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xeque: paradigmas
do regime
Política Contemporânea e
Relações Internacionais
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Informações
da disciplina
Curso
Política Contemporânea e Relações
Internacionais
Disciplina
Democracia em xeque: paradigmas do regime
Carga-horária
30 Horas
Professor(a)
Dr. Caio Marcondes Ribeiro Barbosa
Mini currículo
Doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo
(USP). Foi pesquisador visitante na Harvard University
(EUA), além de ser Mestre em Ciência Política pela USP
e bacharel em Política e Relações Internacionais pela
University of Essex (Reino Unido). Temas de interesse
incluem: Política Brasileira, Política Internacional,
Populismo e Autoritarismo.
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Apresentação
da disciplina
A disciplina dedica-se a discutir um tema atual e urgente
da política contemporânea que é a crise global das
democracias. Desde pelo menos 2010, o mundo vem
testemunhando um retrocesso em algumas das principais
democracias globais, com uma ameaça cada vez mais
presente de partidos e políticos extremistas. O objetivo
do curso é apresentar os alunos ao tema, introduzir alguns
dos métodos de pesquisa relevantes, conceitualizar alguns
dos principais elementos e características que formam
uma democracia, e demonstrar algumas das principais
discussões acerca da questão. O curso dirige-se a cientistas
sociais e internacionalistas que buscam se atualizar sobre
uma temática tão crucial, mas também a todos aqueles
de diferentes áreas que querem compreender um desafio
vital da Ciência Política e das Relações Internacionais. Ao
final desta disciplina, espera-se que os alunos tenham as
ferramentas para analisar e trabalhar com o tema, seja na
vida profissional, seja na área acadêmica.
Temas da disciplina
Democracia
em xeque e Sistemas
introdução eleitorais
aos métodos e sistemas
de pesquisa partidários
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05 Democracia em xeque e introdução
aos métodos de pesquisa | Tema 01
10 Leituras obrigatórias
10 Referências
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Democracia em xeque
e introdução aos
métodos de pesquisa
Tema 01
5
Democracia em xeque e introdução aos métodos de pesquisa
Desde o fim da 2ª Guerra Mundial, o mundo parecia progredir cada vez mais no sentido
de coroar a democracia como o sistema político a ser seguido. Com a dissolução da
União Soviética, marcando o fim da Guerra Fria com os Estados Unidos, o filósofo
Francis Fukuyama declarou, em 1992, que estaríamos vivendo “O Fim da História”,
anunciando a vitória do modelo de democracia liberal ocidental como o ápice da
evolução das formas de governo da humanidade. Desnecessário dizer, mas Fukuyama
estava errado.
Diferentes rankings (V-Dem; Índice de Democracia, da The Economist; Freedom House; entre outros) têm apontado
uma crise do regime democrático nos últimos anos. De acordo com dados do V-Dem, embora o número de democracias
no mundo passasse por um processo de expansão quase constante na história recente (com alguns breves períodos de
retrocesso, principalmente nos períodos das Guerras Mundiais), e depois de uma grande expansão no final dos anos 1980 e
início dos anos 1990, os regimes democráticos atingiram o seu ápice em 2010. Desde então, o mundo vem testemunhando
um retrocesso no número de países democráticos, como é possível ver no Gráfico 1 abaixo.
Autocracias
Eleitorais
Democracias
Eleitorais
Democracias
Liberais
Fonte: Our World in Data, com base em Lührmann et al. (2018) e V-Dem (v.12). [Tradução feita pelo
autor]. Nota: O número de autocracias fechadas amenta muito em 1900 porque o V-Dem cobre
muitos mais países desde então, com frequência colônias.
Outra série de gráficos do V-Dem Institute mostra a variação do Índice de Democracia Liberal (LDI) – um dos índices
utilizado pelo instituto para medir a qualidade da democracia – de diferentes países entre 2011 e 2021. O Gráfico 2 mostra
50% dos países melhores posições no índice, e o Gráfico 3 mostra os 50% restantes com os piores índices. Como é possível
ver, há uma tendência geral (com exceções) de um retrocesso na qualidade da democracia de inúmeros países, com a linha
cinza marcando o índice em 2011 e a linha preta apontando o índice em 2021. Aqueles países destacados em azul são os
que tiveram melhorias significativas no processo de democratização. Por outro lado, os países destacados em vermelho
são aqueles que tiveram piora significativa na qualidade de suas democracias. Nesta condição, destacam-se países como
Hungria, Polônia, Índia, Turquia e Brasil.
