Você está na página 1de 13

DOI: 10.

55905/cuadv16n2-079

Originals received: 01/02/2024


Acceptance for publication: 01/13/2024

Análise da prevalência de consumo de feijão entre


adolescentes

Analysis of the prevalence of bean consumption among


adolescents

Análisis de la prevalencia de consumo de frijol en adolescentes

Patrícia Duarte Santos


Graduada em Enfermagem
Institutição: Centro Universitário FIPMoc
Endereço: Av. Osmane Barbosa, 937, Conj. Res. Jk, Montes Claros - MG,
CEP: 39404-007
E-mail: patriciaduartesantos@gmail.com

Júlia de Oliveira e Silva


Graduada em Medicina
Instituição: Centro Universitário Governador Ozanam Coelho (UNIFAGOG)
Endereço: Rua Doutor Adjalme da Silva Botelho, 20, Seminario, Ubá - MG,
CEP: 36506-022
E-mail: julialym@hotmail.com

Victor Guilherme Pereira


Graduado em Enfermagem
Instituição: Faculdade de Saúde e Humanidades Ibituruna
Endereço: Rua Lírio Brant, 797, Melo, Montes Claros - MG, CEP: 39401-063
E-mail: vguilhermepereira17@gmail.com

Rene Ferreira da Silva Junior


Mestre em Ciências da Saúde
Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas
Gerais
Endereço: Rod. Machado, Paraguaçu, s/n, Santo Antonio, Machado, Minas
Gerais, CEP:37750-000
E-mail: renejunior_deny@hotmail.com

Silvânia Paiva dos Santos


Doutora em Ciências da Saúde
Instituição: Universidade Estadual de Montes Claros
Endereço: Campus Universitário Prof. Darcy Ribeiro, Av. Prof. Rui Braga, s/n,
Vila Mauriceia, Montes Claros - MG, CEP: 39401-089
E-mail: silvaniasantos@unimontes.edu

CUADERNOS DE EDUCACIÓN Y DESARROLLO, v.16, n.2, p. 01-13, 2024 1


Dienypher Oliveira Facin Souza
Graduada em Enfermagem
Instituição: Faculdade de Saúde e Humanidades Ibituruna
Endereço: Rua Lírio Brant, 797, Melo, Montes Claros - MG, CEP: 39401-063
E-mail: dienypher.souza@soufasi.com.br

Nadine Antunes Teixeira


Graduada em Enfermagem
Instituição: Centro Universitário do Norte de Minas
Endereço: Av. Osmane Barbosa, 11.111, JK, Montes Claros - MG,
CEP: 39404-006
E-mail: nadineteixeira@gmail.com

Isabella Barbosa de Oliveira


Graduada em Medicina
Instituição: Universidade Estadual de Montes Claros
Endereço: Campus Universitário Prof. Darcy Ribeiro, Av. Prof. Rui Braga, s/n,
Vila Mauriceia, Montes Claros - MG, CEP: 39401-089
E-mail: oisabellab@gmail.com

Sirlaine de Pinho
Mestra em Cuidado Primário
Instituição: Universidade Estadual de Montes Claros
Endereço: Campus Universitário Prof. Darcy Ribeiro, Av. Prof. Rui Braga, s/n,
Vila Mauriceia, Montes Claros - MG, CEP: 39401-089
E-mail: sirlainedepinho@yahoo.com.br

Alexi Abrahão Neto


Residência em Saúde da Família e Comunidade
Instituição: Universidade Estadual de Montes Claros
Endereço: Campus Universitário Prof. Darcy Ribeiro, Av. Prof. Rui Braga, s/n,
Vila Mauriceia, Montes Claros - MG, CEP: 39401-089
E-mail: alexiabraha@gmail.com

Jeferson Sousa Pinheiro


Graduado em Enfermagem
Instituição: Faculdade de Saúde e Humanidades Ibituruna
Endereço: Rua Lírio Brant, 797, Melo, Montes Claros - MG, CEP: 39401-063
E-mail: jefersonsousa190@gmail.com

