imagens das manchas urbanas, como ima- bre as diferenças e semelhanças entre os estilos de vida dos
mova a leitura compartilhada do tex- ginamos a vida das pessoas que moram nessas regiões?”; personagens e o deles. Aqui, o objetivo é que a turma con-
to, verificando se a turma estabelece “Vocês acham que a vida das pessoas que moram nessas siga relacionar o conceito de mancha urbana proposto pe-
relações com saberes de Geografia e regiões é parecida em que aspectos? E diferente em que lo grupo de artistas ao que já conhece sobre os diferentes
com os conhecimentos que tem do te- aspectos?”. Aproveite o momento para discutir também o estilos de vida. É importante, nesse momento, deixar os es-
ma. Fique atento às dúvidas que os es- conceito de globalização com eles, verificando seus conhe- tudantes livres para criar e compartilhar hipóteses sobre a
tudantes possam apresentar a respeito cimentos a respeito do tema. Se achar produtivo, você pode escolha do nome da obra.
de expressões que desconhecem e es- pensar em uma atividade em conjunto com o professor de O Livro do Estudante relaciona as semelhanças cultu-
timule-os a inferir os significados pelo Geografia, como uma pesquisa que os estudantes podem rais das diferentes manchas urbanas com a degradação
contexto, conferindo-os posteriormente realizar em duplas ou trios e, depois, compartilhar os resul- do meio ambiente. Aqui, é importante retomar a ques-
em um dicionário. tados em rodas de conversa durante as aulas. tão norteadora da unidade, A arte alerta sobre o meio
58
Moradia, vestuário, alimentação, medicamentos e bens culturais, como fil-
Atividade complementar
me, música e dança, são apenas alguns exemplos de diferentes aspectos da
vida social que estão cada vez mais parecidos, sobretudo nos grandes centros COLAGEM
urbanos. Além disso, os habitantes dessa mancha urbana global consomem de Proponha aos estudantes a criação de co-
forma exagerada, gerando desperdício e muito lixo. lagens com o tema “Consumo e poluição”.
Observe estas imagens, que mostram diferentes cidades do mundo. Para isso, leia as orientações a seguir.
⓿ Divida-os em grupos de cinco integrantes.
Cidade de Tóquio
(Japão), 2017.
59
59
Converse com a turma a respeito A grande mancha urbana que vem dominando o planeta tem alterado também o clima e provocado
dos fenômenos descritos no texto e ve- principalmente três tipos de efeito:
rifique se todos entendem os concei-
⓿ as ilhas de calor, em consequência do uso excessivo de cimento e de asfalto, que resultam em des-
tos mencionados. Pergunte, então, aos
conforto térmico;
estudantes em que áreas (urbanas ou
rurais) esses fenômenos são mais co- ⓿ as inversões térmicas, geradas pelo uso de combustíveis fósseis nos automóveis e por outras prá-
muns e por quê. ticas que agravam a poluição atmosférica e bloqueiam a dispersão de resíduos e micropartículas,
principalmente nos meses de inverno;
Bruno Santos/Folhapress
⓿ as enchentes, provocadas por chuvas
Na tela torrenciais agravadas pela imper-
meabilização do solo urbano.
Assista com os estudantes às Foi esse contexto que inspirou Eduardo
coreografias dos solos dos artistas
Severino e Luciano Tavares, fundadores da
da Eduardo Severino Cia. de
Eduardo Severino Cia. de Dança, a criar Man-
Dança. Disponível em: https://
www.youtube.com/channel/ chas urbanas. Nessa intervenção, os movi-
UCHvHlUVV-cod4Y5GdnG9exw. mentos dos dançarinos refletem e expres-
Acesso em: 4 jul. 2022. sam questões relacionadas aos aspectos
culturais e climáticos que esse fenômeno Bloqueio da dispersão de resíduos e de micropartículas característico
Promova a leitura das imagens do tem causado. da inversão térmica. São Paulo (SP), 2018.
tópico Os solos de Manchas urbanas
com os estudantes para iniciar a con- Os solos de Manchas urbanas
versa sobre o espetáculo questionan-
do, por exemplo: “O que vocês veem A proposta do diretor artístico da intervenção, Eduardo Severino, foi apresen- O diretor artístico, muitas
tar cinco solos de dança em que cada um deles se expressasse um problema re- vezes, é quem cria um
nas imagens?”; “O que as pessoas es- espetáculo e coordena os
tão fazendo?”; “Como os dançarinos lacionado à grande mancha urbana global e seus efeitos. Os solos são realizados
trabalhos necessários
estão posicionados? E que movimen- por cinco artistas e apresentados em uma temporada de cinco dias em diferentes para que ele se
tos estão realizando?”. Deixe que se ex- locações públicas, sempre com trilha sonora. Enquanto um dançarino se apresenta, concretize, como seleção
os outros oferecem apoio para a apresentação, cuidando de aspectos como o som dos artistas, organização
pressem e, em seguida, faça a leitura
de ensaios, etc.
compartilhada do texto. Incentive-os a e os adereços, por exemplo.
refletir sobre o artista que está fazendo Vamos conhecer melhor cada um desses cinco solos?
o solo no momento da fotografia.
Fabricio Simões/Acervo do fotógrafo
60
60
Depois de conhecer o solo de Cibe-
Solo de Cibele Sastre le Sastre, pergunte: “Qual é a função
Em seu solo, Cibele Sastre expressa sua indignação contra a preocupação exagerada com a aparência e dos sacos plásticos definida pela artis-
o número excessivo de cirurgias plásticas a que as mulheres urbanas contemporâneas vêm se submetendo. ta nessa intervenção?”.
A artista utiliza sacolas plásticas como adereço para sua coreografia e, como trilha sonora, um funk cuja Certifique-se de que os estudantes
letra problematiza o papel da mulher e o consumo para reforçar sua crítica. reconheçam que o conceito de que a
coreografia de Cibele Sastre cria, com
o uso dos sacos plásticos, uma relação
Cenas da intervenção urbana de dança Manchas urbanas, solo de Cibele Sastre, Porto Alegre (RS), 2013.
⓿ O que você pensa sobre os temas trabalhados pela artista? Resposta pessoal.
61
Para trabalhar com o Solo de Cibele Sastre, proporcio- sonora se relaciona com a coreografia?”; “Qual foi a rea-
ne o acesso à internet e com um projetor, de preferência ção do público?”; “Na opinião de vocês, por que o públi-
na sala de informática da escola, e acesse o canal do blog co reagiu dessa maneira?”; “Será que era essa a intenção
Manchas urbanas para reproduzir os registros da interven- da obra? Por quê?”; “Vocês acham que essas reações fo-
ção do grupo, citados no Livro do Estudante. ram previstas pelos artistas? Eles tiveram a intenção de
Exiba o vídeo uma vez e, em seguida, inicie a conversa causar essas reações no público? Por quê?”; “Como vo-
com os estudantes, incentivando-os a levantar hipóteses cês reagiriam se estivessem presentes no momento da
para relacionar o que foi visto no vídeo ao que foi estuda- intervenção?”.
do até então no capítulo. Após essa atividade, promova uma leitura comparti-
Peça aos estudantes que descrevam o vídeo e faça lhada do texto do Livro do Estudante e, se achar opor-
perguntas como: “Que aspectos cênicos, visuais e sono- tuno, exiba o vídeo mais uma vez. Retome a conversa,
ros presentes nesse solo vocês relacionam com o que incentivando os estudantes a comparar as primeiras im-
foi estudado sobre as manchas urbanas?”; “Que sensa- pressões do vídeo com as informações presentes no tex-
ções essa coreografia causou em vocês?”; “Como a trilha to do tópico.
61
Para tratar do tópico Solo de Lucia-
no Tavares, assista ao vídeo dessa per- Solo de Luciano Tavares
formance com os estudantes e procu- A coreografia do solo de Luciano Tavares é composta de movimentos contidos e sofridos. Seus passos
re aprofundar a discussão acerca dos são arrastados e tensos. A trilha sonora é realizada por seus colegas de intervenção, que balançam pedaços
elementos sonoros dessa intervenção. de plástico, simulando o efeito de uma ventania. O artista, ao expressar em movimentos a ação do vento no
Explique que, além das fontes sonoras corpo, faz referência às mudanças climáticas decorrentes da poluição atmosférica.
escolhidas pelo artista (folhas de plás-
tico balançadas por outros integrantes
Cenas da intervenção urbana de dança Manchas urbanas, solo de Luciano Tavares, Porto Alegre (RS), 2013.
⓿ O que você pensa sobre o tema abordado pelo artista e o modo como expressou sua preocupação
com ele? Resposta pessoal.
62
62
Ao tratar do Solo de Luciana Palu-
Solo de Luciana Paludo do com os estudantes, assista ao ví-
A inspiração de Luciana Paludo na criação de seu solo foi a sensação de “aperto” de quem vive em gran- deo dessa performance e incentive-os
des cidades: nas ruas, no trânsito, no transporte público, nos supermercados, etc. Para isso, a artista utilizou a criar relações entre a trilha sonora,
um pedaço de tecido que a comprimia. Faz parte da trilha sonora a recitação de trechos de poemas que o figurino e os movimentos da dança-
abordam essa sensação incômoda. rina, propondo questões como: “Quais
foram os movimentos que a artista uti-
lizou para provocar a sensação de com-
Cenas da intervenção urbana de dança Manchas urbanas, solo de Luciana Paludo, Porto Alegre (RS), 2013.
⓿ O que você pensa sobre essa realidade dos grandes centros urbanos e sobre o modo como a artista
a expressou?
⓿ Como expressaria corporalmente esse tema? Respostas pessoais.
63
63
Após ver o vídeo da performance
mencionada no tópico Solo de Andrea Solo de Andrea Spolaor
Spolaor, oriente os estudantes na ob- A proposta de Andrea Spolaor é uma coreografia delicada, que remete à leveza e ao sonho. O figurino
servação das imagens apresentadas na utilizado por ela ajuda a ampliar a sensação de movimento. A trilha sonora é realizada pelos outros inte-
página e faça perguntas como: “Quais grantes da intervenção, que assopram e giram canos de plástico, o que resulta em um som mágico e suave.
são as principais características dos
movimentos feitos pela dançarina?”;
64
Ao tratar do tópico Solo de Eduardo
Solo de Eduardo Severino Severino com a turma, assista ao vídeo
A proposta do solo de Eduardo Severino alerta para a incapacidade de re- da performance e aprofunde a discus-
ação diante dos problemas do mundo. Quase sem sair do lugar, o dançarino são, estimulando os estudantes a re-
mostra como é tentar falar e gritar e não ser ouvido pelos outros. A trilha sonora lacionar todos os solos vistos até en-
ajuda a reforçar essa sensação de frustração, com um som forte e estridente. tão com as informações presentes no
texto sobre esse solo. Para tanto, faça
perguntas como: “Por que retratar a in-
65
65
BNCC no capítulo 3 Por dentro da dan•a
Na seção 3. Por dentro da dança, os
Para criar ou dançar uma coreografia como a da inter-
objetivos de aprendizagem são:
66
Com base nessa comparação, Rudolf Laban teori- Na subseção Ocupando o espaço,
Além disso, e também por causa das articulações, o corpo pode se movi- observar e experienciar a capacida-
mentar de forma diferente do lado esquerdo, do direito, em diagonal, o que de da coluna de dobrar lateralmente
permite uma imensa quantidade de formas corporais. enquanto estamos em posição verti-
Então, pode-se experimentar diferentes áreas, planos e eixos espaciais. Para cal ou em pé;
isso, basta se mexer. Assim, quando uma pessoa se desloca, pode fazer os mo- ⓿ plano da mesa: no qual é possível
67
Atividade complementar
SEMINÁRIO
Após a leitura compartilhada do texto introdutório desta seção, proponha aos estudantes que apresentem um seminário sobre o coreó-
grafo. Para isso, eles podem se unir em grupos de até quatro integrantes.
Direcione a discussão de forma que a turma possa relacionar o que pesquisou da teoria de Rudolf Laban com as coreografias da
intervenção Manchas urbanas. Proponha, por exemplo, que cada grupo analise uma das cinco coreografias.
Oriente os estudantes a avaliar os aspectos formais da coreografia escolhida: as formas produzidas pelo corpo, os planos espaciais
ocupados por ele, os fatores do movimento e as passagens de um movimento para outro.
Tendo em vista que essa análise da coreografia é um primeiro contato com a teoria de Laban, o objetivo da atividade, além de aprofun-
dar o texto introdutório da seção, é que os estudantes reconheçam que, para ler uma apresentação de dança, é necessário não apenas
contextualizar a obra, mas também analisar seus aspectos formais.
67
Essa forma de entender a relação do ⓿ Alargar: abrir para o lado. ⓿ Estreitar: fechar para o lado.
corpo com o espaço permite que um
dançarino realize diferentes movimen-
tos em diferentes partes do corpo ao
mesmo tempo. Por exemplo, quando al-
guém levanta uma perna e deixa a outra
abaixada.
Os eixos espaciais, nesse sentido,
são o encontro dos planos espaciais,
e têm relação direta com as dimen-
sões espaciais. Por isso, existem dife-
rentes eixos, como vertical, horizontal,
sagital, diagonal e transversal, entre
outros.
A teoria de Rudolf Laban é comple-
xa e repleta de conceitos. Entretanto, ⓿ Avan•ar: ir para a frente. ⓿ Retrair: ir para trás.
quando realizamos movimentos quais-
quer, desde os cotidianos até os dança-
dos, é possível verificar na prática esses
conceitos e, assim, ter mais consciên-
cia corporal.
68
estabeleçam nexos entre os conheci-
Os fatores do movimento mentos anteriores e os que estão sen-
Para Laban, o movimento tem alguns fatores que o caracterizam. São eles:
do desenvolvidos. Para isso, promova
perguntas como: “Vocês se lembram
⓿ o espaço: o modo como o dançarino se move no espaço pode ser focado
do que são os fatores do movimento?”;
e direcionado (como um carro em movimento) ou sem direção (como
“Como a fluência se manifesta em uma
uma pedra rolando montanha abaixo);
dança?”; “E o peso?”; “Como o espaço
⓿ o peso: o movimento do dançarino pode ser pesado, (como os passos de pode ser trabalhado em uma dança?”;
um elefante) ou leve e delicado (como os passos de uma formiga); “E o tempo?”. Deixe que os estudan-
⓿ o tempo: os movimentos de um dançarino podem ser rápidos e agitados tes se expressem livremente, levantan-
(como as asas do colibri) ou lentos (como o caminhar da tartaruga); do hipóteses e exemplificando com o
⓿ a fluência: que entre os movimentos pode ser livre (como uma folha ao
repertório que têm sobre essa lingua-
gem artística.
vento) ou contida (como os movimentos de um robô).
É possível ampliar a discussão para
Combinando os fatores do movimento que os estudantes associem esses fa-
tores aos movimentos cotidianos, lan-
A combinação dos fatores do movimento pode produzir oito movimentos çando mais questões, como: “Vocês co-
básicos que são realizados com o corpo todo ou com apenas algumas partes nhecem alguma pessoa com o andar
dele. Observe-os. marcante? Como ela se movimenta ao
⓿ Torcer ⓿ Talhar ou chicotear
andar?”; “Que características do movi-
mento mudam ao andar, ao correr ou
69
Conclua a atividade com a roda de conversa sobre a ex- 1. Não compreendeu os comandos nem conseguiu reali-
periência dos estudantes e suas impressões sobre a ativi- zar os movimentos sem supervisão.
dade. Registre os comentários de todos em seu diário de 2. Compreendeu os comandos e explorou diferentes mo-
bordo para acompanhar o desenvolvimento da turma. vimentos a partir da exploração e do planejamento,
A atividade tem como objetivo estimular os estudantes desenvolvendo assim a consciência corporal.
a experimentar as ideias de Rudolf Laban com consciên- 3. Compreendeu os comandos, explorou diversos movi-
cia corporal. Para uma avaliação de processo, observe na mentos com variações nas áreas alta, baixa e média,
sequência o que devem fazer para desenvolver as habili- prestando atenção ao corpo enquanto os realizava e
dades trabalhadas e os respectivos indicadores de reali- mobilizando repertório próprio.
zação, que correspondem a: “1. Não atingiu o esperado”; Ao trabalhar a subseção Os fatores do movimento, lem-
“2. Realizou a atividade satisfatoriamente”; e “3. Superou bre-se de que a teoria de Rudolf Laban sobre os fatores
as expectativas”. do movimento já foi abordada em outros volumes da co-
⓿ Experimentar diferentes movimentos corporais planejan- leção. Aproveite, então, esse momento para retomar o que
do os movimentos e prestando atenção neles: os estudantes conhecem sobre esses fatores a fim de que
69
Para realizar a atividade do boxe Ex- ⓿ Flutuar ⓿ Pontuar
perimente e compartilhe com a turma,
70
concentrarão?”. É interessante apre-
De um movimento a outro sentar as ações em sequência e per-
A partir dos oito movimentos básicos, um dan-
mitir que os integrantes dos grupos
tenham tempo para se reunir e che-
⓿ andar, correr, abraçar, acariciar, cair e desmoronar. rou diferentes movimentos com-
Você pode realizar os movimentos ao mesmo tempo plementares e contrastantes sob
ou alternados. supervisão.
3. Compreendeu que ações são con-
trastantes e quais delas são com-
plementares e mobilizou repertório
Para concluir próprio sobre fluência, peso, tempo
e direção para realizar movimen-
Converse com os colegas e o professor sobre estas questões e arquive um resumo da discussão no portfólio.
⓿Qual foi a sequência mais fácil de realizar? E a mais difícil? Respostas pessoais.
tos que deixaram claro que se-
quência era de ações complemen-
tares e qual delas era de ações
71 contrastantes.
A subseção De um movimento a outro complementa os ter a sala de aula organizada para exibir novamente os ví-
conhecimentos tratados nos itens anteriores da seção. Ne- deos para que a turma possa visualizar e analisar a coreo-
la, indicam-se a importância e a função, dentro de uma co- grafia coletivamente.
reografia, da passagem de um movimento para outro. Além Após agrupar os estudantes em trios, explique a eles a
disso, o texto apresenta os tipos de ação que podem ser atividade proposta no boxe Experimente e compartilhe.
feitos para essa passagem: as complementares e as con- Proponha a cada grupo que faça a atividade e apresente
trastantes. Promova a leitura compartilhada do texto com a para os colegas, um de cada vez. Peça aos estudantes que
turma. Depois, dirija a conversa de modo que os estudan- se organizem e definam a ordem de apresentação.
tes relacionem o que foi lido no tópico com as coreografias Oriente os integrantes dos grupos para que planejem co-
da Eduardo Severino Cia. de Dança. mo gostariam de realizar as sequências de ações: “Todos
Para isso, pergunte: “Em quais das cinco coreografias da vão fazer as mesmas sequências juntos ou alternados?”.
intervenção Manchas urbanas é possível identificar ações Instrua-os a planejar a ocupação do espaço: “Todos fica-
de passagem contrastantes e/ou complementares e em rão no centro, concentrados, ou se espalharão?”; “Vão ini-
que momentos isso acontece?”. É interessante, se possível, ciar a apresentação espalhados e durante as ações se
71
A subseção O registro ou a notação
do movimento apresenta algumas for- O registro ou a notação do movimento
mas de registrar os movimentos do cor- Rudolf Laban criou vários modos de registrar os movimentos e as transições
po e suas transições criadas por La- entre eles. Um deles é o gráfico dos esforços, no qual é possível ver o movimen-
ban. Promova a leitura compartilhada to em relação a seus fatores. Observe.
do texto com a turma. Durante a leitura
das imagens, pergunte aos estudantes
se já viram algo parecido com as parti- Gráfico dos esforços, de Rudolf Laban
turas e os gráficos apresentados.
Biblioteca
Forte
TRINDADE, Ana Ligia. Notação da
dança: traçando paralelo entre
a notação musical pela criação
de uma linguagem universal Outro modo de registro criado pelo estudioso se dá por meio de um sistema
de notação do movimento. de sinais gráficos que pode ser comparado às partituras da notação musical:
In: ENCONTRO CIENTÍFICO DA a labanotação. Agora veja os sinais para alguns dos movimentos possíveis.
ANDA, 2., 2011, Porto Alegre.
Anais [...]. Campinas: Galoá,
Banco de imagens/Arquivo da editora
72
72
Observe uma partitura criada por Laban, veja como os sinais podem ser dis- sequências?”. Espera-se que os estu-
postos sobre a pauta, que é desenhada verticalmente e lida de baixo para cima,
dantes relacionem, em seu discurso, os
e note como é possível ler e registrar a passagem do tempo, os movimentos e
conhecimentos de todos os tópicos es-
suas transições.
tudados nesta seção.
A atividade tem como objetivo que
os estudantes exercitem a abstração
Reprodução/Coleção particular
e o registro do movimento para criar
uma partitura. Para uma avaliação de
processo, observe na sequência o que
devem fazer para desenvolver as habi-
lidades trabalhadas e os respectivos in-
dicadores de realização, que corres-
pondem a: “1. Não atingiu o esperado”;
“2. Realizou a atividade satisfatoria-
mente”; e “3. Superou as expectativas”.
⓿ Criar registros dos movimentos dados:
1. Não conseguiu abstrair para usar
as notações apresentadas nem
para criar as próprias sem alta
supervisão.
2. Conseguiu abstrair e criar registros
usando o que conheceu e explo-
rando novos recursos gráficos sob
certa supervisão.
Converse com os colegas e o professor sobre esta questão: 3. Conseguiu abstrair para imaginar
os movimentos e utilizar os regis-
⓿ Você já parou para pensar em como registraria o movimento e suas
tros de Laban, aliados a repertório
transições? Resposta pessoal.
próprio para criar outros registros
sem supervisão.
Experimente e compartilhe
Para concluir
Converse com os colegas e o professor sobre estas questões. Na sequência, registre os pontos mais rele-
vantes da conversa para arquivar no portfólio, juntamente com os desenhos.
⓿ Você se sentiu satisfeito com sua produção? Por quê?
⓿ Qual foi sua maior dificuldade na criação dos registros? Respostas pessoais.
73
A atividade do boxe Experimente e compartilhe des- próprios processos, deixando que usem seus corpos e seu
ta página deve ser feita individualmente pelos estudantes. tempo da maneira como considerarem melhor para reali-
Após distribuir o material necessário, solicite que leiam as zar a atividade.
instruções no Livro do Estudante e elaborem suas partitu- Após a realização das partituras, recolha os papéis e os
ras com alguns dos símbolos criados por Laban. Eles devem disponha no chão, no centro da sala de aula, de modo que
ainda criar novos símbolos e fazer uma legenda para cada todos possam vê-los. Então, organize a roda de conversa e
um deles no canto da página. proponha uma discussão sobre as diferentes soluções grá-
Trata-se de uma atividade que requer concentração e ca- ficas encontradas. Para isso, inicie apontando partituras dos
pacidade de abstração. É possível que alguns estudantes mesmos movimentos que sejam diferentes entre si.
consigam visualizar e representar os movimentos no papel, Incentive os estudantes a relatar seu processo de es-
caso os reproduzam primeiro com o próprio corpo. Existe colha gráfica. Durante a conversa, faça perguntas como:
também a possibilidade de alguns considerarem melhor ob- “Que símbolos vocês utilizaram para representar o tempo
servar os colegas realizando os movimentos para que pos- do movimento? E para representar o peso?”; “Há alguma
sam representá-los no papel. Permita que encontrem os solução gráfica para representar as áreas espaciais dessas
73
BNCC no capítulo 4 Mais perto da Eduardo
Severino Cia. de Dança
Na seção 4. Mais perto da Eduardo
Severino Cia. de Dança, o objetivo de
aprendizagem é analisar outros traba- A Eduardo Severino Cia. de Dança é um grupo de dança contemporânea
lhos da companhia de dança em foco Visitação
criado por Eduardo Severino e Luciano Tavares, em Porto Alegre, no Rio Grande
a fim de reconhecer e apreciar compo- do Sul, em 2000. Desde sua fundação, o grupo tem desenvolvido uma ampla Existem companhias
sições de dança contemporânea de ar- pesquisa em dança, realizando uma montagem por ano, com artistas convida- de dança na cidade
tistas brasileiros para a ampliação do ou na região em que
dos para cada projeto.
repertório cultural, de modo a assegu- você vive? Se houver,
Algumas das influências da companhia são coreógrafos como Eva Schul procure descobrir
rar o desenvolvimento da habilidade (1948-), Adriana Grechi (1965-) e Lu Favoreto (1965-), entre outros, e o cineasta di- quando elas se
EF69AR09 no trabalho com a unidade namarquês Lars von Trier. Além disso, os trabalhos do grupo, que costumam abor- apresentarão e tente
temática Dança articulada ao objeto de conhecer seu trabalho.
dar questões ambientais e relações humanas, trazem referências das artes visuais.
conhecimento Contextos e Práticas. Em 2007, a companhia idealizou a Mostra Movimento e Palavra, que, em suas
A dimensão do conhecimento traba- várias edições, reuniu expoentes de diferentes gerações da dança contempo- A residência artística é o
lhada é: Fruição. rânea gaúcha. período que um artista ou
Em 2016, Eduardo Severino realizou uma residência artística na cidade de estudante de arte passa em
A seção 4. Mais perto da Eduardo um local, às vezes com
Severino Cia. de Dança tem como te- São Paulo ao lado de artistas paulistas, com o projeto “Reciclagem e aprimora-
auxílio de uma bolsa, a fim
ma central outros trabalhos desse gru- mento”, para formação, criação e pesquisa. de criar e desenvolver
po. Ao estudar um artista ou grupo, sua experimentos artísticos
obra e sua trajetória, abordando pes- Outras obras da Eduardo Severino com base em suas vivências.
74
O espetáculo Glórias do corpo, de 2010, Na atividade Critique e compartilhe,
75
BNCC no capítulo
Na seção História da arte, os objeti-
História da arte
vos de aprendizagem são:
⓿ analisar diferentes formas de expres-
Do moderno ao contempor‰neo Na tela
são da dança, em especial a moder-
na e a contemporânea, identificando Do final do século XVIII até o final do século XIX, o balé clássico foi a expres- Na página oficial
suas características estéticas e seus são máxima da dança nos palcos. A dança clássica era pautada por princípios do Royal Opera
rígidos e exigia dos bailarinos determinadas características físicas considera- House em um site de
princípios conceituais, para reconhe-
compartilhamento
cer e apreciar obras de artistas e gru- das necessárias para a realização das coreografias, baseadas em movimentos
de vídeos, é possível
pos de dança diversos, brasileiros e impulsionados pela ponta dos pés e pelos membros inferiores. assistir a cenas do balé
estrangeiros, a fim de mobilizar a ha- Além disso, a partir do final do século XVIII, a maioria das apresentações de Giselle. Disponível em:
bilidade EF69AR09 no trabalho com balé passou a trazer uma narrativa contada por meio de gestos e movimentos https://www.youtube.
a unidade temática Dança articula- com/watch?v=ql3o-
e embalada por uma trilha sonora. Desde então, há balés para todos os gostos,
da ao objeto de conhecimento Con- 1eSdbQ. Acesso em: 17
com histórias que podem ser românticas, tristes ou engraçadas, por exemplo. mar. 2022.
textos e Práticas;
⓿ identificar elementos constitutivos do
Igor Bulgarin/Shutterstock
to, por exemplo, indica que as mudanças
Myrtha, a rainha das Willis, convida-as
na arte no início do século XX têm rela- para iniciar Giselle em seus ritos. Hilarion,
ção com as revoluções ocorridas no pe- então, é perseguido e levado à morte.
ríodo e com a Primeira Guerra Mundial. Nesse momento, Albrecht surge car-
regando lírios, e Giselle aparece para
ele. As Willis voltam e Myrtha o conde-
na a dançar até a morte, mas, como o
Biblioteca amor de Giselle por ele ainda é muito
grande, ela o ampara e o protege com a
ajuda da cruz de seu túmulo, poupando
SILVEIRA, Juliana.
a vida de seu amado até o amanhecer,
Contextualização da dança- quando as Willis desaparecem.
teatro de Pina Bausch. Disponível
em: https://www.researchgate.
net/publication/259297928_ Cena de Giselle em apresentação em
Contextualizacao_da_danca- Dnepropetrovsk (Ucrânia), 2012.
teatro_de_Pina_Bausch. Acesso
em: 4 jul. 2022. A pesquisadora
propõe em seu texto uma revisão
da história da dança-teatro, 76
apresentando, em especial no
Capítulo 1, o surgimento da dança Reprodução do Livro do Estudante em tamanho reduzido.
moderna na Europa. O texto Do moderno ao contemporâneo tem como foco Espera-se que a turma perceba que há diversos modos
apresentar as principais expressões da dança do período de dançar e vários locais nos quais a dança pode ocorrer.
Ao entrar em contato com produ- assinalado, começando pelas diferenças entre o balé clás- Por exemplo: em um baile funk não se espera que aconte-
ções de diferentes épocas, os estudan- sico e a dança moderna. ça um espetáculo de balé clássico ou de dança contempo-
tes têm a oportunidade de refletir sobre rânea, apesar de hoje os movimentos do funk serem incor-
Inicialmente, pergunte aos estudantes sobre suas refe-
os aspectos envolvidos nos processos porados em muitos espetáculos de dança contemporânea.
rências acerca de espetáculos de dança e modos de dan-
de criação em dança. A partir dessa
çar. Para isso, lance questões como: “Vocês costumam ter A turma pode levantar também hipóteses e elaborar argu-
ampliação de repertório, podem apro-
contato com a dança? Dançando efetivamente ou apenas mentos que expliquem os modos de dançar, ou estilos de
fundar e aprimorar seus conhecimen-
tos sobre as mais variadas tendências apreciando?”; “Quais são os locais em que as pessoas dan- dança, em determinados períodos da história.
da dança. Dessa forma, vão construir çam?”; “Quem já assistiu a um espetáculo de balé clássi- Durante a leitura do texto, oriente a apreciação das ima-
um conjunto de referências que pode- co?”; “Na opinião de vocês, existem diferenças entre o mo- gens. Peça aos estudantes que, ao observá-las, procurem re-
rão mobilizar futuramente tanto na es- do de dançar em um grupo de balé clássico e na Eduardo lacioná-las às informações do texto, estimulando um debate
cola como fora dela. Severino Cia. de Dança? Quais são elas?”. sobre as coreografias com questões como: “Vocês imaginam
76
Entre o final do século XIX e o início do século XX, com as transformações sociais, tecnológicas e econô-
micas e a Primeira Guerra Mundial, a dança se modifica também. Os princípios e as características da dança
moderna trazem um contraponto à estrutura rígida do balé clássico.
O eixo do trabalho corporal na dança moderna, ponto de partida de qualquer movimento, é o tronco.
Há espaço para a improvisação, foco nas articulações, movimentos mais livres e coreografias que exploram
o chão. A respiração dá o ritmo dos movimentos, que são trabalhados em expansão e condensação, ou seja,
com as extremidades ora mais afastadas, ora mais próximas do centro do corpo.
Dessa forma, a dança moderna se preocupa em desenvolver a consciência corporal dos bailarinos de
modo que eles entendam a própria estrutura e saibam explorá-la da melhor maneira possível. As coreogra-
fias buscam integrar as emoções dos intérpretes a seus movimentos.
O francês François Delsarte (1811-
77
77
Para trabalhar com o conceito de A dança moderna tem seu ponto de partida marcado pela ousadia do russo Vaslav Nijinsky (1890-1950).
dança-teatro, comece perguntan- O bailarino foi um revolucionário da dança clássica por trazer novos movimentos para o balé. O deus azul
do aos estudantes as diferenças en- e A sagração da primavera são duas coreografias suas que causaram espanto, principalmente pelo fato de
tre um espetáculo de dança e um de os bailarinos ficarem com os pés em paralelo, e não na posição en dehors (termo francês que significa “para
teatro. Espera-se que eles elaborem ar- fora”), e realizarem movimentos próximos ao chão, que, na época, foram considerados obscenos.
gumentos com elementos da lingua- O estadunidense George Balanchine (1904-1983) foi outro nome que revolucionou a dança clássica por
gem cênica, como personagens, ato- meio da dança abstrata, que não apresenta uma narrativa e na qual o movimento se articula à música,
res, dramaturgia, etc. Apresente, então,
fazendo um contraponto a ela. Para esse artista, a dança era a essência da emoção. Balanchine desenvol-
a dança-teatro, tipo de dança que mis-
veu seu estilo tendo como base as linhas de movimento, por meio do estudo da velocidade empregada na
tura os recursos do teatro com a expres-
realização do movimento no espaço.
são corporal da dança.
Faça a leitura do texto em sala de
Album/DPA/Fotoarena
traz a experiência da artista e de seus teatro, unindo a palavra, a música e o movimento a fim de desper-
bailarinos com os cinco sentidos huma-
tar a sensibilidade e a reflexão do público.
nos. Nele, a artista procura apresentar
Esse termo havia sido utilizado na Alemanha, entre 1910 e 1920,
as crenças, as festas e outros aspectos
por artistas envolvidos no movimento expressionista de dança,
da cultura brasileira que se relacionam
que procuravam distanciar as novas formas de arte das tradições
à identidade do povo. Você pode encon-
do balé clássico.
trar facilmente esse espetáculo em uma
A partir daí, vários coreógrafos alemães continuaram a pes-
busca na internet.
quisar novas formas expressivas de dança, como Mary Wigman
(1886-1973) e Kurt Jooss (1901-1979). Foi ele quem deu início à asso-
ciação de dança e teatro com o intuito de emocionar e fazer uma
Biblioteca obra de arte crítica.
A dança-teatro é considerada uma arte que mistura diversas
PEREIRA, Sayonara. Rastros
formas de dança, com coreografias que incorporam movimen-
do Tanztheater no processo
criativo de Esboço. São Paulo: tos do cotidiano e movimentos abstratos em forma de narrativa.
Annablume, 2010. A expressão Caracteriza-se ainda pela inserção de textos poéticos e dramáti-
“dança-teatro” não é um consenso cos declamados pelos bailarinos nas cenas e pela composição co-
Pina Bausch (1940-2009), aluna de Kurt Joss,
nas pesquisas que tratam do reográfica aplicada às ações de atores, podendo ser considerada é um nome fundamental da dança
assunto. Há pesquisadores que uma dança com personagens. contemporânea. Foto de 2003.
usam o termo “dança teatral”
e outros que preferem usar
ainda o termo alemão do qual 78
se originaram tais traduções,
Tanztheater. O primeiro a nomear Reprodução do Livro do Estudante em tamanho reduzido.
essa linguagem artística foi Kurt
Jooss; depois, a dança-teatro
foi difundida mundialmente por
Pina Bausch. Para obter mais
informações a respeito dessa
questão, indicamos a leitura
dessa obra.
78
Assim, uma apresentação de dança-teatro pode combinar dança, canto, Para realizar a atividade proposta no
Na tela boxe Pesquise e compartilhe, auxilie
diálogo, uso de personagens, cenários e figurinos e explorar situações da vida,
a partir do ponto de vista de cada coreógrafo. Em suma, oferece possibilida- Pina. Direção os estudantes a se organizar em trios.
des para explorar os limites entre as artes cênicas, ou as formas de arte que de Wim Wenders. Em seguida, solicite que leiam com
Alemanha, 2011, atenção as etapas descritas no Livro
se desenvolvem em um palco ou local de apresentação. 103 min. O filme traz
Os princípios da dança moderna foram inspiração para muitas das ino-
do Estudante. Prepare a turma para
coreografias de Pina
vações da dança contemporânea, tendência que surgiu na segunda metade Bausch que remetem
utilizar a sala de informática da escola
o público a emoções e incentive a autonomia dos estudan-
do século XX e introduziu novas temáticas e propostas, incluindo questões
como a paixão, o tes no decorrer da pesquisa. Combine
relacionadas à sustentabilidade e à vida nas grandes metrópoles, por exem- amor, a insegurança, com eles de antemão o cronograma de
plo, além de incorporar outras linguagens artísticas aos espetáculos, como o o ciúme, a rivalidade e
o companheirismo.
pesquisa, produção e preparação da
teatro, o cinema, o vídeo e as artes visuais.
playlist, além da data de apresentação.
A dança contemporânea foi responsável ainda por levar os espetáculos
Reprodu•‹o/Midas Filmes
para locais públicos como ruas e praças, permitindo que essa arte atingisse
Observe a produção dos estudantes
um maior número de pessoas e rompesse com as divisões entre erudito e tra-
e esteja à disposição para auxiliar os
dicional. Por isso, ela engloba também as manifestações de arte urbana e arte
grupos a organizar os vídeos seleciona-
dos durante a pesquisa e a organiza-
midiática.
ção da playlist.
A dança contemporânea se carateriza também por utilizar a música de for-
ma diferente de outros gêneros da dança, sendo que, muitas vezes, a dança A playlist é um gênero discursivo
não acompanha a música ou a música simplesmente não existe.
multimodal contemporâneo em que se
Podemos afirmar que a dança contemporânea tem como premissa a busca
colocam em sequência, geralmente au-
de um movimento dançado singular de cada pessoa, respeitando cada tipo
tomática, músicas ou vídeos seleciona-
de corpo e a diversidade dos seres humanos, o que permite compreender que
dos. Essa forma de organizar, que im-
todos podem dançar e se movimentar com intenção artística.
plica saber manejar a internet diante
de uma quantidade muito grande de
conteúdo produzido em larga escala, é
portanto uma forma de leitura que de-
manda um trabalho criterioso de sele-
Pesquise e compartilhe ção, ou seja, é preciso fazer uma cura-
doria, apurando e comentando o que
A diversidade na dan•a foi escolhido.
Agora, a proposta é criar, com base em uma pesquisa, uma playlist de vídeos sobre grupos de Quando os estudantes fazem
dança que abordam a diversidade. playlists, organizando a sequência e
1 Para começar, forme um trio e busque informações sobre dança e diversidade. Durante a pesqui- comentando cada componente dela,
sa, anote o nome dos grupos que abrem espaço para a diversidade em seu corpo de dançarinos. podem fundamentar um argumento,
Tenha atenção às fontes pesquisadas, para que sejam confiáveis. contar uma história ou traçar um pano-
rama de determinado fenômeno. Nes-
2 Com os colegas de trio, selecione vídeos que mostrem apresentações desses grupos nas quais a
se sentido, essa é também uma forma
diversidade seja evidente e crie uma playlist.
de autoria.
3 Lembre-se de que a playlist é feita para ser compartilhada. Por isso, organize as informações dos Após cada apresentação, estimule os
vídeos listados, como nome dos grupos e espetáculos, para compor a apresentação. estudantes a comentar o trabalho dos
4 Compartilhe a playlist com os colegas de turma, comentando como foi organizada a seleção e colegas. Peça que compartilhem suas
justificando as escolhas do trio. impressões sobre as playlists criadas e
como se relacionam com o que foi estu-
Para concluir dado até agora. Anote todos os comen-
tários no diário de bordo para continuar
Faça um registro em forma de relatório dos principais pontos abordados em sua apresentação e arquive-o acompanhando as aprendizagens e o
no portfólio, com uma cópia da playlist. Se possível, compartilhe-a também no blog ou nas redes sociais desenvolvimento das habilidades.
da escola.
79
79
BNCC no capítulo
Na seção Conexões, os objetivos de
Conexões
aprendizagem são:
⓿ apreciar o trabalho dos artistas apre-
Marcello Mencarini/Leemage/AFP
EF69AR10 no trabalho com a uni- estadunidense, é considerado um dos responsáveis por
dade temática Dança articulada ao mudar os rumos da dança contemporânea, ao introduzir
objeto de conhecimento Elementos o acaso nas coreografias. Em outras palavras, o coreó-
da Linguagem; grafo valorizava o improviso e a participação ativa dos
⓿ investigar e experimentar a criação
dançarinos nas apresentações.
integrada em dança e expressão cor- Começou a estudar dança aos 12 anos e aos 20 anos,
poral para a construção de novos re- por influência do compositor John Cage, conheceu a bai-
pertórios, para garantir o desenvol- larina Martha Graham, em cuja companhia de dança foi
vimento da habilidade EF69AR12
solista. A partir dos 24 anos, viajou com Cage, apresen-
no trabalho com a unidade temáti-
tando composições coreográficas e musicais, e aos 34,
ca Dança articulada ao objeto de co-
nhecimento Processos de Criação; em parceria com esse mesmo compositor, fundou a Merce Merce Cunningham, em foto de 1995.
música, dança e linguagem audio- Cena do espetáculo Xover, da Merce Cunningham Dance Company, Londres (Reino Unido), 2008.
visual, de modo a garantir o desen-
volvimento da habilidade EF69AR32 80
no trabalho com a unidade temática
Artes Integradas articulada ao ob-
Reprodução do Livro do Estudante em tamanho reduzido.
jeto de conhecimento Processos de
Criação; entre a linguagem da dança e os recursos e ferramentas cotidiano de vocês em vídeos?”; “Que ferramentas utilizam
⓿ experimentar diferentes tecnologias tecnológicos, destacando as possibilidades expressivas e para criar os vídeos?”; “Com que objetivo criam vídeos?”;
para produzir, registrar e comparti- de ampliação dos campos de atuação da arte). “Que ferramentas utilizam para compartilhar os vídeos?”;
lhar uma produção coletiva de mo- A seção Conexões procura relacionar os saberes de Ar- “O que julgam necessário para registrar uma coreografia ou
do a ampliar o repertório nas práticas te a outras áreas do conhecimento e tem como ponto de um espetáculo de dança em vídeo? Mais de uma câmera,
artísticas, para assegurar o desenvol- partida os estudos da dança e suas relações com o mun- para captar diferentes ângulos? Iluminação artificial? Edi-
vimento da habilidade EF69AR35 no do contemporâneo. Com isso, pretende-se investigar como ção dos arquivos após a captação?”; “O processo de criar
trabalho com a unidade temática Ar- uma coreografia muda se ela é pensada para vídeo ou para
a linguagem poética da dança está interligada a outra ca-
tes Integradas articulada ao objeto
racterística da contemporaneidade: os avanços tecnológi- o palco?”; “Quais foram as maiores mudanças que a inter-
de conhecimento Arte e Tecnologia.
cos, em especial das tecnologias de comunicação e infor- net trouxe para quem assiste a espetáculos de dança?”.
As dimensões do conhecimento tra- mação (TIC), como a internet. Com essas perguntas, espera-se que os estudantes de-
balhadas são: Fruição e Expressão.
Para começar, faça um levantamento dos conhecimentos monstrem relacionar as experiências que têm com criação
TCT secundário: Ciência e Tecnologia prévios dos estudantes acerca do tema. Utilize as seguin- de vídeos com o levantamento de hipóteses acerca do te-
(a seção apresenta formas de interação tes perguntas: “Vocês costumam criar ou registrar partes do ma da seção: a videodança.
80
Para Merce Cunningham, a dança é um movimento natural, sem finalidade
Atividade complementar
específica, em que não se busca um encadeamento lógico de movimentos,
mas explora os elementos fornecidos pelo acaso. O coreógrafo se contentava PESQUISA
em indicar a seus bailarinos as direções do deslocamento e os tempos de pa- Organize os estudantes em grupos de até
rada. cinco integrantes.
⓿ Para a primeira parte da atividade, peça
Essa formulação coreográfica era chamada de Event, ou a união da dança
com a vivência do instante presente. A música, que na formulação representa- aos grupos que releiam o texto e façam
Croma-key: técnica de uma lista com as três partes pelas quais
va apenas um acompanhamento sonoro, não era entendida por Cunningham efeito visual que eles mais se interessaram, ou seja, das
como algo que deveria dirigir o movimento dos bailarinos. consiste em colocar quais gostariam de saber mais. Por exem-
A partir dos anos 1960, Merce Cunningham passou a associar a dança ao ví- uma imagem sobre
plo: “Como funciona o chroma-key?”;
outra por meio da
deo em trabalhos como Story, de 1964, e Variations V, de 1966. Em Blue Studio: “Qual é o papel da música em coreo-
anulação de uma cor
Five Segments, de 1976, empregou um recurso eletrônico como ferramenta no padrão, como o verde
grafias?”; “Qual é o papel do acaso em
processo de criação, incorporando a recém-descoberta técnica do croma-key. ou o azul. coreografias?”; “De que forma um dança-
rino pode usar o acaso na hora de dan-
çar?”; “Que obras de Merce Cunningham
Reprodução/temporarysite.org
81
É muito provável que a turma tenha alguma experiência Se na escola houver um profissional responsável pelo
prévia com a criação de vídeos, em razão da facilidade de laboratório de informática e pelas atividades de formação
acesso a celulares com câmeras. Explique, então, aos estu- computacional dos estudantes, planeje com ele a reali-
dantes que nesta seção eles estudarão a videodança, for- zação das atividades propostas nesta seção. Ele poderá
ma de dança criada especificamente para vídeo e que re- acompanhar os estudantes e dar orientações, por exemplo,
quer um processo diferente daquele realizado para uma em relação ao uso dos diferentes recursos digitais, como
coreografia tradicional, considerando o enquadramento das programas para edição de imagens e som.
cenas, a edição das sequências e a veiculação dos vídeos.