Suécia
Dinamarca
Noruega
Costa Rica
Nova Zelândia
Estônia
Suíça
Finlândia
Alemanha
Irlanda
Bélgica
Portugal
Países Baixos
Austrália
Luxemburgo
França
Coreia do Sul
Espanha
Reino Unido
Itália
Chile
Eslováquia
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Democracia em xeque e introdução aos métodos de pesquisa
Uruguai
Canadá
Islândia
Áustria
Lituânia
Japão
Estados Unidos da América
Letônia
República Tcheca
Taiwan
Jamaica
Chipre
Barbados
Grécia
Vanuatu
Argentina
Trindade e Tobago
Peru
Israel
Cabo Verde
Suriname
Romênia
Malta
Croácia
Moldávia
Eslovênia
África do Sul
São Tomé e Príncipe
Seicheles
Gana
Panamá
Armênia
Senegal
Bulgária
Malaui
Namíbia
Brasil
Lesoto
Mongólia
Geórgia
Timor-Leste
Botsuana
Butão
Burkina Faso
Ilhas Salomão
República Dominicana
Colômbia
Equador
Nepal
Ilhas Maurício
Libéria
Tunísia
Maldivas
Indonésia
Paraguai
Serra Leoa
Kosovo
Polônia
Gâmbia
Albânia
Quênia
Níger
Macedônia do Norte
Montenegro
México
Sri Lanka
Bolívia
Guiana
Kuwait
Fiji
Quirguistão
Somalilândia
Jordânia
Sérvia
Madagascar
Moçambique
Costa do Marfim
Marrocos
Honduras
Paquistão
Iraque
El Salvador
Uganda
Haiti
Gabão
Hong Kong
Zanzibar
Togo
Angola
Zimbábue
Mali
Tailândia
Mauritânia
República Centro-Africana
República Democrática do Congo
Etiópia
Líbia
Argélia
Palestina/Cisjordânia
Omã
Cazaquistão
Comores
Camarões
Vietnã
Irã
Djibuti
Egito
Ruanda
Bangladesh
Turquia
Guiné
Essuatíne
República do Congo
Rússia
Laos
Somália
Uzbequistão
Catar
Mianmar
Sudão
Emirados Árabes Unidos
Cuba
Burundi
Venezuela
Azerbaijão
Chade
Camboja
Palestina/Gaza
Sudão do Sul
Nicarágua
Guiné Equatorial
Bahrein
Tajiquistão
Arábia Saudita
China
Turcomenistão
Síria
Belarus
Iêmen
Afeganistão
Coreia do Norte
Eritreia
Como é possível discutir se existe mesmo uma crise das democracias? A crise é de um
ou outro país, ou é uma crise sistêmica? É um fenômeno local, regional ou global? Para
responder a essas perguntas, é preciso realizar pesquisas embasadas em métodos
científicos. E um dos métodos mais apropriados e úteis para este tema é o método
comparativo.
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Democracia em xeque e introdução aos métodos de pesquisa
Método comparativo
O método comparativo surge, então, como um dos mais vantajosos para o tema, porque ele pode ser resumido da
seguinte forma: muitas variáveis, N (número de casos) pequeno. Diferentemente do método estatístico, que faz
uma análise extensiva dos dados, o método comparativo permite uma análise mais intensiva de diferentes variáveis
em poucos casos. Como o método comparativo permite que o número de casos seja a partir de apenas dois, ele se
torna muito útil no estudo de Estados e de sistemas políticos.
É verdade que o método comparativo é mais limitado que os métodos experimental e estatístico. Mesmo assim, há
algumas medidas que podem ser tomadas para reduzir o efeito de suas limitações. Por exemplo:
- Aumentar o número de casos: melhora as chances de se instituir alguma forma de controle, e de que os casos selecionados
para a pesquisa são representativos do universo de casos.
- Reduzir o “espaço-propriedade” da análise: como o número de variáveis envolvidas na pesquisa pode ser grande, agrupá-
las em classes pode facilitar a pesquisa como um todo.
- Enfoque da análise comparativa em casos “comparáveis”: nem todos os casos são comparáveis; afinal, eles podem
apresentar muitas variáveis diferentes. É preciso realizar uma seleção de casos realmente comparáveis; ou seja, que possui
um grande número de características importantes que sejam semelhantes ou constantes de modo a se comparar as
variáveis que se quer relacionar. Nota: proximidade geográfica NÃO é garantia de comparabilidade, como é frequente de se
imaginar. Por conseguinte, é possível realizar pesquisa comparada com países muito distantes geograficamente, mas com
características em comum.
- Enfoque da análise comparativa nas variáveis-chave: dado o possível grande número de variáveis em uma pesquisa
utilizando o método comparativo, torna-se desejável focar em variáveis-chave para o objeto de estudo, deixando de fora
variáveis cuja importância é marginal.
Estudos de casos
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Democracia em xeque e introdução aos métodos de pesquisa
Acesse o podcast “A
crise na Venezuela” Seguem cinco circunstâncias em que estudos de caso podem
via QR CODE:
contribuir para um campo de pesquisa:
02. Estudo de casos geradores de hipóteses: são estudos que apontam uma hipótese
possível que estimula uma investigação maior de número de casos posteriormente
para então testar uma generalização.
Ambos o método comparativo e o método de estudo de caso podem servir ao propósito de estudar
sistemas políticos, e são utilizados com frequência nas áreas de Ciência Política e Relações Internacionais.
Com o conhecimento destes métodos, os próximos temas da disciplina discutirão o conceito de democracia,
os elementos que o compõem, as eventuais vantagens do regime democrático e, então, retornar à
discussão da crise da democracia.
Convido vocês a assistirem a videoaula “Democracia em xeque e introdução aos métodos de pesquisa” e
para ouvirem os podcasts “A crise na Venezuela” e “Guerra Rússia x Ucrânia”. Acesse via QR Code.
