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RELATÓRIO INICIAL
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ABRIL 2012
COBA
CONSULTORES DE
ENGENHARIA
E AMBIENTE
CALIBRAÇÃO DO MODELO HIDROLÓGICO VIC (VARIABLE INFILTRATION CAPACITY) E
ELABORAÇÃO DA BASE DE DADOS DIF (DYNAMIC INFORMATION FRAMEWORK)
RELATÓRIO INICIAL
ÍNDICE
Pág.
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................................................. 1-1
9 BIBLIOGRAFIA................................................................................................................................................................................ 9-1
Índice de Quadros
Quadro 5.1 – Área e população residente nos distritos da área de estudo .............................................................................................. 5-2
Quadro 6.1 - Satélites de recolha de dados usados para estimar a precipitação .................................................................................. 6-10
Quadro 6.2 – Fontes de obtenção de dados de precipitação via satélite ............................................................................................... 6-11
Índice de Figuras
Figura 2.1 – Área de estudo e os distritos e bacias hidrográficas envolvidas...........................................................................................2-5
Figura 6.1 – Representação esquemática da modelação hidrológica de uma célula do modelo VIC ......................................................6-1
Figura 6.4 – Representação esquemática da propagação do escoamento nas células e nos canais......................................................6-5
Índice de Fotografias
Fotografia 4.1 - Vista do rio Lualua para jusante na EN1 .........................................................................................................................4-5
Fotografia 4.6 - Abertura de um perfil numa machamba com cultura do amendoim (Casa Branca)........................................................ 4-8
Fotografia 4.10 - Reconhecimento das principais características dos solos (Próximo de Sùbué) ......................................................... 4-11
Fotografia 4.11 - Abertura dum perfil num machamba com a cultura de milho ...................................................................................... 4-11
RELATÓRIO INICIAL
1 INTRODUÇÃO
Em cumprimento do estipulado no contrato para a prestação de serviços relativos ao Estudo de Calibração do Modelo
Hidrológico VIC (Variable Infiltration Capacity) e Elaboração da Base de Dados DIF (Dynamic Information Framework),
assinado entre a Direcção Nacional de Promoção do Desenvolvimento Rural (DNPDR), e o Consórcio formado pelas
empresas Coba e Salomon, apresenta-se de seguida o Relatório Inicial, em versão provisória.
É muito importante referir que este relatório é apresentado na sua versão provisória para ser analisado pelas entidades
Moçambicanas, designadamente pela DNPDR, a Direcção Nacional de Águas (DNA) e a ARA-Zambeze, estando o
Consórcio naturalmente aberto a comentários, sugestões e alterações que estas entidades julgarem convenientes. Após
esta fase de análise e apreciação por parte do DNPDR, os comentários recebidos serão integrados Relatório e criada a
sua versão final.
Este Relatório é resultado, por um lado, do conhecimento que o Consórcio tem da área de estudo em virtude da vasta
experiência e envolvimento da Coba e da Salomon na execução de diversos trabalhos no Zambeze e por outro da missão
efectuada entre 12 e 26 de Fevereiro que permitiu estabelecer encontros com as várias entidades interessadas no
Projecto e na visita efectuada à área de estudo com objectivo principal de identificar a(s) sub-bacia(s) a utilizar no
processo de calibração.
O presente Relatório é constituído por 9 Capítulos. Para além do presente capítulo introdutório, o relatório compreende um
capítulo onde se faz uma breve abordagem ao âmbito do estudo e ainda mais sete capítulos designados por:
Antecedentes;
Visita à Área de Estudo e Contacto com os Stakeholders;
Descrição da Área de Estudo;
Revisão da metodologia;
Calendário e Plano de trabalhos;
Riscos e principais desafios;
Bibliografia.
A Direcção Nacional para a Promoção do Desenvolvimento Rural (DNPDR) está a implementar uma iniciativa piloto
“Projecto de Desenvolvimento de Pequenos Produtores Orientados para o Mercado no Vale do Zambeze”, também
designado por “Projecto Smallholders”. Este projecto enquadra-se dentro dos elementos 3 e 5 da estratégia acima
indicada. Para que a agricultura se torne instrumento da redução da pobreza é necessário o aumento da produtividade
agrícola, promovendo o uso de insumos agrícolas modernos, tais como sementes de variedades melhoradas, fertilizantes
e mecanização. A economia rural das comunidades moçambicanas é caracterizada por um padrão de grande dependência
do rendimento familiar proveniente da agricultura de subsistência (cerca de metade da renda total), com o restante a ser
obtido das vendas de produtos agrícolas e dos rendimentos do trabalho dependente.
Neste contexto o objectivo do desenvolvimento do projecto é aumentar a renda dos pequenos produtores em distritos
seleccionados da região do Vale do Zambeze, no centro de Moçambique. O aumento da renda será alcançado não só pelo
apoio directo a grupos de pequenos produtores e outros participantes da cadeia de comercialização, mas também através
do reforço da capacidade a nível local para empreender e gerir a prestação de serviços no contexto da política de
descentralização do GdM.
A área geográfica do Projecto é a região central do Vale do Zambeze e abrange cinco distritos em três províncias:
Mutarara (Província de Tete), Mopeia e Morrumbala (Província da Zambézia) e Chemba e Maríngue (Província de Sofala).
Este projecto foi concebido para ser um investimento complementar a outros financiamentos do Banco Mundial e de outros
doadores na área, como são, a Linha de Ferroviária de Sena e as operações de mineração de carvão de Moatize,
contribuindo assim para o rápido desenvolvimento económico da área.
Este projecto está a ser usado como Projecto piloto para testar mecanismos inovadores através da integração de
iniciativas locais específicas que promovam o crescimento agrícola através do desenvolvimento institucional
descentralizado, da mudança tecnológica, do apoio ao desenvolvimento de infra-estruturas de pequena escala e do
aumento da participação do sector privado. O projecto segue uma estratégia centrada na busca de parcerias com
organizações que operam na região para aumentar as sinergias e impacto do mesmo. O projecto encontra-se organizado
em quatro componentes.
Esta componente do projecto lida com as questões do fortalecimento das instituições (governo) locais e desenvolvimento
das capacidades organizacionais de grupos de camponeses como um mecanismo para promover e introduzir processos
participativos com vista a acelerar o processo de descentralização em curso em Moçambique. Fazem parte desta
componente as seguintes sub-componentes: (i) desenvolvimento de capacidades de organizações de base comunitária;
(ii) serviços de finanças rurais e (iii) reforço da capacidade de planeamento ao nível do Distrito
Esta componente do projecto servirá de mecanismo para que os agricultores acedam ao apoio técnico para o
desenvolvimento de uma agricultura impulsionada pelas necessidades do mercado e com uma base larga de
sustentabilidade. As sub-componentes são (i) agronegócio e desenvolvimento de mercado; (ii) reforço dos serviços de
extensão; (iii) investigação aplicada, formação e demonstração e (iv) sistemas melhorados agrícolas e agro-florestais.
Para promover e garantir a viabilidade e sustentabilidade das operações agrícolas, os pequenos produtores precisam ter
acesso a uma variedade de serviços e infra-estruturas. Este factor é geralmente mencionado como um constrangimento
chave para a produtividade e inclui os riscos associados com a variabilidade climática e falta de estradas rurais que ligam
as zonas de produção aos mercados. O objectivo desta componente seria criar mecanismos para o desenvolvimento de
infra-estrutura crítica para apoiar o desenvolvimento das actividades dos pequenos produtores que permitam reduzir os
riscos e aumentar a sua produtividade. As sub-componentes são: (i) infra-estruturas agrícolas afins; (ii) investimentos
agrícolas de pequena escala e (iii) gestão sustentável da terra.
Esta componente do projecto refere-se ao mecanismo de gestão criado para a implementação do projecto, onde se
destaca a arquitectura institucional adoptada incluindo o financiamento de actividades específicas das instituições
envolvidas na materialização dos propósitos do projecto. É através desta componente do projecto que são garantidos a
supervisão do trabalho dos distritos, o apoio nas funções de prestação de contas e a elaboração de relatórios de
actividades ao nível do distrito.
As quatro componentes acima listadas são financiadas através de fundos alocados pela Agencia Internacional para o
Desenvolvimento (IDA).
Para acautelar as questões ambientais foi previsto em complemento ao financiamento do IDA, um financiamento do GEF
de modo avaliar os impactos ambientais de medidas previstas para o incremento da agricultura, pois a agricultura
itinerante usada em muitos países africanos está associada ao aumento do desmatamento, à perda de biodiversidade e a
um rápido declínio da fertilidade do solo de áreas desmatadas, o que leva a mais desmatamento em busca de novas áreas
de substituição. A perda dos serviços ecossistémicos aumenta a vulnerabilidade das populações locais e eleva os
impactos associados a secas e inundações.
É prática do Banco Mundial, no financiamento de projectos, avaliar os impactos ambientais decorrentes dos investimentos
por si financiados e determinar se tais impactos podem ser mitigados a partir de iniciativas de outrem. Nos caso de tal não
se verificar, é possível avaliar-se a possibilidade do uso de fundos do GEF para atender as questões ambientais do
No presente projecto a subvenção do GEF foi considerada oportuna e como um mecanismo eficaz para aproveitar as
potenciais sinergias entre as metas nacionais e benefícios globais, tais como redução de desmatamento e a perda de
biodiversidade e do solo e a redução das emissões de gases de efeito estufa, mantendo a integridade funcional tanto da
floresta localizada nas terras altas, como dos ecossistemas ribeirinhos. Assim no âmbito desta componente do projecto
prevê-se o monitoramento das perdas dos serviços ecossistémicos (hidrologia local, habitat para a biodiversidade nativa).
Em suma o objectivo da componente do financiamento do GEF é promover a adopção de medidas nos distritos, onde
actua o projecto, que limitem a degradação da terra e melhorem a resiliência dos ecossistemas num contexto alterações
climáticas.
O objectivo principal do estudo é avaliar os impactos no regime hidrológico da área em estudo de diferentes cenários de
uso de terra e da cobertura vegetal, que poderão resultar do desenvolvimento das actividades do projecto e de outros
planos governamentais em carteira nos seis distritos, nomeadamente os distritos de Chemba, Maringué e Caia da
província de Sofala, o distrito de Mutarara da província de Tete e os distritos de Mopeia e Morrumbala da província da
Zambézia. Aos cinco distritos incluídos no “Projecto Smallholders”, foi acrescentado o distrito do Caia devido à sua
localização geográfica no contexto da rede hidrográficas e das sub-bacias.
Como o desenvolvimento do Estudo passa pela calibração e exploração de um modelo hidrológico aplicado aos seis
distritos, a área de estudo pré-definida terá de ser adaptada aos limites das bacias hidrográficas que drenam os distritos.
Foi assim definida uma nova área de estudo que engloba para além dos distritos, as áreas das bacias hidrográficas dos
rios que drenam os distritos em causa, conforme se irá descrever em detalhe no Capítulo 4 e se apresenta na Figura 2.1.
