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PELE e ANEXOS (TEGUMENTO) 2023

A pele também chamada de cútis ou tez pelos mais antigos pesquisadores, em


anatomia, é o órgão integrante do sistema tegumentar (junto ao cabelo e pelos, unhas,
glândulas sudoríparas, glândulas sebáceas e glândulas mamárias), que tem por
principais funções a proteção dos tecidos subjacentes, regulação da temperatura
somática (corpórea), reserva de nutrientes e ainda conter terminações nervosas
sensitivas.

A pele é o revestimento externo do corpo, considerado o maior órgão do corpo humano


e o mais pesado, formando de 15% a 20% da massa total, cobrindo quase todo o
corpo à exceção dos orifícios genitais e alimentares, olhos e superfícies mucosas
genitais. Mede aproximadamente 1.800 cm² para o homem e 1.600 cm² para a
mulher. O peso varia também conforme o sexo: 4.800 gramas para o homem e 3.260
gramas para a mulher. A área de superfície cutânea aumenta 7 vezes desde o
nascimento até idade adulta.
A pele apresenta duas camadas: a epiderme e a derme que por sua vez divide-se em
derme papilar e derme reticular. Há ainda vários órgãos anexos, como folículos
pilosos onde são produzidos os pelos e cabelos, unhas, glândulas sudoríparas,
glândulas sebáceas e glândulas mamárias.

A pele é praticamente idêntica em todos os grupos étnicos humanos. Nos indivíduos de


pele escura, os melanócitos produzem mais melanina que naqueles de pele clara,
porém o seu número é semelhante.

A pele é responsável pela termorregulação, pela defesa, pela percepção e pela


proteção. Ela nos protege das doenças, porém não é 100% eficaz, podendo deixar
entrar larvas de esquistossomos e do ancilóstomo.

Tipos de pele

Pele grossa ou glabra: encontrada nas palmas das mãos e na sola dos pés. Não
apresenta pelos, motivo que é chamada de glabra. Sua epiderme apresenta-se espessa
com bastante queratina, tendo uma cor mais branca que na pele fina.

Pele fina: encontrada em todo o restante da pele. Apresenta pelos. Sua epiderme
apresenta-se mais delgada se comparada com a epiderme da pele grossa. Apresenta
as mesmas camadas celulares porém com menor quantidade de células e de
queratina.

MODELO DE TEGUMENTO

(PELE FINA) (PELE GROSSA)

Comparativamente a epiderme da pele fina é mais delgada, portanto a pele fina é mais
fina que a pele grossa; a epiderme da pele grossa apresenta maior quantidade de
queratina (camada córnea) uma vez que ela existe em áreas de intenso atrito; a pele
grossa apresenta maior quantidade de papilas conjuntivas e elas são maiores também
que as da pele fina; não existe folículos pilosos na pele grossa, nem glândulas sebáceas
e nem músculo eretor do pelo.
***********Diferenças histológicas entre pele fina e pele grossa. (IMPORTANTE)

A pele fina e a pele grossa apresentam espessuras diferentes (pele fina até 2,0 mm) e
(pele grossa até 5,0 mm), uma vez que a pele grossa fica em áreas que sofrem bastante
atrito como palma das mãos e sola dos pés. A epiderme da pele fina (0,07 a 0,12 mm)
é mais delgada que a epiderme da pele grossa (0,8 a 1,4 mm) e também apresenta uma
camada córnea bem delgada pois não sofre tanto atrito quanto a epiderme da pele
grossa. As papilas dérmicas da pele grossa estão presentes em maior quantidade e são
mais altas para aumentar a adesão entre epiderme e derme evitando que epiderme se
solte da derme devido ao grande atrito na pele grossa. Outra diferença é a ausência de
pelos (folículos pilosos), glândulas sebáceas e músculo eretor do pelo na pele grossa
(por isso é também chamada de pele glabra).
Epiderme

É a camada mais externa da pele e é formada por tecido epitelial estratificado


pavimentoso queratinizado.

PELE FINA 40 X

Epiderme

PELE GROSSA 40X

Epiderme
A epiderme é uma camada com profundidade diferente conforme a região do corpo.
Zonas sujeitas a maior atrito como palmas das mãos e sola dos pés têm uma camada
mais grossa (conhecida como pele glabra por não possuir pelos), e chega até 2 mm
de espessura.

A epiderme é constituída por um epitélio estratificado pavimentoso queratinizado


(células escamosas em várias camadas). A célula principal é o queratinócito (ou
ceratinócito), que produz a queratina. A queratina é uma proteína resistente e
impermeável responsável pela proteção. Existem também ninhos de melanócitos
(produtores de melanina, um pigmento castanho que absorve os raios UV); e células
imunitárias, principalmente células de Langerhans, gigantes e com prolongamentos
membranares. Também existem as células de Merkel que são células sensoriais.