Giovanna Gonçalves Fagundes


Graduada em Enfermagem
Instituição: Faculdade de Saúde e Humanidades Ibituruna
Endereço: Rua Lírio Brant, 797, Melo, Montes Claros - MG, CEP: 39401-063
E-mail: giovannagf99gf@gmail.com

CUADERNOS DE EDUCACIÓN Y DESARROLLO, Portugal, v.16, n.2 p. 01-13, 2024 2


Manuela Gomes Campos Borel
Mestra em Enfermagem
Instituição: Universidade Federal de Juiz de Fora
Endereço: Campus Universitário, Rua José Lourenço Kelmer, s/n, São Pedro,
Juiz de Fora - MG, CEP: 36036-900
E-mail: manuufjf@yahoo.com

Carla Silvana de Oliveira e Silva


Doutora em Ciências
Instituição: Universidade Estadual de Montes Claros
Endereço: Campus Universitário Prof. Darcy Ribeiro, Av. Prof. Rui Braga, s/n,
Vila Mauriceia, Montes Claros - MG, CEP: 39401-089
E-mail: carlasilva@unimontes.edu.br

RESUMO
Objetivo: avaliar a prevalência do consumo de feijão em adolescentes escolares.
Método: estudo epidemiológico e descriivo conduzido com adolescentes
escolares na faixa etária de 10 e 19 anos de ambos os sexos, devidamente
matriculados no turno matutino e vespertino do ensino fundamental e médio da
rede pública. Para coleta de dados foi utilizado um questionário estruturado
autoaplicável, que avaliou as características sociodemográficas (gênero, idade,
cor da pele e renda familiar). Para avaliação do consumo de feijão foi utilizado o
instrumento de Avaliação de Alimentação e Nutrição segundo o ministério da
Saúde, realizou-se a análise estatística descritiva dos dados por meio Statistical
Package for the Social Science. Resultados: no que se concerne o consumo
habitual de feijão associado a outras leguminosas, (54,3%) expressaram
ingestão igual ou superior à duas colheres de sopa/dia, (15,2%) ingestão inferior
à cinco vezes/semana e (15,9%) inferior ou igual à uma colher de sopa/dia. A
ausência de consumo foi referida em 14,6% dos adolescentes. Foi observada
uma frequência significativa de consumo de feijão, quando avaliado de forma
isolada, correspondendo. Conclusão: Identificou-se uma prevalência importante
em relação ao consumo de feijão entre os adolescentes escolares investigados.

Palavras-chave: comportamento alimentar, dieta saudável, estudos transversais.

ABSTRACT
Objective: To evaluate the prevalence of bean consumption among adolescent
students. Method: epidemiological and descriptive study conducted with
adolescent students aged 10 to 19 years of both sexes, duly enrolled in the
morning and afternoon shifts of public elementary and high school. A self-
administered structured questionnaire was used for data collection, which
assessed sociodemographic characteristics (gender, age, skin color and family
income). To evaluate the consumption of beans, the instrument of Evaluation of
Food and Nutrition according to the Ministry of Health was used, and the
descriptive statistical analysis of the data was carried out using the Statistical
Package for the Social Science. Results: with regard to the usual consumption of
beans associated with other legumes, (54.3%) expressed an intake equal to or

CUADERNOS DE EDUCACIÓN Y DESARROLLO, Portugal, v.16, n.2 p. 01-13, 2024 3


greater than two tablespoons/day, (15.2%) an intake of less than five times/week
and (15.9%) less than or equal to one tablespoon/day. Lack of consumption was
reported in 14.6% of the adolescents. A significant frequency of bean
consumption was observed, when evaluated in isolation, corresponding.
Conclusion: An important prevalence of bean consumption was identified among
the adolescent students investigated.

Keywords: feeding behavior, healthy diet, cross-sectional studies.

