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Introdução ao Curso de
Medicina
Manual do Tutor
Módulo 1
1º período
2024-1
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ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
Administração Superior
Freitas Filho
Coordenações de Eixos/Disciplinas
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Corpo Docente
Sumário
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PBL E A EDUCAÇÃO NA ÁREA DE SAÚDE1
Introdução
A partir deste modelo foi estruturado o currículo que se tornou tradicional nas escolas
de saúde do mundo todo, caracterizado pela dicotomia entre ciências básicas e clínicas, com
os tópicos organizados em pequenos blocos de conhecimento relacionados a disciplinas,
áreas e departamentos e apresentados em ordem crescente de complexidade.
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Adaptação de texto produzido pelo Prof. Dr. Rodrigo Dutra Mürrer
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um conjunto de recomendações que constituem “pontos-chave” acerca da direção a ser
seguida no âmbito da Educação Médica Mundial para o próximo milênio.
Habilidades e atitudes não têm sido consideradas como parte importante do processo
educacional. Toda a ênfase está em torno da quantidade de informações. A informação é a
mais efêmera de todo o processo educacional. Os futuros profissionais devem reconhecer a
forma de buscar e avaliar uma informação que deve ser atualizada e da melhor qualidade.
Os docentes devem possuir uma visão global da profissão e não somente dominar os
conhecimentos que o exercício de sua especialidade venha a requerer. Portanto, devem
participar constantemente de programas de formação e capacitação. Esse processo de
formação acadêmica deve incluir um amplo espectro de habilidades, conhecimentos e
atividades, tais como metodologia educacional, avaliação, métodos de investigação,
organização e planejamento institucional, métodos de comunicação audiovisual,
desenvolvimento de projetos, desenvolvimento de programas educativos e de investigação
baseados nas necessidades da população local, regional e nacional, princípios básicos dos
processos administrativos e programas de qualidade.
A capacidade autoavaliativa é uma habilidade que pode e deve ser adquirida nas
primeiras etapas do processo de formação do jovem adulto. Ela permite manter os níveis de
exigência pessoal em patamares elevados, além de desenvolver a habilidade de criticar seu
próprio trabalho e melhorá-lo de forma constante. Evita-se, com isso, o “autocontentamento
fácil” que normalmente não corresponde à realidade.
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formativa. O professor pode exercer, em toda a sua plenitude, o conjunto de papéis que
envolvem o processo educacional, não se limitando apenas a “transmitir conhecimento”.
O que é o PBL?
O aprendizado pode ser definido como sendo o resíduo de uma experiência que torna
mais fáceis as experiências subsequentes. Embora essa definição seja funcionalmente
equivalente à maioria, ela destaca alguns aspectos críticos. Um deles é que o aprendizado
é o resultado das experiências dos alunos e não dos esforços dos professores. 5
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maneira que sua recuperação é fácil e existe uma conexão para sua aplicação na
solução de problemas dos pacientes
A pedagogia PBL possui alguns componentes essenciais que devem ser integrados
para permitir o desenvolvimento de um ambiente de aprendizado orientado pelo
questionamento, são eles:
- O tutor
- O problema
- O aprendizado autodirigido
O grupo tutorial é considerado de importância crucial para o PBL, não somente pelas
vantagens advindas do trabalho em pequenos grupos, mas por suas funções no ciclo básico
de atividades dessa metodologia.
Trabalha-se com grupos de 8 a 15 alunos que atuam com o apoio de um tutor, cujas
atribuições são de significativa importância no PBL. O tutor tem as funções de estimular o
processo de aprendizagem dos estudantes e de auxiliar o grupo a conduzir o ciclo de
atividades do PBL, utilizando-se principalmente de perguntas, e não de respostas, e
sugestões.
Após o prazo estipulado, o grupo torna a se reunir e os alunos estão preparados para
discutir seus achados e relacioná-los à solução do problema. As estratégias de pesquisa são
examinadas e a qualidade das várias fontes consultadas é avaliada.
A discussão dos problemas pelo Grupo Tutorial obedece aos “Sete Passos”:
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6. Aprendizado autodirigido, respeitando os objetivos alcançados, com identificação
das fontes de informação e aquisição de conhecimentos.
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do tutor ou de outros membros do grupo, o aluno reconhece os limites do seu conhecimento.
