Você está na página 1de 88

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO ESTATAL


DIRECÇÃO NACIONAL DE PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO RURAL

CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC


(VARIABLE INFILTRATION CAPACITY) E
ELABORAÇÃO DA BASE DE DADOS DIF
(DYNAMIC INFORMATION FRAMEWORK)

RELATÓRIO INICIAL
à O
R S
V E N I T I VA
I
DEF

ABRIL 2012

COBA
CONSULTORES DE
ENGENHARIA
E AMBIENTE
CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC (VARIABLE INFILTRATION CAPACITY) E
ELABORAÇÃO DA BASE DE DADOS DIF (DYNAMIC INFORMATION FRAMEWORK)

RELATÓRIO INICIAL

ÍNDICE

Pág.
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................................................. 1-1

2 ENQUADRAMENTO DO ESTUDO .................................................................................................................................................. 2-1


2.1 ENQUADRAMENTO DO ESTUDO E PROJECTO DO GEF ........................................................................................................ 2-1
2.2 OBJECTIVOS DO PRESENTE ESTUDO ..................................................................................................................................... 2-3
2.3 RELAÇÃO COM OUTROS PROJECTOS NA REGIÃO ............................................................................................................... 2-3

3 ANTECEDENTES ............................................................................................................................................................................. 3-1

4 VISITA Á ÁREA DE ESTUDO E CONTACTO COM OS STAKEHOLDERS ................................................................................... 4-1


4.1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................................. 4-1
4.2 ENCONTROS E CONTACTOS EM MAPUTO .............................................................................................................................. 4-1
4.2.1 Direcção Nacional de Promoção do Desenvolvimento Rural .................................................................................................... 4-1
4.2.2 Instituto de Investigação Agrária de Moçambique ..................................................................................................................... 4-2
4.2.3 Direcção Nacional de Águas ..................................................................................................................................................... 4-3
4.2.4 Administração Regional de Águas do Zambeze........................................................................................................................ 4-3
4.3 VISITAS E ENCONTROS REALIZADOS NA ÁREA DE ESTUDO ............................................................................................... 4-4
4.3.1 Introdução .................................................................................................................................................................................. 4-4
4.3.2 Encontro na Direcção Provincial do Plano e Finanças de Sofala.............................................................................................. 4-4
4.3.3 Visita às bacias hidrográficas e aos distritos da margem esquerda do rio Zambeze ................................................................ 4-4
4.3.4 Visita às bacias hidrográficas e aos distritos da margem direita do rio Zambeze ..................................................................... 4-8
4.4 DADOS HIDROMETEOROLÓGICOS EXISTENTES NA ÁREA DE ESTUDO .......................................................................... 4-12
4.5 ANÁLISE DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS VISITADAS ............................................................................................................ 4-18

5 DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ............................................................................................................................................. 5-1


5.1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................................. 5-1
5.2 BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO ZAMBEZE E DOS RIOS CHIRE E CUÁCUA.......................................................................... 5-1
5.3 DISTRITOS EM ANÁLISE ............................................................................................................................................................. 5-2
5.4 SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS .................................................................................................................................................. 5-3

6 REVISÃO DA METODOLOGIA........................................................................................................................................................ 6-1


6.1 CONCEITOS GERAIS DO MODELO VIC .................................................................................................................................... 6-1
6.2 APLICAÇÃO DO MODELO VIC À ÁREA DE ESTUDO ................................................................................................................ 6-5
6.3 RECOLHA E PROCESSAMENTO DE DADOS ............................................................................................................................ 6-7
6.3.1 Modelo digital do terreno ........................................................................................................................................................... 6-7

40092. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) I
6.3.2 Dados meteorológicos .............................................................................................................................................................. 6-9
6.3.3 Solos ....................................................................................................................................................................................... 6-12
6.3.4 Classes de vegetação e uso da terra...................................................................................................................................... 6-23
6.3.5 Caudais ................................................................................................................................................................................... 6-27
6.4 CALIBRAÇÃO, VALIDAÇÃO E EXPLORAÇÃO DO ZAMBEZEVIC........................................................................................... 6-28
6.5 ORGANIZAÇÃO DO ZAMBEZEDIF ........................................................................................................................................... 6-30
6.5.1 Dados de Base........................................................................................................................................................................ 6-30
6.5.2 O modelo vectorial .................................................................................................................................................................. 6-31
6.5.3 O modelo matricial .................................................................................................................................................................. 6-32
6.5.4 Os formatos............................................................................................................................................................................. 6-33
6.5.5 Sistema Espacial de Representação ...................................................................................................................................... 6-33
6.5.6 Sistema de Informação Geográfica (SIG) ............................................................................................................................... 6-34
6.5.7 DIF – Dynamic Information Framework .................................................................................................................................. 6-36
6.6 TREINO NA UTILIZAÇÃO DO ZAMBEZEVIC ............................................................................................................................ 6-37
6.6.1 Metodologia geral.................................................................................................................................................................... 6-37
6.6.2 Objectivos ............................................................................................................................................................................... 6-37
6.6.3 Participantes ........................................................................................................................................................................... 6-38
6.6.4 Plano de Trabalhos ................................................................................................................................................................. 6-38
6.6.5 Língua ..................................................................................................................................................................................... 6-38
6.7 TREINO NA UTILIZAÇÃO DO ZAMBEZEDIF ............................................................................................................................ 6-38
6.7.1 Introdução ............................................................................................................................................................................... 6-38
6.7.2 Participantes ........................................................................................................................................................................... 6-39
6.7.3 Programa ................................................................................................................................................................................ 6-39
6.8 CENÁRIOS DE USO E COBERTURA DA TERRA .................................................................................................................... 6-40
6.9 ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DOS DIFERENTES USOS DO SOLO NO REGIME DE ESCOAMENTO ..................................... 6-40

7 CALENDÁRIO E PLANO DE TRABALHOS ................................................................................................................................... 7-1

8 RISCOS E PRINCIPAIS DESAFIOS ............................................................................................................................................... 8-1

9 BIBLIOGRAFIA................................................................................................................................................................................ 9-1

Índice de Quadros
Quadro 5.1 – Área e população residente nos distritos da área de estudo .............................................................................................. 5-2

Quadro 5.2 – Sub-bacias hidrográficas da área de estudo ...................................................................................................................... 5-4

Quadro 5.3 – Segmentos de bacia na área de estudo ............................................................................................................................. 5-4

Quadro 6.1 - Satélites de recolha de dados usados para estimar a precipitação .................................................................................. 6-10

Quadro 6.2 – Fontes de obtenção de dados de precipitação via satélite ............................................................................................... 6-11

Quadro 6.3 - Símbolos e designação dos agrupamentos de solos ........................................................................................................ 6-14

Quadro 6.4 - Fases de solo (Designação e critérios de diagnóstico) ..................................................................................................... 6-15

Quadro 6.5 – Estrutura das unidades cartográficas ............................................................................................................................... 6-17

Quadro 6.6 – Área e composição das Unidades Cartográficas .............................................................................................................. 6-21

40092 CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO E ELABORAÇÃO DO DIF.


II Relatório Inicial (Versão Definitiva)
Quadro 6.7 - Sistemas de classificação da cobertura do solo. ...............................................................................................................6-24

Quadro 6.8 - Descrição de parâmetros requeridos pelo arquivo de vegetação (“veglib”).......................................................................6-25

Quadro 6.9 – Comparação dos modelos vectorial e matricial.................................................................................................................6-30

Índice de Figuras
Figura 2.1 – Área de estudo e os distritos e bacias hidrográficas envolvidas...........................................................................................2-5

Figura 4.1 - Localização das estações udométricas ...............................................................................................................................4-13

Figura 4.2 - Localização das estações hidrométricas .............................................................................................................................4-15

Figura 4.3 – Inventário dos registos de precipitação diária .....................................................................................................................4-17

Figura 4.4 – Inventário dos registos de alturas hidrométricas.................................................................................................................4-18

Figura 6.1 – Representação esquemática da modelação hidrológica de uma célula do modelo VIC ......................................................6-1

Figura 6.2 - Esquema do balanço de água no copado .............................................................................................................................6-2

Figura 6.3 - Resistência aerodinâmica e de superfície .............................................................................................................................6-3

Figura 6.4 – Representação esquemática da propagação do escoamento nas células e nos canais......................................................6-5

Figura 6.5 – Esquema da rede hidrográfica da área de estudo ................................................................................................................6-6

Figura 6.6 - Exemplo de uma matriz de direcção do escoamento ............................................................................................................6-8

Figura 6.7 - Exemplo de uma matriz de acumulação ................................................................................................................................6-8

Figura 6.8 - Esquema da estrutura e representação simbólica da unidade-solo ....................................................................................6-13

Figura 6.9 – Carta de solos .....................................................................................................................................................................6-19

Figura 6.10 - Representação vectorial e matricial ...................................................................................................................................6-31

Figura 6.11 – Representação gráfica e numérica ...................................................................................................................................6-32

Figura 6.12 - Imagem de satélite.............................................................................................................................................................6-32

Figura 6.13 - Modelo Digital do Terreno..................................................................................................................................................6-33

Figura 6.14 –Datum planimétrico WGS84, fuso 36S ..............................................................................................................................6-34

Figura 6.15 – Estrutura da base de dados ..............................................................................................................................................6-35

Figura 6.16 - Visualização da Informação ...............................................................................................................................................6-37

Figura 7.1 – Plano de trabalhos ................................................................................................................................................................7-3

Índice de Fotografias
Fotografia 4.1 - Vista do rio Lualua para jusante na EN1 .........................................................................................................................4-5

Fotografia 4.2 – Vista do rio Lualua para montante na EN1 .....................................................................................................................4-5

Fotografia 4.3 - Rio Lungozi junto à EN1 ..................................................................................................................................................4-6

Fotografia 4.4 - Rio Lungozi junto a Mopeia .............................................................................................................................................4-7

40092. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) III
Fotografia 4.5 - Abertura de um perfil numa machamba com cultura do milho (Casa Branca) em Mopeia ............................................. 4-7

Fotografia 4.6 - Abertura de um perfil numa machamba com cultura do amendoim (Casa Branca)........................................................ 4-8

Fotografia 4.7 - Rio Zangué junto à EN1 .................................................................................................................................................. 4-9

Fotografia 4.8 - Rio Nhamapaza junto a Subwé ..................................................................................................................................... 4-10

Fotografia 4.9 - Rio Nhamapaza junto à EN1 ......................................................................................................................................... 4-10

Fotografia 4.10 - Reconhecimento das principais características dos solos (Próximo de Sùbué) ......................................................... 4-11

Fotografia 4.11 - Abertura dum perfil num machamba com a cultura de milho ...................................................................................... 4-11

Fotografia 5.1 - Rio Zambeze na garganta de Lupata .............................................................................................................................. 5-3

Fotografia 5.2 - Rio Zambeze perto de Mopeia ........................................................................................................................................ 5-3

40092 CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO E ELABORAÇÃO DO DIF.


IV Relatório Inicial (Versão Definitiva)
CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC (VARIABLE INFILTRATION CAPACITY) E
ELABORAÇÃO DA BASE DE DADOS DIF (DYNAMIC INFORMATION FRAMEWORK)

RELATÓRIO INICIAL

1 INTRODUÇÃO
Em cumprimento do estipulado no contrato para a prestação de serviços relativos ao Estudo de Calibração do Modelo
Hidrológico VIC (Variable Infiltration Capacity) e Elaboração da Base de Dados DIF (Dynamic Information Framework),
assinado entre a Direcção Nacional de Promoção do Desenvolvimento Rural (DNPDR), e o Consórcio formado pelas
empresas Coba e Salomon, apresenta-se de seguida o Relatório Inicial, em versão provisória.

É muito importante referir que este relatório é apresentado na sua versão provisória para ser analisado pelas entidades
Moçambicanas, designadamente pela DNPDR, a Direcção Nacional de Águas (DNA) e a ARA-Zambeze, estando o
Consórcio naturalmente aberto a comentários, sugestões e alterações que estas entidades julgarem convenientes. Após
esta fase de análise e apreciação por parte do DNPDR, os comentários recebidos serão integrados Relatório e criada a
sua versão final.

Este Relatório é resultado, por um lado, do conhecimento que o Consórcio tem da área de estudo em virtude da vasta
experiência e envolvimento da Coba e da Salomon na execução de diversos trabalhos no Zambeze e por outro da missão
efectuada entre 12 e 26 de Fevereiro que permitiu estabelecer encontros com as várias entidades interessadas no
Projecto e na visita efectuada à área de estudo com objectivo principal de identificar a(s) sub-bacia(s) a utilizar no
processo de calibração.

O presente Relatório é constituído por 9 Capítulos. Para além do presente capítulo introdutório, o relatório compreende um
capítulo onde se faz uma breve abordagem ao âmbito do estudo e ainda mais sete capítulos designados por:

ƒ Antecedentes;
ƒ Visita à Área de Estudo e Contacto com os Stakeholders;
ƒ Descrição da Área de Estudo;
ƒ Revisão da metodologia;
ƒ Calendário e Plano de trabalhos;
ƒ Riscos e principais desafios;
ƒ Bibliografia.

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 1-1
2 ENQUADRAMENTO DO ESTUDO

2.1 ENQUADRAMENTO DO ESTUDO E PROJECTO DO GEF


O Governo de Moçambique tem como principal agenda a redução da pobreza que afecta a maior parte da população do
país. Os últimos estudos efectuados indicam que cerca de 54% da população vive em situação de pobreza extrema. Da
análise feita à documentação diversa do governo, foram identificados cinco principais elementos da estratégia para a
redução da pobreza para Mozambique: (1) aumento do investimento em educação; (2) crescimento económico
sustentado; (3) adopção de medidas para aumentar a produtividade agrícola; (4) melhoria das infra-estruturas rurais; e (5)
diminuição do número de dependentes por cada unidade familiar.

A Direcção Nacional para a Promoção do Desenvolvimento Rural (DNPDR) está a implementar uma iniciativa piloto
“Projecto de Desenvolvimento de Pequenos Produtores Orientados para o Mercado no Vale do Zambeze”, também
designado por “Projecto Smallholders”. Este projecto enquadra-se dentro dos elementos 3 e 5 da estratégia acima
indicada. Para que a agricultura se torne instrumento da redução da pobreza é necessário o aumento da produtividade
agrícola, promovendo o uso de insumos agrícolas modernos, tais como sementes de variedades melhoradas, fertilizantes
e mecanização. A economia rural das comunidades moçambicanas é caracterizada por um padrão de grande dependência
do rendimento familiar proveniente da agricultura de subsistência (cerca de metade da renda total), com o restante a ser
obtido das vendas de produtos agrícolas e dos rendimentos do trabalho dependente.

Neste contexto o objectivo do desenvolvimento do projecto é aumentar a renda dos pequenos produtores em distritos
seleccionados da região do Vale do Zambeze, no centro de Moçambique. O aumento da renda será alcançado não só pelo
apoio directo a grupos de pequenos produtores e outros participantes da cadeia de comercialização, mas também através
do reforço da capacidade a nível local para empreender e gerir a prestação de serviços no contexto da política de
descentralização do GdM.

A área geográfica do Projecto é a região central do Vale do Zambeze e abrange cinco distritos em três províncias:
Mutarara (Província de Tete), Mopeia e Morrumbala (Província da Zambézia) e Chemba e Maríngue (Província de Sofala).
Este projecto foi concebido para ser um investimento complementar a outros financiamentos do Banco Mundial e de outros
doadores na área, como são, a Linha de Ferroviária de Sena e as operações de mineração de carvão de Moatize,
contribuindo assim para o rápido desenvolvimento económico da área.

Este projecto está a ser usado como Projecto piloto para testar mecanismos inovadores através da integração de
iniciativas locais específicas que promovam o crescimento agrícola através do desenvolvimento institucional
descentralizado, da mudança tecnológica, do apoio ao desenvolvimento de infra-estruturas de pequena escala e do
aumento da participação do sector privado. O projecto segue uma estratégia centrada na busca de parcerias com
organizações que operam na região para aumentar as sinergias e impacto do mesmo. O projecto encontra-se organizado
em quatro componentes.

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 2-1
Componente 1: Desenvolvimento Institucional - fortalecimento organizacional dos grupos de camponeses e das
instituições locais

Esta componente do projecto lida com as questões do fortalecimento das instituições (governo) locais e desenvolvimento
das capacidades organizacionais de grupos de camponeses como um mecanismo para promover e introduzir processos
participativos com vista a acelerar o processo de descentralização em curso em Moçambique. Fazem parte desta
componente as seguintes sub-componentes: (i) desenvolvimento de capacidades de organizações de base comunitária;
(ii) serviços de finanças rurais e (iii) reforço da capacidade de planeamento ao nível do Distrito

Componente 2: Produção Agrícola e Desenvolvimento de Mercados

Esta componente do projecto servirá de mecanismo para que os agricultores acedam ao apoio técnico para o
desenvolvimento de uma agricultura impulsionada pelas necessidades do mercado e com uma base larga de
sustentabilidade. As sub-componentes são (i) agronegócio e desenvolvimento de mercado; (ii) reforço dos serviços de
extensão; (iii) investigação aplicada, formação e demonstração e (iv) sistemas melhorados agrícolas e agro-florestais.

Componente 3: Fundo Comunitário de Investimento Agrícola e Ambiental

Para promover e garantir a viabilidade e sustentabilidade das operações agrícolas, os pequenos produtores precisam ter
acesso a uma variedade de serviços e infra-estruturas. Este factor é geralmente mencionado como um constrangimento
chave para a produtividade e inclui os riscos associados com a variabilidade climática e falta de estradas rurais que ligam
as zonas de produção aos mercados. O objectivo desta componente seria criar mecanismos para o desenvolvimento de
infra-estrutura crítica para apoiar o desenvolvimento das actividades dos pequenos produtores que permitam reduzir os
riscos e aumentar a sua produtividade. As sub-componentes são: (i) infra-estruturas agrícolas afins; (ii) investimentos
agrícolas de pequena escala e (iii) gestão sustentável da terra.

Componente 4: Gestão, Coordenação, Monitoria e Avaliação do Projecto

Esta componente do projecto refere-se ao mecanismo de gestão criado para a implementação do projecto, onde se
destaca a arquitectura institucional adoptada incluindo o financiamento de actividades específicas das instituições
envolvidas na materialização dos propósitos do projecto. É através desta componente do projecto que são garantidos a
supervisão do trabalho dos distritos, o apoio nas funções de prestação de contas e a elaboração de relatórios de
actividades ao nível do distrito.

As quatro componentes acima listadas são financiadas através de fundos alocados pela Agencia Internacional para o
Desenvolvimento (IDA).

Para acautelar as questões ambientais foi previsto em complemento ao financiamento do IDA, um financiamento do GEF
de modo avaliar os impactos ambientais de medidas previstas para o incremento da agricultura, pois a agricultura
itinerante usada em muitos países africanos está associada ao aumento do desmatamento, à perda de biodiversidade e a
um rápido declínio da fertilidade do solo de áreas desmatadas, o que leva a mais desmatamento em busca de novas áreas
de substituição. A perda dos serviços ecossistémicos aumenta a vulnerabilidade das populações locais e eleva os
impactos associados a secas e inundações.

É prática do Banco Mundial, no financiamento de projectos, avaliar os impactos ambientais decorrentes dos investimentos
por si financiados e determinar se tais impactos podem ser mitigados a partir de iniciativas de outrem. Nos caso de tal não
se verificar, é possível avaliar-se a possibilidade do uso de fundos do GEF para atender as questões ambientais do

40092 CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO E ELABORAÇÃO DO DIF.


2-2 Relatório Inicial (Versão Definitiva)
projecto nos casos em que se demonstre não existirem outras iniciativas dos governos ou de outros actores suficientes
para mitigar os impactos negativos.

No presente projecto a subvenção do GEF foi considerada oportuna e como um mecanismo eficaz para aproveitar as
potenciais sinergias entre as metas nacionais e benefícios globais, tais como redução de desmatamento e a perda de
biodiversidade e do solo e a redução das emissões de gases de efeito estufa, mantendo a integridade funcional tanto da
floresta localizada nas terras altas, como dos ecossistemas ribeirinhos. Assim no âmbito desta componente do projecto
prevê-se o monitoramento das perdas dos serviços ecossistémicos (hidrologia local, habitat para a biodiversidade nativa).
Em suma o objectivo da componente do financiamento do GEF é promover a adopção de medidas nos distritos, onde
actua o projecto, que limitem a degradação da terra e melhorem a resiliência dos ecossistemas num contexto alterações
climáticas.

2.2 OBJECTIVOS DO PRESENTE ESTUDO


O presente estudo faz parte da actividades previstas na componente do “Projecto Smallholders”, financiada pelo GEF, que
prevê a avaliação e monitoramento do impacto das actividades do projecto na perda dos serviços ecossitémicos. O estudo
utiliza uma abordagem hidrológica na avaliação dos impactos das actividades do projecto através da aplicação do modelo
hidrológico VIC (Variable Infiltration Capacity). O VIC é um modelo hidrológico de macro-escala que na sua concepção
valoriza como dados de entrada do modelo, a cobertura vegetal e o uso da terra, bem como as características do solo
através de três camadas na vertical.

O objectivo principal do estudo é avaliar os impactos no regime hidrológico da área em estudo de diferentes cenários de
uso de terra e da cobertura vegetal, que poderão resultar do desenvolvimento das actividades do projecto e de outros
planos governamentais em carteira nos seis distritos, nomeadamente os distritos de Chemba, Maringué e Caia da
província de Sofala, o distrito de Mutarara da província de Tete e os distritos de Mopeia e Morrumbala da província da
Zambézia. Aos cinco distritos incluídos no “Projecto Smallholders”, foi acrescentado o distrito do Caia devido à sua
localização geográfica no contexto da rede hidrográficas e das sub-bacias.

