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1. Podemos nos tocar uns aos outros com a mão, com o olhar, a voz, a aproximação de
todo o corpo, ou também através de um instrumento ou objeto... O que é tocado em
mim, quando alguém me toca, ou quando eu toco alguém? Tocando a mão de alguém ou
ferindo-a, tocamos ou ferimos a pessoa mesma. Sem o toque não há relação; sem o toque o
encontro não é possível1.
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BUYST, IONE, Alguém me tocou! in: Revista de Liturgia, no 176, p. 4-9; (adaptações: Dom Edmar Peron).
A estrutura sacramental na economia da salvação.
8. O grande estudioso da liturgia, Vagaggini, diz que existente uma “íntima e indissolúvel conexão” na
ordem atual da salvação entre Cristo, a Igreja e a Liturgia: Cristo age na Igreja e através dela, a
Igreja age principalmente na liturgia e através dela. Esta relação se apresenta como uma «estrutura
sacramental», ou seja, uma “realidade visível e sensível que, de algum modo, contém e comunica
aos que estão bem dispostos uma realidade invisível, sagrada e divina da ordem da salvação, (...)
manifestada a quem tem fé e escondida a quem não a tem. Tal é a estrutura de Cristo, tal a estrutura
da Igreja, tal a estrutura da Liturgia”.
9. Cristo é o sacramento primordial; a Igreja é o sacramento geral; a Liturgia é o sacramento mais
restrito, particularmente nos sete sacramentos, que é seu núcleo central, e mais especificamente na
eucaristia, que é o sacramento por excelência.
10. Relacionando com a imagem do toque, podemos dizer que na pessoa de Jesus, Deus “tocou” nossa
humanidade para salvá-la, para realizar o encontro, a comunhão. Hoje, o Cristo Ressuscitado
continua nos “tocando” em seu Corpo, que é a Igreja, e nos Mistérios celebrados, nas ações
simbólico-sacramentais realizadas nela, por Ele: a liturgia.
11. Assim, a SC lembra a estrutura humano-divina da pessoa de Cristo e de sua obra: “Deus
enviou seu Filho, Verbo feito carne, ungido pelo Espírito Santo. (...) Sua humanidade, na
unidade da pessoa do Verbo, foi o instrumento de nossa salvação...”.
12. Depois apresenta a Igreja como sacramento nascido de Cristo: “do lado do Cristo,
dormindo na cruz, nasceu o admirável sacramento de toda a Igreja” (SC 5). Também ela
é humana e divina, sendo que “o humano se ordena ao divino, o visível ao invisível, a
ação à contemplação e o presente à cidade futura” (SC 2); é a ação invisível do Espírito,
servindo-se de meios humanos e visíveis.
13. Em seguida, fala da liturgia: é um conjunto de sinais sensíveis através dos quais Cristo
continua sua obra de salvação de toda a humanidade e de glorificação de Deus, unindo a
si a sua Igreja para levar avante esta obra. “Disto se segue que toda a celebração litúrgica
(...) é uma obra sagrada por excelência, cuja eficácia nenhuma outra ação da Igreja
iguala...” (SC 7).
14. Assim, na SC “a ‘sacramentalidade’ de toda a liturgia é salientada com grande ênfase”, e o
complexo de sinais sensíveis – através dos quais Cristo age na liturgia – não se refere somente ao
culto prestado por nós a Deus (glorificação), mas também à santificação que Deus realiza em nós
(santificação).