RESUMEN
Objetivo: evaluar la prevalencia del consumo de frijol en adolescentes escolares.
Método: estudio epidemiológico y descriptivo realizado con adolescentes
escolares de 10 a 19 años de ambos sexos, debidamente matriculados en los
turnos de mañana y tarde de educación primaria y secundaria de la red pública.
Para la recolección de datos se utilizó un cuestionario estructurado
autoadministrado, que evaluó características sociodemográficas (género, edad,
color de piel e ingreso familiar). Para evaluar el consumo de frijol se utilizó el
instrumento de Evaluación Alimentaria y Nutricional según el Ministerio de Salud
y se realizó análisis estadístico descriptivo de los datos mediante el Paquete
Estadístico para las Ciencias Sociales. Resultados: respecto al consumo habitual
de frijol asociado a otras leguminosas, (54,3%) expresó una ingesta igual o
mayor a dos cucharadas/día, (15,2%) una ingesta menor a cinco veces/semana
y (15,9%) menor o igual a una cucharada/día. La ausencia de consumo fue
reportada por el 14,6% de los adolescentes. Se observó una frecuencia
significativa de consumo de frijol, cuando se evaluó de forma aislada,
correspondiente. Conclusión: Se identificó una importante prevalencia en
relación al consumo de frijol entre los adolescentes escolares investigados.

Palabras clave: conducta alimentaria, dieta saludable, estudios transversales.

1 INTRODUÇÃO
O interesse na alimentação e nutrição de adolescentes se justifica diante
das características dessa fase da vida, sendo ela marcadas pelo rápido
crescimento e uma elevada demanda nutricional, dessa forma uma alimentação
saudável é a base para um bom crescimento e desenvolvimento do ser humano
(MENEZES; MEIRELLEST; WEFFORT, 2011; VEIGA et al., 2013).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a adolescência consiste
no período dos 10 aos 19 anos de idade, que é marcado por intensas
transformações biológicas, físicas, psíquicas e comportamentais (OMS, 1995;
MENEZES; MEIRELLEST; WEFFORT, 2011; VEIGA et al., 2013; SILVA, 2014).

CUADERNOS DE EDUCACIÓN Y DESARROLLO, Portugal, v.16, n.2 p. 01-13, 2024 4


É também nesse período que ocorre a puberdade, fase do surgimento dos
caracteres sexuais secundários. A partir desse momento a demanda nutriconal é
elevada para garantir o suprimento as intensas transformações corporais, sendo
elas o acelerado crescimento longitudinal, aumento da massa corporal, mudança
na composição corporal, alteração dos hábitos e atividades, entre outros
(NETTO, 2018).
Do ponto de vista nutricional os adolescentes pertencem a um grupo
extramamente vulnerável, pois demandam elevadas taxas de consumo de
energia e gordura, que, muitas vezes, não são ingeridas de forma adequada,
devido a fatores psicológicos, socioecnômicos, socioculturais e ao estilo de vida.
Esses hábitos podem favorecer o desenvolvimento de problemas
cardiovasculares, resistência a insulina, diabetes tipo 2, hipertensão e outros
(MENEZES; MEIRELLEST; WEFFORT, 2011).
De acordo com o quadro epidemiológico brasileiro, na última década
doenças como sobrepeso, obesidade e deficiências nutricionais tiveram um
grande aumento entre os brasileiros. Esse cenário se reflete também entre os
adolescentes, onde, de acordo com o último senso, aproximadamente 20%
apresentam excesso de peso (IBGE, 2010). A deficiência na ingestão de
nutrientes como cálcio, fósforo e vitaminas A, E e C tamém são observadas nessa
população (VEIGA et al., 2013).
O feijão é um dos alimentos básicos mais completos e acessíveis dos
brasileiros. Cerca de 70% dos brasileiros consomem feijão em pelo menos 1 de
suas refeições diárias (RIBEIRO, 2014). Ele é um alimento com alto valor
nutricional, sendo uma fonte rica de carboidratos, proteínas, fibras, minerais,
lipídios, vitaminas e ainda possui baixo teor de gordura, previnindo assim
doenças como obesidade, hipertensão, anemia, entre outras (RIBEIRO, 2014).
Dessa forma podemos observar a importância desse alimento e como ele pode
agir na promoção de um desenvolvimento saudável nos adolescentes, com
potencial para suprir a grande a demanda energética do organismos, pois é
composto por aproximadamente 60% de carboidratos (RIBEIRO, 2014). Na
adolescência os nutrientes que apresentam maior demanda são o ferro, cálcio,

CUADERNOS DE EDUCACIÓN Y DESARROLLO, Portugal, v.16, n.2 p. 01-13, 2024 5


zinco, vitaminas A, C, D E e as do complexo B (VEIGA, 2013), sendo que grande
parte desses estão presentes no feijão. Nesse sentido, o presente estudo busca
avaliar a prevalência do consumo de feijão em adolescentes escolares
residentes em um município localizado no norte de Minas Gerais – Brasil.

