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Resenha

Edgar Morin, O cinema ou o homem imaginário. Ensaio de antropologia sociológica, São


Paulo: É Realizações, 2004 (Paris: Minuit, 1956; Lisboa: Moraes Editores, 1970)

Rayssa Guedes de Oliveira

Edgar Morin em seu texto procura decifrar pelo método sociológico a ideia do cinema, pois
segundo ele, entende-se a sociedade com a ajuda do cinema e ao mesmo tempo entende-se o
cinema com a ajuda da sociedade. Para ele, existe uma via de mão dupla quando falamos de
produções cinematográficas, duplas realidades, uma vez que o cérebro e o espírito humano
tendem a produzir representações sobre o real.
Dessa forma ele descreve a sua primeira perspectiva, a imagem, que é produzida como um
reflexo objetivo e subjetivo, o real e o imaginário estão coexistindo em um só. O autor
explica como o nosso sistema é controlado desde a era cartesiana por um paradigma de
disjunção, redução e simplificação, que se resulta na quebra dos fenômenos quando estamos
diante de uma obra cinematográfica. De acordo com Morin, é necessário um paradigma que
una toda essa complexidade, pois o cinema é a junção de todos esses elementos, que
demonstra que o fato de ele ser ao mesmo tempo arte e indústria, ao mesmo tempo fenômeno
social e estético, fenômeno que remete ao mesmo tempo à modernidade do nosso tempo e ao
arcaísmo dos nossos espíritos.
Encaminhado para a segunda perspectiva, o texto aborda a relação entre a modernidade e o
arcaísmo, como essas duas temporalidades estão interligadas dentro do cinema revelando
produções que transmitem os dois lados. A partir disso, ele evidencia que vivemos o cinema
dentro de um estado de dupla consciência, isso porque não o captamos e analisamos de forma
que consiga perceber a unidade de duas consciências antinômicas em um mesmo ser. Desse
modo, o autor configura que o cinema está inserido em uma problemática social, da qual
possui uma indústria que exclui a arte; por outro, uma arte, o que exclui a indústria.
Assim ele categoriza a problemática como algo complementar, pois o cinema se encontra em
uma realidade lucrativa e de massa, ao mesmo tempo que procura representar o real e o
singular. Para terminar, o autor explicita que o cinema não é apenas com a maravilhosa
máquina de captar e projetar imagens, nossas mentes são também fabulosas máquinas
mentais, com grande mistério, continente desconhecido da ciência.

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