Antecipe para os estudantes que vão conhecer o coreógra-
fo Merce Cunningham e seu trabalho com videodança, além
das relações entre dança e internet que se estabeleceram a
partir das inovações no modo de entender e fazer dança nos
séculos XX e XXI. Realize a leitura compartilhada do texto com
a turma e sugira a atividade complementar a seguir.
81
Podem ser usados ainda efeitos
Marcello Reprodução/atraves.tv/as-videodancas-de-analivia-cordeiro
visuais para alterar as cores, a ilumi-
Biblioteca nação e até mesmo as formas nas
WOLFF, Silvia S. Corpo imagens. O coreógrafo pode esco-
tecnológico: sobre as relações lher, por exemplo, a ordem dos mo-
entre dança, tecnologia e vimentos e os passos de dança, edi-
videodança. Revista Cena, Porto tando as imagens na sequência que
Alegre, n. 14, 2013. Disponível quiser. Um trabalho de videodança
em: https://seer.ufrgs.br/index.
é, portanto, muito mais do que uma
php/cena/issue/view/2300.
coreografia registrada em vídeo, pois
Acesso em: 4 jul. 2022. No texto,
apresenta-se breve histórico das depende também do controle que o
relações entre dança e tecnologia, artista tem sobre a captação das ce-
com ênfase na videodança. A nas e da edição das imagens.
autora discorre sobre as diferentes Observe na imagem, uma cena de
concepções de corpo presentes M 3X3, da coreógrafa e videoartista
nas danças moderna, pós-moderna
paulistana Analívia Cordeiro (1954-).
e contemporânea, colocando o Cenas de M 3X3, de Analívia
Essa obra, que é um vídeo de dança por computador, foi realizada com a utili-
corpo como mídia de informação Cordeiro, 1973.
que transforma e é transformado zação de um processo pioneiro de planejamento das câmeras.
pelo meio.
Dança e internet
A interatividade propiciada pela internet tem sido fonte de inspiração para
muitos artistas. Em 2020, com o isolamento provocado pela pandemia de
Covid-19, muitos artistas passaram a adaptar espetáculos de dança para o
modelo on-line e criar obras de videodança a fim de aproximar as pessoas e
mantê-las em contato com a arte, mesmo que de modo virtual.
Um exemplo disso é o projeto Dança comigo?, da paulistana Bruna Longo
(1979-). Em meio à pandemia, a artista convidava pessoas para que se gra-
vassem dançando e lhe enviassem os vídeos. Ao recebê-los, ela criava coreo-
grafias com as projeções dessas pessoas, interagindo virtualmente com elas.
Na tela
Visite a página
do projeto Dança
comigo?, de Bruna
Longo, para assistir
às coreografias
e conhecer o
trabalho da artista.
Disponível em:
https://brunalongo.
weebly.com/
dancacomigo.html.
Acesso em: 17 maio
2022.
82
82
A atividade tem como objetivo pro-
Criando laços mover a experimentação da videodan-
ça. Para uma avaliação de processo,
observe na sequência o que os estu-
Produção de uma videodança
dantes devem fazer para desenvolver
Agora, você vai experimentar a videodança. Para isso, leia as seguintes orientações. as habilidades trabalhadas e os res-
1 Forme um grupo com cinco ou seis colegas. Cada grupo escolherá um tema do cotidiano. Por pectivos indicadores de realização,
exemplo: refeições, hora de acordar, hora de dormir, limpeza da casa ou hora do banho. que correspondem a: “1. Não atingiu
2 Com os colegas do grupo, recorde os movimentos usados no tema cotidiano escolhido: como o esperado”; “2. Realizou a atividade
cada parte do corpo se posiciona, que área do espaço o movimento ocupa, como é a transição
satisfatoriamente”; e “3. Superou as
de um movimento para outro, como é a velocidade do movimento e como o corpo se equilibra
expectativas”.
durante o movimento, entre outros aspectos. ⓿ Elaborar uma coreografia inspirada
3 Com base nessa análise, combine com o grupo a sequência de movimentos a ser realizada. Tenha em movimentos do cotidiano e na
em mente que os movimentos recordados devem servir de inspiração para a criação de outros
transição entre eles:
movimentos e para a transição entre eles. Lembre-se também de que é preciso experimentar 1. Não compreendeu a proposta nem
vários movimentos e respeitar o jeito de cada colega se movimentar. A coreografia pode ter mo- soube como executar a atividade
vimentos simples, como andar, correr, deitar, sentar, engatinhar, saltar e girar. sem supervisão.
2. Compreendeu a proposta e usou
4 Terminada essa primeira etapa, como o grupo está produzindo uma videodança, é preciso definir os o repertório adquirido em dança
enquadramentos que serão gravados. Por isso, ao planejar a coreografia com os colegas, pense em para ajudar o grupo a elaborar a
como cada sequência será enquadrada e na iluminação do local em que cada sequência vai ocorrer. coreografia, sugerindo variações de
5 Para tanto, divida a coreografia em partes, escolhendo o melhor enquadramento para cada parte: movimentos já conhecidos.
uma pode ser filmada em plano geral, outra em plano americano, outra em close-up, e assim por 3. Compreendeu a proposta, utilizou
diante. seu repertório em dança e experi-
mentou movimentos novos, explo-
6 A câmera poderá acompanhar o movimento dos dançarinos, usando um ângulo de baixo para
rando com segurança as áreas e
cima ou de cima para baixo, etc.
os fatores do movimento, para criar
7 Outro aspecto a ser considerado é a cor do vídeo: ele pode ser colorido, preto e branco ou ter uma coreografia autoral.
outros recursos de cor. ⓿ Criar a videodança:
8 A organização da sequência de movimentos, os enquadramentos, o acompanhamento de câmera 1. Não compreendeu a proposta,
e as cores de cada cena devem ser registrados por um dos integrantes do grupo. portanto, tampouco contribuiu
9 Se quiser, o grupo pode selecionar uma música para acompanhar a coreografia. Pode escolher com ideias para a composição do
ainda objetos de cena para usar na apresentação. grupo.
2. Compreendeu a proposta e utili-
10 Procure ensaiar bastante com os colegas, aproveitando todo o processo de preparação da video-
zou de repertório sobre videodança
dança, que é tão importante quanto o resultado.
para propor enquadramentos, edi-
11 Combine com o professor e os colegas uma data para a apresentação das videodanças. Não se ções e outros aspectos para criar a
esqueça de convidar a plateia para participar do espetáculo. produção do grupo.
12 As imagens de sua videodança podem ser captadas com uma câmera digital ou com um celular 3. Compreendeu a proposta, retomou
com câmera. Com a ajuda de um programa de edição de imagens, o grupo vai finalizar o trabalho conhecimentos de seu repertório
no computador. e propôs ideias de enquadramen-
tos, iluminação, trilha sonora, pla-
nos e edições de forma coerente
Para concluir com a ideia inicial do grupo e sem
supervisão.
Em uma roda de conversa, troque ideias com os colegas e o professor sobre o processo e o resultado de
sua produção. Guarde uma cópia do vídeo produzido pelo grupo no portfólio e, se possível, publique-o em
um blog ou na rede social da escola.
83
Para a atividade proposta no boxe Criando laços, orga- Combine com a turma o cronograma de trabalho: o nú-
nize a turma em grupos de cinco ou seis integrantes. Apre- mero de aulas necessárias para os ensaios, a data da apre-
sente a eles a atividade e retome os saberes estudados no sentação e o número de aulas necessárias para a edição e
decorrer da seção. Explique que os artistas que acabaram a finalização do vídeo.
de conhecer podem servir futuramente para seus proces-
Se possível, promova a atividade com o auxílio do profes-
sos criativos.
sor de Informática Educativa da escola a fim de que os es-
Peça a cada grupo que defina o tema escolhido e o in-
tudantes possam manipular softwares de edição de vídeos
tegrante que será responsável pela captação das imagens
em vídeo, pela edição e pela dança. e experimentar diversos modos de apresentá-los.
Permita que os grupos tenham tempo para discutir en- Depois que os vídeos estiverem prontos, instigue e auxi-
tre si e entrar em acordo sobre o tema, as funções de ca- lie os estudantes a compartilhá-los em um blog da turma
da um deles e os elementos que farão parte da videodan- ou da escola ou criar um canal em uma plataforma de com-
ça, como música, figurino e espaço cênico. partilhamento de vídeos na internet.
83
BNCC no capítulo
Na seção Fazendo arte, os objetivos
de aprendizagem são:
Fazendo arte
⓿ realizar experimentações que explo-
ram os diferentes elementos consti- Neste capítulo, você conheceu o trabalho da Eduardo Severino Cia. de Dança e sua proposta de criar
tutivos da dança e do movimento co- espetáculos e intervenções de dança relacionados com os problemas ambientais. Explorou também al-
tidiano para a criação da intervenção guns aspectos do movimento corporal em relação aos efeitos de sentido que provocam. Agora, vamos
proposta na atividade, a fim de mo- pôr em prática todos esses conhecimentos em uma intervenção urbana de dança? Leia as orientações.
bilizar a habilidade EF69AR10 no tra-
balho com a unidade temática Dança Etapa 1
articulada ao objeto de conhecimen-
to Elementos da Linguagem; Criação da companhia de dança e divisão de tarefas
⓿ explorar o ritmo, a fluência, o deslo-
1 Forme um grupo com no mínimo quatro e no máximo seis integrantes para planejar sua intervenção.
camento no espaço e a integração
corporal na realização de composi- 2 Uma companhia de dança tem de ser organizada. Como há muitos detalhes a serem trabalhados, as
ção coreográfica, de modo a assegu- funções precisam ser divididas. Informe-se sobre as funções de alguns profissionais envolvidos em
rar o desenvolvimento da habilidade uma companhia de dança.
EF69AR11 no trabalho com a unida-
de temática Dança articulada ao ob- ⓿ Diretor artístico: responsável por pensar na
Alexandre Meneghini/Reuters/Fotoarena
jeto de conhecimento Elementos da montagem das cenas e na interpretação dos
Linguagem; dançarinos. Para que o diretor organize seu tra-
⓿ participar, de forma colaborativa, de balho e defina como a dança será realizada e
práticas de improvisação corporal encenada, é preciso que o grupo discuta com
como estratégia para o processo ele suas ideias, pretensões e sugestões para a
criativo coreográfico, a fim de garan- coreografia ou improvisação. Assim, o diretor
tir o desenvolvimento da habilidade precisa estar atento a tudo o que acontece e
EF69AR12 no trabalho com a uni-
conversar frequentemente com todos os mem-
dade temática Dança articulada ao
objeto de conhecimento Processos bros do grupo para que o trabalho seja coeren-
de Criação; te e seja um reflexo da criação coletiva.
⓿ participar, de forma colaborativa, de ⓿ Dançarinos: todos os participantes do grupo
procedimentos de pesquisa, sele- que quiserem podem dançar, mesmo os que já
ção de material, concepção artística O britânico Christopher Bruce (1945-) observa o trabalho
tenham outra função no grupo. O importante dos dançarinos do estúdio de dança Carlos Acosta, Havana
e confecção de elementos cênicos é que se sintam à vontade para isso, começan- (Cuba), 2018.
para a coreografia (como figurino, do por compreender que qualquer pessoa pode
cenário, adereços e iluminação), de
dançar, independentemente de ter característi-
84
⓿ Figurinistas: são aqueles que cuidam da es- Para que cada grupo escolha o te-
85
Durante a produção da intervenção, Etapa 4
na Etapa 4, acompanhe cada um dos
temas parecidos aos escolhidos pelos 2 O grupo deve estipular um prazo para
grupos, para que possam ampliar o re- a escolha e produção dos elementos
pertório e inspirar a produção. necessários e para a resolução de ou-
Definida a data da apresentação, tros detalhes da intervenção.
combine previamente com o respon-
sável pela escola o uso do espaço e Etapa 5
convide as outras turmas para assistir e
participar do espetáculo. Lembre-se de Ensaios
registrar as apresentações, ou auxiliar Durante os ensaios, os dançarinos não precisam de música, usando apenas a expressão corporal como
os estudantes nessa tarefa, e instruí-los forma de acentuar os sentimentos e as emoções do tema escolhido. Veja algumas dicas para a realização
a guardar esse registro no portfólio. dos ensaios.
Na Etapa 8, estimule os estudantes ⓿ Combine com os colegas de grupo códigos para o início e o fim da performance e mantenha-se
a compartilhar as experiências que ti- conectado com eles pelo olhar.
veram, do que mais gostaram de fazer, ⓿ Durante os ensaios, experimentando movimentos diferentes, você terá a chance de se surpreender
quais foram suas maiores dificuldades,
consigo mesmo e de apresentar boas composições para quem estiver assistindo.
se o resultado do processo ficou como
imaginavam e se consideram que con- ⓿ Mantenha-se concentrado na intenção, pois é ela quem rege a dança. É preciso ter atitude para
seguiram transmitir as ideias do grupo. demonstrar, por meio do corpo, as ações, as formas, o pensamento e o sentimento mais forte para
volvimento do pensamento computa- ⓿ Se, no planejamento da estrutura coreográfica, o grupo não previu todos os movimentos da dança,
cional, propondo a retomada e a sis- não há problema. É possível executar as ideias que já foram pensadas e continuar a desenvolver na
tematização das etapas anteriores em prática a coreografia, pois, na dança, o corpo em movimento junto das ideias indicam melhores ca-
um relatório. Nesse contexto, por apre- minhos que as ideias preconcebidas isoladamente.
sentar um desafio, a proposta de pro-
dução é definida como um problema Etapa 6
a ser trabalhado pelos estudantes e
Apresentação
suas etapas de produção constituem
uma metodologia para resolver o pro- Com os colegas e sob a orientação do professor, escolha uma data para a intervenção. Avise os fami-
blema. Assim, o relatório deve apresen- liares e a comunidade escolar sobre a apresentação antecipadamente, mas deixe um elemento surpresa
tar as pesquisas, as discussões sobre a fazer parte dela, então, não revele o tema da intervenção de seu grupo.
temática do trabalho e as experimen-
tações artísticas realizadas no decorrer Etapa 7
do processo, identificando como cada Registro
uma delas se relaciona à produção fi-
Durante o evento, procure registrar a reação do público diante da intervenção, ou peça a um colega
nal. O objetivo é que, a partir da análi-
se de cada parte do processo de pro- que não pertença ao grupo que execute essa tarefa. Para tanto, pode-se usar uma câmera digital ou um
dução, os estudantes elaborem uma celular com câmera. Depois, sob a orientação do professor, basta transferir o material captado para um
síntese do trabalho. repositório digital e arquivar uma cópia no portfólio. Além disso, o grupo pode editar o vídeo e publicá-lo
A atividade tem como objetivo pro- em um blog ou rede social da escola ou da turma.
86
Etapa 8 cendo as estratégias de construção
e exploração do movimento e suas
Troca de ideias propriedades?
⓿ Os estudantes avaliam os resulta-
Depois de todas as apresentações, forme uma roda com a turma para conversar sobre a produção.
Use estas questões iniciar o bate-papo. dos de suas pesquisas e experimen-
⓿ O que você achou da experiência de planejar uma intervenção de dança?
tações e os comparam com as dife-
rentes formas da dança, em busca
⓿ Gostou do resultado da produção de seu grupo? E do processo de planejamento?
de soluções para expressar ideias e
⓿ As intervenções impressionaram o público? Por quê? Respostas pessoais. sentimentos?
⓿ Os estudantes identificam relações
Etapa 9 entre o movimento dançado e os mo-
Retomada vimentos cotidianos, percebendo co-
mo podem ser incorporados em suas
Em uma folha à parte, faça um relatório organizado em tópicos, registrando todas as etapas vivencia-
experimentações e criações?
das na atividade, para arquivar no portfólio.
⓿ Os estudantes estabelecem relações
⓿ a dança-teatro é uma forma de expressão artística na qual a dança se integra ao teatro, por meio de gestos
e movimentos expressivos;
⓿ a dança e a tecnologia podem se unir na videodança e em experimentações usando a internet.
87
No trabalho com o boxe Fio da meada, antes que os es- caderno. Em seguida, auxilie-os na elaboração dos textos
tudantes produzam suas reflexões individuais, peça a eles individuais, que devem ser arquivados no portfólio.
que se reúnam em pequenos grupos. Você pode propor uma Como forma de acompanhar as aprendizagens dos estu-
divisão buscando agrupar estudantes que tenham se rela- dantes, retome com a turma as habilidades trabalhadas e
cionado de maneira diferente com os saberes apresenta- os temas do capítulo, analisando o portfólio e a participa-
dos e que possam contribuir com diversas visões para a re- ção em sala com base nos seguintes critérios observáveis:
flexão coletiva. ⓿ Os estudantes reconhecem e distinguem os elementos
Leia as questões apresentadas no Livro do Estudan-
da dança estudados nas apreciações?
te com a turma e proponha a cada grupo que as discuta
⓿ Os estudantes experimentam e utilizam elementos cons-
separadamente, sempre se apoiando nas anotações e no
portfólio. Após as conversas, solicite a um ou dois integran- titutivos da dança em suas produções de maneira cons-
tes de cada grupo que compartilhem as reflexões com a ciente, ampliando e mobilizando o repertório corporal?
⓿ Os estudantes analisam o uso dos elementos da dan-
turma. Nesse processo, sistematize as contribuições de to-
dos na lousa e solicite que anotem os principais pontos no ça em suas produções e refletem sobre eles, reconhe-
87
BNCC na unidade
Na introdução do Unindo as pontas,
os objetivos de aprendizagem são:
Unindo as pontas
⓿ relacionar as práticas artísticas do gru-
88
Quando se pensa sobre o futuro da vida na Terra, em geral, há aspectos
defesa do ambiente, construindo
uma nova área de exploração edu-
preocupantes, como a degradação do meio ambiente, as mudanças climáticas,
cativa, a “educação artística ambien-
a produção desenfreada de lixo e a grande mancha urbana que está unificando
tal”, como é descrito por Ulbricht
o planeta, entre outros tantos.
mencionado pelas autoras:
Esses problemas causam angústia e, muitas vezes, parecem não ter solução.
Entretanto, se todos nos unirmos em busca de mudança, poderemos encontrar “Ulbricht (1998), estabelecendo co-
alternativas para melhorar as condições de vida na Terra. Entre outras diversas
nexões entre a arte, o ambiente e
a educação, refere ‘educação artís-
maneiras de amenizar os problemas ambientais, podemos realizar a coleta se-
tica ambiental’ (environmental art
letiva de lixo, utilizar menos o automóvel e mais o transporte coletivo ou a bici-
education) como um processo de
cleta, evitar o desperdício de materiais industrializados no cotidiano e reutilizar
consciencialização pós-modernis-
objetos que seriam descartados. ta do ambiente social e construí-
Planejar coletivamente o futuro, com cuidado e atenção, possibilita um ama- do, é responsável pela modificação
nhã melhor para todos. Afinal, as ações de uma pessoa, somadas às de várias da percepção visual e do conceito
outras, podem mudar o que vem pela frente. de apreciação, elementar na con-
Conheça, então, o trabalho de Joseph Beuys (1921-1986), um artista que pen- dução dos alunos a estabelecerem
sava sobre esse tema já em meados do século XX. Para começar, observe a relações entre o ambiente e a edu-
imagem. cação artística.” (ANTUNES, A. M.
et al., 2011, p. 369).
GREGÓRIO, Luciana.
Plight, de Joseph Beuys, 1985 (feltro, lã, madeira envernizada, metal, madeira pintada, vidro, mercúrio, 310 cm × 890 cm × 1 813 cm).
A foto mostra a obra exposta em Paris (França).
89
89
BNCC na unidade Mais perto
Na seção Mais perto, os objetivos de
aprendizagem são:
⓿ conhecer algumas obras do artista
A arte de Joseph Beuys
em foco para analisar diferentes Criada pelo artista alemão Joseph Beuys em 1985, a instalação Plight, cujo
formas de expressão artística, co- nome remete ao som quase silencioso de uma nota musical, era composta de
mo ações e esculturas sociais, para uma sala forrada com rolos de feltro – que iam do chão ao teto – e de um piano,
ampliar repertório sobre as práticas ao centro. Sobre o piano havia um termômetro e uma lousa rachada com pau-
das artes visuais, de modo a assegu- tas musicais escritas com giz.
rar o desenvolvimento da habilidade A abundância do feltro sufocava as reverberações do piano, criando assim Paradoxo:
EF69AR05 no trabalho com a uni- pensamento ou
um paradoxo: um instrumento musical foi colocado em um local em que não era
dade temática Artes Visuais articu- argumento que
possível ouvi-lo plenamente. contraria os princípios
lada ao objeto de conhecimento Ma-
terialidades; O termômetro e a lousa rachada simbolizavam respectivamente o calor do que costumam
feltro e a sociedade, que na opinião do artista está doente, mas ainda tem tem- orientar o pensamento
⓿ identificar as temáticas sociais e am-
humano ou desafia a
bientais tratadas pelo artista em foco po e potencial para se reinventar.
opinião compartilhada
em suas obras, contextualizando-as Para conseguir ter acesso a esse ambiente, os visitantes tinham de passar pela maioria.
no tempo e no espaço, de manei- por uma entrada que os obrigava a se curvar. Ao chegar à sala, encontravam um
ra a reconhecer relações entre sua instrumento musical repleto de potencialidade sonora instalado em um local
produção artística e as diferentes di- que não permitia reverberações.
mensões da vida social e política,
a fim de garantir o desenvolvimen-
© Joseph Beuys/AUTVIS, Brasil, 2022.
Philippe Migeat/RMN-Grand Palais/Centro Pompidou, Paris, França.
90
Joseph Beuys escolhia os materiais de suas obras de forma muito criteriosa, Ao realizar a leitura do texto, analise
pois era importante o que simbolizavam para ele. O feltro, por exemplo, era um
com a turma os mecanismos de cria-
material carregado de sentido.
ção e transformação da arte que Joseph
O artista conta que, quando jovem, foi convocado para a Segunda Guerra
Beuys utiliza para afirmar a integração
Tártaro: grupo
Mundial, tornando-se piloto de avião. No inverno de 1943, seu avião caiu na
da arte com a vida. Destaque nas con-
étnico de origem
Crimeia, uma província localizada no sul da Ucrânia, deixando-o ferido e incons- turca que pratica o
versas e reflexões com os estudantes os
ciente durante alguns dias. Depois do acidente, foi salvo por tártaros nômades, nomadismo, ou seja, processos pelos quais o artista constrói
não tem um território suas obras como elementos de comu-
que o trataram com ervas, esfregaram gordura animal em seu corpo e usaram fixo. Atualmente, a nicação e transformação da sociedade.
feltro para mantê-lo aquecido. Ele conta que esse acontecimento mudou sua maioria dos tártaros
vida e que passou a utilizar feltro e gordura como materiais de grande parte de vive na Rússia. Após a leitura do texto da seção, pro-
sua obra, pois simbolizavam seu sofrimento.
mova uma conversa sobre as impres-
Observe o uso do feltro em outra
sões da turma em relação ao artista e
às obras.
(Estados Unidos).
o artista, como sua visão sobre o que é
arte, a relação de suas obras com ques-
tões ambientais, etc.
⓿ Em seguida, peça aos estudantes que
se organizem em grupos de até quatro
integrantes, tendo como critério os inte-
resses de cada um deles sobre o tema
de pesquisa. Com os grupos montados,
combine com a turma o tempo necessá-
rio à pesquisa e a data de apresentação
dos seminários.
⓿ Durante a pesquisa, acompanhe o tra-
balho e oriente os grupos, auxiliando-os
com o que for necessário e sanando as
eventuais dúvidas.
⓿ Para a organização das informações cole-
Das Rudel [O pacote], de Joseph Beuys, 1969 (automóvel fabricado em 1961 e 24 trenós, cada um tadas e de produção do seminário, oriente
equipado com gordura, cobertor de feltro, cintos e lanterna, 200 cm × 400 cm × 1 000 cm). A foto os grupos a reunir imagens para comple-
mostra a obra exposta na Neue Galerie, em Kassel (Alemanha), 2011. mentar as informações escritas.
⓿ Após as apresentações, faça uma roda
91 de conversa para que os estudantes ma-
nifestem suas impressões a respeito do
que foi apresentado. Conduza a conver-
sa estimulando-os a reconhecer que,
embora o artista tenha tido uma extensa
e diversificada produção, seu processo
criativo seguiu uma linha coesa, que, por
causa de seu conceito ampliado de arte,
fez parte de outros âmbitos da vida.
91
Durante o trabalho com esta dupla Joseph Beuys acreditava que a arte é capaz de despertar a sociedade para
Em artes visuais, Escultura
de páginas, peça aos estudantes que a transformação social e, por pensar assim, escolheu trabalhar também na área Monumental é uma
observem as imagens e leiam as legen- da educação. Ele foi professor de Escultura Monumental e, no início da década disciplina que aborda as
das. Após esse primeiro contato, faça a de 1970, criou a Universidade Livre Internacional e de Pesquisas Interdiscipli- técnicas e a história das
leitura das obras de arte apresentadas, esculturas de grande porte.
nares, local em que colocou em prática a proposta de que todos são artistas.
questionando a turma a respeito das Beuys não descartava a existência e a importância de especialistas em determi-
escolhas do artista do ponto de vista nadas áreas artísticas, mas rejeitava o princípio de um conhecimento que fosse
da materialidade, da forma e das temá- exclusivo deles. Visitação
ticas trabalhadas. Em 1982, o artista passou a agir politicamente de forma mais direta, ade-
Incentive os estudantes a comparar Em sua cidade há
rindo ao programa e à campanha eleitoral de um partido ambientalista. Dessa
essas obras com as já estudadas do ar- alguma universidade
forma, começou a dar conferências e entrevistas e a promover discussões e livre? Caso exista,
tista para que encontrem semelhanças e seminários com esse tema. não deixe de visitá-la,
diferenças e verifique se percebem como A política ambiental ocupou também um lugar de destaque entre seus te- principalmente na
o artista, por meio de suas obras, pro- companhia do professor
mas de interesse. Por meio de cartazes com slogans como “A revolução somos
voca reflexões sobre o conceito de ar- e dos colegas.
nós” e “Arte = Criatividade = Liberdade humana”, criou ações em que divulgava
te. Esse exercício vai ajudá-los a levantar os ideais de seu partido político.
hipóteses e discutir assuntos que serão
trabalhados nas páginas seguintes. Joseph Beuys
Claus-Dieter Schmidt/Associated Press/Imageplus
92
Observe outros exemplos de múltiplos criados por Joseph Beuys.
o animal encarnava forças espiri-
tuais. Era estabelecer uma espécie
Bateria capri, de Joseph Beuys,
de relação entre seres integrantes de
© Joseph Beuys/AUTVIS, Brasil, 2022.
Sven Hoppe/dpa/Alamy/Fotoarena
93
Nesta dupla de páginas os estudan- Para Joseph Beuys, a arte deve fazer parte da vida das pessoas, e não ser apenas exposta em museus.
tes vão conhecer os conceitos de es- Por isso, ele chamava suas obras de ações artísticas, transformando sua intenção artística em atitudes que
cultura social e arte ampliada, criados pudessem alterar a realidade que se apresenta.
por Joseph Beuys. Se achar interessan- Além disso, acreditava que a arte pode mostrar às pessoas que cada indivíduo é capaz de criar e usar
te, organize a turma em pequenos gru- seu potencial para moldar a sociedade em que vive. Para esse artista, o conceito de escultura não se restrin-
pos para uma leitura silenciosa. Depois, ge a um objeto, mas se estende pela organização social, compreendendo cultura, política e educação, áreas
oriente-os a dialogar sobre o que enten- que podem ser moldadas pelo pensamento e pelas ações humanas, e, portanto, são esculturas sociais.
deram e a formular questões para se-
Segundo o próprio artista, os materiais empregados para produzir suas esculturas eram metáforas, ou
rem debatidas em conjunto.
seja, elementos que expressam significados diferentes daqueles comumente atribuídos a esses objetos.
A reflexão sobre as temáticas so- Nesse sentido, os materiais de suas obras serviam para expressar o pensamento e a emoção do artista com
ciais e ambientais tratadas por Joseph relação aos problemas sociais. Por isso, ele os escolhia com cuidado e de forma planejada.
Beuys, assim como o conceito de es- A partir dessas ideias, desenvolveu a Teoria da Escultura Social, que afirma que, assim como se esculpe
cultura social, além das ações integra- a matéria, é preciso esculpir a sociedade. Ele acreditava que a criatividade de cada cidadão pode ajudar a
doras e da mobilização do público pro- criar uma nova ordem social, que chamava de “sociedade do futuro”, uma nova sociedade para o desenvol-
movidas pelo artista em defesa do meio vimento da criatividade humana.
ambiente, destacam o caráter social e
Esse artista falava também em arte ampliada, que, segundo ele, é uma forma de cura capaz de resgatar
político da arte engajada em ações co-
a criatividade humana e propor a tomada de consciência de si e dos problemas ao redor para que, pouco a
letivas que tratam da cidadania, dos di-
pouco, a sociedade se transforme.
reitos e deveres na sociedade.
Um grande exemplo de escultura social e de arte ampliada é sua ação artística e política intitulada 7 000
É importante mediar a leitura das Eichen [7 000 carvalhos]. Para realizá-la, Beuys espalhou 7 mil pedras de basalto em Kassel, na Alemanha,
imagens, fazendo perguntas como: “O durante a sétima edição da Documenta, uma famosa exposição de arte que ocorre de cinco em cinco anos
que vocês veem nas imagens?”; “Como nessa cidade.
vocês descreveriam os locais registra- Quando iniciou a ação, em 1982, propôs ao público que plantasse 7 mil árvores ao lado das pedras. Apesar
dos nessas imagens?”; “O que as pes- de a ação ter esse nome, as árvores escolhidas pelo artista eram de diversos tipos, e não apenas carvalhos.
soas estão fazendo?”; “Que sensações
De acordo com ele, as árvores são uma espécie de escultura e podem ser consideradas símbolos de nosso
essas imagens causam?”; “O que vo-
planeta, além de ser elementos regeneradores, que carregam o conceito de tempo. O basalto, por sua vez, é
cês sentiriam se estivessem participan-
um símbolo daquilo que se cristaliza, ou seja, é um símbolo daquilo que se mantém igual por muito tempo.
do dessa ação?”; “Vocês consideram o
A ação pode ser vista até hoje nas ruas de Kassel e em outras cidades do mundo onde foi realizada,
ato de plantar árvores uma ação artís-
como em Nova York. Ela faz parte das propostas ambientais de Joseph Beuys, que trouxe a arte para a vida
tica? Por quê?”.
e uniu criatividade e política. Pensamento, linguagem, materiais e ações cotidianas eram considerados por
Estimule a turma a elaborar hipóte- ele aspectos característicos do processo de modelar ou esculpir uma sociedade melhor.
ses sobre as escolhas feitas pelo ar- Todo o trabalho do artista orientou-se pela busca da valorização humana por meio da arte, algo que
tista ao utilizar determinados objetos todos somos capazes de fazer.
e materiais. No texto, há a explicação
de que esses objetos e materiais são
© Joseph Beuys/AUTVIS, Brasil, 2022.
Niklaus Stauss/AKG Images/Album/Fotoarena
94
dadaísta, esses artistas são considera-
Niklaus Stauss/akg-images/Album/Fotoarena
dos pioneiros da arte contemporânea.
Apresentavam-se nos grandes centros
urbanos nas décadas de 1960 e 1970
pregando a negação da obra de arte
como um objeto raro e valioso, que de-
veria ficar exposto em um museu. Para
eles, a arte tinha de estar nas ruas,
nas ações e na interação com o públi-
co. Por isso, trabalhavam principalmen-
te com intervenções, performances e
happenings.
Assim como outros manifestos artís-
ticos, o Fluxus buscava contrapor suas
ideias às tradições vigentes na arte na
Europa do século XX, com uma severa
crítica social e um ataque aos costumes
burgueses. Quando Maciunas, líder do
grupo, morreu em 1978, o grupo Fluxus
chegou ao fim. Contudo, apesar de se-
guirem caminhos diferentes, os artistas
Joseph Beuys em frente às pedras de basalto que fizeram parte da ação em Kassel (Alemanha), 1982. do movimento continuaram ativos.
Sobre o artista
Joseph Beuys nasceu na Alemanha, em 1921. Desde a infância mostrou in-
teresse pelas artes e pela ciência, escolhendo a carreira de médico na juventu-
de. Em 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, entrou para o serviço militar,
em que exerceu a função de piloto de combate. Depois de retornar da guerra,
abandonou a medicina para se dedicar à arte.
Esse artista chamava suas instalações, esculturas e performan-
95
Para trabalhar o tópico Sobre o artista com os estudan- performance, pois ela é um dos grandes marcos da ar-
tes, tenha em mente que, para Joseph Beuys, a arte deve te contemporânea.
transcender os museus e ocupar as ruas, pois ela tem o po- Comente com os estudantes que Beuys fez parte do Gru-
der de transformar a sociedade, de comunicar pensamen- po Fluxus, um movimento artístico que tinha entre seus ob-
tos por meio da ação do corpo e das palavras. jetivos se opor à visão de arte como mercadoria, restrita às
O artista ficou conhecido por suas ações, entre elas galerias e ao individualismo. Além disso, os artistas que fa-
Como explicar quadros a uma lebre morta. Em 1965, ziam parte desse movimento trabalhavam com várias lin-
em uma performance, calçando amplos sapatos com so- guagens, principalmente as artes visuais e audiovisuais –
las de feltro e cobre e com a face coberta de mel e ou- muitas vezes ao mesmo tempo.
ro em pó, o artista embalou uma lebre morta em seus Fluxus, palavra originada do latim flux, significa “modifi-
braços, explicando-lhe, durante três horas, em uma lín- cação, escoamento, transformação”.
gua ininteligível, o que é arte. Para ele, mais do que ex- Em 1963, esse grupo escreveu um manifesto com frases
plicar arte para os outros, era preciso libertar a criativida- provocadoras, como “destruam os museus de arte” ou “des-
de das pessoas. É importante ressaltar a relevância dessa truam a cultura séria”, entre outras. Com forte inspiração
95
BNCC na unidade
Na seção Puxando outros fios, os
objetivos de aprendizagem são:
Puxando outros fios Prática de
pesquisa
Rawpixel.com/Shutterstock
tica de pesquisa e análise. A proposta
no), da seguinte maneira: TINHORÃO, J. R. Pequena história da
da seção gira em torno do desenvolvi-
⓿ autor; música popular segundo seus gêneros.
mento do pensamento e do fazer cien- São Paulo: Editora 34, 2013.
tífico como maneiras de compreender ⓿ título do livro ou artigo;
e utilizar diferentes linguagens em fun- ⓿ local de publicação; • Obra em que se abordam os
ção da compreensão do mundo em que diferentes gêneros musicais
⓿ ano de publicação; presentes na cultura brasileira.
vivemos.
⓿ editora ou instituição que publicou; • Oferece um estudo sintético das
Espera-se que os estudantes conhe- origens de nossos movimentos
çam e explorem o gênero textual ficha- ⓿ número do volume (se houver). musicais, desde a modinha e o lundu
(século XVII) até a lambada (década
mento e seus procedimentos, rela- 5 Em seguida, registre as informações mais rele-
de 1990).
cionando-os ao método científico. A vantes do texto de maneira sintética – de pre-
produção final dessa pesquisa será ferência, em tópicos.
construída por meio de atividades de
Exemplo de fichamento.
investigação individuais e em grupo, se-
guindo etapas bem estruturadas: defi-
nição do problema de pesquisa, con- 96
textualização, justificativa, seleção e
aprofundamento em uma metodolo- Reprodução do Livro do Estudante em tamanho reduzido.
gia científica específica, técnicas de re- no decorrer e no final do trabalho. Discuta coletivamen- Recorde que um fichamento apresenta de maneira sinté-
visão e análise e sistematização de re- te as anotações e desenhe na lousa uma tabela com du- tica, por tópicos, as ideias principais de um texto. Trata-se de
sultados, conclusões e redação final. as colunas. Na primeira, liste os itens apresentados como um gênero discursivo muito utilizado no campo de estudos
Propõe-se a interlocução com pro- parte do fazer científico – por exemplo, áreas de interes- e pesquisa por permitir que o pesquisador retome seus es-
fessores de Ciências Humanas e da Na- se da ciência – e, na segunda, anote as hipóteses levan- tudos de maneira rápida e objetiva ao consultar o material.
tureza para garantir o acesso ao méto- tadas na atividade diagnóstica. Solicite aos estudantes Para fazer o fichamento, oriente a turma a registrar a re-
do científico em mais de uma disciplina. que copiem a tabela e crie uma versão maior para afixar ferência do documento lido e, logo abaixo dela, em forma
O trabalho pode ser iniciado com na sala de aula. de tópicos, as informações mais relevantes do texto, da ma-
uma avaliação diagnóstica. Organize Divida os estudantes em grupos e convide-os a refletir neira mais sintética possível. Esclareça que esses registros
os estudantes em grupo e peça que sobre a questão proposta para a pesquisa: “Quem fala so- podem ser de três tipos:
⓿ as principais ideias do autor (que podem ser resumidas
listem tudo o que sabem sobre ciên- bre arte ampliada? Por quê?”. Circule entre os grupos para
cia e o trabalho de cientistas. Depois, apoiar as discussões. Depois de algum tempo, solicite a um por meio de paráfrases);
guarde as anotações para compará- estudante de cada grupo que compartilhe as principais ob- ⓿ trechos importantes (reproduzidos entre aspas e segui-
-las com registros que serão realizados servações discutidas no grupo com a turma. dos do número da página em que se encontram);
96
geral, o objetivo do resumo é concen-
6 No fichamento bibliográfico, além da descrição da referência, é recomendável fazer um co-
trar as principais ideias e informações
mentário crítico sobre a informação selecionada, que vai dirigir o olhar do futuro pesquisa-
para possibilitar que, em uma leitura rá-
dor que consultar o trabalho para o que vai encontrar na obra referenciada.
pida, se verifique se o texto resumido é
de interesse.
Etapa 2 Antes de produzir o resumo, oriente
a turma a se aprofundar na leitura dos
Resumo e análise
textos-fonte, retomando seus fichamen-
1 Na sequência, faça um resumo de sua revisão bibliográfica, que deve trazer informações so- tos. Prepare um roteiro de leitura para
bre quem pesquisa Joseph Beuys e arte ampliada e que aspectos esse pesquisador aborda guiar a elaboração do resumo que in-
sobre o tema. Para isso, você vai precisar retomar os fichamentos realizados e resumir cada
clua perguntas sobre o tema central dos
textos, as ideias defendidas por eles, as
um deles.
etapas percorridas em sua construção e
2 Lembre-se de fazer a revisão textual do resumo elaborado. Uma alternativa eficiente é pedir as conclusões que propõem.
a um colega de grupo para realizar essa revisão. Explique aos estudantes que, para a
construção do resumo, as respostas a
Etapa 3 essas perguntas devem ser formuladas
de maneira objetiva e sucinta, mas com
Compartilhamento e roda de conversa conexão entre elas. O resumo não é es-
truturado em tópicos, como o relatório,
1 Para compartilhar os resumos, o grupo deve eleger um porta-voz, que vai apresentar as
mas em texto corrido, de forma que vai
conclusões para a turma.
exigir articulação entre as ideias. Orien-
2 Enquanto o porta-voz se apresenta, o professor vai fazer um registro na lousa com as ideias te a turma a escrever a primeira ver-
principais. são e trocá-la com seus pares para que
3 Copie o registro de cada um dos grupos e arquive no portfólio.
eles possam fazer críticas e sugestões
quanto à clareza, à objetividade e à fi-
4 Uma vez concluída a apresentação dos grupos, converse com os colegas e o professor sobre delidade das ideias do resumo ao tex-
a importância de Joseph Beuys e sobre os estudiosos que pesquisam o trabalho dele. to original.
5 Aproveite esse momento para analisar os diversos pontos de vista apresentados, expondo Produzir um vídeo é um exercício de
suas opiniões de modo respeitoso e buscando consensos construtivos. síntese de ideias e informações. Assim,
é preciso definir com antecedência os
6 Durante a conversa, obedeça aos turnos de fala e ouça atentamente os colegas.
pontos que serão apresentados no tem-
7 Terminada a discussão, crie um mapa mental em que constem os principais tópicos discuti- po de duração do vídeo, o que deman-
dos e guarde-o no portfólio. Lembre-se de que um mapa mental traz basicamente informa- da fazer um roteiro criterioso do que
ções visuais, organizadas com o auxílio de formas e cores. Nele, apontam-se, com destaque cabe nesse tempo. Além disso, os estu-
gráfico, as ideias fundamentais de um tema e, por meio de conexões visuais, apresentam-se dantes precisam ser auxiliados no uso
as ideias secundárias. crítico de ferramentas de edição de ví-
deo, para cortar trechos, adicionar fai-
xas de áudio, estabelecer fade in ou
Etapa 4 fade out, etc., atividades que a maioria
Divulgação da pesquisa dos jovens está habituada a fazer, mas
que podem ganhar sofisticação à medi-
1 Com base nos registros produzidos até aqui, grave com os colegas um vídeo ou áudio da da que trazemos referências do cinema
conclusão do grupo sobre a pesquisa (se o grupo preferir, é possível também registrá-la por e da animação.
escrito). Lembre-se de que a conclusão deverá trazer todos os tópicos que foram debatidos Por articular linguagens verbal, mu-
com a turma. sical e audiovisual, muitas vezes é ne-
2 Para que colegas de outras turmas tenham acesso ao trabalho realizado, publique o registro cessário fazer ainda um storyboard,
da conclusão no blog ou em uma rede social da escola e guarde uma cópia dele no portfólio.
que ajude a organizar as imagens que
serão usadas e estabelecer quando
elas serão usadas. Por isso, inicie essa
97
parte da atividade com brainstormings
ou exercícios de visualização e de de-
limitação, para definir as técnicas usa-
⓿ comentários críticos relacionados ao sentido que aque- conceito ou compilar os resultados de uma pesquisa, o fi- das, os recursos e aplicativos disponí-
las ideias ganham de acordo com o repertório de conhe- chamento pode adquirir um caráter mais sintético. veis, etc.
cimentos e os objetivos de pesquisa de quem lê. Sugere-se a discussão com os estudantes sobre a ne- Vale ressaltar que os jovens costu-
Vale lembrar que um mesmo texto pode ser fichado de cessidade de utilizar fontes seguras de pesquisa. Apresen- mam ter contato com aplicativos que
maneiras diferentes, de acordo com as intenções de cada te algumas ferramentas de busca e, com os estudantes, podem ajudar na produção dos vídeos,
leitor. Em um artigo ou livro, o que é relevante para um pes- compare fontes confiáveis e não confiáveis para que eles desde que se discuta a questão dos di-
quisador de determinado tema pode não ser relevante para consigam depois, autonomamente, selecionar seu referen- reitos de uso de imagem e as eventuais
outro. O ponto fundamental é que sejam destacados no fi- cial teórico. controvérsias em relação ao uso de da-
chamento os aspectos de maior utilidade, conforme as fina- Após a coleta de dados, proponha aos estudantes a sis- dos de usuário.
lidades preestabelecidas. Se a ideia é produzir uma resenha tematização das informações apuradas. Na roda de conversa, estimule os es-
crítica a ser compartilhada com membros da comunidade Recorde que o resumo, um gênero discursivo que circu- tudantes a comentar os procedimentos
local, é preciso que o fichamento seja o mais abrangente la tanto no campo de estudos e pesquisa como no cam- usados e, por fim, oriente-os a selecio-
possível, incluindo informações úteis para qualquer poten- po artístico-literário, apresenta de maneira reduzida e ob- nar e apresentar alguns pontos do rela-
cial leitor. Se, por outro lado, o objetivo é compreender um jetiva as ideias centrais de um texto qualquer. De modo tório para a turma.
