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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA DE TEATRO - DEPARTAMENTO DE TÉCNICAS DO ESPETÁCULO

PLANEJAMENTO GERAL DA DISCIPLINA TEAA-23


LABORATÓRIO DE DIREÇÃO TEATRAL: A CENA ABERTA
PARA O SEMESTRE LETIVO 2024.1

01. IDENTIFICAÇÃO GERAL

DISCIPLINA: CURSO:
Bacharelado em Artes Cênicas com
TEAA23
Habilitação em Direção Teatral
LABORATÓRIO DE DIREÇÃO TEATRAL: A CENA ABERTA
PRÉ-REQUISITO: Cumprimento
das disciplinas obrigatórias da etapa
TURMA: Teórica e prática
Propedêutica
CARGA HORÁRIA TOTAL: CARGA HORÁRIA SEMANAL:
12 horas NÚMERO DE VAGAS: 05
180 horas.
SEMESTRE LETIVO: 2023.1 (14 de março a 13 de julho)
MODALIDADE: Presencial
DOCENTES E DISTRIBUIÇÃO DA CARGA HORÁRIA SEMANAL:
EDUARDO AUGUSTO DA SILVA TUDELLA (segundas: 8:50hs às 12:30hs) ................... 4 horas-aula;
PAULO JOSÉ BASTOS DA CUNHA (terças e quintas: 8:50hs às 12:30hs) ...................... 8 horas-aula;
TOTAL: 12 horas

02. EMENTA

“Exercício dirigido de teoria e prática para a concepção e a montagem do espetáculo teatral tendo-se
em conta as convenções associadas à cena aberta.
Programa:
Convenções da cena aberta: o palco como espaço de jogo, o aparte, a metalinguagem no teatro, o
efeito-V, mímesis e o teatro épico brechtiano. Concepção artística e metodológica para a direção de
espetáculo teatral na cena aberta. Execução e apresentação pública de mostra didática. Memória crítica
de resultados da mostra didática.”

03. OBJETIVO GERAL

Propiciar ao estudante-encenador o desenvolvimento de uma consciência conceitual, conceptiva e


operativa, consonante com os princípios teóricos e procedimentos artísticos e dialéticos do teatro
épico brechtiano;
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04. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Propiciar uma percepção crítica das diferenças estéticas e ideológicas entre os pares
épico/dramático, aristotélico/não-aristotélico, dramaturgia clássica/teatro épico, instrumentando o
aluno/diretor para o uso dialógico (opositivo e/ou complementar) entre dos procedimentos do
distanciamento reflexivo da épica brechtiana e os de natureza ficcional catártica;
2. Estimular uma percepção trans-histórica dos princípios teóricos da épica brechtiana, estendida para
além da carpintaria dramatúrgica e procedimentos cênicos engendrados pelo próprio Brecht, para
dialogar, artística e instrumentalmente com os anseios transformadores da realidade de nosso tempo;

3. Referenciar o projeto de montagem como instrumento eficaz para o planejamento, organização e


controle operacional do processo de construção do espetáculo, capaz de proporcionar aos seus
agentes criadores uma maior consciência conceptiva, refletida, sobretudo, numa corerência relacional
entre objetivos enunciados X princípios estéticos assumidos (no caso relacionados à épica
brechtiana) X dispositivos operacionais empregados;

4. Estimular a reflexão autocrítica do estudante/encenador através do instituto pedagógico de relatório


final, de montagem, onde serão efetivados cotejamentos entre os resultados artísticos alcançados X
intenções enunciadas em projeto escrito X alterações e ajustes associados ao processo de ensaios.

05. CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS:


UNIDADE 1: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA (11 de março a 11 de abril)
- Elementos introdutórios: aspectos opositivos e complementares entre as formas teatrais aberta e
fechada, entre os princípios do drama burguês aristotélico e os princípios da épica brechtiana;

- Purgação e catarse X Estranhamento e Distanciamento - rupturas brechtianas contra a ilusão


teatral alienante vivenciada pelo espectador que com ela, segundo o conceito freudiano de
denegação, se identifica;

- Contextualização histórica/biográfica de Bertolt Brecht. Influências e influenciadores; Brecht


dramaturgo, encenador, cineasta e poeta. Fases artísticas e suas obras principais. Experiências
operísticas. O papel da música na sua dramaturgia. A Ópera dos Três Vinténs. A épica brechtiana e
a dramaturgia não aristotélica. Obras da maturidade.

- Teatro dialético. A épica brechtiana como teatro da argumentação ou científico. O teatro de tese.
Teatro político sem agitação nem propaganda;

- Teatro épico reflexivo, mas sem abrir mão da diversão.