Nesta Figura apresentam-se os limites administrativos dos seis distritos e os limites das bacias hidrográficas a estudar.
A SADC tem dado atenção especial a questão do desenvolvimento sustentável da bacia do Zambeze através da
implementação de projectos específicos regionais virados para a busca de estratégias de desenvolvimento que minimizem
Pontualmente os países ou instituições responsáveis pela gestão de grandes infra-estruturas da bacia do Zambeze tem
implementado estudos específicos, na área da conservação e protecção ambiental dos recursos do rio. Destacam-se as
iniciativas visando o restabelecimento dos caudais ambientais que alimentam a zona alagada dos “Mana Pools” pelas
descargas feitas a partir da barragem de Kariba. Este projecto foi implementado usando uma plataforma de modelação
desenvolvida especificamente para o efeito designada InfoWorks. Diversos outros modelos tem sido implementados na
bacia do Zambeze visando responder a questões específicas de gestão dos recursos hídricos da bacia, de relevância para
a parte moçambicana da bacia destacam-se os modelos HEC da Agência Protecção Ambiental dos Estados Unidos e a
série dos modelos MIKE, MIKE-Basin e MIKE 11.
A iniciativa levado a cabo pelo DNPDR está em linha com as iniciativas regionais visando o desenvolvimento sustentável
dos recursos naturais da bacia do Zambeze e enquadra-se no conjunto de iniciativas, que a ARA-Zambeze tem participado
regionalmente.
As actividades do estudo de base incluíram a calibração e teste ao nível de bacia e sub-bacia de modelos dinâmico-
hidrológicos com capacidade de simular os efeitos da mudança da cobertura vegetal (VIC, DHSVM) com a participação de
entidades locais. As actividades do estudo de base foram apresentadas no relatório do Banco Mundial publicado em
Novembro de 20061. O objectivo deste estudo de base foi reportado como sendo o de avaliar a dinâmica das mudanças do
uso de terra e da cobertura vegetal nos 10 anos antecedentes ao projecto do Vale de Zambeze visando o desenvolvimento
dos pequenos produtores orientados para o mercado.
Determinação da cobertura vegetal e classes do uso da terra, com a caracterização das dinâmicas do uso da terra e
da cobertura vegetal no período de 1995-2006 em pelo menos 5 distritos do projecto.
Biodiversidade vegetal: Preparação de perfis geo-referenciados de biodiversidade de plantas nos 5 distritos,
utilizando métodos expeditos e de baixo custo, com um retorno alto baseado em cortes-transversais segundo o
gradiente esperado.
Desenvolvimento de um quadro de análise hidrológica dinâmica: Desenvolvimento de um modelo hidrológico
baseado em processos geo-espacial-explícito que permite calcular o balaço energético duma unidade espacial do
terreno (célula), como função da estrutura física do terreno (topografia, solos) e propriedades da vegetação. Os
resultados individuais das áreas do projecto são combinados num sistema de informação dinâmica e flexível
designado Zambezi Dynamic Information Framework (ZambeziDIF).
Os resultados do estudo de base podem ser considerados como mistos. O desenvolvimento do modelo VIC na sua versão
preliminar foi feito com sucesso tendo-se obtido resultados que embora não calibrados são os esperados num modelo de
transformação de precipitação em escoamento. A análise da cobertura vegetal e do uso de terra teve resultados menos
conclusivos devido a falta e elementos suficientes de análise, nomeadamente levantamentos históricos destes dados que
permitissem determinar a dinâmica do uso de terra e cobertura vegetal. O estudo de base teve sucesso no
desenvolvimento do quadro dinâmico de armazenamento de informação, no entanto o mesmo não se encontra operacional
por ter sido desactivado no servidor onde se encontrava hospedado.
1 LOWER ZAMBEZI RIVER BASIN BASELINE DATA ON LANDUSE, BIODIVERSITY, AND HYDROLOGY. WB, Nov 2006
4.1 INTRODUÇÃO
Os contactos e encontros em Maputo e na área de estudo realizados pela equipa técnica conjunta da Coba e da Salomon
foram preparados conjuntamente com os responsáveis da Direcção Nacional de Promoção do Desenvolvimento Rural
(DNPDR) e do Projecto de Desenvolvimento de Pequenos Produtores Orientados para o Mercado no Vale do Zambeze.
Na cidade de Maputo, para além do encontro com a DNPDR, foram realizados encontros e contactos com as seguintes
entidades
Este encontro tinha como principais objectivos: a apresentação da equipa de estudo à DNPDR; o enquadramento do
estudo “Calibração do Modelo Hidrológico VIC (Variable Infiltration Capacity) e elaboração do DIF (Dynamic Information
Framework)” no “Projecto de Desenvolvimento de Pequenos Produtores Orientados para o Mercado no Vale do Zambeze
(SMALLHOLDR)”; a discussão dos objectivos a atingir e o seu enquadramento com o Projecto; a articulação e
envolvimento da equipa do estudo com a ARA-Zambeze; a identificação de condicionantes e de medidas de mitigação;
planificação dos contactos a estabelecer com as outras entidades interessadas (stakeholders); a visita à área de estudo e
a recolha da informação.
Após apresentação da equipa que desenvolverá o estudo, a Dra. Sandra fez um enquadramento geral do Projecto de
Desenvolvimento de Pequenos Produtores Orientados para o Mercado no Vale do Zambeze, que teve início em Maio de
2007. O projecto é financiado pela Agência Internacional de Desenvolvimento (IDA) e pelo Fundo Global para o Meio
Ambiente (GEF) e tem como grande objectivo aumentar o rendimento dos pequenos produtores nos distritos
seleccionados da região do Vale do Zambeze, através da mobilização das organizações de base comunitária; no apoio à
produção (financiamento, assistência técnica e comercialização e agro-processamento), e no fortalecimento da
capacidade das instituições locais num contexto de ampla descentralização. A componente ambiental apoiada pelo GEF
está ligada a actividades relativas a degradação dos solos, biodiversidade e mudanças climáticas. O principal objectivo da
componente ambiental é a sustentabilidade ambiental das medidas promotoras do desenvolvimento dos pequenos
agricultores.
Este projecto é da responsabilidade da DNPDR mas tem fortes ligações com o Ministério da Agricultura e com o Ministério
do Ambiente. Para implementação do Projecto, o DNPDR tem 13 pessoas contratadas no terreno e distribuídas pelas duas
grandes áreas de actuação: a agricultura e o ambiente, coordenadas no campo respectivamente por Distino Chiare e
Alfredo Zunguze. O Gestor do Projecto é o Sr. José Caravela, que não pode participar por estar na mesma hora numa
reunião com organizações governamentais.
O estudo “Calibração do Modelo Hidrológico VIC (Variable Infiltration Capacity) e elaboração do DIF (Dynamic Information
Framework)” é parte da componente ambiental, sendo financiado pelo GEF. No final do estudo, o modelo VIC e o
respectivo DIF ficarão instalados na ARA-Zambeze. Esta entidade irá colaborar no processo de obtenção de dados para
calibração do modelo VIC. A DNPDR esclareceu que o Projecto tem uma verba prevista para suportar os custos da
colaboração da ARA-Zambeze no estudo de calibração do modelo VIC.
O presente estudo irá compilar a informação obtida e analisada no âmbito do “Baseline data on Landuse, biodiversity , and
hydrology”. A DNPDR forneceu o DIF, que foi desenvolvido no âmbito deste estudo preliminar.
Este encontro permitiu também a troca de impressões sobre o trabalho realizado anteriormente no âmbito de uma primeira
fase e que também contou com a colaboração do IIAM nomeadamente na realização dos Transects realizados para
avaliação da biodiversidade que incluíram também a realização de sondagens com a recolha de amostras de solo para
análise laboratorial no IIAM em Maputo, a classificação do solo no campo de acordo com taxonomia proposta pela USDA e
a realização de ensaios de infiltração usando um infiltrómetro modificado.
Da DNPDR estiveram presentes o Director Nacional Adjunto Sr. Olegário Banze e o Sr. Alfredo Zunguze.
O Director Nacional Adjunto da DNPDR fez uma descrição geral do “Projecto de Desenvolvimento de Pequenos
Produtores Orientados para o Mercado no Vale do Zambeze” e identificou os objectivos atingir e a importância do presente
estudo “Calibração do Modelo Hidrológico VIC (Variable Infiltration Capacity) e elaboração do DIF (Dynamic Information
Framework)” na identificação dos impactos dos vários cenários de desenvolvimento agrícola no regime dos rios que
drenam os distritos da área de estudo. Foi realçada a intervenção da ARA-Zambeze a quem será entregue no final os
resultados do estudo relativo ao modelo VIC e o DIF.
Os aspectos mais específicos do estudo que será desenvolvido foram apresentados pelo “Team Leader” Dinis Juízo e por
António Alves.
Os técnicos da DNA colocaram algumas questões relativamente às relações do modelo VIC com os modelos utilizados na
ARA-Zambeze, nomeadamente com o MIKE 11; ao papel da ARA-Zambeze no Estudo; à possibilidade de utilização do
modelo para à identificação das áreas de inundação e sobre a definição da área de estudo (distritos de Chemba,
Maringué, Mopeia, Morrumbala, Mutarara e Caia). A todas as questões levantadas foram prestados esclarecimentos.
O encontro com ARA-Zambeze tinha como principal objectivo a concertação de esforços no sentido de se obter caudais
nos principais rios da área de estudo, necessários para calibrar o modelo VIC. Foi referido que se deveria utilizar ainda
esta época de chuvas para realizar algumas medições de caudais nos locais previstos para calibrar o modelo,
nomeadamente no rio Lualua e no rio Lungozi na margem esquerda do Zambeze e possivelmente no rio Zangué ou no rio
Nhamapaza na margem direita do Zambeze.
Foi destacado na reunião que para calibrar o modelo VIC é fundamental ter caudais nos locais de calibração do modelo e
para isso é necessário efectuar medições de caudais em número suficiente para se obter as curvas de vazão. Neste
sentido é necessário que no escritório da ARA-Zambeze no Caia esteja sempre um aparelho para medir caudais nos rios.
Como a ARA-Zambeze apenas tem um aparelho destes, ficou definido que através do apoio financeiro do “Projecto
Smallholders” à ARA-Zambeze, iria ser comprado um equipamento para ficar sediado em Caia. Enquanto não se faz a
aquisição deste aparelho, deveria ser negociado o empréstimo de um aparelho da ARA-Centro para estas funções.
Ficou visto que no presente relatório deveriam ser descritas as tarefas previstas para a colaboração da ARA-Zambeze,
tendo em vista um possível financiamento do “Projecto Smallholders”, que será descrito no 6.3.5.3.
4.3.1 Introdução
A visita à área de estudo decorreu entre os dias 20 e 23 de Fevereiro. A visita foi planeada conjuntamente com a DNPDR
e contou com a presença ao longo de todo o tempo do Dr. Alfredo Zunguze, cuja participação na visita de estudo foi
fundamental nos contactos com as várias entidades, permitindo também uma intensiva e frutuosa troca de impressões ao
longo de toda a visita.