2 MATERIAIS E METODOS
O presente estudo integra uma pesquisa maior intitulada: Influência de um
programa de atividades físicas em adolescentes com risco cardiovasculares. Foi
utilizado como procedimentos metodológicos, uma abordagem quantitativa de
cunho epidemiológico descritivo.
O universo da pesquisa foi constituído por 77.833 adolescentes na faixa
etária de 10 e 19 anos de ambos os sexos, devidamente matriculados no turno
matutino e vespertino do ensino fundamental e médio da rede pública do
município de Montes Claros, Minas Gerais. A seleção dos conglomerados
ocorreu de forma aleatória probabilística, compreendendo 634 escolares, com
intervalo de confiança de 95% como um erro amostral de 5%.
A participação dos adolescentes no estudo foi de caráter voluntário.
Adotou-se como critérios de inclusão: Entrega do termo de consentimento
assinado pelos pais ou responsável legal; estarem devidamente matriculados
nas turmas selecionadas; estarem presentes no dia realização; responderem de
forma absoluta as questões e idade entre 10 à 19 anos. O processo de
autorização de participação das instituições educacionais foram pautadas em na
entrega do termo de consentimento livre esclarecido devidamente assinado
pelos representantes legais.
Para coleta de dados foi utilizado um questionário estruturado
autoaplicável, que avaliou as características sociodemográficas (gênero, idade,
cor da pele e renda familiar). Para avaliação do consumo de feijão foi utilizado o
instrumento de Avaliação de Alimentação e Nutrição segundo o ministério da
Saúde (Brasil, 2006).
A análise estatística descritiva dos dados foi realizada utilizando Statistical
Package for the Social Science for Windows (SPSS, versão 20,0).

CUADERNOS DE EDUCACIÓN Y DESARROLLO, Portugal, v.16, n.2 p. 01-13, 2024 6


3 RESULTADOS
Dentre 634 adolescentes estudados 381 (60,2%) eram do gênero
feminino e 252 (39,8%) do gênero masculino. Quanto as características
elencadas para cor ou raça, houve predominância de (57,5%) para pardos,
seguida da cor branca (18,7%), negros (17,3%), amarelo ou oriental (3,3%) e
indígenas representaram apenas (3,2%). Cerca de 83,9% dos pesquisados
referiram possuir renda familiar inferior ou igual à três salários mínimos, e apenas
16,1% relataram possuir renda superior à três salários mínimos (Tabela 1).

Tabela 1- Caracterização sociodemográficas dos escolares entre 10


à 19 anos.
Variável Frequência absoluta Frequência relativa
Gênero
Feminino 381 60,2
Masculino 252 39,8
Total 633 100
Cor/Raça
Branco 118 18,7
Pardo 362 57,5
Amarelo ou Oriental 21 3,3
Indígena 20 3,2
Negro 109 17,3
Total 630 100
Renda mensal
≤ 3 salários mínimos 516 83,9
> 3 salários mínimos 99 16,1
Total 615 100
Variáveis contínuas: Idade – média: 13,82; desvio padrão: 1,72; min:
10; max: 16.
Fonte: dados do estudos.

No que se concerne o consumo habitual de feijão associado a outras


leguminosas, (54,3%) expressaram ingestão igual ou superior à duas colheres
de sopa/dia, (15,2%) ingestão inferior à cinco vezes/semana e (15,9%) inferior
ou igual à uma colher de sopa/dia. A ausência de consumo foi referida em 14,6%
dos adolescentes. Foi observada uma frequência significativa de consumo de
feijão, quando avaliado de forma isolada, correspondendo (70,1%) da população
estudada (Tabela 2).