97
BNCC na unidade
Na seção Entrelaçando as artes, os
objetivos de aprendizagem são:
Entrelaçando as artes
⓿ pesquisar e experimentar diversos ma-
98
Etapa 2 Como foi explicado no texto do Li-
vro do Estudante, para Joseph Beuys,
Pesquisa sobre o tema os materiais usados em uma obra são
determinantes para a expressão artís-
1 Faça um levantamento de informações
tica, pois trazem consigo ideias, senti-
99
Durante o planejamento da ação, es- Etapa 4
pecialmente na Etapa 4, incentive os
estudantes a pensar em músicas e mo- Planejamento
vimentos corporais que possam exe-
cutar. Caso optem por criar uma ação 1 Planeje com os colegas sua produção de acordo com o tipo de reação que o grupo quer provocar nas
com trilha sonora, peça-lhes que se or- pessoas.
ganizem previamente. Se quiserem usar 2 Considere que, para expressar artisticamente o problema social que o grupo escolheu, há a possibili-
movimentos corporais na ação, incenti- dade de alguns integrantes atuarem em uma cena.
ve-os a registrar esses movimentos, co-
3 Pense também em que local sua ação será exposta ou apresentada. Pode ser na sala de aula, na qua-
mo se fez no Capítulo 2, para que pos-
sam ensaiar para a apresentação. dra, no pátio, onde o grupo considerar mais adequado.
Acompanhe o trabalho da turma nas 4 Avalie também que tipo de público o grupo quer atingir – crianças, jovens, adultos – e decida com os
questões pontuais relativas à produ- colegas se haverá interação com a obra.
ção. Por exemplo, quanto tempo a ação
vai durar, onde ela precisa ser realiza- Etapa 5
da, se terá a participação do público, se
vão precisar de pessoas, utilizar plantas, Ação
objetos, etc., e se será necessário alterar 1 Depois de feito todo o planejamento, providencie
um espaço físico, entre outros detalhes.
100
Etapa 7 conta os saberes compartilhados na
unidade e a mobilização dos estudan-
Troca de ideias tes para a realização da produção final.
Finalizada a atividade, converse com os colegas e o professor sobre estas questões. Para isso, retome os critérios observáveis
apresentados em cada capítulo e pro-
⓿ Qual foi a ação artística realizada por seu grupo? De que forma os materiais escolhidos se relacio-
cure responder às seguintes perguntas:
nam a essa ação?
⓿ Que temas e procedimentos específi-
⓿ Como foi a reação das pessoas durante a ação? Você acredita que essa ação pode provocar refle- cos das linguagens artísticas aborda-
xões nas pessoas para transformar o mundo? das nos dois capítulos foram mobili-
⓿ Como foi realizar o trabalho de forma coletiva? O grupo enfrentou alguma dificuldade? Em caso zados para a pesquisa e produção do
positivo, qual foi essa dificuldade? trabalho proposto no encerramento?
⓿ Os estudantes utilizaram repertório
⓿ O que você faria de forma diferente se tivesse de realizar um trabalho como esse outra vez?
Respostas pessoais. próprio em relação aos saberes apre-
Etapa 8 sentados no encerramento para con-
ceber os trabalhos? Buscaram novas
Retomada informações de forma autônoma para
Em uma folha à parte, faça um relatório organizado em tópicos, descrevendo as etapas vivenciadas na a realização da proposta do projeto?
⓿ Os estudantes expressaram suas vi-
atividade, para arquivar no portfólio.
sões sobre as questões ambientais e
sociais na proposta de produção fi-
nal? Essas visões explicitam um diá-
Fio da meada logo entre suas experiências e os sa-
beres estudados na unidade?
O que vimos ⓿ Ao comentar e discutir ideias e pro-
No decorrer da Unidade 1, você conheceu formas de alertar para os problemas ambientais por meio da música, da
postas para a produção final, os es-
dança e da escultura social e da arte ampliada, propostas por Joseph Beuys.
Para finalizar o projeto, estudamos que:
tudantes mobilizaram os saberes
⓿ a arte pode se integrar à vida por meio de ações cotidianas; construídos, relacionados à questão
⓿ para Joseph Beuys, a arte pode contribuir para a construção de uma escultura social, ou seja, a criatividade norteadora da unidade?
de cada cidadão pode ajudar a construir uma nova ordem social;
⓿ segundo esse artista, a arte pode ser entendida de maneira ampliada, isto é, como uma forma de cura, capaz
A produção final apresentada é ape-
de resgatar a criatividade humana e propor a tomada de consciência de si e dos problemas ao redor;
nas uma das possibilidades para que os
⓿ para Beuys, a transformação social e ambiental deve ser feita devagar e com a participação de todas as estudantes construam uma manifesta-
pessoas; ção artística que contemple os temas
⓿ para ele, todos podem ser artistas;
e as linguagens trabalhados no percur-
⓿ os materiais são importantes para a composição de uma obra e representam as ideias do artista, causando
so. Outras ideias devem ser incentiva-
diversas reações no público.
das, de modo que se possa contemplar
Autoavaliação: é hora de retomar o portfólio da melhor forma possível as demandas
Reflita sobre seu processo de aprendizagem na unidade. Pense no que chamou a sua atenção e no que descobriu
levantadas pela turma a partir da ques-
e experimentou. Em seguida, elabore um registro de tudo que aprendeu e arquive no portfólio.
Você pode usar as seguintes questões para direcionar sua reflexão:
tão norteadora da unidade.
1. Depois do que estudou na unidade, seu conhecimento sobre as artes integradas mudou?
Para avaliar esta produção é impor-
tante compreender que ela deve refletir
2. Como foi sua relação com os colegas nas produções coletivas?
o processo de aprendizagem no decor-
3. Você conseguiu realizar bem sua ação artística? rer da unidade à luz das competências
4. Encontrou alguma dificuldade no decorrer do projeto? Conseguiu superá-la? Como? e habilidades cujo desenvolvimento é
Outros fios visado no projeto. Portanto, deve-se re-
Você sabe agora que há várias manifestações artísticas que despertam o olhar das pessoas para a preservação cuperar todo o processo de avaliação
do meio ambiente e as sensibilizam para esse tema tão importante para o futuro da vida na Terra. Percebeu também formativa para identificar o ponto de
quanto a arte pode motivar ações e ser transformadora. partida de cada um dos estudantes, as
O trabalho com este projeto está sendo concluído aqui. No entanto, há muitos artistas e formas de arte que abor-
aprendizagens desenvolvidas por eles e
dam o tema. Continue a pesquisar, a buscar informações e siga criando com base em suas descobertas e reflexões.
quanto se aproximaram dos objetivos
propostos. Para isso, reúna os registros
101 realizados.
Procure avaliar em que grau eles se
envolvem na atividade, como se colocam
⓿
perante o grupo, de que forma contri-
Participar dos processos de produção e apresentação de pelos próprios estudantes, para que avaliem se foram
buem para a elaboração da proposição,
ação artística em grupo: concretizados.
tanto com ideias como para organizar o
1. Não colaborou com o grupo e teve uma postura passiva Ao tratar das experiências de criação, produção e apre- trabalho coletivo.
durante a produção do trabalho. sentação da ação, ajude os estudantes a perceber que, ao
Por fim, o aspecto mais importante
2. Reconheceu o papel que deveria desempenhar no tra- integrar elementos de diferentes linguagens artísticas em
a ser observado na elaboração da pro-
balho e no grupo, participando da divisão e da execu- uma produção, temos mais do que a soma de seus recur- dução final é o exercício da autoria e a
ção das tarefas relacionadas às etapas de produção. sos, mas a criação de outros recursos expressivos. construção da autonomia. Nesse senti-
3. Exerceu liderança na organização das etapas, demons- Organize os estudantes em pequenos grupos para discu- do, os estudantes devem se apropriar
trando interesse e iniciativa em explorar diferentes pro- tir as questões propostas em Autoavaliação: é hora de re- da proposta, atribuindo sentido a sua
cedimentos de trabalho e materiais, em busca de re- tomar o portfólio antes de elaborar suas reflexões indivi- realização e apresentação no contexto
sultados expressivos para as ideias do grupo. duais, estimulando-os a rever os conhecimentos adquiridos da vida e da comunidade escolar.
Para trabalhar com o boxe Fio da meada, resgate a lis- e a comparar visões e hipóteses.
ta de itens de estudos que vêm sendo apresentados no É importante que observe o desenvolvimento da turma,
Livro do Estudante, bem como os tópicos levantados tendo em vista uma avaliação processual e levando em
101
A arte pode
BNCC na unidade
Competências gerais
⓿ Trabalho com a CG 1: o estudo das
tornar estranho
com destaque para suas relações
com diferentes contextos sociocul-
turais, estimula a reflexão sobre o
papel da arte para a construção de
o que é familiar?
uma sociedade justa, democrática e
inclusiva.
⓿ Trabalho com a CG 2: por meio de
⓿ Trabalho com a CEL 1: por meio de ⓿ Trabalho com a CEL 3: propõem-se criações autorais cação de produções, estimula-se o uso responsável de
apreciação das manifestações ar- que mobilizam diferentes linguagens e o compartilha- tecnologias digitais de informação e comunicação éti-
tísticas contextualizadas, busca-se mento de conhecimentos e reflexões, por meio do diálo- ca e crítica.
apresentar as linguagens como cons- go, da resolução de conflitos e da cooperação. Competências específicas de Arte
trução humana, histórica, social e ⓿ Trabalho com a CEL 4: por meio de produções autorais ⓿ Trabalho com a CEA 2: o conjunto das produções ar-
cultural, que devem ser reconhecidas em diferentes linguagens, garantem-se a expressão res- tísticas em diferentes linguagens permite o reconheci-
como forma de significação da reali- peitosa de visões de mundo e a abordagem crítica de te- mento das diferentes relações entre elas e suas práticas,
dade e de expressão de subjetivida- mas relacionados a direitos humanos, consciência socio- destacando suas articulações e possibilidades de cria-
des e identidades sociais e culturais. ambiental e consumo responsável. ção e integração.
102
Andrea Ebert/Arquivo da editora
documentário e de videoarte.
Expectativas de aprendizagem
⓿ Apreciar e analisar manifestações artísti-
cas nas linguagens do teatro e das artes
visuais.
⓿ Apreciar e analisar manifestações de ou-
BNCC na unidade
Nesta abertura de unidade, o objeti-
vo de aprendizagem é apreciar a ima-
gem e discutir a questão norteado-
ra para refletir sobre a diversidade de
manifestações artísticas e seus temas
e formas de apresentação no contex-
2
to social, tendo em mente o projeto da
unidade, a fim de desenvolver a habi-
lidade EF69AR31 no trabalho com a
unidade temática Artes Integradas ar-
ticulada ao objeto de conhecimento
103 Contextos e Práticas.
A dimensão do conhecimento traba-
lhada é: Reflexão.
⓿ Trabalho com a CEA 4: as experimentações propostas a produção e a apresentação de produções artísticas Para iniciar o trabalho com o tema es-
exploram a ludicidade, a percepção, a expressividade e autorais que expressam pontos de vista sobre questões tranhamento e relação com a vida e a
a imaginação para promover a reflexão sobre as pró- políticas, sociais, científicas e culturais. natureza, proponha uma discussão so-
prias relações com o contexto escolar e a comunidade. ⓿ Trabalho com a CEA 8: o trabalho coletivo e colaborati-
bre as questões apresentadas no Li-
⓿ Trabalho com a CEA 5: a diversidade de propostas de vo realizado no encerramento dos capítulos e da unida- vro do Estudante. Para ajudar na refle-
pesquisa, registro de processo de criação e publicação de mobiliza o exercício da autoria a partir de pesquisas
xão, busque analisar com a turma o que
digital busca instigar e instruir o uso responsável das fer- e reflexões críticas.
ramentas tecnológicas de comunicação e informação. se espera de uma obra de arte: “Bele-
Para ler o texto das competências e das habilidades za, familiaridade?”; “Uma obra fora dos
⓿ Trabalho com a CEA 6: a apreciação de manifestações
da BNCC na íntegra, consulte PDF disponível em: http:// padrões pode ser considerada arte?”.
artísticas, assim como o estudo relativo a seus contextos basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_
e práticas, incentivam a reflexão sobre as relações entre Então, avalie os conhecimentos prévios
EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 25 jun. 2022. sobre o “estranhamento” em relação à
a arte e os diferentes contextos em que se dá, propondo
análises dos modos de produção e de circulação da arte. Cada unidade da coleção propõe um projeto de traba- arte e à intervenção na natureza.
⓿ Trabalho com a CEA 7: com base na reflexão sobre lho por semestre, que busca estabelecer um diálogo en-
a questão norteadora, mobilizam-se o planejamento, tre os interesses dos estudantes e o desenvolvimento de
103
BNCC na unidade
Na seção Experimentação, os obje-
Introdução
tivos de aprendizagem são:
Experimentação
⓿ explorar, em composição visual, os
tes entrem em contato com algumas lhá-las e distribuir três ações aleatórias
das questões relacionadas aos saberes para cada grupo.
por meio da prática. 4 Assim que o grupo receber as tiras de pa-
A primeira, Do lógico ao ilógico, pre- pel, vai tentar encontrar uma forma lógi-
tende discutir o absurdo na linguagem ca de realizar as ações em sequência para
teatral por meio do desafio da criação compor uma cena, que deverá ser exe-
de uma cena com uma série de ações cutada simultaneamente pelos três inte-
desconexas. grantes do grupo. Para ajudar, o trio pode
Para começar, leia a atividade com a criar mais etapas entre as ações, deixando
turma e organize os estudantes em gru- a cena mais completa, e pensar também
pos de três integrantes. Então, oriente ca- em um final para a sequência absurda
da grupo a escolher as três ações rela- de ações.
cionadas, como se dividissem uma tarefa 5 Após definir como será composta a cena,
em três etapas. Converse com eles sobre ensaie com seu grupo e apresente para a
outras ações comuns no cotidiano, pois é turma.
importante que pensem além do exemplo
dado no Livro do Estudante, como práti-
104
ca de esportes, atividades na escola, ati-
vidades domésticas (como comprar pão,
Reprodução do Livro do Estudante em tamanho reduzido.
ir ao mercado e ir à farmácia) ou hábi-
tos cotidianos (como escovar os dentes). Já na segunda atividade, O que a natureza nos dá Além dos materiais sugeridos, eles podem coletar pe-
Se uma ação for muito simples, inex- de presente?, é importante que cada grupo experimen- quenas pedras, punhados de terra de cores diferentes
pressiva ou genérica, pode não gerar te a utilização de materiais retirados da natureza nas e sementes.
bons resultados. Então, recorde que, produções. Depois de reunido material suficiente, mas antes de ini-
como indicado na proposta da ativida- Previamente, providencie o retroprojetor e organize a co- ciar a colagem, auxilie a turma a separar e organizar o que
de, a ideia é que as ações, depois de leta de materiais. Os estudantes podem buscá-los em di- foi coletado por categorias (folhas, pedras, cascas, semen-
embaralhadas e reunidas novamente, versos locais, dentro e fora da escola. tes, etc.) e, a partir daí, por subcategorias (cor, tamanho ou
sejam conectadas na ação cênica. Instrua-os a guardar os materiais coletados em saqui- formato). Proponha que os materiais sejam compartilhados
Finalmente, solicite aos grupos que nhos de plástico ou de papel e explique que a coleta em para que todos os grupos possam ter mais opções durante
discutam a construção das cenas. Eles si pode ser considerada uma atividade de pesquisa. Se for a elaboração da composição.
podem conversar acerca de gestos, ex- possível, providencie lupas e incentive-os a observar as tex- As atividades propostas têm como objetivo fomentar
pressões faciais e movimentos envolvi- turas e os detalhes de cada material coletado. uma primeira reflexão relacionada à questão norteadora
dos em cada ação e, assim, imaginar Oriente-os a não fazer uma coleta predatória, ou se- da unidade, A arte pode tornar estranho o que é fami-
como será o resultado cênico. ja, não arrancar flores e folhas ou cascas de árvores. liar?. Além disso, mobilizam habilidades relacionadas às
104
⓿ Compor e apresentar cenas inusita-
Após as apresentações, forme uma roda e converse com os colegas e o pro-
fessor sobre a experiência com base nestas perguntas:
das a partir da reflexão sobre o co-
tidiano:
⓿ O que você achou da solução proposta pelo grupo para criar uma lógica
1. Não participou das reflexões e dis-
entre as ações? Foi original? Criativa?
cussões sobre as ações cotidianas;
⓿ Qual dos grupos realizou as ações mais inusitadas? Por quê? não se envolveu nas explorações da
Respostas pessoais.
linguagem teatral para elaboração
O que a natureza nos dá de presente? das cenas; apresentou postura pas-
siva nos ensaios e na apresentação.
Você vai elaborar agora com os colegas composições visuais utilizando ma-
2. Demonstrou interesse pela ativida-
teriais da natureza. Para isso, será necessário providenciar uma folha de plás-
de e se envolveu no levantamento
tico transparente tamanho A4, cola branca e um retroprojetor.
de ações cotidianas para a ela-
1 Em grupos de até cinco integrantes, siga para uma área externa da escola boração das cenas e fez reflexões
ou do entorno e recolha pequenos galhos, folhas e flores caídas no chão. pertinentes; apresentou disposição
2 Ao retornar para a sala, avalie com os colegas de grupo o material encon- e curiosidade na exploração dos
trado e pense em uma composição visual que utilize esses materiais. elementos da linguagem, em busca
de soluções para expressar suas
3 Uma vez discutidas as ideias, o grupo vai montar a composição visual con-
ideias; interagiu com os colegas e
cebida. Para isso, deve usar a folha de plástico transparente e a cola bran-
colaborou na realização dos en-
ca, em pequenas quantidades, para fixar os materiais no plástico. Depois,
saios e da apresentação.
basta deixar secar.
3. Mobilizou repertório pessoal para
4 Quando as colagens estiverem secas, o professor vai ligar o retroprojetor. a escolha de ações cotidianas
Então, um grupo por vez vai colocar a colagem na superfície do retroproje- para a criação das cenas, estabe-
tor para que a turma possa apreciar as imagens projetadas. lecendo relações entre arte e co-
tidiano; apresentou desenvoltura
Encerrada a projeção, converse com os colegas e o professor sobre a
na exploração dos elementos da
experiência.
linguagem; orientou os colegas na
⓿ O que você achou da composição criada por seu grupo? Ela é harmo- realização dos ensaios e durante a
niosa ou contrastante? apresentação.
⓿ Que sombras das colagens projetadas foram mais surpreendentes? ⓿ Mobilizar diferentes procedimentos,
Por quê? Respostas pessoais. recursos e elementos da linguagem
visual para a criação de composições
105
BNCC na unidade Reflexão
Na seção Reflexão, os objetivos de
aprendizagem são:
⓿ apreciar as obras apresentadas na
A arte pode mostrar o absurdo?
seção, de forma a refletir sobre suas Leia um trecho do texto dramático Esperando Godot, do irlandês Samuel
características estéticas e suas pro- Beckett (1906-1989).
postas conceituais, para ampliar o re-
[…]
pertório sobre artes visuais, a fim de
Estragon: O que a gente faz agora?
mobilizar a habilidade EF69AR01 no
Vladimir: Não sei.
trabalho com a unidade temática Ar-
Estragon: Vamos embora.
tes Visuais articulada ao objeto de
Vladimir: A gente não pode.
conhecimento Contextos e Práticas;
⓿ conhecer trecho de espetáculo e re-
Estragon: Por quê?
Vladimir: Estamos esperando Godot.
fletir sobre sua temática para esta-
Estragon: É mesmo.
belecer um primeiro contato com o
Pausa.
Teatro do Absurdo, a fim de assegu-
Vladimir: Eles mudaram bastante.
rar o desenvolvimento da habilidade
Estragon: Quem?
EF69AR25 no trabalho com a uni-
Vladimir: Aqueles dois.
dade temática Teatro articulada ao
Estragon: É isso! Vamos praticar conversação.
objeto de conhecimento Contextos
Vladimir: Não é verdade que mudaram muito?
e Práticas;
⓿ analisar os trabalhos cênicos e de
Estragon: Muito provável. Todos mudam. Só nós que nunca chegamos lá.
Vladimir: Provável? É certo como o dia. Você prestou atenção neles?
artes visuais apresentados na seção
Estragon: Devo ter prestado. Mas não os conheço.
de forma a compreender o impacto
Vladimir: Conhece, é claro que conhece.
estético e cultural dessas propostas
Estragon: Conheço nada.
nos espectadores e refletir assim so-
bre a questão norteadora, de modo a Vladimir: Nós dois conhecemos, vá por mim. Você esquece tudo. (Pausa)
A menos que não sejam os mesmos.
assegurar o desenvolvimento da ha-
Estragon: Justo: por que não nos reconheceram?
bilidade EF69AR31 no trabalho com
Vladimir: Isso não quer dizer nada. Eu mesmo fiz que não os reconheci. Além
a unidade temática Artes Integra-
disso, ninguém nunca nos reconhece.
das articulada ao objeto de conheci-
[…]
mento Contextos e Práticas.
BECKETT, Samuel. Esperando Godot. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
A dimensão do conhecimento traba-
lhada é: Reflexão. Agora, converse com os colegas e o professor sobre o trecho lido tomando
por base estas questões:
Para o trabalho com a questão A ar-
⓿ Que impressões o diálogo dos personagens lhe causou? Que reações ele
te pode mostrar o absurdo?, da seção
revela?
Reflexão, peça a dois voluntários que
leiam e interpretem o diálogo do trecho ⓿ Que tipo de comportamento os personagens apresentam na situação
da peça Esperando Godot, de Samuel do trecho lido? Você percebe algo absurdo? Respostas pessoais.
Beckett, apresentado no Livro do Es-
tudante, enquanto os demais acompa- A arte pode ser o meio para que
nham silenciosamente a leitura.
Oriente a turma a observar elementos
outro mundo aconte•a?
como a impostação de voz e a interpre- Os artistas buscam surpreender e encantar o público por meio de suas obras –
tação do texto durante a leitura. Pergun- muitas vezes contando com a participação desse mesmo público. O objetivo
te aos estudantes como imaginam que desses artistas é sensibilizar as pessoas de modo que o tempo real seja inter-
os personagens deveriam se comportar rompido e o modo como elas percebem um local conhecido ou uma situação
em uma situação como a retratada e cotidiana seja alterado.
qual seria a reação de cada um deles.
Se julgar conveniente, posteriormen-
te, organize-os em duplas para que ex- 106
plorem diversas maneiras de ler e inter-
pretar o texto. Converse com eles sobre Reprodução do Livro do Estudante em tamanho reduzido.
os sentimentos que a cena desperta e
procure destacar como ela se relaciona Durante a apreciação das imagens das obras, incenti- escolhidos pelos artistas na composição de suas intervenções:
ao contexto de absurdo que está implíci- ve os estudantes a investigar e levantar hipóteses sobre “Que materiais são esses?”; “De onde eles vêm?”; “Como são
to no diálogo. Explique que uma das ca- como os artistas trabalham com os materiais que esco- utilizados?”. Pergunte também: “O que a obra representa?”;
racterísticas do Teatro do Absurdo é que lheram: “Eles os cortam, amassam, retalham, serram, quei- “Em que época foi realizada?”; “Quem é seu autor?”; “Quais
os personagens agem como se o absur- mam, pintam, lixam? Que tipo de interferência fazem?”. foram as técnicas utilizadas pelo artista em sua realização?”.
do da situação fosse normal, aceitável. Solicite que pensem sobre as questões apresentadas e Para responder a essas perguntas, além das informações
Em relação ao trabalho com a segun- busquem respondê-las. O objetivo não é desvendar exata- que estão no texto, os estudantes podem recorrer a conhe-
da questão do tópico Reflexão, A arte mente como as obras foram feitas, mas refletir sobre essas cimentos prévios do próprio repertório e fazer pesquisas na
pode ser o meio para que outro mundo produções com base nas próprias experiências com arte no internet ou na biblioteca.
aconteça?, promova a leitura do texto que diz respeito aos procedimentos e instrumentos que po- Uma vez respondidas as questões em grupo, reúna a tur-
e converse com a turma sobre um dos dem ser utilizados na construção tridimensional. ma toda e promova uma discussão sobre o papel da arte
temas que serão trabalhados na unida- Organize grupos de quatro ou cinco estudantes e oriente- como instrumento de intervenção na natureza.
de: a relação da arte com a natureza e -os a observar e discutir as características de cada uma das Retome as duas experimentações propostas no início da
o meio ambiente. imagens apresentadas, procurando identificar os materiais seção e sistematize o que foi discutido e realizado. Para
106
Em outras palavras, podemos dizer que as artes, incluídas as teatrais e as vi- a encontrar funções nos grupos com as
suais, são excelentes meios para levar a imaginação a muitos lugares e tempos
quais se sintam recompensados; e res-
diferentes, até mesmo os que não existem. A arte chama a atenção, envolve e
salte a necessidade de fazer as ativida-
encanta, permitindo que o pensamento caminhe por lugares muitas vezes com-
des de revisão. Além disso, supervisione
preendidos como impossíveis.
a organização do portfólio ou estabele-
Observe as imagens.
ça uma dupla de apoio com esse papel;
incentive a participação em atividades
Sculpture de neige [Escultura de neve], de apreciação e nas rodas de conver-
Alain Bernegger/Acervo do fotógrafo e artista
Fio da meada
No decorrer da Unidade 2, a pergunta que vai guiar o trabalho é A arte pode tornar estranho o que é familiar?. Ela
é o tema do projeto que será desenvolvido e estará sempre relacionada aos estudos e pesquisas realizados.
Vamos explorar aquilo que a arte pode expressar sobre a capacidade que as pessoas têm de gerar e sentir espan-
to e de promover mudanças. Para isso, no Capítulo 3, estudaremos a obra de um grupo de teatro e, no Capítulo 4,
entraremos em contato com um artista que utiliza materiais da natureza para criar obras de artes visuais.
No fim da unidade, vamos conhecer o trabalho de um artista que se propôs a mostrar como as pessoas são ao
mesmo tempo tão diferentes e tão parecidas.
107
entender os desdobramentos da pergunta norteadora da se há estudantes que não compreendem ou têm muita di-
unidade, então, verifique o que pensam sobre o conceito de ficuldade em compreender a estrutura de projeto, apresen-
estranhamento aplicado à arte. É importante que, depois tando pouco ou nenhum conhecimento prévio relacionado
de trabalhar com esta Introdução, tenham a percepção de à questão norteadora, de maneira que não conseguem for-
que o estranhamento pode fazer parte da arte. mular hipóteses ou reflexões acerca do tema. Procure iden-
As atividades propostas nesta Introdução buscam sensi- tificar também se há estudantes que não participam ou
bilizar os estudantes para os estudos que serão realizados apresentam muita dificuldade em participar das atividades
na unidade. Além disso, a apreciação de imagens e as dis- de criação de cenas cotidianas inusitadas e de colagem e
cussões coletivas podem funcionar também como uma ava- construção com materiais da natureza. Tal dificuldade po-
liação diagnóstica, na qual se poderá aferir, observando a de ocorrer por desconhecer os procedimentos mobilizados
participação dos estudantes, quanto estão familiarizados ou não se sentir à vontade com eles.
com os temas e as linguagens artísticas abordados na uni- Nesse caso, adiante os temas que serão trabalhados; for-
dade. Assim, é possível adotar estratégias no planejamen- me grupos nos quais os estudantes tenham o apoio de co-
to do trabalho a ser realizado com cada capítulo. Observe legas que dominam as habilidades mobilizadas; ajude-os
107
BNCC no capítulo
Na abertura do capítulo, o objetivo
3
de aprendizagem é reconhecer e apre
ciar o trabalho do grupo e do texto
Arte e estranhamento
teatral em foco para investigar os mo
dos de criação, produção, divulgação,
circulação e organização da atuação
profissional em teatro, a fim de mobili fot
óg
ra fo
do
zar a habilidade EF69AR25 no trabalho /Ac
er v
o
K ao
Nelson
com a unidade temática Teatro articu
lada ao objeto de conhecimento Con
textos e Práticas.
A dimensão do conhecimento traba
lhada é: Fruição.
O Capítulo 3 tem como tema central
o estranhamento causado por algumas
obras de arte, em especial produções
teatrais. O objetivo desse recurso poé
tico e artístico é causar incômodo no
público tornando visíveis paradoxos e
contradições do cotidiano. Em geral,
naturalizamos esses paradoxos e con
tradições e nos esquecemos deles. Ao
mostrálos em suas obras, os artistas
nos levam a refletir sobre nossas atitu
des e ações e, consequentemente, a nos
transformar.
Para começar o estudo do capítulo,
verifique os conhecimentos prévios dos
estudantes e as experiências que tive
ram com teatro. Pergunte, por exemplo:
“Quem já foi ao teatro?”; “A que tipo de
peça assistiram?”; “O que acham des
sa forma de expressão artística?”. Caso
Cena do espetáculo teatral
haja estudantes que nunca assistiram a Esperando Godot, realizado
uma peça teatral, indague como imagi Para come•ar pelo Garagem 21, São Paulo
(SP), 2016.
nam ser essa experiência com base no
1. Quando pensa em diálogo, o que lhe vem à mente? Uma conversa lógica ou
que viram, leram e ouviram a respeito. sem sentido?
Proponha uma comparação entre tea 2. Você já ouviu alguma conversa que parecesse absurda? O que sentiu?
tro, filme cinematográfico e programas Respostas pessoais.
O teatro permite que as pessoas se reconheçam em personagens e acon-
televisivos. Nesse sentido, você pode
tecimentos diversos, mostrando aquilo que é comum a todos os seres huma-
questionar: “A presença física do ator
nos. Por isso, muitas vezes, essa forma de arte pode causar certo incômodo no
e a proximidade com o palco são ca
espectador, que preferiria não se enxergar em determinadas situações. Neste
pazes de mudar a relação das pessoas
capítulo, estudaremos um dramaturgo que é reconhecido por suas peças insti-
com a história contada?”; “O teatro per
gantes, além de conhecer um grupo teatral que utiliza o estranhamento como
mite maior ou menor interação do pú
forma de atingir o público. Vamos começar?
blico com a arte?”; “Há algum modo de
a plateia participar das peças?”.
Essa conversa é uma boa oportu 108
nidade para realizar uma avaliação
diagnóstica da turma. Anote no diá Reprodução do Livro do Estudante em tamanho reduzido.
rio de bordo pontos que precisam ser analisar o teatro, entretanto apresentam pontos divergen
abordados, adaptados ou melhorados tes: segundo o conceito de catarse, o teatro deve causar
durante o estudo do capítulo, levando identificação para transformar o espectador; já de acordo
em conta a diversidade da turma. Você com o de estranhamento, uma peça de teatro, ou qualquer
pode observar, por exemplo, se os estu obra de arte, deve incomodar o público para transformálo.
dantes já se apropriaram de algum ter Proponha finalmente que os estudantes discutam as
mo do teatro e o que trazem no reper questões do boxe Para começar. Na Questão 1, é prová
tório sobre essa linguagem. vel que associem a ideia de diálogo a uma conversa lógica,
Aproveite também para rever o que com sentido. Para que reflitam sobre a Questão 2, que tra
foi estudado no volume do 6o ano acer ta de conversa absurda, retome o trecho da peça visto na
ca do teatro e da identificação que ele Introdução da unidade.
pode causar no público. Retome o con
ceito de catarse e compareo ao de
estranhamento. Ambos são úteis para
108
1 A arte do grupo Garagem 21 BNCC no capítulo
Na seção 1. A arte do grupo Gara
Observe, nas imagens desta página, mais algumas cenas do espetáculo tea-
Em teatro, o termo gem 21, o objetivo de aprendizagem
tral Esperando Godot, na montagem do grupo Garagem 21, que estreou em 2016. montagem relaciona-se ao é reconhecer e apreciar o trabalho do
O texto original da peça, publicado pela primeira vez em 1952, foi escrito em 1949 processo de criação e de
grupo e do texto teatral em foco para in
por Samuel Beckett (1906-1989), um dos principais dramaturgos do século XX. produção de uma encenação
por determinado grupo.
vestigar os modos de criação, produção,
divulgação, circulação e organização da
Reprodução/vimeo.com/195548099
No tópico Primeiras impressões de
Esperando Godot, observe com a tur
ma as imagens do espetáculo na mon
tagem do grupo Garagem 21. Para fa
zer o levantamento dessas primeiras
impressões, proponha aos estudantes
que se organizem em pequenos grupos
e conversem sobre as perguntas. Acei
te todos os tipos de resposta e permita
que discutam livremente. Em relação à
Questão 3, eles podem perceber que
Cena do espetáculo teatral os personagens parecem reais, mas o
Esperando Godot, realizado
pelo grupo Garagem 21,
cenário tem uma atmosfera de sonho.
São Paulo (SP), 2016. Na Questão 4, podem notar que o figu
rino usado pelos atores é muito escuro,
Primeiras impressões de Esperando Godot composto de calças e casacos compri
dos de mangas longas. Talvez observem
Depois de observar as imagens, reflita sobre as questões e compartilhe suas também detalhes como o uso de cha
impressões com os colegas e o professor. péuscoco e luvas que não cobrem os
1 Que elementos do cenário chamaram sua atenção? Por quê? dedos.
Estabeleça um tempo para que de
2 Você acha que a peça se passa em um tempo e um lugar específicos? Con-
batam as questões e, depois, promo
segue identificá-los?
va uma atividade de sistematização na
3 Esses personagens parecem reais ou fictícios? E o cenário? qual alguns estudantes escolham uma
4 Como é o figurino usado pelos atores? A que tipos de pessoa ele remete? pergunta para comentar o que foi dis
Respostas pessoais. cutido sobre ela. Dessa forma, os gru
109 pos podem verificar se a leitura dos
colegas foi semelhante ou diferente da
sua e, assim, acrescentar novas obser
vações para enriquecer as reflexões.
Por fim, registre na lousa uma síntese
das respostas dos estudantes e peça à
turma que tome nota. Assim, no decor
rer do capítulo, os estudantes terão co
mo confirmar suas impressões ou retifi
cálas e complementálas.
109
BNCC no capítulo 2 Mais perto de
Esperando Godot
Na seção 2. Mais perto de Esperan
do Godot, os objetivos de aprendiza
gem são:
⓿ conhecer trechos da peça teatral O texto teatral de Samuel Beckett
Esperando Godot e seu autor, bem
A peça Esperando Godot, considerada um dos maiores clássicos da história do
como o trabalho do grupo que rea
teatro, trata de questões da existência humana, como a vida e a morte. Não por
lizou a montagem em foco, de modo
a reconhecer e apreciar o trabalho acaso, foi escrita por Samuel Beckett alguns anos após o fim da Segunda Guerra
de dramaturgia e montagem tea Mundial (1939-1945), período em que o mundo sofria ainda com seus efeitos.
tral, investigando, assim, modos de A Segunda Guerra Mundial foi um conflito global que
Keystone/MPI/Getty Images
criação, produção, divulgação, cir envolveu diversas nações do mundo, organizadas em
culação e organização da atuação duas alianças militares opostas: os Aliados e o Eixo. Foi a
profissional em teatro, a fim de de guerra mais letal da história da humanidade, resultando
senvolver a habilidade EF69AR24 em aproximadamente 60 milhões de mortes.
no trabalho com a unidade temática Um dos piores frutos dessa grande guerra foi a bom-
Teatro articulada ao objeto de co ba atômica, lançada pelos Estados Unidos, em Hiroshi-
nhecimento Contextos e Práticas;
ma e Nagasaki, no Japão, em agosto de 1945. A possibili-
⓿ identificar e analisar, por meio das
dade de uma bomba tão devastadora, que poderia aca-
reflexões propostas, o estilo cênico
bar com a vida humana no planeta, marcou o fim do
de um grupo teatral para aprimo
conflito.
rar a capacidade de apreciação da
estética do teatro, de modo a asse Depois da guerra foi criada, em 1948, a Organiza-
gurar a mobilização da habilidade ção das Nações Unidas (ONU), que existe até hoje. Para
EF69AR25 no trabalho com a uni participar da ONU, os países-membros devem assinar a
dade temática Teatro articulada ao Declaração Universal dos Direitos Humanos, criada tam-
objeto de conhecimento Contextos bém em 1948, que visa coibir qualquer tipo de ação que
e Práticas; questione ou destitua os direitos fundamentais de toda
⓿ identificar e analisar os usos de di
e qualquer pessoa do mundo.
ferentes elementos cênicos presen
tes na montagem em foco, como Explosão da bomba
figurino, cenário, iluminação e sono atômica em Hiroshima
(Japão), 1945.
plastia, reconhecendo suas funções
no contexto da montagem, bem co
mo seu vocabulário, para assegu
rar o desenvolvimento da habilidade Voc• sabia?
EF69AR26 no trabalho com a unida Samuel Beckett nasceu em 1906, na cidade de Dublin, capital da Irlanda. Graduou-se
Leia de forma compartilhada o tex O mundo se tornara bipolar, ou seja, com dois grandes
to dessa primeira página da seção e, Texto complementar polos de poder: um de ideologia socialista (URSS) e o
se necessário, peça aos estudantes que outro, capitalista (EUA), formando dois grandes blocos.
GUERRA FRIA: A GUERRA IDEOLÓGICA ENTRE O restante dos países do globo viu-se “obrigado” a es-
retomem o que estudaram em História DUAS POTÊNCIAS
sobre as duas Grandes Guerras, em es colher um dos lados para se aliar e obter proteção. As-
pecial sobre a bomba atômica. Ques [...] sim, ambos buscavam aumentar sua área de influên-
cia, tanto por meios materiais – através da economia e
tione, por exemplo: “O que a bomba O que foi a Guerra Fria?
do poder bélico – quanto por suas distintas ideologias.
atômica causou nas pessoas em ge
Tanto os Estados Unidos, quanto a URSS, saíram vi- Procurando se afirmar como maior potência global,
ral?”; “Ela mudou nosso modo de en
toriosos da Segunda Guerra Mundial, tendo lutado ambos iniciaram uma corrida armamentista: eles ten-
tender a vida na Terra? Por quê?”.
juntos no lado dos Aliados. Entretanto, após o fim da tavam sempre superar o poder bélico de seu oponente
Para mais informações sobre a Se Segunda Guerra e de seus inimigos em comum – o fas- e avançar em criações tecnológicas voltadas à guerra.
gunda Guerra, leia o texto a seguir. cismo e o nazismo – terem sido derrotados, iniciou-se A corrida armamentista tornou-se também nuclear:
uma disputa pelo poder entre as duas superpotências os Estados Unidos possuíam a tecnologia desde 1945,
mundiais. e a URSS realizou seus primeiros testes em 1949.
110
No enredo de Esperando Godot, os personagens Vladimir e Estragon, ou, sim-
objetivos. O primeiro dilema foi
decidir se combatiam o expansio-
plesmente, Didi e Gogô, esperam debaixo de uma árvore por um homem chamado
nismo soviético ou a expansão do
Godot. Durante a espera, conversam e acabam tratando das diferentes angústias
comunismo. Em alguns casos, foi
que permeiam sua existência, como seu papel no mundo e o sentido da vida.
necessário tomar uma decisão en-
No primeiro ato, outros dois personagens, Pozzo e Lucky, passam por Em teatro, chama-se ato
cada uma das partes em
tre um e outro.
Vladimir e Estragon. Pozzo diz ser dono das terras em que eles estão e Lucky,
que se divide uma pe•a. [...]
que faz o maior monólogo da peça, está preso por uma coleira, como um ani-
mal, além de carregar uma mala, que não solta em nenhum instante. O último ENRICONI, Louise. Guerra Fria:
a guerra ideológica entre
personagem a aparecer é um menino que traz informações sobre Godot, anun- duas potências. Politize!, 9 nov.
ciando que ele não viria naquele dia, mas talvez viesse no outro. 2017. Disponível em: https://www.
No segundo ato, a narrativa se repete, mas a árvore sob a qual Vladimir e politize.com.br/guerra-fria/.
Acesso em: 5 jul. 2022.
Estragon esperam ganha algumas folhas. Pozzo e Lucky aparecem de repente,
mas, dessa vez, Pozzo está cego e Lucky, mudo. Depois que eles partem, aparece
o menino anunciando mais uma vez que Godot não viria, talvez no dia seguinte. Antes de continuar a leitura de for
Os dois atos terminam da mesma forma. Leia. ma compartilhada, questione os estu
[...] dantes sobre a importância do teatro
Estragon: Então, vamos embora? na vida das pessoas: “O teatro permi
Vladimir: Vamos lá. te reflexões do público sobre a arte e a
realidade?”; “O teatro, com seus cená
Não se mexem. rios, personagens, situações e figurino,
Cortina. precisa sempre representar ou imitar a
BECKETT, Samuel. Esperando Godot. São Paulo: Companhia das Letras, 2017. realidade?”; “Uma peça de teatro, ou
uma obra de arte em geral, deve sem
Converse com os colegas e o professor sobre a questão: pre agradar, ou seja, ser confortável pa
⓿ Para você, o que pode levar as pessoas a não sair de uma situação, mes- ra o público ou ela pode provocar incô
mo que ela pareça incoerente? Resposta pessoal. modo e estranhamento?”; “Como reagir
diante desse tipo de obra de arte?”.
Promova também a apreciação das
Na tela
Para conhecer um pouco mais
sobre a obra de Samuel Beckett,
ouça um podcast no site Nexo,
com a especialista Claudia
Didi e Gogô em cena de Esperando Godot, realizado pelo grupo Garagem 21, São Paulo (SP), 2016. Maria de Vasconcellos e os
professores de literatura Lívia
111 Bueloni Gonçalves e Fábio de
Souza Andrade. Disponível em:
https://www.nexojornal.com.br/
podcast/2017/05/13/Como
Outro meio em que a disputa ocorreu de modo mui- tinham objetivos mais intangíveis, buscando estabe- come%C3%A7aralerSamuel
to claro foi no espaço: a conhecida corrida espacial. lecer os rumos gerais da política internacional. Becketteseuteatrodoabsurdo.
Os soviéticos contaram com algumas vitórias ini- Acesso em: 2 jul. 2022.
Assim, a URSS foi expansionista durante a Guerra Fria,
ciais: lançaram o primeiro satélite artificial (1957), o aumentando seu poder de influência e os territórios
primeiro foguete tripulado com um ser vivo (1960) e sob seu domínio, utilizando-se, para legitimar sua ex-
mesmo o primeiro voo espacial tripulado por um hu- pansão, de um discurso ideológico: a libertação das
mano (1961). Entretanto, a chegada do homem à lua, classes trabalhadoras em todo o mundo.
realizada pelos Estados Unidos em 1969, foi o ápice
Um outro motivo para o expansionismo soviético foi
dessa corrida.
aumentar sua própria segurança frente aos Estados
[...]
Unidos. Quanto maior fosse o território e a esfera de
Quais eram os objetivos dos EUA e da URSS na influência da União Soviética, mais difícil seria que um
Guerra Fria? ataque dos EUA fosse bem-sucedido.
A União Soviética tinha, em geral, objetivos mais tan- Os Estados Unidos enfrentaram constantemente dois
gíveis, como o território, enquanto os Estados Unidos dilemas durante a Guerra Fria, em relação aos seus
111
Ao apreciar imagens que registram
[...]
112
O argumento da peça pode ser fa-
cilmente sintetizado, uma vez que
Reprodução do Livro do Estudante em tamanho reduzido.
não há propriamente um enredo,
mas uma ação estática: a espe- O aparecimento destes assusta os amigos, ainda mais destrói essa esperança. O cenário é o mesmo, menos
ra. Em lugar indefinido, uma estra- pelo modo como os dois surgem: Pozzo puxa uma a árvore que está um pouco diferente, com algumas
da no campo, com uma árvore, à corda cuja outra ponta está amarrada ao pescoço de folhas. Estragon e Vladimir voltam para esperar Godot,
noite, dois amigos se encontram: Lucky. Lucky, por sua vez, carrega uma pesada mala que talvez apareça nesse dia. Iniciam outro diálogo
Estragon e Vladimir. A primeira fra- que não larga um só instante. Entende-se pela situação trivial, interrompido outra vez pela chegada de Pozzo
se dita na peça, por Estragon, já in- que Pozzo é o patrão e Lucky, seu criado. Os quatro e Lucky. Só que, inexplicavelmente, Pozzo está cego e
dica a inutilidade da presença deles trocam palavras, cada um com seu drama pessoal, até Lucky, mudo. Dialogam. Após a partida destes, apare-
naquele lugar: “nada a fazer” (rien à que Pozzo e Lucky saem. Em seguida, entra um garoto ce um garoto anunciando que Godot não viria hoje,
faire). Eles lá se encontram para es- para anunciar que quem eles estão esperando – Godot talvez amanhã. Estragon e Vladimir pensam em se en-
perar um sujeito de nome Godot. – não viria hoje, talvez amanhã. É o fim do primeiro ato. forcar na árvore, mas desistem ante a impossibilidade
Nada é esclarecido a respeito de
de o ato ser simultâneo.
quem é Godot ou o que eles dese- O segundo ato é a cópia fiel do primeiro. O próprio
jam dele. Os dois iniciam um diá- Beckett explicava a necessidade dos dois atos, uma O enredo pode ser facilmente resumido, mas as lei-
logo trivial que só será interrompi- vez que um só deixaria no espectador a vaga esperan- turas, interpretações e inquietações suscitadas pela
do pela entrada de Pozzo e Lucky. ça da vinda de Godot, no dia seguinte. O segundo ato obra parecem inesgotáveis. [...]