Leituras obrigatórias:
Indicações de filmes/audiobooks:
02 Inverno em Chamas : A Luta da Ucrânia pela Liberdade, 2015. Disponível em: Netflix.
Referências
FUKUYAMA, Francis. The End of History and the Last Man. Free Press, 2006.
OUR WORLD IN DATA (OWID). Number of democracies and autocracies, World. Disponível em:
https://ourworldindata.org/grapher/number-democracies-autocracies-row?country=~OWID_WRL.
Acesso em: 29 jan. 2023.
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A democracia moderna e seus modelos
Dahl, de princípio, fornece alguns requisitos para se classificar um regime democrático para um grande
número de pessoas. De acordo com o autor (DAHL, 1997: p. 27), todos os cidadãos plenos de um país devem ter
oportunidades plenas de:
Além disso, Dahl também lista uma série de 8 garantias necessárias que os cidadãos
deveriam ter em uma democracia:
O desenvolvimento dessas dimensões não era concorrente; ou seja, não havia uma expansão
simultânea da competição pelo poder com a inclusão política. Assim, sociedades se
desenvolveriam de diferentes formas de acordo com o grau de avanço nesses dois eixos.
Dahl listou quatro possibilidades de regimes entre um regime autocrático a um regime democrático:
• Hegemonias fechadas: Baixo grau de competitividade política e baixo grau de participação política.
• Hegemonias inclusivas: Baixo grau de competitividade política; alto grau de participação política.
• Oligarquias competitivas: Alto grau de competitividade política; baixo grau de participação política.
Haveria, então, diferentes caminhos para se chegar à poliarquia. Uma sociedade poderia deixar
de ser uma hegemonia fechada ao permitir disputa pelo poder, tornando-se uma oligarquia
competitiva. Ou então poderia permitir maior participação política enquanto impede maior disputa
pelo poder, tornando-se uma hegemonia inclusiva. Por fim, haveria ainda a possibilidade se pegar
um “atalho” e ir direto de uma hegemonia fechada para uma poliarquia.
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A democracia moderna e seus modelos
Ressalta-se que Dahl não igualava os caminhos para se chegar a uma poliarquia. Para se desenvolver
em uma poliarquia, seria necessário desenvolver as dimensões de competição e inclusão política;
entretanto, para o autor, haveria precedência de qual desses aspectos se desenvolveria primeiro de
modo que trouxesse mais chances de sucesso e de estabilidade após a transição democrática. Nesse
sentido, o autor coloca que a transição ideal para a poliarquia seria a de uma oligarquia competitiva,
cuja expansão da competitividade pela disputa do poder precede a inclusão de participação política.
Porém, em sociedades de democratização tardia, isso seria inviável, porque seria mais difícil abrir a
competição política enquanto se nega direitos de participação política à população geral.
Escrevendo dos anos 1970, Dahl enxergou a processo de democratização moderna como uma série de
transformações históricas amplas. A primeira dessas transformações teria ocorrido com a transição
de hegemonias e oligarquias competitivas em quase-poliarquias, como ocorreu no mundo ocidental
ao longo do século XIX. A segunda transformação significativa foi a transição de quase-poliarquias
para poliarquias plenas na Europa ocidental nas últimas três décadas do século XIX até a 1ª Guerra
Mundial. Por fim, uma terceira transformação que ele identifica foi por um processo ainda maior de
democratização das poliarquias plenas com o advento do Estado de bem-estar social após a Grande
Depressão, interrompido pela 2ª Guerra Mundial, mas retomado posteriormente, em especial a partir
dos anos 1960 (com eventos como Maio de 1968 na França, por exemplo).
Modelos de democracia
Uma vez tornado mais claro como pensar o que significa uma democracia, é importante esmiuçar as
diferentes formas em que ela se apresenta. Afinal, cada regime democrático é muito diferente um
do outro, com regras e formas de organização muito distintas. Um dos trabalhos clássicos a respeito
dos diferentes modelos de democracia foi realizado pelo cientista político Arend Lijphart.
Lijphart estabelece que, se a democracia é um governo “pelo povo e para o povo”, surge a pergunta
de quem irá governar e a quais interesses o governo deve atender quando a sociedade estiver em
desacordo sobre suas preferências. Afinal, numa democracia, como resultado da disputa política de
poder, haverá vitoriosos e derrotados. Haveria, portanto, diferentes formas de se responder a essa
pergunta, estabelecendo modelos diferentes de organização e funcionamento da democracia.
Lijphart apresenta o que ele considera dois possíveis modelos de democracia. Um deles seria
estabelecer que se prevalecesse a vontade da maioria do povo. Esta seria a lógica, de acordo com
o autor, por trás do que ele chama de modelo majoritário de democracia. Se há uma maioria que
é vitória na disputa pelo poder, então é ela que deve ter primazia, e a quem o governo deve ser
comprometido. Outra possibilidade é um modelo de democracia que busque atender a vontade
do maior número de indivíduos e grupos na sociedade, e não apenas uma simples maioria. Essa
dinâmica Lijphart chamou de modelo consensual de democracia.