A visita efectuada à área de estudo privilegiou o reconhecimento dos rios quer da margem esquerda quer da margem
direita do rio Zambeze, com vista à identificação das bacias para as quais será feita a calibração do modelo, o
reconhecimento dos principais usos e cobertura da terra, e o reconhecimento das características dos solos.
Para além do reconhecimento da área estudo, foram efectuados contactos com os diversos “stakeholders”. Na Beira
houve uma reunião com a Directora Provincial do Plano e Finanças, com o Secretário Permanente do Distrito de Mopeia,
com o Administrador do distrito de Maringué e com o secretário do Posto Administrativo de Subwé.
A importância dos estudos e projectos que permitam reduzir/combater a pobreza e garantir a sustentabilidade do ambiente
foi realçada pela Sr.ª Directora.
4.3.3 Visita às bacias hidrográficas e aos distritos da margem esquerda do rio Zambeze
A visita efectuada às bacias da margem direita rio Zambeze teve como objectivo principal a selecção da(s) sub-bacia(s) a
utilizar no processo de calibração assim como o reconhecimento dos usos e cobertura da terra e características dos solos
dominantes na área de estudo.
No início da visita foi efectuado um primeiro encontro com uma brigada da ARA-Zambeze, constituída pelos técnicos
Carlos Rego e Pechisso, que se encontrava no Caia para realizar medições de caudal no rio Zambeze e no rio Chire. Este
O trabalho de campo foi feito fundamentalmente no rio Lualua junto à EN1 ( Fotografia 4.1 e Fotografia 4.2) e no rio
Lungozi junto à EN1 (Fotografias 3.3) e junto a Mopeia (Fotografias 3.4), tendo-se visitado também os rios Mutiade e
Mecombeze.
No rio Lualua junto à EN1 houve a oportunidade de visitar a estação hidrométrica tendo-se constatado que a escala para
medição níveis baixos se encontra danificada obrigando o leitor da estação a inferir as leituras. Esta deficiência foi relatada
à ARA-Zambeze no sentido de se proceder com a brevidade possível à substituição da escala. Houve ainda a
oportunidade de trocar impressões com o leitor da estação, motivando-o para a importância dos dados desta estação e
informando-o sobre o objectivos do Projecto.
O rio Lungozi foi também visitado de modo a verificar a possibilidade de ser utilizado na calibração do modelo VIC. Para
este efeito seria necessário instalar uma estação hidrométrica, que poderia ficar localizada na secção da estrada EN1
(Fotografia 4.3) ou numa secção perto de Mopeia (Fotografia 4.4), tendo-se optado por esta última.
Como já foi referido a visita a área de estudo tinha também como objectivos o reconhecimento dos usos e cobertura da
terra e das unidades de solos dominantes. Neste âmbito foram abertos dois pequenos perfis: um numa área cultivada com
milho (Fotografia 4.5) e outro com a cultura do amendoim (Fotografia 4.6) na Casa Branca.
Fotografia 4.5 - Abertura de um perfil numa machamba com cultura do milho (Casa Branca) em Mopeia
Na visita ao distrito de Mopeia houve ainda a oportunidade de trocar impressões com o Sr. Secretário Permanente do
Distrito de Mopeia (João Pedro) que manifestou a total disponibilidade do Governo do Distrito em tudo o que possa
colaborar.
Ao Facilitador Distrital (Eng. Labiano) foram solicitados os dados existentes no distrito relativamente às áreas cultivadas e
a produtividade das principais culturas para o período 2006-2011, assim como os planos de desenvolvimento e
ordenamento previstos para o Distrito de Mopeia. Estes dados são fundamentais a definição dos cenários de uso e
ocupação das terras.
4.3.4 Visita às bacias hidrográficas e aos distritos da margem direita do rio Zambeze
No reconhecimento efectuado aos afluentes da margem direita do rio Zambeze, foram visitados os rios Zangué (Fotografia
4.7) e Nhamapaza (Fotografia 4.8 e Fotografia 4.9), tendo-se verificado que se trata de rios de regime torrencial, com
caudais apenas em situação de grandes chuvadas e sem caudais permanentes na época húmida. Esta contestação levou
a desistir de instalar estações hidrométricas nesta zona.
Esta visita foi realizada conjuntamente com os técnicos da ARA-Zambeze, Carlos Rego e Pechisso, responsáveis pela
medição de caudais.
O primeiro perfil com uma profundidade relativamente pequena tinha como objectivo principal apenas o reconhecimento da
textura do solo (Fotografia 4.10).
Fotografia 4.10 - Reconhecimento das principais características dos solos (Próximo de Sùbué)
Fotografia 4.11 - Abertura dum perfil num machamba com a cultura de milho
Na vista ao distrito de Maringué houve ainda a oportunidade de trocar impressões com o Sr. Administrador do Distrito. Ao
Facilitador Distrital do Projecto (Eng. Abel Joia) foram solicitados os registos existentes no distrito das áreas cultivadas e
produtividades das principais culturas para o período 2006-2011.
Na Figura 4.1 e na Figura 4.2 apresentam-se as localizações das estações udométricas e hidrométricas que existiram ou
existem na área de estudo. Foram apenas seleccionadas as estações que possuem dados nas décadas de 60 e/ou 70. A
partir de 1981, como início da guerra civil, a maioria das estações deixaram de funcionar, em particular as estações
hidrométricas, que se localizam em sítios menos acessíveis. Algumas estações reiniciaram o seu funcionamento em 2003,
com o estabelecimento da ARA-Zambeze. As estações hidrométricas, na sua maioria apenas têm dados de alturas, pois
as curvas de vazão não estão actualizadas.
Na Figura 4.3 e na Figura 4.4 apresentam-se os inventários dos dados de precipitação diária e de alturas hidrométricas
registadas nas estações atrás referidas, com registos até 1982. Foram eliminadas estações com menos registos e que se
concentrem na mesma área. Algumas estações que apresentam poucos dados históricos, foram consideradas, pois
correspondem a estações actualmente operacionais ou em vias de serem instaladas.
Está ainda em análise, de utilizar como dados de entrada do modelo, os dados meteorológicos obtidos a partir de imagens
de satélite, pois existe bastante trabalho de investigação nesta área com aplicação directa à bacia do rio Zambeze, usando
os satélites FEWS, TRMN e CMORPH, conforme se descreve no ponto 6.3.2.
Estes dados são no entanto para um período recente, para os quais não existem neste momento dados de caudais para
calibrar o modelo VIC, pelo que se decidiu inventariar os dados históricos, permitindo em alternativa aplicar e calibrar o
modelo VIC para um período na década de 60 ou 70.
Para calibrar o modelo para um período recente é necessário uma campanha intensa de medições de caudais que permita
estabelecer curvas de vazão e calcular caudais a partir das alturas de água registadas. Na nossa área de estudo estão em
operação as estações E101-Derre e E480 – Campo (EN1) no rio Lualua e as estações E289 – Megaza e E288 – V.
Bocage no rio Chire e no rio Zambeze as estações E299 –Nhacolo (Tambara). E293 – Nhamayàbuè (Mutarara), E291 –
Caia, E285 – Marromeu.
Está em curso na ARA-Zambeze o reforço da actividade de medições de caudal, para serem estabelecidos curvas de
vazão para muitas estações do Baixo Zambeze, para se poder haver para além de alturas, também caudais nestas
estações.
x Ano completo
- Ano com falhas nos dados
Ano sem dados
x Ano completo
- Ano com falhas nos dados
Ano sem dados
A análise do inventário das estações hidrométricas permitiu verificar que na área de estudo, na margem direita do rio
Zambeze nunca foram instaladas estações hidrométricas.
A maior bacia hidrográfica e com maior influência na área de estudo é bacia do rio Zangué com uma área total de
9182 km2. Recentemente a ARA-Zambeze instalou uma estação no Rio Zangué junto à EN1, mas verificou que esta
secção do rio era influenciada pelos caudais do rio Zambeze e foi abandonada. Na nossa visita foi observado o local onde
foi instalada esta estação e mais dois locais a montante, nomeadamente no rio Nhamapaza na EN1 e junto ao posto
administrativo de Subwé.
Verificou-se na visita, que foi realizada em plena época húmida (Fevereiro), que o rio Nhamapaza estava completamente
seco em Subwé (Fotografia 4.8) e sem caudal na EN1 (Fotografia 4.9). Da conversa com as autoridades locais constatou-
se que o rio Nhamapaza é um rio de regime torrencial, só registando caudais quando chove de modo intenso e secando o
rio com o fim da chuva. Neste contexto não é fácil fazer medições de caudais, pois mesmo que a equipa da ARA-Zambeze
seja informada em tempo real, quando se deslocasse para o local já a cheia teria passado e o rio teria caudal nulo ou
muito baixo, impossibilitando a definição de uma curva de vazão.
Como as restantes bacias que drenam os distritos desta margem (Sangadeze e Mepuze) são de menor dimensão e
apresentam igualmente características de regime torrencial, foi considerado que não se deveria criar estações
hidrométricas nesta zona.
Pode-se no entanto concluir que o conhecimento das características de regime torrencial nas bacias existentes na margem
direita do Zambeze, irá contribuir para verificar a calibração efectuada para o modelo VIC, mesmo que de um modo
qualitativo.
A análise do inventário das estações hidrométricas permitiu verificar que na área de estudo (margem esquerda do rio
Zambeze) e que abrange os distritos de Mutarara, Morrumbala e Mopeia e é drenada principalmente pelos rios Chire e
Cuácua, existiram várias estações hidrométricas em funcionamento, algumas delas que estão actualmente operacionais
em contraste com as sub-bacias da margem direita.
Para além e várias estações no rio Zambeze, estão ainda em operação as estações E101-Derre e E480 – Campo (EN1)
no rio Lualua e as estações E289 – Megaza e E288 – V. Bocage no rio Chire. No entanto, estas estações apenas
possuem dados de alturas, pois não têm curvas de vazão actualizadas.
Estas estações hidrométricas reiniciaram o seu funcionamento em 2003, com o início do funcionamento da ARA-Zambeze.
Desde esta data tem havido a recolha regular de dados de alturas hidrométricas e está em curso o reforço da actividade
de medições de caudal, para serem estabelecidos as respectivas curvas de vazão e assim terem igualmente caudais
nestas estações. Este reforço de medições e está a ser feito apenas para as estações do rio Chire e do Zambeze para
apoiar o modelo actual de previsão de cheias.
No âmbito do nosso Estudo está previsto actualizar a curva de vazão da E 101 – Derre e calcular curvas de vazão da nova
estação E480 (agora localizada na EN1) já operacional e da nova estação E442-Mopeia a reinstalar no local antigo.