O ambiente do grupo também permite aos alunos comparar seu desempenho com o de seus
colegas e a identificar seus pontos fracos e fortes.2
Entre outras, algumas razões para converter um currículo para PBL são:
Muitas questões acima são abordadas pelo PBL, que proporciona um ambiente no
qual o aluno assume responsabilidade pelo seu próprio aprendizado. Utiliza problemas
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realistas para estabelecer uma relevância ao conteúdo aprendido. Proporciona o contexto
para o aprendizado interdisciplinar que encoraja os alunos a encarar as situações problema
de múltiplas perspectivas e a ver as necessidades dos pacientes e problemas da
comunidade de maneira holística. Ele também permite aos alunos desenvolver as
habilidades necessárias para um aprendizado contínuo e autodirigido que será útil em suas
carreiras profissionais bem como em suas vidas.2
Tem sido relatado que os alunos tendem a aprender mais rapidamente quando eles
sabem como monitorar seu próprio aprendizado. No PBL, os alunos repetem o mesmo
processo de solução de problema, conforme eles trabalham com os diferentes casos. Eles
começam a assimilar uma rede de pensamento crítico e solução de problemas.
Periodicamente, os alunos são levados a refletir sobre seu próprio desempenho através de
uma ferramenta de autoavaliação. Esta avaliação deve definir comportamentos efetivos para
o desenvolvimento individual e para a participação individual no processo do trabalho em
grupo e deve referir-se aos objetivos específicos da disciplina ou do currículo. Com o tempo
os alunos familiarizam-se com os critérios e podem ativamente monitorar seu aprendizado
e determinar estratégias para melhorar suas habilidades de aprendizado. 2
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Os novos profissionais irão precisar de muito mais que habilidade manual. Os
objetivos do PBL são preparar os alunos para assumir total responsabilidade pelo próprio
aprendizado, treinar os alunos para tornarem-se habilidosos e criativos para atingir suas
necessidades de aprendizado, para responder com segurança a mudanças ou problemas e
fornecer estratégias efetivas de encarar e resolver as questões e treinar os alunos para
desenvolver um hábito de aprendizado contínuo, ativo e motivado. Além disso, os alunos
precisam ser capazes de trabalhar e interagir em grupos12 e aprofundar a compreensão dos
alunos sobre a contribuição da pesquisa científica na prática clínica e treiná-los para usar
abordagens baseadas em evidência na prática profissional.13
Os resultados do PBL
Estudos indicam que os alunos dos programas PBL acham a nova abordagem útil
para encorajar o ensino e a aprendizagem com os colegas, demonstra a relevância das
ciências básicas com a aplicação da teoria na prática e desenvolve a análise crítica. 6 Os
alunos que participam do PBL relatam que sua compreensão da relação entre as ciências
básicas e clínicas aumentou e que o curso incentiva a análise crítica.14
Por promover um aprendizado guiado pelo aluno, o PBL reflete a crença de que tão
importante para o aluno quanto aprender “como” aprender (um processo de aprendizado
efetivo) é aprender “o que” aprender (conhecimento específico). Conforme fica mais e mais
difícil encaixar o que o corpo docente acha importante no currículo, torna-se cada vez mais
aparente que não há tempo suficiente para ensinar ao aluno a resolver todas as
possibilidades que ele possa encontrar na prática. Esta limitação é exacerbada pelo fato de
que nossa base de conhecimento está expandindo e evoluindo numa velocidade sem
precedentes conforme novas descobertas científicas são feitas e novas tecnologias de
tratamento são desenvolvidas. Esta constante mudança torna difícil, se não impossível,
manter um currículo baseado em disciplina que é simultaneamente abrangente e atual. A
informação contida em livros pode estar muitos anos defasada na época de sua publicação.
Os alunos devem ter habilidades de aprendizado contínuo para serem competentes no
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futuro. Essas condições requerem o desenvolvimento de ambientes de aprendizagem que
permitam aos alunos encarar o desafio de novas dificuldades através de um processo efetivo
de solução de problemas e que incentive o aprendizado contínuo. O PBL atende essas
necessidades.2
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ÁRVORE TEMÁTICA
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OBJETIVOS GERAIS
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
prática clínica.
Medicina.
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INFORMAÇÕES IMPORTANTES PARA A TUTORIA
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2. Taxonomia de Bloom
A intenção com essa taxonomia é saber o que se deseja dos alunos nos objetivos de
aprendizagem, qual o grau de complexidade cognitivo, do menor ao maior nível, a seguir:
conhecimento, compreensão, aplicação, análise, síntese ou avaliação.
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SEMANA DE AVALIAÇÃO M1
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CRONOGRAMA - 1º PERÍODO - MÓDULO 1 – 2024
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PROBLEMA 1 – PASSEI NO VESTIBULAR!