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A democracia moderna e seus modelos
Acesse o podcast “O Para classificar os dois modelos de democracia, Lijphart listou dez características para cada modelo divididas em
despertar da China”
via QR CODE: duas dimensões, com cinco para cada lado. Na primeira dimensão, o autor considerou questões relacionadas
à estrutura do Poder Executivo e Legislativo, além dos sistemas partidários e eleitorais e atuação de grupos
de interesse, classificando-a de dimensão executivo-partidos. Na segunda dimensão, Lijphart considerou as
diferenças entre o que caracterizaria um governo unitário ou um que adota princípios do federalismo, chamando
assim de dimensão federal-unitária. As características de cada modelo estão descritas na Tabela 1 a seguir.
Na classificação de Lijphart, não significa que cada país segue estritamente todos os princípios de cada modelo
de democracia. Na verdade, o mais provável é que cada sociedade adote mais alguns pontos de um lado do que
do outro, levando a múltiplas possibilidades, como de essencialmente adotar o modelo majoritário em uma
dimensão, mas o consensual na outra. Considerando os princípios adotados – e que podem se alterar ao longo
do tempo – é que se pode discutir qual é o modelo adotado por cada país e em quais das dimensões.
Analisando os dados de diferentes democracias com base nessa conceitualização, Lijphart busca argumentar
que, ao contrário do que o conhecimento convencional poderia indicar, o modelo majoritário não garante
necessariamente melhor governabilidade. Pelo contrário, Lijphart manifesta clara preferência pelo modelo
consensual de democracia, indicando desempenho melhor em questão da qualidade da democracia, e
especialmente em sociedades de caráter mais plural. Todavia, para entender melhor as divisões dos modelos
de democracia, é importante entender alguns dos aspectos fundamentais que a regem: os sistemas eleitorais e
partidários. Que serão os tópicos do tema seguinte.
Convido vocês a assistirem a videoaula “A democracia moderna e seus modelos” e para ouvirem os podcasts
“O despertar da China” e “A ascensão do fascismo na Itália”. Acesse via QR Code.
Leituras obrigatórias:
01 DAHL, Robert Alan. Poliarquia. São Paulo: Edusp, 1997. Prefácio, p. 11-22
e Capítulos 1 a 3, p. 25-62.
Indicações de filmes/audiobooks:
Referências
DAHL, Robert Alan. Poliarquia. São Paulo: Edusp, 1997.
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Sistemas eleitorais e
sistemas partidários
Tema 03
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Sistemas eleitorais e sistemas partidários
Sistemas Eleitorais
O primeiro dos elementos fundamentais da democracia a ser detalhado neste Tema é o de sistemas eleitorais. A realização
de eleições periódicas para que a população escolha seus representantes para ocuparem os respectivos cargos públicos
é um dos primeiros aspectos a serem lembrados quando se discute a existência de uma democracia. Porém, eleições
precisam de regras que as sistematizem. Em uma das possíveis formas de sistematização (NICOLAU, 2012), é possível listar
três tipos de sistemas eleitorais – e suas variações – que são praticados pelos estados democráticos ao redor do mundo,
como será apresentado adiante: os sistemas majoritários, os sistemas mistos, e os sistemas proporcionais.
Seguem alguns dos tipos de sistemas eleitorais majoritários aplicados ao redor do mundo:
• Maioria simples: este formato, também chamado de “first past the post” em inglês, e assim como indica o seu nome,
implica na eleição do candidato mais votado, independentemente deste atingir uma marca superior a 50% dos votos. Se
o candidato A recebe 40% dos votos, o candidato B, 35%, o candidato C, 25%, o candidato A é automaticamente eleito,
sem a necessidade de um novo pleito. É o sistema utilizado no Reino Unido nas eleições para o Parlamento Britânico, e
também nas eleições para Senador da República no Brasil.
• Dois turnos: o sistema de dois turnos surge como forma de corrigir o problema do sistema de maioria simples de não
ter o aval de mais de 50% dos eleitores (embora nem sempre 50% seja o limiar, como é o caso na Argentina). Assim, se, na
primeira eleição, nenhum candidato obtiver mais de 50% dos votos, organiza-se uma nova eleição apenas entre os dois
candidatos mais votados. É um sistema muito utilizado em pleitos para cargos do Poder Executivo, como é feito no Brasil
nas eleições para prefeitos (em municípios com mais de 200 mil eleitores), governadores e presidente; mas também é
utilizado em alguns países em eleições para o Legislativo, como é feito na França.
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Sistemas eleitorais e sistemas partidários
• Voto alternativo: o sistema de voto alternativo é um pouco mais complexo que os outros, e nesta modalidade, o eleitor
não vota em apenas um candidato, mas estabelece um ranking de preferência entre aqueles que concorrem ao cargo.
Em uma eleição com diferentes candidatos, o menos votado é eliminado, e as preferências seguintes de seus eleitores
são distribuídas para os candidatos remanescentes. O sistema prossegue fazendo o mesmo com o seguinte candidato
menos votado, até que um dos candidatos atinja o índice de mais de 50% das preferências dos eleitores. Este sistema é
adotado para as eleições da Câmara dos Deputados na Austrália.
Críticas: em suas diferentes variações, o sistema majoritário tem suas vantagens, mas também seus
problemas, principalmente quando aplicado a cargos do Legislativo. Entre as vantagens, ele favorece
a formação de uma maioria unipartidária no Legislativo, ou pelo menos uma menor fragmentação de
partidos, o que favorece a governabilidade. Todavia, isso significa também que os representantes eleitos
são menos proporcionais com relação ao restante da população, o que facilita a exclusão de minorias
políticas de serem representadas (como mulheres, afrodescendentes, LGBTQIA+, etc).