- Estudos das convenções do teatro épico brechtiano: a transposição para a cena de recursos
visuais literários, a fábula sempre necessária e ‘parabolizada’, a instalação da ação em lugares
exóticos, a desconstrução do palco italiano, transformado em máquina de narrar e com refletores e
coxias aparentes. Uso de procedimentos de suspensão da ação dramática para incorporação cênica
de outras linguagens como a música, gags inspiradas no teatro de cabaré ou em performances
circenses e “chaplinianas”, declamação de poemas, projeção de slides e imagens cinematográficas.
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UNIDADE 1: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA (continuação)


- Uso do coro, de apresentadores e de linhas interpretativas heterogêneas. Atores convocados à
busca corporal e vocal pelo gestus social que caracteriza suas personagens. Recursos múltiplos que
trazem estranhamento e diversão para o teatro.
- Inspirações brechtianas na atualidade brasileira: o teatro do oprimido e o sistema coringa de
Augusto Boal; O teatro épico brechtiano e a crítica decolonial.

UNIDADE 2 – PROCESSO ORIENTADO DE ELABORAÇÃO DE PROJETO CONCEPTIVO DE


MONTAGEM TEATRAL (12 de abril a 02 de maio)

Critérios para seleção/adaptação de fábula dramatúrgica a partir de fragmentos de peças de Brecht


ou de outros autores com temática reflexiva relativa à nossa atual realidade social e política. A
integração da fábula a outras linguagens artísticas: música instrumental e/ou cantada, poesia,
projeções de imagens e vídeos, manipulação de bonecos, palhaçaria, etc.

Provocações para o emprego pelo diretor estudante de conceitos da crítica decolonial em seus
projetos conceptivos alicerçados na épica brechtiana.

O planejamento cênico vivenciado enquanto instrumento conceitual fundador e de controle


operacional (artístico e administrativo) vinculado ao caráter dialético, argumentativo, científico e
político da épica brechtiana.

Delineamento de dispositivos operacionais áudio visuais vinculados à técnicas de estranhamento.

UNIDADE 3 - PROCESSO DE ENSAIOS ORIENTADOS E MOSTRA PÚBLICA (03 de maio a 30


de junho)

Processo de montagem, ensaios e apresentações de espetáculo concebido em projeto escrito


apresentado durante a Unidade 2, tendo como referência dramatúrgica principal obra literária, de
livre escolha do estudante, apta ou adaptável à aplicação dos princípios do teatro épico brechtiano,
O processo de levantamento do espetáculo será deflagrado sob responsabilidade do estudante
diretor, com elenco, pauta de ensaios e apresentações (mínimo de duas) em local de sua escolha,
e terá acompanhamento sistemático dos professores da disciplina, através de orientações
individuais presenciais em número mínimo de quatro encontros com participação do respectivo
elenco;

UNIDADE 4 - RELATÓRIOS E AVALIAÇÕES SEMESTRAIS FINAIS (10 a 13 de julho)

Elaboração de relatório individual final de montagem, estabelecendo reflexão crítica através de


cotejamento entre o projeto conceptivo inicial X processo de ensaios e orientações X apresentações,
mantendo como referência os objetivos da disciplina.
Realização de processo avaliativo efetivado coletivamente.
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06. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BÁSICAS:


1. BORNHEIM, Gerd, Brecht: a estética do teatro. Rio de Janeiro: Graal, 1992.
2. BRECHT, Bertolt, Estudos sobre teatro, td. Fiama Brandão, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1978.
3. JAMESON, Fredric, Brecht e a questão do método, São Paulo: Cosac Naify, 2013
4. ROSENFELD, Anatol, Brecht e o Teatro Épico, São Paulo: Perspectiva, 2013
5. BRECHT, Bertolt, Teatro Completo, diversos tradutores, 12 volumes, Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1991;

07. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COMPLEMENTARES:


1. COSTA, Iná Camargo, Nem uma lágrima, teatro épico em perspectiva dialética. São Paulo: Nankim
Editorial, 2012;
2. BOAL, Augusto, Teatro do oprimido e outras poéticas políticas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
2005;
3. DORT, Bernard, O teatro e sua realidade. São Paulo: Perspectiva, 1977;
4. KONDER, Leandro, O que é dialética. São Paulo: Brasiliense, 2008
5. MBEMBE, Achille, Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte, trad.
Renata Santini. São Paulo: n-1 edições, 2018;
6. PAVIS, Patrice, Dicionário de Teatro, trad. J.Guinsburg & Maria Lúcia Pereira. São Paulo:
Perspectiva, 2003.
7. QUINTERO, Pablo; FIGUEIRA, Patrícia; ELIZALDE, Paz Concha, Uma breve história dos estudos
decoloniais. São Paulo: MASP, Afterall, 2019;
8. ROSENFELD, Anatol, O Teatro Épico. São Paulo: Perspectiva, 2002.
9, ROUBINE, Jean Jacques, Introdução às grandes teorias do teatro, 1880-1980, André Telles. Yan
Michalski. Rio de Janeiro: Zahar, 2003.
10. VALLIAS, André, Bertolt Brecht Poesia, São Paulo: Perspectiva, 2019

