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Curso Básico de Praticantes

de Agricultura Natural
EaD

Módulo 3
Preparo de
Substrato e
Semeadura

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SECRETARIA DA HORTA CASEIRA

Diretor da Divisão de Expansão:


Reverendo Roberto Massao Tateyama

Gestor da Secretaria da Horta Caseira:


Ministro Carlos Daniel de Souza Rodrigues

Representantes de Planejamento:
Ministro Carlos Daniel de Souza Rodrigues e
Juliano José dos Santos

Assistentes administrativos:
Camila Costa Silva

Revisão Linguística:
Ivna Fuchigami

Fotografia:
Arquivos da Secretaria da Horta Caseira e SEDOMM

Produção:
Divisão de Comunicação – Sede Central

Tiragem:
Digital

Correspondência:
Rua Morgado de Mateus, 77 – Vila Mariana
São Paulo – SP – CEP 04015-050
horta@messianica.org.br – (11) 5087-5124

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Preparo de Substrato e Semeadura
Um dos desafios para os praticantes da horta caseira é
a produção de mudas, a qual constitui uma das etapas mais
importantes do sistema produtivo. Esse processo depende alta-
mente de materiais (insumos), como sementes e substrato, que
contribuirão para germinação, enraizamento e crescimento das
mudas.
O substrato é o resultado da mistura de dois ou mais ma-
teriais formulados e manipulados para atingir propriedades de-
sejadas. No método de cultivo de acordo com os princípios da
Agricultura Natural, buscamos esses materiais obedecendo ao
que Meishu-Sama deixou em seus escritos.

“Por ser uma agricultura que não usa absolutamente adu-


bos, nem na forma de esterco, nem de fertilizantes químicos, mas
somente compostos naturais, é denominada de método de cultivo
natural. Evidentemente, a matéria-prima dos compostos natu-
rais são folhas e os capins secos, que produzem naturalmente.
Contrariamente, os adubos químicos e os dejetos humanos, o es-
terco de cavalo ou galinha, os resíduos de peixe e as cinzas de
madeira não caem do céu nem brotam da terra...”
A vitória do cultivo natural: a força do solo, Alicerce do Paraíso, vol.5,
p. 29

De acordo com este ensinamento, utilizamos somente


compostos de origem vegetal. É através da observação da Na-
tureza e do treino de nossa percepção que podemos buscá-los
com o pensamento de que poderemos ajudar os agricultores a
buscar esses compostos em sua propriedade, fazendo com que
ele reduza custos na produção de mudas.

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Observação da Natureza
Observar a Natureza é muito importante, principalmente
para quem pretende praticar o método da Agricultura Natural.
Quando alguém diz que não consegue praticar, que é difícil, as
dificuldades e as dúvidas sobre Agricultura Natural serão sana-
das mediante o olhar atento para com a Natureza. Contemplá-
-la pode trazer uma ótima reflexão para descobrirmos coisas
dentro do coração que estavam perdidas e ajuda a corrigir o
sentimento dos praticantes da horta caseira.
A observação da Natureza se torna um dos pontos que nos
leva a buscar a matéria-prima ao nosso redor. O Brasil é um país
de vasta extensão, portanto prestem atenção ao que a Nature-
za oferece em sua região. Talvez você encontre folhas de uma
árvore que sejam ideais para o preparo do substrato. É possível
utilizar mais de um tipo de material vegetal para fazer a com-
postagem, como por exemplo 25% de folhas e 25% de capim.
Lembre-se que o exemplo que possa ser dado aqui na prá-
tica não segue como um padrão para todos os praticantes do
Brasil. O importante é o espírito de busca para chegar a um tipo
de material que possa ser ideal para a semeadura.
A partir desse material de origem vegetal (folhas secas,
capim seco etc.), iremos preparar uma compostagem que terá
50% de material vegetal seco e picado e 50% de terra. Esta últi-
ma poderá ser comprada. Nesse caso, pense sempre em adqui-
rir solo orgânico, terra vegetal sem adição de adubos químicos,
ou utilizar um solo com o qual você já venha trabalhando em
sua residência.
Misture esse material e umedeça-o para que fique com
aproximadamente 55% de umidade, para que ocorra a fermen-
tação e os microrganismos possam entrar em atividade e fazer
a decomposição da matéria orgânica. Com a umidade correta,
o material poderá ficar pronto para uso em aproximadamente
três meses.

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Os benefícios dessa compostagem serão o aumento da
disponibilidade de nutrientes para as culturas, a melhoria do
condicionamento físico do substrato e a manutenção da vida
no solo.