Apesar de estar muito feliz por ter sido aprovado no vestibular para medicina na UniRV, João
e seus pais estão bem preocupados. Seu sonho sempre foi cursar medicina e não queria que nada
desse errado. Mesmo já tendo ouvido falar de PBL, não estava à vontade com esta nova metodologia
de ensino, diferente também da que seus pais, ambos médicos, estudaram e se formaram. Vários
questionamentos se passaram pela cabeça de João. Assim, resolveu pesquisar sobre metodologia
ativa, o funcionamento da tutoria e do grupo tutorial, sobre os “sete passos” da sessão tutorial e o
que seria a tal interdisciplinaridade no PBL. Após suas pesquisas, ficou mais tranquilo, mas não
menos ansioso com o início das aulas. Agora já era um aluno universitário!
1) BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
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PROBLEMA 2 – INFORMAÇÃO CONFIÁVEL?
Após a morte de um tio por câncer de pulmão, Ana, curiosa, junto à sua amiga e colega de
faculdade, Clara, buscaram aprofundar seus conhecimentos sobre o tema. Munidas das técnicas de
pesquisa orientadas nas atividades de Habilidades de Pesquisa da faculdade, buscaram informações
na internet e no portal da BVS para discutirem o assunto com outros colegas e professores. Ana
entrou no site www.cigarromata.com e encontrou um estudo que demonstrava que 100% dos
pacientes com câncer de pulmão eram fumantes ativos. Já Clara procurou por artigos do Medline,
com bom fator de impacto, e estes enumeravam outras causas, além de diferenças na incidência e
prevalência para esta doença, comparadas às apontadas no site que Ana olhou. Desconfiada dos
achados de Ana, Clara disse:
- Ana, não acho que estejam corretos esses seus resultados, me parecem ser senso comum.
Esta sua fonte de informação é realmente confiável?!
INSTRUÇÃO: Você sabe o que é fonte confiável de informação e onde encontrá-la? Você já
ouviu falar de fator de impacto (FI) em pesquisa científica?
1) BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
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PROBLEMA 3 – “O CUSTO DO CUIDADO É SEMPRE MENOR
QUE O CUSTO DO REPARO”
Você é médico de uma mulher de 47 anos e de seu marido da mesma idade. Eles estão
preocupados porque uma de suas amigas recentemente soube que tem câncer de cólon e insistiu
para que os dois fizessem rastreamento com pesquisa de sangue oculto nas fezes (PSOF). Segundo
a amiga, a prevenção é muito melhor do que o tratamento que está fazendo.
Nenhum desses pacientes tem história familiar de câncer de cólon ou alteração de hábitos
intestinais. Os pacientes perguntam se você concorda com esse rastreamento.
Você encontra ensaios de rastreamento por PSOF que demonstraram redução de
mortalidade por câncer colorretal, porém os mesmos ensaios mostram que este exame tem alta taxa
de falso-positivo, necessitando, então, de investigação por imagem, através da colonoscopia.
Você, como médico deste casal, indicaria ou não teste de rastreamento para os dois, mesmo
assintomáticos e sem fator de risco para câncer de cólon?
Instrução: Você sabe quais são os níveis de prevenção em saúde e o que são testes de
rastreamento?
1) BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
1. Caderno de Atenção primária: Rastreamento. Ministério da Saúde, 2010.
2. Medicina Ambulatorial - Condutas de Atenção Primária Baseadas Em Evidências - 4ª Ed. 2013.
Duncan, Bruce B. / Outros. Artmed.
3. Epidemiologia básica / R. Bonita, R. Beaglehole, T. Kjellström; [tradução e revisão científica Juraci A.
Cesar]. - 2.ed. - São Paulo, Santos. 2010.
4. O SUS no seu município: Garantindo saúde para todos – Ministério da Saúde, 2004.
5. Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer do Colo do Útero no Brasil Sumário Executivo
para a Atenção Básica. Ministério da Saúde Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA).
2016.
6. Diretrizes para a Detecção Precoce do Câncer de Mama no Brasil Sumário Executivo. Ministério da
Saúde Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). 2017.
7. Martins, A A B e col. Epidemiologia – Porto Alegre : SAGAH, 2018.
8. https://www.jwatch.org/fw114226/2018/05/31/american-cancer-society-recommends-colorectal-cancer
9. https://pebmed.com.br/american-cancer-society-muda-a-idade-do-rastreio-de-cancer-colorretal-
entenda/
10. Diretrizes para utilização da literatura médica [recurso eletrônico] : manual para prática clínica da
medicina baseada em evidências / Gordon Guyatt ... [et al.] ; tradução: Ananyr Porto Fajardo, Rita Brossard ;
revisão técnica: Otávio Berwanger – 2. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2011.