Como o desenvolvimento do Estudo passa pela calibração e exploração de um modelo hidrológico aplicado aos seis
distritos, a área de estudo pré-definida terá de ser adaptada aos limites das bacias hidrográficas que drenam os distritos.
Foi assim definida uma nova área de estudo que engloba para além dos distritos, as áreas das bacias hidrográficas dos
rios que drenam os distritos em causa, conforme se irá descrever em detalhe no Capítulo 4 e se apresenta na Figura 2.1.
Nesta Figura apresentam-se os limites administrativos dos seis distritos e os limites das bacias hidrográficas a estudar.

2.3 RELAÇÃO COM OUTROS PROJECTOS NA REGIÃO


A bacia do Zambeze é uma bacia internacional partilhada por 8 países da região da SADC. É uma bacia de importância
significativa para o desenvolvimento da região com mais de 30 milhões de pessoas a dependerem dos seus recursos.
Existem vários desafios relacionadas com a gestão conjunta dos recursos hídricos do Zambeze notavelmente (i) a geração
sustentável de hidro-energia, (ii) a manutenção de ecossistemas de importância regional tanto na parte do interior, como
no delta e (iii) a utilização do potencial hidrológico da bacia para reduzir a pobreza que afecta a população dos países
ribeirinhos duma forma sustentável.

A SADC tem dado atenção especial a questão do desenvolvimento sustentável da bacia do Zambeze através da
implementação de projectos específicos regionais virados para a busca de estratégias de desenvolvimento que minimizem

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 2-3
os impactos negativos e perda da biodiversidade com impactos directos sobre os ecossistemas sensíveis. Por exemplo em
2008 foi concluída a elaboração da Estratégia para a Gestão Integrada dos Recursos Hídricos da Bacia do Zambeze com
a participação de todos países ripários. Em 2011 foi concluído o estudo conjunto sobre a operação sincronizada das
principais barragens de geração de energia na bacia com vista a minimizar os impactos da operação descoordenada das
albufeiras no regime hidrológico do rio. Em 2010 o Banco Mundial concluiu um estudo da análise de oportunidades de
investimentos multissectoriais na bacia do Zambeze. Este estudo do banco é um marco importante no desenvolvimento de
uma agenda de investimentos visando o aproveitamento pleno do potencial da bacia do Zambeze para que a região se
desenvolva e aproveite de forma eficaz o seu potencial, aumentando a produtividade agrícola e a produção energética e
aproveitando as oportunidades de crescimento económico.

Pontualmente os países ou instituições responsáveis pela gestão de grandes infra-estruturas da bacia do Zambeze tem
implementado estudos específicos, na área da conservação e protecção ambiental dos recursos do rio. Destacam-se as
iniciativas visando o restabelecimento dos caudais ambientais que alimentam a zona alagada dos “Mana Pools” pelas
descargas feitas a partir da barragem de Kariba. Este projecto foi implementado usando uma plataforma de modelação
desenvolvida especificamente para o efeito designada InfoWorks. Diversos outros modelos tem sido implementados na
bacia do Zambeze visando responder a questões específicas de gestão dos recursos hídricos da bacia, de relevância para
a parte moçambicana da bacia destacam-se os modelos HEC da Agência Protecção Ambiental dos Estados Unidos e a
série dos modelos MIKE, MIKE-Basin e MIKE 11.

A iniciativa levado a cabo pelo DNPDR está em linha com as iniciativas regionais visando o desenvolvimento sustentável
dos recursos naturais da bacia do Zambeze e enquadra-se no conjunto de iniciativas, que a ARA-Zambeze tem participado
regionalmente.

40092 CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO E ELABORAÇÃO DO DIF.


2-4 Relatório Inicial (Versão Definitiva)
Figura 2.1 – Área de estudo e os distritos e bacias hidrográficas envolvidas

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 2-5
3 ANTECEDENTES
O financiamento do GEF previu o desenvolvimento de um estudo de base que tinha como objectivo definir a situação de
referência para o presente projecto. O estudo de base permitiu recolher e validar quantitativamente a informação de
sensoramento remoto da área de estudo, de modo a servir de referência na avaliação durante a implementação do
presente Estudo e em actividades futuras. Neste âmbito o projecto recebeu fundos duma linha especial de financiamento
do GEF “Special Priority of Adaptation (SPA)” para implementar um programa de fortalecimento da capacidade de
Moçambique para avaliar e integrar os riscos associados às alterações climáticas no planeamento sustentável da gestão
da terra através do teste e calibração de um modelo dinâmico de vegetação, solo e hidrologia. O modelo seria usado para
melhorar a capacidade preditiva dos impactos locais dos cenários de mudança do clima e avaliação de intervenções
prioritárias de mitigação para reduzir o impacto negativo de eventos extremos nas populações locais e os ecossistemas.

As actividades do estudo de base incluíram a calibração e teste ao nível de bacia e sub-bacia de modelos dinâmico-
hidrológicos com capacidade de simular os efeitos da mudança da cobertura vegetal (VIC, DHSVM) com a participação de
entidades locais. As actividades do estudo de base foram apresentadas no relatório do Banco Mundial publicado em
Novembro de 20061. O objectivo deste estudo de base foi reportado como sendo o de avaliar a dinâmica das mudanças do
uso de terra e da cobertura vegetal nos 10 anos antecedentes ao projecto do Vale de Zambeze visando o desenvolvimento
dos pequenos produtores orientados para o mercado.

O estudo de base teve como principais actividades:

ƒ Determinação da cobertura vegetal e classes do uso da terra, com a caracterização das dinâmicas do uso da terra e
da cobertura vegetal no período de 1995-2006 em pelo menos 5 distritos do projecto.
ƒ Biodiversidade vegetal: Preparação de perfis geo-referenciados de biodiversidade de plantas nos 5 distritos,
utilizando métodos expeditos e de baixo custo, com um retorno alto baseado em cortes-transversais segundo o
gradiente esperado.
ƒ Desenvolvimento de um quadro de análise hidrológica dinâmica: Desenvolvimento de um modelo hidrológico
baseado em processos geo-espacial-explícito que permite calcular o balaço energético duma unidade espacial do
terreno (célula), como função da estrutura física do terreno (topografia, solos) e propriedades da vegetação. Os
resultados individuais das áreas do projecto são combinados num sistema de informação dinâmica e flexível
designado Zambezi Dynamic Information Framework (ZambeziDIF).
Os resultados do estudo de base podem ser considerados como mistos. O desenvolvimento do modelo VIC na sua versão
preliminar foi feito com sucesso tendo-se obtido resultados que embora não calibrados são os esperados num modelo de
transformação de precipitação em escoamento. A análise da cobertura vegetal e do uso de terra teve resultados menos
conclusivos devido a falta e elementos suficientes de análise, nomeadamente levantamentos históricos destes dados que
permitissem determinar a dinâmica do uso de terra e cobertura vegetal. O estudo de base teve sucesso no
desenvolvimento do quadro dinâmico de armazenamento de informação, no entanto o mesmo não se encontra operacional
por ter sido desactivado no servidor onde se encontrava hospedado.

1 LOWER ZAMBEZI RIVER BASIN BASELINE DATA ON LANDUSE, BIODIVERSITY, AND HYDROLOGY. WB, Nov 2006

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 3-1
4 VISITA Á ÁREA DE ESTUDO E CONTACTO COM OS STAKEHOLDERS

4.1 INTRODUÇÃO
Os contactos e encontros em Maputo e na área de estudo realizados pela equipa técnica conjunta da Coba e da Salomon
foram preparados conjuntamente com os responsáveis da Direcção Nacional de Promoção do Desenvolvimento Rural
(DNPDR) e do Projecto de Desenvolvimento de Pequenos Produtores Orientados para o Mercado no Vale do Zambeze.

Na cidade de Maputo, para além do encontro com a DNPDR, foram realizados encontros e contactos com as seguintes
entidades

ƒ Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM);


ƒ Direcção Nacional de Águas (DNA);
ƒ Administração Regional de Águas do Zambeze (ARA-Zambeze).
Na área de estudo foram realizados encontros com as seguintes entidades:

ƒ Direcção Provincial do Plano e Finanças de Sofala;


ƒ ARA-Zambeze, que acompanhou a visita;
ƒ Facilitador Distrital (FD) do Projecto em Mopeia;
ƒ Administração do distrito de Mopeia;
ƒ Facilitador Distrital (FD) do Projecto em Maringué;
ƒ Posto Administrativo de Subwé;
ƒ Administração do distrito de Maringué.
Foram ainda visitadas as seguintes áreas específicas:
ƒ Rio Zambeze em Caia e em Mopeia;
ƒ Rio Cuácua
ƒ Sub-bacia do rio Zangué e do rio Nhamapaza nas secções de Subwé e EN1;
ƒ Sub-bacia do Lualua;
ƒ Sub-bacia do Mecombeze;
ƒ Sub-bacia de Lungozi;
ƒ Zonas agrícolas para caracterizar o tipo de solo e de cobertura vegetal.

4.2 ENCONTROS E CONTACTOS EM MAPUTO

4.2.1 Direcção Nacional de Promoção do Desenvolvimento Rural


A reunião que deu início aos trabalhos em Moçambique ocorreu com os representantes da Direcção Nacional de
Promoção do Desenvolvimento Rural, no dia 15 de Fevereiro de 2012 nas instalações da DNPDR em Maputo.

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 4-1
Da parte da DNPDR estiveram presentes a Dr.ª. Sandra Bebe, Oficial Nacional de Procurement do “Projecto Smallholders”
atrás referido, o Dr. Alfredo Ricardo Zunguze responsável do Projecto para a área do ambiente (apoiada financeiramente
pelo GEF/Fundo Global para o Meio Ambiente) e o Eng. Distino Chiare, Coordenador de Operações no Terreno (COT) e
responsável pela componente 2 do Projecto - “Desenvolvimento da Produção e da Comercialização Agrícola”. Da parte da
Coba participaram os técnicos António Alves, Maria João Calejo e José Raposo e da parte da Salomon, os técnicos Dinis
Juizo e Francisco Saimone.

Este encontro tinha como principais objectivos: a apresentação da equipa de estudo à DNPDR; o enquadramento do
estudo “Calibração do Modelo Hidrológico VIC (Variable Infiltration Capacity) e elaboração do DIF (Dynamic Information
Framework)” no “Projecto de Desenvolvimento de Pequenos Produtores Orientados para o Mercado no Vale do Zambeze
(SMALLHOLDR)”; a discussão dos objectivos a atingir e o seu enquadramento com o Projecto; a articulação e
envolvimento da equipa do estudo com a ARA-Zambeze; a identificação de condicionantes e de medidas de mitigação;
planificação dos contactos a estabelecer com as outras entidades interessadas (stakeholders); a visita à área de estudo e
a recolha da informação.

Após apresentação da equipa que desenvolverá o estudo, a Dra. Sandra fez um enquadramento geral do Projecto de
Desenvolvimento de Pequenos Produtores Orientados para o Mercado no Vale do Zambeze, que teve início em Maio de
2007. O projecto é financiado pela Agência Internacional de Desenvolvimento (IDA) e pelo Fundo Global para o Meio
Ambiente (GEF) e tem como grande objectivo aumentar o rendimento dos pequenos produtores nos distritos
seleccionados da região do Vale do Zambeze, através da mobilização das organizações de base comunitária; no apoio à
produção (financiamento, assistência técnica e comercialização e agro-processamento), e no fortalecimento da
capacidade das instituições locais num contexto de ampla descentralização. A componente ambiental apoiada pelo GEF
está ligada a actividades relativas a degradação dos solos, biodiversidade e mudanças climáticas. O principal objectivo da
componente ambiental é a sustentabilidade ambiental das medidas promotoras do desenvolvimento dos pequenos
agricultores.

Este projecto é da responsabilidade da DNPDR mas tem fortes ligações com o Ministério da Agricultura e com o Ministério
do Ambiente. Para implementação do Projecto, o DNPDR tem 13 pessoas contratadas no terreno e distribuídas pelas duas
grandes áreas de actuação: a agricultura e o ambiente, coordenadas no campo respectivamente por Distino Chiare e
Alfredo Zunguze. O Gestor do Projecto é o Sr. José Caravela, que não pode participar por estar na mesma hora numa
reunião com organizações governamentais.

O estudo “Calibração do Modelo Hidrológico VIC (Variable Infiltration Capacity) e elaboração do DIF (Dynamic Information
Framework)” é parte da componente ambiental, sendo financiado pelo GEF. No final do estudo, o modelo VIC e o
respectivo DIF ficarão instalados na ARA-Zambeze. Esta entidade irá colaborar no processo de obtenção de dados para
calibração do modelo VIC. A DNPDR esclareceu que o Projecto tem uma verba prevista para suportar os custos da
colaboração da ARA-Zambeze no estudo de calibração do modelo VIC.

O presente estudo irá compilar a informação obtida e analisada no âmbito do “Baseline data on Landuse, biodiversity , and
hydrology”. A DNPDR forneceu o DIF, que foi desenvolvido no âmbito deste estudo preliminar.

4.2.2 Instituto de Investigação Agrária de Moçambique


O encontro com IIAM realizou-se no dia 16 de Fevereiro de 2012 no sector de Solos da Direcção de Agronomia e
Recursos Naturais (DARN) e contou com a participação do Eng. Jacinto Mafalacusser. Este encontro para além de
proporcionar o envolvimento do IIAM no estudo, permitiu a análise conjunta da metodologia que se propõe seguir para a

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO E ELABORAÇÃO DO DIF.


4-2 Relatório Inicial (Versão Definitiva)
obtenção dos parâmetros de solos exigidos pelo modelo VIC. Esta análise permitiu concluir que a carta de solos da
província do Zambeze e os dados dos perfis de solos característicos das unidades de solo presentes na área de estudo
constituem a informação de base para dedução dos parâmetros pedidos pelo modelo.

Este encontro permitiu também a troca de impressões sobre o trabalho realizado anteriormente no âmbito de uma primeira
fase e que também contou com a colaboração do IIAM nomeadamente na realização dos Transects realizados para
avaliação da biodiversidade que incluíram também a realização de sondagens com a recolha de amostras de solo para
análise laboratorial no IIAM em Maputo, a classificação do solo no campo de acordo com taxonomia proposta pela USDA e
a realização de ensaios de infiltração usando um infiltrómetro modificado.

4.2.3 Direcção Nacional de Águas


O encontro com a DNA realizou-se no dia 17 de Fevereiro de 2012 na sede da DNA em Maputo. Este encontro contou
com a participação da Engª. Susana Loforte - Directora Nacional, do Eng. Hélio Banze - Director Nacional Adjunto, Engª.
Ana Isabel Fotime - Directora Interina do Departamento de Gestão dos Recursos Hídricos (DGRH), Eng. Ronaldo Huguare
– Responsável pelo Gabinete dos Rios Internacionais (GRI), Engª. Rute Nhamundo do DGRH, Eng. Isac Filimone do
sector de hidrometia do DGRH e do Eng. Egídio Gouvane do DGRH.

Da DNPDR estiveram presentes o Director Nacional Adjunto Sr. Olegário Banze e o Sr. Alfredo Zunguze.

O Director Nacional Adjunto da DNPDR fez uma descrição geral do “Projecto de Desenvolvimento de Pequenos
Produtores Orientados para o Mercado no Vale do Zambeze” e identificou os objectivos atingir e a importância do presente
estudo “Calibração do Modelo Hidrológico VIC (Variable Infiltration Capacity) e elaboração do DIF (Dynamic Information
Framework)” na identificação dos impactos dos vários cenários de desenvolvimento agrícola no regime dos rios que
drenam os distritos da área de estudo. Foi realçada a intervenção da ARA-Zambeze a quem será entregue no final os
resultados do estudo relativo ao modelo VIC e o DIF.

Os aspectos mais específicos do estudo que será desenvolvido foram apresentados pelo “Team Leader” Dinis Juízo e por
António Alves.

Os técnicos da DNA colocaram algumas questões relativamente às relações do modelo VIC com os modelos utilizados na
ARA-Zambeze, nomeadamente com o MIKE 11; ao papel da ARA-Zambeze no Estudo; à possibilidade de utilização do
modelo para à identificação das áreas de inundação e sobre a definição da área de estudo (distritos de Chemba,
Maringué, Mopeia, Morrumbala, Mutarara e Caia). A todas as questões levantadas foram prestados esclarecimentos.

4.2.4 Administração Regional de Águas do Zambeze


O encontro com a ARA-Zambeze realizou-se no dia 18 de Fevereiro de 2012 e contou a participação da Eng.ª Cacilda
Machava - Directora Geral da ARA- Zambeze, da Eng.ª Isabel Cossa – Chefe do Departamento de Economia Rural da
DNPDR e do Dr. Alfredo Ricardo Zunguze.

O encontro com ARA-Zambeze tinha como principal objectivo a concertação de esforços no sentido de se obter caudais
nos principais rios da área de estudo, necessários para calibrar o modelo VIC. Foi referido que se deveria utilizar ainda
esta época de chuvas para realizar algumas medições de caudais nos locais previstos para calibrar o modelo,
nomeadamente no rio Lualua e no rio Lungozi na margem esquerda do Zambeze e possivelmente no rio Zangué ou no rio
Nhamapaza na margem direita do Zambeze.

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 4-3
A Sr.ª Directora informou que os técnicos da ARA-Zambeze Carlos Rego e Pechisso se encontravam na Vila de Caia para
fazer uma medição de caudais no Rio Zambeze no Caia e que acompanhariam a visita ao campo e iriam também realizar
as primeiras medições de caudais, usando o micromolinete que foi transportado da sede da ARA-Zambeze em Tete.

Foi destacado na reunião que para calibrar o modelo VIC é fundamental ter caudais nos locais de calibração do modelo e
para isso é necessário efectuar medições de caudais em número suficiente para se obter as curvas de vazão. Neste
sentido é necessário que no escritório da ARA-Zambeze no Caia esteja sempre um aparelho para medir caudais nos rios.
Como a ARA-Zambeze apenas tem um aparelho destes, ficou definido que através do apoio financeiro do “Projecto
Smallholders” à ARA-Zambeze, iria ser comprado um equipamento para ficar sediado em Caia. Enquanto não se faz a
aquisição deste aparelho, deveria ser negociado o empréstimo de um aparelho da ARA-Centro para estas funções.

Ficou visto que no presente relatório deveriam ser descritas as tarefas previstas para a colaboração da ARA-Zambeze,
tendo em vista um possível financiamento do “Projecto Smallholders”, que será descrito no 6.3.5.3.

4.3 VISITAS E ENCONTROS REALIZADOS NA ÁREA DE ESTUDO

4.3.1 Introdução
A visita à área de estudo decorreu entre os dias 20 e 23 de Fevereiro. A visita foi planeada conjuntamente com a DNPDR
e contou com a presença ao longo de todo o tempo do Dr. Alfredo Zunguze, cuja participação na visita de estudo foi
fundamental nos contactos com as várias entidades, permitindo também uma intensiva e frutuosa troca de impressões ao
longo de toda a visita.

A visita efectuada à área de estudo privilegiou o reconhecimento dos rios quer da margem esquerda quer da margem
direita do rio Zambeze, com vista à identificação das bacias para as quais será feita a calibração do modelo, o
reconhecimento dos principais usos e cobertura da terra, e o reconhecimento das características dos solos.

Para além do reconhecimento da área estudo, foram efectuados contactos com os diversos “stakeholders”. Na Beira
houve uma reunião com a Directora Provincial do Plano e Finanças, com o Secretário Permanente do Distrito de Mopeia,
com o Administrador do distrito de Maringué e com o secretário do Posto Administrativo de Subwé.

4.3.2 Encontro na Direcção Provincial do Plano e Finanças de Sofala


A visita à área de estudo iniciou-se com um encontro com a Sr.ª Directora Provincial do Plano e Finanças da Província de
Sofala, na cidade da Beira. Neste encontro foi feita uma breve apresentação do projecto e do estudo a desenvolver, da
equipa de trabalho responsável pelo trabalho e dos grandes objectivos da visita à área de estudo: contacto com os
stackeholders, reconhecimento de campo e preparação da revisão da metodologia inicialmente proposta.

A importância dos estudos e projectos que permitam reduzir/combater a pobreza e garantir a sustentabilidade do ambiente
foi realçada pela Sr.ª Directora.

4.3.3 Visita às bacias hidrográficas e aos distritos da margem esquerda do rio Zambeze
A visita efectuada às bacias da margem direita rio Zambeze teve como objectivo principal a selecção da(s) sub-bacia(s) a
utilizar no processo de calibração assim como o reconhecimento dos usos e cobertura da terra e características dos solos
dominantes na área de estudo.

No início da visita foi efectuado um primeiro encontro com uma brigada da ARA-Zambeze, constituída pelos técnicos
Carlos Rego e Pechisso, que se encontrava no Caia para realizar medições de caudal no rio Zambeze e no rio Chire. Este

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO E ELABORAÇÃO DO DIF.


4-4 Relatório Inicial (Versão Definitiva)
encontro, no seguimento dos contactos efectuados com a Sr.ª Directora Geral da ARA-Zambeze, permitiu a concertação
de esforços e a identificação dos principais problemas para a obtenção das curvas de vazão para calcular os caudais
necessários para a calibração do modelo.

O trabalho de campo foi feito fundamentalmente no rio Lualua junto à EN1 ( Fotografia 4.1 e Fotografia 4.2) e no rio
Lungozi junto à EN1 (Fotografias 3.3) e junto a Mopeia (Fotografias 3.4), tendo-se visitado também os rios Mutiade e
Mecombeze.

No rio Lualua junto à EN1 houve a oportunidade de visitar a estação hidrométrica tendo-se constatado que a escala para
medição níveis baixos se encontra danificada obrigando o leitor da estação a inferir as leituras. Esta deficiência foi relatada
à ARA-Zambeze no sentido de se proceder com a brevidade possível à substituição da escala. Houve ainda a
oportunidade de trocar impressões com o leitor da estação, motivando-o para a importância dos dados desta estação e
informando-o sobre o objectivos do Projecto.

