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ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANA

SUBMODULO 2
PELE
(Funções, estrutura e anexos)

Prof. FATO
PELE: Generalidades
A Pele é o órgão de cobertura do corpo, que pesa entre 3 e 7 kg o
que representa 5-10% do peso corporal total.
Órgão que isola e protege o corpo das agressões do meio externo,
sendo praticamente impermeável e contínuo.
Têm uns 2 m2 de superfície.
• Vascularização. A sua imensa rede de capilar acolhe quase 1/5 da
circulação sanguínea total, pelo que tem importância no intercâmbio
a temperatura corporal.
• Inervação. Tem multidão de terminais nervosas sensitivas o que faz
que seja uma das fontes de informação principais para o cérebro.
• Metabolismo. Têm um alto metabolismo, uma elevada auto-
regeneração celular (cicatrização de feridas, queimaduras, etc.).
Clinicamente, é facilmente acessível ao exame físico e nela se
reflectem muitas doenças de outros órgãos e sistemas, pelo que é de
máxima ajuda no processo diagnóstico.
CONSTITUIÇÃO DA PELE
A pele está formada por 3 camadas e várias estruturas anexas.
1. Epiderme é a camada externa, não vascularizada.

2. Derme é a camada intermédia, elastina (fibras proteicas que


conferem a elasticidade típica da pele), e que aporta a
vascularização e inervação à epiderme e a própria derme.

3. Hipoderme ou Tecido subcutâneo é a camada interna, de


tecido conjuntivo frouxo e adiposo, que liga a pele às
estruturas subjacentes.
4. Anexos cutâneos são estruturas especializadas da
pele, como o cabelo, as glândulas sudoríparas e
sebáceas.
SUPERFICIE DA PELE
1. Sulcos. Pele redundante nas partes moveis, para não
restringir a mobilidade destas (cotovelos, interfalángicas).
2. Linhas de tensão da pele. A orientação das fibras na derme
faz com que macroscopicamente a pele apresente linhas de
tensão, úteis na planificação das incisões cirúrgicas
(cortando ao longo das linhas, e não através, a cicatriz será
menos evidente)
3. Impressões digitais, que dão certa rugosidade à pele nas
palmas e plantas, que as fazem mais aderente (útil para não
deslizar coisas da mão). O desenho é diferente em cada
pessoa pelo que são úteis para a sua identificação.
4. Poros, orifícios de saída das glândulas sudoríparas.
5. Anexos (cabelo e pelos com glândulas sebáceas), com
função de protecção, encontrados em quase toda a
superfície corporal, embora com características diferentes.
HISTOLOGIA E FISIOLOGIA DA PELE
Epiderme é um epitélio pavimentoso estratificado com células
queratinizadas superficiais. Tem 5 camadas, que vão formando-se a
partir da mais profunda (“estrato basal”), que tem células com
capacidade de divisão e diferenciação celular.
Estrato basal . Células cúbicas com capacidade de divisão mitótica,
que repousam numa membrana basal. Formam todos os outros
estratos, por migração superficial das células que no seu caminho até
a descamação vão sofrendo mudanças morfológicas. É indispensável
para a regeneração da epiderme.
Algumas destas células (“melanócitos”) estão especializadas na
produção de “melanina”, principal pigmento da pele que a protege
do sol e a dá maior dureza e resistência.
Os melanócitos transferem a melanina formada aos queratinocitos.
Quanto mais espessa é a pele (dorso do corpo), mais melanina
produz. Pele fina (como em palmas e plantas) contêm pouca
melanina.
• Estrato espinhoso. Várias fileiras de células poliédricas, entre
as que ainda pode haver células em divisão, pelo que junto
com o estrato basal, forma a “Camada germinativa”.
• Aparecem dispersas neste estrato também:
a) “Células de Langerhans”, com capacidade fagocítica, que
formam parte do sistema imune de defesa da pele.
b) “Células de Merkel”, em relação a terminações nervosas
sensitivas, são parte do sistema neuroendocrino difuso.
• Estratos granuloso e lúcido. Poucas camadas de células cada
vez mais aplanadas, que contêm proteínas precursoras da
queratina e lípidos responsáveis pela impermeabilidade.
• Estrato córneo. Células já muito planas, mortas, preenchidas
de “queratina” (proteína estrutural que as endurece). Com
função de protecção mecânica.
A Derme é uma camada de 1-3 mm de espessura, de tecido
conjuntivo com fibroblastos escassos e proporções variáveis de
fibras colágenas e elásticas (estas vão diminuindo ao longo da
vida, deixando uma pele menos flexível e com rugas). Tem 2
camadas, onde estão embebidos vasos, nervos e anexos da
pele:
• Camada papilar, a mais superficial, em contacto com o estrato
basal da epiderme, com a que interdigita em cristas e papilas.
É tecido conjuntivo frouxo muito vascularizado.
• Camada reticular, a mais profunda, em contacto com o tecido
areolar subcutâneo num limite impreciso. É tecido conjuntivo
denso, com feixes de colágeno e elastina formando uma rede
irregular, que prolonga-se até a hipoderme.
A Hipoderme é tecido conjuntivo frouxo, principalmente
adiposo, de espessura muito variável, por ser um dos espaços de
depósito de gordura.
ANEXOS CUTÂNEOS

