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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ - UFPA

INSTITUTO DE TECNOLOGIA - ITEC


FACULDADE DE ENGENHARIA ELÉTRICA E BIOMÉDICA - FEEB

EXERCÍCIO COMPUTACIONAL SOBRE O FLUXO DE CARGA

THALES RUAN BRITO SANTOS — 201607140045

BELÉM – PARÁ
2021
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ - UFPA
INSTITUTO DE TECNOLOGIA - ITEC
FACULDADE DE ENGENHARIA ELÉTRICA E BIOMÉDICA - FEEB

EXERCÍCIO COMPUTACIONAL SOBRE O FLUXO DE CARGA

Relatório do exercício computacional sobre fluxo


de carga utilizando o software Power World
referente a avalição da matéria Análise de
Sistemas de Energia I, ministrada pelo Prof. Dr.
Edson Ortiz De Matos.

THALES RUAN BRITO SANTOS — 201607140045

BELÉM – PARÁ
2021
SUMÁRIO

1 Introdução....................................................................................................... 4
2 Desenvolvimento............................................................................................ 5
2.1 Caso Base...................................................................................................... 5
2.2 Contingências.............................................................................................. 8
2.3 Diferença de injeção de potência reativa pelos bancos de capacitores ....... 14
2.4 Novo caso base............................................................................................... 16
3 Conclusões...................................................................................................... 19
4 Referências ..................................................................................................... 20
1.INTRODUÇÃO

O cálculo de fluxo de carga é uma ferramenta básica na análise de sistemas de potência,


tanto em nível de planejamento como de operação. Os primeiros estudos visando a solução
computacional do problema de fluxo de carga remontam a 1956, com o método de Ward e Hale
(1956). Pouco tempo depois o método Newton foi proposto (Van Ness, 1959; Tinney e Hart,
1967) e até hoje é largamente utilizado [1].
2. DESENVOLVIMENTO

2.1 Caso base

A partir da tabela de dados da linha e do transformador (Tabela 1) e da tabela de dados


de Barra (Tabela 2), utilizando a potência Sbase = 100MVA montamos um sistema elétrico de
potência utilizando o Software PowerWord.

Tabela 1 – Dados de Linhas e Transformador

Barra Barra Susceptância Capacidade


R (pu) X(pu)
Origem Destino (1/2B) (pu) MVA
1 2 0,000 0,006 0,000 400
2 3 0,008 0,030 0,004 200
2 5 0,004 0,015 0,002 180
2 6 0,012 0,045 0,005 150
3 4 0,010 0,040 0,005 150
4 6 0,015 0,060 0,008 140
4 9 0,018 0,070 0,009 120
4 10 0,000 0,008 0,000 300
5 7 0,005 0,043 0,003 120
6 8 0,006 0,048 0,004 100
7 8 0,006 0,035 0,004 200
7 11 0,000 0,010 0,000 250
8 9 0,052 0,048 0,004 120

Tabela 2 – Dados de Barra

Geração
Nº Geração (MW) Carga
(MVAr)
Barra
Min Max Min Max MW MVAr
1 0,00 300 -200,0 200,0 0,00 0,00
2 - - 0,00 0,00 0,00 0,00
3 - - 0,00 0,00 150,0 120,0
4 - - 0,00 0,00 0,00 0,00
5 - - 0,00 0,00 120,0 60,0
6 - - 0,00 0,00 150,0 110,0
7 - - 0,00 0,00 0,00 0,00
8 - - 0,00 0,00 110,0 90,0
9 - - 0,00 0,00 80,0 50,0
10 0,00 250 -180,0 180,0 0,00 0,00
11 0,00 200 -120,0 120,0 0,00 0,00
Tabela 3 –Bancos de Capacitores.

Nº Barra Potência (MVAr)


6 40
7 60

Para o ajuste do sistema no caso base, as tensões do sistema elétrico devem ser ajustadas
de tal modo que todas as tensões não ultrapassem os limites recomendados de [0,95 pu ≤ V ≤
1,05 pu], os limites recomendados nas linhas e transformador não ultrapassem e a geração de
potência ativa e reativa nas unidades geradoras não ultrapasse os limites de geração individual.

Para a solução do fluxo de carga foi utilizado o método de Newton e a tensão no nível
de geração é 13,8 kV e do nível de transmissão 345 kV.

O diagrama do sistema após a simulação no software é mostrado na imagem abaixo


(figura 1), nele podemos notar que os limites das linhas e do transformador não foi
ultrapassado. Na Figura 2 é mostrado a geração de potência ativa e reativa nas unidades
geradoras, podemos notar que o limite máximo e mínimo de cada unidade foi respeitado.