Assim a calibração do modelo VIC será feita a partir destas três estações hidrométricas. Se for possível obter caudais no
rio Chire, poderá igualmente ser feita uma calibração mais simplificada a partir dos caudais do rio Zambeze em Caia.
5.1 INTRODUÇÃO
A área de estudo proposta pelos Termos de Referência incluia os distritos de Chemba, Maringué e Caia da província de
Sofala, o distrito de Mutarara da província de Tete e os distritos de Mopeia e Morrumbala da província da Zambézia, cujos
limites administrativos se apresentam na Figura 2.1 atrás referida.
Como o objectivo do estudo é a calibração e exploração de um modelo hidrológico aplicado aos seis distritos em causa, a
área de estudo pré-definida terá de ser adaptada aos limites das bacias hidrográficas que drenam os distritos. Foi assim
definida uma nova área de estudo que engloba para além dos distritos, as áreas das bacias hidrográficas dos rios que
drenam os distritos em causa.
A área de estudo irá igualmente enquadrar-se no contexto mais amplo da bacia hidrográfica do rio Zambeze, dando
particular atenção aos rios Chire e Cuácua, que se localizam na área de estudo.
O rio Zambeze nasce nas montanhas de Kalene no extremo noroeste da Zâmbia, à altitude de 1 450 m e desagua em
Moçambique no Delta do Zambeze, após percorrer 2 700 km. Depois de sair das montanhas de Kalene, o rio atravessa o
Noroeste de Angola e o Oeste da Zâmbia, forma a fronteira Norte da Namibia (na faixa de Caprivi) e a fronteira entre a
Zâmbia e o Zimbabué e entra em Moçambique próximo da localidade do Zumbo à altitude de 330 m.
Ao longo dos 260 km do leito do rio Zambeze entre Zumbo e Cahora Bassa, desenvolve-se a albufeira de Cahora Bassa.
A barragem foi construída numa garganta de margens íngremes e cerca de 600 m de altura. O rio Zambeze continua
encaixado para jusante, formando um desfiladeiro que se alarga próximo do local de Mphanda Nkuwa, a partir do qual o
rio entra numa peneplanície. Cerca de 80 km a jusante de Tete, encontra-se a garganta de Lupata, onde o Zambeze
atravessa a última formação rochosa a uma altitude de 95 m, entrando nos 350 km finais da planície, antes de desaguar
no Oceano Índico. Neste troço final o rio tem entre 3 a 5 km de largura, por vezes mais, com braços e meandros e
margens nem sempre bem definidas. O delta do Zambeze começa em Mopeia, aproximadamente a 150 km da costa. A
influência da maré é evidente nos últimos 80 km.
A maior parte da bacia do Zambeze (42%), localiza-se na Zâmbia, no entanto o Malawi tem quase a totalidade do seu
território (93%) no interior da bacia do Zambeze, sendo drenado pela bacia hidrográfica do rio Chire. Botswana, Namibia e
Tanzânia são os países com pequenas áreas da bacia no seu interior (inferiores a 3%).
O rio Chire drena o Lago Niassa, que é o terceiro maior lago de África, depois dos Lagos Vitória e Tanganica. A sua bacia
compreende quase todo o Malawi e uma pequena área na Tanzânia. O rio Chire sofre um grande efeito de regulação,
primeiro devido ao próprio Lago Niassa e depois pelo atravessamento duma extensa zona de pântanos, antes de entrar
em Moçambique. A bacia hidrográfica tem uma área total de 158 000 km2, desagua o rio Chire no rio Zambeze junto à vila
de Caia. O rio Chire faz de limite fronteiriço com Malawi e separa a província de Tete da província de Zambézia, servindo
igualmente de limite aos distritos de Mutarara, Morrumbala e Mopeia.
População
Área Residente
Província Distrito
(2007)
(km2) (hab.)
Tete Mutarara 6367 207010
Sofala Chemba 3977 63981
Sofala Maringué 6149 75135
Sofala Caia 3585 115612
Zambézia Mopeia 7671 115291
Zambézia Morrumbala 12800 358913
Total 40549 935942
Como se pode observar os seis distritos têm uma área total de 40 500 km2 e uma população residente em 2007 de cerca
de 940 000 habitantes, que é cerca de 4,5% da população total do País. Estes distritos localizam ao longo do rio Zambeze,
na região do Baixo Zambeze entre a garganta de Lupata (Fotografia 5.2) e o distrito de Mopeia (Fotografia 5.3), numa
extensão de cerca de 275 km.
A superfície da bacia é representada como uma grelha de células (de dimensão > 1 km) planas e uniformes. O modelo
VIC-3L caracteriza o solo como um prisma constituído por 3 camadas (Figura 6.1). A superfície do solo é descrita por N+1
classes de vegetação, sendo que a n-ésima classe representa o solo nu. As várias coberturas e tipos de uso da terra são
tratados pelo modelo ao nível das células através de distribuições estatísticas.
Para ter em conta a variabilidade nos parâmetros hidráulicos e hidrológicos ao nível das células da grelha que define a
bacia, o modelo VIC-3L adopta o esquema da capacidade de infiltração variável (Figura 6.1) baseado no modelo
Xinanjiang (Zhao et al., 1980).
Fonte: http://www.hydro.washington.edu/Lettenmaier/Models/VIC/).
Figura 6.1 – Representação esquemática da modelação hidrológica de uma célula do modelo VIC
(
i = i m 1 − (1 − A )
1/ bi
)
i m = (1 + bi ) × θ s × z
onde im é a capacidade máxima de infiltração do solo, As representa a fracção da área para a qual a capacidade de
infiltração é menor que i, bi é o parâmetro de forma da infiltração, θs é a porosidade do solo, e z é a profundidade do solo.
A curva de infiltração variável (Zhao et al., 1980) permite modelar a heterogeneidade espacial da geração do escoamento.
O modelo assume que é gerado escoamento superficial a partir das duas camadas superiores do solo nas áreas, para as
quais a precipitação quando adicionada ao teor de humidade no fim do passo de tempo anterior excede a capacidade de
armazenamento do solo. A formulação do escoamento subsuperficial segue o modelo conceptual de Arno (Franchini e
Pacciani, 1991; Todini, 1996).
Como resultado da variação da capacidade de infiltração, o teor de humidade o escoamento superficial e o escoamento de
base e a evapotranspiração também variam espacialmente.
O copado da vegetação corresponde a um reservatório (Figura 6.2) em que a precipitação (P) é a entrada e as saídas são
a evaporação, (Ec), e o gotejo para o solo (Pt) (quando o reservatório está cheio e transborda). Cada copada tem uma
capacidade máxima de armazenamento (Wim) característica.
Os dados meteorológicos de entrada do modelo (precipitação, temperatura do ar e velocidade do vento) são introduzidos
com o passo de tempo diário ou sub-diário. Os fluxos de terra-atmosfera e os balanços de água e energia na superfície da
terra são simulados com o passo de tempo considerado na introdução dos dados meteorológicos (diário e sub-diário).
No modelo VIC, a distribuição da água no solo, a infiltração, a drenagem entre as camadas de solo, o escoamento
superficial e o escoamento de base são calculadas para cada uma das N+1 classes de cobertura vegetal.
Evapotranspiração
No modelo VIC são considerados três tipos de evaporação: a evaporação a partir do copado, Ec, e a transpiração, Et, de
cada uma das classes de vegetação e a evaporação a partir do solo nu, E1. A evapotranspiração total sobre cada uma das
células da grelha é calculada como o somatório dos três parâmetros, ponderados de acordo com a percentagem da área
total de cada uma das classes de vegetação:
Quando a água interceptada pelas copas da vegetação é suficiente para satisfazer a procura da atmosfera, a
evaporação a partir do copado corresponde ao seu valor máximo, E*c.
O valor de E*c é função da quantidade máxima de água que o copado pode interceptar, Wim, da quantidade de água
interceptada pelo copado, Wi, da evapotranspiração potencial, Ep, da resistência da superfície e da arquitectura, r0, e da
resistência aerodinâmica, rw (Figura 6.3).
O valor de Wim é calculado em função do LAI (0,2 x LAI, segundo Dickinson, 1984). Os valores de r0 são fornecidos para
cada classe de cobertura vegetal. A resistência aerodinâmica é simulada segundo a aproximação proposta por Monteith e
Unsworth (1990) sendo função da velocidade do vento uz (m s-1) medido à altitude z e do coeficiente de transferência para
a água Cw, calculado pelo algoritmo proposto por Louis (1979).
A evapotranspiração potencial expressa como densidade de fluxo de calor latente, λνEp, é calculada a partir da equação
de Penman-Monteith, onde λν representa o calor latente necessário à vaporização de uma unidade de água. A equação
de Penman-Monteith (Allen et al., 1998) inclui todos os parâmetros que governam a troca de energia e o correspondente
fluxo de calor latente (evapotranspiração):
ρa c p (es − ea )
Δ(R n − G ) +
ra
λυ E p =
Δ+γ
Onde: Rn-G é a energia disponível (W m-2) no copado, composta pelos fluxos de radiação líquida, Rn, e de calor de (para)
o solo, G; ra é a resistência aerodinâmica (s m-1); (es-ea) representa o défice de pressão de vapor (Pa) aos níveis da
superfície evaporativa e de referência, respectivamente; ρa e a densidade do ar (kg m-3); cp é o calor específico do ar
húmido (J kg-1 K-1); Δ representa o declive da curva de pressão de vapor (Pa K-1) à temperatura Ta; e γ é a constante
psicrométrica (≈ 66 Pa K-1).
A transpiração da vegetação, Et (mm), é estimada por (Blondin, 1991; Ducoudre et al., 1993):
Onde rc (m s-1) é a resistência do copado calculada em função da resistência mínima do copado, r0c, dos factores
temperatura, défice de pressão de vapor, do fluxo de radiação fotossintética activa (PAR) e teor de humidade e do índice
de área foliar.
A evaporação a partir do solo nú, E1, ocorre apenas ao nível da primeira camada do solo. A formulação de Arno proposta
por Franchini e Pacciani (1991) é utilizada para calcular o valor de E1 quando a superfície do solo não se encontra
saturada. Em condições de saturação a taxa de evaporação é dada pela taxa de evaporação potencial.
Onde Qd,n (mm) é o escoamento superfice e Qb,n (mm) é o escoamento de base, estimados para a n-ésima classe de
vegetação.
O modelo VIC assume que não existe escoamento lateral nas duas primeiras camadas do solo. Assim o movimento da
água no solo pode ser caracterizado pela equação unidimensional de Richards.
O modelo Routing é descrito em detalhe por Lohmann et al. (1996, 1998a). Este modelo calcula o tempo de concentração
para o escoamento chegar á secção de saída de cada uma das células e modela a propagação do escoamento em canais.
O modelo assume que todo o escoamento horizontal dentro duma célula da grelha atinge a rede de canais dentro da
célula em vez de cruzar a fronteira com outra célula vizinha. O escoamento pode sair de cada uma das células em oito
direcções possíveis mas todo o escoamento tem de sair na mesma direcção. O hidrograma unitário triangular é adoptado
para modelar o transporte do escoamento superficial e do escoamento de base dentro da célula. A Figura 6.4 apresenta o
esquema de cálculo da propagação de escoamento utilizado pelo modelo Routing.