A epiderme (tecido epitelial estratificado pavimentoso queratinizado) não possui


vasos sanguíneos, porque se nela houvesse vasos ficaria mais sujeita a ser "penetrada"
por microorganismos. Os nutrientes e oxigénio chegam à epiderme por difusão a partir
de vasos sanguíneos da derme papilar (tecido conjuntivo frouxo).

Epiderme
Epiderme pode ser dividida em quatro (pele fina) ou cinco camadas (pele espessa).
Assim, iniciando da camada mais profunda são elas:

1. Estrato basal ou camada basal;

2. Estrato espinhoso ou camada espinhosa;

3. Estrato granuloso ou camada granulosa;

4. Estrato lúcido ou camada lúcida;

5. Estrato córneo ou camada córnea.

4
3

A epiderme apresenta várias camadas. A origem da multiplicação celular é a camada


basal. Todas as outras são constituídas de células cada vez mais diferenciadas que,
com o crescimento basal, vão ficando cada vez mais periféricas, acabando por
descamar e cair (uma origem importante do pó que se acumula nos locais onde vivem
pessoas ou outros seres vivos).

1 - Camada basal, é a mais profunda, em contato com derme papilar, constituído por
única camada de células cilíndricas pouco diferenciadas que se dividem continuamente,
dando origem a todas as outras camadas. Contém muito pouca queratina. Algumas
destas células diferenciam-se e passam para as camadas mais superficiais, enquanto
outras permanecem na camada basal e continuam a se dividir.
PELE ESPESSA - 100x

Camada basal

ESTRATO BASAL - PELE ESPESSA - 400x

Camada basal
ESTRATO BASAL - PELE ESPESSA - 400x

Camada basal

2 - Camada espinhosa: várias camadas de células cúbicas ou achatadas com mais


queratina que as basais. Começam a formar junções celulares umas com as outras,
como desmossomas e tight junctions (daí o aspecto de espinhos).

ESTRATO ESPINHOSO - PELE ESPESSA - 400x

Camada espinhosa
3 - Camada granulosa: várias camadas de células achatadas, com grânulos de
queratina proeminentes e outros como substância extracelular e outras proteínas.

ESTRATO GRANULOSO - PELE ESPESSA - 400x

Camada granulosa

4 - Camada lúcida: várias camadas de células achatadas hialinas eosinófilas devido a


grânulos muito numerosos proteicos. Estas células libertam enzimas que as digerem. A
maior parte já está morta (sem núcleo). Estão presentes na pele sem folículos pilosos
(pele glabra).

ESTRATO LÚCIDO - PELE ESPESSA - 400x

Camada lúcida
5 - Camada córnea: constituído de várias camadas de células achatadas eosinófilas
sem núcleo (mortas) com grande quantidade de filamentos, principalmente queratinas.

ESTRATO CÓRNEO - PELE ESPESSA - 400x

Camada córnea

IMPORTANTE: A junção entre a epiderme e a derme tem forma de


papilas, que dão maior superfície de contato com a derme aumentando a nutrição
para a epiderme e maior resistência ao atrito da pele evitando a separação das
duas camadas.

Obs: Na epiderme da pele grossa a sequência de espessura das 5 camadas ou


estratos é: camada córnea, camada espinhosa, camada granulosa, camada lúcida e
camada basal.
CAMADAS DA EPIDERME - MODELO DE PELE FINA

Seta azul – camada basal

Seta verde – camada espinhosa

Seta vermelha – camada granulosa

Seta preta – camada córnea

Obs: **Na pele fina o estrato lúcido é de difícil visualização ou está ausente.

Células da epiderme:

Existem quatro tipos celulares na epiderme: queratinócitos, melanócitos, células de


Langerhans e células de Merkel.

QUERATINÓCITOS: são células epiteliais superespecializadas, sendo 85% de todos


os tipos celulares da epiderme. Eles possuem funções importantes para manter a
homeostasia corporal como a formação da queratina e da barreira hídrica epidérmica.

MELANÓCITOS: estão localizados principalmente no estrato basal e produzem e


secretam melanina. A melanina é uma proteína importante na proteção do corpo contra
a irradiação ultravioleta não ionizante, além de conferir pigmentação à pele (é difícil
diferenciar um melanócito de um queratinócito do estrato basal).
CÉLULAS DE LANGERHANS: são células imunológicas apresentadoras de antígenos
presentes principalmente na camada espinhosa da epiderme da pele. Elas são células
fagocíticas que protegem o tegumento da entrada de patógenos e apresentam tais
antígenos ao sistema imune iniciando, se necessário, um processo inflamatório.

