Você está na página 1de 4

CELEBRAÇÃO

11,24) e no testemunho de Paulo: "Todas as segundo movimento dialógico que t l!lQ


vezes que comeis desse pão e bebeis desse interlocutores o Etemo: Deus que c:rn ~ºl'llo
cálice, anunciais a morte do Senhor até que mente interpela e questiona O horn;hnl.Ja_
ele venha" (lCor 11,26). comunidade através da proclamação :·Cll).
É o mandamento que Cristo deixou à sua Palavra e da ação da sua Presença· e .~ sua
igreja de todos os tempos e de todos os luga- pre novo": o homem ~ndame~talrnsel'll.
res, isto é, o de tomar presente a sua morte- sempre o mesmo e todavia sempre d·t ente
ressurreição, a sua páscoa de libertação. Ora, devido à diversidade de• tempo e de si•1tuaç crente
·
a celebração justamente toma presente toda em que é chamado a viver. Oes
esta realidade in mysterio , porque a liturgia
53 A celebração litúrgica pode ser
54
é continuação e realização da história da apontada ~orno~ actio P?r excelêncÍa~ntào,
salvação no tempo da igreja. Entre a primeira igreja realiza ate a parousza,
·
no anúnc· que a
IO e n,
vinda de Cristo e a sua última volta coloca-se realização domysténon, equetornaoh ...,
a vida da igreja que - como os apóstolos - é de todos os tempos participante do º7ern
chamadanotempoaanunciar"queoFilhode divino de salvação. P ano
Deus, com a sua morte e ressurreição, nos
libertou do poder de satanás e da morte ... ", J. Os elementos da 'actio' - A refl •
mas também a realizar "por meio do sacrifício sobre esta actio da igreja pode, pois, se/X.ao
e dos sacramentos... a obra da salvação" dulada tendo presentes as estruturas rit:~
anunciada (SC 6). , que caracterizam toda celebração e os iis
Trata-se, pois, de celebração de aconteci- mentos de conteúdo próprios da Pai e e.
mentos ou de "mistérios", isto é, de comuni- anunciada e da eucologia. Devido à div!~
cação de/para uma realidade sobrenatural dade. de compenetração destes elementrsi-
realizada mediante o rito. Aqui, com efeito, que variam conforme as celebrações, teremos,
vive e exprime-se a inefável riqueza de Deus também uma diversificação mais ou menos
que se comunica ao homem por Cristo no acentuada na teologia da celebração em st °.8
Espírito. Por isso, a liturgia faz continuamen- Com efeito: ··
te anamnese do mistério de Cristo, celebran- a. O rito constitui a forma exterior ma·
do o seu memorial. evidente desta comunicação salvífica divin~
humana. Na liturgia - lemos em SC 7 -"po
V. Teologia da celebração meio 4e sinais sens~veis ésign_ificada e, de mod~
peculiar a cada smal, realizada (efficitur) a
As reflexões - embora apenas iniciais - santificação do homem, e é exercido o culto
sobre a dimensão mistérica da celebração público integral...". O rito é, portanto 0
abrem um discurso mais especificamente veículo através do qual se realiza e se to~a
teológico: discurso que, retomando os ele- operante a Palavra; mas ele também se destina
mentos da Sagrada Escritura e da Tradição, a "ser 'personalizado' pelo sujeito que O põe
procura evidenciar a essência da realidade em prática ou em ação, isto é, pela comuni-
celebrativa. Trata-se, pois, de reflexão sobre o dade celebrante, para que esta nele se reco-
dado de fé celebrado, de theo-logía que é nheça, a ele se confie e se entregue, nele se
contemplação do mistério de Deus e da sua expresse e nele viva ... O rito, que está em
ação celebrada, vivida e tomada presente na função da experiência objetiva do mistério
ação litúrgica. É repensamento teológico so- salvífico de Cristo, se toma ... fonte e elemento
bre o que a ekklesía crê e ora - e, portanto, portador de uma experiência tal que, por ela,
sobre os elementos da celebração. o mistério salvífico de Cristo, indo além do
Se a celebração é realização ritual da fé, a simples atingir como que externamente a
teologia da celebração deverá ser reflexão comunidade celebrante, nela se manifesta
sobre a 'fé-posta-em-rito', isto é, teologia dos interiormente assumindo, de certo modo, a
mistérios, a qual constitui a chave de com- fisionomia espiritual da comunidade que ela
preensão cada vez mais plena da própria realmente é" 55 • Como conclusão, o rito se
liturgia. De fato, se a liturgia constitui o mo- torna ponto de encontro entre o humano e o
mento-síntese da história da salvação en- divino, favorece a participação no mistério,
q~anto resume em si anúncio (AT), aconte- mas, não obstante, continua sempre como
cunento (NT) eéschaton desta história, são os "diafragma que ... incluirá obstáculos e rea-
iterata mysteria que realizarão no indivíduo e ções, enquanto o sentido intrínseco da sua
na comunidade a realidade anunciada e já função é o de envolver todo o homem ..."56•
cump~da em Cristo. É este o dinamismo que b. A Palavra - O anúncio da Palavra é um
se realiza na celebração dos santos mistérios, dos dois elementos constitutivos da primeira
CELEBRAÇÃO
191
da nova aliança e, conseqüentemente mula à conversão, à fidelidade e à aliança.
0
cor;;,da ação litúrgica que reatualiza algum d~ Resposta que varia conforme os temJ?os
de aspectos57 • Na ação litúrgica, tal anúncio litúrgicos, já que cada tempo litúrgico revive,
seus itui uma realºd 1 a d e un1ca
- · com o sacra- c?rn modalidades próprias, u~ ~pecto par-
St ta
con ento, ao passo que " a fu nçao - da palavra ticular da opus nostrae redemptwnzs; respoS
JJI tritamente sacramental se antecipa de que é voz da igreja reunida para ceJebrar
~!rto modo à liturgia da Palavra"; e, neste mistério da salvação. O estudo deste verbete
sentido, é possível ret~mar uma terminologia insere-se, pois, plenamente no discurso teo-
colástica que, refermdo-se à estrutura da lógico da celebração - sendo até ponto de
es ·ssa "ve• a lºt · d a Pa 1avra corno a pars
I urgia passagem obrigatório para uma reta com-
JJI J
agis • determmans