Em ambos os processos modelados pelo modelo ROUTING são adoptados funções lineares de transferência. O modelo
ROUTING estende a aproximação FDTF-ERUHDIT (First Differenced Transfer Function-Excess Rainfall and Unit
Hydrograph by a Deconvolution Iterative Technique) proposta por (Duband et al., 1993). O transporte de escoamento em
canais é descrito através de modelo de propagação linear, adoptando a equação linearizada de Saint-Venant.
Figura 6.4 – Representação esquemática da propagação do escoamento nas células e nos canais
A Figura 6.5 apresenta a esquematização da rede hidrográfica a considerar no estudo, incluindo as sub-bacias
hidrográficas apresentadas na Figura 2.1 e as estações hidrométricas actualmente operacionais na área de estudo.
Enquanto as estações de Lupata e Chilombo não estiverem em funcionamento, os caudais nestas secções dos rios
Zambeze e Chire deverão ser avaliados por métodos simplificados, com base nos registos de estações hidrométricas
existentes noutros locais. Os caudais do Zambeze em Lupata deverão ser obtidos a partir dos caudais efluentes da
barragem de Cahora Bassa, dos caudais observados em Tete e das contribuições dos vários afluentes com destaque para
os rios Revubué e Luenha. Os caudais no rio Chire serão estimados a partir das estações E288–V. Bocage e E289–
Morrumbala em funcionamento actualmente. A área de estudo totaliza uma superfície de 61 800 km2, tendo-se optado pela
definição de uma célula quadrada de 10 km de lado, com unidade elementar para aplicar o modelo VIC.
Está previsto a calibração do modelo VIC para o ano 2012/2013, se for possível obter dados de caudais nestas estações
ou então em alternativa para um ano na década de 70, utilizando os dados históricos de caudais e o conhecimento do
cobertura vegetal e uso da terra existente à época, com base nos estudos do antigo Gabinete do Plano do Zambeze.
A primeira tarefa será decidir qual o melhor modelo a utilizar, tendo em consideração a área de estudo e tendo em
consideração o objectivo final. Poderá utilizar-se o modelo SRTM (Shuttle Radar Topography Mission), com a resolução
espacial de 3’’ arcos de segundo, que representam cerca de 90m ou então o ASTER (Advanced Spaceborne Thermal
Emission and Reflection Radiometer) com a resolução de 1 arco de segundo (cerca de 30m). A utilização de um modelo
com uma resolução maior é obviamente mais apelativo, mas tendo em consideração que o SRTM já existe desde 2000 e
já sofreu várias correcções, é possível que em termos de rigor seja um modelo mais estável e confiável que o modelo
ASTER, que foi disponibilizado em 2009, tendo sofrido apenas uma correcção em 2011. Serão ambos avaliados e de
acordo com os resultados será utilizado aquele que der uma maior garantia de rigor e confiabilidade.
Uma vez que os modelos são disponibilizados por células, o consórcio propõe-se processar simultaneamente o conjunto
de células necessárias para toda a área de estudo, já definida, de forma a facilitar o tratamento e integração da
informação, em conjunto com os restantes dados a utilizar.
No caso específico do estudo que nos propomos realizar - a calibração, teste e validação do modelo hidrológico VIC para
a previsão do impacto na mudança do uso e cobertura da terra na hidrologia da área da bacia do rio Zambeze que
compreende os distritos de Mutarara, Chemba, Maringué, Caia, Mopeia, Morrumbala – a utilização do MDT servirá, não só
para a criação de classes de declives, exposição solar e hipsometria, como também para o cálculo das matrizes de
direcção (flow direction) e acumulação (accumulation), que permitem calcular as sub bacias hidrográficas da área da bacia
do Zambeze em estudo.
Devido à forma como estes modelos foram adquiridos, acontece por vezes existirem células sem informação ou com
informação incoerente e por esta razão é necessário realizar uma interpolação com os valores da vizinhança, que permita
a remoção e ajuste destes valores, de forma a ficarmos com uma matriz coerente e sem valores nulos. Os gráficos
seguintes mostram, esquematicamente, exemplos de algumas correcções necessárias (picos e depressões):
Após este procedimento, o passo seguinte será a modelização da rede hidrográfica, de forma a identificar a direcção do
escoamento para cada célula da matriz global. A geometria da rede é dada pela direcção do escoamento e pela
localização da sua acumulação.
Com a matriz da direcção do escoamento será possível determinar os lugares onde o escoamento se acumula, resultando
que as áreas com maior acumulação se identificam como sendo as linhas de água.
Este procedimento é realizado com a ajuda de aplicações comerciais, como é o caso do ArcGis. Para o cálculo das sub-
bacias da área de estudo agora apresentada foi utilizado o SRTM, com a resolução de 90m. De notar que estes modelos,
para áreas bastante planas, como é o caso da área do delta do Zambeze, poderão não representar duma forma fiável o
terreno, devido à dificuldade de cálculo de linhas de maior acumulação de água.
Para alimentar o modelo VIC será necessário espacializar a informação existente nos postos udométricos e climatológicos
e distribuí-la por todas as células do modelo. Esta operação apresenta dois desafios o primeiro relacionado com a
qualidade dos próprios dados que apresentam períodos de falhas por vezes longos e alguns problemas de qualidade por
falta de supervisão do trabalho de leitores em grande parte da rede; o segundo desafio está relacionado com o facto de o
modelo VIC operar numa escala de tempo diária (e se necessário de 3 horas) o que implicaria a geração de um número
muito elevado de mapas de distribuição de temperatura na base dos dados que existem. Deve acrescentar-se a este
último ponto o facto de serem poucas as estações de chuva e de medição de temperatura com dados numa base inferior a
um dia. Esta situação só se verifica nas estações sinópticas onde estão instalados udógrafos.
Na base da explicação acima pode inferir-se que o uso de informação climatológica obtida da rede de motorização terrena
é uma actividade laboriosa para além de ter limitações referentes a disponibilidade de dados numa rede de densidade
adequada para permitir uma regionalização fiável e uma resolução temporal compatível com a escala do modelo. Neste
contexto como estratégia para este estudo será feito um esforço para se aproveitar o máximo possível da informação
disponível junto do INAM e das ARAs (Zambeze, Centro e Centro-Norte) para geral dados de controle e alimentação do
modelo sempre que viável do ponto de vista de qualidade dos dados e cobertura da zona de estudo.
Relativamente ao modelo VIC e tomando a vantagem dos fundamentos para a sua criação, foram desenvolvidas formas
alternativas de alimentação do modelo na ausência de dados climatológicos obtidos de redes de terrenas de recolha de
dados. É assim que o modelo VIC tem sido aplicado em diversas partes do mundo usando como dados de entrada
informação climatológica obtida via sensoramento remoto. A estimativa de dados climatológicos com base em informação
obtida via satélite, apesar de ser uma técnica recente, tem cativado a atenção e interesse de meteorologistas de várias
partes do mundo. Os vários estudos comparativos realizados tem permitido aprimorar a qualidade de dados gerados com
base nesta ferramenta o que contribui para se ultrapassar os problemas relacionados com a falta de dados de observação
no terreno. Esta informação é gerada com escalas de tempo e espaço cada vez reduzidas o que permite ultrapassar
Os dados de detecção remoto provém de dois tipos de satélite: Geoestacionário que permite uma leitura “permanente” de
informação na área coberta e outro que orbita a volta da terra a baixa altitude. Os algoritmos de cálculo de precipitação
usam tipicamente informação de dois tipos sensores o passivo de Micro-ondas (PM) e o Infravermelho Visível e de
Radiância (VIS/IR) informação mais detalhada sobre esta matéria pode ser obtida do sítio http://www.isac.cnr.it/~ipwg/.
A informação obtida pelos sensores acima indicados é processada usando algoritmos apropriados para gerar dados de
precipitação a escala temporal e espacial diferente. O Quadro abaixo sumariza as principais fontes de dados que podem
ser acedidas neste momento e as suas características.
A precipitação é estimada com base em leituras feitas por sensores alojados em satélite usando vários algoritmos que
convertem a informação obtida da radiância e canal visível infravermelho e sensor passivo de micro-ondas.
Este centro foi criado no ano de 1989, a pedido da Organização Meteorológica Mundial (OMM). É operado pela Deutscher
Wetterdienst (DWD, Serviço Meteorológico Nacional da Alemanha) como uma contribuição alemã para o World Climate
Research Programme (WCRP). Os dados de precipitação são obtidos por interpolação a partir das diversas fontes
disponíveis, processamento, avaliação da qualidade dos dados, a selecção e a comparação com as diversas fontes. As
informações básicas sobre os métodos utilizados são publicadas por Rudolf et al. (1994) e Rudolf e Schneider (2005)
Foi criado pelo WCRP (World Climate Research Program) para resolver o problema da quantificação da distribuição da
precipitação em todo o mundo durante muitos anos. Os dados foram obtidos combinando as informações disponíveis de
precipitação de cada uma das várias fontes resultando em um produto final que aproveita os pontos fortes de cada tipo de
dado.
Está a ser monitorada pela NASA, e Agência Nacional de Aeronáutica e Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA Japão)
para melhorar o conhecimento quantitativo da distribuição 3-dimensional da precipitação nos trópicos. Os dados de
precipitação foram obtidos pelo algoritmo de estimativa de precipitação descrito por Huffman et al. (2007).
Os dados de precipitação foram obtidos por interpolação a partir de dados de várias estações climatológicas usando um
algoritmo que toma a latitude, longitude e elevação como variáveis independentes de entrada.
A qualidade dos dados gerados por esta via de observação indirecta tem sido objecto de escrutínio contínuo dos
meteorologistas de todo o mundo com o objectivo de melhorar a sua fiabilidade. No caso da bacia do Zambeze o estudo
mais recente sobre a fiabilidade de dados obtidos via satélite é apresentado por Cohen Leichti et al. (2012). Nesse
trabalho e tomando como referência outros estudos similares feitos no continente africano foram seleccionadas 3 fontes de
dados, a base dessa escolha foi a alta resolução que estes produtos possuíam (dados diários ou abaixo disso) e resolução
espacial menor que 0.25 graus. Neste contexto foram analisados os produtos da TRMM 3B42, FEWS REF 2.0 e CMORPH
comparando-os com informação registada em estações terenas no período de Janeiro de 2003 a Dezembro de 2009. O
estudo comparativo das 3 principais fontes indicadas mostra que os dados do TRMM 3B42 são uma boa base a ser
considerada no modelo VIC do Zambeze. No estudo de base implementado neste projecto foram usados dados do
European Center for Medium Range Weather Forecast (ECMWF) ERA 40. Esta base de dados fornece valores estimados
diários de precipitação. Infelizmente, no caso desta fonte os dados imediatamente disponíveis cobrem o período de 1957 a
2002 o que torna o seu uso mais problemático. Para obter dados de anos mais recentes é preciso fazer-se um pedo formal
a agência que gere a informação.