Os sistemas proporcionais não almejam estabelecer que apenas o(s) mais votado(s) sejam
representados, como funciona nos sistemas majoritários. Pelo contrário, o objetivo é garantir
que cada partido obtenha a sua representação de acordo com a votação obtida nas eleições.
Naturalmente, é um sistema utilizado em eleições para o Poder Legislativo.
• Voto único transferível: o sistema de voto único transferível se assemelha, de certa forma, ao sistema de voto
alternativo, com a diferença importante de que mais de um candidato é eleito. Sendo assim, também é um sistema
bastante complexo. Aqueles candidatos mais votados que obtiverem um índice de votos acima do coeficiente eleitoral
para ser considerado eleito terão a “sobra” de seus votos redistribuídos proporcionalmente de acordo com as seguintes
preferências de seus eleitores. O mesmo ocorre no caminho inverso, com os candidatos menos votados tendo seus votos
redistribuídos sucessivamente, de acordo com as seguintes preferências de seus eleitores, até que se atinja o índice total
de candidatos eleitos. É o sistema utilizado na Câmara Baixa da Irlanda.
• Voto em lista: no sistema do voto em lista, cada partido apresenta uma lista com seus candidatos, e um número de
candidatos de cada partido é eleito proporcionalmente de acordo com a sua votação. É o sistema mais comum dos
sistemas proporcionais, embora tenha suas variações.
Lista fechada: neste sistema, o partido determina anteriormente a ordem de candidatos que serão eleitos
de acordo com a votação obtida. Por exemplo, se um partido consegue 10 vagas, elas serão alocadas aos
10 primeiros da lista apresentada pelo partido. É o sistema praticado em muitas democracias mais novas,
como na Argentina e em Portugal.
Lista aberta: o voto em lista aberta é quando o partido apresenta a sua lista de candidatos, mas é o
eleitorado que decide a ordem de preferência dos candidatos a serem eleitos de acordo com a sua
votação. É, por exemplo, o sistema adotado no Brasil nas eleições para Deputado Federal e Estadual.
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1
Dois candidatos são eleitos: na quarta rodada de distribuição dos votos, o candidato Mike já é considerado eleito, após atingir o coeficiente
mínimo; com a redistribuição da “sobra” de seus votos, estabelece-se que Shani é a segunda candidata também eleita.
Sistemas eleitorais e sistemas partidários
Lista flexível: o sistema de lista flexível é quando o partido apresenta uma lista com a ordem de candidatos
do partido a serem eleitos, mas que a população tem a possibilidade de, ainda assim, alterá-la. É praticado
em países como Holanda e Áustria.
Críticas: assim como nos sistemas majoritários, os sistemas proporcionais têm suas vantagens e
desvantagens. A vantagem é que, ao contrário dos primeiros, a representação política é mais proporcional
aos eleitores, o que favorece a representação de minorias políticas. A desvantagem é que isso favorece
a fragmentação partidária, o que, por sua vez, dificulta a governabilidade e propicia a formação de
governos de coalizão. No Brasil, uma crítica comum, especialmente quando havia a possibilidade de
coligações partidárias, era o chamado “efeito Tiririca”: a população vota em um candidato e, sem saber,
elege junto outros que talvez não gostaria, inclusive de outros partidos.
Os sistemas mistos são, como o nome sugere, uma aplicação conjunta de ambos os sistemas majoritário
e proporcional. Não no sentido, como no Brasil, de eleições majoritárias para o Executivo e proporcionais
para o Legislativo (ao menos para deputado), mas ambos os sistemas para os mesmos cargos. Esses
sistemas podem ser de duas formas:
• Sistema misto de superposição: neste sistema, há eleições organizadas de forma majoritária em distritos e, ao mesmo
tempo, eleições de caráter proporcional, porém independentes. Os candidatos de um partido eleitos nas eleições
majoritárias se somam aos candidatos eleitos nas eleições proporcionais para formar a bancada total do partido. Esse
sistema é aplicado, por exemplo, no Japão.
• Sistema misto de correção: ao contrário do anterior, o sistema misto de correção torna uma eleição dependente da
outra. Por exemplo, se um partido elege 15 candidatos nas eleições proporcionais e 5 nas eleições majoritárias para
o Legislativo, o partido mantém apenas 15 cadeiras, subtraindo 5 da lista submetida pelo partido para as eleições
proporcionais, elegendo então os 5 das eleições majoritárias e os 10 primeiros da lista do partido para as eleições
proporcionais. É o sistema aplicado na Alemanha, por exemplo.
Nota: nas discussões sobre reforma política e eleitoral no Brasil, uma das
propostas mais discutidas seria sobre a adoção do sistema distrital misto,
dividindo o processo eleitoral para o Legislativo em eleições majoritárias
em distritos e eleições proporcionais, como funcionam no sistema
vigente.
Seja o sistema que for, não há consenso na literatura qual seria mais
eficiente ou mais saudável para a democracia. Tanto que cada país
adota o seu. Como visto, há vantagens e desvantagens em cada sistema
eleitoral, e muitos países discutem alterações para um sistema ou para
outro, de acordo com a realidade local. Contudo, como apontado, uma
das consequências de cada sistema será no sistema partidário, outro
elemento fundamental em uma democracia.