e a 1·1turgia
. eucarística preensão - já que oferece, ao lado das
~~mo a pars magis detenninabilis ... "ss. É a constantes as variáveis de tempo, de espaço,
palavra, pois, que faz do rito sacramental _ de lugar, q~e qualificam e determinam cada
qualquer que ele seja ... verdadeiro e específi- assernbléia individualmente.
co kairós, sinal de salvação. A SC no n. 7
sublinha esta presença mistérica do Cristo 2. O sinal do mistério - Depois de
mediante a sua P~la~, afirman?o que, "para vistos os elementos essencialíssimos que ca-
realizar obra assim tao grande , corno é na racterizam a celebração comoactio, resta-nos
verdade a opus ~alu~is, "Cristo está sempre ainda abordar outros elementos que ela pos-
presente na_ s~a _1greJa, e, de modo especial, sui, a fim de chegarmos à compreensão da
nas ações hturg1cas ... Está presente na sua realidade e das implicações, dos elementos
palavra, já que é ele que fala quando na igreja que interagem na dinâmica do mistério. Esta
se lê a Sagrada Escritura... ". Desta enfatização, parte, pois, poderia ser orientada segundo o
que brota da certeza de um evento, decorrem movimento expresso em síntese pelo _valor
conseqüências de suma importância exata- intrínseco de três termos: pela actzo ao
mente a propósito da estrutura da celebração mysterium para .a vida. Positivamente, este é
e a cada um de seus elementos, ou seja, a o dinamismo que se realiza dentro de cada
importância de que a unitariedade da men- celebração: na actio litúrgica o paschale
sagem anunciada atinja os destinatários me- mysterium se torna realidade sempre nova na
diante a facilitação de tal comunicação. Isto e para a existência (vila) do próprio homem.
implica problemas de linguagem, de adapta- a. A celebração como 'mysterium '-Apesar
ção, de criatividade ... , de conhecimento de de já termos enfatizado este aspecto na parte
todas as leis que se acham subjacentes ao bíblica IV, 2, c], convém retomá-lo
problema da comunicação dentro da assern- aqui sob outra perspectiva que complete a
bléia e entre a assembléia e Deus Pai. ótica especificamente teológico-litúrgica pela
c. A eucologia - Toda celebração se mo- qual é abordada e estudada a realidade
dula sobre dois elementos estreitamente lia celebrativa.
gados entre si: o anúncio da Palavra de Deus Em um dos prefácios incluídos nos for-
e a resposta - em regime de sinais - da mulários que o Sacramentarium Veronense
assembléia, cuja le.x orandi constitui uma das apresenta "in natale apostolorum Petri et
expressões mais típicas. Nas várias situações Pauli", lemos o seguinte: " ...ostendens nobis
históricas e ambientais, a igreja sempre orou et in trinitate quadriformis evangelii constare
e celebrou a sua fé: testemunho da continui- rnysterium, et in unoquoque evangeliorum
dade desta fé orada, celebrada e, portanto, trinitatis plenitudinem contineri..." (n. 354).
crida é a eucologia, que constitui o resul- Extrapolando a referência à realidade evan-
tado do contato vivo e vivificante com o mis- gélica, a expressão pode ajudar a compreen-