Os Anexos da pele são uma série de estruturas


complexas diferenciadas, derivadas das próprias
células epiteliais ou procedentes de outros
tecidos, que têm funções especializadas.
1. Pelos
Estruturas filamentares, queratinizadas, que aparecem em quase toda a pele,
com características e densidades algo diferentes (entre 50 e 500 por cm2 ),
mas com uma estrutura básica comum, com uma porção enterrada na pele até
a derme, com células activas (“raiz”) e uma parte visível, exterior à pele, com
células mortas (“haste”).
• A raiz está incluída no “folículo piloso”, bainha de epiderme invaginada até a
derme. A raiz acaba num alargamento (“bulbo”), unido a base do folículo.
• O folículo piloso tem também um feixe de células musculares de inserção
lateral (“músculos erectores do pelo”), que podem se contrair para levantar
o pelo.
A função dos pelos é principalmente protectora, evitando traumas físicos e
químicos na epiderme
• Cabelo da cabeça (que isola o crânio das variações de temperatura),
• Supracilias e pestanas (que protegem os olhos da entrada de corpos
estranhos),
• Pelos das narinas (que protegem a via aérea da entrada de insectos, poeiras,
…),
• Pelos no dorso dos membros (que protegem as partes mais expostas
destes).
2. Unhas
Unhas são estruturas planas, nas pontas dorsais dos dedos,
compostas por células não descamativas muito queratinizadas,
que dão a típica dureza.
• A unha tem uma zona basal formadora de células (“matriz
ungueal”), a partir da qual a unha (“placa ungueal”) cresce em
sentido distal ao longo duma pele fina ondulada e muito rica
em vasos e nervos (“leito ungueal”), delimitada lateralmente
pelos “sulcos laterais”.
• Se uma unha cair (por doença ou trauma) poderá crescer de
novo, desde que a matriz esteja respeitada, em uns 2 meses
(mãos) e 4 meses (pés).
• São estruturas regressivas (tendência evolutiva a desaparecer)
no ser humano, procedentes de garras animais, especializadas
na defesa (armas pontiagudas) e facilitadoras das funções
preensora e locomotora de mãos e pés.
3. Glândulas sebáceas.
São glândulas dérmicas exócrinas ramificadas, associadas ao
folículo piloso, que perante estímulos hormonais segregam um
material oleoso (sebo) sobre o pelo em crescimento, para
lubrificá-lo e manter a sua flexibilidade. Em algumas partes do
corpo não estão associadas ao pelo (plantas e palmas).
• Os aumentos hormonais sexuais durante a puberdade
provocam alterações da secreção sebácea que contribuem a
aparição do acne.
Deficiências na drenagem do sebo, podem fazer encher a
glândula sebácea de sebo, que pode ser invadido por
bactérias que provocam uma infecção local (“foliculite” ou
“furúnculo”).
4. Glândulas sudoríparas

São glândulas dérmicas exócrinas simples,


disseminadas por quase todo o corpo.

