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S ou estudante de

T eologia , e agora ?
Conselhos de um pastor para um teologando

HEBERT DAVI LIESSI


Ficha catalográfica elaborada por
Uariton Boaventura (CRB 5/1587)
—————————————————————
L7198s Liessi, Hebert Davi.
Sou estudante de teologia, e agora? Conselhos
de um pastor para um teologando / Hebert Davi
Liessi. – Edição do Autor: Cachoeira, 2021.
230 p.
ISBN: 978-65-00-19632-0
Contêm Bibliografia
1. Estudante de teologia - Orientações. 2.
Aconselhamento pastoral. 3. Ministério pastoral.
Título.
CDD 207
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Índices para catálogo sistemático:
1. Estudante de teologia - Orientações 207
2. Aconselhamento pastoral 253.5
3. Ministério pastoral 253

Diagramação: Luis Carlos Saviniec Ferreira


“A dignidade de uma vocação dever ser medida sempre pela seriedade
da preparação que se faz para ela”
Dwight Grubbs
SUMÁRIO
I. Recomendações 8
II. Introdução 10
III. Passe mais tempo com Deus 13
IV. Dedique-se no crescimento da visão e da missão da igreja 23
V. Seja mais pró-ativo na igreja de prática pastoral (estágio) 31
VI. Tenha ética com os colegas 41
VII. Considere a colportagem um dos meios evangelísticos mais
importantes, além do crescimento pessoal e financeiro 52
VIII. Cuidando de seu conjugue 59
IX. Seja um pai mais presente na vida de seus filhos 68
X. Faça de seu tempo livre, mais uma recreação do que
diversão 73
XI. Considere seu chamado por Deus uma obra que resultamais
em frutos do que em orgulho pessoal 81
XII. Tente conhecer todas as áreas do ministério e descobrir quais
são as áreas que você se identifica para servir 93
XIII. Não deseje a autoridade eclesiástica para estabelecer seu
governo 104
XIV. Procure entender o que é teologia e sua importância para
a igreja 117
XV. Priorise a vida acadêmica como um diferencial na qualidade do
ministro que trabalha em função do crescimento da igreja 127
XVI. Leia mais livros 140
XVII. Procure aprender melhor a língua Inglesa 146
XVIII. Faça de seu tempo no Salt uma ênfase evangelística 155
XIX. Cuide de seu desenvolvimento pessoal 168
XX. Tenha cuidado com as sutis armadilhas contra seu
ministério 178
XXI. Seja cuidadoso e criativo com suas finanças 194
XXII. Corra da mediocridade 203
XIII. Procure ser um capacitador e não atrair a glória para si
mesmo 209
XIV. Espere ansiosamente a volta de Jesus 217
XV. Conclusão 223
XVI. Bibliografia 224
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, o SENHOR, por cada respiração, motivação,


reflexão e paixão pelo ministério pastoral.
Agradeço a minha esposa e filhos, Lucicleide, Theo e Gael,
que com muito amor, dedicação e esperança, servem comigo no
ministério pastoral.
Agradeço a meus pais, Eber e Fatima, que me ensinaram
a amar a Deus desde pequeno e a viver o máximo possível do
ministério pastoral.
Agradeço aos pastores Adolfo Suárez, Elias Brasil, Jolivê
Chaves, Leonardo Nunes, Walter Alaña e Ricardo Gonzalez,
que como reitor e diretores do SALT por onde passei, me
incentivaram a crescer como pastor, teólogo e professor para
servir profundamente no ministério pastoral.
Agradeço aos pastores Geovane Queiróz, André Dantas,
José Wilson, Daniel Weber e Cícero Gama, que foram meus
administradores da União e Associações, sempre me dando
oportunidades e conselhos para ampliar o ministério pastoral.
Agradeço aos administradores e coordenadores da FADBA,
por me dar o privilégio de ensinar sobre a relevância de Deus
e a Bíblia para nossos amados alunos em meio a este desafiador
momento no mundo e no ministério pastoral.
Agradeço a todos meus alunos, de cada curso que eu já
lecionei, por me motivarem a ser um melhor servo, pastor e
professor na jornada de suas vidas, o que me traz mais significado
ao ministério pastoral.
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Recomendações
“Se você decidiu estudar teologia ou é um aluno, ou tem
um amigo ou familiar nesta situação, este livro é para você.
Hebert escreve de maneira agradável, prática e consistente, com
o frescor de um estudante, com a experiência de um pastor, com
a motivação de ser usado por Deus, para fazer mais fácil, mais
eficaz a vida de um teologando. Muitos pastores dizem: ‘se eu
soubesse, minha passagem pela faculdade haveria sido diferente’.
Não necessita lamentar depois. Agora pode sabê-lo. Estas páginas
baseadas na benção de Deus podem ser teu mapa da rota em busca
de um ministério feliz, fiel e frutífero.” Recomendo-o como uma
obra indispensável para ter pastores com paixão ‘segundo coração
de Deus’.
Bruno Alberto Raso
Vice-presidente da Divisão Sul-Americana
@brunoraso