Sistemas partidários
Diferentes autores apresentaram formas de pensar os sistemas partidários. Entre eles,
o italiano Giovanni Sartori foi um dos mais importantes cientistas políticos a elaborar um
mapeamento dos sistemas partidários. Na concepção do autor, esses sistemas poderiam
ser classificados de acordo com o número de partidos relevantes no sistema, o que então
caracterizaria a sua dispersão de poder.
É importante ressaltar que Sartori não dá uma definição precisa do que seriam partidos
relevantes. Até porque o parâmetro poderia variar de um país para o outro. No entanto,
em geral, significa um partido que tem algum impacto no sistema, um player na disputa
de poder. Por exemplo, os Estados Unidos possuem diversos partidos políticos (além dos
Partidos Democrata e Republicano, há o Partido Verde, o Partido Libertário, o Partido da
Constituição, etc), mas ninguém negaria que o país possui um sistema bipartidário, já que só
há dois partidos relevantes disputando o poder.
19
Sistemas eleitorais e sistemas partidários
04. Bipartidário: como o nome indica, sistema partidário em que dois partidos
disputam o poder, havendo alternância frequente entre quem é governo e oposição.
Ex: Estados Unidos.
Do unipartidarismo ao pluralismo polarizado, o autor ainda aponta que isso tem impacto
no tipo do sistema partidário, o que implica a sua dispersão de poder. O Gráfico 1 abaixo
exemplifica a trajetória de dispersão de poder conforme se avança entre os sistemas
partidários. Com efeito, Sartori alerta para os riscos de um sistema de pluralismo
polarizado ou extremado devido ao alto grau de polarização gerado nesse sistema e a forte
fragmentação partidária, o que pode trazer diversos malefícios para a democracia.
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Sistemas eleitorais e sistemas partidários
Acesse o podcast Convido vocês a assistirem a videoaula “Sistemas eleitorais e sistemas partidários” e
“O sistema eleitoral
americano” via QR para ouvirem os podcasts “O sistema eleitoral americano” e “O presidencialismo de
CODE: coalizão no Brasil”. Acesse via QR Code.
Leituras obrigatórias:
Indicações de filmes/audiobooks:
Referências
NICOLAU, Jairo. Sistemas eleitorais. 5ª Ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004.
WIKIMEDIA COMMONS. WMF Board 2022 Election Results. 2022. Disponível em:
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/17/WMF_Board_2022_election_results.
svg/640px-WMF_Board_2022_election_results.svg.png. Acesso em: 29 jan. 2023.
21
Por que crise?
Tema 04
22
Por que crise?
Nos temas anteriores, foram apresentados os primeiros indícios de uma crise das
democracias, alguns dos possíveis métodos para estudar o tema, o conceito de
democracia, seus modelos, além dos possíveis sistemas eleitorais e partidários.
Ficou evidente que a democracia maximiza a liberdade política dos cidadãos em uma
sociedade. E, mesmo assim, por que o regime democrático está em xeque?
Se não é possível afirmar com certeza que um regime político proporciona maior crescimento econômico, é mais fácil
afirmar que as democracias são onde se localizam os países com melhor desenvolvimento econômico e social. Utilizando
o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que mede, além de renda per capita, outros critérios como saúde e educação
da população, fica evidente que os países no topo do ranking são quase todos democracias. A Tabela 1 indica alguns desses
países com os maiores IDH do mundo. O Brasil estaria na 87ª posição.
Ainda que o universalismo dos direitos humanos seja questionado pelo relativismo cultural (com a ideia de que eles seriam
uma tese ocidental sendo imposta a países de culturas diferentes), muitos dos seus princípios, como a dignidade humana,
são considerados universais. Com base nos dados do Instituto V-Dem, também foi realizado um ranking de sociedades
com mais acesso aos direitos humanos e – sem surpreender –as democracias reinam novamente, como pode se ver na
próxima tabela.
23
Por que crise?
Com tantas evidências, é difícil questionar a superioridade da democracia com regime político, mesmo com suas
eventuais falhas. Mesmo assim, retorna-se ao ponto inicial, que há uma crise global das democracias. Não há uma única
explicação para o fenômeno, e mesmo as explicações existentes não esgotam o debate, dado que é um problema
contemporâneo. Contudo, a seção seguinte busca expor um pouco do debate para ajudar a elucidar a questão.
Quando se pensa no fim de uma democracia, a imagem que surge é a de um golpe – geralmente militar – com marchas,
tanques na rua, tiros, assassinatos, etc. Um movimento brusco e violento de ruptura que simboliza o fim de um regime
político e o início de outro. Foi assim em grande parte do século XX, em especial na América Latina, notavelmente com o
Brasil, em 1964, e o Chile, em 1973.
Embora golpes de Estado assim ainda existam, eles deixaram de ser a regra no século XXI. Quando falamos de Venezuela,
Rússia, Hungria, não houve nenhum momento específico de ruptura, nenhum tanque na rua nem qualquer movimento
violento de tomada de poder. Porém, poucos analistas discordariam que estes países já não são mais democracias plenas.