CÉLULAS DE MERKEL: essas células epidérmicas estão localizadas no estrato basal


e, quando combinadas a um neurônio, são chamados de corpúsculos de Merkel, o qual
é um mecanorreceptor responsável pela sensibilidade tátil (são de difícil visualização no
microscópio óptico).
Derme

A derme é um tecido conjuntivo propriamente dito que sustenta a epiderme. É


constituído por elementos fibrilares, como o colágeno e a elastina e outros elementos
da matriz extracelular, como proteínas estruturais, glicosaminoglicanos, íons e água de
solvatação. Os fibroblastos são as células envolvidas com a produção dos
componentes da matriz extracelular.

A derme é uma camada formada principalmente por tecido conjuntivo propriamente


dito. Ela está firmemente unida à epiderme (junção dermoepidérmica) por
hemidesmossomos. Além disso, sua parte mais superficial está organizada em forma
de projeções digitiformes (forma de dedos) chamadas de papilas dérmicas, as quais
impedem a saída (descamação) da epiderme quando há estresse mecânico excessivo
e aumenta a nutrição (aumenta a quantidade de vasos sanguíneos) da epiderme.

A derme é subdividida em duas camadas: a camada papilar em contato com a


epiderme, formada por tecido conjuntivo frouxo, e a camada reticular, constituída por
tecido conjuntivo denso não modelado, onde predominam as fibras colágenas em
várias direções. É na derme que se localizam os vasos sanguíneos e linfáticos que
nutrem a epiderme e também os nervos e os órgãos sensoriais a eles associados.

Histologicamente, a derme pode ser dividida em duas camadas:

CAMADA PAPILAR ou DERME PAPILAR: consiste em tecido conjuntivo frouxo


localizado logo abaixo da epiderme, formando as papilas dérmicas. Ainda, é uma
camada muito celularizada e que possui poucas fibras colágenas (tipos I e III), as quais
são menos espessas do que as fibras da camada mais profunda a ela. Os seus vasos
sanguíneos suprem também a epiderme, sem penetrar nessa camada.

CAMADA RETICULAR ou DERME RETICULAR: consiste em tecido conjuntivo denso


não modelado com poucas células em sua matriz. As fibras colágenas (tipo I) são mais
espessas e estão dispostas de forma aleatória, o que protege a pele da tração excessiva
sem que ela perca a sua elasticidade.
DERME - PELE FINA - 40x

Derme

DERME - PELE FINA - 100x

Derme
DERME ou CAMADA PAPILAR - PELE FINA - 400x

Derme
papilar

DERME ou CAMADA RETICULAR - PELE FINA - 400x

Derme
reticular
CAMADAS DA DERME - MODELO DE PELE FINA

Derme reticular

Derme papilar

CAMADAS DA DERME - MODELO DE PELE FINA

Papilar

Reticular
Hipoderme

A hipoderme, já não faz parte da pele, tem importante função de proteção contra o frio.
Fixa a pele ao músculo estriado esquelético e permite a movimentação da pele sobre o
músculo e periósteo que reveste externamente os ossos.
É um tecido conjuntivo frouxo e/ou adiposo que faz conexão entre a derme e a fáscia
muscular e ou periósteo. Essa camada de tecido adiposo (hipoderme) é variável à
pessoa e localização.
Não é considerada uma camada da pele, mas sim uma fáscia subcutânea abaixo da
derme reticular. Essa camada é rica em tecido adiposo unilocular, formado por
adipócitos ou células adiposas uniloculares. Assim, é uma camada capaz de armazenar
triglicerídeos utilizados posteriormente na formação de moléculas de energia (ATP),
além de fornecer isolamento térmico. Assim como a derme, a hipoderme é bem
vascularizada.

Funções: reservatório energético; isolante térmico; modela superfície corporal;


absorção de choque e fixação dos órgãos.

Derme Papilar

Derme Reticular

Hipoderme
HIPODERME - PELE ESPESSA - 400x

Hipoderme

HIPODERME - MODELO DE PELE FINA

Hipoderme
Camadas da hipoderme:

• Areolar: superficial; adipócitos globulares e volumosos e numerosos e delicados


vasos.

• Lâmina fibrosa: separa a camada areolar da lamelar.

• Lamelar: mais profunda; aumento da espessura com ganho de peso


(hiperplasia).

NA DERME E HIPODERME EXISTEM VÁRIOS SENSORES

Estes incluem vários tipos de sensores:

1. Corpúsculo de Vater-Pacini, sensíveis à pressão.

2. Corpúsculo de Meissner com função de detecção de pressões de frequência


diferente.

3. Corpúsculo de Krause, sensíveis ao frio (pele glabra).

4. Órgão de Ruffini, sensíveis ao calor.