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PROBLEMA 4 – TEM FUNDAMENTO OU É SÓ UMA OPINIÃO?
Na manhã da última 2ª feira, a acadêmica Aline da UniParis, durante sua atividade na MISCO
na UBS Colina, foi convidada pelo doutor Carlos para acompanhar a consulta clínica de uma jovem
e de seu avô. A jovem Lívia, de 18 anos e previamente hígida, apresentava uma linfonodomegalia
cervical, de 1 cm de diâmetro, há duas semanas, após um episódio de infecção nas vias aéreas
superiores. O seu avô Geraldo, 73 anos de idade, lavrador, tabagista e etilista, portador de prótese
dentária há mais de 30 anos e relatava emagrecimento discreto nos últimos 2 meses e apresentava
linfonodomegalia cervical indolor, com linfonodos endurecidos, sendo o maior de 2 cm de diâmetro.
Ambos negavam febre.
Diante do exposto, o doutor Carlos explicou à estudante Aline, na presença dos pacientes,
que de acordo com recomendações clínicas atuais o linfonodo aumentado no senhor Geraldo era
mais preocupante e necessitava de mais exames complementares como hemograma,
ultrassonografia cervical e biópsia, e que no caso da jovem Lívia, seu linfonodo aumentado não tinha
a mesma importância, sem atual necessidade de complementação diagnóstica.
A jovem Lívia, muito intrigada, então perguntou: “Peraí, o doutor está dizendo que o caroço
no pescoço do meu avô é mais importante que o meu?
O doutor Carlos lhe respondeu: “Não é só uma questão de opinião ou de escolha pessoal,
jovem Lívia. Na prática clínica do nosso dia a dia nos fundamentamos em estudos e pesquisas com
elevados níveis de evidência, que demonstram se determinada decisão a ser tomada é a que contém
o melhor resultado para os pacientes. Estas são as bases do que chamamos de Medicina Baseada
em Evidências (MBE), e por isso posso te tranquilizar que estou tomando a melhor decisão neste
momento”.
A paciente Lívia insistiu: “Mas eu quero fazer os mesmos exames do meu avô. As minhas
preferências não serão consideradas? Que mal teria eu também realizar tais exames?!”
INSTRUÇÃO: O que você, acadêmico, entende por MBE ou PBE? Que importância ela tem
para a prática clínica?
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1) BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
• Medicina Ambulatorial - Condutas de Atenção Primária Baseadas Em Evidências - 4ª Ed. 2013.
DUNCAN, Bruce B. / Outros. Artmed.
• El DIB, RP. Como praticar a medicina baseada em evidências. How to practice evidence-based
Medicine. J Vasc Bras.2007.
• GUIMARÃES, CA. Medicina Baseada em Evidências. RevColBrasCir, 2009.
• LOPES, AA. Medicina Baseada em evidências: a arte de aplicar o conhecimento científico na
prática clínica. RevAssMed Brasil, 2000.
• MEDEIROS LR & STEIN A. Níveis de Evidência e Graus de Recomendação da Medicina
Baseada em Evidências. Revista AMRIGS, porto alegre, 46 (1,2): 43-46, jan.-jun. 2002.
• KAURA, Amit Medicina baseada em evidências : leitura e redação de textos clínicos / Amit
Kaura; tradução Adilson Dias Salles. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2016.
• Diretrizes para utilização da literatura médica [recurso eletrônico] : manual para prática clínica
da medicina baseada em evidências / Gordon Guyatt ... [et al.] ; tradução: Ananyr Porto Fajardo,
Rita Brossard ; revisão técnica: Otávio Berwanger – 2. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre
: Artmed, 2011.
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PROBLEMA 5 – “O POLÊMICO VAZAMENTO DE DADOS SOBRE A SAÚDE DA EX-PRIMEIRA
DAMA MARISA LETÍCIA CHAMA ATENÇÃO PARA A IMPORTÂNCIA DO SIGILO
PROFISSIONAL”
1) BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
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BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
5. http://www.portalmedico.org.br/novocodigo/integra_1.asp.
6. Algumas referências sugeridas e enviadas aos alunos durante as aulas de tutoria pelos
professores-tutores.
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Relatório de Tutoria
RESOLUÇÃO DO PROBLEMA
Texto que resuma o que você aprendeu com o problema (não é para descrever os objetivos, e sim
sintetizar o que foi apreendido com a resolução do problema).
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