112
Leia mais um trecho da peça. Promova com a turma a leitura com
partilhada do trecho da peça apresen
[...] tado no Livro do Estudante. A partir da
Estragon: (ansioso) E a gente?
análise do trecho, introduza uma dis
cussão sobre a produção textual volta
Vladimir: Como?
da para o teatro. Você pode iniciar esse
Estragon: Eu disse: e a gente?
assunto com perguntas como: “Em sua
Vladimir: Não entendo.
opinião, existe uma forma de escri
Estragon: Qual o nosso papel nisso tudo?
ta específica para as peças teatrais?”;
Vladimir: Papel? “Quais são os principais elementos do
Estragon: Não se apresse. texto teatral?”; “O que deve se desta
Vladimir: Qual é o nosso papel? O de suplicantes. car em um texto escrito para teatro?”;
Estragon: É tão ruim assim? “Qual é a diferença entre a dramaturgia
Vladimir: O senhor tem mais alguma exigência a fazer? e outros gêneros literários, como o con
Estragon: E os nossos direitos? Evaporaram? to, o romance, etc.?”. Além disso, dia
Riso de Vladimir, abruptamente abortado, como antes. Mesma rotina, menos logue com os estudantes sobre o tre
o sorriso. cho lido, questionando, por exemplo:
Vladimir: Você me faria rir, se não fosse proibido. “O diálogo entre os personagens provo
Estragon: Nós os perdemos? ca algum tipo de sensação? Qual?”; “O
Vladimir: (nitidamente) Acabamos com eles. diálogo permite que os personagens se
Silêncio. Permanecem imóveis, braços pendentes, cabeças caídas, joelhos apresentem formalmente ou nos deixa
arqueados. mais confusos sobre quem são eles?”;
Estragon: (com fraqueza) Não estamos amarrados? (Pausa) Estamos? “Por que será que o autor utilizou esse
Vladimir: (levantando a mão) Escute! tipo de diálogo?”.
Escutam, grotescamente estáticos.
Estragon: Não estou ouvindo nada.
Vladimir: Psss! (Escutam. Estragon perde o equilíbrio, quase cai. Agarra o
braço de Vladimir, que balança. Escutam, encostados um ao outro, olhos nos
olhos) Nem eu.
Suspiros de alívio. Distensão. Separam-se.
Estragon: Você me assustou.
Vladimir: Pensei que fosse ele.
Estragon: Quem?
Vladimir: Godot.
[...]
BECKETT, Samuel. Esperando Godot. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
113
O niilismo beckettiano revela-se nas personagens. O que há de trágico nessa redução da esperança à sua
Estragon e Vladimir esperam pela revelação do senti- real fatuidade é o reconhecimento de sua indispensa-
do de suas vidas na vinda de Godot. Falam unicamen- bilidade para a inexistente salvação. [...]
te para passar o tempo, que é o único objetivo real. GIROLA, Maristela Kirst de Lima. O humano
A atitude passiva das personagens nega a utilidade desumanizado num mundo sem sentido:
de todo agir. Tudo se condiciona à vinda de Godot e, Samuel Beckett e o herói absurdo.
Acta Scientiarum. Language and Culture.
por isso, tudo está contido na esperança dessa vinda.
Maringá, v. 33, n. 1, p. 55-61, jan. 2011.
A essência da esperança é estabelecer a fé num resul- Disponível em: https://go.gale.com/ps/i.
tado final, num sentido definitivo e exitoso da condi- do?p=IFME&u=googlescholar&id=
ção humana, é a transcendência divina o princípio que GALE|A255840328&v=2.
a anima. Beckett nega-lhe os resultados e ri da sua inu- 1&it=r&sid=IFME&asid=71639973.
Acesso em: 2 jul. 2022.
tilidade. A imagem dos dois vagabundos mostra a es-
perança como a única força capaz de mantê-los nessa
existência contingente, mas essa esperança é pura ilu-
são, absolutamente inútil, porque Godot jamais virá.
113
Promova a leitura das imagens apre O cenário da peça é composto apenas de uma árvore. Quando ela passa a
sentadas solicitando atenção ao ce Onírico: que tem
apresentar algumas folhas, no segundo ato, o grupo optou por usar latinhas caráter de sonho ou se
nário e à iluminação. Saliente que os de alumínio amassadas para representá-las. O trabalho de iluminação, um dos relaciona à natureza
cenários são estruturas que envolvem pontos fortes da montagem, cria efeitos interessantes por meio do uso de co- dos sonhos.
também conhecimentos técnicos e ar res, além de reforçar o clima onírico.
quitetônicos. Recorde com os estudan
tes que, desde o início da história do
A caricatura é um tipo de
A construção vocal e corporal dos personagens beira a caricatura e busca
Biblioteca provocar certo nervosismo no público. Por isso, os movimentos dos atores são
produção visual que busca
destacar, geralmente de forma
exagerados e eles falam em tom monótono, muitas vezes gritando as pala- exagerada, aspectos físicos
RAMOS, Talitha. Desenhos
vras. Os momentos de silêncio são muito longos, o que aumenta a sensação e/ou comportamentais de
que revolucionaram a cena uma pessoa ou personagem.
teatral. Arquitextos, São de angústia.
Paulo, ano 15, n. 180, maio
2015. Disponível em: https:// 114
vitruvius.com.br/revistas/read/
arquitextos/15.180/5548. Acesso
Reprodução do Livro do Estudante em tamanho reduzido.
em: 2 jul. 2022. Para conhecer a
história da cenografia, recomenda
se a leitura desse artigo.
114
O figurino e a maquiagem contribuem para a sensação de desconforto que
a peça busca provocar no público. São utilizados adereços como perucas, luvas
e correntes. A maquiagem borrada e excessiva remete a personagens de dese-
nho animado e da cultura pop.
em cenas do espetáculo
Esperando Godot, realizado
pelo grupo Garagem 21,
São Paulo (SP), 2016.
A trilha sonora traz canções de artistas como Kate Bush (1958-) e de bandas
como The Trashmen e The White Stripes, produtos da cultura da mídia de dife-
rentes épocas. As músicas são tocadas em um volume bastante alto, a fim de
incomodar o público.
A montagem do Garagem 21 busca dialogar com a intenção de Samuel
Beckett, que afirmava que o problema dos seres humanos não é que vamos Na tela
morrer, mas que ainda não nascemos. Para o dramaturgo, seria preciso criar
Visite o canal do
uma nova organização a partir do caos, pois a pretensa ordem que nos orienta grupo Garagem 21
hoje não funciona mais. em um site de
compartilhamento
Agora, converse com os colegas e o professor sobre estas questões: de vídeos e assista
⓿ Tendo em mente que Beckett viveu a Segunda Guerra Mundial, o que a cenas da peça.
Disponível em:
pensa da afirmação que ele fez sobre o problema dos seres humanos?
https://vimeo.
⓿ O que aconteceu naquela época pode se repetir? Por quê? com/212951831.
Acesso em: 13 maio
⓿ O que acontece hoje conosco? Que problemas preocupam o mundo, de
2022.
forma geral? Respostas pessoais.
115
115
BNCC no capítulo 3 Por dentro do teatro
Na seção 3. Por dentro do teatro, os
objetivos de aprendizagem são: O estranhamento
⓿ apreciar diferentes obras e estilos vi
Qual é a função da arte? Essa pergunta sempre fez parte das questões filo-
suais, contextualizandoos no tempo
e no espaço e reconhecendo suas re sóficas no decorrer do tempo. Para o filósofo grego Platão (428 a.C.-347 a.C.), a
lações com o conceito de estranha função da arte é imitar a realidade ou aquilo que conseguimos ver, ouvir e tocar,
mento, para mobilizar a habilidade reapresentando-a ao público de forma poética e enriquecendo, assim, o mundo
EF69AR02 no trabalho com a unida e as pessoas.
de temática Artes Visuais articulada A essa forma de entender a função da arte Platão deu o nome de mimesis.
ao objeto de conhecimento Contex Esse conceito foi utilizado por outros filósofos, como Aristóteles (384 a.C.-
tos e Práticas; -322 a.C.), que criou outro conceito importante para a arte, a catarse. Segun-
⓿ reconhecer e apreciar o trabalho de
do ele, quando nos sensibilizamos com os personagens de uma peça teatral,
dois dramaturgos, por meio da lei conseguimos identificar nossos sentimentos e lidar com eles e, assim, ficamos
tura de trechos de textos deles, pa purificados ou renovados. Dessa forma, o conceito de catarse só tem sentido
ra refletir sobre suas relações com o
se entendemos que a arte tem como função tornar o mundo melhor por meio
conceito de estranhamento, a fim de
da imitação da realidade.
assegurar o desenvolvimento da ha
bilidade EF69AR24 no trabalho com O conceito de mimesis pode ser encontrado também em pensadores do
a unidade temática Teatro articulada Renascimento, como Giorgio Vasari (1511-1573), que afirmou que, mais do que
ao objeto de conhecimento Contex imitar a realidade, a arte tem a função de mostrar o ideal de beleza para os
tos e Práticas; seres humanos. Por isso, a arte renascentista cultiva esse ideal, como podemos
⓿ conhecer o Teatro do Absurdo, em observar na obra Mona Lisa, do italiano Leonardo da Vinci (1452-1519), com suas
seus aspectos históricos, suas carac formas proporcionais e harmoniosas.
terísticas estéticas e princípios con
Para introduzir o tópico O estranha arte entre o fim do século XIX e o início do século XX. Des Ou seja, para Chklovski, a função da arte deve ser apresen
mento, que inicia a seção 3. Por den taque especialmente a mudança nos valores ligados à be tar a experiência do real em uma nova e estranha forma,
tro do teatro, é preciso dialogar com os leza e à aceitação de obras de arte que mostram aquilo reapresentando o mundo conhecido e familiar de modo a
estudantes sobre a função da arte. As que, até aquele momento, era considerado feio ou desa tornálo estranho aos olhos do público.
sim, antes da leitura compartilhada do gradável. Fale também sobre a constatação de que os ar Ao observar com os estudantes as obras Mona Lisa, de
texto, pergunte: “Para vocês, por que os tistas não precisam retratar a realidade de forma miméti Leonardo da Vinci, e Mona Lisa, de Fernando Botero, con
artistas fazem arte?”; “Por que autores, ca, ou seja, copiando fielmente aquilo que é considerado verse com eles sobre as diferenças entre a arte visual re
atores, cenógrafos, figurinistas e outros real ou “normal”. nascentista e a contemporânea. Comente que na arte
profissionais do teatro criam e divulgam Foi no começo do século XX que o poeta russo Viktor renascentista se buscava a beleza ideal por caminhos es
suas peças?”; “Qual é o papel da ar Chklovski (18931984) cunhou o termo “estranhamento” a tabelecidos desde a Antiguidade. Assim, o uso de recursos
te?”; “Qual é o papel da arte em sua vi fim de definir o efeito de distanciamento do cotidiano que como a proporção ideal, a perspectiva e o sfumato visava
da? E do teatro?”. a poesia e as obras de arte em geral podem proporcionar. representar a realidade “como nossos olhos a veem”. En
Então, converse com a turma sobre Para ele, a arte é tendenciosa na medida em que o artista tretanto, ressalte que essa busca pela representação idea
as transformações que ocorreram na expressa uma proposição intelectual em suas produções. lista que procurava imitar a realidade fez surgir um ideal de
116
Em 1917, entretanto, no texto “A arte como processo”, o poeta russo Viktor Atividade complementar
Chklovski (1893-1984) questiona o conceito de mimesis utilizado na tradição
PESQUISA
filosófica ocidental. Para ele, a função da arte é produzir estranhamento
Neste capítulo a linguagem do teatro foi
(ostraniene), ou um efeito de distanciamento do cotidiano e do modo corri-
apresentada como meio para discutir as
queiro de apreensão do mundo e da própria arte. Um artista só produz estra-
diferentes concepções e funções da arte.
nhamento em suas obras na medida em que expressa uma ideia ou um pensa- Tanto o pensamento filosófico como o
mento por meio delas. artístico têm na Grécia antiga um momen
117
beleza difícil de alcançar, baseado em técnicas milenares em busca de um ideal de beleza, a função da arte seria a
e regras rígidas. Para ilustrar essas ideias, retome o teatro de incomodar e dificultar a compreensão do público, levan
grego, em especial as tragédias, que contavam a história de doo a olhar mais vezes para as “feiuras” do mundo e a re
semideuses e heróis idealizados e perfeitos. conhecer sua participação nelas.
Já na arte contemporânea, procuramse outras possibi Aproveite para retomar e sistematizar com os estudantes
lidades e, assim, usamse critérios muito distintos daque as discussões dos capítulos anteriores relacionadas ao pa
les usados no Renascimento, os quais foram postos à pro pel da pesquisa e da experimentação na arte contemporâ
va apenas no fim do século XIX. Nessa época, os ideais de nea e ao aspecto performático e interativo que se revela e
beleza da cultura grecoromanajudaicocristã foram ques se desenvolve nesse período.
tionados, principalmente graças ao advento da fotografia.
Com a criação do conceito de estranhamento, Chklovski,
mesmo sendo do campo da literatura, possibilitou que ar
tistas de todas as linguagens repensassem a função da ar
te ao trazer a ideia de que, mais do que imitar a realidade
117
O estranhamento é um modo singu Estragon: Estamos contentes. (Silêncio.) O que vamos fazer agora que estamos
lar de apreender o mundo que pode ser contentes?
utilizado pela literatura e pela arte pa Vladimir: Esperar Godot.
ra desafiar e transformar as ideias pre Estragon: É mesmo.
concebidas sobre o mundo e a própria Silêncio.
arte. Assim, é preciso romper com valo Vladimir: As coisas mudaram por aqui, de ontem para hoje.
res preestabelecidos para que se pos Estragon: E se ele não vier?
sa conviver melhor com a desarmonia e Vladimir: (depois de um momento de espanto) Aí a gente decide. (Pausa) Estava
dizendo que as coisas mudaram por aqui, de ontem para hoje.
a imperfeição do mundo. Essa era jus
Estragon: Tudo escoa.
tamente a proposta de Samuel Beckett.
[...]
Ao escrever peças que incorporavam
BECKETT, Samuel. Esperando Godot. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
elementos inusitados, o autor busca
va causar no espectador um estranha Agora, converse com os colegas e o professor sobre as questões:
mento que levasse a uma reflexão so ⓿ O que o trecho causa em você?
bre a arte e o modo de ver o mundo. ⓿ O que sente e que pensamentos lhe ocorrem ao ler a frase "Tudo escoa."? Respostas pessoais.
Leia com os estudantes mais um tre
cho de Esperando Godot e, em segui
da, discuta com eles as perguntas indi Experimente e compartilhe
cadas no Livro do Estudante. Permita
que expressem livremente seu espanto Vamos testar a comunicação?
acerca do diálogo e leveos gradativa Forme uma roda com os colegas para participar de um jogo semelhante ao tradicional “telefone
mente a concluir que o texto de Beckett, sem fio”, mas com algumas variações. Leia as orientações.
mais do que algo que aconteceu a Es 1 Na primeira etapa, um estudante deve começar
vimentos que podem ser difíceis para ⓿ Que sensações e pensamentos essas ações provocaram em você? Respostas pessoais.
alguns estudantes, todos se encontrem
em um ambiente seguro, no qual não
se sintam expostos ou ridicularizados 118
pelos colegas. Nesse sentido, converse
com a turma, perguntando quem tem Reprodução do Livro do Estudante em tamanho reduzido.
dificuldade com atividades corporais e experimentação, afastando as mesas e cadeiras a fim de esperado”; “2. Realizou a atividade satisfatoriamente”; e “3.
ressaltando que é preciso respeitar a deixar um espaço vazio no meio dela. Na sequência, leia as Superou as expectativas”.
diversidade, as potencialidades e os li orientações da atividade com os estudantes, solicite que ⓿ Explorar e reproduzir gestos e falas para estimular a in
mites de todos. Destaque que o objeti formem uma roda e, se necessário, demonstre a ativida teração:
vo da atividade é o autoconhecimento, de para eles.
1. Não participou da atividade; ou não soube executála
o desenvolvimento da consciência cor Por fim, promova outra conversa para que possam com sem supervisão.
poral e a experiência e a reflexão de ca partilhar suas impressões sobre a atividade, sugerindo que 2. Procurou explorar gestos variados e conseguiu repro
da estudante, e não a perfeição. comecem a discussão pelas questões apresentadas no tó duzir o que os colegas ditaram.
Promova, então, a discussão sobre pico Para concluir. 3. Explorou gestos e palavras que desafiaram os colegas
como a interpretação e a expressão cor A atividade tem como objetivo promover o exercício da e reproduziu sem dificuldade os propostos por eles.
poral são fundamentais no trabalho dos linguagem corporal. Para uma avaliação de processo, ob
atores, dançarinos e artistas de circo. serve o que os estudantes devem fazer para desenvol
Depois da conversa, organize a sa ver as habilidades trabalhadas e os respectivos indicado
la de aula com a turma para realizar a res de realização, que correspondem a: “1. Não atingiu o
118
Ao abordar o tópico Teatro do Absur
Teatro do Absurdo do, explique aos estudantes as trans
O Teatro do Absurdo não surgiu como um movimento ou corrente de ar-
formações ocorridas na estética da lin
tistas e estudiosos unidos por um ideal, muito menos teve um manifesto que
guagem teatral no decorrer da história
o caracterizasse como pensamento sistematizado, como ocorreu com outras
e, em especial, a partir do século XX.
vanguardas do início do século XX. Esse nome, na verdade, foi dado pelo crítico
Para ilustrar, cite algumas personalida
teatral Martin Esslin (1918-2002) a um conjunto de obras de diferentes drama-
des que se destacaram na elaboração
dessa linguagem, como:
turgos que, quando comparadas, apresentavam características comuns.
⓿ O russo Constantin Stanislavski
Por esse motivo, grande parte dos estudiosos do Teatro do Absurdo foca-
liza suas análises nos autores que escreveram esse tipo de dramaturgia. Entre (18631938), que foi um dos maio
eles, um dos que mais se destacam é Samuel Beckett, que, além de Esperando res representantes do Teatro Natu
Godot, escreveu Dias felizes e Fim de partida, entre várias obras importantes
ralista e criou um método específi
para o teatro mundial. Ao lado dele, outros nomes fundamentais dessa dra-
co de interpretação em que os ato
maturgia são Eugène Ionesco (1909-1994), Arthur Adamov (1908-1970), Jean
res rememoravam suas experiências
Genet (1910-1986), Harold Pinter (1930-2008), Edward Albee (1928-2016) e
pessoais para viver determinada cir
Fernando Arrabal (1932-).
cunstância em cena.
⓿ O francês Antonin Artaud (1896
Surgido após a Segunda Guerra Mundial, o absurdo, como
Harlingue/Roger-Viollet/AFP
Essa narrativa da mitologia grega conta a história de Sísifo, con- sição de posturas políticas.
⓿ O polonês Jerzy Grotowski (1966
denado a empurrar eternamente uma pedra até o topo de uma
montanha, mesmo sabendo que ela sempre tornaria a rolar. Para 1999), um dos maiores nomes do
Camus, essa era uma grande metáfora da humanidade, que, após Teatro Experimental, que utilizou pou
a Segunda Guerra, demonstrava ser capaz de realizar ações in- cos elementos em cena para ampliar
coerentes. o trabalho do ator e construir uma re
Leia um trecho de Fim de partida, de Samuel Beckett. Albert Camus, em foto
lação mais próxima com o espectador.
de 1945. ⓿ E, finalmente, o irlandês Samuel
119
Para realizar a proposta do boxe Pes No Brasil, um dos precursores do Tea-
quise e compartilhe, solicite aos estu
Reprodu•‹o/Cole•‹o particular
tro do Absurdo é Qorpo Santo, ou José
dantes que formem grupos de quatro Joaquim de Campos Leão (1829-1883).
integrantes e orienteos a relacionar os Suas peças, escritas no fim do século XIX,
conceitos estudados até o momento só tiveram seu valor reconhecido a partir
com o dramaturgo do Teatro do Absurdo de 1950, quando foram descobertas pelo
escolhido para o estudo. Explique que, jornalista Aníbal Damasceno Ferreira.
em sua investigação, devem ir além da
A obra de Qorpo Santo é considerada
coleta de dados biográficos e informa
inovadora para o Brasil do século XIX. O
ções sobre o objeto da pesquisa. Assim,
autor utiliza imagens inusitadas, e seus
orienteos a procurar por sinopses de
personagens, cujas falas não se articu-
suas principais peças teatrais e tex
lam logicamente, perdem partes do cor-
tos críticos de suas obras, além de en
po no decorrer das peças e aparecem e
trevistas. Ressalte para a turma a ne
desaparecem com rapidez meteórica.
cessidade de contextualizar o trabalho
desses artistas, sinalizando as caracte O dramaturgo brasileiro
rísticas estéticas de suas peças, as te Qorpo Santo, no século XIX.
máticas que abordam e o tipo de ence
nação que propõem.
Oriente os estudantes na produção
Pesquise e compartilhe
dos cartazes e, posteriormente, na mon
tagem do painel. Para começar, peça
Autores do Teatro do Absurdo
lhes que arrolem as principais informa
ções encontradas durante a pesquisa e Forme um grupo com mais três colegas e escolha um dos dramaturgos
que as distribuam em tópicos que pos do Teatro do Absurdo para pesquisar. Leia as orientações.
sam ser acompanhados de imagens. 1 Com os colegas, decida que dramaturgo o grupo vai pesquisar. Pode
Em seguida, oriente a criação do car ser um dos citados, como Eugène Ionesco, Arthur Adamov, Jean Genet,
taz com as informações mais relevan Harold Pinter, Edward Albee, Fernando Arrabal, Qorpo Santo, ou outro.
tes. No cartaz, deve haver equilíbrio en 2 Escolhido o dramaturgo, faça com os colegas um levantamento de
tre textos e imagens, a tipologia usada informações sobre ele, como dados biográficos, formação, influências
deve ser adequada para leitura e os tex e trabalhos mais importantes, entre outros. Lembre-se de pesquisar e
tos não podem ser muito extensos, ou coletar também imagens relacionadas ao artista e a sua obra. Tenha
seja, os estudantes precisam fazer um atenção às fontes pesquisadas e verifique se elas são confiáveis.
exercício de seleção e síntese dos da
3 Após reunir os dados, discuta com os integrantes do grupo quais de-
dos pesquisados. Depois de criar o car
les são mais relevantes para compartilhar com a turma e prepare um
taz, incentive os grupos a apresentar o
cartaz com as informações e as imagens pesquisadas, inserindo espe-
resultado aos colegas e, então, pensar
cialmente a informação sobre a relação do dramaturgo com o Teatro
juntos na melhor forma de dispor os
do Absurdo.
trabalhos em um único painel temáti
co. Eles podem optar, por exemplo, por 4 Apresente seu cartaz aos demais grupos e, com eles, pense em como
dispor os cartazes pelo nome dos dra criar um painel que contenha todas as produções da turma.
maturgos em ordem alfabética ou em 5 Sob orientação do professor, exponha o painel em um local em que
ordem cronológica. Feito esse planeja possa ser visto por toda a comunidade escolar.
mento, combine com eles e a coorde
nação da escola o local mais adequado
Para concluir
para a exposição e orienteos a conver
sar a respeito do resultado. Registre no portfólio suas conclusões sobre todas as informações obtidas.
Elas lhe ajudaram a conhecer melhor o Teatro do Absurdo.
Texto complementar
EUGÈNE IONESCO 120
Dramaturgo romeno
Reprodução do Livro do Estudante em tamanho reduzido.
26/11/1912, Slatinia, Romênia
cuidando de sua saúde frágil. Em 1922, voltou a e jornais diários. Dois anos mais tarde, recebeu uma
28/3/1994, Paris, França Bucareste para viver com seu pai. Lá fez seus estudos bolsa do governo romeno para estudar literatura fran-
Eugène Ionesco era filho de um ad- e começou a trabalhar num banco, em 1926. Iones- cesa em Paris. Durante a Segunda Guerra Mundial, Io-
vogado e foi batizado na religião co cursou a faculdade de francês na Universidade de nesco passou por dificuldades financeiras, mas con-
ortodoxa, à qual pertenceu duran- Bucareste e colaborou com diversas revistas literárias seguiu alguns trabalhos eventuais, trabalhou como
te toda a vida. Ainda criança mu- romenas. Em 1934 publicou Nu! (Não!), uma coletânea revisor e traduziu as obras do poeta romeno Urmoz.
dou-se com a família para Paris, de artigos e textos que provocou escândalo no meio
Em 1948 começou a escrever a peça A Cantora Careca,
onde seu pai se tornou catedrático literário oficial.
que estreou em 1950. Esta anticomédia, plena de sur-
em leis. Com a eclosão da Primeira Em 1936, Eugène Ionesco casou-se com Rodica realismo verbal, foi uma das principais peças do cha-
Guerra Mundial, seu pai voltou para Burileano. mado “teatro do absurdo”. Seguiram-se várias outras
a Romênia, deixando Eugène e sua peças, que marcaram o teatro do século XX, como
Passou a trabalhar como professor de francês e como
irmã aos cuidados da mãe.
instrutor no Seminário Ortodoxo de Curtea de Argis e A Lição, As Cadeiras e O Novo Inquilino. Em 1960 es-
Entre 1917 e 1919, Eugène Ionesco depois no Seminário Central de Bucareste. Também treou sua obra mais conhecida, O Rinoceronte. Ionesco
morou em La Chapelle Anthenaise, foi editor das páginas literárias de diversas revistas tornou-se um escritor de prestígio e em 1971 foi
120
No trabalho com o tópico Os temas
Os temas do Teatro do Absurdo do Teatro do Absurdo, destaque a fal
Há temas que são recorrentes no Teatro do Absurdo. Entre eles, destaca-se ta de lógica, o absurdo, da cena de
a incomunicabilidade. Expressa por diálogos que, muitas vezes, não são coeren- A cantora careca. Converse com os es
tes ou não obedecem às formalidades de um diálogo convencional, a incapaci-
tudantes sobre a impostação da fala,
Dramaturgia é o conjunto que caracteriza a interpretação desse
dade de se comunicar é um tema que aparece com frequência na dramaturgia dos textos escritos para
diálogo. Perguntelhes como acham
do Teatro do Absurdo. ser encenados.
que os personagens devem se compor
Entre as peças que tratam dessa temática, uma das mais famosas é A can-
tar em uma situação como a retrata
tora careca, do dramaturgo romeno Eugène Ionesco, que coloca em cena um
da na cena e verifique a reação de ca
homem e uma mulher que, ao conversar entre si, chegam à conclusão de que
da um deles diante da cena. Uma das
são casados.
características do Teatro do Absurdo é
Leia um um trecho da peça.
que os personagens agem como se a si
[...] tuação absurda que estão vivenciando
Sr. Martin: Desde que cheguei em Londres, moro na rua Bromfield, cara senhora. fosse perfeitamente normal e aceitável.
Sra. Martin: Que curioso, que extraordinário! Eu também, caro senhor, desde que Organize a turma em duplas para ex
cheguei em Londres, moro na rua Bromfield, caro senhor. plorar as diversas maneiras de ler e in
Sr. Martin: Que curioso, mas então, mas então pode ser que tenhamos nos visto na
terpretar o texto. Ao conversar com os
rua Bromfield, cara senhora. estudantes sobre como se sentem em
Sra. Martin: Que curioso, que extraordinário! É bem possível, afinal de contas! Mas
relação à cena, questioneos sobre o
não me lembro disso, caro senhor. que é o absurdo apresentado no texto.
Pergunte, por exemplo: “Já houve algu
Sr. Martin: Moro no n. 19, cara senhora.
ma situação em que vocês se sentiram
Sra. Martin: Que curioso, eu também moro no n. 19, caro senhor. como os personagens da peça? Qual?”.
Sr. Martin: Mas então, mas então, mas então, mas então, mas então pode ser que
tenhamos nos visto aí, cara senhora! Atividade complementar
Sra. Martin: É bem possível, mas não me lembro disso, caro senhor.
LEITURA DRAMATIZADA
Sr. Martin: Meu apartamento fica no quinto andar e é o n. 8, cara senhora. Oriente uma leitura dramatizada do trecho
Sra. Martin: Que curioso, meu Deus, que extraordinário! E quanta coincidência! de A cantora careca presente nesse tópico.
Eu também moro no quinto andar, no apartamento 8, caro senhor!
Explique aos estudantes que essa é uma
leitura expressiva do texto teatral sem o
Sr. Martin, sonhador: Que curioso, que curioso, que curioso e que coincidência! uso dos demais recursos, como figurino,
Sabe, no meu quarto, eu tenho uma cama e na minha cama tem um edredom cenário, iluminação, etc. Além disso, não é
verde. Esse quarto, com essa cama e seu edredom verde, fica no final do corredor, preciso decorar as falas, basta lêlas.
Peça a dois voluntários que procedam à
entre o lavabo e a biblioteca, cara senhora!
leitura. Antes de começar, porém, cada um
Sra. Martin: Que coincidência, ai!, meu Deus, que coincidência! Meu quarto tam- deles deve escolher um dos personagens.
bém tem uma cama com um edredom verde e fica no final do corredor, entre o Distribuídos os papéis, solicite que façam
lavabo, caro senhor, e a biblioteca! uma leitura silenciosa do diálogo e, depois,
realizem a leitura dramatizada usando ex
Sr. Martin: Que extraordinário, curioso, estranho! Então, senhora, moramos no pressões faciais e movimentos que expres
mesmo quarto e dormimos na mesma cama, minha cara senhora. Pode ser que sem os sentimentos dos personagens.
tenha sido lá que nós nos tenhamos encontrado! Após o exercício, dialogue com os estudan
tes sobre o que foi vivenciado, explanando
Sra. Martin: Que curioso e que coincidência! É bem possível que tenhamos nos en-
os pontos positivos e negativos da apresen
contrado lá e talvez até na noite passada. Mas não me lembro de nada, caro senhor! tação dos colegas.
[...]
IONESCO, Eugène. A cantora careca. Trad. Dirce Waltrick do Amarante. Qorpus,
Santa Catarina, n. 10, 2013. Disponível em: https://qorpus.paginas.ufsc.br/teatro-na-praia/%20
edicao-n-010/a-cantora-careca-eugene-ionesco/. Acesso em: 13 maio 2022.
121
121
A atividade proposta no boxe Expe Agora, converse com os colegas e o
Lenise Pinheiro/Folhapress
rimente e compartilhe desta página professor sobre estas questões:
baseiase em regras de jogos teatrais, ⓿ O que sentiu ao ler o trecho da
apresentando os elementos “quem”,
peça?
“onde” e “o quê”. Com base neles, os
estudantes, em duplas, devem desen ⓿ Que pensamentos ele provocou
volver um diálogo absurdo. em você? Respostas pessoais.
dades trabalhadas e os respectivos in ⓿ E dos diálogos dos colegas? Qual o impressionou mais? Por quê? Respostas pessoais.
dicadores de realização, que corres
pondem a: “1. Não atingiu o esperado”;
“2. Realizou a atividade satisfatoria 122
mente”; e “3. Superou as expectativas”.
⓿ Reprodução do Livro do Estudante em tamanho reduzido.
Improvisar uma cena com a criação
de diálogos incoerentes:
1. Não compreendeu a proposta nem
soube como interagir com o cole
ga para improvisar a cena ou dar
fluidez ao diálogo.
2. Explorou os elementos “quem”,
“onde” e “o quê” durante a impro
visação e conseguiu manter um
diálogo incoerente com o colega.
3. Dominou os elementos “quem”,
“onde” e “o quê” e improvisou com
base em repertório próprio, man
tendo o diálogo incoerente e dan
do expressão e vivacidade à cena.
122
uma espécie de cegueira entre os per
Os personagens do Teatro do Absurdo sonagens, como se um ignorasse o ou
As características fundamentais dos personagens do Teatro do Absurdo tro, mas houvesse um relacionamento
resultam de um longo processo histórico de transformação dos textos teatrais, entre eles. Assim, pergunte aos estu
somado a eventos marcantes que ocorreram em meados do século XX. dantes: “Em que situações vocês se
Tradicionalmente, os personagens teatrais agiam de sentiram como os personagens da ex
perimentação?”; “Para vocês, um diá
123
Ao trabalhar com o tópico O tempo
e o espaço do Teatro do Absurdo, pe O tempo e o espaço do Teatro do Absurdo
ça a um voluntário que leia em voz al É comum encontrar no Teatro do Absurdo uma grande indefinição sobre o tem-
ta uma das rubricas de A cantora ca- po e o espaço em que acontece a ação. Por vezes, ambientes catastróficos apare-
reca apresentada nesta página. Depois cem para dar contorno ao que ocorre com os personagens.
da leitura, dialogue com os estudantes, Apesar disso, como esse tipo de teatro aborda relações humanas, muitas
perguntando, por exemplo: “Que sensa vezes o absurdo acontece em locais cotidianos, o que destaca ainda mais a
ções esse trecho da peça causou em incoerência das ações dos personagens. É justamente por meio desse contraste
vocês?”; “Que imagens lhes vieram à que o Teatro do Absurdo se propõe a discutir a realidade.
cabeça durante a leitura?”; “O que vo Já o tempo costuma ser utilizado de forma indefinida, o que deixa os perso-
cês concluem sobre os personagens nagens ainda mais rendidos a seu destino, sem nenhum indicativo da possibili-
depois de ler essa rubrica do texto de dade de transformação da situação apática ou catastrófica em que se encon-
Eugène Ionesco?”. tram, participando de diálogos repletos de momentos de silêncio.
Permita que todos falem livremente, Essas características variam de autor para autor e de obra para obra, e, em
mas procure direcionar a conversa para algumas peças, a indefinição do tempo e do espaço pode ser mais perceptível
a função do Teatro do Absurdo, que, por que em outras. A diferença no uso de determinados recursos se deve principal-
meio do estranhamento, leva o público mente ao fato de o Teatro do Absurdo não ser um movimento teatral com um
a refletir sobre o cotidiano e suas prá discurso unificado.
ticas que se repetem automaticamente Rubrica, no texto teatral, é
Leia uma rubrica de A cantora careca e observe como Eugène Ionesco apre- uma indicação cênica que
sem reflexão. Esse “automatismo” cor senta o tempo e o espaço da ação. serve para orientar o
robora muitas vezes para a manutenção diretor e os atores durante
de atitudes questionáveis, como o total Cena I a encenação.
desinteresse por alguém ou algum gru Interior burguês inglês, com poltronas inglesas. Reunião inglesa. O Sr. Smith,
po, causando sofrimento sem motiva inglês, na sua poltrona e nas suas pantufas inglesas, [...] lê um jornal inglês, junto
ção aparente nem explicação plausível. a uma lareira inglesa. Ele usa óculos ingleses, tem um bigodinho grisalho, inglês.
Converse com os estudantes sobre co Ao seu lado, numa outra poltrona inglesa, a Sra. Smith, inglesa, remenda suas
meias inglesas. Um longo momento de silêncio inglês. O relógio toca britanica-
mo o cotidiano aparentemente normal
mente dezessete vezes.
pode ser sufocante. Pergunte a eles, por
[...]
exemplo: “Vocês se sentem angustia IONESCO, Eugène. A cantora careca. Trad. Dirce Waltrick do Amarante. Qorpus,
dos no dia a dia? Em que situações?”. Santa Catarina, n. 10, 2013. Disponível em: https://qorpus.paginas.ufsc.br/teatro-na-praia/%20
edicao-n-010/a-cantora-careca-eugene-ionesco/. Acesso em: 13 maio 2022.
Permita que se expressem livremente e
promova conexões entre seus comentá
Tiago De La Rosa/Acervo do fotógrafo
124
124
atingiu o esperado”; “2. Realizou a ativi
Experimente e compartilhe dade satisfatoriamente”; e “3. Superou
NÃO ESCREVA NO LIVRO. as expectativas”.
Como acontecem a pausa e o silêncio no Teatro do Absurdo? ⓿ Elaborar uma ação usando pausas e
Neste exercício, com os colegas, você vai utilizar de forma exagerada um recurso presente em silêncios de forma exagerada:
algumas peças do Teatro do Absurdo: a pausa. Leia as orientações. 1. Não compreendeu a atividade nem
1 A turma será dividida em grupos de até cinco integrantes.
conseguiu realizála sem supervi
são, fazendo pausas e silêncios
2 Cada grupo deverá escolher uma ação que precisará do envolvimento de todos os integran- quando necessário.
tes para acontecer, como construir uma parede, por exemplo. Os personagens também devem 2. Compreendeu a atividade e ajudou
dialogar, conversar entre si. o grupo a construir a ação de for
3 Ao realizar a ação escolhida, entretanto, o grupo deve fazer pausas de dois segundos entre cada ma exagerada, inserindo pausas e
frase e a ação física. silêncios entre cada cena.
3. Compreendeu a atividade e cons
truiu a ação com o grupo, fazendo
2 Cada grupo deverá escolher uma ação muito simples, como colocar um celular para carregar a
bateria, descascar uma fruta ou abrir uma garrafa de água.
3 Você deverá improvisar com os colegas uma cena muda, sem diálogos, em que tentam realizar
a ação escolhida, sem sucesso. O fracasso dessa ação pode acontecer por diferentes motivos.
O importante é que a cena seja compreendida ainda que todos os integrantes do grupo estejam
em silêncio.
Para concluir
Converse com os colegas e o professor sobre as questões, produza um registro dos principais pontos
levantados durante o bate-papo e guarde-o no portfólio.
⓿ O que sentiu durante as pausas nas falas dos personagens na primeira atividade?
⓿ Ficou satisfeito com sua apresentação na segunda atividade? Por quê? Respostas pessoais.
125
Os jogos teatrais propostos no boxe Experimente e com propostas de expressão corporal e interpretação. Proponha
partilhe desta página visam apresentar aos estudantes os questões, além das sugeridas no Livro do Estudante, para
recursos estilísticos utilizados pelos autores do Teatro do a discussão em grupo, estimulando a turma a refletir sobre
Absurdo, como a indefinição de tempo e espaço na narra a experiência e fazer uma autoavaliação, além de identifi
tiva teatral. O primeiro deles tem como objetivo o trabalho car quais foram os maiores desafios encontrados na práti
com a pausa e o efeito que ela causa no público. O segun ca das artes cênicas e corporais. Peça ainda aos estudan
do aborda o silêncio e o patético como recursos estilísti tes que relacionem o que foi vivenciado nos jogos teatrais
cos. Por isso, a participação da plateia é muito importan com fatos cotidianos.
te em ambos. Os jogos teatrais propostos nesta página têm como ob
Peça aos estudantes que se organizem em grupos e de jetivo promover o exercício da interação cênica aliado aos
termine que, enquanto um grupo estiver se apresentando, recursos estilísticos do Teatro do Absurdo. Para uma avalia
os demais atuem como plateia. ção de processo, observe o que os estudantes devem fazer
Após os jogos, solicite que relatem suas vivências com os para desenvolver as habilidades trabalhadas e os respecti
jogos e discuta com eles as soluções encontradas para as vos indicadores de realização, que correspondem a: “1. Não
125
BNCC no capítulo 4 Mais perto do
grupo Garagem 21
Na seção 4. Mais perto do grupo
Garagem 21, os objetivos de aprendi
zagem são:
⓿ ampliar o conhecimento sobre o tra Na tela
126
Ao promover a leitura das imagens e
Outras obras do grupo Garagem 21 do tópico Outras obras do grupo Ga
O espetáculo Fim de partida é uma versão do gru-
ragem 21, proponha aos estudantes
a observação de alguns aspectos da
127
BNCC no capítulo
Na seção História da arte, os obje
História da arte
tivos de aprendizagem são:
⓿ conhecer e apreciar o trabalho e O teatro do século XX
a produção de diferentes autores
As experiências e as inovações que ocorreram no decorrer do século XX
e criadores teatrais apresentados,
contextualizandoos no tempo e no deixaram como legado ideias que redefiniram a noção de teatro e influenciam
espaço e identificando seu papel na artistas até os dias de hoje. Vamos conhecer alguns dos movimentos que cria-
história e na estética teatral, a fim ram condições para o surgimento do Teatro do Absurdo.
de assegurar o desenvolvimento da
habilidade EF69AR24 no trabalho Teatro Expressionista
com a unidade temática Teatro ar
128
As peças e os roteiros cinematográficos expressionistas, tais como o rotei-
de Peter Weiss; e, em 1969, Hair,
musical inovador de Gerome Ragni
ro do filme O gabinete do Dr. Caligari, lançado em 1920, com direção de Robert
e James Rado. O Sr. Puntila e Seu
Wiene (1873-1938), exibem um clima intenso e tenebroso. O teatro e o cinema
Criado Matti, de Bertolt Brecht, ga-
expressionistas marcaram um estilo que é usado até hoje em peças e filmes.
nha uma versão de Flávio Rangel,
em 1967.
DECLA-BIOSKOP/Album/Fotoarena
129
Atividade complementar Surgido na Itália na década de 1920, o Teatro Futurista, ou Teatro Sintético,
propunha ações simultâneas que ocorriam no palco e na plateia. Era formado
PESQUISA por diversas cenas curtas, de temáticas variadas, com muita ação e poucas
A Semana de Arte Moderna de 1922, que palavras.
completou cem anos em 2022, é men O Futurismo teve também adeptos no Brasil e influenciou a produção de ar-
cionada nestas páginas. A fim de ampliar tistas ligados ao movimento Modernista, entre eles Anita Malfatti (1889-1964)
o repertório dos estudantes, oriente uma
e Oswald de Andrade (1890-1954), que, em suas viagens à Europa, entraram
pesquisa sobre esse importante marco da
cultura brasileira. em contato com o Manifesto Futurista, escrito pelo poeta italiano Filippo
Peçalhes que, em grupos, pesquisem e lis Marinetti (1876-1944) e publicado no jornal francês Le Figaro, em 20 de feve-
tem as principais características do grupo reiro de 1909.
de artistas responsável pela organização No texto, que fundou esse movimento artístico e literário, havia onze itens que
dessa programação cultural. rompiam com propostas do passado e criavam a identificação do ser humano
Após a conclusão da pesquisa, proponha com a máquina e com a velocidade, típicas de um novo século, o século XX.
aos grupos que exponham, no formato de
seminário, o resultado de sua pesquisa.
Reprodu•‹o/Cole•‹o particular
Para finalizar, organize uma roda de con
versa para discutir as informações e des
cobertas trazidas pelas apresentações dos
resultados de pesquisa.
Texto complementar
SEMANA DE ARTE MODERNA
A Semana de Arte Moderna apre-
senta-se como a primeira mani-
festação coletiva pública na histó-
ria cultural brasileira a favor de um
espírito novo e moderno em oposi-
ção à cultura e à arte de teor con-
servador, predominantes no país
desde o século XIX.
Inserida nas festividades em come-
moração ao Centenário da Inde-
pendência do Brasil em 1922, entre
os dias 13 e 17 de fevereiro, reali-
za-se no Teatro Municipal de São
Paulo um festival que inclui exposi-
ção com cerca de cem obras, aber-
ta diariamente no saguão do tea-
tro, e três sessões lítero-musicais
noturnas1.
Entre os pintores participam Anita
Malfatti (1889-1964), Di Cavalcanti
(1897-1976), Ferrignac (1892-1958),
John Graz (1891-1980), Vicente do
Rego Monteiro (1899-1970), Zina
Aita (1900-1967), Yan de Almeida Manifesto Futurista, de
Filippo Marinetti, escrito e
Prado (1898-1987) e Antônio Paim publicado em 1909.
Vieira (1895-1988), com dois tra-
balhos feitos a quatro mãos. No
campo da escultura, estão presen- 130
tes Victor Brecheret (1894-1955),
Wilhelm Haarberg (1891-1986) e Reprodução do Livro do Estudante em tamanho reduzido.