Não estão associadas aos folículos pilosos. São capazes


de sintetizar e excretar “suor”, solução aquosa sem
odor, de composição parecida com o plasma, embora
mais diluída, que têm um papel fundamental na
homeostase da temperatura corporal, pois em
ambientes quentes, a sua excreção e evaporação
provoca uma diminuição da temperatura da pele.
5. Terminais nervosas
A pele tem muitas terminações nervosas sensitivas capazes de
ser estimuladas por agentes diferentes.
1. Terminais livres, que respondem ao estímulo da dor.
2. Corpúsculos de Merckel, que respondem ao estímulo
mecânico do tacto grosso.
3. Corpúsculos de Meissner, que respondem ao estímulo do
tacto fino.
4. Corpúsculos de Pacini, que respondem ao estímulo
mecânico da pressão e vibração.
5. Bulbos de Krausse e Ruffini, da derme profunda, que
respondem a estímulos de temperatura (frio e calor,
respectivamente)
FUNÇÕES DA PELE

1. Protecção.
A pele é um revestimento elástico, mas muito resistente, que
protege o organismo das diferentes agressões do meio
ambiente:
Mecânicas, evitando que o contacto com materiais duros do
meio ambiente seja lesivo para o organismo.
Térmicas, evitando a congelação (por frio) e a queima de
estruturas (por calor). É só relativamente eficaz neste aspecto,
não conseguindo proteger o corpo de muito altas ou baixas
temperaturas.
Infecciosas, através do manto ácido que cobre toda a pele, que
evita o crescimento de microorganismos na mesma e a
penetração ao interior do organismo.
2. Facilitação dos movimentos articulares
O excesso de pele nos pontos de movimentação das articulações
permite o amplo movimento destas, que se não ficariam presas.
3. Termo-regulação. O calor é perdido (ou poupado) a través da
pele principalmente por 2 vias:
Radiação, por ter a pele uma grande superfície, irradia
continuamente calor para o ar ambiente, em diferente grau
dependendo da quantidade de sangue existente na derme. Estas
mudanças do sangue presente na derme são devidas à existência
de muitas anastomoses que funcionam para compensar a
temperatura externa:
• Quando o ambiente está frio, as anastomoses se abrem,
diminuindo a quantidade de sangue na derme (poupando a
perda de calor).
• Quando está quente, se fecham, deixando o sangue fluir pela
rede capilar (radiando calor).
• . Evaporação, através do suor, que ao se evaporar liberta calor
4. Osmo-regulação
Pela sua impermeabilidade, a pele evita a entrada e
perda não controlada de água, electrólitos e proteínas
(existe um intercâmbio controlado a través dos
folículos e do suor), ajudando a homeostase do meio
interno.
A pele não é totalmente impermeável, pelo que certas
moléculas podem ser absorvidas pela pele, incluindo
tóxicos (pesticidas, etc.).
A não total impermeabilidade é aproveitada
farmacologicamente para dispensar medicamentos ao
organismo (cremas de anti-inflamatórios ou de
hormónios )
5. Secreção e Excreção
O sebo e o suor (secretados pelas glândulas sebáceas e
sudoríparas) mantêm a humidade e textura da pele e criam uma
barreira química anti infecciosa.
6. Recepção sensorial
• Nas papilas dérmicas existem terminações nervosas sensitivas,
que possuem estruturas especializadas capazes de detectar
sensações básicas: Dor, Tacto, Temperatura, e Pressão.
• A estimulação de estes por agentes externo, combinada em
diferentes proporções e intensidades, é uma informação que
processa o cérebro para formar todas as sensações: prurido,
dor queimante, pressão pontual entre outras.
7. Funções metabólicas
Precursores da vitamina D encontram-se na pele, onde serão
estimulados pela radiação solar (ultravioleta) para seguir a via