Os dados das barras são mostrados (Figura 3), a partir dessas informações podemos
notar que todas as barras estão no nível de tensão recomendado.

Fig. 1: Sistema inicial no PowerWord


(a) Gerador barra 1 (b) Gerador barra 10 (c) Gerador barra 11
Fig. 2: Geração de Potencia das unidades

Fig. 3: Dados da Barra no Sistema inicial

Antes de iniciarmos as contingências devemos fazer o estudo da situação hipotética


mostrada abaixo (figura 4):

Fig. 4: Situação Hipotética

Supondo que ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗


𝑉𝑏1 = 𝑉𝑏1∟0° e ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑉𝑏2 = 𝑉𝑏2∟𝜃° e 𝑍 = 𝑗𝑋, podemos escrever o
sistema da seguinte forma:

⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑉𝑏2 = ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑉𝑏1 − 𝑗𝑋. 𝐼 (1)
𝑆 𝑆∗ 𝑃 − 𝑗𝑄 (2)
⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗ . 𝐼 ∗ → 𝐼 ∗=
𝑆 = 𝑉𝑏1 →𝐼= =
⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑉𝑏1 ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑉𝑏1 ∗ 𝑉𝑏1

Então substituindo a equação 1 na 2, temos:

𝑃 − 𝑗𝑄 𝑋 𝑃 (3)
⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑉𝑏2 = ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑉𝑏1 − 𝑗𝑋. ( ) = ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑉𝑏1 − 𝑄 − 𝑗𝑋. ( )
𝑉𝑏1 𝑉𝑏1 𝑉𝑏1

𝑋 𝑃 (4)
⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗ = 𝑉𝑏2
𝑉𝑏1 ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗ + 𝑄 + 𝑗𝑋. ( )
𝑉𝑏1 𝑉𝑏1

A partir da equação acima podemos notar que ao adicionar uma fonte de potência
reativa, como um banco de capacitores, a tensão na barra é elevada. No estudo de fluxo de
carga, aumentar a tensão especificada em uma barra significa que aumentará a saída de potência
reativa para a barra [2]. Todavia, para um sistema já em operação há necessidade de tempo
para adicionar banco de capacitores no sistema , desta forma torna-se inviável no caso de uma
contingência. Desta forma, devemos cortar carga, para o caso estudado, em caso de
contingência para não prejudicar todo o sistema.

2.2 Contingências

a) Perda da Linha 2-3

Ao realizar o desligamento da linha (2-3), as linha(3-4), linha(2-6) e a linha(7-8)


ultrapassam o seu limite da sua capacidade como pode ser visto na figura 6, as tensões das
barras 3,6,8 e 9 estão ficam fora do limite determinado como pode ser visto na figura 7.
Fig. 6: Diagrama da contingência 1

Fig. 7: Dados da contingência 1

Para solucionar a contingência foi necessário o desligamento de 33,3% da potência ativa


e 48,3% da potência reativa da carga na barra 3. O diagrama do circuito simulado e os valores
de tensão nas barras são mostrados na figura 8 e 9 respectivamente.
Fig. 8: Diagrama da solução da contingência 1

Fig. 9: Dados após a solução da contingência 1

b) Perda da linha 4-9

A simulação com a perda da linha 4-9 é mostrada na figura 10, dela podemos notar que
não foi ultrapassado a capacidade de nenhum elemento do sistema. Todavia, através da análise
das barras mostrada na figura 11, podemos verificar que as tensões nas barras 8 e 9 estão fora
do limite recomendado.
Fig. 10: Diagrama da contingência

Fig. 11: Dados das barras na contingência 1

Para solucionar essa contingência foi necessário desligar 37,5% da potência ativa da
carga da barra 9 e desligar 80% da potência reativa da barra 9. Desta forma, a contingência foi
solucionada respeitado dos as condições pré estabelecidas como pode ser nas figuras 12 e 13.
Fig. 12: Diagrama da solução da contingência

Fig. 13: Dados após a solução da contingência

c) Perda da unidade geradora da barra 10

A contingência 3 consiste no desligamento da unidade geradora da barra 10, ao


realizamos essas manobras o sistema o sistema apresenta o comportamento mostrado na figura
13, nela podemos notar que os transformado (1-2) e as linhas (2-3),(2-6) e (7-8) ultrapassam o
seu limite da sua capacidade.

Outra consequência desta operação é que as barras 3, 4, 6, 8, 9 e 10 ficam fora do padrão


especificado como pode ser visto na figura 14.
Fig. 13: Diagrama da contingência 3

Fig. 14: Dados das barras na contingência 3

Para a solução desta contingência foi necessário cortar parte da carga de 3 barras como
pode ser visto na tabela baixo:

Tabela 4 –Redução de Carga para solução da contingência.

