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25 de Abril
Musical: Cantar a Liberdade
Músicas: Adaptação de Nuno Ribeiro
Dramaturgia: Manuela Sousa

MOMENTO 1
Notas: O musical inicia-se com a entoação e execução em flauta do tema “Queda do
Império”, com uma projeção de fundo de uma imagem do povo português em inícios dos
anos 1970. Podem estar em palco uma ou duas turmas, preferencialmente vestidas de
cinzento ou preto.

TEMA 1
Letra e música: Vitorino, in Flor de la mar (1983)
Adaptação: Nuno Ribeiro
Forma: A B Flauta B
QUEDA DO IMPÉRIO

A B
Perguntei ao vento Pata de negreiro
Onde foi encontrar Tira e foge à morte
Mago sopro encanto Que a sorte é de quem
Nau da vela em cruz A terra amou
Foi nas ondas do mar E no peito guardou
Do mundo inteiro Cheiro da mata eterna
Terras da perdição Laranja Luanda
Parco império mil almas Sempre em flor
Por pau de canela e Mazagão

Soldado regressa da Guerra Colonial


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MOMENTO 2
Notas: Após terminar o primeiro tema e assim que inicia a narração, as turmas encenam a
narração, conforme as indicações do próximo texto, com a projeção de uma imagem que
transmita a ideia de opressão.

Narração 1

Quando se inicia a narração, as crianças devem todas baixar o olhar.

Um império sem rei nem rainha, sem luz nem cor, sem alegria nem esperança. Esta é a
história de um país que viveu adiado durante muitos anos, refém de uma ditadura e
entregue a uma guerra injusta e inútil. Preso pela censura, sem direito a opinião, nem voto,
nem liberdade.

As crianças devem começar a caminhar pelo palco, simulando o peso


enorme da tristeza e do medo. Algumas podem ir saindo do palco para
simular a pressa de entrarem nas suas casas.

Falamos de um povo oprimido, que vivia infeliz e solitário, vergado sob o peso de uma
enorme tristeza, que caminhava sob um céu outrora azul, entreolhando-se com medo,
apressando-se para se esconder nas suas casas.

As crianças devem ir simulando situações por grupos, tais como: grupo 1


pega em livros e grupo 2 diz que não com gestos; grupo 2 dança e grupo 1
diz que não com gestos.

As crianças e jovens deste país não podiam ouvir a música de que gostavam ou ler os livros
que lhes interessavam, pois grande parte era proibida, por isso, só tinham acesso à cultura
e ao saber que lhes eram impostos.

As crianças dividem-se em 2 grupos, um de rapazes e outro de raparigas, e


colocam uma venda para simular a falta de convívio.
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Rapazes e raparigas não podiam conviver livremente, nem sequer frequentar a mesma
escola, porque era proibido. Só podiam ver-se através de muros e grades construídos entre
os recreios das escolas.

As raparigas olham a sua roupa e, envergonhadas, saem do palco. Por sua


vez, os rapazes, criam fileiras de soldados, simulam ter uma arma e saem
do palco a marchar.

As raparigas não podiam vestir calças nem andar sem meias, porque era proibido. Os
rapazes não podiam decidir o futuro, porque era proibido. Eram obrigados a combater em
guerras sem sentido, em países longínquos, e obrigados a matar gente que nem sequer
conheciam.

O palco fica vazio, e só passam imagens projetadas do quotidiano dessa


época.

O medo de fazer, dizer, ou ser algo proibido era avassalador, porque estavam rodeados de
polícias, mas não de polícias bons. Falamos de policias que vigiavam as pessoas para
controlar o que faziam e o que diziam. Polícias que controlavam as fronteiras para ninguém
sair do país, abriam as suas cartas, ouviam as suas conversas, perseguiam-nas e usavam
da violência, se elas ousassem dizer, pensar, ou fazer de forma diferente do que estava
imposto.
Falamos de um império cinzento chamado Portugal, em que as pessoas não podiam dizer
o que pensavam e sentiam, fazer o que queriam, nem partir para outros países. Falamos de
um império que mais parecia uma prisão, pela falta de liberdade.

De forma discreta, começam a entrar as turmas que vão entoar o tema


seguinte. Colocam-se no fundo do palco e só quando começa o tema à
capela é que se vão aproximando do lugar a ocupar no palco. Devem
começar a cantar quando entra o instrumental.