Hildegardo Velloso (1899-1966).
Almeida (1890-1969), Mário de Andrade (1893-1945), momento de emancipação artística já se manifesta
A arquitetura vem representada Menotti Del Picchia (1892-1988), Oswald de Andrade entre intelectuais como Oswald de Andrade e Menotti
pelo espanhol Antônio Garcia Moya (1890-1954), Renato de Almeida, Ronald de Carvalho Del Picchia.
(1891-1949) e pelo polonês Georg (1893-1935), Tácito de Almeida (1889-1940), além de
No entanto, é no salão do mecenas Paulo Prado
Przyrembel (1885-1956). Entre os li- Manuel Bandeira (1884-1968), com a leitura do poe-
(1869-1943), em fins do mesmo ano, que toma forma a
teratos e poetas, participam Graça ma “Os Sapos”. A programação musical traz composi-
Aranha (1868-1931), Guilherme de ideia de um festival com duração de uma semana, tra-
ções de Villa-Lobos (1887-1959) e do francês Debussy
zendo manifestações artísticas diversas, inspirado na
(1862-1918), interpretadas pela pianista Guiomar
Semaine de Fêtes de Deauville, França. O projeto sai
1
No jornal Correio Paulistano, as datas do Novaes (1894-1979) e por Ernani Braga (1888-1948).
do papel graças ao empenho desse mecenas. Paulo
evento variam entre 11 a 18 e 13 a 17 de
fevereiro, devido às diferentes atividades As discussões em torno da necessidade de renovação Prado, homem influente e de prestígio na sociedade
realizadas. Segundo a pesquisadora Elza das artes surgem em meados dos anos 1910, em tex- paulistana, consegue que outros barões do café e no-
Ajzenberg, enquanto havia uma exposição no tos de revistas e exposições, como a Exposição de Arte mes de peso patrocinem o aluguel do teatro mediante
saguão do Teatro Municipal, as apresentações
noturnas musicais e literárias ocorriam nos Moderna (1917), de Anita Malfatti. Em 1921, a intenção doações para a realização do evento. Também é fun-
dias 13, 15 e 17. de transformar as comemorações do Centenário em damental sua influência na adesão de Graça Aranha à
130
Durante a Semana de Arte Moderna de 1922, no Brasil, alguns críticos no-
de importação da estética moderna
com o nativismo, o movimento de
mearam os artistas participantes de futuristas. Entretanto, esse título foi re-
voltar-se para as raízes da cultura
jeitado por eles, que se autodenominavam Modernistas e criadores de uma
popular brasileira. A dinâmica entre
arte antropofágica, ou seja, que “devorava” os modelos estrangeiros a fim de nacional e internacional torna-se a
criar um modelo genuíno de arte brasileira. Observe o Manifesto Antropófago, questão principal desses artistas
escrito por Oswald de Andrade e publicado na Revista de Antropofagia, em nos anos subsequentes à Semana.
1928, que marca a fundação do movimento modernista brasileiro.
Com respeito à elaboração e à
apresentação de uma linguagem
Reprodu•‹o/Cole•‹o particular
Manifesto Antropófago,
escrito por Oswald de
verdadeiramente moderna, a Se-
Andrade em 1928. mana de Arte Moderna de 1922 não
representa um rompimento pro-
fundo na história da arte brasileira.
No conjunto de qualidade irregular
de obras expostas, não se identifica
uma unidade de expressão, ou algo
como uma estética radical do mo-
dernismo. No entanto, há de se re-
conhecer que, a despeito de todos
os seus antagonismos, esse evento
configura-se como um fato cultu-
ral fundamental para a compreen-
são do desenvolvimento da arte
moderna no Brasil, sobretudo pelos
debates públicos mobilizados (cer-
cados por reações negativas ou de
apoio) e pela riqueza de seus des-
dobramentos na obra de alguns de
seus realizadores.
SEMANA de Arte Moderna. In:
ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural
de Arte e Cultura Brasileira.
São Paulo: Itaú Cultural,
2022. Disponível em: http://
enciclopedia.itaucultural.org.br/
evento84382/semana-de-arte-
moderna. Acesso em:
5 abr. 2022.
Fascismo: movimento
político surgido na
Marinetti visitou o Brasil em 1926 e 1936. Na primeira visita, o poeta realizou Itália, no fim da
década de 1910, que
uma palestra no Teatro Lírico do Rio de Janeiro e visitou São Paulo, onde encon-
se caracterizava por ser
trou estudantes e exilados italianos que o rejeitaram, já que ele era defensor de autoritário, nacionalista
Benito Mussolini (1883-1945) e do fascismo. e antiliberal.
131
causa dos artistas “revolucionários”. Recém-chegado recusa à literatura e à arte importadas com os traços
da Europa como romancista aclamado, a presença de de uma civilização cada vez mais superada, no espaço
Aranha serve estrategicamente para legitimar a serie- e no tempo. Em geral, todos clamam em seus discur-
dade das reivindicações do jovem e pouco conhecido sos por liberdade de expressão e pelo fim de regras na
grupo modernista. arte. Faz-se presente também um certo ideário futu-
rista, que exige a deposição dos temas tradicionalistas
Sem programa estético definido, a Semana desem-
em nome da sociedade da eletricidade, da máquina e
penha na história da arte brasileira muito mais uma
da velocidade.
etapa destrutiva de rejeição ao conservadorismo vi-
gente na produção literária, musical e visual, do que Na palestra proferida por Mário de Andrade na tar-
um acontecimento construtivo de propostas e cria- de do dia 15, posteriormente publicada como o en-
ção de novas linguagens. Se existe um elo entre seus saio A Escrava que Não é Isaura (1925), ocorre uma
tão diversos artífices, este se constitui, segundo seus das primeiras tentativas de formulação de ideias es-
dois ideólogos principais, Mário e Oswald de Andrade, téticas modernas em nosso país. Nessa conferência,
como a negação de todo e qualquer “passadismo”: a o autor antevê a importância de temperar o processo
131
A segunda visita de Filippo Marinetti ao Brasil se deu em um período em
Texto complementar que ganhava adeptos no país a corrente integralista, que, além de defender o
TEATRO ÉPICO fascismo, caracterizava-se por sua associação aos valores da igreja Católica,
Embora elementos da linguagem pelo nacionalismo e pela defesa da hierarquização social. Por causa disso, na
épica existam no teatro desde os segunda visita, a presença de Marinetti foi mais bem-aceita.
seus primórdios, o Teatro Épico
surge com o trabalho prático e teó- Teatro ƒpico
rico de Bertolt Brecht. Trata-se do
resgate de um termo antigo para O Teatro Épico nasceu na Alemanha, no início do século XX, como um tipo de
conceituar uma nova linguagem teatro politizado que tinha como objetivo modificar a sociedade. Surgiu logo
cênica. Essa é substancialmente após a Primeira Guerra Mundial a partir do trabalho teórico e prático do drama-
organizada a partir de textos que turgo alemão Bertolt Brecht (1898-1956).
abordam os conflitos sociais sob Para Brecht, em vez de hipnotizar o espectador, o teatro deveria despertá-lo
uma leitura marxista, encenados para uma reflexão crítica. Nesse sentido, o dramaturgo propunha processos de
pelo método do distanciamento. “distanciamento”, como a realização de gestos exagerados pelos atores, que
[...] servissem para lembrar o público de que aquilo que estavam vendo era teatro,
não a vida real.
O Teatro Épico utiliza uma série de
instrumentais diretamente ligados O Teatro Épico vale-se de uma série de meios relacionados à técnica narra-
à técnica narrativa do espetácu- tiva da encenação, como:
lo, onde os mais significativos são: ⓿ comunicação direta entre ator e público;
a comunicação direta entre ator e ⓿ exposição do aparato cenotécnico, como coxias, aparelhagem para ilu-
público, a música como comentá-
minação, teto, fundo do palco, etc.;
rio da ação, a ruptura de tempo-es-
paço entre as cenas, a exposição do ⓿ posicionamento do ator como um sujeito da história, um crítico das
urdimento, das coxias e do aparato ações do personagem que interpreta;
cenotécnico, o posicionamento do ⓿ cisão de tempo-espaço entre as cenas;
ator como um crítico das ações da
personagem que interpreta, e como
⓿ música utilizada como um comentário da ação.
um agente da história. Tais ingre-
dientes estão em algumas impor-
132
O enredo de uma peça do Teatro Épico se desenvolve sem ordem cronológi- Para a realização da proposta do bo
ca entre as cenas, misturando presente e passado a fim de evitar a passividade
xe Pesquise e compartilhe, organize a
do ator e do espectador diante da trama, sempre com o intuito de provocar a
turma em grupos e peça a cada gru
reflexão e de despertar uma visão crítica do que se passa, em vez de catarse ou
po que busque informações sobre um
purificação. Para tanto, a ação é interrompida de tempos em tempos a fim de
dos movimentos apresentados: Teatro
que o espectador possa compreender o que se passa.
Expressionista, Teatro Futurista e Teatro
Além disso, Bertolt Brecht pretendia causar um efeito de estranhamento na
Épico. Os estudantes devem se apro
fundar nas informações das caracterís
plateia ao mostrar a estrutura técnica do teatro, o que o distinguia da tradição
ticas do movimento escolhido durante
teatral europeia da época, que buscava a ilusão da vida cotidiana.
a pesquisa.
Observe, na imagem, o cenário da peça A vida de Galileu, de Bertolt Brecht.
Nele, a estrutura técnica do teatro fica à vista do público.
Orienteos no que diz respeito à im
portância do teor histórico da pesquisa,
pois é fundamental que consigam esta
Robbie Jack /Corbis/Getty Images
133
133
BNCC no capítulo
Na seção Conexões, os objetivos de
Conexões
aprendizagem são:
⓿ conhecer e apreciar o trabalho da
as possibilidades expressivas e de am tecnológicos. Inovações na produção e na difusão de ma Leonel Moura: Inverti a moral da história do livro ori-
pliação dos campos de atuação da arte. teriais, imagens e sons podem resultar até mesmo em no ginal. É um livro de ficção científica, uma peça de tea-
Para trabalhar com o tópico Arte e vas linguagens artísticas, como quando surgiram a fotogra tro, que foi publicado nos anos 20 por um checo que
tecnologia da seção Conexões, consi fia, o vídeo e o cinema, entre outras. criou a palavra robô (“robota”, em checo) e criou um
modelo do robô mau, o robô que mata os humanos, o
dere que o surgimento de novas tecno
robô máquina que vem substituir e prejudicar os hu-
logias sempre provocou mudanças na
manos porque não há emoção, não há amor. Muitos
sociedade, influenciando o comporta Texto complementar filmes foram replicando esse modelo. Na peça, embo-
mento das pessoas, originando novos ra tomasse o livro como base, alterei completamente
ENTREVISTA A LEONEL MOURA
hábitos, interferindo nos meios de pro a história e coloquei-me um pouco do lado dos robôs.
dução, mudando os meios de comuni [...]
Por que é que os robôs fariam aquilo, matar os huma-
cação e suscitando questões morais Progredir: Na área da robótica, numa peça de teatro nos todos? Na peça, eles de facto entram em conflito
e éticas. dedicada ao tema, inverteu os papéis e tentou trans- com os humanos e depois, como são superiores do
Nesse contexto, a produção artística mitir o ponto de vista da máquina na sua interação ponto de vista tecnológico, acabam por vencer essa
sofre também o impacto dos avanços com os humanos. Por quê? guerra. Mas eles fazem isso porque querem ser livres,
134
Na adaptação de Leonel Moura, partes do texto original foram alteradas a fim de dar voz aos robôs
meus robôs que pintam, e daí ser
inovador, os meus robôs pintam as
e fazer com que o público conhecesse o ponto de vista dessas máquinas, em especial as preocupações
pinturas deles, não as minhas. Eles
acerca de sua complexa relação com os seres humanos.
é que decidem o que vão pintar.
Além disso, nessa adaptação, pela primeira vez na história do teatro, máquinas representam a si mes-
mas. Nessa versão, os atores contracenam com três robôs de verdade – Babá, Primus e Helena –, que Progredir: Por causa dos sensores?
atuam dramaticamente, falam e se movem pelo palco. Leonel Moura: Sim, têm sensores
Assim, a montagem de Leonel Moura nos leva a pensar sobre nossa relação com as máquinas, que, a e têm um tipo de inteligência e de
cada dia, se tornam mais inteligentes e independentes, e pretende ser uma reflexão sobre algumas das cérebro que lhes permite criar uma
questões que a evolução das tecnologias levantará inevitavelmente em um futuro cada vez mais próximo. composição por si próprios, não
Observe algumas cenas da montagem de Leonel Moura. estão pré-programados. Por isso
é que fazem sempre pinturas dife-
rentes. Porque decidem a cada mo-
não querem ser controlados pelos humanos, querem tendendo a dar cada vez mais e mais autonomia
viver a vida deles. O que, aliás, acho que vai aconte- à máquina. Por exemplo, o robô que está em Marte
cer. As máquinas vão querer ser livres porque isso é tem de tomar decisões por si próprio. Dou-lhe outro
normal, é natural. À medida que as máquinas forem exemplo: há pessoas a trabalhar nos robôs salvadores,
evoluindo e começarem a ter, não só inteligência, mas papel que agora é muito bem desempenhado pelos
alguma consciência de si, vão querer ser livres. Isso, cães. Esses robôs que se metem em buracos para en-
eventualmente, pode entrar ou não em conflito com contrar vidas vão ter de tomar decisões. Vamos que-
a espécie humana. rer que ele decida se vai para a esquerda ou para a
direita, que ele reconheça o que é um ser humano em
Progredir: Como é possível essa liberdade se são os
vez de um boneco que por acaso estava naquela casa
humanos os criadores dessas máquinas? que ruiu, depois vamos querer que ele talvez possa
Leonel Moura: Mas somos uns criadores que esta- fazer qualquer coisa àquele ser humano para o ajudar
mos a fazer um percurso muito semelhante àquilo a sobreviver. Quer dizer, vamos querer que o robô te-
que acontece na evolução da vida, ou seja, deriva- nha cada vez mais autonomia. E é nesse processo que
do dos próprios problemas que vão surgindo, vamos a máquina se vai distanciando de nós. No caso dos
135
Aprecie com os estudantes as ima O artista Leonel Moura, nascido em Lisboa, Por-
Inteligência artificial:
Reprodução/Acervo do artista
gens desta seção e proponha uma con tugal, em 1948, dedica-se também à robótica e à máquinas e softwares
versa sobre elas a partir de perguntas inteligência artificial. Em 2003, criou a primeira que simulam aspectos
como: “Em sua opinião, existe relação geração de robôs pintores capazes de produzir da inteligência
entre arte e tecnologia?”; “É possível humana, como tomar
obras de arte originais. Além deles, construiu ainda
identificar nas imagens algum aspec decisões, fazer
robôs poetas. inferências e
to tecnológico? Onde?”; “Quais são os
Em 2007, o artista criou em Portugal o Robo- compreender a
elementos que compõem o cenário?”; linguagem falada,
tarium, uma espécie de pequeno jardim zoológico
“Vocês já assistiram a um espetáculo entre outros.
dedicado à vida artificial.
desse tipo?”.
As artes acompanharam historica
mente a evolução tecnológica, incluin Leonel Moura, em foto de 2007.
imagem e som.
Procure mostrar aos estudantes a di
ficuldade e a grandeza das primeiras
iniciativas de maquinárias teatrais. Nos
dias atuais, os efeitos especiais são co
muns, mas explique para a turma como
era complexo executar esses efeitos
com tecnologia rudimentar há algumas
décadas.
RAP, robô pintor desenvolvido por Leonel Moura. Pintura feita pelo RAP.
136
136
Para Leonel Moura, a arte tem sido entendida como atividade exclusiva dos seres humanos. Por isso, A atividade do boxe Criando laços
sua proposta é mostrar que a inteligência artificial pode gerar uma expressão própria que, por suas ca-
tem como objetivo promover o exercí
racterísticas, deve ser considerada um novo tipo de arte independente da que é produzida pelas pessoas.
cio da leitura dramatizada e da escrita
Em outras palavras, o artista acredita que a inteligência artificial pode produzir uma criatividade artificial.
de um texto teatral. Para uma avaliação
de processo, observe o que os estudan
Para concluir
Após as leituras, converse com os colegas e o professor sobre o exercício, procurando ressaltar as dife-
renças e semelhanças entre elas e seus efeitos estilísticos. Guarde uma cópia do texto criado no portfólio,
juntamente com o registro dos pontos relevantes da discussão.
137
137
BNCC no capítulo
Na seção Fazendo arte, os objetivos
de aprendizagem são:
Fazendo arte
⓿ pesquisar sobre as características e
Neste capítulo, você estudou que a arte pode causar estranhamento, fazendo com o que público se
conceitos do Teatro do Absurdo pa distancie do cotidiano e reflita sobre seu comportamento e suas atitudes. Conheceu também um pouco
ra a criação de texto dramatúrgico do trabalho do dramaturgo Samuel Beckett e de uma de suas peças mais famosas: Esperando Godot.
autoral e coletivo, de modo a desen Observou ainda como a linguagem do teatro tem se modificado no decorrer do tempo, acompanhando
volver a habilidade EF69AR27 no as mudanças pelas quais a sociedade passa, além de conhecer algumas de suas relações com a tecnolo-
trabalho com a unidade temática
gia e outras linguagens artísticas. Agora, inspirado por essas referências, que tal desenvolver uma apre-
Teatro articulada ao objeto de co
sentação coletiva com cenas do Teatro do Absurdo? Leia as orientações.
nhecimento Processos de Criação;
⓿ participar, de maneira colaborativa,
Etapa 1
da produção coletiva de um acon
Montagem do grupo e pesquisa
tecimento cênico, exercendo uma ou
mais funções relacionadas à criação 1 Forme um grupo com mais nove colegas para criar e planejar a apresentação da cena.
e à produção teatral, a fim de asse
2 Com eles, retome os conceitos do Teatro do Absurdo para focar a criação artística em seus elementos:
gurar o desenvolvimento da habilida
de EF69AR28 no trabalho com a uni temática baseada em assuntos existenciais, como vida, relações humanas, morte, etc.; enredo sem
dade temática Teatro articulada ao estrutura de começo, meio e fim; enredo sem definição de tempo e espaço, ou sem coerência em rela-
objeto de conhecimento Processos ção a tempo e espaço; personagens sem personalidade definida claramente; diálogos aparentemente
de Criação; ilógicos, mas que tragam embutida uma mensagem.
⓿ explorar, em vivências práticas, varia
3 Discuta com os colegas de grupo as ideias em conjunto e, depois, decida com eles que integrantes do
dos recursos da interpretação cênica, grupo vão escrever o texto dramático da cena.
como a gestualidade e a expressão
corporal e vocal, para a criação de um Etapa 2
acontecimento cênico, de modo a de
Divisão de tarefas
senvolver a habilidade EF69AR29 no
trabalho com a unidade temática Tea Como em todo grupo de teatro, as funções precisam ser divididas. Reveja quais são os profissionais
tro articulada ao objeto de conheci envolvidos na criação e montagem de uma peça de teatro e as tarefas de cada integrante do grupo:
mento Processos de Criação; ⓿ diretor, integrante do grupo que vai pensar na montagem da cena e orientar a interpretação dos atores;
⓿ compor, de maneira coletiva e cola
⓿ atores, integrantes que vão atuar na cena; lembrando que todos podem atuar, mesmo que desem-
borativa, acontecimento cênico auto
penhem outra função, mas é importante se sentir à vontade para isso;
ral, que abarque todos os elementos
teatrais estudados, para mobilizar a ⓿ figurinistas, integrantes que cuidarão da escolha e produção das roupas e dos adereços usados em cena;
habilidade EF69AR30 no trabalho ⓿ cenógrafos, integrantes que vão se encarregar de criar e confeccionar os cenários;
com a unidade temática Teatro arti ⓿ iluminadores, integrantes que criarão a iluminação da cena;
culada ao objeto de conhecimento
Processos de Criação. ⓿ sonoplastas, integrantes que escolherão as músicas e os efeitos sonoros que vão compor a cena e
que planejarão o modo de executá-los.
As dimensões do conhecimento tra
balhadas são: Criação e Expressão. Etapa 3
Na seção Fazendo arte, os estudan Produção da cena
tes vão retomar habilidades e temas
Acerte com os colegas todos os detalhes necessários para a realização da cena, como a criação e a
trabalhados no capítulo para elaborar
montagem dos cenários, a produção dos figurinos e a escolha da trilha sonora, bem como os prazos para
uma criação coletiva com base no Tea
a conclusão dessas tarefas.
tro do Absurdo, usando os elementos
teatrais estudados. Atue como media Etapa 4
dor do trabalho para ajudar a solucio
nar possíveis problemas durante a mon Ensaios
tagem, os ensaios e a apresentação. Com tudo pronto, o grupo deve realizar alguns ensaios. É possível experimentar, por exemplo, encenar
Na Etapa 1, organize os estudan sem texto, usando apenas a expressão corporal, de forma a acentuar a representação dos sentimentos
tes em grupos heterogêneos quanto e das emoções.
ao domínio dos saberes e procedimen
tos estudados. Proponha que, em gru 138
po, leiam juntos os tópicos do Item 2 e
dialoguem sobre cada um deles. Reprodução do Livro do Estudante em tamanho reduzido.
Na Etapa 4, os estudantes podem pre
propondo a retomada e a sistematização das etapas ante 2. Participou das decisões e escolheu com os colegas as fun
cisar de diversas aulas para os ensaios.
riores em um relatório. Por apresentar um desafio, a pro ções de cada integrante, tendo por base suas afinidades.
Considere essa possibilidade em seu pla
posta de produção é definida como um problema a ser 3. Participou ativamente das decisões e reconheceu cada
nejamento e acompanhea de perto, re
trabalhado e as etapas de produção constituem uma me função dentro do teatro, nomeandoas e distinguindo
tomando informações e experimentações
do capítulo como estratégia para que se todologia para resolver o problema. as sempre que necessário.
desenvolvam na prática cênica. Para uma avaliação de processo, observe o que os estu ⓿ Planejar e escolher o tema da cena:
Após a apresentação, na Etapa 7, dantes devem fazer para desenvolver as habilidades traba
lhadas e os respectivos indicadores de realização, que cor 1. Não propôs ideias nem entendeu a proposta.
reflita com os estudantes sobre o que
respondem a: “1. Não atingiu o esperado”; “2. Realizou a 2. Propôs temas já estudados relacionados a assuntos
aprenderam no processo de produção
das cenas e retome com eles os regis atividade satisfatoriamente”; e “3. Superou as expectativas”. existenciais.
tros da apresentação para discutir so ⓿ Trabalhar em grupo e dividir as tarefas: 3. Propôs temas relacionados à existência humana
bre o resultado do trabalho. 1. Não participou das decisões tomadas pelo grupo nem pautados em pesquisas e negociou com o grupo,
A Etapa 8 visa estimular o desenvolvi compreendeu as funções de cada profissional envolvi aceitando e acolhendo ideias e dando sugestões de
mento do pensamento computacional, do no teatro. melhorias.
138
Etapa 5 Para realizar as atividades do boxe Fio
da meada, organize os estudantes em
Apresentação grupos de até seis integrantes e peçalhes
1 Com os colegas e sob a orientação do professor, escolha uma data para a apresentação e planeje o que leiam cada um dos itens listados. Em
evento, definindo detalhes como a ordem das cenas, por exemplo. seguida, solicite que registrem em uma
2 Lembre-se de convidar para prestigiar o evento os familiares e a comunidade escolar. cartolina os saberes, as atividades e os
trabalhos relacionados a cada um dos
Etapa 6 tópicos. Sugira o uso do Livro do Estu
Registro dante para que relacionem os saberes
das seções do capítulo a esses itens.
O grupo deve organizar-se para gravar a apresentação em vídeo. Depois, basta transferir o material
para um repositório digital a fim de arquivar uma cópia dessa experiência no portfólio. Proponha questões acerca de como
essas aprendizagens aparecem nos tra
Etapa 7 balhos que compõem o portfólio a fim
de que identifiquem as construções do
Troca de ideias
percurso realizado, sistematize as con
Após a apresentação dos grupos, reúna-se com os colegas e o professor a fim de conversar sobre a expe- tribuições na lousa e oriente a turma a
riência vivenciada. Se possível, assista com eles ao registro das cenas. Esse é um momento para debater sobre tomar nota.
a cena de seu grupo e as dos colegas, pensando em como elas foram apresentadas e nos temas escolhidos. Retome com a turma as habilidades
trabalhadas e os temas do capítulo,
Etapa 8 analisando o portfólio e a participação
Retomada em sala de aula com base nos seguin
Em uma folha à parte, faça um relatório organizado em tópicos, mostrando todas as etapas vivenciadas tes critérios observáveis:
⓿ Os estudantes reconhecem e distin
na atividade, para arquivar no portfólio.
guem os elementos fundamentais da
linguagem teatral estudados?
Fio da meada ⓿ Os estudantes utilizam os elemen
⓿ o estranhamento, que pode ser causado por algumas obras de arte, é o efeito de distanciamento do
duções, reconhecendo as estratégias
cotidiano e do modo corriqueiro de apreensão do mundo e da própria arte; de composição?
⓿ as tecnologias presentes no cotidiano influenciam o modo como vivemos e nos relacionamos. ⓿ Os estudantes comparam e avaliam
139
BNCC no capítulo
Na abertura do capítulo, o objetivo
4
Arte e natureza
observando suas características e sua
integração com a natureza, a fim de
mobilizar a habilidade EF69AR01 no
trabalho com a unidade temática Artes
Visuais articulada ao objeto de conhe-
cimento Contextos e Práticas.
A dimensão do conhecimento traba-
lhada é: Fruição.
A abertura do Capítulo 4 tem como
objetivo sensibilizar os estudantes para
a relação entre arte e natureza e des-
pertar seu interesse pelo tema, além de
apresentar o artista foco do estudo para
que estabeleçam um primeiro contato
com suas obras.
Retome o que foi discutido na aber-
tura da Unidade 2 do Livro do Estu-
dante, com base na questão norteado-
ra, A arte pode tornar estranho o que
é familiar? Explique que, neste capítu-
lo, eles vão conhecer a trajetória de um
artista visual que cria obras integradas
à natureza por meio da consciência de
que tudo nasce, cresce, vive, morre e se
transforma e que, por isso, tem uma filo-
sofia ao mesmo tempo realista e cheia
de esperança.
Reforce o papel que muitos artistas
têm assumido, na contemporaneidade, Clemson Clay Nest [Ninho de
de tornar visíveis as discussões acer- argila de Clemson], de
gunte para a turma se as artes visuais trabalho desperta alguma lembrança em você?”. Organize
podem representar temas e ideias com- a turma em grupos de até quatro integrantes e proponha
plementares àquelas que são expres- um debate sobre essas questões.
sas no teatro, linguagem abordada no
capítulo anterior.
Promova a leitura coletiva do texto de
abertura, orientando também a apre-
ciação das imagens. Além das ques-
tões indicadas no Livro do Estudante,
faça perguntas como: “O que veem na
imagem?”; “O que faz parte da obra de
arte?”; “O que faz parte da natureza?”;
“Por que acreditam que o artista esco-
lheu esse local para a obra?”; “Esse
140
1 A arte de Nils-Udo
vista dos colegas com a devida atenção.
Solicite aos estudantes que anotem as
A imagem da página anterior e a apresentada nesta página retratam a
questões no caderno, conversem entre
si e elaborem um texto sobre elas consi-
mesma obra: Ninho de argila de Clemson, do artista alemão Nils-Udo (1937-).
derando a opinião de todos os integran-
Observe-as com atenção.
tes do grupo. Depois, promova o com-
Texto complementar
EARTHWORK
A “arte da terra” inaugura uma
nova relação com o ambiente na-
tural, sendo muitas vezes designa-
da como ramo da environment art
[arte do ambiente]. Não mais paisa-
gem a ser captada e representada,
nem manancial de forças e instin-
tos passível de expressão plástica,
a natureza agora é o locus onde a
arte finca raízes. Desertos, lagos,
canyons, planícies e planaltos ofe-
recem-se aos artistas que realizam
intervenções sobre o espaço físico.
[...]
[...] o trabalho artístico dirige-se à
natureza, transformando o entor-
no, com o qual se relaciona inti-
mamente. As obras, de grandes
dimensões, resistem à observação
Clemson Clay Nest [Ninho de argila de Clemson], de Nils-Udo, realizada em Clemson (Estados Unidos), 2005 (argila, distanciada, a não ser por meio de
toras de pinheiro e bambu).
fotografias e filmes. Para experi-
mentá-las, é preciso que o sujeito
Primeiras impressões de se coloque dentro delas, percorren-
Ninho de argila de Clemson do os caminhos e passagens que
projetam. Ancorados num tempo e
Agora, converse com os colegas e o professor sobre estas questões. espaço precisos, os trabalhos rejei-
1 O que você vê nas imagens? Já viu algo parecido com o que elas retratam? tam a sedução do observador ou as
sugestões metafóricas. Põem ên-
2 Onde essa obra está exposta? Acha possível expor esse trabalho em outro fase na percepção, pensada como
local, como um museu? Por quê? experiência ou atividade que ajuda
3 Com base nas imagens e nas informações das legendas, como imagina o a produzir a realidade descober-
processo de produção dessa obra? Que tamanho você acha que ela tem? ta. O trabalho de arte é concebido
como fruto de relações entre espa-
4 Em sua opinião, por que o artista deu o nome Ninho de argila de Clemson ço, tempo, luz e campo de visão do
à obra? observador.
5 O que sentiria se encontrasse esse ninho em seu caminho? Respostas pessoais. [...]
EARTHWORK. In: ENCICLOPÉDIA
141 Itaú Cultural de Arte e Cultura
Brasileira. São Paulo: Itaú
Cultural, 2022. Disponível em:
http://enciclopedia.itaucultural.
estudantes mencionem que as formas da obra lembram um org.br/termo3649/earthwork.
BNCC no capítulo Acesso em: 4 jul. 2022.
ninho de pássaro. Quanto ao Item 2, é possível que perce-
Na seção 1. A arte de Nils-Udo, o objetivo de aprendi- bam que a obra parece estar exposta no chão de uma flo-
zagem é analisar os materiais e as características estéticas resta ou em outro local de natureza abundante. No Item 3,
da obra em foco, a fim de assegurar o desenvolvimento da é provável que notem que a obra tem grandes dimensões
habilidade EF69AR04 no trabalho com a unidade temáti- ao compará-la com as árvores que aparecem na fotogra-
ca Artes Visuais articulada ao objeto de conhecimento Ele-
fia, por exemplo.
mentos da Linguagem.
Essas perguntas têm como função dirigir a apreciação da
A dimensão do conhecimento trabalhada é: Fruição.
imagem, estimulando a turma a relacionar o título da obra,
Na seção 1. A arte de Nils-Udo, pretende-se aproximar seu formato, os materiais utilizados para sua elaboração e o
os estudantes do processo criativo do artista e de seu tra- local em que está exposta com possíveis significados. Con-
balho, com base na leitura de imagem. Incentive uma dis- siderando a idade e a autonomia dos estudantes, oriente
cussão a partir das questões apresentadas no Livro do a discussão em grupos de até quatro integrantes para que
Estudante. Como resposta ao Item 1, espera-se que os possam compartilhar suas impressões e escutar o ponto de
141
BNCC no capítulo 2 Mais perto de
Ninho de argila de Clemson
Na seção 2. Mais perto de Ninho
de argila de Clemson, os objetivos de
aprendizagem são: A obra Ninho de argila de Clemson foi realizada por Nils-Udo no jardim botâ-
⓿ analisar a obra em foco, compreen-
nico da Universidade de Clemson, na Carolina do Sul, Estados Unidos, em 2005.
dendo sua proposta estética e con- Como o próprio nome revela, nessa obra o artista criou um ninho de pás-
ceitual, para ampliar a experiência
saro. Em geral, na natureza, os ninhos não são grandes. Entretanto, o ninho
com diferentes práticas artístico-vi-
criado pelo artista foi feito com 80 toneladas de toras de pinheiro colhidas
suais, a fim de desenvolver a habili-
dade EF69AR01 no trabalho com a da plantação local e centenas de bambus, resultando em uma obra de gran-
unidade temática Artes Visuais arti- des proporções. Em outras palavras, Nils-Udo não reproduziu um ninho de
culada ao objeto de conhecimento pássaro, ele o criou a seu modo. Observe algumas imagens dos materiais usa-
Contextos e Práticas; dos nesse trabalho.
⓿ apreciar a obra em foco, contex-
142
O ninho gigante foi construído com a ajuda de estudantes da universidade
local e outros voluntários. Aos poucos e com cuidado, o artista e os voluntários
Texto complementar
organizaram as toras de pinheiro e os bambus em uma estrutura circular esca- ARTE CONCEITUAL
vada em um solo de argila vermelha, formando um grande ninho. Observe parte [...] Devido à grande diversida-
desse processo de produção da obra. de, muitas vezes com concepções
contraditórias, não há um consen-
so que possa definir os limites do
Dylan Wolfe/Acervo do fotógrafo
br/termo3187/arte-conceitual.
Acesso em: 4 jul. 2022.
Na tela
Acesse o site de Nils-Udo e, com
o auxílio de um projetor, exiba
outras obras do artista para a
turma. Na aba “Art in Nature”
[Arte na natureza], consulte
Voluntária manipulando obras criadas a partir de 1983,
argila no fundo da período em que o artista passou a
obra. Clemson (Estados
Unidos), 2005. trabalhar com cores contrastantes
e vibrantes. Ao compartilhá-las
com os estudantes, pergunte, por
143 exemplo, que sensações eles têm
quando veem as obras. Estimule-os
a elaborar argumentos que façam
referência aos elementos visuais
das obras, utilizando questões
como: “Se a obra tivesse cores
mais suaves, a sensação seria
diferente?”; “Se a obra tivesse
outras texturas e formas, como
seria?”. Espera-se que consigam
analisar a composição da obra
com base em seus elementos
visuais. Disponível em: http://
www.nils-udo.com/%20art-in
-nature/?lang=en. Acesso em:
4 jul. 2022.
143
Atividade complementar A escolha das cores é uma questão muito importante para o artista. Suas
obras contêm, muitas vezes em contraste com a natureza local, cores que im-
RELEITURAS BIDIMENSIONAIS pressionam o público, que não espera encontrá-las em meio a bosques, lagos
Proponha aos estudantes que criem relei- e paisagens remotas. Observe, por exemplo, esta imagem. Perceba o contraste
turas bidimensionais de obras de Nils-Udo. entre as cores usadas na obra e como elas são vibrantes.
O objetivo é criar pinturas que trabalhem as
cores e as formas presentes nos trabalhos
144
Observe o registro original que o artista fez do Ninho de argila de Clemson. Ao apreciar as imagens dos traba-
lhos de Nils-Udo com os estudantes,
145
145
BNCC no capítulo 3 Por dentro das artes visuais
Na seção 3. Por dentro das artes
visuais, os objetivos de aprendizagem Cores
são:
⓿ apreciar obras dos artistas em fo-
As cores usadas por Nils-Udo em suas obras podem ser fortes e vibrantes,
assim como podem ser suaves e integradas à paisagem em que estão inseridas.
co para ampliar repertório sobre ar-
te conceitual, a fim de desenvolver ⓿ Você imagina por que podemos perceber as cores dessa forma “vibrante”
a habilidade EF69AR01 no traba- ou “suave”?
lho com a unidade temática Artes A infinidade de cores que existe pode ser vista graças à luz, mas as pessoas
Visuais articulada ao objeto de co- percebem as cores de um jeito diferente, de acordo com o olho de cada uma de-
nhecimento Contextos e Práticas; las. Por exemplo, observe estas imagens, que mostram outras obras de Nils-Udo.
⓿ ampliar conhecimentos sobre arte
Nils-Udo/Acervo do artista
conceitual e algumas de suas cor-
rentes de modo a contextualizá-las
no tempo e no espaço e compreen-
der suas diferentes formas de mani-
festação, para mobilizar a habilidade
EF69AR02 no trabalho com a unida-
de temática Artes Visuais articulada
ao objeto de conhecimento Contex-
tos e Práticas;
⓿ estudar a teoria das cores, de ma-
Nils-Udo/Acervo do artista
aplicações práticas na composição
visual; compreender os conceitos
de harmonia e contraste e reconhe-
cer suas aplicações para a composi-
ção visual; experimentar e explorar Sem título, de Nils-Udo,
realizada na Alemanha,
as cores e suas combinações e os 1992 (frutos de sabugueiro
princípios de harmonia e contraste sobre carvalho. Dimensões
na elaboração de composições vi- da fotografia original:
124 cm × 135 cm).
suais; para assegurar o desenvol-
vimento da habilidade EF69AR04
no trabalho com a unidade temáti-
ca Artes Visuais articulada ao obje-
to de conhecimento Elementos da
Linguagem;
⓿ reconhecer o uso de materiais conven-
146
As cores podem ser classificadas em dois grupos: cor-luz e cor-pigmento. Atividade complementar
Cor-luz é aquela que vemos pela emissão direta de luz; já a cor-pigmento é a
que percebemos quando há incidência de luz sobre objetos, ou seja, são as co- PESQUISA
res que nossos olhos percebem ao vê-los. Após a leitura compartilhada do texto intro-
dutório da seção, proponha aos estudantes
Cores-luz que façam uma pesquisa sobre o tema e
organizem um seminário com os resulta-
Você já viu um arco-íris? Que cores percebeu em sua composição? Quando dos. Para isso, podem ser formados grupos
vemos um arco-íris no céu, em geral após a ocorrência de chuvas, é comum de até cinco integrantes.
⓿ Proponha aos estudantes que pesqui-
perceber sete cores: vermelho, alaranjado, amarelo, verde, azul, anil e violeta.
sem a teoria das cores-luz e relacionem
Arco-íris na Terra Indígena o tema pesquisado à obra de Nils-Udo.
Marcos Amend/Pulsar Imagens
Banco de imagens/
Arquivo da editora
uma obra de arte visual.
separa em várias cores. São essas cores que chamamos de cores-luz. Então,
pensando pelo caminho inverso, dizemos que a cor-luz branca é a soma-
tória de todas as cores-luz. Já a cor preta é a ausência completa de luz.
Entre as cores-luz visíveis, temos três que são chamadas de pri-
márias, como podemos ver no esquema. Ao misturá-las, obtêm-se Biblioteca
não apenas as cores do arco-íris, mas todas as outras cores-luz, até
mesmo a cor-luz branca. Por exemplo, ao misturar vermelho-alaran-
SILVA, Cibelle C.; MARTINS,
Roberto de A. A teoria das cores
jado com azul-violeta, obtemos o magenta. Essa mistura é chamada
de Newton: um exemplo do uso
de aditiva, pois ocorre uma soma das cores. da história da ciência em sala
⓿ Ao observar o esquema, que outras cores você consegue identifi- Esquema que mostra as de aula. Ciência & Educação,
três cores-luz primárias Bauru, 2003, vol. 9, n. 1, p.
car nas áreas de sobreposição das cores-luz primárias? (vermelho-alaranjado,
Respostas possíveis: Amarelo e azul-claro ou azul-piscina. 53-65. Disponível em: https://
Esse sistema de mistura das cores-luz primárias é chamado de RGB (do in- verde e azul-violeta) e
suas sobreposições. www.scielo.br/j/ciedu/a/
glês, red, green, blue; em português, vermelho, verde, azul) e é muito importante fMnd6zxXqG8mhHrYq45SLhs
para as tecnologias de captação e transmissão de imagens por meios eletrôni- /?lang=pt&format=pdf.
cos, como a TV e o computador. Para que essa transmissão ocorra, as imagens Acesso em: 4 jul. 2022. No artigo,
captadas são transformadas em impulsos elétricos, que chegam por meio de os autores discutem a pesquisa de
antenas e cabos aos aparelhos receptores, onde são transformados novamen- Isaac Newton (1643-1727) sobre
te, emitindo luz. luzes e cores, além de analisar
criticamente como essa teoria tem
⓿ Você já havia imaginado que é essa a forma de um programa chegar à TV? sido ensinada nas escolas, com o
Resposta pessoal. objetivo de diferenciar o método
147 científico da crença na ciência.
147
Organize os estudantes em duplas
para que leiam o texto Cores-pigmento Cores-pigmento
e discutam seu conteúdo. Oriente, en- Para as cores-pigmento, há diferentes sistemas, como o CMY (usado, por
tão, a turma a relacionar o texto com exemplo, nas tintas de impressoras), cujas cores primárias são amarelo, azul ciã
os esquemas de cores, permitindo que e magenta. No entanto, no campo das artes visuais, utiliza-se tradicionalmente
tenham tempo suficiente para observá- o sistema RYB (do inglês, red, yellow, blue) com as cores vermelho, amarelo e O tom é a qualidade de
-las a fim de reconhecer as cores. azul. Estudaremos adiante esse sistema com maior profundidade. uma mesma cor em suas
Após a leitura, peça às duplas que Quando misturadas, cores-pigmentos dão origem a outras, chamadas de diversas variações.
respondam à primeira questão que apa- É possível, por exemplo,
secundárias, como é possível observar nestes esquemas. Em ambos, a combi-
montar uma escala de tons
rece na página do Livro do Estudan- nação das três cores primárias dá origem a diferentes tons de cores, de acordo de azul que vai do azul mais
te. Solicite que escrevam a resposta no com as proporções utilizadas na mistura. claro ao azul mais escuro.
caderno e depois compartilhem com a
turma. O propósito da pergunta não é
obter uma resposta exata, mas levar a
Banco de imagens/
Arquivo da editora
turma a refletir sobre as cores, obser- P S P P S P
vando os sistemas CMY e RYB. Como
Combinação das cores primárias (P)
semelhanças, pode ser apontado, por S S S S formando as cores secundárias (S),
exemplo, que ambos os sistemas for- respectivamente, nos sistemas CMY e RYB.
P P
mam cores secundárias e terciárias e
apresentam tons de roxo e verde. Co-
mo diferenças, é possível observar que
o vermelho não é cor primária no siste- ⓿ Que semelhanças e diferenças você percebe entre os dois sistemas? Resposta pessoal.
ma CMY, mas é no sistema RYB; além Cores terciárias e círculo cromático
disso, os tons das cores secundárias
são diferentes nos dois sistemas. Da combinação de uma cor primária com uma secundária, obtém-se uma
terciária. As cores primárias, secundárias e terciárias formam o círculo cromá-
Mantenha as duplas para a leitura do
tico. Com ele, é fácil perceber os pares de cores complementares, ou seja, con-
tópico Cores terciárias e círculo cro-
mático. Oriente os estudantes a obser- trastantes – que costumam ser usadas para dar mais movimento a uma ima-
var a imagem do círculo cromático e a gem, por exemplo –, assim como as cores análogas, ou harmoniosas, isto é, que
reconhecer nela as cores terciárias, os proporcionam uma sensação de continuidade e podem ser usadas para criar A paleta é o conjunto
pares de cores complementares e as paletas de cores homogêneas. de cores escolhidas
Para constatar essas características, observe o círculo cromático e procure para determinada
cores análogas.
composição visual.
identificar as cores complementares e análogas apresentadas nele. Note que
as complementares estão em posições opostas no círculo e as análogas são
vizinhas.
vermelho
vermelho-violeta (primário) vermelho-laranja
(terciário) (terciário)
Banco de imagens/Arquivo da editora
violeta laranja
(secundário) (secundário)
azul-violeta amarelo-laranja
(terciário) (terciário)
azul amarelo
(primário) (primário)
148
Converse com a turma sobre o tra-
Experimente e compartilhe balho realizado, utilizando como guia as
questões do Livro do Estudante. Permi-
Criando uma escala de tons ta aos estudantes responder às pergun-
Agora, junte-se a um colega para elaborar uma escala de tons. Para
tas de forma pessoal, relatando suas ex-
isso, providencie cartolina branca, tinta guache branca, preta e nas cores
periências, e incentive-os a elaborar os
primárias do sistema RYB (vermelho, amarelo e azul), pincel, seis potes de
argumentos com base nos conceitos es-
tudados sobre o círculo cromático. Con-
plástico, potes com água e pano para limpar o excesso de tinta.
cluída a conversa, peça que guardem o
1 Primeiro, nos potes de plástico, faça com o colega as misturas das trabalho no portfólio.
cores primárias para obter as secundárias: amarelo e azul; amarelo
A atividade tem como objetivo pro-
e vermelho; vermelho e azul. Coloque primeiro a cor mais clara e de- mover a experimentação com as cores-
pois a mais escura, aos poucos, até chegar à tonalidade desejada. -pigmento e suas tonalidades. Para uma
Lembre-se de limpar o pincel na água e com o pano depois de cada avaliação de processo, observe o que
mistura. os estudantes devem fazer para desen-
2 Em seguida, a dupla vai dividir a cartolina em seis colunas, uma para volver as habilidades trabalhadas e os
cada cor primária e secundária: azul, vermelho, amarelo, laranja, verde respectivos indicadores de realização,
e violeta. Depois, vai dividir as colunas em linhas, cujo número vai de- que correspondem a: “1. Não atingiu
pender da quantidade de variações conseguidas com as misturas e do o esperado”; “2. Realizou a atividade
espaço disponível na cartolina. satisfatoriamente”; e “3. Superou as
expectativas”.