Uma vez que a obtenção de dados mais actuais da ECMWF não é um dado adquirido e atendendo ao facto de os mesmo
não terem sido sujeitos aos mesmo escrutínio que tiveram os dados das outras bases de dados o consultor opta por usar
dados d o TRMM como sugerido no estudo apresentado por Cohen e Leichti et al. (2012).
Em alternativa, se não for possível obter caudais no ano 2012/213, pode-se regressar ao tempo colonial e às redes
meteorológicas e espacializar a informação para a grelha do modelo VIC
6.3.3 Solos
6.3.3.1 Generalidades
O solo constitui uma das principais componentes do modelo VIC. O modelo possibilita a utilização de diversas camadas de
solo, mas normalmente utilizam-se apenas 3 camadas (Liang et al. 1994, Nijssen et al., 1996). A espessura das camadas
pode variar de célula para célula, com excepção da camada superficial que normalmente se adopta como tendo 5 a 10 cm
de espessura.
O ficheiro dos parâmetros do solo utilizado pelo VIC descreve para cada célula, características únicas do solo. A lista
completa desses parâmetros encontra-se em:
http://www.hydro.washington.edu/Lettenmaier/Models/VIC/Documentation/SoilParam.shtml.
No mesmo sítio, referem-se os intervalos de valores considerados como razoavelmente aceitáveis. Entre os parâmetros,
incluem-se a porosidade θs (m3 m-3), o potencial do solo saturado ψs (m), a condutividade hidráulica em solo saturado
ksat (m s-1), o expoente B para o fluxo em condições não saturadas, a espessura de cada camada de solo di, o expoente da
curva da capacidade de infiltração variável bi, e os três parâmetros da curva do escoamento de base: Dm, Ds e Ws.
Para a identificação desses parâmetros, será necessário saber quais os tipos de solos existentes e as características que
possam ser utilizadas para obtenção directa ou indirecta dos referidos parâmetros. Os inventários de solos que
conduziram à classificação e cartografia das Unidades-solo e à descrição das suas características morfológicas, físicas,
Carta Nacional de Solos, à escala 1:1 000 000, acompanhada de um legenda descritiva que contém, para cada
Agrupamento de Solo, informação sobre as características dominantes, geormorfologia/geologia, unidades de
paisagem; declive; textura, profundidade, condições de drenagem, teor da camada superficial em matéria orgânica,
salinidade, sodicidade, classificação FAO (1988) e USDA (1982), tipos de vegetação, limitações e aptidão da terra
para sequeiro e regadio (INIA/DTA, 1995);
Dados morfológicos e analíticos de perfis típicos das Unidades-solo que integram a Carta Nacional de Solos;
Cartas de solos, em escala superior a 1:1 000 000, com dados descritivos e analíticos de perfis típicos de Unidades-
solo, resultantes de diversos trabalhos de reconhecimento de solos no Vale do Zambeze.
SOTERSAF – Soil and Terrain Database for Southern Africa, scale 1:2 000 000;
Soil Maps of Malawi, scale 1:1 000 000 (Lowole, 1965, SADCC, 1991).
As unidades cartográficas constantes na Carta Nacional de Solos podem incluir apenas uma Unidade-solo ou uma
Unidade-solo dominante e uma ou mais associadas. No Quadro 6.5 apresenta-se a estrutura de constituição das unidades
cartográficas, com as adaptações introduzidas neste estudo.
Símbolo Designação
A Solos arenosos
AA Solos arenosos amarelados
B Solos basálticos
BP Solos basálticos pretos
BV Solos basálticos vermelhos
C Solos de coluviões
CA Solos de coluviões arenosos
CG Solos de coluviões argilosos
CM Solos de coluviões de textura média
DC Solos de dunas costeiras
FE Solos de sedimentos marinhos
FG Solos de aluviões argilosos
FS Solos de aluviões estratificados de textura grosseira ou média
G Solos derivados de grés vermelho
KA Solos arenosos castanho-cinzentos
KG Solos argilosos castanho-cinzentos
KM Solos castanhos de textura média
L Solos líticos
M Solos de Mananga
MA Solos de Mananga com cobertura arenosa de espessura variável
MC Solos de coluviões argilosos de Mananga
MM Solos de Mananga com cobertura arenosa de espessura variável
PA Solos de Post-Mananga de textura grosseira
PM Solos de Post-Mananga, de textura média
R Solos riolíticos
S Solos sobre seixos rolados
VA Solos arenosos avermelhados
VG Solos argilosos vermelhos
VM Solos vermelhos de textura média
WK Solos pouco profundos sobre rocha calcária
WM Solos de textura média derivados de rochas sedimentares
WP Solos pouco profundos sobre rocha não calcária
WV Solos argilosos vermelhos derivados de rochas calcárias
Fonte: INIA/DTA (1995), com ligeiras modificações.
Em consonância com os critérios de classificação utilizados na Legenda da Carta Nacional de Solos, os solos identificados
poderão agrupar-se por 4 grandes unidades geomorfológicas: Zonas Aluviais e Fluviais-marinhas, Bacia sedimentar,
Zonas Vulcânicas e Soco Precâmbrico.
Nas Zonas Aluviais e Fluviais-marinhas ocorrem os solos formados a partir de deposição de sedimentos como
consequência da acção, isolada ou conjugada, dos rios e do mar. Diferenciaram-se os seguintes Agrupamentos de Solos:
Solos aluvionais formados a partir de depósitos marinhos em áreas submersas por água salgada ou atingidas pelas
marés (FE);
Solos aluvionais formados a partir de sedimentos argilosos, que dominantemente apresentam, pelo menos entre 50 e
100 cm de profundidade, texturas argilo-arenosa, argilo-limosa ou argilosa (FG);
Solos aluvionais de textura média ou mais grosseira, que, em geral, apresentam estratificação e, entre 50 e 100 cm
de profundidade, texturas franco-argilo-arenosa ou mais grosseira (FS).
b) Solos da Bacia Sedimentar
Na área correspondente à Bacia Sedimentar encontram-se os solos derivados de rochas sedimentares, rochas
sedimentares metamorfisadas e depósitos superficiais eóleos, conforme se segue:
− Solos pouco profundos, de cores pardacentas a negras, derivados de rochas calcárias (WK);
− Solos derivados de rochas sedimentares não calcárias, tendo dominantemente texturas franca ou mais
grosseira entre 50 a 100 cm de profundidade, ou para solos com menor espessura, na camada directamente
acima da rocha-mãe (WM);
− Solos derivados de rochas sedimentares não calcárias, tendo dominantemente texturas franco-argilo-arenosa
ou mais fina entre 50 a 100 cm de profundidade ou, para solos com menos espessura, na camada directamente
acima da rocha-mãe (WP).
c) Solos das Zonas de Rochas Vulcânicas
As imagens do MODIS 1x1km também foram classificadas. As classes de cobertura da terra foram feitas com base nos
tipos de cobertura vegetal definidos pela LPDAAC (Land Processes Distributed Active Archive Center). Este centro,
componente da NASA (National Aeronautics and Space Administration), processa, arquiva e distribui dados da terra
derivados de sensores de observação da terra. O LP DAAC processa dados dos satélites ASTER e MODIS. O sistema de
classificação primário identifica 17 classes de cobertura da terra definidos pelo International Geosphere Biosphere
Programme (IGBP), que inclui 11 classes de vegetação natural, 3 classes de mistura de classes, e três classes sem
vegetação (Quadro 6.7).
O modelo VIC necessita que em cada classe de vegetação seja descrita em informações mensais de albedo e índice de
área foliar (IAF), bem como valores de resistência estomática mínima, resistência da arquitectura, radiação mínima
necessária para ocorrer a transpiração, rugosidade e deslocamento do plano zero (Quadro 6.7). Estes dados são
organizados em uma biblioteca, a qual foi elaborada a partir dos dados online da GLDAS (Global Land Data Assimilation
System).
O sistema de classificação da GLDAS não é idêntico ao sistema da IGBP. Os dois sistemas de classificação foram
combinados de acordo com o Quadro 6.7. Dado que não existe neve na área de estudo, qualquer pixel classificado como
neve foi assumido como erro de classificação e atribuída a classe de solo descoberto. Para os parâmetros sem
combinação entre os sistemas da IGBP e GLDA, as classes apropriadas do sistema GLDA foram combinadas.
Quadro 6.7 - Sistemas de classificação da cobertura do solo.
Sistema de classificação da IGBP Parâmetros de classe GLDAS
0 Água Água
1 Floresta de folha fina sempre verde Floresta de folha fina sempre verde
2 Floresta de folha larga sempre verde Floresta de folha larga sempre verde
10 Pradaria Pradaria
Os parâmetros de vegetação foram obtidos com base no ciclo climático temperado, onde a cobertura foliar é maior entre
Junho e Julho e menor entre Dezembro e Janeiro. No sentido de representar melhor a sazonalidade decídua na Bacia do
Zambeze, todos os parâmetros do GLDAS foram invertidos tal que os valores para Junho se tornaram valores para
Dezembro, valores para Julho tornaram-se valores de Janeiro, assim sucessivamente. Onde não houvesse valores
apropriados do GLDAS, os dados padrão do modelo VIC foram usados (disponível online em:
ftp://ftp.hydro.washington.edu/pub/HYDRO/models/VIC/Veg/veg_lib).
O sistema de classificação tipo 1 da IGBP realça a diversidade do ecossistema do Zambeze e será usado neste trabalho.
Um outro sistema com menos classes pode ser aplicado e reduzir o tempo de computação necessário para classificar as
imagens do Landsat.
Para além da base de dados da GLDAS para a determinação dos parâmetros de uso e cobertura do solo, serão
consultados estudos feitos em zonas com climas semelhantes.
6.3.5 Caudais
6.3.5.1 Generalidades
A existência de dados de caudais em quantidade e qualidade são a base para a realização de uma boa calibração para
qualquer modelo hidrológico, por sua vez a não existência de caudais leva à impossibilidade de calibrar este tipo de
modelos.
No caso concreto da área em estudo, verificou-se que na margem direita do rio Zambeze é impossível obter-se caudais
pela característica extremamente torrencial dos afluentes do Zambeze, dificultando a realização de medições de caudal
em tempo útil. Por isso a calibração do modelo VIC será realizada fundamentalmente para a margem esquerda do
Zambeze, utilizando as estações existentes no Rio Lualua E101 - Derre e E480 - EN1 e reinstalando uma estação no rio
Lungozi, perto de Mopeia, na localização da antiga estação E442 – Mopeia.
A bacia hidrográfica do Lualua tem uma área 6 400 km2 e drena grande parte do distrito de Morrumbala e uma parte do
distrito de Mopeia. Para a utilização destas duas estações na calibração do modelo VIC é necessária uma intensa medição
de caudais, de modo a estabelecer curvas de vazão em tempo útil.