Neste contexto de opressão, surge um sonho – o de recuperar a liberdade. É então que a


arte da música assume o papel principal de arte de protesto, de dizer e cantar o que não
podia ser calado. Os músicos e as suas músicas contribuíram para devolver a voz a quem
a tinha perdido e a cantiga passa a ser a maior arma deste povo.
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TEMA 2
Letra e música: José Mário Branco (1973)
Adaptação: Nuno Ribeiro
A CANTIGA É UMA ARMA

A cantiga é uma arma Tudo depende da raiva


E eu não sabia E da alegria
Tudo depende da bala A cantiga é uma arma
E da pontaria De pontaria
Tudo depende da raiva
E da alegria Uma arma eficiente
A cantiga é uma arma Fabricada com cuidado
De pontaria Deve ter um mecanismo
Bem perfeito e oleado
Há quem cante por interesse E o canto com uma arma
Há quem cante por cantar Deve ser bem fabricado
Há quem faça profissão
De combater a cantar A cantiga é uma arma
E há quem cante de pantufas Contra a burguesia
Para não perder o lugar Tudo depende da bala
E da pontaria
A cantiga é uma arma Tudo depende da raiva
E eu não sabia E da alegria
Tudo depende da bala A cantiga é uma arma
E da pontaria De pontaria

Mocidade Portuguesa
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MOMENTO 3
Notas: Após terminar o tema anterior e assim que inicia a narração, as turmas encenam a
narração, conforme as indicações do próximo texto, com a projeção de uma imagem que
transmita a ideia de conspiração.

Narração 2

Quando se inicia a narração, as crianças têm a cabeça baixa. Começam a


levantar a cabeça e a organizar-se em grupos, quando se diz “alimenta o
sonho pela liberdade”.

E se a cantiga enquanto arma de protesto aumenta a insegurança dos ditadores e promove


maior perseguição a todos quantos dela fazem uso, por outro lado, alimenta o sonho pela
liberdade, e deste sonho nascem heróis dispostos a enfrentar todas as adversidades para
lutar pelos seus diretos e pela tão almejada liberdade. Poder-se-á dizer que o total
descontentamento dos portugueses face à permanência dos soldados na guerra colonial,
a falta de liberdade e a situação de pobreza em que viviam, alimentada pelo medo, gerador
de inércia, começa a dar lugar à atividade, à esperança, à força, à voz e união deste povo.
Neste país de conquistadores e heróis, surge em setembro de 1973, o Movimento dos
Capitães ou Movimento das Forças Armadas, como resultado da radicalização das
oposições e da contestação social ao Estado Novo.

As crianças devem estar organizadas por grupos: grupo 1 como se


estivesse a desenhar um plano, com mapas abertos no chão; grupo 2 a
vigiar; grupo 3 a passar e a entregar sorrateiramente papéis com
mensagens, etc.

Inicia-se aqui a fase conspirativa para pôr fim à ditadura, que foi relativamente breve, dando
lugar a um rápido processo de politização do Movimento.
Muitos eram os sinais de que o fim do regime estava iminente: a publicação de Portugal e
o Futuro (22 de fevereiro), a cerimónia da «brigada do reumático» (14 de março), a demissão
dos generais Costa Gomes e António de Spínola da chefia do Estado-Maior-General das
Forças Armadas (15 de março) e a saída em falso do Regimento de Infantaria n.º 5 das
Caldas da Rainha (16 de março).

As crianças, por grupos, cumprimentam-se e vão saindo do palco durante.


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Mas o que alimentava a bravura deste povo? O que nos fazia acreditar ser possível? O que
nos dava a coragem para dizer “basta”?

A tão sonhada liberdade! Liberdade que nos traria a oportunidade de ter voz e opinião, e ser
parte ativa para criar um ambiente saudável, melhores cuidados de saúde, salários justos,
uma escola de qualidade, a paz e a tranquilidade, a igualdade e a diversidade.

Assim, conscientes das vantagens que esta revolução lhes poderia trazer, os militares, os
heróis e as heroínas nascidos do sonho decidiram, na madrugada de 25 de abril de 1974,
pôr fim ao regime de ditadura a que este povo estava sujeito desde 1926.

As crianças de forma discreta vão entrando no palco, para a entoação da


próxima canção.
Mais uma vez, a canção enquanto arte de protesto assumiu aqui um papel relevante para
que a revolução fosse um sucesso, e são duas as canções que serviram de senhas da
revolução, pois assumiram o papel de mensagem codificada.

Através da rádio Emissores Associados de Lisboa, o Movimento das Forças Armadas, no


dia 24 de abril de 1974, às 22h55, passa a música "E Depois do Adeus", que foi a 1.ª senha
da revolução, dando sinal para o início das operações.