5. Célula de Merckel, sensíveis ao tacto e pressão.

6. Folículo piloso, com terminações nervosas associadas.

7. Terminação nervosa livre, com dendritos livres sensíveis à dor e temperatura.

A pele (ou cútis) é um órgão altamente inervado, haja vista que mantém relação direta
com o meio externo. Logo, é necessário que ela consiga "notar" os diversos estímulos
enviados pelo exterior do corpo. Ainda, a pele é bem suprida com inervação para os
vasos sanguíneos, glândulas e músculos eretores dos pelos. As suas principais
terminações nervosas são:

• TERMINAÇÕES NERVOSAS LIVRES: são desprovidas de cápsulas de tecido


conjuntivo e atuam em múltiplas modalidades sensoriais, incluindo tato fino, calor, frio e
dor, sem distinção morfológica aparente.

• TERMINAÇÕES NERVOSAS ENCAPSULADAS: estão envolvidas por uma


cápsula de tecido conjuntivo. São elas:

CORPÚSCULOS DE PACINI: detectam mudanças de pressão e vibrações aplicadas à


superfície cutânea.

CORPÚSCULOS DE MEISSNER: responsáveis pela sensibilidade ao tato fino.

CORPÚSCULOS DE RUFFINI: são sensíveis ao estiramento ou tração da pele.


RECEPTORES SENSORIAIS - MODELO DE PELE FINA

Pacini
CORPÚSCULO DE PACINI - PELE FINA - 100x

Pacini

CORPÚSCULO DE PACINI - PELE FINA - 100x

Pacini
CORPÚSCULOS DE MEISSNER

CORPÚSCULOS DE RUFFINI
Funções da pele

A pele é um órgão muito mais complexo do que aparenta. A sua função principal é a
proteção do organismo das ameaças externas físicas. No entanto, ela tem também
funções imunitárias, é o principal órgão da regulação do calor, protegendo contra a
desidratação. Tem também funções nervosas, constituindo o sentido do tacto e
metabólicas, como a produção da vitamina D.

Proteção física

A epiderme secreta proteínas e lípidios (a principal, é a queratina) que protegem


contra a invasão por parasitas e a injúria mecânica e o atrito. Contra esta também
é fundamental o tecido conjuntivo da derme, no qual os fibroblastos depositam proteínas
fibrilares com propriedades de resistência à tração e elasticidade, como os
colágenos e a elastina. A melanina produzida pelos seus melanócitos protege contra
a radiação, principalmente UV. Sua quantidade aumentada produz o bronzeamento da
pele.

Proteção da desidratação

Uma das funções vitais da pele é a proteção contra a desidratação. Os seres humanos
são animais terrestres, e necessitam de proteger os seus corpos principalmente
compostos de água contra a evaporação excessiva e desidratação e o subsequente
choque hipovolémico e morte, que seriam inevitáveis num meio seco e quente. É comum
vítimas de queimaduras graves entrarem em choque hipovolémico (sangue com pouco
volume devido à perda de água) se perderem superfície cutânea extensamente. A
pele protege da desidratação por dois mecanismos. As junções celulares como tight-
junctions e desmossomas dão coesão às células da epiderme e a sua superfície
contínua de membrana lipídica impede a saída de água (que não se mistura com
lípidos).

Regulação da temperatura corporal

A pele também é o principal órgão da regulação da temperatura corporal através de


diversos mecanismos:

1. Os vasos sanguíneos subcutâneos contraem-se com o frio e dilatam-se com o


calor, de modo a minimizar ou maximizar as perdas de calor.

2. Os folículos pilosos têm músculos (MÚSCULO ERETOR DO PELO) que


produzem a sua ereção com o frio (pele de galinha), aprisionando bolhas de ar estática
junto à pele que retarda as trocas de calor - um mecanismo mais eficaz nos nossos
antepassados mais peludos.

3. As glândulas sudoríparas secretam líquido aquoso cuja evaporação diminui a


temperatura superficial do corpo.

4. A presença de tecido adiposo (gordura) subcutâneo protege contra o frio uma


vez que a gordura é má condutora de calor.
Como órgão imunitário

A pele é um órgão importante do sistema imunitário. Ela alberga diversos tipos de


leucócitos. Há linfócitos que regulam a resposta imunitária e desenvolvem respostas
específicas; células apresentadoras de antígeno (histiócitos ou células de Langerhans)
que recolhem moléculas estranhas (possíveis invasores) que levam para os gânglios
linfáticos onde as apresentam aos linfócitos CD4+; mastócitos envolvidos em reações
alérgicas e luta contra parasitas.

Funções metabólicas

As funções metabólicas da pele são importantes. É lá que é fabricada, numa reação


dependente da luz solar, a vitamina D, uma vitamina essencial para o metabolismo do
cálcio e portanto na formação/manutenção saudável dos ossos.