Há um tempo li um parágrafo dizendo: “O que


tem que ser feito pelo homem, tem que ser feito por ele
em quanto ele ainda não seja homem”. Parafraseando,
eu diria: “O que tem que ser feito pelo pastor, tem que
ser feito por ele em quanto ele ainda não seja um pastor”.
Concordo com o autor que “Mostrar como está o Seminário
Adventista de Teologia é dizer como estará a Igreja Adventista do

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Sétimo Dia do amanhã”. Gostei muito da proposta deste livro,


porque ele ajuda aos jovens estudantes de teologia aproveitar bem
o tempo em quanto eles passarem pelas salas de aulas. Se um jovem
estudante de teologia segue os conselhos que aparecem neste livro,
estou bem certo que será daqui a pouco tempo um excelente pastor!
O autor, Hebert Davi Liessi, apresenta em forma simples,
clara e profunda, tudo o que um estudante de teologia deve saber
e fazer para chegar a ser um “Pastor com Paixão”. Paixão por
Deus, paixão pela família, paixão pela igreja e paixão pelas almas.
Jovem estudante de teologia, eu lhe recomendo a leitura
deste livro!!!
Carlos Hein
Serviu como Secretário Ministerial Divisão Sul-Americana

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Introdução
Com o passar dos anos, a Faculdade de Teologia na América
do Sul tem crescido no preparo de pastores para a obra evangélica
de Jesus. Não somente jovens solteiros como também experientes
homens casados têm entrado no curso de Teologia com o objetivo
de serem pastores. Contudo, quando estes terminam os quatro
anos de estudo, sentem que fariam mais coisas no durante o curso
se houvessem despertado para isso desde os primeiros anos.
O assunto do preparo adequado para o estudante de teologia
(teologando) é essencial de modo a formar os futuros pastores e
líderes da igreja. Mostrar como está o Seminário Adventista de
Teologia é dizer como estará a Igreja Adventista do Sétimo Dia
do amanhã. Ao entrar em contato com teologandos de quatro
faculdades diferentes (em três países) pude observar alguns
questionamentos similares; os mesmos refletiam acerca do que
fariam se voltassem ao início do curso. Além disso, após alguns
anos no ministério pastoral, também percebi os pastores dizendo
que se tivessem se preparado melhor enquanto estiveram na
Faculdade, poderiam ampliar suas ações na vida pastoral. Assim,
com a experiência que tenho adquirido, decidi escrever este
pequeno livro com uma linguagem informal, para oferecer
conselhos e ideias aos estudantes de teologia, a fim de que possam
aproveitar melhor seu tempo durante a faculdade para que, quando
chegarem no ministério pastoral, possam ter menos dificuldades e
mais êxitos pela graça de Deus.

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SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Este livro irá contribuir, primeiramente, para o SALT


(Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia) no
aconselhamento das áreas que seus estudantes precisam adquirir
experiência, além do que já é feito no currículo do curso. Também
será de grande importância para o estudante de teologia (a) ampliar
seu conhecimento sobre cada parte de um crescimento ministerial
equilibrado e, como material prático, (b) fornecerá métodos
sugestivos para serem discutidos e aplicados pelos ingressantes de
modo a dar opções para o desenvolvimento. Como maior benefício
ao ler este material, cada leitor poderá (c) refletir sobre o que falta
em sua jornada pessoal durante os anos da faculdade de Teologia na
preparação para a vida ministerial.
Assim, este livro fará sugestões sobre o que um teologando
poderia fazer para adquirir mais capacidade para ser um melhor
pastor. Quais as áreas que um estudante de teologia deveria dar ênfase
para seu crescimento? Ao saber estas áreas, como ter ferramentas
para o desenvolvimento equilibrado de cada uma delas? Deve cada
estudante usar este livro em sua preparação para o ministério
pastoral. Deus te guiará nesta tão agradável e produtiva leitura.