Fotografia 4.1 - Vista do rio Lualua para jusante na EN1

Fotografia 4.2 – Vista do rio Lualua para montante na EN1

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 4-5
A visita efectuada revelou que esta sub-bacia reúne as condições necessárias para ser utilizada na calibração do modelo.
Devendo para tal proceder-se à realização de medições de caudal para cálculo da curva de vazão tanto em Lualua na
secção do rio junto à Estrada Nacional, como na estação hidrométrica de Derre. Este trabalho terá de decorrer durante o
ano de 2012 e até ao fim da época de chuvas de 2013, para permitir gerar caudais diários e assim possibilitar a calibração
do modelo VIC.

O rio Lungozi foi também visitado de modo a verificar a possibilidade de ser utilizado na calibração do modelo VIC. Para
este efeito seria necessário instalar uma estação hidrométrica, que poderia ficar localizada na secção da estrada EN1
(Fotografia 4.3) ou numa secção perto de Mopeia (Fotografia 4.4), tendo-se optado por esta última.

Fotografia 4.3 - Rio Lungozi junto à EN1

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO E ELABORAÇÃO DO DIF.


4-6 Relatório Inicial (Versão Definitiva)
Fotografia 4.4 - Rio Lungozi junto a Mopeia

Como já foi referido a visita a área de estudo tinha também como objectivos o reconhecimento dos usos e cobertura da
terra e das unidades de solos dominantes. Neste âmbito foram abertos dois pequenos perfis: um numa área cultivada com
milho (Fotografia 4.5) e outro com a cultura do amendoim (Fotografia 4.6) na Casa Branca.

Fotografia 4.5 - Abertura de um perfil numa machamba com cultura do milho (Casa Branca) em Mopeia

Na visita ao distrito de Mopeia houve ainda a oportunidade de trocar impressões com o Sr. Secretário Permanente do
Distrito de Mopeia (João Pedro) que manifestou a total disponibilidade do Governo do Distrito em tudo o que possa
colaborar.

Ao Facilitador Distrital (Eng. Labiano) foram solicitados os dados existentes no distrito relativamente às áreas cultivadas e
a produtividade das principais culturas para o período 2006-2011, assim como os planos de desenvolvimento e
ordenamento previstos para o Distrito de Mopeia. Estes dados são fundamentais a definição dos cenários de uso e
ocupação das terras.

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 4-7
Fotografia 4.6 - Abertura de um perfil numa machamba com cultura do amendoim (Casa Branca)

4.3.4 Visita às bacias hidrográficas e aos distritos da margem direita do rio Zambeze
No reconhecimento efectuado aos afluentes da margem direita do rio Zambeze, foram visitados os rios Zangué (Fotografia
4.7) e Nhamapaza (Fotografia 4.8 e Fotografia 4.9), tendo-se verificado que se trata de rios de regime torrencial, com
caudais apenas em situação de grandes chuvadas e sem caudais permanentes na época húmida. Esta contestação levou
a desistir de instalar estações hidrométricas nesta zona.

Esta visita foi realizada conjuntamente com os técnicos da ARA-Zambeze, Carlos Rego e Pechisso, responsáveis pela
medição de caudais.

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO E ELABORAÇÃO DO DIF.


4-8 Relatório Inicial (Versão Definitiva)
Fotografia 4.7 - Rio Zangué junto à EN1

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 4-9
Fotografia 4.8 - Rio Nhamapaza junto a Subwé

Fotografia 4.9 - Rio Nhamapaza junto à EN1

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO E ELABORAÇÃO DO DIF.


4-10 Relatório Inicial (Versão Definitiva)
No âmbito do trabalho de reconhecimento dos solos foram abertos dois perfis: o primeiro junto à localidade de Subwé
numa parcela não cultivada ocupada com mato e o segundo numa machamba com a cultura do milho.

O primeiro perfil com uma profundidade relativamente pequena tinha como objectivo principal apenas o reconhecimento da
textura do solo (Fotografia 4.10).

Fotografia 4.10 - Reconhecimento das principais características dos solos (Próximo de Sùbué)

Fotografia 4.11 - Abertura dum perfil num machamba com a cultura de milho

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 4-11
No segundo perfil, com 1,50 m de profundidade, para além da descrição sumária no campo dos horizontes e do
reconhecimento da textura procedeu-se à recolha de amostras de solo para determinação laboratorial da textura, pH,
carbono orgânico total, fósforo e potássio extraíveis, bases de troca e capacidade de troca catiónica.

Na vista ao distrito de Maringué houve ainda a oportunidade de trocar impressões com o Sr. Administrador do Distrito. Ao
Facilitador Distrital do Projecto (Eng. Abel Joia) foram solicitados os registos existentes no distrito das áreas cultivadas e
produtividades das principais culturas para o período 2006-2011.

4.4 DADOS HIDROMETEOROLÓGICOS EXISTENTES NA ÁREA DE ESTUDO


A visita foi utilizada igualmente para fazer a inventariação dos dados hidrometeorológicos existentes na área de estudo,
tanto para os dados de entrada do modelo, fundamentalmente dados meteorológicos, com destaque para os dados de
precipitação, como para os dados de caudal necessários para a calibração do modelo.

Na Figura 4.1 e na Figura 4.2 apresentam-se as localizações das estações udométricas e hidrométricas que existiram ou
existem na área de estudo. Foram apenas seleccionadas as estações que possuem dados nas décadas de 60 e/ou 70. A
partir de 1981, como início da guerra civil, a maioria das estações deixaram de funcionar, em particular as estações
hidrométricas, que se localizam em sítios menos acessíveis. Algumas estações reiniciaram o seu funcionamento em 2003,
com o estabelecimento da ARA-Zambeze. As estações hidrométricas, na sua maioria apenas têm dados de alturas, pois
as curvas de vazão não estão actualizadas.

Na Figura 4.3 e na Figura 4.4 apresentam-se os inventários dos dados de precipitação diária e de alturas hidrométricas
registadas nas estações atrás referidas, com registos até 1982. Foram eliminadas estações com menos registos e que se
concentrem na mesma área. Algumas estações que apresentam poucos dados históricos, foram consideradas, pois
correspondem a estações actualmente operacionais ou em vias de serem instaladas.

Está ainda em análise, de utilizar como dados de entrada do modelo, os dados meteorológicos obtidos a partir de imagens
de satélite, pois existe bastante trabalho de investigação nesta área com aplicação directa à bacia do rio Zambeze, usando
os satélites FEWS, TRMN e CMORPH, conforme se descreve no ponto 6.3.2.

Estes dados são no entanto para um período recente, para os quais não existem neste momento dados de caudais para
calibrar o modelo VIC, pelo que se decidiu inventariar os dados históricos, permitindo em alternativa aplicar e calibrar o
modelo VIC para um período na década de 60 ou 70.

Para calibrar o modelo para um período recente é necessário uma campanha intensa de medições de caudais que permita
estabelecer curvas de vazão e calcular caudais a partir das alturas de água registadas. Na nossa área de estudo estão em
operação as estações E101-Derre e E480 – Campo (EN1) no rio Lualua e as estações E289 – Megaza e E288 – V.
Bocage no rio Chire e no rio Zambeze as estações E299 –Nhacolo (Tambara). E293 – Nhamayàbuè (Mutarara), E291 –
Caia, E285 – Marromeu.

Está em curso na ARA-Zambeze o reforço da actividade de medições de caudal, para serem estabelecidos curvas de
vazão para muitas estações do Baixo Zambeze, para se poder haver para além de alturas, também caudais nestas
estações.

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO E ELABORAÇÃO DO DIF.


4-12 Relatório Inicial (Versão Definitiva)
Figura 4.1 - Localização das estações udométricas

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 4-13
Figura 4.2 - Localização das estações hidrométricas

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 4-15
1950 1960 1970 1980
EST. LOCALIDADE RIO DISTRITO
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1 2
24 Inhaminga Zambeze So/Cheringoma - - x x x x x x x x x x x x - - x x - x x - x x x -
26 Dona Ana Zambeze Te/Mutarara - x x x x x x - - x x x x x x x x x x x - - x x x -
28 Chemba Zambeze So/Chemba x - x - x x - x -
29 Chiramba Zambeze So/Chemba x x x x x x x x x - x x x x x x x x x x x x x - x x - - - -
30 Tambara Zambeze Mn/Tambara - x - - x x x x x x x - - - x - x x x - x x x - x x - - x x
33 Mandie Zambeze Mn/Guro - - x x x x - x x x x x x x x x x x - -
49 Chilomo Zambeze Za/Morrumbala - - - - x - - - x - x x x x x x x x x -
51 Megaza Zambeze Za/Morrumbala - - x x x x - x x - - - x - - -
62 Caia Zambeze So/Caia - x x x x x - - -
64 Sena Zambeze So/Caia - - - x x x x x x x - - - - -
117 Marromeu Zambeze So/Marromeu - - - x x x x x x x -
151 Inhangulue Lualua Za/Quelimane - - - - x x x x x x x x x x x - x x x x - x x - - - - -
153 Micaune Zambeze Za/Chinde - - - - x x x x x x x x x x x x x x x x x x x - x x -
160 Liazi Agricola Licungo Za/Milange - - x x x x x x - - x x x x x x x - - x - - x x -
168 Inhagoma Zambeze Te/Mutarara - x - x x x x - - - x x x x x x x x x x - - - x x -
171 Charre Posto FiscaZambeze Te/Mutarara - x x x x x x x x x x x x - x x - x x x - x - x x x x
172 Mutarara Zambeze Te/Mutarara - x x x x x x x - - - - - x x -
173 Chavundira KM 25 Zambeze Te/Mutarara - x - x x x x x x - x x x x x x x x x x - - x x x x
176 Doa KM 100 Zambeze Te/Mutarara - - - - - x x x x x x x x x x x x x - x - - - -
178 KM 131 Zambeze Te/Mutarara - - x x x x x x x x x x x x x - - x x - -
- - - - - -
179 Mecito KM 148 Zambeze Te/Mutarara - x x x x x x x x x x x x x x - - x x - -
- - - - - -
184 Micaune Posto AdmZambeze Za/Chinde - - - - - x x x x x x x x x x x x x x x x - - -
- -
185 Luabo Zambeze Za/Chinde - - - - - x x x x x x x x x x x x x x x x - - -
- -
204 Muanaiu Zambeze Za/Chinde x - - x x x x x x x x x - x x x - x x x x x
205 Zongorgue Pungue So/Gorongosa - x x x x x x x x x x x x x x - x x x x x x x x x - - x
218 Mopeia Zambeze Za/Mopeia - x x x x x x x x x x x x x x x x x - x x - x -
263 Temane Lualua Za/Quelimane - x - - - x x - x - - - - x x x x x - -
273 Chitui Zambeze Te/Mutarara - - - - - x x x x x x x x x x x x x x - x x - - x - - - -
320 Mocuba Licungo Za/Mocuba - x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x - -
339 Maringue AlgodoesZambeze So/Chemba - x x x x x x - x x x x x x x x x x x x x x - x -
344 Bompona Chire Te/Mutarara - x x x x x - - - - - - x x x x x - x x x - - - x
347 Magagade Zambeze So/Caia - x x x x x x x - - - x x - x x x x x -
352 Canxixe Zambeze So/Chemba - x x x x x x x x - - x x x - x x x x x x x - -
363 Derre Lualua Za/Morrumbala - x x x x x x - x x x x x x x x x x x x x x x x -
365 Urema E.N.218 Pungue So/Cheringoma - - x x x x x x x x x x x x - x x x x x x x - - x
379 Supia Chire Te/Mutarara - x x x x x x x x x x x x x x x x - x - - -
400 Mussuluga Lualua Za/Quelimane - x x x x x x x x x x - x x x - - x - - -
406 Palane Lualua Za/Quelimane - x x x x - - x x x x x x - -
419 Molima Zambeze So/Chemba - - - - x - x x x x x x x x - - x x x x
469 Chingoma Licungo Za/Mocuba - x - - x x x x x x - x x -
479 Liciro Licungo Za/Milange - x - - x x x x x - x - x -
483 Ponderane Chire Za/Milange - x x x - - - x x - - x x x - - -
485 Simbe Chire Za/Milange x x - x x x x x x x x x x x - x - x -
490 Catulene Zambeze So/Chemba x x x x x x x x x x x x x - -
492 Caniaculo Zambeze Mn/Tambara - - x - - x - x x x x x x x x x x - - - -
502 Macossa Pungue Mn/Barue x x x - x - x x x x x x - x - - x - x
503 Macanda Zambeze So/Caia - x x x x x x x x x - x x x - - x
504 Metolola Lualua Za/Zambezia - x x - - x x x x x x -
505 Licuar Lualua Za/Namacurra - x - x x x x x x x x x x x x - x x x x x
517 Lundo Zambeze So/Barue - x x x x x x x x - x x x -
528 Vila Bocage Chire Za/Morrumbala - x x x x x - x x x x x x x x x x x - x -
531 Catunguirene Luenha Mn/Guro - x x - x - - x x - x x x - x x x x x -
566 Chindio Zambeze So/Caia - - x - - - x x - x x x - x - x x - x - -
567 Lupata I Zambeze Te/Tambara x x x x -
595 Luenha II Luenha Mn/Guro - - - - - x - - - x - x x - - x x x x x - x
613 Lacerdonia Zambeze So/Marromeu - x x x x x x - -
624 Mutarara Nova Zambeze Te/Mutarara - - x x x x x x - x x -
625 Chaonda Namacurra Za/Mocuba - - - - x x x x x x x x x x x -
659 Nhampassa Pungue Mn/Barue - - - - - x x x x x x -
681 Nhamerundo Zambeze So/Marromeu - x x x x x - - x - x - - x -
684 Alto Benfica Licungo Za/Mocuba - x x x x x x x x x - x x - - - - -
742 Serra Tundo Licungo Za/Milange - x x x - x x x x x x x x -
790 Inhaminga Zangue So/Cheringoma - x x x x x x - x -
829 Morrumbala Zambeze Za/Morrumbala - x x - - x - - x x x - x x x - - -
835 Mutarara Zambeze Te/Mutarara - - x x x - x - x - - - x x - - x x - - -
862 Catandica Pungue Mn/Barue x x x x x x - x x - x x - - x x x x x x - - x x x x x x -
871 Abreu Zambeze Za/Quelimane - x x x x x x x - - x - - - - - -
872 Armadina Lualua Za/Quelimane - x x x x x x x - - x - - - - - -
876 Magurumane Lualua Za/Quelimane - x x x x x x x - - x - - - - - -
926 Morire Chire Za/Morrumbala - x x x x x x - - -
927 Licuari Lualua Za/Namacurra - x x - - x - - - - - -
930 Mongoe Chire Za/Milange - x x x x x x x x x - - -
973 Campo Lualua Za/Mopeia - x x x - x x x x - x -
984 Seixa Lualua Za/Morrumbala x x x - - -
985 Boroma Zambeze Za/Morrumbala - x x - x - -
988 Mecumbeze Lualua Za/Mopeia x x x x x - - - x -
1121 Mecange Zambeze Za/Morrumbala - x x - x x x - x
1128 Namezinga Zambeze Za/Morrumbala - x x x x x - x -
1129 Galave Lualua Za/Morrumbala - x x x x x x x -

x Ano completo
- Ano com falhas nos dados
Ano sem dados

Figura 4.3 – Inventário dos registos de precipitação diária

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 4-17
1950 1960 1970 1980
EST. LOCALIDADE RIO DISTRITO
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1 2
E 101 Derre Lualua Za/Mopeia - x x x x x x x - x x x x x - x x x - - x x x -
E 104 Nicuadala Campo Licuare ZA/Nicoadala - - - x - x - x x x x x x x x x x - - x x -
E 285 Marromeu Zambeze So/Marromeu - x x x x x x - - -
E 288 V.Bocage Chire Za/Morrumbala - x x x x x x x - - - - - x x x - - - x -
E 289 Morrumbala Chire Za/Morrumbala - - x - x x x - - - - x x x - - x x - x - - x -
E 291 Caia Zambeze So/Marromeu - x - - - - - - - x - - x x x - - - - - -
E 292 Chindio Zambeze Te/Mutarara - - x x x x x x x x x x x x x x x x x - - x -
E 293 Nhamayabuè Zambeze Te/Mutarara - - x - - x x x x - - -
E 295 Chiramba Zambeze So/Chemba - x x x x x x x x x - - x x x x x x x - - x x x - - - - - -
E 298 Lupata Zambeze Te/Chiuta - - -
E 299 Nhacolo Zambeze Te/Chiuta x x - - - - - - - x x x x x x x x x x x x x x - x - x x x - -
E 403 Mopeia Cuácua Za/Mopeia - - x x x x x - - - - -
E 405 Mecombeze Mecombeze Za/Mopeia - x - - x - x - - - - -
E 442 Mopeia Lungozi Za/Mopeia - - x - - - - - - - -
E 480 Campo Lualua Za/Mopeia - x x - x x x x x -

x Ano completo
- Ano com falhas nos dados
Ano sem dados

Figura 4.4 – Inventário dos registos de alturas hidrométricas

4.5 ANÁLISE DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS VISITADAS


No âmbito da vista à área de estudo e como foi referido atrás, foram analisadas as características das bacias hidrográficas
que poderiam ser usadas para calibrar o modelo e por consequência seleccionadas para instalar estações hidrométricas.

Margem Direita do Rio Zambeze

A análise do inventário das estações hidrométricas permitiu verificar que na área de estudo, na margem direita do rio
Zambeze nunca foram instaladas estações hidrométricas.

A maior bacia hidrográfica e com maior influência na área de estudo é bacia do rio Zangué com uma área total de
9182 km2. Recentemente a ARA-Zambeze instalou uma estação no Rio Zangué junto à EN1, mas verificou que esta
secção do rio era influenciada pelos caudais do rio Zambeze e foi abandonada. Na nossa visita foi observado o local onde
foi instalada esta estação e mais dois locais a montante, nomeadamente no rio Nhamapaza na EN1 e junto ao posto
administrativo de Subwé.

Verificou-se na visita, que foi realizada em plena época húmida (Fevereiro), que o rio Nhamapaza estava completamente
seco em Subwé (Fotografia 4.8) e sem caudal na EN1 (Fotografia 4.9). Da conversa com as autoridades locais constatou-
se que o rio Nhamapaza é um rio de regime torrencial, só registando caudais quando chove de modo intenso e secando o
rio com o fim da chuva. Neste contexto não é fácil fazer medições de caudais, pois mesmo que a equipa da ARA-Zambeze
seja informada em tempo real, quando se deslocasse para o local já a cheia teria passado e o rio teria caudal nulo ou
muito baixo, impossibilitando a definição de uma curva de vazão.

Como as restantes bacias que drenam os distritos desta margem (Sangadeze e Mepuze) são de menor dimensão e
apresentam igualmente características de regime torrencial, foi considerado que não se deveria criar estações
hidrométricas nesta zona.

Pode-se no entanto concluir que o conhecimento das características de regime torrencial nas bacias existentes na margem
direita do Zambeze, irá contribuir para verificar a calibração efectuada para o modelo VIC, mesmo que de um modo
qualitativo.

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO E ELABORAÇÃO DO DIF.


4-18 Relatório Inicial (Versão Definitiva)
Margem Esquerda do Rio Zambeze

A análise do inventário das estações hidrométricas permitiu verificar que na área de estudo (margem esquerda do rio
Zambeze) e que abrange os distritos de Mutarara, Morrumbala e Mopeia e é drenada principalmente pelos rios Chire e
Cuácua, existiram várias estações hidrométricas em funcionamento, algumas delas que estão actualmente operacionais
em contraste com as sub-bacias da margem direita.

Para além e várias estações no rio Zambeze, estão ainda em operação as estações E101-Derre e E480 – Campo (EN1)
no rio Lualua e as estações E289 – Megaza e E288 – V. Bocage no rio Chire. No entanto, estas estações apenas
possuem dados de alturas, pois não têm curvas de vazão actualizadas.

Estas estações hidrométricas reiniciaram o seu funcionamento em 2003, com o início do funcionamento da ARA-Zambeze.
Desde esta data tem havido a recolha regular de dados de alturas hidrométricas e está em curso o reforço da actividade
de medições de caudal, para serem estabelecidos as respectivas curvas de vazão e assim terem igualmente caudais
nestas estações. Este reforço de medições e está a ser feito apenas para as estações do rio Chire e do Zambeze para
apoiar o modelo actual de previsão de cheias.

No âmbito do nosso Estudo está previsto actualizar a curva de vazão da E 101 – Derre e calcular curvas de vazão da nova
estação E480 (agora localizada na EN1) já operacional e da nova estação E442-Mopeia a reinstalar no local antigo.

Assim a calibração do modelo VIC será feita a partir destas três estações hidrométricas. Se for possível obter caudais no
rio Chire, poderá igualmente ser feita uma calibração mais simplificada a partir dos caudais do rio Zambeze em Caia.

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 4-19
5 DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

5.1 INTRODUÇÃO
A área de estudo proposta pelos Termos de Referência incluia os distritos de Chemba, Maringué e Caia da província de
Sofala, o distrito de Mutarara da província de Tete e os distritos de Mopeia e Morrumbala da província da Zambézia, cujos
limites administrativos se apresentam na Figura 2.1 atrás referida.

Como o objectivo do estudo é a calibração e exploração de um modelo hidrológico aplicado aos seis distritos em causa, a
área de estudo pré-definida terá de ser adaptada aos limites das bacias hidrográficas que drenam os distritos. Foi assim
definida uma nova área de estudo que engloba para além dos distritos, as áreas das bacias hidrográficas dos rios que
drenam os distritos em causa.

A área de estudo irá igualmente enquadrar-se no contexto mais amplo da bacia hidrográfica do rio Zambeze, dando
particular atenção aos rios Chire e Cuácua, que se localizam na área de estudo.