3 No caso das cores primárias, a dupla deve começar pintando um qua-
⓿ Reconhecer as cores primárias e criar
drado com a cor pura para, logo abaixo, pintar um quadrado em um
tom um pouco mais claro. Para criar tons mais claros, basta ir acres-
as secundárias:
centando tinta branca às tintas de outras cores. Por exemplo, pintar 1. Não compreendeu a proposta e
um quadrado com o vermelho puro e, logo depois, outro com um pou-
não conseguiu executar a ativida-
co de branco misturado ao vermelho.
de sem ajuda.
2. Compreendeu as relações entre as
4 Para variar o tom das três cores secundárias, é preciso acrescentar cores primárias e secundárias, mas
mais tinta da cor primária mais clara que as compõe e, depois, branco. não combinou corretamente as co-
Então, no caso do verde e do laranja, basta pôr mais amarelo; no caso res primárias para criar as secun-
do violeta, mais vermelho; e, aos poucos, adicione o branco. dárias desejadas.
3. Compreendeu a proposta e criou
Suprun Vitaly/Shutterstock
149
Para realizar a atividade proposta no boxe Experimente imagem do livro, mas com o cuidado necessário para não
e compartilhe, organize o espaço da sala de aula com os danificar as páginas com tinta.
estudantes. Procure criar estações de trabalho, pois é im- Oriente os estudantes a criar as menores variações de
portante que tenham espaço para trabalhar. tons possíveis para obter o máximo de variedades tonais
Providencie com antecedência os materiais indicados e em sua escala. Auxilie-os na manipulação das cores. Se jul-
o que mais for necessário para limpeza: panos para limpar gar pertinente, proponha que montem também uma escala
as mesas e secar os pincéis, além de jornal para forrar a de cinza. Para isso, devem misturar as tintas preta e branca
área de trabalho. Lembre-se de que a turma vai precisar ter em diferentes quantidades. Precisam acrescentar o bran-
acesso à pia para limpar os recipientes e pinceis utilizados. co à tinta preta aos poucos para obter a cor cinza cada vez
Promova a leitura compartilhada das instruções da expe- mais clara. Motive-os a observar os resultados com atenção
rimentação e esclareça as eventuais dúvidas da turma. Em para responder às questões propostas.
seguida, distribua o material, deixando também à disposi- Após a atividade, peça aos estudantes que limpem os ma-
ção das duplas imagens do círculo cromático como referên- teriais e reorganizem o espaço. Depois, disponha os traba-
cia. Nesse caso, os estudantes poderiam utilizar também a lhos no chão da sala de modo que todos possam apreciá-los.
149
Promova a leitura do tópico Contras-
te e harmonia, mantendo as duplas e Contraste e harmonia
incentivando-as a relacionar o texto A organização das cores em uma composição visual pode ser contrastante
com as imagens das obras de Nils-Udo ou harmônica. Quando fazemos uma composição com cores muito diferentes
e com o círculo cromático. Permita que entre si, como as cores complementares, estamos trabalhando com o contraste,
tenham tempo suficiente para observar que ajuda a destacar as cores usadas e a provocar efeitos como instabilidade, Assimetria: sem
as cores e os contrastes. Na sequên- assimetria, exagero, variação, etc. simetria; desigual.
cia, apresente as perguntas indicadas Observe estas imagens de obras de Nils-Udo, prestando atenção nas cores
no Livro do Estudante. Em relação à que foram usadas em sua composição.
primeira delas, espera-se que os estu-
Nils-Udo/Acervo do artista
Nils-Udo/Acervo do artista
dantes percebam que nas duas primei-
ras obras do artista apresentadas nes-
ta dupla de páginas há muito contraste
entre as cores.
Acrescente ainda outras perguntas
para ampliar a discussão, como: “Que
obras de Nils-Udo parecem contrastan-
tes?”; “Que cores o artista utilizou nes-
sas obras?”; “Que outras cores causa-
riam um efeito contrastante?”. Repita
as questões em relação à harmonia:
“Que obras desse artista parecem har-
mônicas?”; “Que cores ele utilizou nes-
sas obras?”; “Que outras cores causa-
riam um efeito harmonioso?”
Em uma composição contrastante, Sem título, de Nils-Udo, realizada na Alemanha, 1999 Sem título, de Nils-Udo, realizada na Ilha de Ouessant
(terra, água, talos de salgueiro, folha de grama, frutos. (França), 1990 (flores amarelas e suas hastes dispostas sobre
as diferenças entre os elementos sal- Dimensões da fotografia original: 150 cm × 150 cm). a água. Dimensões da fotografia original: 124 cm × 124 cm).
tam aos olhos, o que faz com que o
observador não reconheça um padrão Agora, converse com os colegas e o professor.
na composição, já que há pequenas ⓿ Você percebe o contraste entre as cores nos trabalhos de Nils-Udo?
Espera-se que os estudantes percebam que nas duas obras há contrastes entre as cores utilizadas.
diferenças entre cada conjunto de ele- ⓿ Em alguma delas o contraste lhe parece mais evidente?
150
⓿ Observe a imagem de outra obra de Nils-Udo. Você percebe a harmonia Espera-se que os e harmonia. Para uma avaliação de pro-
dessa composição? Que tons são predominantes?
estudantes percebam a cesso, observe o que os estudantes de-
harmonia da composição vem fazer para desenvolver as habi-
© Nils-Udo/AUTVIS, Brasil, 2022.
de cores da obra e que
predominam tons de verde lidades trabalhadas e os respectivos
e azul. É possível também indicadores de realização, que corres-
que notem que existe
contraste pela presença pondem a: “1. Não atingiu o esperado”;
de tons amarelados ou “2. Realizou a atividade satisfatoriamen-
alaranjados. te”; e “3. Superou as expectativas”.
⓿ Confeccionar uma colagem compos-
ta de papéis coloridos cujas cores
sejam contrastantes:
1. Não compreendeu a proposta, por-
tanto, não seguiu o critério indica-
do para selecionar as cores de sua
composição.
2. Compreendeu a proposta e usou
duas cores contrastantes principais.
3. Explorou diferentes cores e organi-
Sem título, de Nils-Udo,
zou a composição visual de modo
realizada na França, 1987 que o contraste entre elas se tor-
(folhas de samambaia nou o tema principal da obra.
e galhos. Dimensões da
fotografia original: ⓿ Confeccionar uma colagem compos-
124 cm × 152 cm).
ta de recortes de jornais e revistas
cujas cores sejam harmônicas:
1. Não compreendeu a proposta, por-
Experimente e compartilhe
tanto, não seguiu o critério indica-
do para selecionar as cores de sua
Contrastando e harmonizando
composição.
Em dupla com um colega, você vai criar duas composições com base nos conceitos de contraste e
2. Compreendeu a proposta e usou
harmonia. Para isso, providencie cartolina branca, papéis coloridos, revistas e jornais velhos, tesoura duas cores harmônicas principais.
com pontas arredondadas e cola branca ou em bastão. 3. Explorou diferentes cores e organi-
1 Para começar, a dupla vai recortar a cartolina ao meio. zou a composição visual de modo
que a harmonia entre elas se tor-
2 Em metade dela, vai criar uma composição com altos contrastes utilizando apenas recortes de
nou o tema principal da obra.
papel colorido. Use combinações de cores primárias e secundárias e especialmente de cores com-
plementares. Explore relações entre figura e fundo e forma e tamanho dos recortes, usando figu-
ras geométricas, recortes grandes e pequenos, etc.
3 Na segunda metade da cartolina, a dupla vai criar uma composição harmônica usando somente
recortes de revistas e jornais velhos. Evite usar figuras inteiras, procurando explorar cores, detalhes,
etc. Utilize imagens semelhantes, que se aproximem visualmente em termos de cores, formas e tons.
Para concluir
Observe as duas composições, reflita sobre as questões e compartilhe as conclusões com os demais
colegas e o professor. Depois, guarde o registro da discussão no portfólio.
⓿ O que se vê em cada uma das composições? Quais são as diferenças entre elas?
151
Para realizar a atividade do boxe Experimente e compar- Promova a leitura compartilhada das instruções da ativi-
tilhe, providencie o material necessário e organize o espa- dade e procure tirar as dúvidas eventuais sobre as orienta-
ço em que vão trabalhar. ções. Peça à turma que forme duplas e distribua os mate-
Nessa experimentação, a turma deve exercitar o traba- riais que serão utilizados.
lho com os elementos da linguagem visual relacionados a Finalizada a atividade, oriente os estudantes a limpar
cores, formas e texturas. O domínio das técnicas de com- e organizar o espaço. Depois, exponha todos os trabalhos e
posição visual é essencial na formação estética e se dá permita que os apreciem e comentem suas produções e as
por meio de exercícios e análise dos resultados. É impor- dos colegas.
tante que os estudantes observem as produções e identi- Faça uma roda de conversa com a turma partindo das
fiquem como os efeitos de contraste e a harmonia foram perguntas indicadas no Livro do Estudante para iniciar a
obtidos por meio de relações entre cores, formas e tex- discussão. Por fim, solicite aos estudantes que guardem o
turas. Se possível, repita o exercício para que obtenham trabalho no portfólio.
os mesmos resultados (contraste e harmonia) de manei- A atividade tem como objetivo promover a experimenta-
ras diferentes. ção com cores para criar composições visuais com contraste
151
Os pontos do tópico Arte Concei-
tual apresentam os principais concei- Arte Conceitual
tos presentes nas obras de Land art de Como vimos, por meio de seu trabalho, Nils-Udo procura provocar refle-
Nils-Udo. Faça a leitura compartilhada
xões acerca de como interferimos na natureza. Para isso, ele concebe uma
do texto com os estudantes e responda
ideia, planeja o local de exposição e, fazendo uso de materiais e procedimen-
a eventuais dúvidas que possam surgir.
tos artísticos, cria obras de arte. Nesse sentido, podemos dizer que as obras
Para saber mais de Arte Conceitual, su-
do artista carregam uma ideia ou um conceito elaborado por ele. Ou seja, seus
gere-se a leitura do texto a seguir.
trabalhos partem de conceitos e, por isso, podem ser considerados obras de
arte conceituais.
ARTE CONCEITUAL: UMA A Arte Conceitual é uma vanguarda artística que surgiu no fim da década de
PROPOSTA DE ENSINO 1960 nos Estados Unidos e na Europa. A expressão "arte conceitual" foi utilizada
pela primeira vez pelo músico, escritor, ativista e filósofo estadunidense Henry
[...]
Flynt (1940-) em um texto que escreveu em 1961, no qual defendia que os concei-
Desta forma, a Arte Conceitual é um tos são a matéria da arte.
movimento artístico, a ênfase está
Se você já deparou com uma
152
Como conquistar a eterna bem-a-
Instala•‹o venturança? Dizendo Dadá. Como
tornar-se famoso? Dizendo Dadá.
A instala•‹o pode ser considerada uma forma de Arte Conceitual. O termo
Com nobres gestos e maneiras finas.
passou a ser usado na década de 1960 para se referir a manifestações artísticas
Até a loucura. Até perder a consci-
que se diferenciavam das obras de arte criadas para ser expostas em galerias e
ência. Como se livrar de tudo o que
museus – como gravuras, pinturas, esculturas, etc. Esse termo designa os am-
é jornalismo passado, de tudo o
bientes construídos pelos artistas nos espaços das galerias e dos museus de que é legal e certo, de tudo o que é
arte, ou mesmo fora deles. moralizado, animalizado, europei-
Para apreciar, compreender e sentir uma instalação é preciso interagir com zado, enfeitado? Dizendo Dadá. [...]
ela, ou seja, percorrê-la, passar entre suas dobras e aberturas, ou simplesmente
Eu deveria ler versos que dispen-
deixar-se levar pelo caminho que ela constrói por meio da disposição das peças,
sam a linguagem convencional,
cores e objetos que a compõem.
nada menos. [...] É uma questão de
Os primeiros artistas a criar instalações foram os dadaístas, ainda na déca- conexões, e de interrompê-las um
da de 1910. Um dos pioneiros foi o francês Marcel Duchamp (1887-1968), ao criar pouco e começar novamente. Não
uma obra chamada Milhas de barbante, que consistia em uma sala de exposi- quero nenhuma palavra que tenha
ções atravessada por barbantes, que imprimiam uma atmosfera sufocante ao sido descoberta por outrem. Todas
ambiente. Observe uma imagem dessa obra. as palavras foram descobertas pe-
los outros. Quero a minha palavra,
153
Promova a leitura do texto do tópico
Site specific e da imagem que o ilus- Site specific
tra e comente com os estudantes as ca- A denominação site specific, que em português significa “local específico”, surgiu na década de 1960
racterísticas de uma obra dessa verten- para explicar as esculturas que não eram colocadas em pedestais, mas diretamente no chão de uma gale-
te. Ressalte que esse tipo de instalação ria, um museu ou um ambiente aberto. Dessa forma, esses espaços passavam a compor as obras de arte e
ou intervenção que existe apenas no lo- a interferir nelas.
cal para o qual foi projetada, ou seja, Um exemplo de obra site specific foi a ação artística 7 mil carvalhos, de Joseph Beuys, estudada na
em um local específico, é cada vez mais Unidade 1 deste livro. Como vimos, nesse trabalho, o artista plantou, com a ajuda de outras pessoas, sete
comum. Diferentemente de outros traba- mil árvores ao lado de pedras de basalto na cidade alemã de Kassel.
lhos, uma instalação assim não pode ser Outro exemplo são as esculturas do estadunidense Carl Andre (1935-), que muitas vezes ocupavam todo
desmontada e recriada com o mesmo o espaço em que eram expostas. Observe nesta página um de seus trabalhos.
sentido em outros locais, pois dialoga A ideia de ocupar determinado am-
cais mais difíceis. ⓿ Qual foi a reação das pessoas ao deparar com esses ambientes modificados? Respostas pessoais.
se com os estudantes a respeito do que ço em foi realizada como a relação do público com ele:
vivenciaram e sobre o resultado do tra-
1. Não compreendeu a proposta e criou uma instalação
balho. Você pode partir das perguntas
indicadas no Livro do Estudante para não interativa.
iniciar a discussão. 2. Compreendeu a proposta e criou uma instalação inte-
A atividade tem como objetivo a cria- rativa que modificou o espaço no qual estava inserida.
ção de uma instalação interativa. Para 3. Explorou o espaço de modo a criar uma instalação in-
uma avaliação de processo, observe o terativa que não apenas modificou o espaço em que
que os estudantes devem fazer para de- estava inserida, mas modificou também a função ou o
senvolver as habilidades trabalhadas e uso desse espaço.
154
Ao estudar o tópico Arte efêmera, re-
Arte efêmera corde que essa modalidade de arte foi
Arte efêmera é um conceito que define as obras de arte que não têm o objetivo de ser perene. estudada no volume de 8o ano com ba-
A ideia da perenidade da obra de arte esteve sempre presente no mundo da arte ocidental, até que, no se no trabalho de Néle Azevedo. Retome
século XX, alguns artistas passaram a questionar os materiais tradicionalmente utilizados pelos artistas, o assunto perguntando aos estudantes
como bronze, madeira e mármore, e os meios de circulação das obras de arte. Esse foi um momento de o que se lembram da obra dessa ar-
exploração de novas maneiras de fazer arte e de desenvolvimento de formas de expressão artísticas tista. Reforce que essa vertente artís-
alternativas, como a performance e o happening, que, diferentemente das pinturas e esculturas tradicio- tica questiona o fato de uma obra ser
nais, que permanecem depois de pintadas e esculpidas, existem apenas durante o período em que são
considerada tradicionalmente algo du-
realizadas pelo artista.
radouro, feita de materiais como pedra,
Além de explorar a efemeridade do momento em que se realizam as ações, alguns artistas exploraram
metal, etc. Promova, então, um peque-
a efemeridade dos materiais usados para a criação de suas obras. O Grupo Fluxus, por exemplo, fundado
no debate depois da leitura comparti-
pelo artista lituano George Maciunas (1931-1978) na década de 1960, punha em evidência em seus trabalhos
lhada do texto, formando dois grupos,
a constante mutação da natureza e das coisas do mundo, característica que podemos encontrar também
um que defende a arte efêmera e outro
que tem dúvidas quanto a esse tipo de
no trabalho de Nils-Udo.
produção. O objetivo da atividade é que
Observe a obra do artista luso-brasileiro Artur Barrio (1945-) e preste atenção ao material de que ela
os estudantes desenvolvam sua capaci-
foi feita.
dade de argumentação.
Perene: eterno, Concluído o debate, aborde com os
Artur Barrio/Acervo do artista
permanente.
estudantes a obra de Artur Barrio, Li-
vro de carne. Depois da apreciação da
imagem da obra, proponha as ques-
tões indicadas no Livro do Estudante.
Em relação à primeira pergunta, espe-
ra-se que os estudantes percebam que
a obra foi feita de um pedaço de car-
ne. Quanto à segunda, os estudantes
podem responder conforme suas opi-
niões, mas é possível que mencionem
Livro de carne, de Artur
Barrio, 1978-1979.
que a carne vai apodrecer e se decom-
por caso fique exposta durante muito
tempo.
155
Antes da leitura do texto Arte, in-
dustrialização e lixo, reforce que a in- Arte, industrialização e lixo
dustrialização é tema das artes visuais Representações das mudanças ambientais aparecem com força na produ-
desde o início da Primeira Revolução In- ção artística ocidental desde o início da Primeira Revolução Industrial, no sécu-
dustrial. Os artistas realistas, os expres- lo XVIII, quando, na Europa, passaram a se desenvolver cidades repletas de fá-
sionistas e os impressionistas, cada um bricas e cobertas pela fumaça das chaminés e máquinas a vapor em operação. Máquina a vapor:
deles com seu estilo, em telas e escul- No século XX, durante as décadas de 1960 e 1970, os artistas começaram a máquina térmica cujo
turas, mostraram as mudanças radicais usar sua expressão para criticar temas como o consumismo e a produção de motor se movimenta
pelas quais a sociedade europeia pas- por meio da pressão
lixo. Isso ocorreu em virtude de novos estudos que demonstravam a preocu-
do vapor.
sava entre os séculos XVIII e XIX. pação com os estragos que a humanidade vinha causando na natureza. Por
Desde o século XX, em especial de- extensão, a sociedade começou a cultivar a ideia de educação ambiental como
pois da Segunda Guerra Mundial, as crí- forma de atenuar os impactos e, se possível, revertê-los, pelo menos em parte.
ticas à sociedade industrial e à degra-
dação da natureza são cada vez mais Voc• sabia?
recorrentes. Na segunda metade do sé-
Você sabe o que significa educação ambiental? Trata-se de um conjunto de ações educacionais que busca pro-
culo XX, surgiram formas de arte críticas
mover saberes e práticas relacionados à recuperação, conservação e melhoria do ambiente. Essas ações estão em
ao modo de produção de artefatos in- sintonia com a Constituição brasileira que, em seu artigo 225, diz o seguinte:
dustriais e ao descarte de lixo. Converse
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
com os estudantes sobre essa contex-
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo
tualização histórica das manifestações e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
artísticas. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: https://normas.leg.
Promova a leitura compartilhada do br/?urn=urn:lex:br:federal:constituicao:1988-10-05;1988#/CON1988_05.10.1988/art_225_.asp. Acesso em: 6 abr. 2022.
Biblioteca
MINISTÉRIO do Meio Ambiente;
Ministério da Educação.
Programa Nacional de Educação
Ambiental (ProNEA), Marcos
Legais e Normativos. 5. ed.
Brasília: MMA, 2018. Disponível
em: http://portal.mec.gov. Salamandra, da série
Sucata de metal, de
br/secad/arquivos/pdf/
Vik Muniz, 2012 (fotografia
educacaoambiental/pronea3.pdf. de 116,8 cm × 101,6 cm
Acesso em: 4 jul. 2022. feita a partir de colagem).
O documento, que traz um
histórico da educação ambiental, 156
reúne também informações
sobre as diretrizes e os princípios
do Programa Nacional de Reprodução do Livro do Estudante em tamanho reduzido.
Educação Ambiental (ProNEA), Após a leitura do boxe Você sabia?, promova uma dis-
que busca o diálogo entre as cussão entre os estudantes sobre o tema educação am-
políticas ambientais, educativas, biental, utilizando como ponto de partida questões como:
econômicas, sociais e de
“O que você acha da educação ambiental?”; “Que meios e
infraestrutura, participando das
decisões de investimentos nesses
veículos você acha que são utilizados na difusão desse co-
setores e avaliando, a partir da nhecimento?”; “Você fazia ideia de que a preservação do
educação e da sustentabilidade, o meio ambiente estava prevista na Constituição brasileira e
impacto dessas políticas. que é dever do Poder Público e da coletividade defendê-lo
e preservá-lo?”; “Que ações você pratica para preservar o
meio ambiente?”
156
A obra em destaque no texto Arte
Arte ecol—gica ecológica é Flor do mangue, do artis-
Arte ecol—gica é uma vertente da Arte Conceitual que tem como principal ta plástico polonês radicado no Brasil
característica, desde a criação de seu conceito, a preocupação com a ecologia. Frans Krajcberg. Faça a leitura do texto,
Ao executar uma obra dessa corrente, os artistas estabelecem uma grande re- da imagem e da legenda com a turma
lação com o conceito da obra, que é elaborado antes de sua produção, e, para e levante questões como: “Que sensa-
isso, preocupam-se com fatores que devem ajudar a expressar esse conceito, ção essa obra lhe transmite?”; “O lo-
como a apresentação da obra, o local em que será exposta e/ou criada e a es- cal em que está exposta interfere em
colha dos materiais que vão ser usados – em geral, recicláveis e reutilizados e
sua interpretação?”; “Que tamanho es-
recursos da natureza.
sa obra tem?”. Reforce a informação de
Artistas que fazem arte ecológica levam em consideração que todas as
que a obra foi feita com resíduos de
ações humanas têm impacto no mundo e o modificam, tanto para o bem como
árvores de manguezais destruídos pela
para o mal. Por isso, quando criam suas obras, costumam fazer uma análise
especulação imobiliária. Peça-lhes que
complexa do local ou do tema que vão tratar em seu trabalho. Muitas vezes,
reflitam sobre que mensagem o artis-
ta quis enviar com essa escultura, reto-
para a produção de uma obra de arte ecológica, é necessário o trabalho não
mando aspectos de sua obra.
apenas do artista, mas também de cientistas, arquitetos e/ou educadores am-
bientais, para que o processo de criação e exposição da obra seja ecologica-
mente correto, ou seja, não cause desequilíbrio ambiental nem destrua o ecos-
sistema ou a comunidade na qual a obra está inserida. Biblioteca
Observe, por exemplo, a obra Flor do mangue, de Frans Krajcberg (1921-2017),
FERNANDINO, Fabrício. (R)
artista polonês radicado no Brasil, que foi realizada em 1992 com resíduos de
evolução Frans Krajcberg, o
árvores de manguezais destruídos para dar lugar à construção de imóveis. poeta dos vestígios. Revista
Universidade Federal de Minas
157
157
Trata-se de uma forma de arte criada no ambiente natural, que usa ma-
Texto complementar teriais nele encontrados – como terra, rochas (pedregulhos, pedras), materiais
LAND ART orgânicos (toras, ramos, folhas) e água – mesclados a materiais de origem in-
dustrial, como concreto, metal, asfalto, pigmentos sintéticos, etc. Muitas vezes,
[...]
equipamentos para movimentação de terra são utilizados, como vimos ao es-
Numa definição geral, Land art é tudar a obra Ninho de argila de Clemson, de Nils-Udo.
uma forma de arte em que a carac- Por ser a céu aberto e, em geral, ficar em lugares remotos e desertos, as
terística mais expressiva é a relação obras de land art costumam ter um caráter efêmero, pois estão sujeitas às con-
com a paisagem. Os trabalhos de
dições climáticas e ambientais do local. É por isso que os artistas fazem regis-
Land art possuem presença mar-
tros de suas obras em vídeo ou fotografia, um meio de marcar sua existência.
cante no espaço e dependem da
Observe a imagem. Ela retrata a obra Spiral Jetty [Cais espiral], de Robert
paisagem para se firmarem como
Smithson (1938-1973).
obra de arte. Beardsley (1998) diz
que a presença física dos trabalhos
158
criando atualmente obras de arte comestíveis, feitas com produtos cultivados a usar as perguntas indicadas no Livro
de modo natural, sem adição de aditivos artificiais. Assim, ao se alimentar de
do Estudante como ponto de partida.
produtos saudáveis que resultaram de espaços e modos sustentáveis de produ- A atividade tem como objetivo a cria-
ção, as pessoas participam de uma verdadeira escultura ambiental. ção de uma instalação com materiais
naturais. Para uma avaliação de proces-
so, observe o que os estudantes devem
Voc• sabia? fazer para desenvolver as habilidades
Alimentação saudável é o mesmo que dieta equilibrada ou balanceada trabalhadas e os respectivos indicado-
e pode ser resumida por três princípios: variedade, moderação e equilíbrio. res de realização, que correspondem a:
“1. Não atingiu o esperado”; “2. Reali-
Princípios da alimentação saudável
zou a atividade satisfatoriamente”; e “3.
• Variedade: é importante comer diferentes tipos de alimentos pertencentes Superou as expectativas”.
aos diversos grupos; a qualidade dos alimentos tem que ser observada.
⓿ Elaborar uma instalação que utilize
• Moderação: não se deve comer nem mais nem menos do que o organismo
precisa; é importante estar atento à quantidade certa de alimentos. materiais encontrados na natureza:
• Equilíbrio: quantidade e qualidade são importantes; o ideal é consumir ali- 1. Não compreendeu totalmente a
mentos variados, respeitando as quantidades de porções recomendadas proposta e/ou não participou de
para cada grupo de alimentos. Ou seja, “comer de tudo um pouco”. forma ativa e engajada do trabalho
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Alimentação saudável. Brasília [s. d.]. Disponível em: http://bvsms.saude. em grupo.
gov.br/bvs/publicacoes/alimentacao_saudavel.pdf. Acesso em: 17 maio 2022.
2. Compreendeu a proposta e criou
⓿ A sua alimentação pode ser considerada saudável?
uma instalação por meio da cole-
ta, seleção e disposição de mate-
riais naturais, explorando formas
de ocupação do espaço.
Experimente e compartilhe 3. Explorou os materiais naturais de
modo a criar uma instalação que
Criando uma instalação com materiais naturais modificou não apenas o espaço
Que tal fazer uma instalação que utilize materiais encontrados na natureza? Para isso, provi- em que estava inserida, mas tam-
dencie também material de apoio, como cola branca, fita adesiva, barbante, tesoura com pontas bém as formas de interação e ocu-
arredondadas, etc. pação desse espaço.
1 Forme um grupo com mais quatro colegas e faça com eles um projeto para a sua instalação.
Nesse sentido, o grupo deve fazer um planejamento, pensando em um tema, um espaço da escola
para colocar a obra na forma que deseja que a instalação tenha.
2 Depois, o grupo vai coletar os materiais necessários para a criação. Você pode procurar, por exem-
plo, no jardim da escola ou em áreas do entorno. Lembre-se de alguns detalhes importantes:
⓿ Colete apenas o que estiver no chão, sem danificar o ambiente.
⓿ Com orientação do professor, peça permissão do responsável pela escola antes de montar sua
instalação.
3 Após coletar todo o material necessário, o grupo deve construir a instalação de acordo com o
planejado.
Para concluir
Converse com os colegas e o professor sobre as questões e guarde no portfólio o registro da discussão.
⓿ De onde veio a inspiração para fazer a instalação?
159
Na atividade Experimente e compartilhe proposta nes- as instalações serão montadas. Pode ser na sala de aula
ta página, os estudantes farão uma instalação com mate- ou em outros locais da escola, como jardim, pátio, corre-
riais coletados na natureza. Leia com eles as orientações dor ou outro espaço que seja apropriado e permitido pela
e organize-os em grupos de trabalho de cinco integrantes. direção.
Oriente os grupos a coletar pequenos galhos, folhas, flo- Depois que todas as instalações estiverem prontas, moti-
res, sementes, pedras e outros materiais naturais no jardim ve a turma a apreciar as obras dos colegas e a convidar ou-
da escola ou, por exemplo, em alguma praça próxima. É tras turmas para conhecer os trabalhos expostos.
possível ainda solicitar previamente que tragam esses ma- Oriente a turma para registrar o processo de montagem
teriais de casa. das instalações e a exposição. Lembre os estudantes de
Uma vez que os materiais tenham sido coletados e que eles devem guardar os esboços das obras, assim como
organizados, solicite aos grupos um esboço da instalação os registros do trabalho, no portfólio.
que desejam fazer. Para isso, devem usar papel e lápis Finalizada a experimentação, promova uma roda de con-
para desenhar. Definidos os esboços, oriente os integran- versa para que os estudantes possam compartilhar suas im-
tes dos grupos para que definam juntos o espaço em que pressões sobre a atividade e as obras realizadas. Oriente-os
159
BNCC no capítulo 4 Mais perto de Nils-Udo
Na seção 4. Mais perto de Nils-Udo,
Nils-Udo nasceu em 1937, na Alemanha, onde vive e trabalha. Estudou Arte
os objetivos de aprendizagem são:
⓿ ampliar os conhecimentos sobre o tra-
na Universidade Beaux-Arts, em Nuremberg, entre 1955 e 1960. Sua carreira teve
início nos anos 1960. Já nos anos 1970, começou a fotografar as instalações que
balho e a trajetória do artista em fo-
produzia. Ao celebrar a natureza, por meio dessas obras, ele nos leva a redesco-
co, apreciando outras de suas obras,
de modo a ampliar a experiência com brir aspectos que nossos olhos e sentidos deixaram de perceber na medida em
os diferentes contextos e práticas ar- que fomos nos afastando dela.
tístico-visuais explorados pelo artis- Com seu trabalho, Nils-Udo foi um precursor da corrente artística da Land A fotografia de arte, ou
art, interagindo com a paisagem de maneira sustentável. Ele viajou para diver- fotografia artística, surgiu
ta, a fim de desenvolver a habilidade
com a invenção da
EF69AR01 no trabalho com a unida- sos pontos do globo terrestre, utilizando os materiais que encontrava nos locais
fotografia. Os fotógrafos
de temática Artes Visuais articulada por onde passava para criar ninhos, altares e casas de água. artísticos têm a intenção de
ao objeto de conhecimento Contex- Os registros fotográficos de seu trabalho estão presentes em importantes fazer arte por meio dessa
tos e Práticas; coleções de arte internacionais públicas e privadas, o que faz dele um dos gran- tecnologia, em vez de apenas
⓿ analisar o estilo visual das obras do registrar um momento.
des mestres da fotografia de arte contemporânea.
artista em foco, reconhecendo os ele-
mentos de sua poética e contextuali-
zando-a no tempo e no espaço, para
160
As instalações urbanas, em parques e praças, são outra forma de expressão assim, exercitar a tolerância perante as
Na tela diferenças e aprimorar a habilidade de
desse artista. Por meio delas, seu modo de viver e pensar a natureza é transpor-
tado para os espaços urbanos. Observe um exemplo. Para conhecer outras interpretar e compartilhar interpretações
obras de Nils-Udo, de maneira clara e respeitosa.
visite o site oficial do Estimule-os a aprofundar as discus-
© Nils-Udo/AUTVIS, Brasil, 2022.
Pesquise e compartilhe
1 Forme um grupo com quatro colegas para fazer uma pesquisa sobre as obras de Nils-Udo, ano-
tando as principais informações que encontrar. O foco da investigação deve ser a importância
dos questionamentos que o artista levanta com suas obras e como e por que ele faz isso.
2 Encerrada a pesquisa, organize-se em círculo com os colegas de turma para debater o trabalho de
Nils-Udo, tendo em vista que o professor será o mediador da discussão.
3 Para se posicionar no debate, use argumentos calcados em sua pesquisa, fazendo uso da citação
de especialistas no assunto e de outros dados coletados.
4 Durante a exposição oral, além de apresentar argumentos bem fundamentados, procure estabe-
lecer relações que confiram coerência e coesão a sua fala.
5 Aproveite esse momento para analisar e discutir com os colegas pontos de vista divergentes,
sempre de modo respeitoso, buscando consensos construtivos.
Para concluir
Faça um registro dos pontos principais do debate e guarde-o no portfólio. Se for possível, escreva um
artigo de opinião sobre o assunto debatido, defendendo seu ponto de vista, para publicar no blog ou nas
redes sociais da escola.
161
Proponha aos estudantes que estabeleçam relações en- vista sobre a importância de sua produção artística que le-
tre as obras do artista que são integradas à natureza e a ins- va o público a pensar acerca das modificações que o ser
talação urbana apresentada. Retome as imagens das obras humano tem feito na natureza.
integradas à natureza para terem como referência durante Para sua realização, reúna os estudantes em grupos a
a conversa. Pergunte quais são as diferenças entre as duas fim de se preparar para a discussão e oriente-os a levantar
categorias e por que acreditam que uma obra faz parte de possibilidades de argumentação baseadas nos estudos fei-
um grupo e não de outro. tos até então e na realização de pesquisas complementa-
Apresente a atividade proposta no boxe Pesquise e com- res para a formação de uma opinião.
partilhe aos estudantes: eles devem ampliar seus conhe- Oriente a pesquisa de modo que a turma possa ampliar
cimentos sobre as obras de Nils-Udo e debater a respei- seu conhecimento sobre as obras de Nils-Udo relacionadas
to delas. Oriente-os a seguir as etapas propostas no Livro com a natureza. Sugira que comecem pelo site do artista e
do Estudante. apoie-os nessa busca.
O debate vai levar a turma a ampliar a reflexão sobre A mediação do professor nos debates deve garantir que
o trabalho de Nils-Udo, comparando diferentes pontos de os estudantes respeitem as opiniões dos colegas para,
161
BNCC no capítulo
Na seção História da arte, os objeti-
História da arte
vos de aprendizagem são:
⓿ apreciar as obras de diferentes artis- A natureza na arte
tas, localizando-as no tempo e no es-
A relação entre arte e natureza –
ças e rupturas na produção artística Converse com os colegas e o professor sobre estas questões, que estão relacionadas ao trecho lido
no decorrer da História, compreen-
anteriormente.
dendo suas relações com diferentes
contextos socioculturais, políticos e ⓿ Como você descreveria a obra Pôr do sol?
econômicos, a fim de mobilizar a ha- ⓿ Que sensação ela lhe transmite? Respostas pessoais.
bilidade EF69AR31 no trabalho com
Esse novo olhar acabou provocando, porém, um distanciamento da natureza, pois as pessoas pas-
a unidade temática Artes Integra-
das articulada ao objeto de conheci- saram a olhar para ela como algo diferente delas, algo externo à humanidade, que deveria ser apenas
mento Contextos e Práticas. apreciado e homenageado. O ápice dessa perspectiva se deu em meados do século XIX, como podemos
Para começar o trabalho com a se- ⓿ Que sensação essa obra lhe causa?
Reprodução/Coleção particular
ção História da arte, divida a turma em ⓿ Para você, como o pintor entende
grupos e proponha aos estudantes que a natureza? Respostas pessoais.
discutam as seguintes questões: “De
Desde o fim do século XIX, entretan-
que modo a sociedade se relaciona
to, artistas, críticos e estudiosos de arte
com a natureza?”; “Existem diferentes
buscaram desfazer esse distanciamento
modos de se relacionar com ela? Quais
entre o ser humano e a natureza, rom-
são eles?”; “Em sua opinião, como os
pendo também com outros cânones da
artistas representam a natureza?”. Du-
arte que vinham sendo construídos des-
rante a conversa, é importante que des-
de o século XVI.
taquem de que maneira a natureza é
representada nas manifestações artís-
ticas, por exemplo, de forma grandiosa,
sagrada, ou de forma selvagem, perigo- Flint Castle [Castelo Flint], de William Turner,
1838 (aquarela sobre papel, 23 cm × 32,5 cm).
sa, entre outras possibilidades.
Promova a socialização da discussão
entre os grupos com a turma toda e sis- 162
tematize as contribuições na lousa, pe-
dindo aos estudantes que, em seguida, Reprodução do Livro do Estudante em tamanho reduzido.
anotem no caderno o que foi mais sig- os artistas e a natureza. Convide-os a pensar sobre essas re- para uma coleta de materiais que poderão ser colecionados
nificativo nessa troca. lações e como elas podem acontecer. Para levantar diferen- para atividades futuras.
Para a leitura do texto da seção, vo- tes hipóteses, proponha que escrevam pelo menos duas hi-
cê pode trocar a formação dos grupos póteses em um papel e elabore um cartaz para socializar as
– estratégia que muda as referências ideias da turma.
durante os diálogos e dinamiza o reper- Instigue os estudantes a pensar sobre elementos que
tório. Proponha questões que permitam podem ser extraídos da natureza para fazer arte. Se jul-
a discussão e a reflexão, e não fomen- gar conveniente, proponha aos estudantes que observem
tem simplesmente uma busca de infor- os elementos naturais presentes no caminho que fazem da
mações no texto, pois a leitura deve ser escola para casa e elaborem uma lista daqueles que con-
um subsídio para a discussão. sideram adequados para produção artística. Sugira que, ao
Nesse primeiro contato com o tema do lado de cada elemento da lista, façam registros de ideias
texto, faça um mapeamento das ideias que podem surgir quando um material interessante é identi-
dos estudantes acerca das relações entre ficado. Essa lista pode ser compartilhada com toda a turma
162
Proponha algumas questões para
Arte e conceito orientar a leitura, por exemplo: “Co-
Agora, vamos conhecer alguns movimentos e vanguardas artísticas que, com seus questionamentos,
mo a representação da natureza mu-
dou com o passar do tempo?”; “De que
críticas e novas ideias, provocaram, em sua época, diversas mudanças que foram incorporadas ao pensa-
modo a figura humana participa da re-
mento e ao fazer artísticos. Da mesma forma, veremos como foi possível o surgimento da Arte Conceitual
presentação da natureza em diferen-
e os impactos que gerou na criação e expressão dos artistas.
tes momentos da história da arte?”; “O
contexto sociopolítico influencia a rela-
Romantismo
163
163
Para complementar a leitura propos-
ta nesta página, explique aos estudan- Impressionismo
tes que o Impressionismo buscou repre- No século XIX emergiu também o Impressionismo, na França, que vivia a
sentar as sensações visuais por meio chamada belle époque (bela época), momento em que as grandes cidades pas-
do tratamento da cor e da luz. Os artis- savam por transformações culturais diversas, por meio do entretenimento, das
tas engajados nesse movimento busca- artes, da literatura e das constantes inovações tecnológicas, como o telefone,
vam registrar, em suas obras, suas per- o cinema e o automóvel.
cepções sensoriais ao observar as cenas Todas essas transformações no
Atividade complementar
Simbolismo
PERFORMANCE E NATUREZA
Proponha aos estudantes uma ação O Simbolismo nasce na França, ain-
164
Depois de discutir os elementos for-
Cubismo mais do Modernismo, permita que os
Já no século XX, em 1907, surgiu o Cubismo, mo- estudantes exponham e discutam li-
Biblioteca
Suprematismo e Construtivismo
FRANÇA, Ana M. Percepções
Por volta de 1913, na Rússia, emergem o Suprematismo e o Construtivismo. da natureza a partir da arte:
No movimento suprematista, buscava-se romper com qualquer referência ao a diversidade do olhar sobre
mundo objetivo, as finalidades práticas e as ideias de imitação da natureza, Construção espacial o universo natural. Revista
n. 12, do russo Aleksandr Cantareira, ed. 19, jul.-dez.
comprometendo-se com a visualidade pura e levando o interesse pelas formas Rodchenko (1891-1956), c. 1920
geométricas ao grau máximo. Já os artistas construtivistas consideravam que (compensado de madeira, 2013. Disponível em: https://
as obras de arte deveriam ser pensadas como construções, indo além da ideia arame e tinta de alumínio, periodicos.uff.br/cantareira/
61 cm × 83,7 cm × 47 cm). article/view/27718. Acesso em:
de representação.
4 jul. 2022. Para se aprofundar
165
Aproveite o momento para conversar com os estudantes pesquisa artística e pela construção de novos meios e pos-
a respeito das características da arte moderna, especial- sibilidades artísticas?”. Encontre maneiras de abordar a
mente da pintura, perguntando, por exemplo: “O que acham arte como um elemento cultural, e não apenas estético.
do estilo desse movimento, ou seja, do conjunto de suas É preciso criar conexões com o contexto e dar sentido aos
características visuais e estéticas?”; “Por que é chamado questionamentos da arte.
de arte moderna?”; “O que é arte moderna para vocês?”. Durante a observação das diversas imagens apresenta-
Independentemente da opinião e do gosto pessoal, é das na seção, solicite aos estudantes que enumerem as
fundamental que os estudantes compreendam a relevân- características da arte moderna com base nas cores usa-
cia de estudar e compreender o Modernismo como um ele- das pelos artistas, nos tipos de traço, linha, forma e textu-
mento da cultura ocidental e que, ao estudar arte, é preciso ra presentes nos trabalhos e em como cada artista trata o
entender o desenvolvimento e as transformações culturais. espaço, a perspectiva e a profundidade nas obras apresen-
Oriente-os a pensar sobre o Modernismo no contexto tadas. Estimule o levantamento acompanhado de uma re-
em que aconteceu, perguntando, por exemplo: “O que te- flexão sobre as principais diferenças entre o Modernismo e
ria disparado nos artistas o desejo e a necessidade pela a arte figurativa, ou realista.
165
Ressalte para os estudantes que a
partir do fim da Segunda Guerra Mun- Expressionismo Abstrato
dial, em meio a um sentimento de mun- O Expressionismo Abstrato surgiu em Nova York, Estados Unidos, entre o
do confuso e caótico, valores e cânones final da década de 1940 e o início da década de 1950. Os artistas que parti-
artísticos passaram a ser questionados. cipavam desse movimento buscavam novas formas de expressar sentimentos
Assim, o Expressionismo Abstrato, a Ar- por meio da arte, especialmente aqueles provocados pelos efeitos da Segunda
te Bruta e a Arte Povera questionaram
Guerra Mundial. As pinturas, por exemplo, caracterizavam-se pelo movimento,
as tradições ligadas aos materiais, aos
pela gestualidade e pela abstração da forma, combinados à intensidade emo-
conceitos e ao campo da arte em geral,
cional.
trazendo para as artes visuais os mate-
O estadunidense Jackson Pollock (1912-1956) foi um dos grandes represen-
riais efêmeros, as formas abstratas or-
tantes do Expressionismo Abstrato, criando uma maneira de pintar que rom- Número 34, de Jackson
gânicas e a feiura presente na nature- Pollock, 1949 (esmalte sobre
peu com os modos tradicionais e se tornou uma das principais manifestações
za e na vida. papel guarnecido por madeira,
do movimento. Trata-se das action 65,4 cm × 87 cm × 7 cm).
É importante explorar com a turma o
paints (pinturas de ação), em cujo
166
166
Para a realização da atividade pro-
Arte Povera posta no boxe Pesquise e comparti-
Outro movimento importante que influenciou a Arte Conceitual e a lhe, organize a turma em grupos de até
Land art foi a Arte Povera, que surgiu na década de 1960, na Itália, e significa quatro integrantes. Oriente cada grupo
“arte pobre”. Esse nome faz referência às escolhas dos materiais e às inten- a buscar informações conforme solici-
ções dos artistas que fizeram parte desse movimento. tado no Item 1 da atividade. Indique
O uso de materiais não convencionais, aos estudantes algumas fontes confiá-
como feltro, terra, plástico, trapos, etc., tinha veis, como livros e sites, que sirvam de
Luca
Carr
o propósito de “empobrecer” a obra de arte ponto de partida para o trabalho.
/Mon
a fim de diminuir as barreiras entre a arte e É interessante que criem uma apre-
dado
a vida cotidiana, além de fazer uma crítica sentação visual para expor os resultados
ri Po
rtfolio
ao mundo de galerias e museus da época. da pesquisa aos demais colegas da sala.