Como órgão dos sentidos

Finalmente, a pele também é um órgão sensorial, constituindo o sentido do tacto. Ela


apresenta numerosas terminações nervosas, algumas livres, outras com comunicação
com órgãos sensoriais especializados, como células de Merckel, folículos pilosos. A pele
tem capacidade de detectar sinais que criam as percepções da temperatura, movimento,
pressão e dor. É um órgão importante na função sexual.

ANEXOS DA PELE

Os anexos da pele, também conhecidos como anexos epidérmicos da pele derivam


da invaginação da epiderme para as camadas mais profundas que crescem durante o
desenvolvimento do corpo humano. São eles: folículos pilosos, glândulas sebáceas,
glândulas sudoríparas écrinas e apócrinas, as unhas e glândulas mamárias

Folículo piloso: produz uma estrutura maciça queratinizada, o pelo, que é produzido
por células especializadas na sua raiz, constituindo o bulbo piloso. Tem músculo liso
eretor e terminações nervosas sensitivas associadas. Os folículos pilosos dos bigodes
de alguns animais como o gato são altamente especializados como órgãos dos sentidos.
Funções: reter calor, proteção mecânica etc.

Os folículos pilosos estão presentes por quase todo o corpo, exceto nas regiões de
pele espessa/grossa/glabra. Cada folículo representa uma invaginação do epitélio
epidérmico formando um pelo em seu interior. Além disso, pode ser dividido em quatro
regiões: infundíbulo; istmo; saliência folicular; segmento inferior.

INFUNDÍBULO: é a parte que se estende da abertura do folículo na superfície da


epiderme até o nível de abertura de sua glândula sebácea. Ele faz parte do canal
pilossebáceo, que é usado como via para a secreção do sebo das glândulas sebáceas.

ISTMO: é a parte do folículo que se estende do infundíbulo até o nível de inserção do


músculo eretor do pelo.

SALIÊNCIA FOLICULAR: forma uma protrusão a partir do folículo piloso próximo da


inserção do músculo eretor do pelo. Além disso, contém células-tronco epidérmicas.
SEGMENTO INFERIOR: parte inferior a saliência folicular que possui um diâmetro
uniforme, exceto na sua base onde forma uma saliência, o BULBO PILOSO. O bulbo é
invaginado por tecido conjuntivo frouxo vascularizado, também denominado papila
dérmica.
O bulbo piloso possui em sua base células mitoticamente ativas coletivamente
chamadas de matriz do pelo, a qual é formada por células da matriz. Essas células são
responsáveis pela produção do pelo e da sua bainha radicular interna (conjuntiva do
pelo, responsável pela produção de queratina). Nessa região do bulbo também é
possível notar melanócitos dispersos entre as células germinativas. A bainha radicular
interna é formada por 3 camadas que circundam a parte profunda do pelo. Partindo da
camada mais externa, são elas:

CAMADA DE HENLE: camada única de células cuboides que mantém contato direto
com a bainha radicular externa (invaginação da epiderme).

CAMADA DE HUXLEY: camada simples ou dupla de células pavimentosas que forma


a placa média da bainha radicular interna.

CUTÍCULA DA BAINHA RADICULAR INTERNA: camada de células pavimentosas


que tem a superfície livre voltada para a haste do pelo.

O folículo piloso mantém contato com uma lâmina basal espessa, denominada
membrana vítrea, o qual separa o folículo da derme. Ademais, o folículo é circundado
por tecido conjuntivo denso não modelado. O músculo eretor do pelo, formado por
músculo liso, é inervado pelo sistema nervoso autônomo e seus nervos estão inseridos
próximos a saliência folicular. A contração desse músculo auxilia na excreção das
glândulas associadas ao folículo piloso, além, de como a própria nomenclatura
descreve, promover a ereção do pelo ("arrepio").

Os pelos são projeções alongadas gerados a partir dos folículos pilosos.


Histologicamente, ele pode ser divido em 3 camadas:

MEDULA: é a parte central da haste e contém uma coluna de células grandes


queratinizadas frouxamente conectadas contendo queratina mole. É importante
salientar que a medula está presente somente nos pelos espessos.

CÓRTEX: é a camada mais desenvolvida e responde por aproximadamente 80% da


massa total do pelo. Ainda, ele determina a textura, a elasticidade e a cor do pelo. A
coloração do pelo advém do pigmento de melanina produzido pelos melanócitos
presentes na camada germinativa do bulbo.