5.2 BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO ZAMBEZE E DOS RIOS CHIRE E CUÁCUA


A bacia hidrográfica do rio Zambeze tem uma área total de 1 380 000 km2 repartindo-se por oito países da África Austral:
Zâmbia; Angola; Namibia; Botswana; Zimbabwe; Malawi; Tanzânia e Moçambique.

O rio Zambeze nasce nas montanhas de Kalene no extremo noroeste da Zâmbia, à altitude de 1 450 m e desagua em
Moçambique no Delta do Zambeze, após percorrer 2 700 km. Depois de sair das montanhas de Kalene, o rio atravessa o
Noroeste de Angola e o Oeste da Zâmbia, forma a fronteira Norte da Namibia (na faixa de Caprivi) e a fronteira entre a
Zâmbia e o Zimbabué e entra em Moçambique próximo da localidade do Zumbo à altitude de 330 m.

Ao longo dos 260 km do leito do rio Zambeze entre Zumbo e Cahora Bassa, desenvolve-se a albufeira de Cahora Bassa.
A barragem foi construída numa garganta de margens íngremes e cerca de 600 m de altura. O rio Zambeze continua
encaixado para jusante, formando um desfiladeiro que se alarga próximo do local de Mphanda Nkuwa, a partir do qual o
rio entra numa peneplanície. Cerca de 80 km a jusante de Tete, encontra-se a garganta de Lupata, onde o Zambeze
atravessa a última formação rochosa a uma altitude de 95 m, entrando nos 350 km finais da planície, antes de desaguar
no Oceano Índico. Neste troço final o rio tem entre 3 a 5 km de largura, por vezes mais, com braços e meandros e
margens nem sempre bem definidas. O delta do Zambeze começa em Mopeia, aproximadamente a 150 km da costa. A
influência da maré é evidente nos últimos 80 km.

A maior parte da bacia do Zambeze (42%), localiza-se na Zâmbia, no entanto o Malawi tem quase a totalidade do seu
território (93%) no interior da bacia do Zambeze, sendo drenado pela bacia hidrográfica do rio Chire. Botswana, Namibia e
Tanzânia são os países com pequenas áreas da bacia no seu interior (inferiores a 3%).

O rio Chire drena o Lago Niassa, que é o terceiro maior lago de África, depois dos Lagos Vitória e Tanganica. A sua bacia
compreende quase todo o Malawi e uma pequena área na Tanzânia. O rio Chire sofre um grande efeito de regulação,
primeiro devido ao próprio Lago Niassa e depois pelo atravessamento duma extensa zona de pântanos, antes de entrar
em Moçambique. A bacia hidrográfica tem uma área total de 158 000 km2, desagua o rio Chire no rio Zambeze junto à vila
de Caia. O rio Chire faz de limite fronteiriço com Malawi e separa a província de Tete da província de Zambézia, servindo
igualmente de limite aos distritos de Mutarara, Morrumbala e Mopeia.

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 5-1
O rio Cuácua, constitui o canal Norte do Delta do Zambeze, tem o seu início na margem esquerda do rio Zambeze, cerca
de 8 km a jusante da vila de Caia e vai desaguar no Oceano Indico, na Baia dos Bons Sinais, junto à cidade de
Quelimane. O rio Cuácua drena os distritos de Morrumbala e Mopeia, através de vários afluentes de regime quase
permanente que estão integrados na área de estudo e serão alvo de estudos detalhados. A Fotografia 5.1mostra o rio
Cuácua junto a Mopeia, em Novembro de 2004, em situação de cheia no Zambeze o que cria caudais elevados no rio
Cuácua.

Fotografia 5.1- Rio Cuácua junto a Mopeia (Fonte: Coba, Nov.2004)

5.3 DISTRITOS EM ANÁLISE


No contexto no projecto mais amplo que está neste momento a decorrer, a área de estudo inclui os seis distritos: Chemba,
Maringué e Caia, Mutarara, Mopeia e Morrumbala, cujos limites administrativos se apresentam na Figura 2.1. No Quadro
5.1 apresentam-se as áreas dos distritos e a respectiva população residente de acordo com o Censo de 2007.
Quadro 5.1 – Área e população residente nos distritos da área de estudo

População
Área Residente
Província Distrito
(2007)
(km2) (hab.)
Tete Mutarara 6367 207010
Sofala Chemba 3977 63981
Sofala Maringué 6149 75135
Sofala Caia 3585 115612
Zambézia Mopeia 7671 115291
Zambézia Morrumbala 12800 358913
Total 40549 935942
Como se pode observar os seis distritos têm uma área total de 40 500 km2 e uma população residente em 2007 de cerca
de 940 000 habitantes, que é cerca de 4,5% da população total do País. Estes distritos localizam ao longo do rio Zambeze,
na região do Baixo Zambeze entre a garganta de Lupata (Fotografia 5.2) e o distrito de Mopeia (Fotografia 5.3), numa
extensão de cerca de 275 km.

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO E ELABORAÇÃO DO DIF.


5-2 Relatório Inicial (Versão Definitiva)
Fotografia 5.2 - Rio Zambeze na garganta de Lupata

Fotografia 5.3 - Rio Zambeze perto de Mopeia

5.4 SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS


Conforme se referiu atrás, a área de estudo para além de incluir os seis distritos, deverá ser expandida para incluir as sub-
bacias dos rios Zambeze, Chire e Cuácua, que drenam os distritos. No Quadro 5.2 e Quadro 5.3 apresentam-se algumas
características das principais sub-bacias hidrográficas e dos segmentos de bacia. Os segmentos de bacia, são pequenas
sub-bacias hidrográficas, que se organizam em troços de bacia localizados entre duas confluências consecutivas de sub-
bacias hidrográficas. A estruturação da área de estudo em sub-bacias e segmentos de bacia permite dar coerência
hidrológica à área de estudo e apoiar a aplicação do modelo de propagação de caudais.

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 5-3
Quadro 5.2 – Sub-bacias hidrográficas da área de estudo

Sub-bacia Distrito Rio Principal Área (km2)

Muira - Zambeze (Margem Direita) 3598


Pompuè Chemba/Maringué Zambeze (Marg. Direita) 5727
Sangadeze Chemba/Maringé Zambeze (Marg. Direita) 2097
Mepuze Chemba/Maringé/Caia Zambeze (Marg. Direita) 1802
Zangué Maringé/Caia Zambeze (Marg. Direita) 9182
Minjova Mutarara Zambeze (Marg. Esquerda) 2217
Soródezi Mutarara Zambeze (Marg. Esquerda) 1139
Nhavudezi Mutarara Zambeze (Marg. Esquerda) 1392
Missongué Morrumbala Chire (Marg. Esquerda) 979
Nhatéza Morrumbala Chire (Marg. Esquerda) 903
Mutiade Morrumbala/Mopeia Cuácua (Marg. Esquerda) 901
Lungozi Morrumbala/Mopeia Cuácua (Marg. Esquerda) 1111
Mecombeze Morrumbala/Mopeia Cuácua (Marg. Esquerda) 976
Lualua Morrumbala/Mopeia Cuácua (Marg. Esquerda) 6401
Licuare Morrumbala/Mopeia Cuácua (Marg. Esquerda) 5134
Quadro 5.3 – Segmentos de bacia na área de estudo

Segmento Rio Área


Distrito
bacia Principal (km2)
C1 Morrumbala/Malawi Chire 2926
C2 Morrumbala/Malawi/Mutarara Chire 2050
C3 Morrumbala/Mutarara/Mopeia Chire 2302
S1 Mutarara Zambeze 515
S2 Mutarara Zambeze 349
S3 Mutarara/Chemba Zambeze 1409
S4 Mutarara/Chemba Zambeze 99
S5 Mutarara/Chemba Zambeze 1436
S6 Maringué/Chemba/Caia/Mutarara Zambeze 1378
S7 Mutarara/Caia Zambeze 128
S8 Mutarara/Mopeia Zambeze 612
S9 Mopeia Cuácua 400
S10 Mopeia Cuácua 360
S11 Mopeia Cuácua 713
S12 Mopeia Cuácua 1700
S13 Mopeia Cuácua 1656
As 15 sub-bacias hidrográficas e os 16 segmentos de bacia constituem a área de estudo, totalizando uma área de
61 800 km2. É de referir que a área dos seis distritos totaliza 40 500 km2.

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO E ELABORAÇÃO DO DIF.


5-4 Relatório Inicial (Versão Definitiva)
6 REVISÃO DA METODOLOGIA

6.1 CONCEITOS GERAIS DO MODELO VIC


O modelo VIC (Variable Infiltration Capacity) desenvolvido por Liang et al. (1994, 1996) é um modelo hidrológico de macro-
escala semi-distribuído que permite simular o balanço da água e o balanço energético. A descrição da variabilidade
espacial da capacidade de infiltração do solo é a principal característica que distingue modelo VIC-3L de outros modelos
hidrológicos. Esta característica permite discretizar no espaço a variabilidade do teor de humidade do solo, da evaporação
e do escoamento superficial (Liang et al. 1994).

A superfície da bacia é representada como uma grelha de células (de dimensão > 1 km) planas e uniformes. O modelo
VIC-3L caracteriza o solo como um prisma constituído por 3 camadas (Figura 6.1). A superfície do solo é descrita por N+1
classes de vegetação, sendo que a n-ésima classe representa o solo nu. As várias coberturas e tipos de uso da terra são
tratados pelo modelo ao nível das células através de distribuições estatísticas.

Para ter em conta a variabilidade nos parâmetros hidráulicos e hidrológicos ao nível das células da grelha que define a
bacia, o modelo VIC-3L adopta o esquema da capacidade de infiltração variável (Figura 6.1) baseado no modelo
Xinanjiang (Zhao et al., 1980).

Fonte: http://www.hydro.washington.edu/Lettenmaier/Models/VIC/).

Figura 6.1 – Representação esquemática da modelação hidrológica de uma célula do modelo VIC

40092. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 6-1
A capacidade de infiltração é expressa por:

(
i = i m 1 − (1 − A )
1/ bi
)
i m = (1 + bi ) × θ s × z

onde im é a capacidade máxima de infiltração do solo, As representa a fracção da área para a qual a capacidade de
infiltração é menor que i, bi é o parâmetro de forma da infiltração, θs é a porosidade do solo, e z é a profundidade do solo.

A curva de infiltração variável (Zhao et al., 1980) permite modelar a heterogeneidade espacial da geração do escoamento.
O modelo assume que é gerado escoamento superficial a partir das duas camadas superiores do solo nas áreas, para as
quais a precipitação quando adicionada ao teor de humidade no fim do passo de tempo anterior excede a capacidade de
armazenamento do solo. A formulação do escoamento subsuperficial segue o modelo conceptual de Arno (Franchini e
Pacciani, 1991; Todini, 1996).

Como resultado da variação da capacidade de infiltração, o teor de humidade o escoamento superficial e o escoamento de
base e a evapotranspiração também variam espacialmente.

O copado da vegetação corresponde a um reservatório (Figura 6.2) em que a precipitação (P) é a entrada e as saídas são
a evaporação, (Ec), e o gotejo para o solo (Pt) (quando o reservatório está cheio e transborda). Cada copada tem uma
capacidade máxima de armazenamento (Wim) característica.

Figura 6.2 - Esquema do balanço de água no copado

Os dados meteorológicos de entrada do modelo (precipitação, temperatura do ar e velocidade do vento) são introduzidos
com o passo de tempo diário ou sub-diário. Os fluxos de terra-atmosfera e os balanços de água e energia na superfície da
terra são simulados com o passo de tempo considerado na introdução dos dados meteorológicos (diário e sub-diário).

No modelo VIC, a distribuição da água no solo, a infiltração, a drenagem entre as camadas de solo, o escoamento
superficial e o escoamento de base são calculadas para cada uma das N+1 classes de cobertura vegetal.

Evapotranspiração

No modelo VIC são considerados três tipos de evaporação: a evaporação a partir do copado, Ec, e a transpiração, Et, de
cada uma das classes de vegetação e a evaporação a partir do solo nu, E1. A evapotranspiração total sobre cada uma das
células da grelha é calculada como o somatório dos três parâmetros, ponderados de acordo com a percentagem da área
total de cada uma das classes de vegetação:

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO E ELABORAÇÃO DO DIF.


6-2 Relatório Inicial (Versão Definitiva)
N
E = ∑ Cn × (E c ,n + E t ,n ) + CN +1 × E1
n =1

Onde CN é a percentagem da área ocupada com n-ésima classe de vegetação

Quando a água interceptada pelas copas da vegetação é suficiente para satisfazer a procura da atmosfera, a
evaporação a partir do copado corresponde ao seu valor máximo, E*c.

O valor de E*c é função da quantidade máxima de água que o copado pode interceptar, Wim, da quantidade de água
interceptada pelo copado, Wi, da evapotranspiração potencial, Ep, da resistência da superfície e da arquitectura, r0, e da
resistência aerodinâmica, rw (Figura 6.3).

Figura 6.3 - Resistência aerodinâmica e de superfície

O valor de Wim é calculado em função do LAI (0,2 x LAI, segundo Dickinson, 1984). Os valores de r0 são fornecidos para
cada classe de cobertura vegetal. A resistência aerodinâmica é simulada segundo a aproximação proposta por Monteith e
Unsworth (1990) sendo função da velocidade do vento uz (m s-1) medido à altitude z e do coeficiente de transferência para
a água Cw, calculado pelo algoritmo proposto por Louis (1979).

A evapotranspiração potencial expressa como densidade de fluxo de calor latente, λνEp, é calculada a partir da equação
de Penman-Monteith, onde λν representa o calor latente necessário à vaporização de uma unidade de água. A equação
de Penman-Monteith (Allen et al., 1998) inclui todos os parâmetros que governam a troca de energia e o correspondente
fluxo de calor latente (evapotranspiração):

ρa c p (es − ea )
Δ(R n − G ) +
ra
λυ E p =
Δ+γ

Onde: Rn-G é a energia disponível (W m-2) no copado, composta pelos fluxos de radiação líquida, Rn, e de calor de (para)
o solo, G; ra é a resistência aerodinâmica (s m-1); (es-ea) representa o défice de pressão de vapor (Pa) aos níveis da
superfície evaporativa e de referência, respectivamente; ρa e a densidade do ar (kg m-3); cp é o calor específico do ar
húmido (J kg-1 K-1); Δ representa o declive da curva de pressão de vapor (Pa K-1) à temperatura Ta; e γ é a constante
psicrométrica (≈ 66 Pa K-1).

A transpiração da vegetação, Et (mm), é estimada por (Blondin, 1991; Ducoudre et al., 1993):

40092. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 6-3
⎛ ⎛W ⎞
2/3
⎞ rw
E t = ⎜ 1 − ⎜⎜ i ⎟⎟ ⎟E
⎜ ⎝ Wim ⎠ ⎟ p rw + ro + rc
⎝ ⎠

Onde rc (m s-1) é a resistência do copado calculada em função da resistência mínima do copado, r0c, dos factores
temperatura, défice de pressão de vapor, do fluxo de radiação fotossintética activa (PAR) e teor de humidade e do índice
de área foliar.

A evaporação a partir do solo nú, E1, ocorre apenas ao nível da primeira camada do solo. A formulação de Arno proposta
por Franchini e Pacciani (1991) é utilizada para calcular o valor de E1 quando a superfície do solo não se encontra
saturada. Em condições de saturação a taxa de evaporação é dada pela taxa de evaporação potencial.

Teor de humidade nos solo e escoamento

O escoamento total é expresso:


N +1
Q = ∑ Cn (Qd ,n + Qb ,n )
n =1

Onde Qd,n (mm) é o escoamento superfice e Qb,n (mm) é o escoamento de base, estimados para a n-ésima classe de
vegetação.

O modelo VIC assume que não existe escoamento lateral nas duas primeiras camadas do solo. Assim o movimento da
água no solo pode ser caracterizado pela equação unidimensional de Richards.

O modelo Routing é descrito em detalhe por Lohmann et al. (1996, 1998a). Este modelo calcula o tempo de concentração
para o escoamento chegar á secção de saída de cada uma das células e modela a propagação do escoamento em canais.
O modelo assume que todo o escoamento horizontal dentro duma célula da grelha atinge a rede de canais dentro da
célula em vez de cruzar a fronteira com outra célula vizinha. O escoamento pode sair de cada uma das células em oito
direcções possíveis mas todo o escoamento tem de sair na mesma direcção. O hidrograma unitário triangular é adoptado
para modelar o transporte do escoamento superficial e do escoamento de base dentro da célula. A Figura 6.4 apresenta o
esquema de cálculo da propagação de escoamento utilizado pelo modelo Routing.

Em ambos os processos modelados pelo modelo ROUTING são adoptados funções lineares de transferência. O modelo
ROUTING estende a aproximação FDTF-ERUHDIT (First Differenced Transfer Function-Excess Rainfall and Unit
Hydrograph by a Deconvolution Iterative Technique) proposta por (Duband et al., 1993). O transporte de escoamento em
canais é descrito através de modelo de propagação linear, adoptando a equação linearizada de Saint-Venant.

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO E ELABORAÇÃO DO DIF.


6-4 Relatório Inicial (Versão Definitiva)
Fonte: http://www.hydro.washington.edu/Lettenmaier/Models/VIC/).

Figura 6.4 – Representação esquemática da propagação do escoamento nas células e nos canais

6.2 APLICAÇÃO DO MODELO VIC À ÁREA DE ESTUDO


O Modelo VIC será aplicado à área de estudo constituindo o ZambezeVIC. Este modelo irá abranger a totalidade da área
de estudo, considerando a área da bacia hidrográfica do Zambeze entre Lupata (condição de fronteira a montante) e a
confluência do rio Zangué, junto à vila de Caia. No Rio Chire, a área de estudo inicia-se na secção de Chilombo na
fronteira com Malawi. Inclui igualmente o rio Cuácua que drena a maior parte dos distritos de Morrumbala e Mopeia, e
constitui o braço Norte do Delta do Zambeze. Em Lupata está previsto a instalação de uma estação telemétrica e em
Chilombo uma estação hidrométrica clássica.

A Figura 6.5 apresenta a esquematização da rede hidrográfica a considerar no estudo, incluindo as sub-bacias
hidrográficas apresentadas na Figura 2.1 e as estações hidrométricas actualmente operacionais na área de estudo.

Enquanto as estações de Lupata e Chilombo não estiverem em funcionamento, os caudais nestas secções dos rios
Zambeze e Chire deverão ser avaliados por métodos simplificados, com base nos registos de estações hidrométricas
existentes noutros locais. Os caudais do Zambeze em Lupata deverão ser obtidos a partir dos caudais efluentes da
barragem de Cahora Bassa, dos caudais observados em Tete e das contribuições dos vários afluentes com destaque para
os rios Revubué e Luenha. Os caudais no rio Chire serão estimados a partir das estações E288–V. Bocage e E289–
Morrumbala em funcionamento actualmente. A área de estudo totaliza uma superfície de 61 800 km2, tendo-se optado pela
definição de uma célula quadrada de 10 km de lado, com unidade elementar para aplicar o modelo VIC.

40092. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 6-5
Devido aos poucos dados existentes de caudais, a calibração do modelo ZambezeVIC, conforme se descreverá
detalhadamente no ponto 6.4 será realizada fundamentalmente para o rio Lualua, tendo por base as estações E101 –
Derre e E480 Campo e para o rio Lungozi, com base nos dados da estação a reinstalar no local onde existia a estação
E442 – Mopeia.

Está previsto a calibração do modelo VIC para o ano 2012/2013, se for possível obter dados de caudais nestas estações
ou então em alternativa para um ano na década de 70, utilizando os dados históricos de caudais e o conhecimento do
cobertura vegetal e uso da terra existente à época, com base nos estudos do antigo Gabinete do Plano do Zambeze.

Figura 6.5 – Esquema da rede hidrográfica da área de estudo

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO E ELABORAÇÃO DO DIF.


6-6 Relatório Inicial (Versão Definitiva)
6.3 RECOLHA E PROCESSAMENTO DE DADOS

6.3.1 Modelo digital do terreno


A disseminação e a evolução tecnológica, com o aumento exponencial da capacidade de armazenamento de dados e de
computação, permitem hoje em dia, a utilização de modelos digitais do terreno (MDT) cada vez mais precisos em termos
de resolução e cada vez mais rigorosos na tradução da realidade geográfica. Estes modelos são muitas vezes utilizados
como informação de base para um sem número de tarefas associadas aos estudos de paisagem, hidrológicos, uso e
cobertura dos solos, entre outros, permitindo facilmente a análise de grandes áreas.

A primeira tarefa será decidir qual o melhor modelo a utilizar, tendo em consideração a área de estudo e tendo em
consideração o objectivo final. Poderá utilizar-se o modelo SRTM (Shuttle Radar Topography Mission), com a resolução
espacial de 3’’ arcos de segundo, que representam cerca de 90m ou então o ASTER (Advanced Spaceborne Thermal
Emission and Reflection Radiometer) com a resolução de 1 arco de segundo (cerca de 30m). A utilização de um modelo
com uma resolução maior é obviamente mais apelativo, mas tendo em consideração que o SRTM já existe desde 2000 e
já sofreu várias correcções, é possível que em termos de rigor seja um modelo mais estável e confiável que o modelo
ASTER, que foi disponibilizado em 2009, tendo sofrido apenas uma correcção em 2011. Serão ambos avaliados e de
acordo com os resultados será utilizado aquele que der uma maior garantia de rigor e confiabilidade.

Uma vez que os modelos são disponibilizados por células, o consórcio propõe-se processar simultaneamente o conjunto
de células necessárias para toda a área de estudo, já definida, de forma a facilitar o tratamento e integração da
informação, em conjunto com os restantes dados a utilizar.