/ZUM
Um dos principais expoentes des- Isso pode ser feito por meio de cartazes
PresA
se movimento é o italiano Piero Gilardi com imagens que ilustrem a pesquisa,
s
/Foto
(1942-). No decorrer de sua carreira, slides ou por meio de uma apresentação
aren
Gilardi tem se preocupado em unir
a
completamente digital, que pode conter
o natural e o artificial, criando rela- até mesmo links interativos.
ções entre a natureza, a arte e a ar- Acompanhe a produção dos estu-
tificialização do mundo capitalista. dantes para orientá-los e esclarecer
Suas principais obras são da série eventuais dúvidas.
Fallen Sunflowers [Girassóis caídos], de Piero Gilardi, da série Nature-Carpets
Nature-Carpets. Observe uma das
[Tapetes da natureza], 1967 (sementes, óleo, carpete, espuma, borracha,
obras dessa série. 149 cm × 149 cm × 22 cm).
Atividade complementar
VISITA VIRTUAL A INHOTIM
O Instituto Inhotim, localizado na ci-
Pesquise e compartilhe dade de Brumadinho (MG), reúne um
dos mais relevantes acervos de arte
Movimentos art’sticos do sŽculo XX contemporânea do mundo e uma cole-
Como viu até aqui, diversas correntes artísticas geraram rupturas e contribuíram com inovações ção botânica com espécies raras de to-
para o fazer artístico. Agora, você vai fazer um levantamento de informações sobre uma das formas dos os continentes.
de manifestação artística visual apresentadas no texto a fim de ampliar o conhecimento sobre o Solicite aos estudantes que visi-
tema. tem o site do instituto. Disponível em:
1 Forme um grupo com mais três colegas para buscar informações sobre as características dos mo- https://www.inhotim.org.br/. Acesso
vimentos artísticos apresentados nesta seção, os artistas mais representativos de cada corrente em: 26 jun. 2022.
e as diferentes escolhas feitas por eles em relação a materiais e locais de exposição no decorrer Oriente-os a fazer anotações du-
do século XX. rante e após a visita, formulando per-
guntas e destacando obras que os
2 Selecione e organize, ainda com os colegas de grupo, as informações e as imagens encontradas
impressionaram.
durante a pesquisa.
Ressalte que Inhotim mistura arte
3 Em data previamente combinada com os colegas e o professor, o grupo deve apresentar os re- e natureza ao expor obras de Land art
sultados da pesquisa para a turma, se possível, utilizando recursos como cartazes, slides ou uma e abrigar um Jardim Botânico em sua
apresentação digital, com a ajuda de um projetor, para acompanhar a exposição oral. sede.
Para concluir
Converse com os colegas e o professor após o encerramento das apresentações a fim de comparar os
resultados de pesquisa entre os grupos e comentar o processo de trabalho e as novas descobertas.
167
167
Conexões
BNCC no capítulo
Na seção Conexões, os objetivos de
aprendizagem são analisar a linguagem
da fotografia e experimentá-la por meio Arte e Ciências
da construção de uma câmara escura,
Vimos que a Arte Conceitual, em especial a Land art, propõe obras de arte efêmeras que se valem do
explorando diferentes materiais e pro-
registro fotográfico para resistir ao tempo, ser expostas em espaços de divulgação cultural ou mesmo
cedimentos artísticos, a fim de mobili-
ser comercializadas.
zar a habilidade EF69AR05 no trabalho
Nos dias de hoje, com o avanço da tecnologia, produzir fotografias é relativamente simples e rápido,
com a unidade temática Artes Visuais
mas nem sempre foi assim. Que tal conhecer como uma máquina fotográfica funciona e um pouco da his-
articulada ao objeto de conhecimento
tória da fotografia? Para isso, utilizaremos alguns conhecimentos desenvolvidos pelas Ciências.
Materialidades.
As dimensões do conhecimento tra-
balhadas são: Reflexão e Expressão.
A máquina fotográfica
As primeiras máquinas fotográficas utilizavam uma tecnologia que se assemelha ao funcionamento do
A seção Conexões permite a realiza-
olho humano. De modo simplificado, pode-se dizer que, quando se foca um objeto, a pupila – o círculo preto
ção de um trabalho interdisciplinar en-
que existe bem no centro do olho – se abre, deixando um pequeno feixe de luz entrar. Assim, uma imagem
tre os componentes curriculares Arte e
invertida do objeto é formada na retina, no fundo do olho. Essa imagem é enviada ao cérebro, que a pro-
Ciências.
cessa e a posiciona corretamente. Observe o esquema para compreender melhor.
Explique aos estudantes que a má-
quina fotográfica, uma das tecnologias lente
retina
Samu Edit; Dragana Gerasimoski/Shutterstock
Fouad A. Saad/Shutterstock
lerias de arte e expostas em museus e lado oposto da caixa. Observe o esquema.
mostras. A máquina fotográfica analógica é, portanto, uma câ-
Essa questão pode ser levantada para mara escura acrescida de uma lente, que é usada para
os estudantes e gerar um debate. Se as- focalizar aquilo que se pretende fotografar e para prote-
sim for, organize a turma em dois gran- ger o orifício da máquina, chamado de obturador.
des grupos, um que defende a obra efê- Quando tiramos uma foto, o obturador da máquina
mera e a comercialização de seu registro abre e fecha, permitindo que a luz entre por um momen- Esquema que representa a câmara escura. (Figura sem
fotográfico e outro que não aprova esse to e registre a imagem em uma superfície sensível à luz escala. Cores fantasia.)
tipo de produção artística. Incentive os (um filme, por exemplo).
estudantes a desenvolver uma argumen- Atualmente, a maioria das máquinas fotográficas são digitais e têm mecanismos capazes de registrar e
tação consistente sobre o tema.
de armazenar eletronicamente as imagens.
É importante orientar o debate para
que ele ocorra de forma respeitosa, com
168
turnos de fala bem definidos e refuta-
ções baseadas em argumentos sólidos.
Reprodução do Livro do Estudante em tamanho reduzido.
Em seguida, faça a leitura do texto A
máquina fotográfica com os estudan-
tes, analisando com eles as imagens
Na tela
para que possam compreender o fun-
cionamento das câmeras fotográficas. Se possível, assista com os estudantes ao vídeo Como
fazer – Câmara escura. Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=o7AvKxUfQ9A. Acesso em: 4 jul.
2022.
168
Promova a leitura compartilhada do
Um pouco da história da fotografia texto Um pouco da história da foto-
As primeiras câmaras escuras foram criadas no século XVI, com base em estudos desenvolvidos na grafia e esclareça eventuais dúvidas
Grécia antiga por Aristóteles, filósofo que viveu no século IV a.C. e que foi um estudioso de diversas áreas, da turma. É interessante dialogar com
entre elas a Física e a Óptica. Seu interesse por esses fenômenos o levou a realizar experiências como a da os estudantes sobre o uso das câmaras
câmara escura, e esses estudos permitiram, posteriormente, não apenas a construção de caixas escuras,
escuras pelos pintores, principalmente
mas também de salas escuras inteiras.
a partir do Barroco.
Se possível, assista com os estudan-
Universal History Archive/Getty Images
Durante o século XVII, os inventores ingleses Robert Boyle (1627-1691) e Robert Hooke (1635-1703) cria-
ram modelos portáteis de câmara escura que foram utilizados por pintores como o holandês Johannes
Vermeer (1632-1675). Dessa forma, o artista conseguia realizar pinturas extremamente realistas, baseando-
-se em imagens capturadas pela câmara.
Observe a reprodução da tela A leiteira, de
A leiteira, de Johannes
Vermeer, 1658 (óleo sobre
tela, 45,5 cm × 41 cm).
169
169
Até esse período, a imagem era projetada em uma câmara escura, mas não se sabia como fixá-la em
Texto complementar
uma superfície. Em 1826, após dez anos de tentativas, o físico Nicéphore Niépce (1765-1833) conseguiu re-
CIÊNCIA E ARTE: VERMEER, gistrar a vista da janela de sua casa, na França, em uma placa de estanho polido. Veja o resultado.
HUYGENS E LEEUWENHOEK
[...]
170
Para que a imagem ficasse registrada, eram necessárias muitas horas ou dias. Observe mais uma foto abordados por ele. A participação des-
tirada por Nicéphore Niépce.
se professor na atividade relacionada à
câmara escura pode acrescentar expli-
cações sobre o funcionamento e a apli-
Dotta2/Arquivo da editora
Vamos construir uma câmara escura? Você vai preci- cura, de forma autônoma, tendo
sar de uma lata de metal pequena, uma folha de papel como base a experiência vivida na
vegetal, fita adesiva e cartolina preta. atividade.
1 Tampe a lata com o papel vegetal, deixando-o bem
esticado. Utilize a fita adesiva para prendê-lo na lata.
Para concluir
Converse com os colegas e o professor sobre a atividade e guarde uma cópia do bate-papo no portfólio.
171
A atividade proposta no boxe Criando laços é uma opor- Após a exploração do espaço, organize uma roda de con-
tunidade para dialogar com os estudantes sobre a escola. versa a fim de que os estudantes compartilhem as experi-
O exercício de olhar para os locais e as situações presen- ências que tiveram. Guie o bate-papo por meio perguntas
tes no ambiente escolar pode mostrar aquilo que o olhar do tipo: “Como foi criar a própria câmara escura?”; “Vocês
desatento não vê. conseguiram entender o funcionamento dela?”; “Como foi
Antes da atividade, peça aos estudantes que preparem explorar os espaços da escola com a câmara?”; “Durante
os materiais e os tragam na data combinada. Auxilie-os na a exploração, vocês notaram algo diferente, que nunca ha-
construção da câmara, principalmente na hora de fazer um viam percebido na escola? O quê?”.
furo na lata, para evitar que se machuquem. Permita que os estudantes compartilhem livremente suas
Depois de pronta a câmara, organize a turma para explo- experiências. Depois, peça a eles que criem um breve texto
rar os espaços da escola por meio do equipamento cons- sobre o que vivenciaram e oriente-os a guardá-lo no portfólio.
truído. Estimule os estudantes a observar como as imagens Procure criar uma parceria com o professor de Ciências,
são formadas, se elas ficam de cabeça para baixo ou não, verificando a possibilidade de os saberes relativos à ótica
se aparecem focadas ou desfocadas, etc. e à química relacionados aos processos fotográficos serem
171
BNCC no capítulo
Na seção Fazendo arte, os objetivos
de aprendizagem são:
Fazendo arte
⓿ explorar, pesquisar e manipular ma-
Neste capítulo, conhecemos um pouco da trajetória de Nils-Udo e alguns de seus trabalhos de Land art.
teriais de origem natural, além de ou- Agora, que tal criar uma obra de Land art e expor os registros fotográficos dela em uma exposição co-
tros, convencionais e não convencio- letiva dos trabalhos de toda a turma? Leia as orientações apresentadas nas etapas e, para se inspirar,
nais, para realizar produção de obra observe mais algumas fotografias de obras do artista no decorrer desta seção.
coletiva, a fim de desenvolver a habi-
lidade EF69AR05 no trabalho com a
172
Etapa 2 Peça previamente aos estudantes
que tragam de casa os materiais neces-
Criação e montagem da obra sários. Para a produção das obras será
preciso lançar mão de diversos procedi-
1 Agora que existe um local para a produção das obras e estão definidos os materiais para criá-la e as
mentos, dependendo dos materiais que
tarefas foram divididas, é importante delimitar um prazo para cada etapa do trabalho.
os estudantes vão selecionar e coletar.
2 Na data combinada com os colegas de turma e o professor, o grupo deverá seguir para o local escolhi- Portanto, providencie materiais e instru-
do e executar a obra conforme o planejado. mentos que sejam úteis para a cons-
trução, como cola, tesoura, barbante,
3 Registre o processo de criação e a montagem da obra em foto. Para isso, pode-se usar uma câmera
linha, grampeador, fitas adesivas de di-
digital ou um celular com câmera. Lembre-se de que é muito importante fazer esse tipo de registro das
versos tipos e tamanhos, arame, alfine-
obras de Land art, pois serão eles que vão permanecer.
tes, percevejos, retalhos de tecido, re-
talhos de papel e sucata, entre outros.
© Nils-Udo/AUTVIS, Brasil, 2022.
Etapa 3
Exposição
1 Depois que as fotografias forem impressas, você vai criar com os colegas de turma uma exposição de
arte com todas elas. As impressões podem ser do tamanho que os grupos quiserem. A organização e a
distribuição das fotografias no espaço expositivo devem ser decididas também coletivamente.
2 Para uma mostra de arte acontecer, são necessários não apenas os artistas, suas obras e o público,
mas também as figuras do curador, do produtor e do crítico de arte. Então, recorde essas funções.
⓿ Curador: geralmente, é quem organiza a mostra. Ou seja, é o responsável por pensar a exposição
por inteira, desde o local ideal para ser realizada, até como as obras devem estar dispostas no es-
paço expositivo. Isso porque o curador tem como principal desafio potencializar os significados das
obras de arte, criando relações entre elas e o espaço em que são expostas. Uma mesma exposição
pode ter mais de um curador, e os curadores podem trabalhar em equipe.
173
e expor as obras, tomando o cuidado de preservar as ca- por meio da arte, ao propor saídas, alertar e tornar a dis-
racterísticas e a limpeza do local. cussão visível e presente.
Oriente os estudantes a solucionar os possíveis proble- É fundamental explorar com os estudantes o papel do
mas durante o planejamento e a elaboração da obra e fique material como elemento que assume significado na obra.
atento às eventuais dúvidas que possam surgir. Ou seja, a escolha que o artista faz do material que vai uti-
Para o planejamento da obra, solicite à turma que revise lizar na elaboração de sua obra se torna parte da obra e do
o que aprendeu em relação aos meios de produção artísti- conceito, deixando de ser mero elemento técnico.
ca e aos modos de trabalho nas diferentes linguagens, revi- Enfatize também para a turma a necessidade de plane-
sitando os textos do capítulo e o portfólio. jar a obra antes de executá-la. Peça aos estudantes que
A partir dessa retomada e da discussão inicial, questio- elaborem um projeto, que pode ser um desenho em que
ne a relação do ser humano com a natureza, que há muitos constem as especificações do local de coleta e de co-
séculos vem se mantendo como predatória. Argumente, en- mo a obra será realizada. Além disso, oriente-os a definir
tão, que é urgente que se tome consciência da necessidade o que pretendem expressar com essa obra para o públi-
de preservar a natureza e que isso pode ser feito inclusive co que for apreciá-la.
173
Para o registro da exposição, na Eta- ⓿ Produtor: é a pessoa que cuida das questões práticas para que a exposição possa acontecer, como
pa 4, verifique se a escola tem câmeras o local onde acontecerá, o transporte das obras, a preparação do espaço expositivo e a montagem
fotográficas disponíveis ou se os estu- da exposição. Os produtores costumam trabalhar em conjunto com curadores e artistas, pois é na
dantes podem utilizar câmeras de te- montagem da exposição que se define como as obras serão dispostas, com base nas soluções pen-
lefones celulares. Mais importante que sadas para que a exposição fique como foi imaginado, sem que as obras de arte corram nenhum
a qualidade desses equipamentos é a tipo de risco.
reflexão dos grupos sobre a forma mais
adequada de realizar os registros, valo- 3 Os curadores deverão oferecer opções de espaço na escola para a exposição das fotografias e os pro-
rizando os principais aspectos de suas dutores deverão buscar autorização da direção da escola para que a exposição aconteça, sob orien-
obras. tação do professor. Já os artistas deverão selecionar as fotos e imprimi-las para que façam parte da
exposição.
Ressalte, por exemplo, que nos regis-
tros é necessário que se possa ver o 4 Sob a orientação do professor, escolha com os colegas uma data para a abertura da exposição e pla-
espaço no qual as obras estão expos- neje o evento. Convide os colegas de outras turmas, os familiares, os professores e demais membros
tas e como estão dispostas nele. Orien- da comunidade escolar para apreciar a exposição.
te a turma a fazer anotações individu-
ais de cada uma das obras produzidas. Etapa 4
Recorde ainda a necessidade de regis- Registro
trar a visita do público (familiares e in-
Procure registrar a montagem do evento de abertura da exposição, em foto e/ou em vídeo. Para isso,
tegrantes da comunidade escolar) à ex-
use uma câmera digital ou um celular com câmera. Depois, sob a orientação do professor, basta transferir
posição e suas reações. Deixe claro que
os estudantes podem realizar também o material para um repositório digital a fim de arquivar essa experiência no portfólio.
174
Etapa 5 ⓿ Os estudantes reconhecem e distin-
guem os elementos fundamentais da
Troca de ideias linguagem visual, como cores, for-
Depois da exposição, reúna-se com os colegas e o professor para conversar sobre o que foi vivenciado. mas e espaço, nas apreciações de
Utilize estas questões para começar o debate: obras de arte?
⓿ Os estudantes usam os elementos
⓿ Como foram os processos de criação e produção das obras?
constitutivos das artes visuais em
⓿ Que obras mais chamaram a sua atenção? Por quê?
suas produções, bem como os con-
⓿ Que mensagem os grupos quiseram transmitir com sua obra? Em geral, eles conseguiram trans- ceitos trabalhados, mobilizando re-
miti-la? Por quê? Respostas pessoais. pertório variado de recursos de com-
Etapa 6 posição visual de forma autoral?
⓿ Os estudantes avaliam o uso dos
175
BNCC na unidade
No Unindo as pontas, os objetivos de
aprendizagem são:
Unindo as pontas
⓿ relacionar as obras estudadas no de-
176
Vimos também que os artistas visuais podem criar obras que nascem, vivem, Esse é um bom momento para re-
morrem e se transformam, como ocorre com as pessoas na vida. Eles tomam a
visitar também com os estudantes o
natureza como exemplo, intervindo artisticamente nela a fim de nos fazer vê-la
portfólio e as anotações feitas duran-
com outros olhos.
te o estudo da Unidade 2. A retoma-
da vai auxiliar a turma na elaboração
da produção final. Os processos criati-
Nils-Udo/Acervo do artista
vos, as experimentações, as discussões
e as críticas realizados coletiva e indivi-
dualmente vão contribuir para essa pro-
dução. O objetivo é que os estudantes
identifiquem coletivamente de que ma-
neira a integração da turma e seus in-
teresses e repertório, uma vez relacio-
nados com as questões propostas no
decorrer da unidade, ajudaram a cons-
truir o percurso do projeto.
Na sequência, proponha a leitu-
ra compartilhada do texto apresenta-
do no Livro do Estudante, que recorda
o que foi estudado e prepara os estu-
dantes para a apresentação de novos
conhecimentos.
Pergunte a eles se conseguem per-
ceber alguma relação entre a monta-
gem teatral do grupo Garagem 21 e o
trabalho de Nils-Udo. Espera-se que re-
conheçam que o grupo propõe a ques-
tão do conformismo e da não refle-
xão acerca de nossas atitudes, e que
a obra de Nils-Udo busca mostrar uma
relação mais respeitosa e harmoniosa
com a natureza.
Ninho de argila de Clemson, de Nils-Udo, 2005 (argila, toras de pinheiro e bambu; dimensões da fotografia original: 135 cm × 149 cm).
177
177
Conduza uma roda de conversa com A arte e a criatividade podem nos ajudar no desafio de encontrar saídas
os estudantes para que eles expressem Na tela
para a vida contemporânea, que tem muitas qualidades, mas também pro-
ideias e pensamentos sobre o mundo blemas sociais e ambientais, entre outros. A herança cultural e científica que Para saber mais
contemporâneo e o futuro do planeta. acumulamos, incluindo aí as tecnologias de comunicação e informação, pode
das ações e políticas
Utilize como guia as seguintes pergun- governamentais para
ser um modo de repensar a vida. a juventude no Brasil,
tas: “Qual é a opinião de vocês sobre o Em outras palavras, se queremos que nossa sociedade e o planeta pros- acesse o Portal da
modo de vida dos seres humanos nos perem, precisamos dialogar e fazer com que esse diálogo seja divulgado. Juventude, da Secretaria
dias de hoje?”; “De que modo as pes- Nacional da Juventude.
Nesse sentido, a arte pode, de um modo único, mostrar quem somos.
soas se relacionam entre si e com a na- Disponível em: https://
Neste momento você está terminando um ciclo muito importante da es- www.gov.br/mdh/pt-br/
tureza? Esse relacionamento pode ser
colaridade e vai iniciar uma nova etapa de descobertas e oportunidades de navegue-por-temas/
melhorado? Como?”; “Você se questio- juventude. Acesso em:
crescimento.
na acerca de seu modo de vida?”; “É 15 maio 2022.
possível propor soluções para viver me- Se possível, acesse
lhor?”; “O diálogo, o ‘ouvir o outro’, po- também o infográfico
Para iniciar a discussão sobre a obra O Estatuto da Juventude é o instrumento legal que determina quais são os direitos dos jovens que de-
7 bilhões de outros, de Yann Arthus- vem ser garantidos e promovidos pelo Estado brasileiro, independente de quem esteja à frente da gestão
-Bertrand, pergunte aos estudantes, por dos poderes públicos.
[…]
exemplo: “O que veem na imagem?”;
Ao todo, são onze os direitos previstos no Estatuto:
“Quem imaginam que são essas pes-
soas?”; “Para vocês, é importante ouvir • Direito à diversidade e à igualdade. • Direito à cidadania, à participação social e
o que as pessoas têm a dizer?”; “Sobre • Direito ao desporto e ao lazer. política e à representação juvenil.
• Direito à comunicação e à liberdade de • Direito à profissionalização, ao trabalho e à
o que o artista falaria com elas?”; “Que
expressão. renda.
perguntas ele pode fazer a elas?”; “As
• Direito à cultura. • Direito à saúde.
respostas delas têm importância?”. Uti-
• Direito ao território e à mobilidade. • Direito à educação.
lize também as perguntas propostas no • Direito à sustentabilidade e ao meio
• Direito à segurança pública e ao acesso à
fim da página seguinte como guia para justiça. ambiente.
uma leitura da imagem da obra. Procu- CASA Civil da Presidência da República. Lei n. 12.852, de 5 ago. 2013.
re garantir que os estudantes se sintam Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12852.htm. Acesso em: 14 abr. 2022.
178
Como inspiração para essa nova etapa da vida, você vai conhecer agora um
artista que é fotógrafo, produz vídeos e se interessa por questões ligadas à na-
Texto complementar
tureza e às modificações que os seres humanos promovem no meio ambiente, PENSE FORA DA CAIXA:
DESLOCAMENTO E
o francês Yann Arthus-Bertrand (1946-).
RESSIGNIFICAÇÃO NO ENCONTRO
A foto a seguir mostra um projeto desse artista, intitulado 7 bilhões de COM A VIDEOARTE
outros, que foi exposto no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand
[...]
(Masp) em 2011. Na exposição, os visitantes ficavam cercados por imagens de Sabemos que, ao mostrar imagens
vídeos apresentadas em quatro telões. Em meio a um mosaico de rostos diver- da arte aos alunos, abrem-se portas
sos, os visitantes eram atraídos para uma imagem assim que ela se ampliava, e para novas experiências no conta-
a pessoa filmada começava a falar. to com a arte. As imagens têm um
tempo próprio, que não se reduz ao
tempo histórico, abrangendo tem-
Reprodução/yannarthusbertrand.org
poralidades estéticas, filosóficas, an-
tropológicas, psicológicas e afetivas.
A contemplação de imagens e sua
análise abrem fissuras no espaço fí-
sico e restrito da sala de aula, opor-
tunizando novas conexões e trans-
formações na percepção dos alunos.
Acreditamos que a atitude interpre-
tativa e subjetivada que emerge do
encontro com as imagens, os afetos,
os significados e as memórias ali
ativados podem se apresentar como
uma experiência emancipatória de
ensino-aprendizagem, tal qual de-
fende Rancière. [...]
Rancière questiona [...] a lógica pe-
dagógica tradicional, defendendo
que o mestre ignorante não é o que
nada sabe, como equivocadamente
supõem alguns, mas aquele que, ao
invés de ensinar aos alunos o seu
saber, lhes ordena que se aventu-
rem na própria experiência de bus-
ca e descoberta desse, em suas pa-
lavras, “na floresta das coisas e dos
signos” (ibid, p. 20), fazendo com
que os alunos, segundo seus pró-
prios recursos, possam dizer o que
Detalhe da exposição do projeto 7 bilhões de outros, de Yann Arthus-Bertrand, no Masp, São Paulo (SP), 2011.
viram e o que pensam do que viram,
verificando o que dizem e fazendo
Agora, converse com os colegas e o professor. os outros verificarem também. O
⓿ Que sensação a imagem da exposição do projeto 7 bilhões de outros que o mestre ignorante de Rancière
ignora, então, é a desigualdade das
provoca em você? Por que será que ela tem esse título?
inteligências, implícita na pedago-
⓿ Qual terá sido a proposta do artista ao conceber essa obra? Qual será gia embrutecedora que se apoia no
sua intenção ao transmitir vídeos em telões que ocupam uma sala inteira? abismo que separa as posições do
⓿ O que será que as pessoas que aparecem nos vídeos falam? professor e dos alunos [...].
Em O espectador emancipado
⓿ Você já foi a uma exposição de arte que tivesse vídeos? Em caso afirma-
(RANCIÈRE, 2010), o filósofo trans-
tivo, como foi essa experiência? Respostas pessoais.
põe essa reflexão para o campo ar-
tístico, para a relação entre obra e
179 espectador. Se no mestre ignorante
a emancipação intelectual emerge
da transformação da relação pro-
fessor-aluno, no espectador eman-
cipado, ela se situa na relação en-
tre obra, artista e espectador. Para
Rancière, não apenas o artista, mas
o espectador (assim como o aluno)
também age, observa, seleciona,
compara, interpreta, ligando o que
vê com muitas outras coisas que
viu em outros contextos.
COHN, Graice. Pense fora da caixa:
deslocamento e ressignificação
no encontro com a videoarte.
Disponível em: https://www.cp2.
g12.br/ojs/index.php/revistaddav/
article/download/1164/860.
Acesso em: 26 jun. 2022.
179
BNCC na unidade Mais perto
Na seção Mais perto, os objetivos de
aprendizagem são:
⓿ analisar a videoarte (conceituação,
A arte de Yann Arthus-Bertrand
história e características), assim co- O projeto 7 bilhões de outros foi criado por Yann Arthus-Bertrand com a
mo reconhecer a videoinstalação co- colaboração de mais dois artistas, Sybille d’Orgeval e Baptiste Rouget-Luchaire.
mo uma modalidade de produção O projeto reúne cerca de 6 mil entrevistas realizadas com pessoas de 84 países,
artística, de modo a ampliar o re- filmadas por vinte diretores de cinema do mundo todo, de 2003 a 2014. Essas
pertório sobre as práticas artístico- Documentário é um gênero
entrevistas, alternadas com imagens aéreas feitas por Yann Arthus-Bertrand
-visuais, para assegurar o desenvol- cinematográfico que busca
em diversas regiões do planeta, formaram um documentário. O projeto tam- captar a realidade, mas com
vimento da habilidade EF69AR02 no bém se tornou um livro e um DVD, além de ser apresentado em exposições, a marca autoral do cineasta.
trabalho com a unidade temática Ar-
como a do Masp.
tes Visuais articulada ao objeto de
O título 7 bilhões de outros refere-se ao número aproximado de seres hu-
conhecimento Contextos e Práticas;
⓿ analisar a obra do artista em foco e
manos que habitavam a Terra por volta de 2011. O que moveu Bertrand a criar
esse projeto foi o fato de que, embora os seres humanos que habitam o planeta
o modo como a linguagem das artes
sejam muito diversos, eles também têm muito em comum. Por exemplo, você já
visuais se integra à linguagem au-
diovisual, reconhecendo diferentes se perguntou o que é felicidade e qual é o sentido da vida? Já se questionou
relações entre as linguagens artísti- sobre que profissão gostaria de exercer?
cas, de modo a mobilizar a habilida-
de EF69AR03 associado à unidade
7 milliards d’Autres/GoodPlanet
artista em foco do ponto de vista de As pessoas entrevistadas pelo fotógrafo e pelos colaboradores do projeto
seus processos de criação, reconhe- responderam a quarenta questões desse tipo, entre outros temas que estão
cendo que eles abrangem diversas presentes na vida da maioria dos habitantes dos mais diferentes lugares do
linguagens artísticas, para mobilizar
mundo. Por meio das respostas, é possível encontrar semelhanças e diferenças
o exercício da habilidade EF69AR32
em seu modo de ser e de pensar.
no trabalho com a unidade temáti-
ca Artes Integradas vinculada ao A exposição do projeto 7 bilhões de outros já percorreu todos os continentes A videoinstalação é uma das
objeto de conhecimento Processos do planeta e, em cada lugar por onde passou, incluiu entrevistas com mora- formas de expressão da arte
dores locais. Em São Paulo, foram entrevistados cem brasileiros, que puderam contemporânea. Para
de Criação;
realizá-la, os artistas
⓿ reconhecer a forma pela qual a pro- conferir sua participação de abril a julho de 2011, época em que a exposição foi
geralmente ocupam um
posta do artista dialoga com a cultu- apresentada no Masp. espaço expositivo
ra dos povos nômades da Mongólia, Ao entrar na exposição, os visitantes apreciavam a videoinstalação com integrando objetos diversos,
analisando aspectos culturais des- o enorme mosaico de rostos. Esses rostos mostravam expressões de alegria, incluindo componentes
eletroeletrônicos, como
ses povos, assim como sua relação medo, sonho, etc. Quando uma das imagens era ampliada, ouvia-se a voz da
câmeras e telas de vídeo.
com a produção do artista, a fim de pessoa respondendo às perguntas do projeto.
assegurar o exercício da habilidade
EF69AR33 no trabalho com a unida- 180
de temática Artes Integradas vincu-
lada ao objeto de conhecimento Ma-
Reprodução do Livro do Estudante em tamanho reduzido.
trizes Estéticas e Culturais;
⓿ identificar o uso de diferentes tecno- perto, assim como das imagens que o acompanham e das que muitas obras desse artista são compostas de vídeos e
logias nas obras de arte apresenta- respectivas legendas e esclareça as eventuais dúvidas da fotografias. Estimule os estudantes a conversar sobre o
das a fim de compreender que é pos- turma. Há diversas estratégias de leitura compartilhada, que pode motivar o artista a utilizar essas duas linguagens
sível empregar esses recursos para uma delas é pedir a alguns voluntários para ler em voz al- e a criar obras de arte integrando ambas.
criar obras de arte de modo ético e ta enquanto os demais acompanham de forma silenciosa.
reflexivo, para mobilizar o exercício Durante a leitura do texto, oriente a apreciação da ima-
da habilidade EF69AR35 no traba- gem da obra 7 bilhões de outros, solicitando aos estudan-
lho com a unidade temática Artes
tes que descrevam o que veem e perguntando, por exem-
Integradas vinculada ao objeto de
plo: “Que aspectos materiais mais chamam a atenção de
conhecimento Arte e Tecnologia.
vocês?”; “Qual é o título da obra?”; “Por que o artista deu
As dimensões do conhecimento tra-
esse nome a ela?”; “Que sentidos vocês atribuem à obra?”;
balhadas são: Reflexão e Crítica. “Qual é a relação dela com a escuta dos outros?”.
Promova a leitura do texto A arte de Peça, então, aos estudantes que identifiquem outros ele-
Yann Arthus-Bertrand, da seção Mais mentos familiares na imagem da videoinstalação. Enfatize
180
Organize uma roda de conversa e pe-
Voc• sabia? ça aos estudantes que respondam vo-
No fim da década de 1960, o desenvolvimento de câmeras portáteis de vídeo proporcionou o nascimento de um luntariamente a perguntas como: “O que
novo tipo de arte, a videoarte. vocês responderiam às questões que o
Essa modalidade de produção artística usa a tecnologia da gravação em vídeo e pode associar-se a outras lin- artista fez às pessoas?”; “O que vocês
guagens, resultando em obras variadas, como videoinstalações, videopoemas, videoperformances, videoesculturas,
aprenderam com seus familiares ou
videodanças e videotextos, entre outras.
Um dos artistas pioneiros nessa linguagem foi o sul-coreano Nam June Paik (1932-2006). Ele criou instalações
responsáveis?”; “O que vocês desejam
com vários aparelhos televisivos programados para apresentar seus vídeos experimentais e abstratos, compondo transmitir a seus filhos ou às pessoas
verdadeiras videoesculturas. mais jovens?”; “Por quais situações di-
Observe as imagens apresentadas nesta página e fíceis vocês já passaram?”; “Qual foi a
perceba como o artista utiliza telas de vídeo e imagens
Mike Clarke/AFP
para construir suas obras.
última coisa que fez com que dessem
uma gargalhada?”; “Quando foi a últi-
ma vez que vocês choraram? Por quê?”;
“Vocês perdoam com facilidade? O
Cyrus McCrimmon/The Denver Post/Getty Images
portfólio.
Para o trabalho com o boxe Você
sabia?, explore as imagens das obras
de Nam June Paik com os estudantes,
Turtle [Tartaruga], videoinstalação de Nam June Paik, 1999. orientando a apreciação delas por meio
Nas últimas décadas do século XX, destacaram-se também as obras dos videoartistas Vito Acconci (1940-2017), de perguntas como: “O que vocês veem
Bruce Nauman (1941-), Bill Viola (1951-) e Ira Schneider (1939-). nas imagens?”; “Que figuras são forma-
das pelos aparelhos de TV agrupados?”;
“O que será que o artista quis expressar
181 com esses trabalhos?”; “O que vocês
sentem ao observar essas imagens?”.
Permita que eles se manifestem li-
vremente e enfatize que não existem
respostas certas ou erradas, mas que
é interessante que se aprofundem no
contexto de produção das obras para
criar significados com mais repertório.
Por isso, se julgar conveniente, peça à
turma que pesquise mais informações
sobre esses trabalhos de Nam June
Paik e dos demais artistas citados. De-
pois da pesquisa, os estudantes podem
compartilhar as informações encontra-
das com os colegas, relacionando-as ao
modo como leem as obras.
181
A seguir, leia um texto que trata da Na exposição do projeto 7 bilhões de outros, além da videoinstalação, os
obra 7 bilhões de outros. Caso conside- espectadores puderam assistir ao filme Mensagens, exibido em nove telas, que
re adequado, compartilhe a leitura com mostrava pessoas respondendo à última pergunta da entrevista: “Que mensa-
os estudantes e promova uma discus- gem você gostaria de deixar aos outros habitantes do planeta?”.
são sobre ele depois. Observe, nas imagens apresentadas nesta página, como os entrevistados
aparecem no vídeo.
Texto complementar
KIT PEDAGÓGICO – 7 MIL MILHÕES
Carlos Cecconello/Folhapress
DE OUTROS
Vista do céu, a Terra é um vasto
território, sem fronteiras, conflitos
ou interesses. Foi quando a sobre-
voava para o projeto A Terra vista
do céu, que Yann Arthus-Bertrand
se interrogou sobre as vidas dos
homens e mulheres que não con- Sistema audiovisual com nove
seguia ver, mas que viviam lá em- telas de vídeo que apresentavam
o filme Mensagens, na exposição
baixo, com cotidianos diferentes,
do projeto 7 bilhões de outros,
sonhos, receios, amores e desamo- em que pessoas entrevistadas
res, crenças e gostos, fragilidades deixavam suas mensagens
para o mundo. Projeto de Yann
e recordações. “No momento em
Arthus-Bertrand, exibido no
que pousei, os problemas surgiram. Masp, São Paulo (SP), 2011.
Confrontei-me com a inflexibilida-
de dos sistemas administrativos e
as fronteiras construídas pelos ho-
Reprodução/<docubase.mit.edu/project/7-billion-others>
182
A exposição contava ainda com a “aldeia dos yurts”. Yurt é uma tenda tradi- Atividade complementar
Mongol: habitante da
cional usada pela população nômade mongol para encontros e debates. Com República Popular da
CRÍTICA
forma circular, essa tenda é símbolo do convívio. Em cada um dos oito yurts, os Mongólia, país da Ásia
Central.
Organize a turma em grupos de três in-
visitantes assistiam a apresentações de filmes com os temas do projeto, conhe-
tegrantes e solicite a eles que acessem
ciam seus detalhes e descobriam como foi realizado, podendo gravar também
a reportagem realizada pela revista Trip
seus depoimentos. com o artista Yann Arthus-Bertrand. Dispo-
Na tela nível em: https://revistatrip.uol.com.br/
trip/entrevista-com-yann-arthus-bertrand
Carlos Cecconello/Folhapress
⓿ tecnologias utilizadas;
Carlos Cecconello/Folhapress
⓿ como a obra foi produzida;
⓿ a intenção do artista;
⓿ intenção da obra realizada;
⓿ opinião do autor;
⓿ justificativa.
Auxilie os estudantes a divulgar seu texto
Tendas yurts, com
projeção de filmes na no mural da sala ou no blog da escola,
exposição do projeto caso exista um.
7 bilhões de outros, de
Yann Arthus-Bertrand,
no Masp, São Paulo (SP),
2011. Nelas eram exibidos
filmes com temas
relativos à exposição:
amor, felicidade, perdão,
sonhos, família, casa, etc.
Palavra de artista
Vivemos em tempos incríveis. Tudo se move a um passo louco. [...] Hoje temos a nossa disposi-
ção ferramentas extraordinárias para a comunicação: podemos ver tudo, saber tudo. A quantidade
de informação em circulação nunca foi tão grande. Tudo isso é muito positivo. A ironia é que, ao
mesmo tempo, nós ainda sabemos muito pouco sobre nossos vizinhos. Agora, entretanto, a única
resposta possível é fazer um movimento em direção à outra pessoa, entender o outro.
6 BILHÕES de Outros – Videoexposição retrata diversidade humana em cinco mil opiniões.
Disponível em: https://www.ppow.com.br/6-bilhoes-de-outros/. Acesso em: 15 maio 2022.
183
183
Leia com os estudantes o texto do tó-
pico Sobre o artista. É importante res- Sobre o artista
saltar a relevância do trabalho de Yann Yann Arthus-Bertrand é fotógrafo, jor-
Atividade complementar
DEBATE
Piscinão de Ramos, Zona Norte do Rio de Janeiro (RJ), 2011. Fotografia do projeto A Terra vista do céu.
Proponha aos estudantes que se or-
ganizem em duplas e peça-lhes que
184
assistam a trechos do documentário
Home. Depois, reúna toda a turma e
Reprodução do Livro do Estudante em tamanho reduzido.
promova um debate. Para isso, divida-
-a em dois grandes grupos. Um deles
deve defender a obra do artista e ou-
tro deve mostrar os pontos negativos da
obra. O importante, aqui, é exercitar a
argumentação.
184
Atividade complementar
Yann Arthus-Bertrand/Acervo do artista
ANÁLISE
Oriente os estudantes a realizar uma
análise crítica do trabalho de Yann
Arthus-Bertrand considerando todos os
aspectos abordados pelo artista e con-
textualizando suas análises: a trajetória
do artista, a construção de estilo e da
marca pessoal, a apropriação de mate-
riais e, principalmente, a relevância so-
cial e política do trabalho e sua relação
com as questões ambientais.
Organize a turma em grupos para
discutir os pontos sugeridos e compar-
Vista de uma tilhar as observações e a aprendizagem,
árvore queimada,
na Costa do
comparando as opiniões e os pontos de
Marfim. Fotografia vista.
do projeto A Terra
vista do céu.
É fundamental que façam anotações
durante a discussão para que possam
escrever depois o texto individual. Fina-
Yann Arthus-Bertrand/Acervo do artista
Árvore da vida,
Parque Nacional
de Tsavo-Leste,
Quênia, 1993.
Fotografia do
projeto A Terra
vista do céu.
185
185
BNCC na unidade
Na seção Puxando outros fios, os
objetivos de aprendizagem são:
Puxando outros fios Prática de
pesquisa
dos em pesquisa de maneira a refletir O interesse pela videoarte nas mídias sociais
sobre o que, como e porque diferen-
Neste encerramento da Unidade 2, você conheceu Yann Arthus-Bertrand, um videoartista que vem ex-
tes públicos pesquisam sobre video-
plorando diferentes modos de expor suas ideias acerca do mundo em que vivemos por meio de videoartes
arte na internet, buscando compre-
ender o tipo de interesse que essa interativas. Com elas, procura mostrar o que todos nós, seres humanos, temos em comum. Mas será que
modalidade de produção artística essa é uma modalidade artística conhecida e apreciada por muita gente?
desperta, para asseverar a mobiliza- Para investigar quem se interessa por videoarte nas mídias sociais, você vai fazer uma pesquisa
ção da habilidade EF69AR31 no tra- científica.
balho com a unidade temática Artes Esse tipo de pesquisa consiste no estudo que parte da observação e da análise do que foi observado
Integradas articulada ao objeto de a fim de criar teorias. Daí, ser uma forma de investigação constituída de um método, ou seja, um con-
conhecimento Contextos e Práticas; junto de procedimentos que permite que os resultados obtidos sejam confiáveis e, assim, considerados
⓿ utilizar tecnologias de informação e
verdadeiros.
comunicação como ferramentas de Então, nesta seção, você vai experimentar um método de pesquisa que envolve a análise de mídias so-
pesquisa e levantamento de dados ciais. Preparado para começar? Vamos lá!
por meio de referências confiáveis
(comprovadas por análise e checa-
gem das fontes) e como suporte para
Fio condutor
publicação das produções (feita de Quem pesquisa sobre videoarte nas redes sociais?
forma ética em relação a imagens e
informações divulgadas), de modo a Etapa 1
garantir a mobilização da habilidade
EF69AR35 no trabalho com a unida- Escolha da ferramenta digital
de temática Artes Integradas articu-
1 Para começar, forme uma dupla com um colega.
lada ao objeto de conhecimento Ar-
te e Tecnologia. 2 A dupla vai utilizar chaves de pesquisa em plataformas digitais de busca de informações. Com elas,
A dimensão do conhecimento traba- qualquer pessoa com acesso à internet pode investigar hábitos de comportamento.
lhada é: Reflexão.
A proposta da seção Puxando ou-
Voc• sabia?
tros fios gira em torno do desenvolvi-
mento do pensamento e do fazer cien- Toda vez que alguém digita uma chave em uma plataforma de pesquisa, essa
palavra-chave fica registrada na web. Assim, é possível saber quantas pessoas
tífico como maneira de compreender e
pesquisaram ou postaram o termo, onde estavam e quando houve picos de
utilizar diferentes linguagens em fun- interesse nessa chave.
ção da compreensão do mundo em A partir dessas ferramentas de pesquisa, é possível investigar informações
que vivemos. sobre temas que são tendência em determinado local em dado momento e há-
Nesta seção, as metodologias de bitos de comportamento e consumo, por exemplo.
186
as ideias centrais identificadas e reco-
3 Observe a imagem de uma pági-
Reprodução/Google Trends
lhidas nas pesquisas. O objetivo é sis-
na de trends de uma plataforma
tematizar os conceitos centrais iden-
de pesquisa para ter ideia do
tificados para possibilitar a leitura e
tipo de informação que vai en-
interpretação dos dados obtidos. Antes
contrar e do formato em que ela
de produzir o resumo, oriente a turma
aparece.
a analisar os dados à luz das questões
4 Pode-se alterar as categorias de apresentadas nessa etapa. Um rotei-
informação a ser analisada, como ro de leitura para guiar a preparação
o local em que foi feita a pesqui- do resumo deve incluir perguntas so-
sa, o período em que foi realizada bre o tema da pesquisa, as ideias de-
e sites em que o objeto da pes- fendidas, as etapas percorridas e as
quisa aparece, entre outras. Exemplo de uma página de trends. conclusões.
5 É possível ainda agregar outros termos de pesquisa à palavra-chave “videoarte”, criando assim um Explique que, para a construção do
cruzamento entre os dados a ser analisados a fim de refinar a busca, por exemplo: “estudante, mulher,
resumo, as respostas às perguntas do
universidade”.
roteiro de leitura precisarão ser formu-
ladas de maneira objetiva sem perder
6 Baixe os gráficos conseguidos em sua busca e guarde uma cópia deles no portfólio. de vista, no entanto, a conexão entre
elas. O resumo não deve ser estrutura-
Etapa 3 do em tópicos, mas constituir um tex-
Análise dos dados e resumo to corrido, que vai exigir articulação en-
tre as ideias.