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P a ss e mais tempo
com Deus
“A qualidade de nossa fé determina o caráter de nossa conduta”
Wayne Geisert1

Jesus, nosso exemplo

Na noite que os discípulos tiveram a primeira Ceia, Jesus


lhes disse para não se turbar o coração, mas para crer nele e também
no Pai, pois iria preparar lugar e logo viria para buscá-los. Então
Tomé, um discípulo fiel, perguntou “como saber o caminho”. E o
Mestre respondeu: “eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém
vê ao Pai senão por mim” (João 14:6). Cristo estava dizendo que
os discípulos podiam conhecer e crer no Pai, pois o conheciam
através da vivência com o Filho.
Entretanto, Filipe, seguidor dedicado, pediu para Jesus:
“mostra-nos o Pai, e isso nos basta” (João 14:8). Não sei o porquê,
mas nós muitas vezes queremos ver o Pai, o Deus Todo-Poderoso,
o Grande Criador de uma forma como se fosse muito fácil para
os humanos. Queremos ter o poder de chegar perto do Altíssimo
por nossas próprias forças ou méritos. E, frequentemente,
afirmamos como Filipe, “isso nos basta,” pensando que somente
precisamos ter uma experiência pontual com Deus, sem nos
preocupar, ou melhor, sem nos comprometer com o antes e o
1
SEMS, Dan. Jejum sem fome. Revista Ministério. Janeiro-Fevereiro, p. 15-16, 2008.

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depois. Mas nunca conseguiremos ver o Pai sem antes ter um


relacionamento pessoal com Jesus, o caminho para conhecer a Deus.
“Há quanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido?
Quem me vê a mim vê o Pai” (João 14:9). A resposta graciosa de
Jesus a Filipe revela a maior necessidade nossa para conhecer a Deus.
Precisamos conviver com o Filho, necessitamos estar tão perto dele,
como discípulos que seguem o mestre. Temos que almejar estar do
lado de Cristo a cada momento, a fim de aprender e receber dele
graça e o conhecimento salvador de Deus. Jesus é nosso exemplo
mais poderoso na comunhão com o Pai, pois, de tanto passar tempo
com Ele, podia afirmar que aquele que o visse, também veria o
Pai. Será possível igualar nossa comunhão à de Jesus, a ponto de
estar tão perto de Deus que as pessoas possam vê-Lo em sua vida?
Este capítulo mostra nossa necessidade de passar tempo em
relacionamento do nosso Salvador, e como podemos conhecê-lo
mais intimamente, a fim de fazer tudo como Ele fez (João 15:5).

O que é Comunhão?
A comunhão com Deus além de ser uma das prioridades mais
gratificantes para o crente é uma necessidade diária a ser conquistada.
Comunhão é se tornar comum com alguém e, neste aspecto, nos
tornar tão íntimos de Jesus a ponto de sermos comuns. Quando a
pessoa passa tempo com Deus, tempo de qualidade, tempo para
orar e expressar os sentimentos para o Amigo, tempo para ler Sua
Palavra e entender o que certo versículo significa para as pessoas
da época e para si mesma, estes momentos são tão poderosos que

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transformam problemas nas mais confiantes soluções. Passar tempo


com Deus é, simplesmente, o momento mais gostoso de nossa vida.

Por que é importante para um estudante de Deus?