Eis o desafio para as democracias no século XXI. Na ausência de golpes tradicionais, surgem políticos autoritários que
se elegem pela via democrática e, uma vez no governo, agem progressivamente de modo a corroer as instituições
democráticas, curvando-as em seu benefício até consolidar seu poder de forma cada vez mais absoluta; sufocando
as vozes dissonantes da imprensa, da academia, entre outros; impedindo que a oposição tenha chance de disputar as
eleições em bases iguais; e garantindo, assim, a hegemonia do seu bloco político. Esse é o fenômeno que Adam Przeworski
(2020) chamou de “subversão sub-reptícia”.
Ressalta-se que todos esses líderes são eleitos democraticamente. O que significa que, muitas vezes, a população elege
um político de caráter autoritário sem perceber.
Os cientistas políticos americanos Steven Levitsky e Daniel Ziblatt foram alguns dos autores a explorar o tema.
Levitsky e Ziblatt (2018) identificaram quatro indicadores de comportamento autoritário por parte de um político:
É verdade que nem todo político de viés autoritário, mesmo chegando ao governo, concretiza a transição do
seu país para um regime autoritário. O caso mais notável dos últimos anos foi a eleição de Donald Trump, nos
Estados Unidos, em 2016. Derrotado na sua tentativa de reeleição em 2020, Trump não teve escolha a não
ser deixar o poder. Mesmo assim, seus anos de governo tiveram seu impacto, enfraquecendo a democracia
e deixando uma forte polarização na sociedade americana, o que culminou com a invasão do Capitólio no dia
06 de janeiro de 2021, numa tentativa de impedir a certificação da vitória do democrata Joe Biden.
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Por que crise?
Acesse o podcast O Brasil também entrou na rota da ascensão de políticos autoritários com a vitória de Jair Bolsonaro em
“Religião e a pauta dos
costumes” via QR CODE:
2018. Repetindo uma fórmula semelhante de retórica como a utilizada por Trump, Bolsonaro elevou a
polarização na sociedade brasileira, politizou as Forças Armadas e manteve uma constante ameaça de não
reconhecer uma eventual derrota eleitoral. Essa derrota eleitoral chegou em 2022 por uma estreita margem,
e apesar de ter evitado questionar o resultado diretamente, a desconfiança de seus seguidores mais radicais
levou à invasão dos prédios dos Três Poderes no dia 08 de janeiro de 2023, clamando por uma intervenção
militar que devolvesse Bolsonaro ao poder.
Em ambos os casos, como a democracia seguiu funcionando, apesar da derrota desses políticos, poder-
se-ia afirmar que não houve, então, uma ameaça autoritária. Porém, a democracia vai além do mero
funcionamento das instituições, passando também pela confiança da população nas mesmas. Quando
uma sociedade perde a confiança nas suas instituições, a democracia já se encontra abalada. De acordo
com uma pesquisa da Universidade de Monmouth em setembro de 20222 , cerca de 1/3 dos americanos (e
mais de 60% dos Republicanos) acredita que houve fraude na eleição de Joe Biden, mesmo com mais de
1 ano após a eleição; no Brasil, de acordo com uma pesquisa do Instituto Atlas em janeiro de 20233 , quase
Acesse o podcast “O 8
de janeiro de 2023 no
40% da população acredita que o candidato vitorioso, Lula, não obteve mais votos que seu oponente, e
Brasil” via QR CODE: uma quantidade semelhante se posicionou a favor de uma intervenção militar para invalidar o resultado da
eleição presidencial.
Surge a questão, portanto, sobre o motivo pelo qual os eleitores têm votado em políticos autoritários em
democracias ao redor do mundo. Uma hipótese levantada é a economia. Rodrik (2018) cita uma reação ao
processo de globalização como motivação para a eleição de candidatos que ele chama de populistas (que
podem ser autoritários ou não), especialmente após as políticas de austeridade promovidas no período pós-
crise econômica de 2008.
O ponto fundamental Outra hipótese é de crise institucional das democracias. Levitsky e Ziblatt
é que a crise é real e, (2018) apontam uma perda de confiança da população na democracia, com
o sentimento de que os partidos tradicionais não mais correspondem aos
embora a democracia seus anseios. Com o enfraquecimento desses partidos, isso abriu caminho
tenha obtido vitórias, para políticos “outsiders”, radicais e extremistas ganharem destaque.
sobrevivendo a diferentes
ataques em alguns países, Mais uma perspectiva seria a do “backlash cultural”. Norris e Inglehart
(2019) introduzem essa tese tratando de uma “revolução silenciosa”
a ameaça ainda não foi que teria ocorrido nas últimas décadas, em particular no Ocidente, com
afastada. Cabe a cada relação a valores culturais. Essas mudanças teriam sido com a chegada
de imigrantes nos países ricos, e o rápido avanço de direitos de mulheres,
sociedade seguir lutando de minorias raciais e de LGBTQIA+, ocupando um espaço cada vez mais
contra aqueles que marcante na sociedade. Essas rápidas mudanças não foram assimiladas
pelos eleitores mais velhos e das zonas rurais que ensejaram uma reação
visam o fim do regime conservadora a essas pautas, encontrando em políticos radicais a voz que
democrático. E o papel eles sentem que perderam. Outros trabalhos, como Hochschild (2016) e
Cramer (2016) também reforçam o papel da cultura no posicionamento
dos pesquisadores da político de eleitores mais conservadores.