CUADERNOS DE EDUCACIÓN Y DESARROLLO, Portugal, v.16, n.2 p. 01-13, 2024 7


Tabela 2- Caracterização alimentar dos escolares entre 10 à 19 anos.
Variável Frequência absoluta Frequência relativa

Consumo de Feijão, lentilha, ervilha, grão de bico, soja, fava,


sementes ou castanhas
≥ 2 colheres de 338 54,3
sopa/dia
< 5X/ semana 95 15,2
≤ 1 colher de sopa/dia 99 15,9
Ausência de consumo 91 14,6
Total 623 100
Consumo de feião dicotomizado
Nulo 186 29,9
Significativo 437 70,1
Total 623 100
Fonte: dados do estudo.

Quanto à avalição antropométrica obtida por meio do cálculo do Índice de


Massa Corpórea (IMC), identificou com maior frequência 522 (83,4%)
adolescentes classificados como eutróficos, isto é, dentro dos critérios
determinados para peso adequado. A condição classificada como sobrepeso
representou 76 (12,1%) e 28 (4,5%) da amostra estudada encontravam-se em
condição de obesidade (Tabela 3).

Tabela 3- Caracterização antropométrica dos escolares entre 10 à 19


anos.
Variável Frequência absoluta Frequência relativa
IMC categórico
Eutrófico 522 83,4
Sobrepeso 76 12,1
Obesidade 28 4,5
Total 626 100
IMC – média: 21,22; desvio padrão: 4,16; min: 14,13; max: 37,04.
Fonte: dados do estudo.

4 DISCUSSÃO
Os resultados encontrados evidenciam que a interferência de fatores
sociodemográficos contribui de forma significativa para o estudo do consumo de
feijão entre os adolescentes, visto que o maior consumo dessa leguminosa foi

CUADERNOS DE EDUCACIÓN Y DESARROLLO, Portugal, v.16, n.2 p. 01-13, 2024 8


registrada entre aqueles que possuem uma condição salarial de menor que três
salários mínimos. Dessa forma, é necessária a realização de ações no âmbito
da atenção primária, iniciando-se pela participação da enfermagem, promovendo
ações que possibilitem a conscientização, promovendo orientações sobre
alimentação saudável, no entanto, ao fazer isto é preciso analisar-se o contexto
social em que esse adolescente está inserido.
O período da adolescência é marcado por importantes transformações
que são resultantes dos hábitos familiares, amizades, valores e regras sociais
ou culturais, nível socioecônomico, bem como por saberes e vivências do
adolescente. Comportamentos e aprendizagens dessa fase influenciam os
hávitos em diversas áreas da vida futura, como alimentação, autoimagem, saúde
individual, valores, desejos e desenvolvimento psicossocial (OLIVEIRA;
SOARES, 2002).
Comportamentos inadequados no período da adolescência e infância
podem apresentar-se como fatores de risco para doenças crônicas na fase
adulta (ANDING et al., 1996). Pesquisas atuais têm revelado, nesse público,
comportamentos alimentares pouco saudáveis, sobretudo, entre os jovens que
compõem às classes econômicas mais favorecidas, que possuem acesso mais
seguro aos alimentos e à informação (NUNES; FIGUEIROA; ALVES, 2007;
SARLIO-LAHTEENKORVA; LAHELMA, 1999), sendo a dieta consumida
frequentemente rica em gorduras, açúcares e sódio, com pequena porção de
frutas e hortaliças. Registra-se, ainda, ingestão mais comum de alimentos como
o arrox e o feijão entre adolescentes de famílias mais pobres (SANTOS et al.,
2005; VEIGA; SICHIERI, 2006).
A alimentação adequada e saudábel deve basear-se em um consumo de
alimentos in natura e pouco processados, como feijão, frutas e hortaliças, que
acarretam um relevante fator de proteção à saúde e bem-estar (IBG, 2020). Entre
o público adolescente, tem se registrado alto consumo de alimentos
ultraprocessados (ricos em gordura, açucar e sódio), consumo limitado de
alimentos naturais e alto índice de comportamentos sedentários (MAIA et al.,
2018; COSTA et al., 2018).