Como o mais importante na vida de todo o cristão, a dedicação
de tempo na comunhão com Deus é de importância máxima. Um
“ramo” não pode existir ou dar frutos de não “estiver ligado à videira”.
Nenhuma palavra pode descrever o quanto é importante passar
tempo com Deus, apenas uma real experiência do lado dAquele que
é totalmente Transcendente e completamente Imanente consegue
mostrar o maior prazer da vida, viver cada segundo do lado de Deus.
Nós podemos pensar: “bom, eu posso orar enquanto
estiver sentado dirigindo para a escola” ou “não tem problema eu
acordar quase no horário das aulas e ir imediatamente para lá, pois
sempre tem meditação para os alunos.” Até mesmo alguém pode
pensar: “eu estudo teologia, já leio a Bíblia todo dia na faculdade,
necessito passar mais tempo lendo?” Querido teologando, eu quero
dizer que mesmo nestas circunstancias e outras que fazem parte de
nosso cotidiano, necessitamos passar tempo com nosso Salvador.
Nós podemos ter aula dos livros da Bíblia todo o dia,
porém, mesmo assim necessitamos estudar em meditação
por nós mesmos. Dentro da faculdade, estudamos as técnicas
literárias, os Quiásmos e estruturas dos livros, aprendemos a
desvendar do grego e o hebraico o melhor entendimento para
certas palavras. Há dias que nossos professores nos abrem tanto
a mente para entender a riqueza do significado que o autor

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quis dar aos destinatários originais, a profundidade da teologia


que estes profetas expressavam através de ações e a convicta
transformação de pessoas que aceitavam a Palavra apostólica.
Tudo isso é extremamente importante para nós estudantes,
entretanto, mesmo assim, necessitamos refletir e meditar como
tudo isso vai ser praticado em nossa vida, como vamos continuar
escrevendo a história do povo de Deus através de nosso ministério.
Numa segunda-feira eu fui para a aula, rotineiramente, fazer
uma prova de Apocalipse. O professor, no início, foi passar uma breve
meditação e, ao orar, falou com Deus assim: “Senhor, agora vamos
abrir Sua Palavra, talvez muitos de nós saímos de casa hoje sem abri-
la, mas nos ajuda a estar com os corações abertos para recebê-la
agora (...)”. Esta simples oração me tocou muito, não porque eu não
tivesse lido a Bíblia antes de ir para a sala, o que já tinha feito, mas pelo
fato de que o professor, em outro momento, me disse que dormiu
tão tarde trabalhando que não conseguiu tempo pela manhã para
ouvir a voz de Deus. Teologandos, professores e pastores, nós somos
falhos, e muitas vezes pecamos ao sair de casa sem ler a voz de Deus.
Quero compartilhar uma pergunta e resposta que me tocou muito:
“Deus tem favoritos?” resposta: “Não! Mas Ele tem amigos íntimos.”2
Meu apelo aqui é, para mim e para você, por favor, deixe
que isso seja a principal atividade de sua vida. Nós precisamos
urgentemente passar tempo com Deus, carecemos de refletir
como viver a verdade que conhecemos, sofremos por não usar o
que aprendemos na teologia a fim de desfrutar dos mais deliciosos
2
DRESCHER, John M. Se eu começasse meu ministério de novo. Tradução de
Rubens Castilho. Campinas, SP: Cristã Unida, 1997.

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tempos em comunhão com o Autor da Verdade. Querido


teologando, nós passamos por situações que nos tira tempo, porém,
nenhuma delas, nada no mundo pode nos atrapalhar de nos deleitar
nos ombros de Jesus e conversar com Ele. Passar tempo com Deus
é a mais importante atitude e atividade em tudo que fazemos.

Como nutrir uma comunhão real e fervente? 3


Existem muitos métodos para conseguir um melhor
desempenho no relacionamento com Deus. Há pessoas que:
1. estipulam um horário fixo cada dia para orar e meditar. Este
horário costuma ser nas primeiras horas do dia, logo após despertar
e antes de fazer qualquer outra coisa. Comprometo-me a ler a
Palavra de Deus e orar diariamente, antes de ler qualquer outra coisa.
2. aminham em meio da natureza pela manhã ou pelo
entardecer. Neste momento de descanso, a meditação é como
as correntes de um rio calmo e fresco, quando as orações e
conversas com o Criador são enriquecidas de agradecimentos
ou, em muitos casos, uma abertura tão sincera do coração
por uma falha ou pedido que o desejo de chorar aumenta ao
se entregar mais ao Amigo Fiel. Comprometo-me a falar com
Deus a cada manhã, antes de falar com qualquer outra pessoa.
3. apreciam fazer o culto com a família de manhã e/
ou pela noite. Esta forma de viver é tão poderosa tanto
para o enriquecimento pessoal como para um compromisso
3
Leia os conselhos e dicas de: FERREIRA, Otoniel de Lima. 21 dias de poder:
preparando a igreja para buscar e salvar o perdido. Feira de Santana: Clínica dos
Livros, 2011.