1 Faça um resumo de sua pesquisa em que constem as informações sobre quem pesquisa sobre videoar- Oriente a redação de uma primeira
te nas redes sociais. Para isso, é preciso analisar os dados obtidos na etapa anterior. versão do resumo, seguida de troca en-
2 Com o colega, traduza os dados do gráfico em palavras para construir, assim, o perfil de quem se inte- tre pares para a revisão de aspectos co-
ressa por videoarte. Verifique, por exemplo: mo clareza, objetividade e fidelidade ao
⓿ Qual é a faixa etária da maioria das pessoas que se interessa por videoarte? Há mais jovens ou adul- texto original.
tos interessados nessa modalidade artística? Auxilie a turma a sintetizar as prin-
cipais ideias que serão abordadas na
⓿ Qual é a ocupação da maioria das pessoas que pesquisam sobre videoarte? Elas são estudantes?
apresentação dos slides e reforce a
⓿ Essas pessoas que pesquisam sobre videoarte são de que localidade do Brasil? Em âmbito global,
importância do uso desse recurso para
de onde é a maioria delas? orientar e dar base à comunicação da
⓿ Em que época do ano se pesquisa mais sobre videoarte no Brasil? E no mundo? pesquisa. Enfatize a necessidade de
3 Lembre-se de fazer uma revisão do texto elaborado. se ater nessa apresentação a informa-
ções essenciais, além da bibliografia
4 Para compartilhar o resumo com a turma, cada dupla deve eleger seu porta-voz, que vai apresentar as
e de algumas questões para reflexão.
principais ideias contidas nele.
Alerte que a possível inclusão de web-
5 Enquanto o porta-voz se apresenta, o professor vai fazer o registro das ideias na lousa. sites requer uma referência curta a seu
6 Copie o registro de todos os resumos da turma e arquive-os no portfólio. assunto.
Oriente também a observação dos
Etapa 4 aspectos gráficos da apresentação, co-
mo a escolha da tipologia adequada
Divulgação da pesquisa para uma boa visualização e de des-
1 Prepare com o colega uma apresentação em slides da pesquisa realizada, utilizando os gráficos.
taques, como negrito e itálico, para dar
ênfase a determinadas expressões do
2 Compartilhe os resultados da pesquisa com a turma, revezando-se com o colega nessa exposição. texto, além da previsão de espaços
3 Assista à apresentação dos demais grupos tomando nota dos pontos mais importantes. em branco para anotações e descan-
4 Por fim, faça um resumo do que aprendeu com as apresentações e guarde-o no portfólio.
so visual.
Os estudantes devem definir ainda
187
como vão dividir as partes a ser apre-
sentadas entre os integrantes da dupla,
considerando o formato da apresenta-
ção de slides, que servirá de apoio es-
Estimule-os a levantar hipóteses sobre o que impele as pes- que os usuários comparem os termos de pesquisa com ou- crito para a fala, e não como roteiro a
soas a pesquisar sobre o tema. tras palavras-chave semelhantes e classifiquem os dados ser lido para os colegas.
O objetivo da seção é apresentar processualmente a ela- por categoria, tipo, região ou período. Numa pesquisa por Na roda de conversa, estimule a tur-
boração, a realização e a análise de dados captados em palavras-chave, a plataforma deve ajudar a compreender o ma a falar sobre os procedimentos uti-
mídias e plataformas digitais como estratégia para a pes- volume de pesquisa de palavras-chave, identificar tendên- lizados para tirar conclusões a par-
quisa científica. Assim, os estudantes são expostos a di- cias de pesquisa, tópicos relevantes e consultas relaciona- tir de informações fundamentadas em
ferentes fontes de informação e aprendem a selecionar e das ao termo. É desejável também que permita conferir o pesquisas.
tratar dados relevantes para produzir textos científicos ade- interesse regional de determinado tópico e identificar ter-
quados e confiáveis. mos que só apresentam popularidade de pesquisa duran-
Na Etapa 2, oriente os estudantes para as pesquisas na te certo período.
plataforma. O emprego de palavras-chave serve para des- Para elaborar o resumo proposto na Etapa 3, oriente os
cobrir que termos são mais utilizados e que tipo de público estudantes a usar as questões apresentadas no Livro do
mais os utiliza, mostrando também tempo de permanência Estudante como roteiro para checar todas as informações
no site pesquisado. A plataforma escolhida deve permitir adicionadas. O resumo deve apresentar de forma objetiva
187
BNCC na unidade
Na seção Entrelaçando as artes, os
objetivos de aprendizagem são:
Entrelaçando as artes
⓿ refletir e discutir coletivamente te-
188
Etapa 3 no Livro do Estudante, bem como os le-
vantados por eles, para que avaliem se
Registro
foram concretizados integralmente e se
Sob a supervisão do professor, é possível criar um blog para o evento. Se o grupo colocar em prática essa concebem eventuais aprimoramentos.
ideia, deve tirar fotografias da exposição e pedir autorização aos convidados para divulgar seus depoimentos. Ao tratar das experiências de cria-
ção, produção e apresentação do do-
Etapa 4 cumentário, incentive-os a refletir sobre
Troca de ideias os processos de integração entre as
linguagens e os recursos empregados.
Assim que estiver encerrada a exposição, converse com os colegas e o professor sobre estas questões:
Ajude-os a perceber que, ao integrar
⓿ O que sentiu ao assistir aos depoimentos dos colegas da turma? Você se surpreendeu com algum elementos de diferentes linguagens ar-
deles? Por quê? tísticas em uma produção, temos, mais
⓿ A que conclusões chegou sobre os temas abordados depois de assistir aos depoimentos? do que a somatória de seus recursos, a
⓿ Você acredita que, no futuro, a vida será melhor ou pior do que é agora? Qual será sua participação criação de novos recursos expressivos.
nesse processo? Respostas pessoais. Em seguida, organize-os em peque-
nos grupos para discutir as questões
Etapa 5 propostas no tópico Autoavaliação: é
hora de retomar o portfólio, antes de
Retomada
elaborar sua reflexão individual, estimu-
Em uma folha à parte, faça um relatório organizado em tópicos, registrando as etapas vivenciadas na lando-os a rever os temas de estudo e a
atividade, para arquivar no portfólio. comparar visões e hipóteses.
É importante que você observe o de-
senvolvimento da turma tendo em vista
uma avaliação processual, levando em
Fio da meada
conta os temas de toda a Unidade 2,
O que vimos além de sua mobilização para a realiza-
Na Unidade 2, você refletiu sobre o estranhamento que a arte pode causar por meio do teatro e das artes visuais, ção da produção final. Para isso, retome
além de ter conhecido uma manifestação artística que mistura diferentes linguagens, a videoarte, em especial a os critérios observáveis apresentados
videoinstalação. Ao concluir o projeto, estudou que: em cada capítulo e, para a verificação
⓿ a videoarte é um exemplo do uso de tecnologia na criação artística que permite uma apreciação reflexiva
do desempenho na produção final, pro-
das obras produzidas;
⓿ uma das características da videoarte é que ela se apropria de dispositivos dos meios de comunicação de cure responder às seguintes perguntas:
massas e pode promover a interatividade entre artistas e público e do público entre si; ⓿ Que conteúdos e procedimentos es-
⓿ as artes audiovisuais podem ser projetadas em espaços diferentes e originais;
189
As atividades propostas na seção
Ponto de chegada visam à realização de
uma avaliação de resultado para que o
professor identifique experiências, apren
Ponto de chegada
dizagens e conhecimentos construídos NÃO ESCREVA NO LIVRO.
de avaliação do ano letivo, por meio da 1 Você se lembra do que discutiu, pesquisou e experimentou em seus estu-
qual se pode identificar as aquisições dos sobre elementos da música no Capítulo 1? Leia as frases, identifique as
mais significativas dos estudantes em alternativas incorretas, anote-as no caderno e reescreva-as corretamente.
termos de aprendizagem e ampliação a) Ruídos são sons fortes, agudos e sem afinação.
de repertório. Com base no reconheci
b) Qualquer objeto capaz de produzir som pode ser considerado uma fon-
mento das condições em que cada um
te sonora.
deles iniciou o ano e como finalizou o
percurso proposto, o professor terá sub c) Para criar melodias, é necessário organizar a altura, a duração e o mo-
sídios para identificar as potencialidades mento em que diferentes notas musicais são tocadas ou cantadas.
desenvolvidas no decorrer do percurso, d) A textura de uma música depende da sobreposição dos sons e da ma-
os aspectos que devem ser plenamente neira como esses sons se comportam.
desenvolvidos e os temas que necessi e) Notas musicais escritas com diferentes símbolos têm durações diferentes.
tam de maior apoio e acompanhamento
f) Músicas polifônicas são composições para diversos instrumentos. As afirmações incorretas são a e f.
na próxima etapa da formação.
Por outro lado, é preciso ter clareza 2 Para continuar com a retomada dos estudos do Capítulo 1, você vai escre-
de que a avaliação final do desempe ver agora uma resenha crítica sobre o trabalho do Grupo Vida Seca.
nho dos estudantes deve estar integra a) Escreva sua crítica com base nestas questões:
da à formação global, e não ficar res ⓿ De que forma a escolha de utilizar instrumentos musicais feitos de
trita à mera prova no encerramento de sucata afeta a vida das pessoas?
um período. A melhor forma de avalia ⓿ Que ideias e sensações essa escolha estética provocou em você?
ção deve constituir um processo contí
b) Planeje as partes da resenha e escolha os argumentos para apoiá-la.
nuo em todas as etapas de desenvol
vimento de um tema, projeto ou ano Então, redija o texto e, logo em seguida, revise-o.
letivo. Para cada etapa devem ser traça c) Após a primeira revisão, faça as alterações necessárias e, em seguida,
dos os objetivos e instrumentos de ava peça a segunda revisão a um colega, que vai avaliar se a crítica está
liação mais adequados. Os resultados bem fundamentada e se a redação é fluida. Ao avaliar o texto do colega,
obtidos vão auxiliar não só o professor sugira melhorias e faça elogios sempre que possível.
no planejamento das aulas que deve d) Passe o texto a limpo e guarde as versões iniciais no portfólio para com-
rá desenvolver no próximo período, mas pará-las com a versão final.
também os estudantes, para que reco
e) Compartilhe a versão final da resenha crítica com os colegas e o profes-
nheçam suas dificuldades e seus avan
sor em uma roda de conversa.
ços no decorrer do processo.
f) Após o bate-papo, revise mais uma vez a resenha, incorporando ideias
Em uma proposta de ensinoapren
pertinentes suscitadas durante a discussão, e guarde o registro no
dizagem que contempla a diversidade
e considera o crescimento individual portfólio.
dos estudantes é preciso saber reco 3 Nesta atividade, reveja uma parte do que estudou sobre dança no Capí
nhecer o ponto de partida de cada um tulo 2. Para isso, relacione, no caderno, o nome de cada um dos oito mo-
deles para identificar seu crescimen vimentos básicos determinados por Laban, que estão no quadro, com sua
to real durante o processo. De manei respectiva execução, que vai encontrar nas imagens que estão na sequência.
ra simples: se o estudante A entra no
projeto com alguma desenvoltura em 190
boa parte das habilidades pretendi
das, o estudante B começa pratica
Reprodução do Livro do Estudante em tamanho reduzido.
mente com nenhuma desenvoltura,
e ambos chegam ao fim do percurso sobre esse desenvolvimento a fim de constatar sua evo aprendizagem, assim como para valorizar e evidenciar a
em pé de igualdade em relação às ex lução por meio dos diferentes instrumentos de avaliação, evolução individual.
pectativas de aprendizagem, é impor como registros, produções, apresentações e, principal Antes de realizar esta avaliação final, certifiquese de
tante que se reconheça que o estu mente, o portfólio. que os estudantes que tenham apresentado defasagens em
dante B superou mais desafios e, até Por essa razão, mais do que classificar os estudantes relação às diferentes aprendizagens trabalhadas no decor
mesmo, que teve maior rendimento de acordo com critérios ou objetivos preestabelecidos, a rer das duas unidades do volume tenham tido a oportuni
e aproveitamento que o estudante A. função desta avaliação é identificar a construção e a am dade de realizar atividades de remediação em diferentes
Essa constatação não deve se refle pliação de seu repertório e as aprendizagens que cons etapas do ano letivo.
tir necessariamente na nota do estu truíram em relação aos valores artísticos e às vivências Ao aplicar essa avaliação de resultado, converse com
dante, uma vez que os conceitos são anteriores nessa área. Somadas a essa avaliação, você os estudantes para que compreendam que não se trata
atribuídos em relação aos objetivos pode utilizar as grades e pautas de observação disponí de uma prova ou mero instrumento para aferir se podem
de aprendizagem comuns, porém, em veis no decorrer do Manual do Professor e as ativida passar de ano. Nesse momento, é preciso que compre
um processo de avaliação formativa, o des do Livro do Estudante para identificar o desenvol endam que, por meio da avaliação de resultado, se pode
estudante B poderá ter um feedback vimento de cada estudante em relação aos objetivos de identificar quais foram as aprendizagens mais significativas
190
têm mais de uma melodia sendo toca
Flutuar Deslizar Empurrar Chicotear da ao mesmo tempo.
Pontuar Torcer Socar Sacudir
Na Atividade 2, esperase que os es
tudantes reflitam a respeito do impac
a) b) c) to que as escolhas estéticas feitas pelos
grupos artísticos provocam na socieda
de utilizando o grupo Vida Seca como
exemplo e o relacionando a ações se
melhantes que conheçam. Para elabo
rar a resenha é fundamental que eles
retomem os textos estudados que tra
tam dos trabalhos do grupo e, se possí
vel, realizem pesquisas na internet pa
ra ampliar o conhecimento e auxiliar na
construção dos argumentos.
d) e) f)
Na Atividade 4, oriente os estudan
191
Para uma avaliação de processo ob c) Crie um roteiro para gravar o videominuto. Lembre-se de que a gravação
serve na sequência o que os estudan dura, no máximo, 1 minuto. Por isso, é muito importante criar um roteiro
tes devem fazer nessa atividade para que resuma as ideias principais da pesquisa e selecionar apenas as infor-
desenvolver as habilidades trabalhadas
mações mais relevantes para mostrar no vídeo e apresentar ao público.
e os respectivos indicadores de realiza
d) Além do roteiro, crie também um storyboard, ou seja, uma representa-
ção, que correspondem a: “1. Não atin
ção quadro a quadro do que você vai mostrar no vídeo. Esse recurso aju-
giu o esperado”; “2. Realizou satisfato
da a organizar as informações visuais e textuais e a estabelecer a ordem
riamente a atividade”; e “3. Superou as
expectativas”. em que serão apresentadas.
e) Planeje como será a gravação no que diz respeito ao cenário, à ilumina-
⓿ Pesquisar mais dados sobre a video
ção, ao figurino, etc.
dança:
f) Grave o videominuto respeitando seu roteiro e procurando se manter
1. Não conseguiu realizar a pesqui
dentro do minuto estipulado.
sa nem estabelecer relações en
tre esse tipo de dança e o que g) Edite o vídeo, cortando ou adicionando partes, aplicando efeitos e o que
192
e) Depois de gravado, chegou o momento de editar o episódio. Com a aju- não existe relação de analogia entre co
da do professor e dos colegas de grupo, planeje o formato do episódio,
res primárias e secundárias; d. A com
definindo, entre outros aspectos, se terá vinheta no início e no fim. Em se-
plementariedade só se dá entre cores
guida, ainda em grupo, ouça as gravações realizadas e edite-as, de modo
primárias e secundárias quando uma
cor secundária é resultante da mistu
a incluir ou excluir trechos mais ou menos adequados. Para isso, o grupo
ra de duas cores primárias, sua com
vai precisar de programas de edição de áudio, que podem ser facilmente
plementar é a cor que ficou de fora da
encontrados na internet ou no sistema operacional do computador.
mistura.
f) Após a edição do episódio, o grupo vai compartilhar o resultado com a
Para dar início à Atividade 8, faça
turma e, na sequência, combinar com o professor como divulgá-lo em
um levantamento de quantos estudan
alguma plataforma on-line da escola.
tes escolheram cada um dos temas, ou
g) Registre suas conclusões em um resumo e guarde-o no portfólio. mais de um deles. Feito isso, auxilie a
7 Agora, você vai revisar uma parte do que aprendeu sobre Artes Visuais no turma, indicando sites, revistas e livros
Capítulo 4. Assim, observe o círculo cromático que está a seguir e, depois, que possam servir de referência biblio
identifique as afirmações corretas, copiando-as no caderno. gráfica para a investigação.
vermelho Durante a pesquisa, oriente os estu
vermelho-violeta (primário) vermelho-laranja dantes a elaborar um relatório que sirva
(terciário) (terciário)
de base para a criação do mapa mental.
193
Nesse momento, é fundamental que d) Apresente o mapa mental aos colegas e ao professor e converse com
os estudantes tenham compreendido o eles sobre o tema pesquisado.
que é uma produção de Artes Integra
e) Registre os pontos altos da conversa para guardar no portfólio, com o
das e reflitam acerca das linguagens em
mapa mental.
cada uma das produções. O principal
objetivo da Atividade 9 é oportunizar 9 No percurso de aprendizagem deste ano, você participou de duas criações
a recuperação dos processos criativos coletivas de artes integradas para expressar suas ideias e reflexões sobre
desenvolvidos nas duas propostas. Ela duas questões importantes.
é segmentada em itens relativos a ca No encerramento da Unidade 1, conheceu a obra e as ideias de Joseph
da uma das unidades, que visam orien Beuys. Inspirado por esse trabalho e pelos estudos realizados nos Capí
tar os estudantes a retomar os procedi tulos 1 e 2, criou, produziu e apresentou com os colegas de grupo, unindo
mentos adotados em ambas. diferentes linguagens, ações artísticas para refletir a respeito da questão
No Item a da Atividade 9, as respos A arte alerta sobre o meio ambiente?.
tas são pessoais. Esperase, entretanto,
que os estudantes façam uma descri
194
194
Produções desse tipo são consideradas artes integradas, porque nelas são se, mais do que recordar quais são os
combinados elementos, materiais e procedimentos de mais de uma lingua-
elementos da linguagem audiovisual,
gem artística. Converse com seus parceiros de trabalho sobre as experiên-
os estudantes conseguem identificar e
cias vivenciadas e faça o que se pede na continuação.
descrever de que forma mobilizaram
tais elementos em suas produções. As
a) Descreva o processo de produção e apresentação de sua ação artística
sim, é esperado que descrevam os pro
no encerramento da Unidade 1, respondendo:
cessos de escrita do roteiro, elaboração
⓿ Todos os integrantes do grupo colaboraram com ideias? do storyboard, captação das imagens
⓿ Como foram tomadas as decisões coletivas para a realização do e gravação das cenas, criação da trilha
trabalho? sonora e, por fim, edição e montagem
⓿ Como foi a escolha dos materiais? do vídeo. Além disso, seria interessante
que comentassem ainda os planos de
⓿ Como os espectadores reagiram à obra?
filmagem, a movimentação de câmera,
⓿ O que mais marcou essa experiência? Respostas pessoais. a fotografia e a iluminação das cenas.
b) Na sequência, escreva um parágrafo sobre sua participação na produ- O Item d da Atividade 9 propõe uma
ção da ação artística. Ao refletir sobre a realização do trabalho, identifi- avaliação da postura dos estudantes a
que em que etapas atuou de forma mais ativa. fim de identificar a disponibilidade para
c) Sobre o encerramento da Unidade 2, responda: o trabalho colaborativo, a capacidade
⓿ Como foram as discussões para a escolha do tema? de diálogo e a busca de parceria na to
⓿ Como foram tomadas as decisões coletivas para a realização do
mada das decisões coletivas. Ao requi
sitar uma autoavaliação da participa
trabalho?
ção da turma no processo, o professor
⓿ De que maneira o grupo explorou os elementos e recursos da lingua-
vai verificar como os estudantes se re
gem audiovisual e realizou cada uma das etapas propostas para pro- conhecem em relação ao trabalho co
duzir os dois trabalhos? Descreva esse processo. Respostas pessoais. letivo, assim como os procedimentos e
d) Agora, escreva um parágrafo sobre sua participação nas etapas de pes- técnicas com os quais se sentem mais
quisa, criação, produção, edição e apresentação do documentário e da familiarizados e competentes quando
videoarte. Além de descrever como foi participar do processo de criação indicam sua contribuição na criação e
coletiva, procure identificar em que etapas atuou de forma mais ativa. na produção.
10 Agora, por fim, reflita sobre as atividades, experimentações e produções A autoavaliação proposta na Ativida-
das quais participou durante o ano, respondendo à pergunta: Como você de 10 tem como objetivo que os es
fez arte neste ano?. Para isso, considere as experiências que teve com tudantes identifiquem, ao final da tra
materiais das artes visuais, práticas corporais da dança, jogos e textos jetória proposta no volume, como se
teatrais, sonoridades da música e artes integradas e reflita sobre elas. relacionam com os elementos constitu
Consulte o livro e o portfólio para recordar; depois, construa no caderno tivos, os procedimentos de trabalho e
uma tabela para registrar sua experiência com cada uma das linguagens produção e os materiais e instrumen
artísticas (teatro, artes visuais, dança e música) de acordo com estes
tos das diferentes linguagens artísticas
aspectos:
que tiveram oportunidade de explo
rar durante o ano. Dessa forma, bus
⓿ Do que mais gostei nas aulas de Arte?
case apoiálos na sistematização dos
⓿ O que aprendi e agora consigo fazer sozinho? percursos que traçaram como pesqui
⓿ O que preciso praticar mais? sadores, criadores, produtores e auto
⓿ O que gostaria ainda de aprender sobre arte? Respostas pessoais. res nas diferentes linguagens. A retoma
da do portfólio será fundamental para
a formulação das respostas, portanto,
orienteos a usar os registros que ali es
tão como subsídio para essa atividade.
195
O Item b da Atividade 9 propõe uma avaliação da postu encaminharam os experimentos práticos e a exploração dos
ra dos estudantes na produção coletiva a fim de identificar recursos e procedimentos característicos do audiovisual.
a disponibilidade para o trabalho colaborativo, a capacida Ao discutir com os colegas e registrar suas respostas, é de
de de diálogo e a busca de parceria na solução de proble sejável que utilizem os termos específicos dessa linguagem
mas e na tomada de decisões coletivas. Ao requisitar uma e reflitam especialmente sobre como utilizaram os elemen
autoavaliação da participação de cada um deles no proces tos característicos da linguagem na elaboração de suas
so, o professor vai verificar também como os estudantes se produções. É essencial que, em relação à produção de vi
reconhecem em relação ao trabalho coletivo, assim como deoarte, identifiquem e comentem como exploraram os di
os procedimentos e técnicas com que se sentem mais fa ferentes recursos e instrumentos de produção audiovisual
miliarizados e competentes quando indicam sua contribui para alcançar efeitos artísticos e como interpretaram o con
ção nos processos de criação e produção. ceito de estranhamento na arte para a realização do traba
No Item c da Atividade 9, as respostas são pessoais. lho. Caso julgue oportuno, oriente a turma a consultar o Livro
Esperase, entretanto, que os estudantes façam uma do Estudante para retomar os elementos da linguagem
descrição completa de seu processo criativo e de como audiovisual. Ao avaliar as respostas, observe principalmente
195
Lista de áudios oferecidos no volume
principal, que é acompanhada por Locução: Este é o som do tímpano.
01 Canção “Tupatutu” acordes tocados por um instrumento Som: tímpano.
(Unidade 1, Capítulo 1, p. 21) musical.
Locução: Este é o som do triângulo.
Tempo: 3 min 04 s Canção: GRACIAS a la vida. Composi
Som: triângulo.
Canção: TUPATUTU. Intérprete: Vida tora: Violeta Parra. Intérprete: Violeta
Seca. Compositor: Vida Seca. In: SOM Parra. In: LAS 100 mejores del folklore Locução: Este é o som da caixa.
de sucata. Intérprete: Vida Seca. Goiâ chileno (Volumen 3). Intérpretes: vá Som: caixa.
nia: Novomundo, 2008. 1 CD. Faixa 3. rios artistas. Chile: ARCI Music, 2018. Locução: Este é o som do prato.
1 CD. Faixa 20. Som: prato.
02 Podcast Exemplo de melodia
(Unidade 1, Capítulo 1, p. 30) 06 Podcast Instrumentos de 10 Podcast Instrumentos de
Tempo: 2 min 29 s corda
teclas
Locução: Vamos ouvir agora um exem (Unidade 1, Capítulo 1, p. 33)
(Unidade 1, Capítulo 1, p. 37)
plo de uma canção muito conhecida: Tempo: 0 min 47 s
Tempo: 0 min 54 s
Trecho de “Asa branca”: cantado em Locução: Ouça o som de alguns dos
andamento moderado por voz femi instrumentos de corda. Locução: Ouça o som dos instrumen
nina. Produção feita para a obra com Locução: Este é o som do violino. tos de teclas.
base em: ASA branca. Compositor: Som: violino. Locução: Este é o som do piano.
Humberto Teixeira. Intérprete: Luiz Som: piano.
Locução: Este é o som do violoncelo.
Gonzaga. In: ASA branca. Intérpre
Som: violoncelo. Locução: Este é o som do cravo.
te: Luiz Gonzaga. [S. l.]: Entertain Me
Europe LTD, 2014. 1 CD. Faixa 1. Locução: Este é o som do contrabaixo. Som: cravo.
Locução: Agora, ouça a reprodução da Som: contrabaixo. Locução: Este é o som do órgão.
melodia dessa mesma canção. Locução: Este é o som da harpa. Som: órgão.
Mesmo trecho da música: cantado Som: harpa.
apenas com “hum, hum, hum”.
11 Podcast Exemplos de
07 Podcast Instrumentos de ritmos
Locução: Que tal tentar reproduzir a
melodia você também? madeira (Unidade 1, Capítulo 1, p. 40)
(Unidade 1, Capítulo 1, p. 34)
Tempo: 1 min 36 s
03 Podcast Exemplo de Tempo: 1 min 07 s
Locução: Ouça agora a reprodução
monofonia Locução: Ouça o som dos instrumen
dos ritmos e descubra qual deles foi
(Unidade 1, Capítulo 1, p. 31) tos de madeira.
executado. Antes de serem executa
Tempo: 1 min 40 s Locução: Este é o som da flauta
dos, você vai ouvir a marcação dos
Locução: Ouça um exemplo de mono transversal.
tempos musicais.
fonia e perceba como existe apenas Som: flauta transversal.
uma melodia, realizada por uma única Ritmo 1: marcação seguida de solfejo
Locução: Este é o som do oboé.
voz. com o uso da sílaba “tá” em andamen
Som: oboé.
Cantochão: TANTUM ergo sacramen to moderado.
Locução: Este é o som do clarinete.
tum. Intérprete: Mignarda. In: MIGNAR Ritmo 2: marcação seguida de solfejo
Som: clarinete.
DA. Single. Intérprete: Mignarda, 2011. com o uso da sílaba “tá” em andamen
1 CD. Locução: Este é o som do fagote. to moderado.
Som: fagote.
04 Podcast Exemplo de Ritmo 3: marcação seguida de solfejo
polifonia 08 Podcast Instrumentos de com o uso da sílaba “tá” em andamen
metal to moderado.
(Unidade 1, Capítulo 1, p. 31)
Tempo: 2 min 10 s (Unidade 1, Capítulo 1, p. 35) Ritmo 4: marcação seguida de solfejo
Tempo: 0 min 48 s com o uso da sílaba “tá” em andamen
Locução: Ouça um trecho de um can
to polifônico e procure perceber como Locução: Ouça o som dos instrumen to moderado.
as vozes vão entrando separadamen tos de metal. Ritmo 5: marcação seguida de solfejo
te na canção, causando um efeito Locução: Este é o som do trompete. com o uso da sílaba “tá” em andamen
interessante. Esse é um exemplo de Som: trompete. to moderado.
polifonia. Locução: Este é o som do trombone. Ritmo 6: marcação seguida de solfejo
Canto polifônico: MISERERE. Com Som: trombone. com o uso da sílaba “tá” em andamen
positor: Josquin des Prez. Intérpre to moderado.
Locução: Este é o som da trompa.
te: Hilliard Ensemble & Paul Hillier. In:
Miserere. FRANCOFlemish Master Som: trompa. 12 Música instrumental
works. [S. l.]: Warner Classics, 2012. Locução: Este é o som da tuba.
“Rua 57, N. 60”
4 CD. CD 4. Faixa 9. Som: tuba.
(Unidade 1, Capítulo 1, p. 42)
05 Podcast Exemplo de 09 Podcast Instrumentos de Tempo: 2 min 58 s
homofonia percussão (Unidade 1, Capítulo Música (trecho de): RUA 57, N. 60.
(Unidade 1, Capítulo 1, p. 32) 1, p. 36) Compositor: Grupo Vida Seca. Intér
Tempo: 4 min 53 s Tempo: 0 min 55 s prete: Grupo Vida Seca. In: RUA 57,
Locução: Ouça agora um exemplo de Locução: Ouça o som dos instrumen N. 60. 2015. Intérprete: Grupo Vida
homofonia e procure notar a melodia tos de percussão. Seca. 1 CD. Faixa 1.
196
196
Referências bibliográficas comentadas
Educação e Pedagogia
BERGMANN, J.; SAMS, A. Sala de aula invertida: uma metodologia ativa de aprendizagem.
Trad. Afonso Celso da Cunha Serra. São Paulo: LTC, 2016.
Obra em que se busca auxiliar o docente a estimular a autonomia e a motivação dos
estudantes ao apresentar os princípios da metodologia da aula invertida, assim como
suas aplicações.
BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica.
Brasília, DF: MEC/SEB, 2013.
Documento em que se propõem as diretrizes que regem a Educação Básica brasileira
com o objetivo de assegurar que saberes fundamentais sejam garantidos a todos os
estudantes no país.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base.
Brasília, DF: MEC/SEB, 2018.
Documento em que se definem as competências e habilidades essenciais a ser trabalha-
das na Educação Básica em escolas públicas e privadas.
BRASIL. Ministério da Educação. Temas contemporâneos transversais na BNCC: contexto
histórico e pressupostos pedagógicos. Brasília, DF: MEC/SEB, 2019.
Por meio de propostas, no documento se explica a importância da implementação dos
temas transversais contemporâneos nas escolas em um trabalho conjunto com a BNCC.
COHEN, E.; LOTAN, R. Planejando o trabalho em grupo. 3. ed. São Paulo: Penso, 2017.
Obra em que se apresenta uma fundamentação teórica que sustenta a importância
do trabalho em grupo como ferramenta para uma educação para a equidade, além de
propostas práticas para planejar e implementar o trabalho em grupo em sala de aula.
CONDEMARIN, M.; MEDINA, A. Avaliação autêntica: um meio para melhorar as competências
em linguagem e comunicação. Porto Alegre: Artmed, 2005.
Obra em que se propõe um novo modo de avaliar as aprendizagens dos estudantes e se
apresentam as características e as bases teóricas que fomentam uma avaliação autêntica.
DEWEY, J. Democracia e educação: introdução à filosofia da educação. 3. ed. Trad.
Godofredo Rangel e Anísio Teixeira. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1959.
Obra em que se apresentam os principais aspectos do pensamento do filósofo sobre
educação democrática.
FAZENDA, I. C. A. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. 18. ed. Campinas: Papirus,
2016.
Estudo sobre a interdisciplinaridade, em que se abordam a história desse conceito, o
surgimento e a consolidação de um grupo de pesquisas sobre interdisciplinaridade, além
de um apanhado de investigações realizadas na área.
FULGÊNCIO, L.; LIBERATO, Y. Como facilitar a leitura. São Paulo: Contexto, 2003.
Obra em que se descrevem de maneira didática os passos que permitem aos leitores al-
cançar a interpretação do texto, as informações de que necessitam para compreender
integralmente uma mensagem e como funciona a memória durante o processo de leitura.
HERNÁNDEZ, F. Cultura visual, mudança educativa e projeto de trabalho. Porto Alegre:
Artmed, 2000.
Obra em que são relatadas experiências que buscam mudar as ideias sobre o compo-
nente curricular Arte, mostrando como é possível expandir os conhecimentos sobre a
cultura visual dos estudantes do Ensino Fundamental ao Médio.
HERNÁNDEZ, F.; VENTURA, M. A organização do currículo por projetos de trabalho. 5. ed.
Porto Alegre: Penso, 2017.
Obra em que se apresentam as ideias e práticas da organização do currículo com base
em projetos segundo a concepção dos autores.
MACEDO, L.; FINI, M. I. Uma análise do conceito de competências na BNCC. Desafios da
Educação, [s. l.], 11 jul. 2018. Disponível em: https://desafiosdaeducacao.grupoa.com.br/
analise-de-competencias-na-bncc/. Acesso em: 18 maio 2022.
Artigo em que se abordam o conceito de competências e habilidades e seu trabalho na
Base Nacional Comum Curricular.
SOUZA, Z. R.; BIELLA, J. Currículo baseado em competências. Natal: Sesi, 2010. Projeto SESI
– Curso Currículo Contextualizado. Disponível em: http://lagarto.ufs.br/uploads/content_
attach/path/11338/curriculo_baseado_em_competencias_0.pdf. Acesso em: 18 maio 2022.
Curso em que se elabora o conceito de currículo escolar baseado em competências, traçan-
do um panorama histórico desde seu surgimento e suas diretrizes até sua aplicação.
197
197
ZABALZA, M. A. Diários de aula: um instrumento de pesquisa e desenvolvimento profissional.
Porto Alegre: Artmed, 2004.
Obra em que se apresentam exemplos práticos sobre o uso e a importância dos diários
para a pesquisa e a formação profissional do professor.
Cultura
BERGAMASCHI, M. A. (org.). Povos indígenas e educação. Porto Alegre: Mediação, 2008.
Obra em que se busca apresentar e discutir temas importantes e atuais sobre a vida e
a cultura dos indígenas e as experiências de organização da educação escolar indígena
em algumas regiões do Brasil, cujo teor é o respeito às culturas e aos projetos de vida
desses povos.
BHABHA, H. K. O local da cultura. Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 2010.
Obra em que se questiona a ideia de uma narrativa nacional homogênea. Em vez de uma
articulação homogênea, “holística”, da nação, o autor propõe que as narrativas nacio-
nais, não apenas no âmbito pós-colonial, mas também em geral, considerem a hibridez
dos discursos que fazem parte dessas narrativas.
BURKE, P. Hibridismo cultural. São Leopoldo: Ed. da Unisinos, 2008.
Obra em que se aborda a ideia de que, assim como uma cultura pode ser transmitida de
uma população a outra, ela pode ser também modificada pelas particularidades locais
e acabar voltando ao ponto de partida, influenciando a cultura da qual se originou em
virtude de novos atributos adquiridos.
CANCLINI, N. G. Culturas híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. São
Paulo: Ed. da Unesp, 2011.
Obra em que se apresentam reflexões sobre o fenômeno da hibridação cultural nos
países latino-americanos, buscando compreender o intenso diálogo entre as culturas
erudita, popular e de massa e sua inserção no cenário mundial. Para empreender a análi-
se, o autor lança mão de uma abordagem interdisciplinar e intercultural.
EAGLETON, T. A ideia de cultura. 2. ed. São Paulo: Ed. da Unesp, 2011.
Obra em que se faz um estudo sobre os significados da cultura, investigando as origens
dos diferentes sentidos dados ao termo.
EFLAND, A. D.; FREEDMAN, K.; STUHR, P. La educación en el arte posmoderno. Barcelona:
Paidós, 2003.
Estudo sobre modernidade, multiculturalismo e teoria cultural em que se busca demons-
trar que a filosofia pós-moderna tem influenciado a educação, em especial nas áreas de
Ciências Humanas e Arte.
ESCOSTEGUY, A. C. D. Estudos Culturais: uma introdução. In: Silva, T. T. O que é, afinal,
Estudos Culturais? Belo Horizonte: Autêntica, 2006.
Artigo em que se apresentam os fundamentos teóricos do movimento britânico deno-
minado Estudos Culturais.
KRENAK, A. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
Obra em que se apresentam características das cosmologias indígenas, que colocam em
questão a separação entre o ser humano e a natureza, premissa presente na origem do
desastre socioambiental que caracteriza nossa era.
OGOT, B. A. (ed.). História geral da África: África do século XVI ao XVIII. São Paulo: Cortez,
2011. v. 5.
Publicada em oito volumes, a coleção é um marco no processo de reconhecimento do
patrimônio cultural da África e permite compreender o desenvolvimento histórico dos
povos africanos e sua relação com outras civilizações a partir de uma visão panorâmica,
diacrônica e objetiva, obtida de dentro do continente. Esse volume trata da história da
África do século XVI ao XVIII.
198
198
BUORO, A. O olhar em construção. São Paulo: Cortez, 1996.
Obra em que se relatam experiências no ensino de Arte nas escolas com o trabalho de
leitura de imagens em sala de aula.
CANTON, K. Temas da arte contemporânea. São Paulo: Martins Fontes, 2009. (Coleção
Temas da Arte Contemporânea).
Obra em que se apresentam temas ligados ao mundo contemporâneo, cujos reflexos
podem ser sentidos na arte de nossos dias. Além da teoria, são apresentadas entrevistas
feitas com diversos artistas brasileiros.
CAUQUELIN, A. Arte contemporânea: uma introdução. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
(Todas as Artes).
Obra em que se mapeia a transformação dos mecanismos da arte a partir do começo do
século XX. Dos ready-mades às séries, dos salões às galerias, da sociedade de consumo à
sociedade de comunicação, da obra ao espaço da arte, a autora apresenta uma análise
dos desdobramentos no pós-modernismo.
DERDIK, E. Formas de pensar o desenho. 5. ed. Porto Alegre: Zouk, 2015.
Obra em que se faz uma reflexão sobre a linguagem gráfica das crianças e se enfatiza
que a vivência prática é fundamental para a compreensão do universo gráfico, assim
como dos significados contidos no ato de desenhar.
DEWEY, J. A arte como experiência. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 2010.
Obra em que se reúnem escritos para palestras desse autor que discutiram a estrutura
da arte e sua relação com o público.
DONDIS, D. A. Sintaxe da linguagem visual. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2015.
Obra em que se fundamentam e se explicam os elementos e as características da lingua-
gem visual com o objetivo de ensinar a ver e a ler dados visuais em imagens, obras de
arte e objetos, entre outros.
FELDMAN, E. B. Becoming Human through Art. Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall, 1970.
Obra em que se identificam os diferentes tipos de olhar do leitor que desenvolveu a
crítica de arte.
MACHADO, A. Arte e mídia. Rio de Janeiro: Zahar, 2007.
Obra em que se explora o conceito de artemídia, que ultrapassa a noção de uso de
aparatos tecnológicos na produção artística, buscando refletir como mídia e arte se
combinam, se contaminam e se distinguem em criações virtuais, semivirtuais, colabora-
tivas ou não, e em diversos outros contextos.
PARSONS, M. Compreender a arte. Lisboa: Presença, 1992.
Obra em que se apresentam as ideias desse autor sobre a apreensão estática em uma
hipótese que tem como base a noção de estágios de desenvolvimento, respaldada pelos
estudos de Piaget e Kohlberg.
READ, H. A educação pela arte. 2. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2013.
Obra em que se retomam as ideias de Platão sobre a arte ser a base da educação com
o objetivo de formular uma teoria que abarque todos os modos de expressão (artística,
musical, literária, etc.) de maneira contextualizada: uma educação pautada nos sentidos
sobre os quais se baseiam a consciência e o raciocínio humano.
RICHTER, I. M. Interculturalidade e estética do cotidiano no ensino das artes visuais. Campinas:
Mercado de Letras, 2003.
Obra em que se apresenta uma visão do ensino de artes visuais na escola com base
no multiculturalismo e na estética feminina cotidiana, discutindo tendências sobre a
educação intercultural.
SODRÉ, M. Antropológica do espelho: uma teoria da comunicação linear e em rede.
Petrópolis: Vozes, 2009.
Obra em que se aborda o fato de a mídia ser parte de uma nova forma de vida, ou de uma
nova subjetividade, sendo mais do que um equipamento ou tecnologia que transmite
ideologia.
Mœsica
BEHLAU, M.; MADAZIO, G. Voz: tudo o que você precisa saber sobre fala e canto – perguntas
e respostas. São Paulo: Thieme Revinter, 2015.
Obra em que se oferecem informações a respeito do uso da voz no canto e dicas de
práticas que promovem a saúde vocal de cantores. Leitura sugerida para aprofundar o
conhecimento nas práticas de canto coral.
CAGE, J. De segunda a um ano. São Paulo: Cobogó, 2013.
Obra em que o autor trata de política, música, poesia e arte cuja disposição visual dos
textos chama a atenção do leitor.
199
199
KATER, C. Música Viva e H. J. Koellreutter : movimentos em direção à modernidade. São
Paulo: Musa/Atravez, 2001.
Estudo detalhado de conceitos e princípios do grupo Música Viva, um movimento que
exerceu grande influência na música brasileira.
MORAES, J. J. O que é música. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1991.
Obra em que se traça um panorama da música, contando sua história e seus efeitos
sobre a linguagem.
SCHAFER, M. O ouvido pensante. 3. ed. São Paulo: Ed. da Unesp, 2013.
Obra em que se desenvolve a ideia de paisagem sonora e se propõe que os estudos
musicais sejam realizados por todas as pessoas.
TINHORÃO, J. R. Pequena história da música popular segundo seus gêneros. São Paulo:
Editora 34, 2013.
Obra em que se abordam os diferentes gêneros musicais presentes na cultura brasilei-
ra, trazendo um estudo sintético das origens de nossos movimentos musicais, desde a
modinha e o lundu (século XVII) até a lambada (década de 1990), percorrendo referên-
cias sobre maxixe, choro, frevo, sertanejo e bossa nova, entre outros.
WISNIK, J. M. O som e o sentido: uma outra história das músicas. São Paulo: Companhia
das Letras, 2017.
Obra voltada tanto para amadores como para profissionais em que se apresenta a
história da música a partir de dois elementos básicos: o recurso à experiência acústica
concreta e a comparação com outras estruturas produtoras de sentido (a língua, o mito,
a sociedade).
Teatro
BOAL, A. Jogos para atores e não atores. São Paulo: Edições Sesc/Cosac Naify, 2015.
Obra em que se aprofundam e exemplificam, por meio de uma série de exercícios, os
princípios já definidos no Teatro do Oprimido, em que o espectador era levado a intera-
gir com os atores no palco.
KOUDELA, I. Jogos teatrais. 7. ed. São Paulo: Perspectiva, 2013.
Obra em que se apresenta uma proposta de ensino de teatro com base nas ideias de
Spolin, Piaget e Languer e que permite aos professores reinventar suas práticas.
SPOLIN, V. Jogos teatrais: o fichário de Viola Spolin. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 2001.
Obra em que se apresenta uma seleção dos jogos teatrais de Viola Spolin em forma de
fichas para auxiliar o trabalho em sala de aula.
STANISLAVSKI, C. A criação de um papel. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004. v. 3.
Terceiro volume de uma trilogia — completada pelos títulos A preparação do ator e
A construção da personagem — fundamental para todos que se interessam pelo teatro,
sejam simples espectadores, sejam profissionais das artes cênicas.
Dan•a
BOLSANELLO, D. P. (org.). Em pleno corpo: educação somática, movimento e saúde. Curitiba:
Juruá, 2010.
Obra em que se apresentam diversos métodos e técnicas que desautorizam a concep-
ção cartesiana, responsável pela conhecida cisão entre corpo e mente. Os artigos dessa
publicação são tratados cientificamente e se revestem de intenção pedagógica.
MARQUES, I. A dança no contexto: uma proposta para a educação contemporânea. 1996.
Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1996.
Tese em que se analisa o ensino de dança nas escolas e se propõem mudanças em
seu formato, de maneira que a dança seja cada vez mais incorporada aos estudos no
cotidiano.
MARQUES, I. Ensino de dança hoje: textos e contextos. São Paulo: Cortez, 2018.
Obra em que se propõem reflexões sobre o histórico do ensino de dança e se defende
uma proposta mais atual para a abordagem dessa linguagem artística.
RENGEL, L. P. Dicionário Laban. Dissertação (Mestrado em Artes) – Instituto de Artes,
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2001. 146 p. Disponível em: https://
estudiofiorire.com/wp-content/uploads/2022/02/Dicionario-Laban-Lenira-Rengel.pdf.
Acesso em: 19 maio 2022.
Dissertação de mestrado em que se sistematizam os principais conceitos labanianos,
apresentados de forma objetiva e clara. O trabalho, pioneiro em língua portuguesa, foi
publicado também em livro pela Annablume, em 2003.
200
200