CUTÍCULA DA HASTE DO PELO: é a camada mais externa do pelo, formada por várias
camadas de células pavimentosas. Ela protege o pelo de lesão física e química e
determina a sua porosidade.
FOLÍCULO PILOSO - MODELO DE PELE FINA

Folículo piloso
HASTE DO PELO - MODELOS DE PELE FINA

Haste

RAIZ DO PELO - MODELOS DE PELE FINA

3
2
1
Cabeça de seta – papila dérmica do bulbo piloso

Linha – bulbo piloso

Seta 1 – cutícula da haste do pelo

Seta 2 – córtex do pelo

Seta 3 – medula do pelo

EXISTEM 3 TIPOS DE PELO:

1 - PELOS TERMINAIS: espessos e pigmentados, estão no couro cabeludo, barba,


axilas, genitais e sofrem influência dos hormônios andrôgenicos.

2 - PELO LANUGO: pelos finos encontrados nos fetos.

3 - PELO VELUS: finos e sem pigmento, são encontrados no adulto e cobrem a maior
parte do corpo, não é afetado pelos androgênios.
FASES DO CRESCIMENTO DOS PELOS: anagênica, catagênica e telogênica.

Anagênica: é a fase de crescimento (dura em média 4 anos). ana = para cima

Catagênica: é a fase de involução (dura em média 20 dias). cata = para baixo

Telogênica: é a fase do repouso e queda (dura em média 3 meses). telo = final


CICLO DE VIDA DOS PELOS:

1 - NOMENCLATURA DOS PELOS:

cabelo; supercílios/sobrancelhas; cílios/pestanas; trágios; barba, bigode ou buço;


vibrissas; hircos; púbios e lanugem.
2 - NOMENCLATURA DOS PELOS:

Ulótricos (cabelos crespos);

Lissótricos (cabelos lisos);

Cinótricos (cabelos ondulados).

FOLÍCULO PILOSO - PELE FINA - 40x

Folículo piloso
FOLÍCULO PILOSO - PELE FINA - 100x

Folículo piloso

Unhas: como os pelos, resultam da compactação de células bastante queratinizadas


(queratina dura). Função: proteção das falanges distais.

São placas formadas por células queratinizadas que contém queratina dura. As placas
ungueais repousam sobre os leitos ungueais. A parte proximal da unha, chamada de
raiz da unha, está fixada em uma prega de epiderme e cobre a região onde estão
localizadas as células germinativas ou matriz da unha.
A área branca próxima a raiz da unha, a lúnula, deve a sua coloração a camada de
células parcialmente queratinizadas e opacas da matriz nessa região. Quanto mais as
células se aproximam da ponta dos dedos mais ela adquire a coloração do leito vascular
subjacente. A prega que recobre a raiz da unha, conhecida popularmente como
cutícula, é o eponíquio. Ela também é formada por queratina dura, mas pode ser
facilmente rompida por conta da sua fina espessura. Ainda, uma camada epidérmica
espessada, chamada de hiponíquio, fixa a borda livre da placa ungueal à ponta do
dedo.

MODELO DE UNHA

Vista superior

2 1

3
4
5

1 – osso da falange distal; 2 – unha; 3 – lúnula; 4 – eponíquio; 5 – epiderme.


Vista medial de corte sagital mediano

4
3 2
1

1 – hiponíquio; 2 – matriz ungueal; 3 – raiz da unha; 4 – unha.

Glândulas sebáceas: associadas aos folículos pilosos, em virtude da sua origem.


Elas são abundantes no couro cabeludo e ausentes na palma das mãos e na planta dos
pés. Situam-se na derme. São glândulas exócrinas alveolares ramificadas holócrinas.
Funções: lubrificar a pele e os pelos e cabelos.

As glândulas sebáceas são formadas a partir da evaginação da bainha externa da raiz


do folículo piloso. Elas são responsáveis pela produção de uma secreção de caráter
lipídico, o sebo. Assim, as células produtoras do sebo produzem e armazenam a sua
secreção e, por fim, sofrem morte programada (apoptose), caracterizando essa
glândula como glândula holócrina (para liberar a secreção a célula morre e vai junto com
a secreção). Por fim, os restos celulares mais o sebo são descarregados no ducto da
glândula sebácea, o qual forma o canal pilossebáceo junto com o infundíbulo do folículo
piloso.

GLÂNDULA SEBÁCEA - PELE FINA 100x

1
.

1 – glândula sebácea; 2 – folículo piloso.

GLÂNDULA SEBÁCEA - PELE FINA 400x

1 – glândula sebácea;
Glândulas sudoríparas: estão distribuídas pela superfície corporal, excetuando-se os
lábios, o clitóris, os pequenos lábios, a glande e a superfície interna do prepúcio.
Elas são abundantes nas regiões palmar e plantar. A porção secretora situa-se
profundamente na derme ou na parte superior da hipoderme. São glândulas exócrina
tubulares simples enoveladas merócrinas (écrinas) ou apócrinas. Funções: abaixar a
temperatura corporal e eliminar excretas (substâncias indesejáveis).

