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“A libertação é pelo som”

(Vedānta-sūtra, 4.4.22)
Mantra é um “instrumento para conduzir o pensamento”, ou uma
“fórmula encantatória que tem o poder de materializar a
divindade invocada” (Ferreira, 1999, p. 1276)

Os Āgamas (Tantras) védicos definem mantra como uma potência


(śakti) do Senhor Supremo e Absoluto na forma de som.

Etimologicamente a palavra mantra é constituída de man “mente”


e tra “libertar ou proteger”.

Definindo mantra, Jaimini Ṛṣi afirma que “Aquilo que protege e


liberta a mente é mantra”
“No princípio era o Verbo, e o verbo estava com Deus, e o
Verbo era Deus. No princípio, ele estava com Deus. Tudo
foi feito por meio dele e sem ele nada foi feito” (João 1:1-3)

“A vibração sutil do som transcendental pareceu no éter do


coração do sublime Senhor Brahmā” (Śrīmad-Bhāgavatam,
12.6.37).

"Surgiu de Nārāyaṇa em sua ordem alfabética” (Śrī


Harināmāmṛta -Vyākaraṇa, Laghu, 1)
Fonética Tradicional

O ser (ātmā) formula intenções por meio da inteligência


(buddhi) e inspira a mente (manas) para falar. A mente
impulsiona o fogo do corpo (kayāgni), que ativa o movimento
da respiração (maruta) que, movimentando o peito, produz
um zumbido (mandra), que por sua vez sobe até o palato e
alto da cabeça, onde repercute e desce até a boca para
produzir os sons articulados como as vogais e consoantes.

"O Pensamento surge do silêncio; o


ego do pensamento; e do ego surge
o discurso. Ora, se o discurso tem
efeito, quão mais eficaz não será
sua fonte?"

Ramana Maharshi
Aksharas
imperecível
Fonemas do alfabeto silábico do sânscrito

Śrīmad-Bhāgavatam - definição de som como “aquilo que


indica a presença de um orador”; o som tem de ser um
produto da consciência. Nesse sentido, os textos védicos
denominam o som como vāk ou “fala”, ou seja, a fala de
alguém.

O tantra afirma que "a força criativa do universo reside em


todas as letras do alfabeto”.

As diferentes letras simbolizam as diferentes funções dessa


força criativa, e sua totalidade é denominada matrikā, “a mãe
em essência”.

O tantra vê os mantras como a forma sutil das deidades


diretoras. Sendo que o verdadeiro propósito da meditação
com mantras seria o de se comunicar com a deidade de
cada mantra em particular.
“Há quatro tipos de fala, conhecida pelos brāhmaṇas sábios.
Três delas são ocultas, e a quarta é falada pelas pessoas
comuns” (Ṛg Veda, 1.164.45).

1 - parā - consciência transcendental


2 - paśyanti - consciência intelectual;
3 - madhyama - consciência mental emocional
4 - vaikhari - consciência física
CATEGORIAS DE MANTRAS

• Dhyāna-mantras “mantras de meditação” – utilizados para


invocar as formas (rūpa), atividades (līlā), associados
(pāriṣadas), parafernália (upakaraṇa) e morada (dhama) da
divindade na mente do praticante.

• Bīja-mantras“mantrassementes” – utilizados para manifestar


a potência da divindade e purificar.

• Mūla-mantras “mantras raízes” – utilizados para estabelecer


a natureza própria da divindade.

• Stutis e stotras “preces e glorificações” – cantados nos


rituais para glorificar a natureza e atividades da divindade.

• Praṇāma-mantras “mantras de reverência” – utilizados para


oferecer reverências à divindade.

• Gāyatrī-mantras “mantras de iniciação” – utilizados para


adoração esotérica da divindade, invocando na consciência do
praticante, os três princípios de:

a) sambandha “estabelecimento da relação”;


b) abhidheya “atuação na relação estabelecida”;
c) prayojana “ obtenção da meta final”.
Bhagavad-gītā (8.13) “o Brahman de uma única sílaba”

“o praṇava oṁ é a fala dEle” (Yoga-sūtra, 1.27)

Sois a forma primordial imanifesta do som; a primeira sílaba


oṁ; a fala audível, por meio da qual o som, em forma de
palavras.”(Śrīmad-Bhāgavatam,10.85.9).
mm

uu

aa
Os três mundos (lokas): bhūḥ “terra”, bhuvaḥ
“mundos intermediários”, esvaḥ “paraíso”;

Os três corpos (śariras): sthūla “grosseiro”, sukṣma “sutil” e


karaṇa “causal”;

Os três estágios do som: vaikharī, madhyamā e paśyanti.


BIBLIOGRAFIA

In a World of Gods an Goddesses


The Mystic Art of Indra Sharma - Editora Madala

Dicionário de Sanskrito - Português, Prof. Orlando Alves

Enciclopédia de Yoga do Pensamento

A tradição do Yoga, Georg Feurestein

O MAHABHARATA
Traduções por Kisari Mohan Ganguli e Pratap Chandra Roy.
Versão de Pratap Chandra Roy publicada por Munshiram Monohorlal
Nova Delhi, Índia - Terceira Edição

O Bhagavad Gita - Uma Nova Tradução, Georg Feuerstein

Mantras - Os sons que criam e libertam, Lucio Valera (Loka Sākṣi Dāsa)

The Sacred books of the East, UPANISHADS


Trasnlated by F.MAX MULLER

Śrīmad Bhāgavatam. 19 Volumes, São Paulo: Bhaktivedanta Book Trust,


1995. Prabhupada, A.C. Bhaktivedanta Swami. (trad.)

Yoga Tantrico Interior,


David Frawley

Video - CYMATICS: Science Vs. Music - Nigel Stanford

Todas as ilustrações são de Indra Sharma

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