Na visita verificou-se que na estação hidrométrica Localizada na EN1 (antiga E480) faltava um troço de escala,
impossibilitando o leitor de fazer as leituras de modo correcto. Esta deficiência foi relatada à ARA-Zambeze no sentido de
se proceder com a maior brevidade à substituição da escala.
Como resultado da visita à área de estudo e dos contactos com os técnicos da ARA-Zambeze considerou-se que deveria
ser instalada uma estação hidrométrica no rio Lungozi, no mesmo local onde existia a estação E442 – Mopeia. Esta
estação com uma bacia hidrográfica de cerca 1 000 km2, drena parte dos distritos de Morrumbala e Mopeia.
Neste sentido foram feitas já contactos com a ARA-Zambeze para verificar se esta estação se enquadra dentro das suas
necessidades de informação e a importância de ser instalada a curto prazo para contribuir para a calibração do modelo.
No que se refere às estações telemétricas e tendo em conta o sistema de previsão de cheias e a futura revisão da
calibração do Modelo VIC, é fundamental instalar estações telemétricas no rio Zambeze em Lupata e no rio Chire em
Megaza (Morrumbala).
Durante a época húmida de 2012/2013, entre Novembro a Março deverá voltar a serem efectuadas três medições de
caudal por mês e por estação.
Para a execução deste plano intensivo de medições é necessário ter um equipamento de medição de caudais por
micromolinete na região do Caia, que esteja equipada com guincho para as medições poderem ser feitas a partir das
pontes. Para caudais baixos as medições poderão ser a vau.
A ARA-Zambeze é a entidade fundamental na execução deste plano de medições, pelo seu conhecimento, no entanto
para poder realizar um bom trabalho deverá ser apoiada financeiramente, através da compra de equipamentos e apoio nas
despesas de deslocação e talvez nas ajudas de custo.
A ARA-Zambeze apenas tem um equipamento para medição de caudais com micromolinete, pelo que face à dimensão da
sua área de jurisdição, não pode ceder em exclusividade este aparelho para o Caia, por isso é importante ter outro
equipamento, pelo que se propõe que o “Projecto Smallholders” possa financiar esta aquisição, bem como os custos
operacionais de realização das medições, que deverão ser acordados entre este Projecto e a ARA-Zambeze.
Em situação transitória, poderia ser utilizado por empréstimo, um aparelho da ARA-Centro. Já falámos sobre este assunto
com o Sr. Director Geral Eng.º Manuel Fobra, tendo sugerido que deveria ser contactado neste sentido pela Sr.ª Directora
da ARA-Zambeze.
A avaliação da eficiência dos modelos é feita comparando os resultados da simulação com os valores observados por
exemplo através da estimação do somatório do quadrado dos erros (SQE) que reflete o erro do ajustamento global obtido
no modelo. O critério de eficiência de Nash e Sutcliffe é uma das funções mais usadas em hidrologia para avaliar a
qualidade do ajustamento dos modelos hidrológicos e pode ser escrita da seguinte forma:
∑ (Qobs − Qmed )
2
NS = 1 −
N×S 2
obs
Quando a simulação for perfeita, o erro quadrático médio é nulo e a eficiência é 1. Existem no entanto outras funções
objectivo que podem ser igualmente consideradas na avaliação da qualidade do modelo que serão estudadas quanto
a sua adequabilidade para o caso do modelo VIC e da bacia do Zambeze.
Quando existir um grande número de conjuntos de combinações de parâmetros, para obter uma boa calibração do
modelo é necessário ter uma ferramenta de controlo que permita escolher a melhor combinação de parâmetros.
Assim recorre-se a validação da calibração do modelo correndo-se o modelo com os parâmetros calibrados num
outra série de dados que não tenha sido parte do processo que levou a escolha desses parâmetros. A validação é
por isso uma actividade importante na modelação hidrológica. A experiência mostra que deve ser feita uma divisão
na proporção de 2/3 de dados para usar na calibração contra 1/3 de dados deixados de fora para serem usados
durante a validação.
A escolha dos períodos de calibração e validação obedece a critérios que são função da disponibilidade de dados e
características do fenómeno em estudo. Por exemplo no caso do modelo hidrológico que pretende gerar caudais
diários será importante encontrar uma boa repartição da série de dados de calibração e validação de tal forma que
em ambas parcelas de dados ocorram os extremos, mínimos e máximos, que caracterizam a hidrologia do local. A
validação da calibração é feita usando a mesma função-objectivo adoptada para avaliar a qualidade de calibração do
modelo. Note-se que é comum a qualidade do modelo tender a deteriorar-se da calibração para a validação havendo
contudo necessidade de se exercer alguma ponderação na aceitação dessa deterioração da qualidade para que
esteja dentro dos limites da razoabilidade.
As bacias em estudo têm muitas lacunas de informação de caudais, para os anos que se consideram como possuindo
dados climatológicos que alimentam o modelo (épocas mais recentes que 1998). Neste contexto está prevista a
implementação de uma campanha de recolha de dados nas principais bacias do estudo para fornecerem a base para a
calibração e validação do modelo VIC. Da avaliação efectuada até aqui concluiu-se que as bacias com maior potencial
para a montagem e monitorização dos caudais durante a implementação do projecto são os afluentes ao rio CuáCua na
margem esquerda do Rio Zambeze. Todas a bacias na margem da margem direita do rio possuem condições não
adequadas para a sua monitorização por apresentarem um regime de escoamento intermitente e também pelo facto de a
maior parte das bacias serem planas nos locais com melhores condições de instalação de estações.
Nesta fase preliminar de análise de informação concluiu-se que a calibração do modelo será feita tomando por base, os
dados de caudais registados em alguns pontos das bacias da margem esquerda do Zambeze nomeadamente nos rios
Está previsto efectuar a calibração do modelo para o ano 2012/2013, em alternativa se não for possível obter dados de
caudais nestas estações e neste período, pode-se optar por calibrar o modelo para um ano da década de 70, utilizando
dados de caudais e de precipitação registados nas estações hidrometeorológicas, bem como o conhecimento da cobertura
vegetal e do uso da terra à época, que se podem obter nos estudos do antigo Gabinete do Plano do Zambeze.
Duas abordagens serão apresentadas em paralelo para descrever numericamente a geometria dos objectos:
o modo vector, onde a geometria da imagem cartográfica é descrita por pontos que compõem a representação de
cada objecto, quer este seja pontual, linear ou poligonal, pontos ligados por segmentos de recta orientados ou
qualquer outra linha definida matematicamente;
o modo matricial, onde a superfície da imagem cartográfica é descrita de acordo com uma lógica de varrimento linha
por linha (semelhante a uma imagem de televisão), sendo cada linha composta de pontos elementares (ou pixéis).
Os modelos vectorial e matricial oferecem duas representações distintas e complementares do mundo real, devendo cada
um ser adaptado à aplicação específica do utilizador. Há dois critérios principais que devem guiar a escolha do modelo:
numerização
Espaço geográfico
(modelo cognitivo)
Representação Matricial
ponto id,x,y
linha id, N
x1,y1
x2,y2
...
xN,yN
x1,y1 é diferente
de xN,yN
polígono id, N
x1,y1
x2,y2
...
xN,yN
x1,y1 é idêntico a
xN,yN
Neste modelo, os dados são representados por uma matriz bidimensional (rectangular) formada por unidades básicas
(pixéis) organizadas em linhas e colunas (rows, columns). Cada pixel toma um valor medido ou calculado, real ou inteiro e
é identificado pela sua posição coluna-linha. A precisão (detalhe) do modelo matricial depende da dimensão da célula.
6.5.4 Os formatos
Os dados serão dispostos em um ou vários ficheiros situados dentro de uma unidade de armazenamento – geodatabase.
JPEG (Joint Photographic Experts Group), utilizado para o armazenamento de imagens numéricas;
TIFF (Tagged Image File Format), utilizado para o armazenamento de imagens numéricas;
GEOTIFF, utilizado para o armazenamento de imagens numéricas – extensão do formato TIFF que contém
informação sobre a georreferenciação dos dados facilitando assim a sua troca entre diferentes sistemas;
ECW (Ermapper Compress Wavelets), utilizado para o armazenamento de imagens numéricas. É um formato
comprimido que permite uma gestão muito mais simples e rápida da informação.
Para a informação alfanumérica, os formatos a utilizar serão:
Por forma de assegurar o nível de coerência adequado, a informação existente irá ser transformada para um mesmo
referencial utilizando métodos de transformação de coordenadas, de acordo com parâmetros existentes para o território
moçambicano.
Uma vez que uma parte da informação será necessária para carregar o modelo VIC, é possível que tenha de haver
migração entre as coordenas UTM e as coordenadas geográficas, que utilizam a latitude e longitude ao invés das
coordenadas ‘x’ e ‘y’, conforme as necessidades do modelo.
Será utilizado o ArcGis para a análise, integração, edição e gestão da informação espacial, sendo utilizadas geodatabases
(base de dados geográficas, formato nativo do Arcview/ArcGis) temáticas, de forma a facilitar a organização da informação
relevante, para a entrega final da informação.
De forma a melhorar a integridade da informação na base de dados, cada nível de informação, sofrerá um processo de
validação:
Domínios – Depois de centralizada a informação geográfica, poderá ser necessário a criação de domínios, lista de
valores possíveis que um campo com informação associada a um elemento possa tomar. Esta é uma forma de
validar a informação, não sendo possível incluir informação naquele campo que não seja considerada no domínio
criado.
Subtipo – É uma forma de associar mais do que um domínio ao mesmo campo da base de dados
Regras topológicas – A topologia é a relação espacial entre objectos geográficos e desempenha um papel
fundamental para garantir a qualidade da informação disponibilizada. Estes processos avançados permitem validar a
relação entre os elementos de um nível de informação ou inclusivamente entre elementos de níveis de informação
diferentes.
Após a estrutura da base de dados (Figura 6.15) estar definida será então necessário importar a informação disponível. A
figura seguinte mostra, esquematicamente, a importação dos vários formatos possíveis para a base de dados:
Ferramentas de Importação
Ferramentas de Manutenção
Os formatos de base deverão ser avaliados, de forma a determinar qual a melhor forma de os importar para o sistema de
informação geográfica. Toda a informação relevante relativa a estes mesmos dados será incluída nos metadados, de
acordo com os padrões internacionais.
A grande maioria da informação já se encontra disponível em formato digital, mas caso seja necessário, a informação em
papel considerada indispensável, será digitalizada e georreferenciada.
Um SIG devidamente organizado armazena e faz a gestão dos dados mais importantes tendo a vantagem de tornar
possível a sua manipulação rápida permitindo desta forma obter resultados que de forma imediata dão respostas à
perguntas chave do projecto.
Toda a informação recolhida será analisada, de forma a garantir que toda ela está no mesmo sistema de coordenadas,
para procurar falhas na informação e para confirmar que a informação alfanumérica não tem erros ou incongruências.