Revolta Estudanil, em junho de 1969


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TEMA 3
Compositores: José Calvário e José Niza (1974)
Letra: Paulo de Carvalho
Adaptação: Nuno Ribeiro
E DEPOIS DO ADEUS

A A
Quis saber quem sou Tu vieste em flor
O que faço aqui Eu te desfolhei
Quem me abandonou Tu te deste em amor
De quem me esqueci Eu nada te dei
Perguntei por mim Em teu corpo, amor
Quis saber de nós Eu adormeci
Mas o mar Morri nele
Não me traz E ao morrer
Tua voz Renasci

B B
Em silêncio, amor E depois do amor
Em tristeza enfim E depois de nós
Eu te sinto, em flor O dizer adeus
Eu te sofro, em mim O ficarmos sós
Eu te lembro, assim Teu lugar a mais
Partir é morrer Tua ausência em mim
Como amar Tua paz
É ganhar Que perdi
E perder Minha dor que aprendi
De novo vieste em flor
Te desfolhei

A
E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós
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MOMENTO 4
Notas: Após terminar o tema anterior e assim que inicia a narração, as turmas mantêm-se
no palco a ouvir a narração. Quando se começam a ouvir passos. entram todas as turmas
para cantar o tema.

Narração 3
Com a primeira senha, os militares das forças armadas estavam preparados, e, quando
passavam vinte minutos da meia-noite do dia 25 de abril de 1974, a voz de Zeca Afonso
ouviu-se na Rádio Renascença, com a música “Grândola Vila Morena”, que seria a segunda
senha. Em poucas horas, reuniu-se em Lisboa um número significativo de unidades
militares, oriundas de várias zonas do país, que, na capital, ocuparam zonas estratégicas e
estações de rádio, tais como o Rádio Clube Português, onde, pouco depois das 4 da
manhã, foi lido pelo jornalista Joaquim Furtado o primeiro comunicado dos militares que
fizeram o 25 de Abril.

TEMA 4
Letra e música: José Afonso, in Cantigas de maio (1971)
Adaptação: Nuno Ribeiro

GRÂNDOLA, VILA MORENA

Solista (voz declamada) Coro (Entoação)


Grândola, vila morena
Terra da fraternidade Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena Grândola, vila morena
Dentro de ti, ó cidade Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena
Ponte instrumental À sombra duma azinheira
(vão desaparecendo os passos) Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Solista (voz entoada) Grândola, a tua vontade
Dentro de ti, ó cidade Grândola, a tua vontade
O povo é quem mais ordena Jurei ter por companheira
Terra da fraternidade À sombra duma azinheira
Grândola, vila morena Que já não sabia a idade
Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade Grândola, vila morena
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade

Revolução de 25 de Abril
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MOMENTO 5
Notas: Após terminar o tema anterior e assim que inicia a narração, as turmas mantêm-se
no palco.

Narração 4
Durante a revolução, Marcello Caetano e outros membros do governo refugiam-se no
quartel do Carmo em Lisboa, onde mais tarde acabaram por se render. Estava derrubada a
ditadura e nascia a democracia.

E toda a gente saiu em alvoroço para a rua, acompanhando os soldados e cantando “Viva
a Liberdade, Viva a Liberdade!”

Os alunos vão distribuindo cravos vermelhos por todos os colegas.

Era neste contexto de vitória que vendedoras de flores do Rossio entregavam aos militares
que por aí passavam cravos vermelhos, que eles colocaram na boca da espingarda.

E, assim, aquele país, outrora mergulhado numa profunda cor cinzenta de tristeza e medo,
começou a ganhar cor, porque a democracia, agora instalada, é o lugar onde nos
encontramos para construir uma sociedade melhor para todos. É um lugar de liberdade,
aquele lugar sonhado que acordou heróis e transformou o sonho em realidade!

TEMA 5
Poema: António Gedeão, in Movimento Perpétuo (1956)
Composição: Manuel Freire
Adaptação: Nuno Ribeiro
PEDRA FILOSOFAL
A paz, o pão
Habitação 3 vezes
Saúde, educação

Eles não sabem nem sonham


Que o sonho comanda a vida
E que sempre que o homem sonha
O mundo pula e avança
Como bola colorida
Entre as mãos de uma criança
(La la la ra la ra ra)
A Revolução dos Cravos
Eles sonharam e alcançaram.

Todos os alunos dizem:

25 DE ABRIL SEMPRE! LIBERDADE SEMPRE!

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