No caso específico do estudo que nos propomos realizar - a calibração, teste e validação do modelo hidrológico VIC para
a previsão do impacto na mudança do uso e cobertura da terra na hidrologia da área da bacia do rio Zambeze que
compreende os distritos de Mutarara, Chemba, Maringué, Caia, Mopeia, Morrumbala – a utilização do MDT servirá, não só
para a criação de classes de declives, exposição solar e hipsometria, como também para o cálculo das matrizes de
direcção (flow direction) e acumulação (accumulation), que permitem calcular as sub bacias hidrográficas da área da bacia
do Zambeze em estudo.

Devido à forma como estes modelos foram adquiridos, acontece por vezes existirem células sem informação ou com
informação incoerente e por esta razão é necessário realizar uma interpolação com os valores da vizinhança, que permita
a remoção e ajuste destes valores, de forma a ficarmos com uma matriz coerente e sem valores nulos. Os gráficos
seguintes mostram, esquematicamente, exemplos de algumas correcções necessárias (picos e depressões):

Após este procedimento, o passo seguinte será a modelização da rede hidrográfica, de forma a identificar a direcção do
escoamento para cada célula da matriz global. A geometria da rede é dada pela direcção do escoamento e pela
localização da sua acumulação.

40092. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 6-7
Figura 6.6 - Exemplo de uma matriz de direcção do escoamento

Com a matriz da direcção do escoamento será possível determinar os lugares onde o escoamento se acumula, resultando
que as áreas com maior acumulação se identificam como sendo as linhas de água.

Figura 6.7 - Exemplo de uma matriz de acumulação

Este procedimento é realizado com a ajuda de aplicações comerciais, como é o caso do ArcGis. Para o cálculo das sub-
bacias da área de estudo agora apresentada foi utilizado o SRTM, com a resolução de 90m. De notar que estes modelos,
para áreas bastante planas, como é o caso da área do delta do Zambeze, poderão não representar duma forma fiável o
terreno, devido à dificuldade de cálculo de linhas de maior acumulação de água.

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO E ELABORAÇÃO DO DIF.


6-8 Relatório Inicial (Versão Definitiva)
6.3.2 Dados meteorológicos
O modelo VIC a ser aplicado no presente estudo é um modelo inicialmente desenvolvido para sua integração com os
Modelos Climáticos de Circulação Global usados para o estudo das implicações dos cenários de alterações climáticas na
parte terrestre do ciclo hidrológico. O VIC é um modelo semi-distribuído de macro-escala que pode ser configurado para
correr em células com uma resolução até 1x1 km2. Esta refinação do modelo acrescenta o nível de demanda do modelo
em dados meteorológicos que formam a principal entrada de dados para se correr o modelo. Assim é necessário ter dados
de precipitação, temperatura e vento que possam ser distribuídos a uma escala compatível com o tamanho escolhido das
células do modelo. Tal como acontece em grande parte das bacias do território moçambicano e da região africana no
geral, a disponibilidade de dados hidroclimatológicos numa densidade elevada é muito limitada. Esta limitação é ainda
maior no que concerne aos dados de temperatura que são apenas medidos nas estações sinóticas do INAM em número
muito reduzido. A Figura 4.1 mostra a distribuição dos postos udométricos na região de estudo e a localização das
estações sinópticas. Os dados disponíveis na ARA-Zambeze cobrem o período de 1943 até ao presente no caso das
estações operacionais.

Para alimentar o modelo VIC será necessário espacializar a informação existente nos postos udométricos e climatológicos
e distribuí-la por todas as células do modelo. Esta operação apresenta dois desafios o primeiro relacionado com a
qualidade dos próprios dados que apresentam períodos de falhas por vezes longos e alguns problemas de qualidade por
falta de supervisão do trabalho de leitores em grande parte da rede; o segundo desafio está relacionado com o facto de o
modelo VIC operar numa escala de tempo diária (e se necessário de 3 horas) o que implicaria a geração de um número
muito elevado de mapas de distribuição de temperatura na base dos dados que existem. Deve acrescentar-se a este
último ponto o facto de serem poucas as estações de chuva e de medição de temperatura com dados numa base inferior a
um dia. Esta situação só se verifica nas estações sinópticas onde estão instalados udógrafos.

Na base da explicação acima pode inferir-se que o uso de informação climatológica obtida da rede de motorização terrena
é uma actividade laboriosa para além de ter limitações referentes a disponibilidade de dados numa rede de densidade
adequada para permitir uma regionalização fiável e uma resolução temporal compatível com a escala do modelo. Neste
contexto como estratégia para este estudo será feito um esforço para se aproveitar o máximo possível da informação
disponível junto do INAM e das ARAs (Zambeze, Centro e Centro-Norte) para geral dados de controle e alimentação do
modelo sempre que viável do ponto de vista de qualidade dos dados e cobertura da zona de estudo.

Relativamente ao modelo VIC e tomando a vantagem dos fundamentos para a sua criação, foram desenvolvidas formas
alternativas de alimentação do modelo na ausência de dados climatológicos obtidos de redes de terrenas de recolha de
dados. É assim que o modelo VIC tem sido aplicado em diversas partes do mundo usando como dados de entrada
informação climatológica obtida via sensoramento remoto. A estimativa de dados climatológicos com base em informação
obtida via satélite, apesar de ser uma técnica recente, tem cativado a atenção e interesse de meteorologistas de várias
partes do mundo. Os vários estudos comparativos realizados tem permitido aprimorar a qualidade de dados gerados com
base nesta ferramenta o que contribui para se ultrapassar os problemas relacionados com a falta de dados de observação
no terreno. Esta informação é gerada com escalas de tempo e espaço cada vez reduzidas o que permite ultrapassar

40092. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 6-9
rapidamente os problemas relacionados com a necessidade de regionalização de dados para estudos com os que são
conduzidos com a aplicação do modelo VIC. A maior parte da informação climatológica obtida por esta via é grátis e pode
ser baixada na internet por qualquer interessado sem custos para além dos custos associados a ligação a internet e
computação.

Os dados de detecção remoto provém de dois tipos de satélite: Geoestacionário que permite uma leitura “permanente” de
informação na área coberta e outro que orbita a volta da terra a baixa altitude. Os algoritmos de cálculo de precipitação
usam tipicamente informação de dois tipos sensores o passivo de Micro-ondas (PM) e o Infravermelho Visível e de
Radiância (VIS/IR) informação mais detalhada sobre esta matéria pode ser obtida do sítio http://www.isac.cnr.it/~ipwg/.

Quadro 6.1 - Satélites de recolha de dados usados para estimar a precipitação

Satélite de baixa órbita a volta da terra


Imagem
Satélite Sensor Canal Resolução
espectral
AVHRR Vis & IR 5 1.1 km
50 km
AMSU A & B PMW 15/5
NOAA 10/11/12 (melhor)
TOVS Receptor
(HIRS/MSU/SSU) acústico
DMSP F-
SSM/I & SSM/IS PMW 7&
13/14/15/16
TMI PMW 9 5-50 km
TRMM
PR Radar 1 4.3 km
Satélite Geoestacionários
Imagem
Satélite Sensor Canal Resolução
espectral
GOES I-M
GOES E/W Vis & IR 5 1 & 4 km
Imager
Meteosat 5,7,8 MVIRI & SEVIRI Vis & IR 3 & 12 1 & 4 km
MTSAT Vis & IR 5 1 & 4 km

A informação obtida pelos sensores acima indicados é processada usando algoritmos apropriados para gerar dados de
precipitação a escala temporal e espacial diferente. O Quadro abaixo sumariza as principais fontes de dados que podem
ser acedidas neste momento e as suas características.

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO E ELABORAÇÃO DO DIF.


6-10 Relatório Inicial (Versão Definitiva)
Quadro 6.2 – Fontes de obtenção de dados de precipitação via satélite

Base de dados Cobertura Resolução Resolução temporal Cobertura no


(fontes) espacial tempo Formato do
ficheiro
CMAP Global 2,5ox2,5o Mensal de 1979-presente netCDF
o o o o
GPCC Global 1 x1 e 2,5 x2,5 Mensal de 1951-presente ASCII
o o
GPCP V2 Global 2,5 x2,5 Mensal de 1979-2009 ASCII
o o
GPCP V4 Global 0,5 x0,5 Mensal de 1901-2007 ASCII
Diário para controle de 1929-
GSOD Versão 7 Sinóptico qualidade presente
MSU Global 2,5ox2,5o Mensal, diária de 1979-1996 netCDF
o o
U. of Delaware Global 0,5 x0,5 Mensal de 1950-1999 netCDF
TRMM
Versão 6 Global 0,25ox0,25o Mensal e de 3 em 3 horas de 1998-presente netCDF
FEWS RFE2.0 Globa; 0,1ox0,1o Diário de 2002-presente netCDF
o o
CMORPH Global 0,25 x0,25 3 em 3 horas de 2003-presente netCDF
WorldClim Global 1kmx1km um valor de média mensal de 1950-2000 Raster

Breve descrição da forma de obtenção dos dados

CPC Merged Analysis of Precipitation (CMAP)

A precipitação é estimada com base em leituras feitas por sensores alojados em satélite usando vários algoritmos que
convertem a informação obtida da radiância e canal visível infravermelho e sensor passivo de micro-ondas.

GPCC (Global Precipitation Climatology Center)

Este centro foi criado no ano de 1989, a pedido da Organização Meteorológica Mundial (OMM). É operado pela Deutscher
Wetterdienst (DWD, Serviço Meteorológico Nacional da Alemanha) como uma contribuição alemã para o World Climate
Research Programme (WCRP). Os dados de precipitação são obtidos por interpolação a partir das diversas fontes
disponíveis, processamento, avaliação da qualidade dos dados, a selecção e a comparação com as diversas fontes. As
informações básicas sobre os métodos utilizados são publicadas por Rudolf et al. (1994) e Rudolf e Schneider (2005)

GPCP (Global Precipitation Climatology Project)

Foi criado pelo WCRP (World Climate Research Program) para resolver o problema da quantificação da distribuição da
precipitação em todo o mundo durante muitos anos. Os dados foram obtidos combinando as informações disponíveis de
precipitação de cada uma das várias fontes resultando em um produto final que aproveita os pontos fortes de cada tipo de
dado.

TRMM (Tropical Rainfall Measurement Mission)

Está a ser monitorada pela NASA, e Agência Nacional de Aeronáutica e Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA Japão)
para melhorar o conhecimento quantitativo da distribuição 3-dimensional da precipitação nos trópicos. Os dados de
precipitação foram obtidos pelo algoritmo de estimativa de precipitação descrito por Huffman et al. (2007).

40092. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 6-11
WorldClim

Os dados de precipitação foram obtidos por interpolação a partir de dados de várias estações climatológicas usando um
algoritmo que toma a latitude, longitude e elevação como variáveis independentes de entrada.

A qualidade dos dados gerados por esta via de observação indirecta tem sido objecto de escrutínio contínuo dos
meteorologistas de todo o mundo com o objectivo de melhorar a sua fiabilidade. No caso da bacia do Zambeze o estudo
mais recente sobre a fiabilidade de dados obtidos via satélite é apresentado por Cohen Leichti et al. (2012). Nesse
trabalho e tomando como referência outros estudos similares feitos no continente africano foram seleccionadas 3 fontes de
dados, a base dessa escolha foi a alta resolução que estes produtos possuíam (dados diários ou abaixo disso) e resolução
espacial menor que 0.25 graus. Neste contexto foram analisados os produtos da TRMM 3B42, FEWS REF 2.0 e CMORPH
comparando-os com informação registada em estações terenas no período de Janeiro de 2003 a Dezembro de 2009. O
estudo comparativo das 3 principais fontes indicadas mostra que os dados do TRMM 3B42 são uma boa base a ser
considerada no modelo VIC do Zambeze. No estudo de base implementado neste projecto foram usados dados do
European Center for Medium Range Weather Forecast (ECMWF) ERA 40. Esta base de dados fornece valores estimados
diários de precipitação. Infelizmente, no caso desta fonte os dados imediatamente disponíveis cobrem o período de 1957 a
2002 o que torna o seu uso mais problemático. Para obter dados de anos mais recentes é preciso fazer-se um pedo formal
a agência que gere a informação.

Uma vez que a obtenção de dados mais actuais da ECMWF não é um dado adquirido e atendendo ao facto de os mesmo
não terem sido sujeitos aos mesmo escrutínio que tiveram os dados das outras bases de dados o consultor opta por usar
dados d o TRMM como sugerido no estudo apresentado por Cohen e Leichti et al. (2012).

Em alternativa, se não for possível obter caudais no ano 2012/213, pode-se regressar ao tempo colonial e às redes
meteorológicas e espacializar a informação para a grelha do modelo VIC

6.3.3 Solos

6.3.3.1 Generalidades
O solo constitui uma das principais componentes do modelo VIC. O modelo possibilita a utilização de diversas camadas de
solo, mas normalmente utilizam-se apenas 3 camadas (Liang et al. 1994, Nijssen et al., 1996). A espessura das camadas
pode variar de célula para célula, com excepção da camada superficial que normalmente se adopta como tendo 5 a 10 cm
de espessura.

O ficheiro dos parâmetros do solo utilizado pelo VIC descreve para cada célula, características únicas do solo. A lista
completa desses parâmetros encontra-se em:

http://www.hydro.washington.edu/Lettenmaier/Models/VIC/Documentation/SoilParam.shtml.

No mesmo sítio, referem-se os intervalos de valores considerados como razoavelmente aceitáveis. Entre os parâmetros,
incluem-se a porosidade θs (m3 m-3), o potencial do solo saturado ψs (m), a condutividade hidráulica em solo saturado
ksat (m s-1), o expoente B para o fluxo em condições não saturadas, a espessura de cada camada de solo di, o expoente da
curva da capacidade de infiltração variável bi, e os três parâmetros da curva do escoamento de base: Dm, Ds e Ws.

Para a identificação desses parâmetros, será necessário saber quais os tipos de solos existentes e as características que
possam ser utilizadas para obtenção directa ou indirecta dos referidos parâmetros. Os inventários de solos que
conduziram à classificação e cartografia das Unidades-solo e à descrição das suas características morfológicas, físicas,

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO E ELABORAÇÃO DO DIF.


6-12 Relatório Inicial (Versão Definitiva)
químicas e mineralógicas, expressas através da caracterização mais ou menos completa de perfis típicos, considerados
representativos de cada Unidade-solo, revelam-se como elementos-base de consulta indispensável. Nesta perspectiva,
concede-se prioridade à utilização de parâmetros de medição directa no terreno ou em laboratório, embora a sua ausência
possa evidentemente ser superada por relacionamento com outras características, das quais assumem particular
importância a proporção existente entre as diversas fracções da terra fina, definidas quantitativamente ou através de
classes de textura.

6.3.3.2 Preparação dos dados de solo para o Modelo VIC


No âmbito dos estudos de inventariação dos recursos em solos tem vindo a ser publicada diversa cartografia, de que se
salienta:

ƒ Carta Nacional de Solos, à escala 1:1 000 000, acompanhada de um legenda descritiva que contém, para cada
Agrupamento de Solo, informação sobre as características dominantes, geormorfologia/geologia, unidades de
paisagem; declive; textura, profundidade, condições de drenagem, teor da camada superficial em matéria orgânica,
salinidade, sodicidade, classificação FAO (1988) e USDA (1982), tipos de vegetação, limitações e aptidão da terra
para sequeiro e regadio (INIA/DTA, 1995);
ƒ Dados morfológicos e analíticos de perfis típicos das Unidades-solo que integram a Carta Nacional de Solos;
ƒ Cartas de solos, em escala superior a 1:1 000 000, com dados descritivos e analíticos de perfis típicos de Unidades-
solo, resultantes de diversos trabalhos de reconhecimento de solos no Vale do Zambeze.
ƒ SOTERSAF – Soil and Terrain Database for Southern Africa, scale 1:2 000 000;
ƒ Soil Maps of Malawi, scale 1:1 000 000 (Lowole, 1965, SADCC, 1991).

6.3.3.3 Identificação dos tipos de solos


Para abordagem preliminar aos solos da área em estudo recorre-se à Carta Nacional de Solos de Moçambique.
Considerando apenas o espaço territorial do estudo, as Unidades-solo são normalmente constituídas por um Agrupamento
de solo (letras maiúsculas) e, eventualmente, uma ou mais fases de solo (Figura 6.8). No Quadro 6.3 indica-se o
significado dos símbolos de cada agrupamentos de solo e no Quadro 6.4 os símbolos e os critérios utilizados para as
fases de solo.

As unidades cartográficas constantes na Carta Nacional de Solos podem incluir apenas uma Unidade-solo ou uma
Unidade-solo dominante e uma ou mais associadas. No Quadro 6.5 apresenta-se a estrutura de constituição das unidades
cartográficas, com as adaptações introduzidas neste estudo.

Figura 6.8 - Esquema da estrutura e representação simbólica da unidade-solo

40092. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 6-13
Quadro 6.3 - Símbolos e designação dos agrupamentos de solos

Símbolo Designação
A Solos arenosos
AA Solos arenosos amarelados
B Solos basálticos
BP Solos basálticos pretos
BV Solos basálticos vermelhos
C Solos de coluviões
CA Solos de coluviões arenosos
CG Solos de coluviões argilosos
CM Solos de coluviões de textura média
DC Solos de dunas costeiras
FE Solos de sedimentos marinhos
FG Solos de aluviões argilosos
FS Solos de aluviões estratificados de textura grosseira ou média
G Solos derivados de grés vermelho
KA Solos arenosos castanho-cinzentos
KG Solos argilosos castanho-cinzentos
KM Solos castanhos de textura média
L Solos líticos
M Solos de Mananga
MA Solos de Mananga com cobertura arenosa de espessura variável
MC Solos de coluviões argilosos de Mananga
MM Solos de Mananga com cobertura arenosa de espessura variável
PA Solos de Post-Mananga de textura grosseira
PM Solos de Post-Mananga, de textura média
R Solos riolíticos
S Solos sobre seixos rolados
VA Solos arenosos avermelhados
VG Solos argilosos vermelhos
VM Solos vermelhos de textura média
WK Solos pouco profundos sobre rocha calcária
WM Solos de textura média derivados de rochas sedimentares
WP Solos pouco profundos sobre rocha não calcária
WV Solos argilosos vermelhos derivados de rochas calcárias
Fonte: INIA/DTA (1995), com ligeiras modificações.

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO E ELABORAÇÃO DO DIF.


6-14 Relatório Inicial (Versão Definitiva)
Quadro 6.4 - Fases de solo (Designação e critérios de diagnóstico)

Fase de solo Critério de diagnóstico


Símbolo Designação
g Manchada Manchas em, pelo menos, 15% da área exposta de uma camada com mais de 20 cm de espessura, dentro dos
100 cm de profundidade.
h Hidromórfica Presença da toalha freática, a menos de 50 cm de profundidade, pelo menos, durante algum período do ano na
maior parte dos anos. Aplica-se também aos solos objecto de alagamento, pelo menos, durante um período do
ano e aos solos cuja superfície se encontra coberta por água estagnada, pelo menos, durante uma semana do
ano.
l Lítica Presença de rocha contínua ou em mais de 80% de fragmentos de rocha e/ou nódulos ou de uma camada
permanentemente endurecida, pelo menos, numa camada com 25 cm de espessura, com início dentro dos 50
cm de profundidade.
m Moderadamente Presença de rocha contínua ou em mais de 80% de fragmentos de rocha e/ou nódulos ou de uma camada
profunda permanentemente endurecida, pelo menos, numa camada com 25 cm de espessura, dentro dos 50 a 100 cm de
profundidade.
o Óxica CTCE (Capacidade de troca catiónica efectiva) inferior a 16 cmolc kg-1 argila, pelo menos, em alguma camada,
entre 50 a 100 cm de profundidade, ou, para menores espessuras, entre 50 cm e o contacto com a rocha ou
camada endurecida.
p Dístrica Grau de saturação inferior a 50% em alguma parte entre 50 a 100 cm de profundidade ou, para menores
espessuras, entre 50 cm e o contacto com a rocha/camada endurecida.
s Sódica Percentagem de sódio de troca superior a 6 % e teor de Na de troca igual ou superior a 1 cmolc kg-1 solo.
v Vértica Solos argilosos que em algum período da maior parte dos anos apresentam fendas, superfícies polidas e
agregados estruturais paralelepipédicos ou em forma de cunha, devido às propriedades de expansibilidade e de
contracção dos minerais de argila.
x Pedregosa Com 15 % ou mais (em volume) de elementos grosseiros endurecidos, em pelo menos uma camada com 25 cm
de espessura, dentro dos 50 cm superficiais de solo.
z Salina Condutividade eléctrica do extracto de saturação (ECES), superior a 4 dS m-1 a 25 °C em alguma camada dentro
dos 100 cm de profundidade.

Em consonância com os critérios de classificação utilizados na Legenda da Carta Nacional de Solos, os solos identificados
poderão agrupar-se por 4 grandes unidades geomorfológicas: Zonas Aluviais e Fluviais-marinhas, Bacia sedimentar,
Zonas Vulcânicas e Soco Precâmbrico.

a) Solos das Zonas Aluviais e Fluviais-marinhas

Nas Zonas Aluviais e Fluviais-marinhas ocorrem os solos formados a partir de deposição de sedimentos como
consequência da acção, isolada ou conjugada, dos rios e do mar. Diferenciaram-se os seguintes Agrupamentos de Solos:

ƒ Solos aluvionais formados a partir de depósitos marinhos em áreas submersas por água salgada ou atingidas pelas
marés (FE);
ƒ Solos aluvionais formados a partir de sedimentos argilosos, que dominantemente apresentam, pelo menos entre 50 e
100 cm de profundidade, texturas argilo-arenosa, argilo-limosa ou argilosa (FG);
ƒ Solos aluvionais de textura média ou mais grosseira, que, em geral, apresentam estratificação e, entre 50 e 100 cm
de profundidade, texturas franco-argilo-arenosa ou mais grosseira (FS).
b) Solos da Bacia Sedimentar

Na área correspondente à Bacia Sedimentar encontram-se os solos derivados de rochas sedimentares, rochas
sedimentares metamorfisadas e depósitos superficiais eóleos, conforme se segue:

ƒ Solos formados em coberturas arenosas do Plistocénico (A, AA);


ƒ Solos formados em dunas costeiras do Holocênico (DC);
ƒ Solos formados em materiais de grés e areias vermelhas do Terciário (G);

40092. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 6-15
ƒ Solos derivados de sedimentos de Mananga2, incluindo sedimentos coluviais; Abrangem:

− Solos não especificados (M);

− Solos com cobertura arenosa com 50 a 100 cm de espessura (MA);

− Solos formados em materiais coluviais derivados de Mananga (MC);

− Solos com cobertura arenosa, com menos de 50 cm de espessura (MM);


ƒ Solos formados em sedimentos do Post-Mananga, ocupando presentemente as encostas dos vales. Apresentam
texturas argilo-arenosa a arenoso-franca e manchas de cores laranja a pardo-avermelhadas (Wijnhoud,1998).
Subdividem – se pelos seguintes agrupamentos:

− Solos de textura grosseira (PA);

− Solos de textura média a fina (PM).