Preparo do substrato para semeadura

Cultivo agrícola sem adubos

“Afinal, qual é a capacidade do solo? Ele é formado pela


união de três elementos fundamentais – terra, água e fogo. Evi-
dentemente, o elemento terra é a força fundamental para o de-
senvolvimento das plantas, e a água e o fogo são complementares.
Logo, de acordo com a qualidade do solo, que é a força primor-
dial, a influência nas plantas será boa ou má. Assim sendo, a con-
dição básica para desenvolvermos um bom cultivo é a melhoria
da qualidade do solo. Quanto melhores forem as propriedades do
elemento terra, mais satisfatórios serão os resultados.
Então, qual é o método para tornar o solo fértil? Sem dúvi-
da, consiste em fortalecer sua vitalidade. Para tanto, é necessá-
rio, primeiramente, torná-lo puro e limpo, pois, quanto mais puro
ele for, maior é sua força para o desenvolvimento das plantas.”
Coletânea Série Jikan, vol. 2, 1º de julho de 1949

Este Ensinamento mostra a junção dos três elementos


fundamentais para o cultivo e a influência que exercem. Ele
também aponta que, para um solo se tornar fértil, é necessário
estar limpo e puro.

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O solo deverá ser peneirado para a retirada de pedras e/
ou materiais grandes que dificultem o enraizamento das mu-
das. Podemos usar a medida em volume de 10 litros desse solo
e 20 litros de fibra de coco fino, adquirido em lojas de venda de
insumos agrícolas. A fibra de coco fino é comercializada como
substrato de origem vegetal natural, sendo um material renová-
vel. Sua utilização deixará o substrato com uma melhor estru-
turação, drenagem e aeração.
Esses materiais devem ser bem homogeneizados e, em
seguida, umedecidos. O ideal é preparar esse substrato uma se-
mana antes da semeadura. Uma vez que se acrescentará a fibra
de coco, que é um material vegetal, haverá uma pequena fer-
mentação devido à água adicionada. Por conseguinte, o prazo
de sete dias deixará o material estabilizado, sendo necessário
apenas umedecer novamente para proceder à semeadura.

Recipientes para mudas


Os mais utilizados nos dias de hoje são bandejas de iso-
por e plástico de tamanhos variados para cultivo de todos os
tipos de hortaliças, desde alface, que necessita de 20mL de solo,
até tomate, que precisa de aproximadamente 100mL. Outros
recipientes podem ser igualmente utilizados, como materiais
reaproveitados que seriam descartados como lixo. Ex.: potes
de iogurtes, bandeja de ovo, copo descartável usado. Estes re-
cipientes deverão ter furos na base para a drenagem. Pensan-
do no ecologicamente correto, você poderá fazer seu copinho a
partir de uma folha de árvore.
Existe também a alternativa do preparo tradicional de
mudas em sementeiras de canteiros. Esse preparo está caindo
em desuso por causa da melhor qualidade das mudas e da maior
praticidade da produção em bandejas. Por outro lado, ele se tor-
na um sistema ecologicamente adequado, podendo ser avaliada
a viabilidade para cada realidade.

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Semeadura

Aguardar o tempo certo


“Os produtos agrícolas têm seu tempo certo de semeadura
e transplantação. ...a Grande Natureza ensina ao ser humano a
importância do tempo. Ela, em seu estado original, é a própria
Verdade. Por essa razão, o homem deve ter sempre a Grande Na-
tureza como referência em todas as suas realizações. Aprender
com ela é a condição suprema para não fracassar.
...o essencial é ter paciência para aguardar a chegada do
tempo certo. Todas as coisas possuem seu melhor momento.”
Jornal Hikari nº 14, 25 de junho de 1949

A prática desse Ensinamento mostra um dos pontos im-


portantes quando vamos plantar algo. Seu título já diz muito, e
a Grande Natureza nos mostra um padrão a ser seguido.
Podemos usar um exemplo do plantio de pimenta, que
gosta de temperaturas elevadas para se desenvolver. Contudo,
ao plantá-la no inverno, impondo nossa vontade e não levan-
do em consideração a Grande Natureza, perceberemos que ela
não se desenvolverá e começará a sofrer. Portanto, precisamos
aguardar o momento certo, para termos sucesso naquilo que
nos propomos a fazer e colher ótimos frutos. Consequentemen-
te, a Natureza se torna um modelo a ser seguido, em que conse-
guimos transpor tudo o que faremos em nossas vidas.
Quando semeamos algo, ficamos ansiosos para que
a semente germine rápido, no nosso tempo. O Ensinamento que
acabamos de ler, nos faz refletir que existe um período para a
semeadura, para a germinação e para a colheita, e que as coisas
não transcorrem conforme nosso desejo.