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cúmplice de toda família em adorar ao mesmo Deus juntos.


4. jejuam uma refeição por semana como símbolo de entrega
e dependência de Deus. Jejuar é um exemplo que Jesus nos deixou
como meio de mostrar a Deus que há uma forte dependência dEle.

Grupo de Oração dos Teologandos (GOTE)


Os alunos e a faculdade de Teologia podem promover
e manter um Grupo de Oração dos Teologandos. Este grupo
será o responsável pelo enriquecimento espiritual dos alunos e
professores. Poderá fazer um culto semanalmente antes das aulas,
poderá promover pequenos grupos com as famílias dos estudantes
(teologandos e outros cursos). Eu me lembro uma vez que eu fui
bem cedinho para o SALT, o sol quase não tinha nascido, haveria
um culto de oração. Quando cheguei, fui bem recepcionado e
havia uma música tranquila de fundo, os estudantes estavam todos
em silêncio, orando a sós ou em duplas. Aquela cena me contagiou,
e quase chorei ao vê-la. O culto foi simples, cantamos juntos,
oramos um pelos outros e, coroamos a adoração com a leitura da
Bíblia, mas, depois que saí daquele lugar de adoração, eu me sentia
tão perto de meu salvador como alguém que sente o abraço de
quem ama. Não existe circunstancias que nos impedem que ter
experiências diárias assim, somente depende de mim e de você.
Querido teologando,estes são exemplos poderosos e eficientes
que muitos têm praticado e fortalecidos a si mesmos na graça de
Jesus. Contudo, quero te convidar para que descubra, se ainda não
o fez, qual é a forma mais enriquecedora que você tem para passar

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um tempo de qualidade do teu Pai. Converse com seus amigos, veja


como eles fazem, entenda a você mesmo e peça a Deus para que te
mostre como desfrutar desses tão maravilhosos momentos com Ele.
Caso já o tenha, continue persistindo, não desista. Não deixe
que as atividades do dia-dia tentem diminuir este precioso tempo.
Pois, se permitir que perca um minuto a cada dia, chegará uma
hora que custará mais tempo para voltar ao seu antigo hábito do
que as horas que gastou nos pensando que não seriam importantes
para sua firmeza na fé com Deus.
Este é nosso desafio: passar tempo com Deus. Eu
aceitei e estou lutando para continuar, e você?

As primeiras coisas
“Antes de se atribuir uma incumbência,deve haver o companheirismo.
Devemos aprender a conhecer Cristo antes de podermos anunciá-Lo.
Devemos ter comunhão para que possamos comunicar.
Devemos ser ministrados antes de podermos ministrar.
Devemos ser disciplinados para que possamos disciplinar.
Devemos amar nosso Senhor antes de podermos trabalhar para Ele.
Devemos adorar Cristo antes que possamos adornar sua doutrina.
Devemos ver a glória de Deus antes de podermos falar dela.
Devemos esperar pela visão antes que possamos compartilhá-la.
Devemos aguardar para podermos ensinar.
Devemos adorar antes que possamos realizar um trabalho espiritual.
Devemos buscar a Cristo antes de podermos falar sobre Ele.
Devemos permanecer em Cristo antes de podermos produzir frutos
que permanecem.
Devemos praticar a presença de Cristo antes que possamos pregar
sobre sua pessoa.

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Devemos meditar antes de podermos mediar.


O segredo do serviço eficaz é buscar Cristo em segredo.
Então ouviremos seu sussurro acima das palavras do mundo.
Então ouviremos seu chamado acima dos clamores da multidão.
Então sentiremos seu contato acima do contado da crítica.
Então conheceremos o amor de Deus acima do amor do eu e das
coisas.
Então conheceremos o poder de Deus acima do poder do Maligno.
Então ouviremos a mensagem de Deus acima dos murmúrios da
mensagem do mundo.
Então veremos o senhorio de Cristo acima de nossa posição, prestígio
ou prazer.
Então viveremos uma vida que não poder ser descrita em termos
comuns.”
(John Drescher)