ƒ Solos em plataformas de seixos rolados na base de Mananga (S, fase lítica). Solos formados sobre uma plataforma
de seixos rolados, localizada a menos de 50 cm de profundidade.
ƒ Solos derivados de rochas sedimentares do Karroo, Cretácio ou Terciário. Incluem os seguintes agrupamentos:

− Solos pouco profundos, de cores pardacentas a negras, derivados de rochas calcárias (WK);

− Solos argilosos avermelhados, derivados de rochas calcárias (WV);

− Solos derivados de rochas sedimentares não calcárias, tendo dominantemente texturas franca ou mais
grosseira entre 50 a 100 cm de profundidade, ou para solos com menor espessura, na camada directamente
acima da rocha-mãe (WM);

− Solos derivados de rochas sedimentares não calcárias, tendo dominantemente texturas franco-argilo-arenosa
ou mais fina entre 50 a 100 cm de profundidade ou, para solos com menos espessura, na camada directamente
acima da rocha-mãe (WP).
c) Solos das Zonas de Rochas Vulcânicas

Solos formados a partir de materiais provenientes da alteração de rochas vulcânicas, designadamente:

ƒ Solos formados em materiais provenientes da meteorização de riolitos (R);


ƒ Solos formados em materiais provenientes da alteração de rochas basálticas. Estes subdividem-se pelos seguintes
agrupamentos:

− Solos basálticos, não especificadas (B);

− Solos basálticos pretos (BP);

− Solos basálticos vermelhos (BV).

ƒ 2 Mananga constitui um manto espesso de sedimentos do Plistocénico, pardo-amarelados, no geral, sódico-salinos,


em áreas relativamente planas, designadamente planícies e fundos de vale (Beernaert, 1987, citado em Wijnhoud,
1998). Os sedimentos de Mananga são normalmente bastante duros e mais ou menos impermeáveis (Dijkshoorn,
1993).

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO E ELABORAÇÃO DO DIF.


6-16 Relatório Inicial (Versão Definitiva)
d) Solos das áreas do Soco Precâmbrico

Solos formados sobre materiais provenientes da meteorização de rochas Precambrianas. Abrangem:

ƒ Solos derivados de materiais coluvionares em base de vertente, com os seguintes agrupamentos:

− Solos coluviais, não especificados (C);

− Solos coluviais de textura grosseira (CA);

− Solos coluviais de textura média (CM)

− Solos coluviais de textura fina (CG);


ƒ Solos com espessura inferior a 30 cm, típicos das zonas rochosas, fortemente escarpadas (L);
ƒ Solos castanhos que dominantemente apresentam matiz Munsell de 7,5 YR ou mais amarelo, pelo menos entre 50 e
100 cm de profundidade, ou para menores profundidades, na camada imediatamente acima do contacto lítico, com
os seguintes agrupamentos:

− Solos castanhos de textura grosseira (KA)

− Solos castanhos de textura fina (KG),

− Solos castanhos de textura média KM)


ƒ Solos vermelhos ou avermelhados, tendo dominantemente matiz Munsell de 5 YR ou mais vermelho, pelo menos
entre 50 e 100 cm de profundidade, ou para menores profundidades, na camada imediatamente acima do contacto
lítico. Incluem os seguintes agrupamentos:

− Solos vermelhos de textura grosseira (VA);

− Solos vermelhos de textura fina (VG);

− Solos vermelhos de textura média (VM).


A distribuição geográfica dos tipos de solos, encontra-se representada na Figura 6.9. Para melhor facilidade de leitura,
apresenta-se no Quadro 6.5 um exemplo esquemático da estrutura e da simbologia adoptada na expressão das unidades
cartográficas. A área e a composição de cada uma das unidades cartográficas referem - se no Quadro 6.6.
Quadro 6.5 – Estrutura das unidades cartográficas

Unidade Tipo das Unidades-solo Área (%)


Código
Cartográfica D A1 A2 D A1 A2
FG1 FG FG 100
FG2 FG+FGvg FG FGvg 60 40
FG3 FG+FS FG FS 60 40
FG4 FG+MC+MM FG MC MM 50 40 10
D - Dominante; A1- Associada mais representativa; A2 – Associada menos representativa;
Fonte: Adaptado de INIA/DTA (1995) e Wijnhoud (1998).

40092. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 6-17
Figura 6.9 – Carta de solos

40092. CALIBRATÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 6-19
Quadro 6.6 – Área e composição das Unidades Cartográficas

Unidade Área Unidades-solo


Cartográfica (ha) D A1 A2
AA1 325.0 AA
AA2 81990.3 AA MA MC
Bl1 95346.8 Bl
BP1 16490.2 BP
BP2 8495.0 BP Bl
BP3 3721.9 BP BV
BP4 8027.3 BP BV Bl
BV1 8249.8 BV
BV2 2254.4 BV BP
CA1 11494.5 CA VG
CG1 1799.2 CG CM
DC1 168.6 DC Ah
FE1 8507.5 FE
FG1 45055.2 FG
FG2 43977.6 FG FGvg
FG3 58827.2 FG FS
FG4 44238.2 FG MC MM
FGg1 78535.4 FGg
FGg2 108532.8 FGg FGh
FGh1 149029.0 FGh
FGv1 32794.0 FGv
FGv2 41842.2 FGv FGvz
FGvs1 35303.3 FGvs
FGvsg1 102492.1 FGvsg FGvsz
FGz1 21.8 FGz
FS1 349377.1 FS
FS2 12626.0 FS FG
FS3 0.1 FS FGh
FS4 18069.4 FS FGvs
G1 32401.0 G
Gl1 27123.9 Gl
L1 265745.3 L
L2 79552.1 L BI
KAg1 12742.1 KAg CG
KAl1 24620.7 KAl
KAl2 221465.0 KAl KMl
KAp1 3897.6 KAp
KAp2 19076.2 KAp VAp
KM1 173222.9 KM KAp
KMl1 53065.7 KMl KAl
L1 1728.2 L
MA1 97561.2 MA

40092. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 6-21
Unidade Área Unidades-solo
Cartográfica (ha) D A1 A2
MA2 119935.9 MA AA MC
MC1 42397.9 MC
MC2 14691.1 MC M
MC3 33928.9 MC PA WVm
MC4 22044.0 MC WVm PA
MM1 157152.5 MM
MM2 31256.4 MM AA
MM3 28756.9 MM WP
PA1 190824.8 PA
PA2 84578.2 PA AA
PA3 29714.7 PA MA
PA4 43764.0 PA PM
PA5 18931.6 PA WVm MC
PM1 4420.7 PM PA
Sl1 6818.5 Sl
VA1 10511.3 VA
VA2 41563.6 VA VAl VMp
VA3 15081.0 VA VAm
VA4 18155.3 VA VAmp VAp
VA5 22192.1 VA VM
VA6 84118.4 VA VMp
VAl1 10466.7 VAl VAm
VAm1 6867.2 VAm VAl
VAm2 63040.4 VAm VAl VMm
VAm3 321.5 VAm VMo
VAm4 9858.6 VAm VMpm
VG1 38603.1 VG KGv KAm
VG2 3247.3 VG KM KAm
VG3 52811.0 VG VGm
VG4 5188.0 VG VGo
VGl1 13763.0 VGl L
VGm1 56802.9 VGm VMm VGl
VGo1 4181.4 VGo
VGo2 197.6 VGo VMo CA
VGp1 5974.7 VGp VMp
VM1 56540.7 VM
VM2 23814.2 VM CG VMm
VM3 191312.1 VM KAl
VM4 314504.1 VM KM C
VM5 29272.9 VM l
VM6 22047.4 VM VA
VM7 59807.9 VM VG
VM8 39317.7 VM VMm VG
VMl1 2790.1 VMl

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO E ELABORAÇÃO DO DIF.


6-22 Relatório Inicial (Versão Definitiva)
Unidade Área Unidades-solo
Cartográfica (ha) D A1 A2
VMl2 40464.8 VMl L
VMl3 31046.3 VMl VA L
VMl4 83269.4 VMl VMm
VMm1 20071.3 VMm VAm
VMm2 85257.7 VMm VMl
VMo1 7810.8 VMo
VMp1 19441.8 VMp
VMp2 19899.1 VMp KAp
VMp3 53112.6 VMp KM L
VMp4 21032.1 VMp VMm
VMp5 112270.9 VMp VMpm
VMpm1 11433.7 VMpm VMl
VMx1 231049.1 VMx
WK1 12274.8 WK
WKm1 77083.8 WKm
WKm2 49745.3 WKm WKl
WKx1 121634.8 WKx
WMl1 25669.3 WMl
WMl2 21445.3 WMl WV PA
WMl3 13192.2 WMl WVm PA
WMm1 12628.4 WMm
WMmx1 809.2 WMmx
WPl1 4213.8 WPl Rl
WPl2 18641.6 WPl WPm
WV1 7424.3 WV
WV2 10672.1 WV WVl
WVl1 45266.8 WVl
WVl2 28392.2 WVl Bl
WVl3 154690.5 WVl L
WVl4 7618.0 WVl MC PA
WVl5 21751.5 WVl WV
WVm1 325070.9 WVm
WVm2 16303.5 WVm PA MC
WVm3 59414.6 WVm WVl
6181464.8

6.3.4 Classes de vegetação e uso da terra

6.3.4.1 Bases e fonte de dados


A primeira opção de imagens satélite para a classificação dos usos/cobertura do solo é Landsat. Este satélite providencia
imagens de alta resolução (30 m) e é largamente usado para estudos de mudanças de uso/cobertura do solo. Durante o
baseline, várias imagens Landsat 5 e 7 foram analisadas entre o período 1986-2005. No entanto, apenas três imagens
preenchiam os requisitos de qualidade, nomeadamente (i) livres de nuvens e (ii) não ser previamente manipuladas,
preservando a integridade cientifica dos dados.

40092. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 6-23
Foram verificadas disponibilidade de outras imagens como ASTER e MODIS. Apenas a imagem do satélite MODIS é que
se encontrava disponível regularmente desde 2000, mas a resolução espacial da imagem é de 1 x 1 km.

As imagens do MODIS 1x1km também foram classificadas. As classes de cobertura da terra foram feitas com base nos
tipos de cobertura vegetal definidos pela LPDAAC (Land Processes Distributed Active Archive Center). Este centro,
componente da NASA (National Aeronautics and Space Administration), processa, arquiva e distribui dados da terra
derivados de sensores de observação da terra. O LP DAAC processa dados dos satélites ASTER e MODIS. O sistema de
classificação primário identifica 17 classes de cobertura da terra definidos pelo International Geosphere Biosphere
Programme (IGBP), que inclui 11 classes de vegetação natural, 3 classes de mistura de classes, e três classes sem
vegetação (Quadro 6.7).
O modelo VIC necessita que em cada classe de vegetação seja descrita em informações mensais de albedo e índice de
área foliar (IAF), bem como valores de resistência estomática mínima, resistência da arquitectura, radiação mínima
necessária para ocorrer a transpiração, rugosidade e deslocamento do plano zero (Quadro 6.7). Estes dados são
organizados em uma biblioteca, a qual foi elaborada a partir dos dados online da GLDAS (Global Land Data Assimilation
System).
O sistema de classificação da GLDAS não é idêntico ao sistema da IGBP. Os dois sistemas de classificação foram
combinados de acordo com o Quadro 6.7. Dado que não existe neve na área de estudo, qualquer pixel classificado como
neve foi assumido como erro de classificação e atribuída a classe de solo descoberto. Para os parâmetros sem
combinação entre os sistemas da IGBP e GLDA, as classes apropriadas do sistema GLDA foram combinadas.
Quadro 6.7 - Sistemas de classificação da cobertura do solo.
Sistema de classificação da IGBP Parâmetros de classe GLDAS

0 Água Água

1 Floresta de folha fina sempre verde Floresta de folha fina sempre verde

2 Floresta de folha larga sempre verde Floresta de folha larga sempre verde

3 Floresta de folha fina decídua Floresta de folha fina decídua

4 Floresta de folha larga decídua Floresta de folha larga decídua

5 Floresta mista Cobertura mista

6 Matagal fechado Matagal fechado

7 Matagal aberto Matagal aberto

8 Savana madeireira Floresta madeireira

9 Savana Pastagens arborizadas

10 Pradaria Pradaria

11 Zona húmida permanente

12 Campo agrícola Campo agrícola

13 Área urbana e construída Área urbana e construída

14 Mosaico de floresta natural e campos agrícolas

15 Neve Solo descoberto (erro de classificação)

16 Solo descoberto Solo descoberto

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO E ELABORAÇÃO DO DIF.


6-24 Relatório Inicial (Versão Definitiva)
Quadro 6.8 - Descrição de parâmetros requeridos pelo arquivo de vegetação (“veglib”)

Coluna Variável Descrição Unidade

1 Class Número da classe de uso e cobertura do solo -

2 OvrStry Indicativo de uso 1 ou 0

3 Rarc Resistência da arquitectura s/m

4 Rmin Resistência estomatal mínima s/m

5 JAN-LAI Índice de área foliar no mês de Janeiro -

6 FEB-LAI Índice de área foliar no mês de Fevereiro -

7 MAR-LAI Índice de área foliar no mês de Março -

8 APR-LAI Índice de área foliar no mês de Abril -

9 MAY-LAI Índice de área foliar no mês de Maio -

10 JUN-LAI Índice de área foliar no mês de Junho -

11 JUL-LAI Índice de área foliar no mês de Julho -

12 AUG-LAI Índice de área foliar no mês de Agosto -

13 SEP-LAI Índice de área foliar no mês de Setembro -

14 OCT-LAI Índice de área foliar no mês de Outubro -

15 NOV-LAI Índice de área foliar no mês de Novembro -

16 DEC-LAI Índice de área foliar no mês de Dezembro -

17 JAN-ALB Albedo no mês de Janeiro Fracção

18 FEB-ALB Albedo no mês de Fevereiro Fracção

19 MAR-ALB Albedo no mês de Março Fracção

20 APR-ALB Albedo no mês de Abril Fracção

21 MAY-ALB Albedo no mês de Maio Fracção

22 JUN-ALB Albedo no mês de Junho Fracção

23 JUL-ALB Albedo no mês de Julho Fracção

24 AUG-ALB Albedo no mês de Agosto Fracção

25 SEP-ALB Albedo no mês de Setembro Fracção

26 OCT-ALB Albedo no mês de Outubro Fracção

27 NOV-ALB Albedo no mês de Novembro Fracção

28 DEC-ALB Albedo no mês de Dezembro Fracção

29 JAN-ROU Comprimento da rugosidade no mês de Janeiro m

30 FEB-ROU Comprimento da rugosidade no mês de Fevereiro m

31 MAR-ROU Comprimento da rugosidade no mês de Março m

32 APR-ROU Comprimento da rugosidade no mês de Abril m

40092. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 6-25
Coluna Variável Descrição Unidade

33 MAY-ROU Comprimento da rugosidade no mês de Maio m

34 JUN-ROU Comprimento da rugosidade no mês de Junho m

35 JUL-ROU Comprimento da rugosidade no mês de Julho m

36 AUG-ROU Comprimento da rugosidade no mês de Agosto m

37 SEP-ROU Comprimento da rugosidade no mês de Setembro m

38 OCT-ROU Comprimento da rugosidade no mês de Outubro m

39 NOV-ROU Comprimento da rugosidade no mês de Novembro m

40 DEC-ROU Comprimento da rugosidade no mês de Dezembro m

41 JAN-DIS Altura do deslocamento do plano zero no mês de Janeiro m

42 FEB-DIS Altura do deslocamento do plano zero no mês de Fevereiro m

43 MAR-DIS Altura do deslocamento do plano zero no mês de Março m

44 APR-DIS Altura do deslocamento do plano zero no mês de Abril m

45 MAY-DIS Altura do deslocamento do plano zero no mês de Maio m

46 JUN-DIS Altura do deslocamento do plano zero no mês de Junho m

47 JUL-DIS Altura do deslocamento do plano zero no mês de Julho m

48 AUG-DIS Altura do deslocamento do plano zero no mês de Agosto m

49 SEP-DIS Altura do deslocamento do plano zero no mês de Setembro m

50 OCT-DIS Altura do deslocamento do plano zero no mês de Outubro m

51 NOV-DIS Altura do deslocamento do plano zero no mês de m


Novembro

52 DEC-DIS Altura do deslocamento do plano zero no mês de m


Dezembro

53 WIND_H Altura que foi medida a velocidade do vento m

54 RGL Radiação de onda curta mínima para ocorrer a transpiração W/m2

55 SolAtn Factor de atenuação da radiação Fracção

56 WndAtn Factor de atenuação da velocidade do vento Fracção

57 Trunk Taxa total da árvore que é tronco Fracção

58 COMMENT Tipo de cobertura -

Os parâmetros de vegetação foram obtidos com base no ciclo climático temperado, onde a cobertura foliar é maior entre
Junho e Julho e menor entre Dezembro e Janeiro. No sentido de representar melhor a sazonalidade decídua na Bacia do
Zambeze, todos os parâmetros do GLDAS foram invertidos tal que os valores para Junho se tornaram valores para
Dezembro, valores para Julho tornaram-se valores de Janeiro, assim sucessivamente. Onde não houvesse valores
apropriados do GLDAS, os dados padrão do modelo VIC foram usados (disponível online em:
ftp://ftp.hydro.washington.edu/pub/HYDRO/models/VIC/Veg/veg_lib).

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO E ELABORAÇÃO DO DIF.


6-26 Relatório Inicial (Versão Definitiva)
6.3.4.2 Tratamento de dados da cobertura vegetal
Durante o baseline, a classificação das imagens do satélite MODIS foi usada para correr o modelo. No presente projecto, a
área de trabalho foi restrita praticamente ao delta do Zambeze. Será necessário reclassificar as imagens Landsat para a
área de estudo para se poder avaliar o impacto dos diferentes cenários de uso/cobertura do solo sobre os recursos
hídricos. O uso da classificação feita para as imagens do MODIS não seriam adequados porque as mudanças de uso e
cobertura do solo no Zambeze ocorrem a uma escala muito menor do que 1km.

O sistema de classificação tipo 1 da IGBP realça a diversidade do ecossistema do Zambeze e será usado neste trabalho.
Um outro sistema com menos classes pode ser aplicado e reduzir o tempo de computação necessário para classificar as
imagens do Landsat.

Para além da base de dados da GLDAS para a determinação dos parâmetros de uso e cobertura do solo, serão
consultados estudos feitos em zonas com climas semelhantes.

6.3.5 Caudais

6.3.5.1 Generalidades
A existência de dados de caudais em quantidade e qualidade são a base para a realização de uma boa calibração para
qualquer modelo hidrológico, por sua vez a não existência de caudais leva à impossibilidade de calibrar este tipo de
modelos.

No caso concreto da área em estudo, verificou-se que na margem direita do rio Zambeze é impossível obter-se caudais
pela característica extremamente torrencial dos afluentes do Zambeze, dificultando a realização de medições de caudal
em tempo útil. Por isso a calibração do modelo VIC será realizada fundamentalmente para a margem esquerda do
Zambeze, utilizando as estações existentes no Rio Lualua E101 - Derre e E480 - EN1 e reinstalando uma estação no rio
Lungozi, perto de Mopeia, na localização da antiga estação E442 – Mopeia.

6.3.5.2 Estações hidrométricas a utilizar na calibração do modelo


Na visita à área de estudo, da análise das estações existentes e dos registos antigos, considerou-se a sub-bacia do rio
Lualua reúne as condições adequadas para ser utilizada na calibração do modelo VIC, tendo em conta as duas estações
hidrométricas E101 – Derre e E480 – EN1 (antiga estação Campo) que estão actualmente em operação, no entanto
apenas com leituras de alturas.

A bacia hidrográfica do Lualua tem uma área 6 400 km2 e drena grande parte do distrito de Morrumbala e uma parte do
distrito de Mopeia. Para a utilização destas duas estações na calibração do modelo VIC é necessária uma intensa medição
de caudais, de modo a estabelecer curvas de vazão em tempo útil.

Na visita verificou-se que na estação hidrométrica Localizada na EN1 (antiga E480) faltava um troço de escala,
impossibilitando o leitor de fazer as leituras de modo correcto. Esta deficiência foi relatada à ARA-Zambeze no sentido de
se proceder com a maior brevidade à substituição da escala.

Como resultado da visita à área de estudo e dos contactos com os técnicos da ARA-Zambeze considerou-se que deveria
ser instalada uma estação hidrométrica no rio Lungozi, no mesmo local onde existia a estação E442 – Mopeia. Esta
estação com uma bacia hidrográfica de cerca 1 000 km2, drena parte dos distritos de Morrumbala e Mopeia.