08. ATIVIDADES LABORATORIAIS AVALIATIVAS:

UNIDADE 1:
1. Participação nas aulas; frequência e capacidade expressiva associada aos conteúdos em estudo;
2. Trabalho escrito contendo apresentação e justificativa da escolha de texto dramatúrgico para
montagem, fundamentando-a nos princípios teóricos da Épica Brechtiana;
Entrega em duas vias impressas (mínimo de três laudas, afora capa) em: 11 de abril.
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MARÇO
SEG TER QUA QUI SEX SAB DOM
11 12 13 14 15 16 17
18 19 20 21 22 23 24
25 26 27 28 29* 30 31
*Feriado Sexta-feira Santa
ABRIL
SEG TER QUA QUI SEX SAB DOM
1 2 3 4 5 6 7
8 9 10 11

UNIDADE 2:

1. Participação nas aulas e grau de envolvimento no processo orientado de elaboração de projeto


conceptivo de montagem;
2. Elaboração de projeto conceptivo de espetáculo, apresentando os seguintes itens: a)
Apresentação; b) Enunciação dos Objetivos (geral e específicos); c) Justificativa (defesa da
relevância dos objetivos enunciados, apoiada no contexto teórico da disciplina TEAA23,
considerando perspectivas estéticas, processionais e sociais); d) concepção: enunciação dos
conceitos e imagens norteadoras do espetáculo, enfocando sua espacialização, sua respectiva
fisicalização através de dispositivos e procedimentos audiovisuais (cenografia, figurinos,
iluminação, maquilagem, sonoplastia, etc., e, sobretudo, aqueles vinculados ao trabalho do
performer/ator; e) Procedimentos processuais, planejamento de etapas, metas e estratégias
organizacionais de produção do espetáculo; f) Cronograma de ensaios, produção e apresentações; g)
Levantamento dos recursos humanos e materiais; h) Plano Orçamentário; i) Bibliografia;
Prazo máximo de entrega do projeto impresso em duas vias: dia 25 de maio;
3. Apresentação oral dos projetos conceptivos durante as aulas dos dias 29 e 30 de abril e 02 de
maio. Incluindo ao seu final, atendimento à perguntas e observações do auditório (professores e
demais estudantes);

ABRIL
SEG TER QUA QUI SEX SAB DOM
12 13 14
15 16 17 18 19 20 21*
22 23 24 25 26 27 28
29 30
*Feriado de Tiradentes
MAIO
SEG TER QUA QUI SEX SAB DOM
1* 2
1* Feriado Dia do Trabalho

UNIDADE 3:
1. Processo de orientações presenciais de ensaios (mínimo de 4/com elenco), visando a
elaboração de no mínimo duas apresentações presenciais de montagem concebida a partir das
premissas teóricas relacionadas ao Teatro Épico Brechtiano. A(s) data(s) e horários das
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apresentações serão definidas em conjunto com a turma durante o processo, ficando estipulado
para sua realização o período de 10 a 30 de junho, excetuando os dias 22, 23 e 24, em vista
dos festejos juninos. Cada estudante realizará cada uma de suas apresentações em datas
diferentes, estratégia didática para permitir possíveis alterações e correções entre elas.

2. Todos os estudantes deverão assitir a pelo menos uma das apresentações dde cada um de
seus colegas;

MAIO
SEG TER QUA QUI SEX SAB DOM
3 4 5
6 7 8 9 10 11 12
13 14 15 16 17 18 19
20 21 22 23 24 25 26
27 28 29 30* 31
*Feriado de Corpus Christ
JUNHO
SEG TER QUA QUI SEX SAB DOM
1 2
3 4 5 6 7 8 9
10 11 12 13 14 15 16
17 18 19 20 21 22* 23*
24* 25 26 27 28 29 30
*Recesso São João

UNIDADE 4:
1. Entrega de relatório final com foco avaliativo concentrado no grau de consciência manifestada
pelo estudante/encenador nos seus acertos e dificuldades na aplicação dos fundamentos da épica
brechtiana ao produto artístico apresentado, a seu processo conceptivo e à sua capacidade dialógica
vinculada às orientações e contribuições recebidas. O formato do relatório será oportunamente
definido. Data de entrega: 4 de julho;
2. Debates sobre os resultados cênicos obtidos com a participação crítica dos colegas de turma e
orientadores: dias 04, 08, 09 e 11 de julho.

JULHO
SEG TER QUA QUI SEX SAB DOM
1 2* 3 4 5 6 7
8 9 10 11 12 13 14
15 16 17 18 19 20 21
22 23 24 25 26 27 28
29 30 31
*Feriado Independência da Bahia

Observando a possibilidade de futuros ajustes e detalhamentos durante o processo pedagógico,


Em 10 de março de 2024,
Prof: Dr. Eduardo Tudella e Prof. Paulo Cunha.

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