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Universidade de Brasília

Faculdade de Tecnologia
Departamento de Engenharia Elétrica
Conversão Eletromecânica de Energia
25 de Novembro de 2023

Horário: 14:00 to 15:50 PM Prof. Francis A. Moreno Vásquez 2023/2

Banco de Questões
1. O quê é o escorvamento de um gerador de corrente contínua autoexcitado e como
ele acontece?

2. Quais os fatores que poderiam impedir o escorvamento de um gerador CC autoex-


citado? (verifique no livro do Chapman)

3. Partindo da premissa que um motor CC em derivação já está funcionando com


carga e com uma certa rotação, o quê acontece se você aumentar a carga, dentro
dos seus limites operacionais?

4. Refaça o raciocínio realizado para responder a questão anterior mas agora para
um motor CC série.

5. O quê acontece se a corrente de campo do motor CC derivação for drasticamente


reduzida? Descreva o passo a passo da resposta do motor.

6. O quê acontece se o motor CC série operar sem carga? Descreva o passo a passo
da resposta do motor.

7. O quê acontece com a diminuição de resistência variável colocada no circuito de


campo nos geradores CC com excitação em derivação e em série? É bom ou ruim?

8. O quê é o efeito de armadura em uma máquina CC e qual o impacto dela na


resposta do motor?

9. Se você tiver a curva de magnetização de uma máquina CC, determinada com


uma certa rotação, como você faria para determinar a tensão interna, obtida com
uma determinada corrente de campo, mas para um valor de rotação diferente da
utilizada para determinar a curva a vazio?
10. Um gerador de corrente contínua com excitação em derivação tem uma resistência
de armadura de 0,02 Ω e possui a seguinte curva de magnetização em 600 RPM.

Tabela 1

IF (A) 1 2 3 4 5 6 7 8
EA (V) 23 45 67 85 100 112 121 126

Desprezando a reação de armadura e a queda de tensão nas escovas, determine:

(a) A corrente total que está máquina forneceria a uma carga quando gira em
600 RPM. Para isso considere que a tensão terminal é 120 V e a resistência
total do circuito de campo é 15 Ω. Primeiro, pode-se determinar a corrente
de campo como sendo a divisão da tensão terminal pela resistência de campo
total. Esta resistência já seria resultado da soma da resistência do próprio
enrolamento de campo mais a resistência variável:

Vterm 120
IF = = = 8A (1)
RF,total 15
De acordo com a tabela que fornece informação da tensão interna, EA , gerada
pela corrente de campo, IF , esta tensão seria 126 A. Entretanto, este valor
é a resposta certa apenas porque o enunciado está dizendo que a rotação do
gerador foi imposta em 600 RPM, e porque a curva de excitação gerada foi
também em 600 RPM. Ou seja, deve-se lembrar que uma curva de excitação
de uma máquina é gerada em uma determinada rotação. Este valor de tensão
interna não poderia ser considerado certo se a rotação de operação não é a
mesma que a rotação utilizada para gerar a curva a vazio.
Desta forma, a corrente de armadura pode ser calculada como
EA − VT 126 − 120
IA = = = 300A (2)
RA 0, 02
Finalmente, a corrente terminal que seria fornecida na carga elétrica nos ter-
minais do gerador poderia ser determinada como

IT = IA − IF = 300 − 8 = 292A. (3)

(b) A nova corrente que esse gerador forneceria a uma carga se a rotação for 700
RPM. Considere que a tensão terminal é agora 144 V e que a resistência de
campo aumentou para 18 Ω
Neste caso, a corrente de campo deve ser recalculada em função das mudanças
impostas no enunciado
VT 144
IF,2 = = = 8A (4)
RF 18
Coincidentemente, as mudanças na tensão terminal e na resistência de campo
total levou a ter a mesma corrente de campo que no item anterior. Por outro
lado, se este valor for diretamente utilizado para determinar qual a tensão em
vazio, o resultado seria novamente 126 V, como no caso anterior. Entretanto,

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neste item b), a rotação é 700 RPM. Portanto, deve-se realizar um passo
adicional de correção, que consiste em:

E0,700RP M kϕIF,2 ω700RP M


= (5)
E0,600RP M kϕIF,1 ω600RP M

Como a corrente de campo não mudou, o fluxos induzidos correspondentes


são iguais, daí:
E0,700RP M ω700RP M
= (6)
E0,600RP M ω600RP M
E0,700RP M 700
= − > EA,700RP M = 147V (7)
126 600
A partir desse dado, a nova corrente de armadura será:
EA,700RP M − VT,700RP M 147 − 144
IA,700RP M = = = 150A. (8)
RA 0, 02
e a corrente terminal será:

IT = IA,700RP M − IF,2 = 150 − 8 = 142A (9)

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11. Um motor com excitação em derivação de 240V tem uma resistência de armadura
de 0,2 Ω. Determine:

(a) O valor de uma resistência que poderia ser conectada em série com o enrola-
mento de armadura para limitar a corrente de partida em 40 A
Como se trata de um motor em derivação, a expressão tradicional que relaci-
ona a tensão terminal e a tensão interna é:

VT = EA + IA RA (10)

Contudo, este problema é um pouco particular porque está sendo assumido


que será conectado um resistor adicional à resistência de armadura RA = 0, 2.
Em sala, apenas tinha sido abordado a situação de colocar uma resistência
variável no circuito de campo, não no circuito de armadura. Considere este
exemplo como complementar. Como o item está falando da partida, então a
rotação será 0 e, portanto, a tensão interna será também zero. Daí:

VT = EA + (0, 2 + RX )40 (11)

240 = 0 + (0, 2 + RX )40− > RX = 5, 8Ω (12)


(b) Com o valor de resistência adicional RX , em série com a resistência de arma-
dura, determine a tensão interna quando existe uma corrente de armadura de
30 A.
Veja que agora não estamos mais no caso da partida, uma vez que o que está
sendo solicitado é a tensão interna, e para isso fazer sentido, o motor tem que
ter uma rotação diferente de zero, sendo que a carga mecânica requer 30 A
para funcionar com essa rotação X que não foi informada.

VT = EA + (0, 2 + RX )IA (13)

EA = VT − (0, 2 + RX )30 (14)


EA = 240 − (0, 2 + RX )30− > EA = 60A (15)

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12. Um motor em derivação de 250 V gira em vazio em 1000 RPM e absorve uma
corrente de 5A. A resistência de armadura é de 0,2Ω e a resistência total de campo
(fixa + variável) é 250 Ω. Calcular:

(a) A tensão interna que é induzida em vazio


Primeiro, podemos determinar a corrente de campo a vazio:
VT 250
IF = = = 1A (16)
RF +V 250
Nessas circunstâncias, a corrente de armadura em vazio pode ser determinada
por:
IA = IT − IF = 5 − 1 = 4A (17)
A partir disso, a tensão de armadura, EA , em vazio pode ser determinada:
EA = VT − IA RA = 250 − (4)(0, 2) = 249, 2V (18)

(b) A rotação quando o motor estiver com uma carga mecânica que absorva uma
corrente de 50 A, sabendo que a reação de armadura enfraquece o campo em
3%.
Neste caso, deve-se perceber que a corrente de campo não foi alterada, por-
tanto, a corrente de armadura passa a ser
IA = IT − IF = 50 − 1 = 49A (19)
A partir disso, a tensão interna é calculada:
EA = VT − IA RA (20)
EA = 250 − (49)(0, 2) = 240, 2V (21)
Com estas informações, pode-se determinar a rotação quando o motor está
com carga. Repare que primeiro você determinou as condições a vazio, que
se resume ao valor da tensão a vazio e à própria rotação. Depois, a tensão
interna for recalculada para o caso em que a carga mecânica é colocada no
eixo. A questão agora é saber qual a rotação em que o motor irá trabalhar
quando a tensão interna foi reduzida como consequência da maior solicitação
de corrente. Dito isso, pode-se determinar o valor da rotação a partir das
relações já vistas nos exemplos anteriores:

Evazio kϕvazio ωvazio


= (22)
Ecarga kϕcarga ωcarga
Sabemos que o aspecto construtivo, k, não muda. Por outro lado, o enun-
ciado menciona que existe um enfraquecimento do fluxo devido à reação de
armadura em 3%. Isso significa que quando a corrente de armadura cresce, o
fluxo magnético ϕ, que impacta na tensão interna gerada, EA . Isso significa
que ϕcarga =0, 97ϕvazio . Dessa forma:
Evazio kϕIF,vazio ωvazio 249, 2 1000
= −> = − > ωcarga = 993, 7RP M
Ecarga k(0, 97ϕIF,vazio )ωcarga 240, 2 0, 97ωcarga
(23)
Repare que se o enfraquecimento do fluxo fosse mais severo, a rotação também
seria maior.

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