tério do Cristo e, por conseguinte, admirável der a dimensão mistérico-trinitária própria
síntese tanto da especulação noética, quanto de toda celebração. Com efeito, essência de
da vida da própria igreja. A linguagem toda celebração que se realiza durante ano
eucológica, na verdade, é a resultante da lin- litúrgico é a realidade trinitária de Deus Pai
~agem simples-por vezes solene, por vezes que, no poder do Espírito, envia o Filho pa1·a
singela e despreocupada, mas muitas vezes a salvação do homem. A realidade trinitária
radicalmente nova - das assembléias assume forte relevo no conjunto dos vários
celebrantes na sua variada colocação social, elementos que estruturam a celebração de
política, cultural, espácio-temporal que, na cada momento do ano litúrgico. O mistério
celebração, encontram a sua unidade. A trinitário manifesta-se como intervenção ou
euco!ogia, pois, é a resposta da assembléia ação de Pessoas em meio ao conjunto de
reunida com o Deus que a interpela e a esti- pessoas que é o povo de Deus: a presença vital
CELEBRAÇÃO
y
as formas eucológicas faz 1
do Pai, do Filho e do Espírito envolve a igreja anamnese da mediação edm conlinu
e e . ª"'
91
de acordo com um dinamismo que parte do anamnese, a 11turgia . reali ns1os1 ·••eii~
infinito, da arché dos tempos em que o Filho dynamis divina - o encon~ - Por ·bN~
estava com o Pai, no seio do Pai (cf. Jo 1, 1), e Pai em Cristo encarnado mro entre oºf_ra ~-
se dirige à parousia quando se tomarão "no- do, que su bm ao céu e
. • Orto Iel sq
, ress e0
vas todas as coisas" (Ap 21,5). ruptamente o Espírito. É que dá in~la- 11
A eucologia ora e celebra este mistério - st
mistérica, vital e global, conce~e a dirn ' ter.
pessoal e trinitário ao mesmo tempo -, re- que se coloca a celebração d radanap:~
capitulando em si a característica de doxo- mistérios da vida de Cristo e cada um~·
logia, de anamnese, de envolvimento e parti- dinâmica que vai da experiên' .segundo ud0s
cipação na praxe: elementos típicos da cele- m1st . é . . 1 c1aco.,.,.,· lh.
no a su_a pena posse. ReaJ· ... t1tiva·~
bração, que se apóiam nas constantes huma- a nova creatw que, iniciada co iza.se, clSsi
nas de espaço e de tempo e que as transcende. Cristo à história do homem peZ: ª Vinda:·
E é justamente da eucologia no seu conjunto os homens mediante a celebraçã anece eni/
que emerge a maneira como a igreja contempla já em ato - e encontra seu c~-és_chat~
e celebra o mistério trinitário do Pai, do Filho definitivo na anakefaláiosis (cf. E~Pnmento
e do Espírito. Não nos compete aqui apresentar as coisas do céu e para as da terra ,lO) Para
exemplos extraídos de períodos ou de for- - O Paráclito. A ação do Espírit .
mulários específicos do ano litúrgico. Não para ficar entre nós até o fim dos t~' enviado
obstante, é possível e útil observar, retomando ponto de amálgama da celebraçãmpos,éo
elementos de estudos pessoais anteriores, a realiza jus~a~ente pelo seu poder~ iue
interação ad intra e ad extra de cada uma das desse Espmto que projetou a igr . açao
pessoas trinitárias. cenáculo para os caminhos do mund~J= ?0