Barra MW MW Redução (%) MVar MVar Redução (%)


3 150 120 20 120 100 16,67
6 150 75 50 110 60 45,46
8 110 60 46,46 90 45 50
A solução pode ser vista nas figuras 15 e a tensão nas barras na figura 16.

Fig. 15: Diagrama da solução da contingência 3

Fig. 16: Dados após a solução da contingência 2

2.3 Diferença de injeção de potência reativa pelos bancos de capacitores

Um método muito importante para controlar a tensão de berra é o banco de capacitores em


derivação nas barras tanto nos níveis de transmissão como nos de distribuição ao longo das
linhas ou nas subestações e nas cargas. Quando os bancos estão em paralelo com a carga sob
fator de potência em atraso, os bancos de capacitores são fontes de parte ou talvez de toda a
potência reativa da carga. Então, os capacitores reduzem a corrente de linha necessária para
suprir a carga reduzem a queda de tensão na linha à medida que o fator de potência vai
melhorando. Como os capacitores diminuem as necessidades de reativos a serem oferecidos
pelos geradores, mais potência ativa fica disponível [2].

Se o capacitor for aplicado em determinado nó o aumento de tensão nesse nó pode ser


determinado pelo teorema de Thévenin conforme a imagem abaixo:

Fig. 17: Circuito mostrando um capacitor a ser ligado a um sistema representado pelo
equivalente Thávenin [2]

Analisando o circuito podemos concluir que ao fechar a chave S a corrente Ic é dada


por:

𝐸𝑡ℎ
𝐼𝑐 =
𝑍𝑡ℎ + 𝑗𝑋𝑐

Podemos notar que Ic é diretamente proporcional a 𝐸𝑡ℎ , sabendo que a potência de um


capacitor é dada por:

𝑉𝑒𝑓 2
𝑄𝑐 = 𝑋𝑐. 𝐼𝑒𝑓 2 =
𝑋𝑐

Então quanto maior a tensão na barra maior será a potência injetada pelo banco.
Podemos verificar isso através da variação de potencia injetada pelo banco de capacitores nas
contingências. Por exemplo, na contingência 2-b (perda da unidade geradora da barra 10)
analisando a barra 6 podemos notar que quanto maior for a tensão na barra maior será a potência
reativa injetada pelo banco, como visto na figura abaixo.
a) Potência injetada na barra quando a tensão é b) Potência injetada na barra quando a tensão é
0,98301 PU Volt 0,99386 PU Volt

c) Tensão na barra 7 com a contingência c) Tensão na barre 7 com a contingência solucionada.

Fig. 18: Diferença de injeção de potência devido a variação de tensão na barra

2.4 Novo caso Base

Ao simular a adição de nova barra onde será construída uma subestação para atender
uma carga de 90MW e 60 MVar e com a nova linha com os mesmo parâmetros da linha 8-9
temos o seguinte resultado:
Fig. 19: Diagrama no novo caso base

Podemos notar que nessa situação a nova linha tem sua capacidade ultrapassada, o
transformador (1-2) trabalhará no seu limite de forma constante e o gerador na barra tem seu
limite individual superado. Além disso, a tensão nas barras 6, 8, 9 e 12 ficam fora dos limites
recomendados como pode ser visto na figura 20.

Fig. 20: Dados de tensão nas barras

Para solução do novo caso base é necessário adicionar um banco de capacitor de


75MVar na nova subestação que será construída, desta forma a tensão na barra ficará dentro
dos limites solicitados e os geradores não irão ultrapassar seu limites de geração. O diagrama
do sistema e a tensão nas barras no novo caso base é mostrado nas figuras 21 e 22
respectivamente.

Fig. 21: Diagrama no novo caso base ajustado

Fig. 22: Dados de tensão nas barras após ajuste


3. CONCLUSÃO

Em suma, podemos concluir que os problemas envolvendo o fluxo de carga estão


presentes de forma frequente no sistema elétrico de energia, e que sua solução sem um software
é trabalhosa e complexa, pois os sistemas elétricos reais possuem centenas de barras.

Desta forma faz-se necessário do uso de um software, como por exemplo Power World,
para ajudar na solução de problema de fluxo e ajudar a operação em tomar a melhor decisão
(menor número de pessoas atingidas e evitando apagões) em caso de um sinistro.
4. REFERÊNCIAS

[1] Luciana, B. (1997). Uma nova abordagem para a solução do problema de fluxo de
carga pelo método de Newton com otimização de passo. Controle and Automacao.

[2] STEVENSON, Willian, D. Elementos de análise de sistemas de potência. Editora


McGraw-Hill, 1974.

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