metabólica de síntese dos produtos activos.
8. Estética
A pele supõe o contacto visual e táctil, fundamental no
relacionamento entre as pessoas. A aparência da pele é um
reflexo do estado de saúde, do cuidado pessoal, do estado de
nutrição.
PATOLOGIA GERAL DA PELE
A pele, por estar em contacto com um meio externo (que pode ser
agressivo para o organismo) e por ter uma grande extensão e
desenvolver funções variadas, pode adoecer de muitas maneiras
diferentes.
1. Lesão mecânica. A alteração mais frequente da pele, por estar exposta
e por ter função de barreira.
• Queimaduras, que podem ser de extensão e profundidade muito
variável.
• Feridas, Erosões, Lacerações, etc.
2. Envelhecimento. Principalmente baseado numa perda progressiva do
conteúdo de água na pele, na diminuição das fibras elásticas (elastina),
que são substituídas por colágena, e na lentidão dos processos de
regeneração celular. O resultado é uma pele mais seca e menos flexível.
Os processos de envelhecimento da pele são acelerados por certas
agressões: exposição contínua ao sol, tabagismo, doenças crónicas,
malnutrição, etc.
3. Infecções. Pela colonização da pele por microorganismos, que
acontece quando baixam as defesas externas ou internas
(estados imunodeficientes) quando existem pontos de entrada
(feridas, picaduras, queimaduras) ou quando localmente se
favorece o crescimento microbiano (falta de higiene,
humidade,).
Pode ser por vírus, por bactérias, por parasitas (como a sarna)
ou por fungos (como a tinha das pregas cutâneas).
São frequentes também as “infestações” por organismos
macroscópicos (como pulgas, piolhos).
4. Tumores. São crescimentos incontrolados de algum tecido da
pele em uma certa localização, podendo ser:
• Benignos, crescimento limitado e que não se estende além.
• Malignos, crescimento progressivo e destrutivo que pode-se
estender a outras partes do corpo.
5. Processos auto-imunes. Grupo de doenças causadas por
alterações do sistema imune, em que se torna capaz de atacar os
tecidos do próprio organismo (normalmente só combate os
elementos estranhos ao organismo).
6. Alergias. Reacções exageradas da pele de certas pessoas
sensíveis perante o contacto com certas substâncias
(“alergenos”, que podem ser animais, vegetais, alimentos,
metais, tecidos,…).
Provocam diferentes tipos de alterações cutâneas: inchaço, calor,
prurido.
7. Toxicidade (medicamentos). Muitos medicamentos (e outros
produtos de uso humano frequente) podem provocar patologia
na pele: urticária (tipo de reacção alérgica), vasculite (lesão dos
vasos da pele, provocando a morte de zonas desta) ou reacções
graves que se assemelham a queimaduras (síndrome de Steven-
Johnson).
8. Reacção ao sol e Fotosensibilidade. Alterações cutâneas patológicas
provocadas pela exposição ao sol.
9. Doenças sistémicas. Muitas doenças sistémicas (de todo o
organismo, não só da pele) ou efeitos secundários de tratamentos, têm
alguma expressão cutânea.
Exemplos
Palidez, na anemia (diminuição de sangue).
Alopecia (queda do cabelo) em doenças auto-imunes, em problemas
endócrinos e em certos tratamentos.
Icterícia (pele e mucosas amareladas), em doenças do fígado.
Acne, inchaço das glândulas sebáceas por dificuldades na sua
drenagem, em doenças endócrinas da produção de hormónios sexuais.
Vesículas (borbulhas com liquido aquoso) em infecções por vírus,
como a varicela.
Exantema (pequenas nódoas avermelhadas), em infecções por vírus
(como sarampo) ou bactérias (como sífilis).
OBRIGADO
PELA ATENÇÃO

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