Poderá ser necessário proceder à análise da informação, de forma a extrair outro tipo de informação, por exemplo, no
cálculo dos declives através do modelo digital, ou então proceder à conjugação de vários níveis de informação, por
exemplo se desejarmos saber dados estatísticos (elevação máxima, mínima, média, etc...) na área de estudo, será
necessário conjugar o polígono da área de estudo com o modelo digital.
Haverá uma proximidade muito grande entre o desenvolvimento do VIC e o desenvolvimento do SIG, uma vez que os
dados poderão migrar de uma plataforma para outra, do SIG para o modelo VIC quando for necessário tratar a informação
para que esteja no apropriado formato de entrada, do modelo VIC para o SIG, como forma de analisar a informação
processada.
O objectivo principal será, depois de ter toda a informação geográfica relevante integrada num SIG “geral”, decidir qual a
melhor forma de transportar esta informação, e não só, para uma plataforma disponível aos técnicos envolvidos neste
estudo e à população em geral, a Dynamic Information Framework.
O ZambezeDIF permitirá uma representação baseada em diversos níveis de informação georreferenciada de forma a obter
uma convergência de dados de múltiplas fontes, e não só geográficos, numa única plataforma.
Dados espaciais georreferenciados de forma a permitir a visualização de informação vectorial (shapefiles) e matricial
(raster).
Tabelas e relatórios com informação recolhida ou resultante de análises efectuadas, bem como informações relativas
ao modelo VIC.
Informação de suporte, nomeadamente imagens de satélite da zona de estudo.
Relatórios, fotografias, gráficos e outros documentos de arquivo que permitam compreender os trabalhos efectuados
e manter o histórico de todo o processo.
Como parte integrante do ZambezeDIF, será disponibilizada uma página da internet com a informação que se entenda ser
relevante estar disponível aos intervenientes do estudo e à população em geral, com a vantagem de ser acessível no
mundo inteiro e duma forma transparente.
A questão mais importante nesta plataforma, prende-se com a definição dos dados a disponibilizar e, se aplicável, quais os
graus de acesso à informação. Poderá ser necessário atribuir níveis de acesso diferentes, caso haja essa necessidade.
A página permitirá a visualização interactiva de dados georreferenciados vectoriais e matriciais, incluindo as ferramentas
básicas de visualização, nomeadamente: Zoom_in, Zoom_out, Pan. E ainda a medição de distâncias e obtenção de
informação de elementos gráficos directamente sobre o mapa.
De forma a permitir maior dinamismo, a página será desenvolvida na plataforma ASP.NET da Microsoft. Todos os dados
georreferenciados serão disponibilizados através dos controlos do AspMap (Figura 6.16). Através do AspMap é possível
disponibilizar na internet a informação georreferenciada, mantendo cada um dos níveis de informação no formato
Shapefile da ESRI. Isto torna todo o processo de actualização e disponibilização mais fácil, não sendo necessário qualquer
tipo de transformação dos dados entre os resultados obtidos com base em qualquer das plataformas da ESRI e a sua
disponibilização da página.
Para além da visualização dos dados geográficos será igualmente possível a consulta directa de tabelas e gráficos de
forma a permitir um fácil acesso à informação existente.
Na página estarão igualmente disponíveis para download todos os documentos com dados e relatórios que se entenda
serem relevantes.
A estrutura e tipo de dados a disponibilizar serão definidos pelos responsáveis pela manutenção da página, tendo em
conta que a organização e desenvolvimento da página irá permitir a actualização dos dados de forma rápida e sistemática.
O único pré requisito para a visualização/download da informação será um computador com ligação à internet. Através do
“browser” (navegador) de internet qualquer pessoa poderá ter acesso a esta plataforma, sem a necessidade de instalação
de um software de SIG.
Os cursantes terão a oportunidade de aplicar na prática o modelo com auxílio dos técnicos e tirar as suas dúvidas. A parte
prática é fundamental no processo de treinamento, estando previsto a aplicação do modelo em exemplos simples.
6.6.2 Objectivos
Os principais objectivos do curso de treinamento em utilização do ZambezeVIC são:
Permitir que os técnicos tenham contacto com as metodologias de modelação hidrológica. Isto permitirá aos
participantes adquirirem conhecimentos complementares à sua formação académica e profissional;
6.6.3 Participantes
Todos técnicos envolvidos na manutenção do modelo VIC deverão participar, nomeadamente:
Modelação hidrológica;
Modelo VIC;
Tipo de dados, colheita de dados (fonte) e tratamento;
Resultados do modelo e visualização;
Calibração do modelo;
Interpretação dos resultados;
Actualização e manutenção do modelo VIC.
6.6.5 Língua
O treinamento será administrado em português bem como o material a ser fornecido. Há que realçar que é importante que
os técnicos tenham algum domínio do inglês para aprofundarem pessoalmente os seus conhecimentos sobre o modelo,
visto que o material disponível na Web está em língua inglesa.
6.7.1 Introdução
A formação preconizada pretende ir de encontro às necessidades dos técnicos que irão ser responsáveis pela
manutenção e actualização do ZambezeDIF. Pretende-se que estes técnicos sejam capazes de, individualmente, substituir
ficheiros na estrutura do ZambezeDIF e utilizar o SIG como ferramenta de apoio à actualização desta plataforma. Será
dado especial ênfase às ferramentas que se prevêem utilizar na gestão e manutenção da plataforma.
A formação relativa à informação espacial será bastante extensa, uma vez que é considerada a base deste estudo.
Será considerado no programa de formação, a produção, análise e gestão da informação geográfica e alfanumérica com o
objectivo de:
Pretende-se, dentro do possível, acompanhar os técnicos nas tarefas de instalação da plataforma e guiá-los através de
todos os processos previstos.
6.7.2 Participantes
Considerando as ferramentas e os assuntos que irão ser abordados, sugere-se que a escolha dos técnicos a formar recaia
sobre aqueles que de alguma forma já tenham tido contacto (pelo menos) com este tipo de plataformas SIG e que se
prevê virem a ficar ligados a este estudo, tanto na análise da informação futura, como na própria manutenção da
informação. Será importante assistirem à formação todos os intervenientes futuros na manutenção e gestão da plataforma.
Naturalmente, a formação será adaptada aos técnicos escolhidos, dando maior enfoque às matérias onde não estejam tão
à vontade.
6.7.3 Programa
A formação incluirá os seguintes temas:
Cartografia Geral;
Sistemas de coordenadas;
Aquisição de informação;
Tipos de informação;
Detecção remota;
Tipos de imagem;
Correcções geométricas e radiométricas;
Classificação de imagem;
Manipulação da Informação;
SIG’s;
Importação/exportação de formatos;
Análise da informação;
Integração da Informação;
Será ministrada uma formação completa da forma de actualização dos dados disponíveis e incremento de novos dados.
Será fornecido um conjunto de documentação com a descrição de todo o funcionamento da página assim como a estrutura
de dados existente.
A formação ministrada em conjunto com a documentação entregue permitirá a qualquer pessoa sem conhecimentos de
programação manter e actualizar os dados a disponibilizar na página.
Este programa poderá sofrer alterações, adaptando-se o melhor possível aos técnicos que irão ser formados.
Se a calibração for efectuada para um período antigo, ou usando dados hidrometeorológicos que não correspondam a
valores médios na região, o modelo será executado para as características actuais da área de estudo, usando dados
meteorológicos característicos de um ano médio. Só assim é possível estabelecer um regime de escoamento
característico da situação actual e que seja considerado como situação de referência.
Os cenários de cobertura vegetal e de uso da terra serão obtidos com base nos planos distritais de desenvolvimento ao
nível de base e das instituições como GAZEDA (Gabinete de Apoio a Zonas de Desenvolvimento Acelerado) e GPZ
(Gabinete do Plano do Zambeze) e o Ministério de Planificação e Desenvolvimento (MPD) ao nível centra e obviamente,
os planos do Projecto de Desenvolvimento de Pequenos Produtores Orientados para o Mercado no Vale do Zambeze,
com particular atenção às tendências de uso da terra pelas comunidades locais. Pelo menos três cenários serão traçados
a curto, médio e longo prazos e através da simulação hidrológica do ZambezeVic serão avaliados os resultados obtidos no
escoamento ao longo da área de estudo, dos distritos e das bacias hidrográficas.
As alterações produzidas serão avaliadas a nível de distrito e de sub-bacia hidrográfica, na sua distribuição espacial e
temporal, com cartas retratando as diferenças entre cada cenário estudado e a situação de referência. Serão igualmente
analisadas as características do semestre seco e húmido e dos quatro trimestres, para além dos valores mensais se for
considerado necessário.
Em primeiro lugar este modelo tem sido muito utilizado em várias áreas do mundo, mas fundamentalmente em zonas
montanhosas e frias, havendo características específicas do modelo VIC para tratar mais detalhadamente estas duas
características das bacias. Nós vamos aplicar o modelo VIC a uma área bastante plana e sujeita a um clima tropical de
grande variabilidade espacial e temporal dos parâmetros hidrológicos, o que constitui um grande desafio para toda a
equipa técnica envolvida no Estudo e igualmente algum risco na qualidade dos resultados a obter.
Outra questão geradora de grande incerteza é a quantidade e qualidade dos dados de caudais necessários para calibrar o
modelo e a sua compatibilidade no tempo com outros dados de entrada do modelo.
Na área de estudo não existem dados de caudal no período mais recente, que são necessários para calibrar modelo na
área de estudo. Esta situação obriga a uma intensiva campanha de medições de caudal durante um período muito curto,
que corresponde ao período de elaboração do Estudo. Face às dificuldades usuais em Moçambique, este plano de
medições poderá ser difícil de implementar.
A ARA-Zambeze foi contactada para se responsabilizar pela realização das medições de caudais na área de estudo, no
entanto a mesma enfrenta diversas dificuldades que limitam a sua capacidade actual para realizar esta actividade com a
qualidade e rapidez esperada. Existe por isso a necessidade de se implementar urgentemente um plano de poio à ARA-
Zambeze, em meios materiais para ser capaz de realizar os levantamentos de campo previstos neste projecto e alguns
recursos financeiros para apoiar as actividades de campo que os técnicos irão realizar. É assim, que como parte de uma
medida de mitigação dos riscos, sugere-se que sejam fornecidos a ARA-Zambeze alguns equipamentos de campo e
recursos financeiros para apoio ao trabalho de campo que é fundamental para a geração de dados de caudal, que são a
base da calibração e validação do modelo VIC.
Existem bastantes registos de caudais históricos observados até 1974 e muitas estações continuaram ainda a funcionar
até 1981 (início da guerra civil), mas os dados de cobertura vegetal são difícil de obter para este período e terão de ser
reconstruídos a partir de dados recentes. Esta situação leva a uma grande incerteza no desenvolvimento do Estudo , pois
pode obrigar à aplicação de metodologias diferentes conforme se calibrar o modelo para o período recente ou para um
período remoto.
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