- O Pai. Segundo a tradição perene da de que ela anunciasse o reino, contin fiin
igreja, a eucologia sempre se dirige ao Pai hoje da igreja, que é a celebração e na ua no
invocando-o com termos que têm suas raí- própria igreja se realiza como comunidi~ª
zes no uso veterotestamentário e neotesta- culto. Pelo poder do Espírito realizou- e e
mentário. Deus é o omnipotens, e o miseri- primeira vinda de Cristo; pelo seu poder.~ª
cors, o Domine Deus noster. A realidade divi- liza-se o mistério da celebração (cf. a epi~l~
na é vista na sua dupla e inseparável dimen- de consagração na oração eucarística); é pelo
são: criadora e eterna; Deus é aquele que do- seu poder que o homem se insere progressj.
mina e cria o mundo e o homem e, conco- vamente no mistério salvífico até a volta de
mitantemente com este dado, transcende o Cristo. Devemos, a propósito, observaca,ter-
tempo e o espaço por ele criados segundo a minologia que Paulo usa ao apresentar J
medida do homem; é aquele que se manifesta realidade da nova criação como união cada
fiel às promessas, realizando-as progressiva- vez mais íntima e perfeita com Cristo; união
mente no tempo do homem, como sua progressiva que só a celebração litúrgica es,
epifania. De tudo isto a igreja faz experiência pecificamente-nos seus diversos momentos
vital quando se reúne para celebrar os mis- anamnéticos - pode realizar, e que pode ser
térios da salvação. assim esquematicamente resumida: com
- O Filho. A igreja, na riqueza da sua !ex Cristo, o fiel é co-so&-edor: Rm 8, 17; co-cru-
orandi, não se expressa por meio de categorias cificado: 6,6; co-morto: 6,8; con-sepultadOi
sistemáticas, mas, recorrendo à sapientíssima 6,4; syn-phytos: 6,5; syn-koinonós: 11,17; co-
pedagogia, típica da história da salvação em ressuscitado: Ef 2,6; co-vivificado: 2,5; co-
que Deus se revelou progressivamente, fazen- vivcnte: Rm 6,8; co-glorificado: 8,17; co-ner-
do-se presente na vida e nos acontecimentos deiro: 8,17; co-cidadão: Ef 2,19; co~sentado:
do povo da antiga aliança, reconhece, crê, 2,6; co-reinante: 2Tm 2,12. 1
· 1.'
invoca e celebra os mistérios do Filho, segundo b. A celebração como 'actio' - "Sit nobis,
a visão econômico-soteriológica que lhe é Domine, repara tio mentis et corporis caeleste
própria. Cristo celebrou como verdadeiro mysterium, et cuius exequimur actioneI?J
homem e como verdadeiro Deus, que, na sua sentiamus effectum": é o texto de uma oratta
existência simultaneamente histórica e trans- post communionem (n. 580) incluída no
cendente, operousemel pro semper a salvação. Sacramentarium Veronense e em muitas ou-
A conotação mais profunda e completa tras fontes litúrgicas antigas. O texto é
encontramo-la no Christus Dominus: confis- extremo interesse para os fins da nossa ~e
;eJ"
são litúrgica da igreja primitiva (cf. At 2,36) e xão, já que põe em evidência - por meio ª
das igrejas de todos os tempos e lugares, que voz da própria /ex orandi - a essência da ce·
no per Christum Dominum nostrum de todas
CELEBRAÇÃO