Essas glândulas podem ser classificadas com base na sua estrutura e na natureza de
sua secreção. É importante destacar de antemão que alguns tipos de glândulas
sudoríparas são independentes dos folículos pilosos, diferente das glândulas sebáceas
que estão sempre associadas. Assim, as glândulas sudoríparas podem ser subdivididas
em écrinas e apócrinas.

GLÂNDULAS SUDORÍPARAS ÉCRINAS: são estruturas independentes dos folículos


pilosos que estão presentes em todo o corpo, exceto nos lábios e na parte externa da
genitália. A sua estrutura é formada por dois segmentos: segmento secretor ou porção
secretora, localizado profundamente na derme com disposição tubular espiralada
simples; segmento ductal ou porção excretora, parte menos espiralada formada do
epitélio estratificado cuboide, o qual leva a secreção para a superfície da epiderme. Esse
tipo de glândula também funciona como um órgão excretor por liberar substâncias como
cloreto de sódio, ureia, ácido úrico e amônia. Por fim, as glândulas sudoríparas estão
relacionadas com a manutenção da homeostasia, regulando a temperatura corporal.

GLÂNDULAS SUDORÍPARAS APÓCRINAS: são estruturas tubulares com epitélio


simples cúbico, tanto na porção secretora como excretora, associadas aos folículos
pilosos. Elas se desenvolvem a partir da invaginação da epiderme, como os folículos
pilosos descritos anteriormente. Diferente das glândulas sudoríparas écrinas, elas têm
um lúmem mais largo onde armazenam seu produto secretor. O suor secretado por
essas glândulas é rico em carboidratos, lipídeos e proteínas, além do conteúdo de água
e eletrólitos.

Os dois tipos de glândulas são circundados por células mioepiteliais, as quais


possuem capacidade de contração. Isso é fundamental para a expulsão do conteúdo
dessas glândulas. Por fim, as glândulas sudoríparas são inervadas pela porção
simpática do sistema nervoso. Contudo, as glândulas écrinas são estimuladas por
transmissores colinérgicos e as glândulas apócrinas por transmissores adrenérgicos.
Essa diferença no modo de estimulação determina que: glândulas écrinas respondem
ao calor e ao estresse e as glândulas apócrinas respondem a estímulos
emocionais e sensoriais, mas não ao calor. Interessante, não???
GLÂNDULA SUDORÍPARA ÉCRINA - PELE FINA

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GLÂNDULA SUDORÍPARA APÓCRINA - PELE FINA


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GLÂNDULA SUDORÍPARA ÉCRINA - PELE FINA
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GLÂNDULAS SUDORÍPARAS –
PELE ESPESSA PELE FINA

seta azul (glândula sudorípara)


Glândulas mamárias: é uma área modificada da pele com glândulas sudoríparas
especializadas na secreção de nutrientes sob a influência hormonal. Função: produção
de leite (carboidrato, açúcar, lipídeo e proteína).

Células da epiderme: queratinócitos (produz queratina), melanócitos (produz


melanina), células de Merkel (sensorial) e células de Langerhans (células de defesa
imunológica).

Células da derme: fibroblastos (produz fibras colágenas, elásticas e reticulares) e


substância fundamental amorfa), macrófagos (fagocitose e apresentação de antígeno),
plasmócitos (produz anticorpos), mastócitos (reação alérgica), leucócitos (defesa
imunológica), adipócitos (várias funções como ex. isolante mecânico e térmico) e células
mesênquimais indiferenciadas (dar origem a outros tipos celulares como o fibroblasto e
o adipócito).

COR DA PELE

A cor da pele humana é dada por 3 pigmentos proteicos endógenos (queratina,


melanina e hemoglobina) e 1 pigmento proteico exógeno (carotenos).
QUERATINA: é um pigmento proteico de cor branca produzido pelos queratinócitos da
epiderme.

MELANINA: é um pigmento proteico de cor marrom-escuro produzido pelos melanócitos


da epiderme.

HEMOGLOBINA: é um pigmento proteico de cor vermelha presente no interior das


hemácias que percorrem os capilares sanguíneos da derme.

CARÓTENOS: é um pigmento proteico de cor amarelada presente no interior de


alimentos como cenoura, mamão, laranja, tomate etc.

ENVELHECIMENTO DA PELE (começa a envelhecer exatamente quando termina o


crescimento geral do organismo, isto é, aos 25 anos de idade). Os sinais de
envelhecimento surgem tanto na epiderme como na derme, mas chamam mais a
atenção na epiderme devido à sua atrofia.