Jesus, nosso Exemplo


Cristo é nossa promessa, nossa realidade e nossa vida. Com
Ele, nada nos falta, embora pareça que nos falte tudo. Com Ele,
somos vitoriosos, embora a vitória pareça distante. Com Ele,
somos filhos de Deus e vivemos seguros, embora a insegurança
nos assalte a cada passo.
Se angustiados, nEle confiamos. Se afligidos, caminhamos
com Ele. Se perseguidos, para Ele fugimos. Se caluniados,
confiamos nEle. Por Cristo vivemos e por Ele morremos. Nada
nos intimida. Nada nos espanta. Nada nos detém.
Somos livres em Cristo e de Cristo somos escravos.
Somos Suas testemunhas, Seus colaboradores, Seus servos, Seus

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embaixadores. Sua propriedade somos. Sua justiça é nossa justiça.


Suas obras, nossas obras.
Ele é nossa consciência e a força de nossas ações. Ele é nossa
alegria e o gozo de nossa vida. Nossa vida é Ele, e Ele é tudo o que
somos. Nada queremos que não seja dEle, nada que nos separe dEle.
Nele vivemos e nos movemos e somos. Ele é tudo para nós, em tudo.4

BIBLIOGRAFIA INDICADA:
HOHNBERGER, Jim; CANUTESON,Tim; CANUTESON,
Julie. Fuga para Deus: história de uma família em busca de uma
genuína experiência espiritual. Tradução de Delmar Freire. 3.ed.
Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2003.

LIESSI, Hebert D. Oásis: uma vida de intimidade com Deus


através da oração. Cachoeira-BA, 2020. E-book. ISBN: 978-65-
00-05658-7. Disponível em: <amazon.com.br/kindle>. Acesso
em: 06/08/20.

MAXWELL, Randy. Se meu povo orar. Tradução de Carlos


Gama Michel. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2004.

MINISTERIO DE MORDOMIA CRISTÃ E SAÚDE.


Intimidade de enriquecimento espiritual: seminário de
enriquecimento espiritual. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira

4
VELOSO, Mario. Em ritmo de espera. Revista Ministério. Julho-Agosto, p. 32,
2008.

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Dedique-se no
crescimento da
v i s ã o e d a m i ss ã o d a
igreja
“A igreja não é um clube de iates, mas uma frota de barcos de pesca”
Erton Korler

Muitos pensam que a igreja é como um clube de iates, onde


muitos se encontram no sábado para congregar e, depois do culto, ir
para cuidar dos afazeres pessoais. O povo de Deus não foi chamado
para ser um clube social ou um tribunal onde se julga a vida de
todos. E mesmo que alguns ainda se reúnam nos domingos, quartas-
feiras na igreja para pedir bençãos e, na sexta, no Pequeno Grupo,
se ficar somente no fato de congregar e depois despedir-se, a igreja
não terá alcançado o que ela tem por missão. Não será uma igreja.
A igreja tem que ser barcos de pesca. Barcos que não se
contentam apenas com congregar juntos num mesmo local, mas
saiam para pescar e ensinar outros barcos a pescarem também.

A obra acima de todas as obras, a ocupação que


sobreleva a todas e dever atrair todas as energias da
alma e pô-las em atividade, é de salvar pessoas por
quem Cristo morreu. Tornai isto a mais importante,
a principal obra de vossa existência (WHITE, IN:
ABDALA, 2009, p. 20).

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O pastor Erton Korler descreveu a missão da igreja


como a de “preparar o povo para o encontro com o Senhor”.5
“Aprofundar os de dentro e conquistar os de fora” também é a
base do discipulado do povo de Deus de acordo com ele. Acerca
desta visão e missão da igreja, abaixo estão cinco conselhos.

1. Não perca o brilho nos olhos


Não dê lugar às malícias que outros colegas possam plantar
em você, porque muitas vezes, algo que é ruim para o colega
pastor não é para você, mas poderá ser, caso lhe abra o coração
para receber esta planta maliciosa.
Cuidado com as expectativas também. Muitos teologandos
recém-formados, ao entrarem no ministério, criam uma fantasia
por conseguir chegar a tal função ou obter tais recursos para
suas ideias. É importante desejar crescer e estar preparado para
qualquer função caso seja chamado, mas ficar provocando algo
que é antinatural ou apressando algo que ainda não está maduro
ofuscará o brilho ideal no ministério.
Continue com a motivação interna em fazer o correto porque
Deus lhe chamou. Ter brilho nos olhos significa ser apaixonado
pelo que faz independente de função ou lugar; é ter uma vontade
proveniente de dentro para trabalhar para Jesus.