Neste sentido foram feitas já contactos com a ARA-Zambeze para verificar se esta estação se enquadra dentro das suas
necessidades de informação e a importância de ser instalada a curto prazo para contribuir para a calibração do modelo.

40092. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 6-27
Mesmo que sejam consideradas de menor prioridade para calibrar o modelo VIC, consideramos adequado que seja
reposta em funcionamento a Estação E403 – Mopeia no rio Cuácua, o que permite calcular os caudais que são derivados
do rio Zambeze e que seja instalada uma nova estação no Rio Nhampaza sob a EN1.

No que se refere às estações telemétricas e tendo em conta o sistema de previsão de cheias e a futura revisão da
calibração do Modelo VIC, é fundamental instalar estações telemétricas no rio Zambeze em Lupata e no rio Chire em
Megaza (Morrumbala).

6.3.5.3 Medições de caudais e cálculo das curvas de vazão


Para as estações hidrométricas E101 – Derre; E480 – EN1 e E442 – Mopeia atrás referidas terá de ser efectuada uma
campanha intensiva de medições de caudais. Propondo-se a realização de três medições por mês e por estação durante
os meses de Abril e Maio e duas medições por mês de Junho a Outubro, excepto se os rios começarem a ter níveis
constantes.

Durante a época húmida de 2012/2013, entre Novembro a Março deverá voltar a serem efectuadas três medições de
caudal por mês e por estação.

Para a execução deste plano intensivo de medições é necessário ter um equipamento de medição de caudais por
micromolinete na região do Caia, que esteja equipada com guincho para as medições poderem ser feitas a partir das
pontes. Para caudais baixos as medições poderão ser a vau.

A ARA-Zambeze é a entidade fundamental na execução deste plano de medições, pelo seu conhecimento, no entanto
para poder realizar um bom trabalho deverá ser apoiada financeiramente, através da compra de equipamentos e apoio nas
despesas de deslocação e talvez nas ajudas de custo.

A ARA-Zambeze apenas tem um equipamento para medição de caudais com micromolinete, pelo que face à dimensão da
sua área de jurisdição, não pode ceder em exclusividade este aparelho para o Caia, por isso é importante ter outro
equipamento, pelo que se propõe que o “Projecto Smallholders” possa financiar esta aquisição, bem como os custos
operacionais de realização das medições, que deverão ser acordados entre este Projecto e a ARA-Zambeze.

Em situação transitória, poderia ser utilizado por empréstimo, um aparelho da ARA-Centro. Já falámos sobre este assunto
com o Sr. Director Geral Eng.º Manuel Fobra, tendo sugerido que deveria ser contactado neste sentido pela Sr.ª Directora
da ARA-Zambeze.

6.4 CALIBRAÇÃO, VALIDAÇÃO E EXPLORAÇÃO DO ZAMBEZEVIC


O modelo VIC enquadra-se no grupo dos modelos hidrológicos matemático-computacionais que permitem converter dados
de precipitação em dados de escoamento usando formulações muito ou pouco simplificadas dos processos hidrológicos
envolvidos na geração dos escoamentos. No centro da modelação hidrológica está a escolha de parâmetros que permitem
a conversão de dados de precipitação em escoamento. Muitos estudos têm mostrado que existe neste processo a
possibilidade de ter combinações de parâmetros que geram os mesmos resultados na modelação. Por outro lado os
parâmetros exactos que devem ser adoptados no modelo são função das características fisiográficas da bacia que
determinam a forma como a precipitação é transformada em escoamento. Resulta desta definição que cada bacia
hidrográfica terá os seus parâmetros específicos para o mesmo modelo matemático em consideração. A escolha dos
parâmetros adequados para uma bacia específica envolve a comparação dos resultados obtidos do cálculo matemático
com os valores observados numa secção específica de referência. Este processo chama-se calibração do modelo e é

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO E ELABORAÇÃO DO DIF.


6-28 Relatório Inicial (Versão Definitiva)
baseado no uso de uma função-objectivo específica para avaliar a qualidade de representação do modelo. A função-
objectivo traduz um problema de optimização dos resultados da simulação em comparação com os dados observados,
podendo ser tanto um problema de minimização da função ou maximização.

A avaliação da eficiência dos modelos é feita comparando os resultados da simulação com os valores observados por
exemplo através da estimação do somatório do quadrado dos erros (SQE) que reflete o erro do ajustamento global obtido
no modelo. O critério de eficiência de Nash e Sutcliffe é uma das funções mais usadas em hidrologia para avaliar a
qualidade do ajustamento dos modelos hidrológicos e pode ser escrita da seguinte forma:

∑ (Qobs − Qmed )
2

NS = 1 −
N×S 2
obs

Quando a simulação for perfeita, o erro quadrático médio é nulo e a eficiência é 1. Existem no entanto outras funções
objectivo que podem ser igualmente consideradas na avaliação da qualidade do modelo que serão estudadas quanto
a sua adequabilidade para o caso do modelo VIC e da bacia do Zambeze.

Quando existir um grande número de conjuntos de combinações de parâmetros, para obter uma boa calibração do
modelo é necessário ter uma ferramenta de controlo que permita escolher a melhor combinação de parâmetros.
Assim recorre-se a validação da calibração do modelo correndo-se o modelo com os parâmetros calibrados num
outra série de dados que não tenha sido parte do processo que levou a escolha desses parâmetros. A validação é
por isso uma actividade importante na modelação hidrológica. A experiência mostra que deve ser feita uma divisão
na proporção de 2/3 de dados para usar na calibração contra 1/3 de dados deixados de fora para serem usados
durante a validação.

A escolha dos períodos de calibração e validação obedece a critérios que são função da disponibilidade de dados e
características do fenómeno em estudo. Por exemplo no caso do modelo hidrológico que pretende gerar caudais
diários será importante encontrar uma boa repartição da série de dados de calibração e validação de tal forma que
em ambas parcelas de dados ocorram os extremos, mínimos e máximos, que caracterizam a hidrologia do local. A
validação da calibração é feita usando a mesma função-objectivo adoptada para avaliar a qualidade de calibração do
modelo. Note-se que é comum a qualidade do modelo tender a deteriorar-se da calibração para a validação havendo
contudo necessidade de se exercer alguma ponderação na aceitação dessa deterioração da qualidade para que
esteja dentro dos limites da razoabilidade.
As bacias em estudo têm muitas lacunas de informação de caudais, para os anos que se consideram como possuindo
dados climatológicos que alimentam o modelo (épocas mais recentes que 1998). Neste contexto está prevista a
implementação de uma campanha de recolha de dados nas principais bacias do estudo para fornecerem a base para a
calibração e validação do modelo VIC. Da avaliação efectuada até aqui concluiu-se que as bacias com maior potencial
para a montagem e monitorização dos caudais durante a implementação do projecto são os afluentes ao rio CuáCua na
margem esquerda do Rio Zambeze. Todas a bacias na margem da margem direita do rio possuem condições não
adequadas para a sua monitorização por apresentarem um regime de escoamento intermitente e também pelo facto de a
maior parte das bacias serem planas nos locais com melhores condições de instalação de estações.

Nesta fase preliminar de análise de informação concluiu-se que a calibração do modelo será feita tomando por base, os
dados de caudais registados em alguns pontos das bacias da margem esquerda do Zambeze nomeadamente nos rios

40092. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 6-29
Lualua e Lungozi. Assim a escolha dos parâmetros globais do modelo será feita tendo em conta a sua eficiência nas
secções dessas estações, enquanto que para a restante parte do modelo serão considerados os ajustamentos devidos
desses parâmetros para ter em conta eventuais diferenças das características fisiográficas que os determinam. Em suma
a definição dos parâmetros do modelo nas sub-bacias onde não existem locais com medições de caudais será feita por
ajustamentos do melhor conjunto de parâmetros determinados por calibração nas bacias onde serão estabelecidas curvas
de vazão e leituras permanentes de escalas no âmbito da implementação do presente estudo.

Está previsto efectuar a calibração do modelo para o ano 2012/2013, em alternativa se não for possível obter dados de
caudais nestas estações e neste período, pode-se optar por calibrar o modelo para um ano da década de 70, utilizando
dados de caudais e de precipitação registados nas estações hidrometeorológicas, bem como o conhecimento da cobertura
vegetal e do uso da terra à época, que se podem obter nos estudos do antigo Gabinete do Plano do Zambeze.

6.5 ORGANIZAÇÃO DO ZAMBEZEDIF

6.5.1 Dados de Base


Para realizar a representação dos elementos que podem ser apresentados graficamente, é necessário escolher a melhor
forma de fazer a sua introdução como uma imagem tão fiel quanto possível à realidade e na medida em que a sua
representação seja relevante para um dado problema.

Duas abordagens serão apresentadas em paralelo para descrever numericamente a geometria dos objectos:

ƒ o modo vector, onde a geometria da imagem cartográfica é descrita por pontos que compõem a representação de
cada objecto, quer este seja pontual, linear ou poligonal, pontos ligados por segmentos de recta orientados ou
qualquer outra linha definida matematicamente;
ƒ o modo matricial, onde a superfície da imagem cartográfica é descrita de acordo com uma lógica de varrimento linha
por linha (semelhante a uma imagem de televisão), sendo cada linha composta de pontos elementares (ou pixéis).
Os modelos vectorial e matricial oferecem duas representações distintas e complementares do mundo real, devendo cada
um ser adaptado à aplicação específica do utilizador. Há dois critérios principais que devem guiar a escolha do modelo:

ƒ o tipo de análise a realizar;


ƒ a escala de estudo.
O Quadro 6.9 resume as principais diferenças entre os dois modelos. A Figura 6.10 representa a relação entre o espaço
real e a representação vectorial e matricial.
Quadro 6.9 – Comparação dos modelos vectorial e matricial

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO E ELABORAÇÃO DO DIF.


6-30 Relatório Inicial (Versão Definitiva)
Representação Vectorial

numerização

Espaço geográfico
(modelo cognitivo)

Representação Matricial

Figura 6.10 - Representação vectorial e matricial

6.5.2 O modelo vectorial


O modelo vectorial é um modelo de representação utilizado principalmente para elementos geográficos bem delimitados
no espaço (cursos de água, limites administrativos, etc.…)

As principais características deste modelo são:


ƒ Distribuição irregular das entidades espaciais;
ƒ Representação geométrica das entidades;
ƒ Fronteiras explícitas;
ƒ Localização precisa e única;
ƒ Atributos e entidades ligadas por um número de identificação;
ƒ Representação muito eficaz da topologia.
Neste modelo os elementos serão descritos por pontos, linhas ou polígonos (entidades básicas). O ponto é representado
por um só par de coordenadas. A linha e/ou polyline é uma representação ordenada de pares de pontos coordenados e o
polígono uma série de pares de coordenadas que definem os segmentos limites, como se pode ver na Figura 6.11.

40092. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 6-31
Elemento Representação Representação
Gráfica em ficheiro

ponto id,x,y

linha id, N
x1,y1
x2,y2
...
xN,yN
x1,y1 é diferente
de xN,yN

polígono id, N
x1,y1
x2,y2
...
xN,yN
x1,y1 é idêntico a
xN,yN

Figura 6.11 – Representação gráfica e numérica

6.5.3 O modelo matricial


O modelo Matricial é um modelo de representação utilizado principalmente pelas imagens (modelo digital do terreno,
fotografias aéreas, imagens satélites, cartas topográficas) mas também pelos modelos de escoamento do terreno, onde os
fenómenos variam de maneira gradual e contínua no espaço.

Neste modelo, os dados são representados por uma matriz bidimensional (rectangular) formada por unidades básicas
(pixéis) organizadas em linhas e colunas (rows, columns). Cada pixel toma um valor medido ou calculado, real ou inteiro e
é identificado pela sua posição coluna-linha. A precisão (detalhe) do modelo matricial depende da dimensão da célula.

Os formatos matriciais podem representar os elementos seguintes:


ƒ Modelo digital do terreno;
ƒ Dados temáticos, como a ocupação do solo, a temperatura, a cota;
ƒ Dados espectrais, como as imagens de satélite ou fotografias aéreas;
ƒ Imagens de mapas digitalizados.
Há rasters com um só um canal de dados e outros com multicanais (por exemplo as imagens de satélite correntes têm
vários canais que representam diferentes comprimentos de onda que cobrem o espectro electromagnético, indo do
ultravioleta aos infravermelho). Para afixar um raster, é possível afixar só uma banda de dados ou formar uma composição
colorida Red-Green-Blue (RGB), como se pode ver na Figura 6.12 e Figura 6.13.

Figura 6.12 - Imagem de satélite

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO E ELABORAÇÃO DO DIF.


6-32 Relatório Inicial (Versão Definitiva)
Figura 6.13 - Modelo Digital do Terreno

6.5.4 Os formatos
Os dados serão dispostos em um ou vários ficheiros situados dentro de uma unidade de armazenamento – geodatabase.

Os formatos vectoriais que serão utilizados no estudo são:


ƒ Shape (Formato proprietário de ArcView);
ƒ Personal Geodatabase (Formato proprietário de ArcView)
Os formatos matriciais que serão utilizados no estudo poderão ser os seguintes:

ƒ JPEG (Joint Photographic Experts Group), utilizado para o armazenamento de imagens numéricas;
ƒ TIFF (Tagged Image File Format), utilizado para o armazenamento de imagens numéricas;
ƒ GEOTIFF, utilizado para o armazenamento de imagens numéricas – extensão do formato TIFF que contém
informação sobre a georreferenciação dos dados facilitando assim a sua troca entre diferentes sistemas;
ƒ ECW (Ermapper Compress Wavelets), utilizado para o armazenamento de imagens numéricas. É um formato
comprimido que permite uma gestão muito mais simples e rápida da informação.
Para a informação alfanumérica, os formatos a utilizar serão:

ƒ DOC/XLS/PPT, formatos nativos do Microsoft Office;


ƒ PDF, formato que permite a visualização da informação através de um software de distribuição livre e onde não é
possível alterar a informação apresentada;
ƒ TXT, formato simples, estruturado através de linhas.

6.5.5 Sistema Espacial de Representação


Por forma a tornar possível a sobreposição dos dados, será indispensável a uniformização dos diferentes referenciais
geográficos utilizados na informação existente. Esta questão é relativamente complexa porque muitas vezes a informação
existente não contém qualquer tipo de metadados associados ou outro tipo de ficheiro que permita conhecer o seu
histórico, a sua forma de obtenção ou o referencial cartográfico no qual foi produzida.

Por forma de assegurar o nível de coerência adequado, a informação existente irá ser transformada para um mesmo
referencial utilizando métodos de transformação de coordenadas, de acordo com parâmetros existentes para o território
moçambicano.

40092. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 6-33
Como projecção cartográfica será escolhida para representação da informação será a projecção UTM (Universal
Transverse Mercator), fuso 36 sul, com o datum planimétrico WGS84 (Figura 6.14).

Figura 6.14 –Datum planimétrico WGS84, fuso 36S

Uma vez que uma parte da informação será necessária para carregar o modelo VIC, é possível que tenha de haver
migração entre as coordenas UTM e as coordenadas geográficas, que utilizam a latitude e longitude ao invés das
coordenadas ‘x’ e ‘y’, conforme as necessidades do modelo.

6.5.6 Sistema de Informação Geográfica (SIG)


A integração de toda a informação num SIG, é importante, não só para as operações de análise, mas como base de
trabalho e como forma de centralizar toda a informação disponível, de forma a detectar facilmente alguma incongruência
nos dados das diversas especialidades. Em estudos como o actual, o SIG é uma poderosa ferramenta de trabalho, porque
consegue integrar facilmente um sem número de informação, das mais variadas fontes e formatos.

Será utilizado o ArcGis para a análise, integração, edição e gestão da informação espacial, sendo utilizadas geodatabases
(base de dados geográficas, formato nativo do Arcview/ArcGis) temáticas, de forma a facilitar a organização da informação
relevante, para a entrega final da informação.

De forma a melhorar a integridade da informação na base de dados, cada nível de informação, sofrerá um processo de
validação:

ƒ Domínios – Depois de centralizada a informação geográfica, poderá ser necessário a criação de domínios, lista de
valores possíveis que um campo com informação associada a um elemento possa tomar. Esta é uma forma de
validar a informação, não sendo possível incluir informação naquele campo que não seja considerada no domínio
criado.
ƒ Subtipo – É uma forma de associar mais do que um domínio ao mesmo campo da base de dados
ƒ Regras topológicas – A topologia é a relação espacial entre objectos geográficos e desempenha um papel
fundamental para garantir a qualidade da informação disponibilizada. Estes processos avançados permitem validar a
relação entre os elementos de um nível de informação ou inclusivamente entre elementos de níveis de informação
diferentes.
Após a estrutura da base de dados (Figura 6.15) estar definida será então necessário importar a informação disponível. A
figura seguinte mostra, esquematicamente, a importação dos vários formatos possíveis para a base de dados:

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO E ELABORAÇÃO DO DIF.


6-34 Relatório Inicial (Versão Definitiva)
Mapas em formato
analógico

Ferramentas de Importação

Ferramentas de Edição e Validação

Ferramentas de Manutenção

Figura 6.15 – Estrutura da base de dados

Os formatos de base deverão ser avaliados, de forma a determinar qual a melhor forma de os importar para o sistema de
informação geográfica. Toda a informação relevante relativa a estes mesmos dados será incluída nos metadados, de
acordo com os padrões internacionais.

A grande maioria da informação já se encontra disponível em formato digital, mas caso seja necessário, a informação em
papel considerada indispensável, será digitalizada e georreferenciada.

Um SIG devidamente organizado armazena e faz a gestão dos dados mais importantes tendo a vantagem de tornar
possível a sua manipulação rápida permitindo desta forma obter resultados que de forma imediata dão respostas à
perguntas chave do projecto.

Toda a informação recolhida será analisada, de forma a garantir que toda ela está no mesmo sistema de coordenadas,
para procurar falhas na informação e para confirmar que a informação alfanumérica não tem erros ou incongruências.
Poderá ser necessário proceder à análise da informação, de forma a extrair outro tipo de informação, por exemplo, no
cálculo dos declives através do modelo digital, ou então proceder à conjugação de vários níveis de informação, por
exemplo se desejarmos saber dados estatísticos (elevação máxima, mínima, média, etc...) na área de estudo, será
necessário conjugar o polígono da área de estudo com o modelo digital.

Haverá uma proximidade muito grande entre o desenvolvimento do VIC e o desenvolvimento do SIG, uma vez que os
dados poderão migrar de uma plataforma para outra, do SIG para o modelo VIC quando for necessário tratar a informação
para que esteja no apropriado formato de entrada, do modelo VIC para o SIG, como forma de analisar a informação
processada.

40092. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 6-35
A informação fornecida pelo cliente, irá ser melhor analisada e dentro do possível utilizada, tendo em conta que no fundo
um novo estudo será realizado e que as informações disponíveis serão apenas informações de base, uma vez que uma
parte poderá já estará desactualizada

O objectivo principal será, depois de ter toda a informação geográfica relevante integrada num SIG “geral”, decidir qual a
melhor forma de transportar esta informação, e não só, para uma plataforma disponível aos técnicos envolvidos neste
estudo e à população em geral, a Dynamic Information Framework.

6.5.7 DIF – Dynamic Information Framework


Um dos objectivo deste estudo é integrar toda a informação relevante numa plataforma única de consulta, o Zambeze
Dynamic Information Framework (ZambezeDIF), que permitirá a disponibilização da informação compilada no âmbito do
uso do solo, biodiversidade e hidrologia entre outros. Será possível assim disponibilizar na mesma plataforma, não só a
informação geográfica, como também estudos e relatórios desenvolvidos durante o estudo.

O ZambezeDIF permitirá uma representação baseada em diversos níveis de informação georreferenciada de forma a obter
uma convergência de dados de múltiplas fontes, e não só geográficos, numa única plataforma.

O tipo de informação a integrar divide-se essencialmente em 4 grandes grupos:

ƒ Dados espaciais georreferenciados de forma a permitir a visualização de informação vectorial (shapefiles) e matricial
(raster).
ƒ Tabelas e relatórios com informação recolhida ou resultante de análises efectuadas, bem como informações relativas
ao modelo VIC.
ƒ Informação de suporte, nomeadamente imagens de satélite da zona de estudo.
ƒ Relatórios, fotografias, gráficos e outros documentos de arquivo que permitam compreender os trabalhos efectuados
e manter o histórico de todo o processo.
Como parte integrante do ZambezeDIF, será disponibilizada uma página da internet com a informação que se entenda ser
relevante estar disponível aos intervenientes do estudo e à população em geral, com a vantagem de ser acessível no
mundo inteiro e duma forma transparente.

A questão mais importante nesta plataforma, prende-se com a definição dos dados a disponibilizar e, se aplicável, quais os
graus de acesso à informação. Poderá ser necessário atribuir níveis de acesso diferentes, caso haja essa necessidade.

A página permitirá a visualização interactiva de dados georreferenciados vectoriais e matriciais, incluindo as ferramentas
básicas de visualização, nomeadamente: Zoom_in, Zoom_out, Pan. E ainda a medição de distâncias e obtenção de
informação de elementos gráficos directamente sobre o mapa.

De forma a permitir maior dinamismo, a página será desenvolvida na plataforma ASP.NET da Microsoft. Todos os dados
georreferenciados serão disponibilizados através dos controlos do AspMap (Figura 6.16). Através do AspMap é possível
disponibilizar na internet a informação georreferenciada, mantendo cada um dos níveis de informação no formato
Shapefile da ESRI. Isto torna todo o processo de actualização e disponibilização mais fácil, não sendo necessário qualquer
tipo de transformação dos dados entre os resultados obtidos com base em qualquer das plataformas da ESRI e a sua
disponibilização da página.

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO E ELABORAÇÃO DO DIF.


6-36 Relatório Inicial (Versão Definitiva)
AspMap
Shapefiles ASP.net Framework

Figura 6.16 - Visualização da Informação

Para além da visualização dos dados geográficos será igualmente possível a consulta directa de tabelas e gráficos de
forma a permitir um fácil acesso à informação existente.