A pele adquire sua melhor aparência durante a segunda e terceira décadas de vida
e, então, as alterações devidas à idade começam a ocorrer. As mudanças mais visíveis
da pele, associadas ao envelhecimento, são o enrugamento, a perda de elasticidade,
o ressecamento e o aparecimento de manchas pigmentadas, particularmente na
face e no dorso das mãos, a despigmentação e a perda de pelos também são
sinais de envelhecimento. Na face, a perda do tônus muscular e a diminuição da
gordura subcutânea adicionam-se às alterações senis desta região. Este processo
pode ser acelerado pela exposição prolongada ao vento e ao sol, como geralmente se
vê na pele de fazendeiros e de marinheiros.
Sinais da epiderme e anexos

Dermatóglifos - não diminuem de número, mas tornam-se achatados.

Melanina – os melanócitos ficam inalterados, mas sua atividade decresce.

Matéria córnea – atrofia da epiderme, produzindo menos estrato córneo, diminui o manto
gorduroso que a cobre, o que leva ao ressecamento do órgão.

Pelos – diminuição geral do seu número, seu comprimento e sua espessura tanto nos
cabelos como na barba, nos hircos e nos púbios. Essas alterações são mais acentuadas
no homem do que na mulher. Os cabelos ficam brancos (caníce), mais lisos e finos, o
mesmo sucedendo com a barba. Ao contrário, em certas mulheres menopausadas, o
buço labial se espessa, ficando parecido com um bigode.

Glândulas – as glândulas sebáceas não se alteram, mas as sudoríparas écrinas


(merócrinas) e as apócrinas diminuem sua atividade. O velho sua menos.

Unhas – o crescimento torna-se mais lento.

Sinais da derme, da tela subcutânea (hipoderme) e do panículo carnoso


(músculos)

Derme – ocorre uma diminuição progressiva da substância fundamental amorfa do


tecido conjuntivo da derme, a fragmentação das fibras elásticas e a degeneração das
fibras colágenas. Desse modo, a pele vai perdendo sua elasticidade, o que não deve
ser confundido com distensibilidade, pois esta aumenta com a idade.

Tela subcutânea – ocorre diminuição da gordura dessa camada, determinando a


flacidez da pele, sobretudo na face e na região flexora do antebraço, na qual as veias
superficiais ficam mais móveis, o que dificulta a venóclise (punção venosa).

Panículo carnoso – com a idade, a musculatura facial vai se tornando hipotônica.

Obs: essas alterações da derme, da tela subcutânea e do panículo carnoso produzem


as rugas e a frouxidão geral da face.

As mudanças que ocorrem na derme devidas à idade são evidentes. Assim, as fibras
elásticas tornam-se fragmentadas e o colágeno mais rígido. Mais ligações cruzadas
são formadas entre as fibrilas colágenas, tornando-se mais duras e menos elásticas.
Como as mulheres já têm inicialmente menos colágeno na derme que os homens, elas
parecem envelhecer mais rapidamente. Indivíduos com cabelos ruivos ou louros têm
menos melanina na epiderme para proteção contra a luz ultravioleta e, sendo assim,
sua derme exposta envelhece mais rapidamente. Pelo mesmo motivo indivíduos de pele
branca envelhecem mais cedo que os de pele negra. Com a idade, há um certo
achatamento da cristas epidérmicas, mas não há redução no número de camadas
celulares. Ocorre, também, uma diminuição progressiva no número de melanócitos
funcionantes. Na verdade, de maneira geral, acredita-se que o número de melanócitos
permaneça inalterado, mas que a atividade da tirosinase dessas células decresça.
O número de pelos no couro cabeludo diminui e ocorre também uma redução na
densidade dos folículos pilosos. As glândulas sebáceas permanecem inalteradas. As
glândulas sudoríparas écrinas diminuem em atividade e número com a idade e as
glândulas apócrinas tornam-se menos ativas, podendo algumas atrofiar-se. Com a
idade, ainda, o crescimento das unhas torna-se mais vagaroso.
É tudo uma questão de tempo!!! E passa
muito rápido; APROVEITE.
Bibliografia

Junqueira LCU, CARNEIRO J. Histologia básica. 12.ed. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan; 2013. p.353-366.

Michalany, Jorge, Anatomia e histologia da pele. São Paulo: Lemos Editorial, 2002.

ROSS H; PAWLINA M. Histologia - Texto e Atlas - Em Correlação com Biologia Celular


e Molecular. 7 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.

ROSS H; PAWLINA M. Histologia - Texto e Atlas - Em Correlação com Biologia Celular


e Molecular. 7 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019; E-BOOK.

MATERIAL REVISADO E ATUALIZADO NO DIA 20/02/2023


PARA O PRIMEIRO TERMO DE MEDICINA DA UNOESTE
PROF. DR. EMMANUEL BAZAN
MESTRE E DOUTOR EM HISTOLOGIA
PELA ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA (EPM)
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP

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