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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO


CONCEITOS INTRODUTÓRIOS

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Patricia Sant’Anna
Paulo Sérgio Trevisan

seõçatona reV
VOCÊ FARÁ UMA VIAGEM COM UM AMIGO E ELE ACABA DIZENDO QUE OS
LUGARES QUE VOCÊ ESCOLHEU SÃO FEIOS. COMO EXPLICAR PARA ELE QUE O
CONCEITO DE BELEZA NÃO É O MESMO PARA CADA PESSOA?
Explique ao seu amigo que os lugares históricos os quais você está pretendendo visitar não
obedecem ao padrão de beleza de hoje, mas falam de outras possibilidades, não só de ver o
belo, mas também de ficar mais sensível a outras possibilidades de expressão e experiências.

Fonte: Shutterstock.

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SEM MEDO DE ERRAR
Ao escolher o roteiro de viagem que pretende realizar junto com o seu amigo,
explique a ele que os lugares históricos os quais você está pretendendo visitar com
ele não obedecem ao padrão de beleza de hoje, mas falam de outras

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possibilidades, não só de ver o belo, mas também de ficar mais sensível a outras

seõçatona reV
possibilidades de expressão e experiências. Por exemplo, supondo que vocês
escolham ir à Serra da Capivara, no Piauí, aqui no Brasil, vocês vão vivenciar uma
paisagem que não é urbana e é pouco rural, na verdade, uma paisagem agreste do
interior do Piauí, portanto não espere encontrar arranha-céus ou fast foods na
esquina. Por ser seca, em algumas épocas do ano, pode ser compreendida como
"feia" pelo seu colega. Mas pergunte a ele se ele acha os vales secos dos Estados
Unidos, aqueles dos filmes de faroeste, feios... pois bem, ele se acostumou (ele é
sensível) a essa paisagem, porque está habituado a vê-la no cinema e na televisão.
A região seca do Piauí nem sempre ganha espaço na mídia, então será uma
experiência nova para ele. E, por isso, ele deve estar achando que será uma
experiência ruim, pois por falta de palavra mais adequada, tendemos a falar que o
local é feio. Aliás, essa mesma região, em épocas de chuva, costuma ficar verde.

A primeira coisa a se fazer em relação ao seu colega é pedir para que ele se livre de
seus pressupostos sobre "o que é bonito" e abra a mente e sua sensibilidade, pois
vocês estarão no Parque Nacional da Serra da Capivara, que é uma área inscrita na
Lista do Patrimônio Mundial da UNESCO. Isso significa que vocês estarão em um
local que abriga um dos mais ricos sítios arqueológicos do mundo, com registros
que vão de 20.000 a 5.000 anos atrás, tendo um especial destaque para o rico
acervo de pinturas rupestres. Isso, por si só, já é interessante e poderá valer a
viagem.

Converse com ele sobre a experiência que será ver esses desenhos in loco.
Aproveite e questione sobre os desenhos, por exemplo: Qual será o tamanho
deles? Qual espaço eles ocupam na parede de pedra? Como será que os humanos
pré-históricos pintaram? Usavam pincéis ou dedos para espalhar o pigmento? O
que eles usavam para fazer o pigmento? Por que será que eles pintavam esses
animais e não outros? Podemos chamar isso de grafite como o que vemos nas ruas
das cidades? Enfim, atice a curiosidade de seu amigo. A partir dessa conversa
espero que ele compreenda que a beleza pode ser um conceito que precisa ser
contextualizado, que não há padrão universal e que, ao nos depararmos com essas

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expressões estéticas humanas, podemos admirá-las e tentar entendê-las dentro

seõçatona reV
do que nos resta de seu contexto original.

Seu amigo perceberá que a noção de "local bonito" é muito relativa e que pode
variar de acordo com o tempo e a cultura. Além disso, em localidades históricas (ou
pré-históricas), não podemos buscar ou procurar o conforto e as mesmas soluções,
bem como padrões estéticos do lugar em que vivemos. Pois em sítios históricos
(arqueológicos ou não) o que conta é justamente a experiência junto ao que restou
do passado. É necessário tentar compreender outras sensibilidades, outros valores
e padrões que provavelmente não são os nossos. Talvez seja aí que more o prazer
de conhecer e ter tais experiências, e não na busca de nossos padrões de beleza.

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