2. Não perca o foco do ministério


Sempre houveram muitas distrações para os povos. Porém,
5
1º Concílio Ministerial da União Leste Brasileira. 28-31 de janeiro de 2013. Salvador
– Bahia.

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HEBERT DAVI LIESSI
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a Bíblia fala que o inimigo é como um leão esperando para tragar


sua presa. Isso acontece frequentemente com pastores que caem em
distrações ou ciladas. Cada pessoa é propensa a se distrair com algo,
alguns com filmes ou internet, outros com conversas irrelevantes
em momentos relevantes. Muitos são distraídos pelo tempo, por não
conseguirem se autodisciplinar. Estes acabam não vendo o tempo
passar quando deveriam ter realizado a missão da igreja.
Não perder o foco é estar vigilante onde a igreja está e para
aonde vai. Estar no caminho correto é crucial para chegar ao lugar
final certo. Por tanto, procure ler mais a Bíblia para saber onde você
está dentro a missão da igreja, e para onde você vai. Seja como um
avião que se alinha através de instrumentos para chegar ao lugar certo.
Sobre o equilíbrio do ser pastor e ser um teólogo, McCabe
mostra que o papel do pastor deve ser o pastoral e profético,
ou seja, a união do conhecimento bíblico com a vida pastoral.

O papel profético do pastor (no púlpito) se relaciona


diretamente com seu papel pastoral (no atendimento
individual aos membros). O profético sem o pastoral
é ineficaz (e sem vida). O pastoral sem o profético
é uma deslealdade. O pastoral equilibrado com o
profético é o cumprimento da missão bíblica. 6

3. Trabalhar com a visão do discipulado


O discipulado envolve basicamente três fundamentos ativos.
A Comunhão, sendo o primeiro, tem a ver com o passar tempo com
6
GUARDA, Marcio Dias. Tempo de Sobra. Revista Ministério. Março-Abril, p. 25,
1999.

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Deus em meditação, estudo e adoração. Apocalipse 14:6-7 revela


como é importante a adoração pessoal de cada pessoa. Em segundo
lugar está o Relacionamento, o qual é entre os crentes. Deve-se haver
suporte, amor, perdão, motivação, etc. entre os salvos por Jesus.
Este segundo fundamento do discipulado pode ser aprofundado em
Pequenos Grupos, os quais são excelentes para o relacionamento.
E a terceira base ativa direcionadora do discipulado é a
Missão. Não basta você se dar bem com Deus e com os salvos
da igreja, é ordenado para nós buscarmos outras pessoas por
quem Jesus morreu. Esta é a visão da igreja, a missão da Bíblia:
Comunhão, Relacionamento e Missão.

4. Seja mais cuidadoso com o púlpito


Um dos trabalhos mais importantes do pastor é o que ele
deve fazer no púlpito: ensinar sobre Jesus. Há uma necessidade
de alimentar o povo, pois muitos passam a semana trabalhando
e só veem aos sábados para receber um pouco da Palavra de
Deus. Por tanto, o púlpito deve ser um lugar para ensinar como
Jesus é a solução e esperança para cada vida.
“Se o protestantismo morrer um dia com um punhal
nas costas, esse punhal será o sermão” disse Donald Miller, ao
colocar o dedo na desafiante ferida do adventismo em particular.
Comentando isso, George Knight relata que “na maioria dos
púlpitos, há muita fuga de um texto para outro ou fuga total
do texto bíblico.” 7
Os pastores e teologandos precisam ser
7
KNIGHT, George. Como pregar a Palavra . Revista Ministério. Janeiro-Fevereiro,
p. 19, 1999.

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HEBERT DAVI LIESSI
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exemplos de conhecimento e exposição clara das Escrituras.


Por tanto, como a visão da igreja é preparar o povo
para encontrar-se com o Senhor, faça de seus minutos no
púlpito, momentos de crescimento espiritual, de estudo, de
aprofundamento e de aplicação das verdades divinas na vida diária.
“O Senhor não prometeu abençoar minha palavra, mas prometeu
abençoar a Palavra de Deus” John Drescher.