Na página estarão igualmente disponíveis para download todos os documentos com dados e relatórios que se entenda
serem relevantes.

A estrutura e tipo de dados a disponibilizar serão definidos pelos responsáveis pela manutenção da página, tendo em
conta que a organização e desenvolvimento da página irá permitir a actualização dos dados de forma rápida e sistemática.

O único pré requisito para a visualização/download da informação será um computador com ligação à internet. Através do
“browser” (navegador) de internet qualquer pessoa poderá ter acesso a esta plataforma, sem a necessidade de instalação
de um software de SIG.

6.6 TREINO NA UTILIZAÇÃO DO ZAMBEZEVIC

6.6.1 Metodologia geral


O treinamento contará com uma base de dados pré-estabelecida e um manual de instruções a ser disponibilizado a todos
participantes. O treinamento terá duas partes distintas: uma teórica e outra prática. Na primeira, as bases teóricas de
funcionamento do modelo serão administradas. Inclui-se na teoria a fonte de obtenção do modelo, dos dados, a
operacionalização do modelo e a sua calibração, visualização e interpretação dos resultados.

Os cursantes terão a oportunidade de aplicar na prática o modelo com auxílio dos técnicos e tirar as suas dúvidas. A parte
prática é fundamental no processo de treinamento, estando previsto a aplicação do modelo em exemplos simples.

6.6.2 Objectivos
Os principais objectivos do curso de treinamento em utilização do ZambezeVIC são:

ƒ Permitir que os técnicos tenham contacto com as metodologias de modelação hidrológica. Isto permitirá aos
participantes adquirirem conhecimentos complementares à sua formação académica e profissional;

40092. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 6-37
ƒ Permitir que os técnicos explorem o modelo usado no estudo, dando-lhes conhecimentos específicos sobre o mesmo
e sobre as componentes envolvidas no projecto;
ƒ Assegurar a transmissão de conhecimentos, que será fundamental para efectuar as tarefas futuras.

6.6.3 Participantes
Todos técnicos envolvidos na manutenção do modelo VIC deverão participar, nomeadamente:

ƒ Responsáveis pela modelação hidrológica na ARA-Zambeze;


ƒ Responsáveis pela manipulação do modelo VIC;
ƒ Responsáveis pela manutenção do DIF.
Outros técnicos poderão ser indicados pela ARA-Zambeze e DNPDR.

6.6.4 Plano de Trabalhos


Para alcançar os objectivos traçados, os seguintes temas serão abrangidos:

ƒ Modelação hidrológica;
ƒ Modelo VIC;
ƒ Tipo de dados, colheita de dados (fonte) e tratamento;
ƒ Resultados do modelo e visualização;
ƒ Calibração do modelo;
ƒ Interpretação dos resultados;
ƒ Actualização e manutenção do modelo VIC.

6.6.5 Língua
O treinamento será administrado em português bem como o material a ser fornecido. Há que realçar que é importante que
os técnicos tenham algum domínio do inglês para aprofundarem pessoalmente os seus conhecimentos sobre o modelo,
visto que o material disponível na Web está em língua inglesa.

6.7 TREINO NA UTILIZAÇÃO DO ZAMBEZEDIF

6.7.1 Introdução
A formação preconizada pretende ir de encontro às necessidades dos técnicos que irão ser responsáveis pela
manutenção e actualização do ZambezeDIF. Pretende-se que estes técnicos sejam capazes de, individualmente, substituir
ficheiros na estrutura do ZambezeDIF e utilizar o SIG como ferramenta de apoio à actualização desta plataforma. Será
dado especial ênfase às ferramentas que se prevêem utilizar na gestão e manutenção da plataforma.

Durante a formação serão entregues manuais com documentos de apoio à formação.

A formação relativa à informação espacial será bastante extensa, uma vez que é considerada a base deste estudo.

Será considerado no programa de formação, a produção, análise e gestão da informação geográfica e alfanumérica com o
objectivo de:

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO E ELABORAÇÃO DO DIF.


6-38 Relatório Inicial (Versão Definitiva)
ƒ Permitir aos técnicos terem contacto com as metodologias de concepção e produção da informação relevante para
cada tipo de estudo, em particular do que agora se inicia;
ƒ Permitir uma mais valia à formação prática e teórica dos técnicos envolvidos, que acumularão conhecimentos que
lhes poderão vir a ser úteis no futuro, mesmo em estudos diferentes do que agora se apresenta;
ƒ Permitir aos técnicos a exploração da informação disponibilizada neste âmbito, dando-lhes conhecimento de todas
as informações relevantes relativas ao modelo e à integração da informação;
ƒ Assegurar que os técnicos serão autosuficientes na manutenção, gestão e actualização futura da plataforma
ZambezeDIF
Mais do que formar os técnicos para as tarefas específicas associadas ao modelo VIC e à plataforma ZambezeDIF,
pretende-se dotá-los de conhecimentos e ferramentas suficientes para que estejam preparados para assumir uma postura
proactiva em futuras situações, nas quais seja necessário utilizar as ferramentas SIG.

Pretende-se, dentro do possível, acompanhar os técnicos nas tarefas de instalação da plataforma e guiá-los através de
todos os processos previstos.

6.7.2 Participantes
Considerando as ferramentas e os assuntos que irão ser abordados, sugere-se que a escolha dos técnicos a formar recaia
sobre aqueles que de alguma forma já tenham tido contacto (pelo menos) com este tipo de plataformas SIG e que se
prevê virem a ficar ligados a este estudo, tanto na análise da informação futura, como na própria manutenção da
informação. Será importante assistirem à formação todos os intervenientes futuros na manutenção e gestão da plataforma.

Naturalmente, a formação será adaptada aos técnicos escolhidos, dando maior enfoque às matérias onde não estejam tão
à vontade.

6.7.3 Programa
A formação incluirá os seguintes temas:

ƒ Cartografia Geral;
ƒ Sistemas de coordenadas;
ƒ Aquisição de informação;
ƒ Tipos de informação;
ƒ Detecção remota;
ƒ Tipos de imagem;
ƒ Correcções geométricas e radiométricas;
ƒ Classificação de imagem;
ƒ Manipulação da Informação;
ƒ SIG’s;
ƒ Importação/exportação de formatos;
ƒ Análise da informação;
ƒ Integração da Informação;

40092. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 6-39
ƒ Layouts, relatórios e gráficos;
ƒ Criação e produção de metadatas;
ƒ Construção da estrutura da plataforma;
ƒ A área geográfica;
ƒ O DIF.
O desenvolvimento do DIF terá em consideração a sua componente dinâmica, sendo orientada para uma fácil actualização
dos dados.

Será ministrada uma formação completa da forma de actualização dos dados disponíveis e incremento de novos dados.

Será fornecido um conjunto de documentação com a descrição de todo o funcionamento da página assim como a estrutura
de dados existente.

A formação ministrada em conjunto com a documentação entregue permitirá a qualquer pessoa sem conhecimentos de
programação manter e actualizar os dados a disponibilizar na página.

Este programa poderá sofrer alterações, adaptando-se o melhor possível aos técnicos que irão ser formados.

6.8 CENÁRIOS DE USO E COBERTURA DA TERRA


O modelo ZambezeVic será calibrado para uma situação concreta correspondente a um período do tempo bem definido
função dos dados de entrada do modelo e dos dados de calibração.

Se a calibração for efectuada para um período antigo, ou usando dados hidrometeorológicos que não correspondam a
valores médios na região, o modelo será executado para as características actuais da área de estudo, usando dados
meteorológicos característicos de um ano médio. Só assim é possível estabelecer um regime de escoamento
característico da situação actual e que seja considerado como situação de referência.

Os cenários de cobertura vegetal e de uso da terra serão obtidos com base nos planos distritais de desenvolvimento ao
nível de base e das instituições como GAZEDA (Gabinete de Apoio a Zonas de Desenvolvimento Acelerado) e GPZ
(Gabinete do Plano do Zambeze) e o Ministério de Planificação e Desenvolvimento (MPD) ao nível centra e obviamente,
os planos do Projecto de Desenvolvimento de Pequenos Produtores Orientados para o Mercado no Vale do Zambeze,
com particular atenção às tendências de uso da terra pelas comunidades locais. Pelo menos três cenários serão traçados
a curto, médio e longo prazos e através da simulação hidrológica do ZambezeVic serão avaliados os resultados obtidos no
escoamento ao longo da área de estudo, dos distritos e das bacias hidrográficas.

6.9 ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DOS DIFERENTES USOS DO SOLO NO REGIME DE ESCOAMENTO


Após a exploração do modelo ZambezeVic para os três cenários de cobertura vegetal e uso do solo, utilizando dados
meteorológicos característicos de um ano médio, serão analisados os resultados obtidos e as mudanças ao regime de
escoamento da situação de referência.

As alterações produzidas serão avaliadas a nível de distrito e de sub-bacia hidrográfica, na sua distribuição espacial e
temporal, com cartas retratando as diferenças entre cada cenário estudado e a situação de referência. Serão igualmente
analisadas as características do semestre seco e húmido e dos quatro trimestres, para além dos valores mensais se for
considerado necessário.

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO E ELABORAÇÃO DO DIF.


6-40 Relatório Inicial (Versão Definitiva)
7 CALENDÁRIO E PLANO DE TRABALHOS
Conforme é apontado nos Termos de Referência, o Plano de Trabalhos e a Metodologia a aplicar no estudo são baseados
nas seguintes fases de trabalho:

ƒ Fase 1 – Fase Inicial;


ƒ Fase 2 – Fase de Recolha e Organização de Dados e Treino no Trabalho;
ƒ Fase 3 – Fase de Calibração do Modelo ZambezeVic e desenvolvimento do ZambezeDIF;
ƒ Fase 4 – Fase de Assistência Técnica.
A Figura 7.1 apresenta o plano de trabalhos para o Estudo, com a identificação das principais actividades e da sua
calendarização.
Os trabalhos a desenvolver decorrerão ao longo de 17 meses. A data de início dos trabalhos, de acordo com os
documentos contratuais, é 20 de Janeiro de 2012. A finalização do estudo está prevista para 20 de Junho de 2013.
A Fase 1 (Fase Inicial) termina com a entrega deste Relatório na sua versão definitiva, revisto a partir da versão provisória
após a recolha de comentários. A Fase 2 terá a duração de seis meses e a Fase 3 a duração de onze meses, havendo
períodos de sobreposição entre as várias fases, de modo a que a duração total não ultrapasse os 17 meses.
Após a finalização do trabalho e entrega da versão definitiva do Relatório Final, decorre a Fase 4 de assistência técnica
para resolver problemas que possam ocorrer com a exploração do ZambezeVic e do ZambezeDif.
A Fase 2 trata da recolha e organização da informação e do aprofundamento dos conhecimentos sobre o modelo VIC e
sobre a sua aplicação à área de estudo. Esta fase termina com a elaboração do manual do modelo VIC e na organização
dos dados necessários para calibrar e explorar o modelo VIC e a estruturação do ZambezeDif.
Nesta fase deverá ser instalada uma estação hidrométrica no rio Lungozi em Mopeia e efectuado um número elevado de
medições de caudal. Estas tarefas serão desenvolvidas pelo ARA-Zambeze.
Na Fase 3 irá concentrar-se na calibração, validação e exploração do ZambezeVic para a área de estudo e na organização
do ZambezeDif. Após a calibração do modelo ZambezeVic, decorrerá a sua explorado para três cenários alternativos de
cobertura vegetal e uso do solo na área de estudo.
Serão efectuados dois programas de treinos dirigidos preferencialmente para os técnicos da ARA-Zambeze sobre o
ZambezeVic e o ZambezeDif.
Serão estudados os modelos hidrológicos em uso na ARA-Zambeze, com destaque para o modelo de previsão de cheias
na bacia do rio Zambeze e criadas rotinas e procedimentos de transferência de dados com o ZambezeVic.
Este estudo termina com uma assistência técnica ao longo de seis meses, contados a partir da entrega do relatório final na
versão definitiva.

40092. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 7-1
Plano de Trabalhos
Semanas e meses a partir de 20 Janeiro de 2012 (data de início dos trabalhos com base no contrato)
ACTIVIDADE 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 De Junh/13
Jan Fev-12 Mar-12 Abr-12 Mai-12 Jun-12 Jul-12 Ago-12 Set-12 Out-12 Nov-12 Dez-12 Jan-13 Fev-13 Mar-13 Abr-13 Mai-13 Jun-13 a Nov/13
1 Fase Inicial
1,1 Mobilização e organização da equipa técnica
1,2 Reunião com a DNPDR e os principais stakeholders em Maputo
1,3 Reunião com a ARA-Zambeze e os principais stakeholders na área de trabalho
1,4 Visita à área de estudo e ao Projecto do GEF. Escolha de locais para instalar EH
1,5 Recolha de dados em Lisboa, Maputo, Tete e na bacia do Zambeze
1,6 Elaboração do Relatório Inicial
2 Fase de Recolha, Organização dos dados e Treino no trabalho
2,1 Recolha e análise dos dados existentes na ARA-Zambeze, DNPDR, MICOA e outros
2,2 Instalação de estações hidrométricas e organizar a realização de medições de caudal
2,3 Medições de caudal nas estações hidrométricas seleccionadas
2,4 Treino ao longo do trabalho na recolha e tratamento de dados
2,5 Tratamento e produção de dados espaciais usando produtos de detecção remota e outros
2,6 Esquematização do modelo ZambezeVic para a área de estudo
2,7 Criação da grelha de direcção do escoamento
2,8 Organização, estruturação e descrição dos dados do modelo ZambezeVic e ZambezeDif
2,9 Manual de utilização do modelo ZambezeVic
2,10 Elaboração do Relatório Preliminar
3 Fase de Calibração do Modelo ZambezeVic e desenvolvimento do ZambezeDif
3,1 Medições de caudal nas estações hidrométricas
3,2 Processamento da informação necessária para o Modelo ZambezeVic
3,3 Projecto, desenvolvimento e instalação do ZambezeDif em Web
3,4 Calibração do modelo ZambezeVic
3,5 Teste e validação do modelo ZambezeVic
3,6 Definição de cenários de uso do solo e do coberto vegetal
3,7 Exploração do modelo ZambezeVic para os cenários de uso do solo seleccionados
3,8 Programa de treino em modelos hidrológicos e no Modelo ZambezeVic
3,9 Programa de treino em bases de dados e no ZambezeDif
3,10 Transferência de dados entre o modelo ZambezeVic e os modelos da ARA-Zambeze
3,11 Elaboração do Relatorio Final
4 Fase de Assistência Técnica
ENTREGAS
i Relatório de Progresso
ii Relatório Inicial
iii Relatório Preliminar
iv Relatório Final
Entrega do relatório na versão provisória
Entrega de comentários sobre a versão provisória do relatório
Entrega do relatório na versão definitiva

Figura 7.1 – Plano de trabalhos

40092. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 7-3
8 RISCOS E PRINCIPAIS DESAFIOS
A aplicação do Modelo VIC à área de estudo na bacia do Zambeze está rodeada de algum risco e bastantes incertezas na
sua concretização.

Em primeiro lugar este modelo tem sido muito utilizado em várias áreas do mundo, mas fundamentalmente em zonas
montanhosas e frias, havendo características específicas do modelo VIC para tratar mais detalhadamente estas duas
características das bacias. Nós vamos aplicar o modelo VIC a uma área bastante plana e sujeita a um clima tropical de
grande variabilidade espacial e temporal dos parâmetros hidrológicos, o que constitui um grande desafio para toda a
equipa técnica envolvida no Estudo e igualmente algum risco na qualidade dos resultados a obter.

Outra questão geradora de grande incerteza é a quantidade e qualidade dos dados de caudais necessários para calibrar o
modelo e a sua compatibilidade no tempo com outros dados de entrada do modelo.

Na área de estudo não existem dados de caudal no período mais recente, que são necessários para calibrar modelo na
área de estudo. Esta situação obriga a uma intensiva campanha de medições de caudal durante um período muito curto,
que corresponde ao período de elaboração do Estudo. Face às dificuldades usuais em Moçambique, este plano de
medições poderá ser difícil de implementar.

A ARA-Zambeze foi contactada para se responsabilizar pela realização das medições de caudais na área de estudo, no
entanto a mesma enfrenta diversas dificuldades que limitam a sua capacidade actual para realizar esta actividade com a
qualidade e rapidez esperada. Existe por isso a necessidade de se implementar urgentemente um plano de poio à ARA-
Zambeze, em meios materiais para ser capaz de realizar os levantamentos de campo previstos neste projecto e alguns
recursos financeiros para apoiar as actividades de campo que os técnicos irão realizar. É assim, que como parte de uma
medida de mitigação dos riscos, sugere-se que sejam fornecidos a ARA-Zambeze alguns equipamentos de campo e
recursos financeiros para apoio ao trabalho de campo que é fundamental para a geração de dados de caudal, que são a
base da calibração e validação do modelo VIC.

Existem bastantes registos de caudais históricos observados até 1974 e muitas estações continuaram ainda a funcionar
até 1981 (início da guerra civil), mas os dados de cobertura vegetal são difícil de obter para este período e terão de ser
reconstruídos a partir de dados recentes. Esta situação leva a uma grande incerteza no desenvolvimento do Estudo , pois
pode obrigar à aplicação de metodologias diferentes conforme se calibrar o modelo para o período recente ou para um
período remoto.

40092. CALIBRATÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 8-1
9 BIBLIOGRAFIA
Allen, R.G., et al. (1998), Crop evapotranspiration: guidelines for computing crop water requirements. FAO: Irrigation and
Drainage Paper, 56, Rome, 300p.

Beernaert, F., (1987), Geomorphologycal-pedological investigation of the Manangas in Southern Mozambique, Ph.D.
Faculty of Sciences, State University of Ghent, Belgium.

Blondin, C. (1991), Parameterization of land-surface processes in numerical weather prediction, in Land Surface
Evaporation: Measurements and Parameterization, edited by T. J. Schmugge and J. C. Andre, pp. 31-54, Springer-Verlag,
New York.

Dijkshoorn, J.A., et al. (1993), Os Solos das Províncias de Maputo e Gaza. Nota Explicativa dos Mapas de Solos, Escalas
1:50 000 e 1:250 000 (versão preliminar). Com. 76, INIA/DTA, MaputoDuband, D., et al. (1993), Unit-hydrograph revised -
an alternate iterative approach to UH and effective precipitation identification, Journal of Hydrology, 150(1), 115-149.

Ducoudre, N. I., et al. (1993), SECHIBA, a New Set of Parameterizations of the Hydrologic Exchanges at the Land
Atmosphere Interface within the Lmd Atmospheric General-Circulation Model, J. Clim., 6(2), 248-273.

FAO (2001), Lectures notes on the major soils of the World (with CD-Rom), by P. Driessen, J. Deckers, O. Spaargaren & F.
Nachtergaele, eds. World Soil Resources Report, 94, Rome

FAO/ISRIC (2003), Soil and Terrain Database for Southern Africa,1:2 million scale, Rome

Franchini, M., and M. Pacciani (1991), Comparative-analysis of several conceptual rainfall runoff models, Journal of
Hydrology, 122(1-4), 161-219.

Gao, H., et al., (2010), Water Budget Record from Variable Infiltration Capacity (VIC) Model. In: Algorithm Theoretical Basis
Document for Terrestrial Water Cycle Data Records (in review).

INIA/DTA, (1995), Legenda da Carta Nacional de Solos, Escala 1:1 000 000. Com. 73, Sér. Terra e Água, Maputo.

Landon, J.R. et al., (1991), Booker Tropical soil Manual; a handbook for soil survey and agricultural land evaluation in the
Tropics and Subtropics, Longman Scientific & Technical.

Liang, X., et al. (1994), A Simple Hydrologically Based Model of Land-Surface Water and Energy Fluxes For General-
Circulation Models, J. Geophys. Res.-Atmos., 99(D7), 14415-14428.

Liang, X., et al. (1996), Surface soil moisture parameterization of the VIC-2L model: Evaluation and modification, Global
Planet Change, 13(1-4), 195-206.

Liechti, T. C., et al. (2012), Comparison and evaluation of satellite derived precipitation products for hydrological modeling
of the Zambezi River Basin. Hydrology and Earth System Sciences, 16, 489–500.

Lohmann, D., et al. (1996), A large scale horizontal routing model to be coupled to land surface parameterization schemes,
Tellus (48A), 708-721.

Lohmann, D., et al. (1998a), Regional scale hydrology: I. Formulation of the VIC-2L model coupled to a routing model,
Hydrol. Sci. J.-J. Sci. Hydrol., 43(1), 131-141.

Lowole, M.W., 1965, Soil Map of Malawi; Department of Agricultural Research, Lilongwe.Nijssen, B., et al. (1996),
Streamflow simulation for continental-scale river basins. Water Resour. Res. 1996.

40092. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC E ELABORAÇÃO DO DIF


Relatório inicial (Versão Definitiva) 9-1
Nijssen, B., et al. (1996), Streamflow simulation for continental-scale river basins. Water Resour. Res. 1996.

SADCC, 1991, Soil Map. Draft. Malawi. (Revised legend FAO-Unesco 1988)

Wihjnhould, J.D., (1998), Extended Explanatory Note on the National Soil Map of Mozambique, Scale 1:1 000 000, Part I;
Main Report and Annexes, Com. 94a, Sér. Terra e Água, INIA, Maputo.

World Bank (2006), Baseline data on landuse, biodiversity, and hydrology. GEF - Zambezi Valley Market Led Smallholder
Development Project.

Zhao, R.-J., et al. (1980), The Xinanjiang model. Hydrological Forecasting (Proceedings Oxford Symposium), IASH 129,
351-356.

40092MHIZ. CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO E ELABORAÇÃO DO DIF.


9-2 Relatório Inicial (Versão Definitiva)

Você também pode gostar