Ciência Política e das
Relações Internacionais é Haveria ainda outras questões que poderiam ser citadas: a automatização
seguir estudando o tema, na indústria, que tira empregos qualificados; o aumento da desigualdade
em países ricos; a reação de classes médias e altas em países em
buscando compreender desenvolvimento a reformas que beneficiam a classe trabalhadora;
o problema e tentando o aumento de divisões e da polarização dentro das sociedades; etc
(PRZEWORSKI, 2019; BELLO, 2019; entre outros). Uma explicação não
encontrar formas de anula a outra, e muito provavelmente a resposta se encontra em uma
solucioná-lo. combinação delas. Principalmente quando se analisa cada país e seu
processo particular de deterioração da democracia.
Para finalizar, convido vocês a assistirem a videoaula “Por que crise?” e para ouvirem os podcasts “O 8 de
janeiro de 2023 no Brasil” e “Religião e a pauta dos costumes”. Acesse via QR Code.
Leituras obrigatórias:
01 LEVITSKY, Steven; ZIBLATT, Daniel. Como as democracias morrem. Rio de Janeiro: Zahar, 2018.
Introdução e Capítulo 1. p. 13-45
02 NORRIS, Pippa; INGLEHART, Ronald. Cultural backlash: Trump, Brexit and authoritarian
populism. Cambridge: Cambridge University Press, 2019. p. 32-64
2
Murray, 2022. Disponível em:
https://www.nbcnews.com/meet-the-press/meetthepressblog/poll-61-republicans-still-believe-biden-didnt-win-fair-square-2020-rcna49630
3
Pólo, 2023. Disponível em:
https://valor.globo.com/politica/noticia/2023/01/10/pesquisa-mostra-que-76percent-discordam-de-ataques-de-bolsonaristas-radicais.ghtml
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Por que crise?
Indicações de filmes/audiobooks:
Referências
BELLO, Walden. Counterrevolution: the global rise of the far-right. Rugby: Fernwood Publishing, 2019.
CRAMER, Katherine. J. The politics of resentment: rural consciousness in Wisconsin and the rise of Scott Walker.
Chicago; London: The University of Chicago Press, 2016.
HERRE, Bastian; ROSER, Max. Human Rights. IN: Our World In Data. 2022. Disponível em:
https://ourworldindata.org/human-rights. Acesso em: 29 jan. 2023.
HOCHSCHILD, Arlie Russell. Strangers in their own land: anger and mourning on the American Right. New York: The New
Press, 2016.
LEVITSKY, Steven; ZIBLATT, Daniel. Como as democracias morrem. Rio de Janeiro: Zahar, 2018.
MURRAY, Mark. Poll: 61% of Republicans still believe Biden didn’t win fair and square in 2020. IN: NBC News, 27 set. 2022.
Disponível em: https://www.nbcnews.com/meet-the-press/meetthepressblog/poll-61-republicans-still-believe-biden-
didnt-win-fair-square-2020-rcna49630. Acesso em: 29 jan. 2023.
NORRIS, Pippa; INGLEHART, Ronald. Cultural backlash: Trump, Brexit and authoritarian populism. Cambridge:
Cambridge University Press, 2019.
PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 19ª ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021.
PÓLO, Érica. Pesquisa mostra que 76% discordam de ataques de bolsonaristas radicais. IN: Valor Econômico, 10 jan.
2023. Disponível em: https://valor.globo.com/politica/noticia/2023/01/10/pesquisa-mostra-que-76percent-discordam-
de-ataques-de-bolsonaristas-radicais.ghtml. Acesso em: 29 jan. 2023.
PRZEWORSKI, Adam; LIMONGI, Fernando. Regimes Políticos e Crescimento Econômico. IN: Novos Estudos, n. 37, nov.
1993. Disponível em: https://novosestudos.com.br/produto/edicao-37/#5915415584a4f. Acesso em: 29 jan. 2023.
RODRIK, Dani. Populism and the economics of globalization. IN: Journal of International Business Policy, 2018. Disponível
em: https://drodrik.scholar.harvard.edu/files/dani-rodrik/files/populism_and_the_economics_of_globalization.pdf.
Acesso em: 29 jan. 2023.
UNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAMME (UNDP). Human Development Insights. 2022. Disponível em:
https://hdr.undp.org/data-center/country-insights#/ranks. Acesso em: 29 jan. 2023.
Vídeo 01:
Figura: Jair_Bolsonaro.
Fonte: Commons Wikimedia.
Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Jair_Bolsonaro_em_24_de_abril_de_2019_(1)_(cropped).jpg
Vídeo 02:
Vídeo 03:
Figura: Tiririca.
Fonte: Commons Wikimedia.
Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Tiririca_na_camara.jpg
Figura: Bipartidarismo.
Fonte: Commons Wikimedia.
Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Donkey_and_elephant_-_democrat_blue_and_republican_
red_-_polygon_rough.jpg
Vídeo 04:
Figura: Churchill.
Fonte: Commons Wikimedia.
Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Sir_Winston_Churchill_-_19086236948.jpg
Figura: Capitol.
Fonte: Commons Wikimedia.
Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:DC_Capitol_Storming_IMG_7937.jpg
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