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Síntese:

A Cruz de Luz: A simbologia da Crucificação no Gnosticismo

A “Cruz de Luz” é um texto encontrado nos Atos de João e dá sequência à sagrada


dança e ritual de iniciação que estudamos no “O Hino de Jesus”, o rito gnóstico oficiado
pelo Divino Mestre e tendo João como receptáculo de uma transmissão (p. 88; p. 75).

O Hino antecede a Cruz de Luz. Depois da dança sagrada, segue o mistério


gnóstico da crucificação (que é a crucificação do Logos na matéria). As duas instruções - o
Hino de Jesus e a Cruz de Luz - são duas fases de um processo iniciático no qual o Filho da
Luz Yohanan surge como um nazareno consagrado (p. 76).

Como veremos, a narrativa desenvolvida na Cruz de Luz difere da versão histórica


mais conhecida sobre a crucificação de Jesus e parece apresentar uma visão mais mística
e espiritualizada do registro acerca da morte de Jesus. O entendimento entre os estudiosos
é de que a versão canônica da crucificação seja apenas um véu (externo) para uma
compreensão mais profunda e simbólica do Mistério, ou seja, de um ensinamento reservado
que o Mestre trazia para o ciclo mais próximo de discípulos (p. 95).

A cruz, para os gnósticos, era um símbolo vivo. Não era apenas a cruz de madeira
morta, ou tronco morto de uma árvore desbastada de seus ramos. Era também a Árvore da
Vida, equiparada com a “Sarça Ardente” dentro da qual o Anjo de Deus falou a Moisés; a
Árvore da Vida Ardente no Paraíso da natureza interior do homem, lugar onde se expressa
a Palavra de Deus para aquele que merece ouvi-la (p. 96). Portanto, não é um símbolo de
morte e sofrimento, mas uma ideia viva, uma realidade ou princípio-raiz, doadora de vida (p.
99).

O Logos é simbolizado por um tronco reto. A peça cruzada é considerada como


representando a natureza humana. A cruz pode ser vista, dessa maneira, como a
manifestação da energia da vida universal na matéria. A Luz Universal que vem ao mundo e
se manifesta. A energia da vida universal que se manifesta na matéria.

Nessa compreensão, quando Jesus estava “pendurado na Cruz”, na verdade,


estava na representação do estado de equilíbrio, encontrava-se no centro místico: “Então,
quando o Senhor, o mais elevado Ser no homem, estava equilibrado e justificado, o homem,
o discípulo, tornou-se consciente, na caverna do seu coração – em sua mais recôndita
natureza substancial – da presença da Luz” (p. 99-100).

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