CUADERNOS DE EDUCACIÓN Y DESARROLLO, Portugal, v.16, n.2 p. 01-13, 2024 9


Outros padrões alimentares também tem sido registrados entre o público
adolescente. Entre eles, podem ser salientados o comportamento de realizar
refeições com a família e o hábito de alimentar-se enquanto assiste televisão
e/ou estuda. Nesse sentido, pesquisas demostram relação positiva entre realizar
refeições com a família e ingestão de alimentos mais adequados e relação
negativa entre esse hábito e o desenvolvimento de sobrepeso (Videon; Manning,
2003; Patrick; Nicklas, 2005; Fitzpatrick; Edmunds; Dennison, 2007; Verger et
al., 2007; Janssen et al., 2006). Esse estudos indicam, ainda, relação positiva
entre o hábito de comer enquanto se assiste televisão com dietas menos
saudáveis e com sobrepeso (Fitzpatrick; Edmunds; Dennison, 2007; Verger et
al., 2007; Janssen et al., 2006).
É importante ressaltar-se que a escola é um espaço de intensa
interferência na formação dos alunos e um ambiente privilegiado para a
construção de ações de promoção da saúde e a prevenção de doenças em
crianças e adolescentes. Por esses motivos, inúmeros programas e políticas
públicas são conduzidas na escola, em relação a saúde e a segurança alimentar
e nutricional dos alunos, destaca-se o Programa Nacional de Alimentação
Escolar (PNAE), com o objetivo de favorecer o crescimento e desenvolviemtno
biopsicossocial, o processo de ensino-aprendizagem, o rendimento escolar e a
construção de padrões alimentares saudáveis entre os alunos, a partir de
estratégias de educação alimentar e nutricional, além de oferecimento de
alimentação escolar no período de aulas (FNDE, 2022).
Por conseguinte, o padrão alimentar na infância depende não somente de
fatores socioeconômicos, mas principalmente de hábitos de alimentação
adquiridos na primeira infância e até mesmo intraútero, que são reflexo de hábito
alimentar. Assim, vale ressaltar que a adolescência é um período que requer um
alto consumo e gasto energético, e esse aumento mantém uma estreita relação
com a velocidade de crescimento e a atividade física. Por fim, a atuação dos
profissionais de saúde e a escola são importantes para reforçar os hábitos
alimentares mais saudáveis pelos adolescentes.

CUADERNOS DE EDUCACIÓN Y DESARROLLO, Portugal, v.16, n.2 p. 01-13, 2024 10


5 CONCLUSÃO
Identificou-se uma prevalência importante em relação ao consumo de feijão
entre os adolescentes escolares investigados. Dessa forma, o estudo reforça a
importância do consumo de feijão sendo este uma fonte importante de nutrientes
para os indivíduos sendo um dos alimentos mais consumidos, percebendo um
consumo acima da média para adolescentes eutroficos, ressaltando a
importância dos seus valores nutricionais de consumidos de forma balanceada.

CUADERNOS DE EDUCACIÓN Y DESARROLLO, Portugal, v.16, n.2 p. 01-13, 2024 11


REFERÊNCIAS

ANDING, J. D.; KUBENA, K. S.; MCINTOSH, W. A.; O’BRIEN, B. Blood lipids,


cardiovascular fitness, obesity, and blood pressure: the presence of potential
coronary heart disease risk factors in adolescents. Journal of the American
Dietetic Association. v. 96, n. 3, p. 238-242, 1996.

CHAVES, M.O.; BASSINELLO, P. O feijão na alimentação humana. 2. ed.


Brasília: Embrapa, 2014. 8 p.

COSTA, C. D. S. et al. Comportamento sedentário e consumo de alimentos


ultraprocessados entre adolescentes brasileiros: Pesquisa Nacional de Saúde do
Escolar (PeNSE), 2015. Cadernos de Saúde Pública. v. 34, n. 3, e00021017, 2018.

FITZPATRICK, E.; EDMUNDS, L. S.; DENNISON, B. A. Positive effects of family


dinner are undone by television viewing. Journal of the American Dietetic
Association. v. 107, n. 4, p. 666-671, 2007.

FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO. NOTA TÉCNICA


Nº 2810740/2022/COSAN/CGPAE. DIRAE; 2022. Acessado em 1 de janeiro de
2024. https://www.gov.br/fnde/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-
programas/programas/pnae/mediapnae/encontros-
tecnicos/NotaTecnicaEANassinada.pdf

IBGE. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017-2018: Análise Do Consumo


Alimentar Pessoal No Brasil. (IBGE, Coordenação de Trabalho e Rendimento,
eds.).; 2020. Acessado em 10 de janeiro de 2024. https://
biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101742.pdf

JANSSEN, I et al. Influence of individual and area-level measures of socioeconomic


status on obesity, unhealthy eating, and physical inactivity in Canadian adolescents.
American Journal of Clinical Nutrition. v. 83, n. 1, p. 139-145, 2006.

MAIA, E. G. et al. Dietary patterns, sociodemographic and behavioral characteristics


among Brazilian adolescents. Revista Brasileira de Epidemiologia. v. 21, n.12,
p.100-110, 2018.

IBGE. Pesquisa de Orçamentos Familiares POF 2008-2009: antropometria e


análise do estado nutricional de crianças, adolescentes e adultos no brasil. Rio
de Janeiro: IBGE, 2010.

MENEZES, L.S.P; MEIRELLEST, M.; WEFFORT, V.R.S. A alimentação na


infância e adolescência: uma revisão bibliográfica. Revista Médica de Minas
Gerais. HU Revista. v.3, n.21, p.89-94, 2011.

NETTO, T.L.F. (org.). Proteger e cuidar da saúde de adolescentes na


atenção básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2018.

CUADERNOS DE EDUCACIÓN Y DESARROLLO, Portugal, v.16, n.2 p. 01-13, 2024 12


NUNES, M. M. A.; FIGUEIROA, J. N.; ALVES, J. G. B. Excesso de peso, atividade
física e hábitos alimentares entre adolescentes de diferentes classes econômicas
em Campina Grande (PB). Revista da Associação Médica Brasileira. v. 53, n. 2,
p. 130-134, 2007.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. La salud de los jóvens: un reto y una


esperanza. Ginebra: Organización Mundial de La Salud, 1995.

OLIVEIRA, M. N. G.; SOARES, E. A. Comparação do perfil dietético de


adolescentes femininas e níveis socioeconômicos diferenciados. Nutrição
Brasil. v. 1, n. 2, p. 68-76, 2002.

PATRICK, H.; NICKLAS, T. A. A review of family and social determinants of


children’s eating patterns and diet quality. Journal of the American College of
Nutrition. v. 24, n. 2, p. 83-92, 2005.

RIBEIRO N.D. Feijão: Além de alimento gostoso, é alimento funcional. A


lavaoura. v. 117, n. 705, p.24-29, dez. 2014.

SARLIO-LAHTENKORVA, S.; LAHELMA, E. The association of body mass index


with social and economic disadvantage in women and men. International
Journal of Epidemiology. v. 28, n. 3, p. 445-449, 1999.

SILVA, J.G.; TEIXEIRA, M.L.O; FERREIRA, M.A. Eating during adolescence


and its relations with adolescent health. Texto & Contexto – Enfermagem.
v.23, n.4, p.1095-1103, 2014.

VEIGA, G.V et al. I.N; BARBOSA, F.S; SICHIERI, R; PEREIRA, R.A.


Inadequação do consumo de nutrientes entre adolescentes brasileiros. Revista
de Saúde Pública. v. 47, n.1, p.212-221, 2013.

VERGER, P. et al. Individual social characteristics, municipal environment and


the prevalence of weight problems in early childhood: a multilevel analysis.
Revue d'Épidémiologie et de Santé Publique. v. 55, n. 5, p. 347-356, 2007.

VIDEON, T. M.; MANNING, C. K. Influences on adolescent eating patterns: the


importance of family meals. Journal of Adolescent Health, v. 32, n. 5, p. 365-
373, 2003.

CUADERNOS DE EDUCACIÓN Y DESARROLLO, Portugal, v.16, n.2 p. 01-13, 2024 13

Você também pode gostar