193 . , • celebrado· confor-


ão: a realização ritual (exequimur namen te ' com o misteno ea1·zam
1
· como
Jeb:~fem) do mistério por parte da assembléia. mação e conformidade que a r 0

f
ac1 ontemplação e a celebração do mistério
~s actio para a vida da igreja, e até 'a' actio
templo vivo; autêntico locus em que ocorre
encontro com Deus. , . , R tomando
é, Pºd~compõ~ e refrat~ a luz do !11istério c. A celebração como vida :--:. e demos
qt.1~ na pluriforme variedade de ritos e de uma vez mais a voz da tradiçao,. pod
ól1 1c0
refletir sobre esta última parte insplra os em
ulas que revelat? a t~malidade específica
outro texto do Sacramentarium Ve~ot~s%'::
fór~emorial que a igreJa celebra em deter-

d~ do período ou momento doanni circulus.
J1'11~~tio fundamental da igreja é fazer anam-
quenoúltimoformuláriodomensezu
"... supplices, Domine, te rogamus, ut quo~
mysterii tribuis esse consortes, eosde~ dign
e
t~;t:

..
daopus salutis que, realizada uma vez na efficias" (n. 669). O esse consors tantt _m_y l~~
5
11~5t~ria de Cristo, continua na igreja e para a
para o fiel é realidade que surge da participa~
~i:eja ou seja, na celebração que é anúncio e na actio que justamente toma prese~te rrus:
O
ig )iz~ção simultaneamente. Trata-se de uma tério; mas é também programa de V1da, _e ate
~~ertação' q1;1e o po~o d_e Deus continuamen-
1tePtiga
de ao Pai; e, mais amda do que o povo da
e aliança, a igreJa
· · experimenta
·
'motivo' de vida: a igreja vive porque, mediante
a celebração ' imerge no mistério.
a própria bl ,. ovo
Quem celebra é uma assem eia, o n
anão divina na libertação de tudo o que a liga povo de Deus, que têm suas raízes no santo
J1'lsituações de mal, de pecado: é a liberdade
resto de Israel, nos homens sem nome e nas
ªova anunciada e realizada por Cristo, que multidões sem qualificativos qu; crera!"° sem
nermite, à assembléia dos que crêem sem ter haver visto; o povo que sabe ser propneda~e
~isto, descobrir a própria identidade sacerdo- particular" (cf. Ex 19,5), e que a eu':ologia
tal régia e profética. identifica e personaliza com uma nque~
Tudo isto que a liturgia anuncia na cele- terminológica impressionante: nos, famuli,
bração, ela também o realiza: todo anúncio e
realização; somente na celebração e mediante plebs, populus, fideles, ecclesia, gre.x·:· d"
Na sua caminhada usque ad plenitu znem
a celebração, que é plenitude do tempo da Christi, os fiéis têm consciência de que so:
igreja, Cristo continua presente - pelo poder
do Espírito - no meio do seu povo, e o Pai -
mente pela clemência e pela bondade ?º
~a1
poderão ser postos em condições de atmg1r a
em Cristo - continua estabelecendo a sua fisionomia da plena maturidade. E a assem-
tenda no meio dos seus até cumprir-se ple- bléia celebrante encontra o ápice da sua vida
namente a espera, em cujas fases de realiza- exatamente no servire Domino, categoria
ção a assembléia que celebra60 se insere cúltica fundamental da igreja, que pela cele-
constantemente. bração e na celebração se reconhece e se
Por conseguinte, o dinamismo e os con- realiza como tal. É assim que se realiza o
teúdos da oração da igreja revelam ser a reino de Deus que cada um é chamado a
celebração em si o locus em que Deus se co- construir, o reino de Deus já entre nós e que
munica ao seu povo e pelo seu povo - na na celebração está em ação.
celebração - aguarda a resposta; o locus em Na celebração, que é histórica e escatológica
que e através do qual o Espírito 'age' na ao mesmo tempo, emerge a globalidade, a
comunidade eclesial reunida para prestar inteireza do mistério pascal que, iniciado
culto; o momento sempre presente (o hodie) com a encarnação do Filho do homem, en-
desta história de salvação em ação. Assim, contrará seu cumprimento na segunda vinda
nestaactio, torna-se presente o acontecimen- de Cristo. Esta dimensão escatológica é
61
to Cristo e realiza-se em cada indivíduo o que própria da vida da igreja que, chamada a ser
Cristo realizou para todos sentei pro semper. o novo reino de Deus, espera os novos céus e
Assim, também, realiza-se o homem novo na a nova terra. O fiel, assim, vive e antecipa o
actio celebrativa, que põe em contato a rea- éschaton apoiado na realidade existencial que
lidade e as experiências de cada fiel e de todos o hic et nunc celebrativo projeta no dinamis-
os fiéis com a força renovadora e sempre nova
que brota da própria celebração. mo do transcendente 62 •
A participação no mistério, a comunhão
com a divindade, é a aspiração profunda e VI. Problemática pastoral
constante do homem de todos os tempos e
lug~, e é Cristo quem a torna possível e As implicações e as conseqüências relativas
realizavel. Durante o ano litúrgico a actio, com à praxe pastoral que surgem de tal discurso
as conotações próprias do tempo, leva a as- sobre a celebração são numerosas e de cali-
sembléia a se conformar, cada vez mais pie- bres diferentes. Não é possível nem oportuno

Você também pode gostar