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Pensando em trabalhar com as crianças, uma dica seria
plantar rúcula ou rabanete. Por quê? Normalmente as crian-
ças ficam muito mais ansiosas, querendo que a sementinha e
plantinha cresçam rápido, e essas culturas citadas estão pron-
tas para serem colhidas em 35 dias. Dessa forma, teremos a
oportunidade de mostrar a elas esse importante aprendizado
de aguardar o tempo certo em tudo que forem realizar.

Escolher a cultura que se deseja cultivar é um passo mui-


to importante. Pensar no espaço da casa e cultivar algo que
a(o) esposa(o), filho(a) ou um(a) amigo(a) gostam de comer,
cuidando do plantio com todo carinho e amor, manifestando
o sentimento de gratidão, pensando na felicidade de quem for
consumi-lo. Imaginem o sentimento impregnado desde a seme-
adura até o preparo da refeição! Tudo estará cheio de energia
espiritual obtida pela ação do cuidar e preparar.

Sementes
Utilizar preferencialmente as sementes da Agricultura
Natural ou orgânicas. Se houver dificuldade em adquiri-las, é
aconselhável obter sementes que não tenham tratamento quí-
mico.
Depois que a bandeja já estiver com o substrato, colocar
duas sementes da cultura desejada, com a profundidade do ber-
ço de 0,5 cm a 1 cm. Em seguida, cobrir com uma fina camada
de substrato. A germinação ocorrerá de 4 a 15 dias, dependendo
da cultura escolhida.

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Caso as duas sementes germinem, uma deverá ser reti-
rada (desbastada). Tal quantidade de sementes é aconselhável
para a cultura como alface, almeirão, escarola, repolho, couve,
tomate, pimentão etc., que necessitarão de desbaste.
Culturas como salsa, cebolinha, coentro e rúcula poderão
ter suas mudas preparadas. É igualmente possível fazer seme-
adura direta nos vasos, em que deverão ser colocadas cinco se-
mentes em cada berço, sem precisar desbastar. Essas culturas
conseguem desenvolver-se bem.
Com a rúcula, cenoura, beterraba, rabanete é praticável
proceder à semeadura direta em vasos ou canteiros em forma
de linhas, colocando as sementes próximas umas das outras, de
forma uniforme – cerca de 1cm – cobertas com terra. A cenou-
ra, beterraba e rabanete precisam de desbaste, e o momento
ideal para tal é quando as plantas tiverem duas folhas defini-
tivas. Após o desbaste, é necessário colocar um pouco de terra
ao pé das plantas, para evitar que a parte superior da raiz fique
exposta ao sol.

Propagação

Estaquia ou divisão de touceira


A forma mais usada para se propagar uma planta é retirar
pedaços de ramos para obter novas mudas, que serão iguais à
planta original (planta-mãe). Basta cortar um ramo sadio de
uma espécie e plantar em mistura de solo preparado para cul-
tivo. Exemplo – alecrim, manjericão, hortelã. Para plantas com
características entouceiradas como capim-limão, o modo de
propagação é a separação de touceiras.

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Cuidados com irrigação e sol
O excesso de água prejudica o enraizamento, provoca do-
enças de solo que causam tombamento e murchamento das mu-
das e aumenta a incidência de doenças foliares em decorrência
da elevada umidade relativa do ar. Já a falta de água provoca o
murchamento, que pode ser permanente, e reduz a fotossíntese,
fazendo com que as plantas não se desenvolvam.
Do semeio até a germinação, deve-se manter a umidade
do substrato. Em locais de temperatura mais elevada, a irriga-
ção consistirá em uma menor quantidade de água, de 3 a 4 ve-
zes ao dia. Mais uma vez, o treino da observação será de suma
importância para que a germinação se dê de maneira uniforme.
Em relação ao sol, no início não é necessário expor a
bandeja semeada à luz solar direta, podendo deixar preferen-
cialmente de 2 a 3 dias em local sem luz. Após esse período,
pode-se deixar a bandeja no sol da manhã. Se for no sol direto,
é importante colocar uma tela protetora (sombrite 50%) a uma
altura de pelo menos 80 cm para não abafar as mudas porque as
plântulas ainda são muito sensíveis. Preferencialmente as mu-
das devem receber o maior tempo possível de sol após o início
da germinação – os primeiros 15 dias –, pois o crescimento das
plântulas é muito rápido, e a falta de sol pode ocasionar o estio-
lamento delas.
É fundamental sempre pensar na adaptação das mudas à
luz do sol para que, no final do período na bandeja, que será de
25 a 30 dias, elas já estejam prontas para ir para o canteiro ou
vasos.

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