5. Seja um pastor mais próximo das pessoas


Lembre-se de sua vida como membro. Qual pastor marcou
mais você: alguém que era um grande pregador, mas não chegava
perto das pessoas, ou de outro, que não era tão eloquente como
o anterior, mas visitava seus membros? Nós sabemos que ambos
podem ter nos marcados grandemente, porém, aquele que está
próximo às pessoas, tem mais oportunidades de conhecê-las e
praticar o discipulado e a missão da igreja.
Quando eu estava na faculdade, conheci um pastor que
tinha cheiro de ovelha, ou seja, era claro como ele estava sempre
perto de seus membros. Era incrível como este conhecia sobre
a vida do ser humano e como conseguia guiar nossos problemas
para possíveis soluções. Você teologando vai ser um grande
pastor, porque Deus o tornará grande, mas lembre-se que a
maior grandeza é de não brilhar sozinho, mas compartilhar luz
com os membros para que eles sejam luzeiros.
No poema “O Equívoco Pregador”, Brewer Mattocks
escreve a grande importância da visão pastoral de modo a estar
com pessoas:

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

O sacerdote da Paróquia da Austeridade,


subiu ao alto do campanário da igreja,
para ficar mais perto de Deus,
de forma que pudesse transmitir
Sua Palavra ao seu povo

Quando o sol estava alto,


quando o sol estava baixo,
o bom homem sentado distraído
nas coisas sublunares
Da transcendência
estava ele lendo continuamente.

E de vez em quando
ouvindo ele o ranger
do cata-vento girando,
Fechava seus olhos
E dizia:“Na verdade,
de Deus estou agora aprendendo.”

E no manuscrito do sermão
ele escrevia diariamente
o que pensava tinha vindo do céu.
E ele deixava cair isso
sobre as cabeças de seu povo
duas vezes num dia da semana.

Em sua hora disse Deus:


“Desça daí e morra!”
E ele gritou do campanário:
“Onde estás, Senhor?”
E o Senhor respondeu:
“Aqui embaixo no meio do meu povo.” 8
8
ARMSTRONG, William A. Minister, heal thyself. Pilgrim Press, 1985, p. 21-22.

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SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Jesus, nosso exemplo


Jesus é o foco de nossa missão. É a missão de sua igreja. Ele
mesmo nasceu como ser humano para estar próximo das pessoas
a fim de prepara-las para o encontro com ele mesmo naquele
grande dia de seu retorno. Não ficou sozinho fazendo milagres,
mas ensinou aos discípulos como fazê-los através de Sua graça. Não
atuou sozinho, mas preparou discípulos para compartilhar Suas
vitórias ao fazerem sua obra. Jesus é nosso exemplo, pois foi o
maior pescador de pessoas ao ensiná-las o caminho e a verdade ao
dar sua vida por esta missão.

BIBLIOGRAFIA INDICADA:
ABDALA, Emilio Geraldo Dutra. Manual para evangelistas:
estratégias modernas para séries de colheita e plantio de igrejas.
Cachoeira: CEPLIB, 2009.

ANDERSON, Roy Allan; ARAUJO, Jairo N. de; BIVAR,


Renato A. O Pastor-Evangelista: sua vida, ministerio e recompensa.
Santo André: Casa Publicadora Brasileira, 1965.
FERREIRA, Otoniel de Lima. 21 dias de poder: preparando
a igreja para buscar e salvar o perdido. Feira de Santana: Clínica
dos Livros, 2011.

TIMM, Alberto R; CHAVES, Jolivê (Org.). Pequenos


grupos: aprofundando a caminhada. São Paulo: Casa Publicadora
Brasileira, 2011.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Seja mais pró-ativo


na igreja de prática
p a s t o r a l (e s t á g i o )
“Deus usa muitas igrejas difíceis na trajetória de alguns pastores,
para ensiná-los como ser crucificado com Cristo e permanecer algum
tempo na cruz, como ele o fez”
Anônimo

Importância da prática pastoral

Quando comecei a estudar teologia, eu era muito novo.


Tinha experiência como membro de igreja, como desbravador,
como líder de pequeno grupo e como músico. Desde meu
nascimento minha família já era adventista, assim que, não era
complicado para mim ser um membro. O desafio agora era ser um
líder da igreja, um pastor, um comunicador, um conselheiro, um
defensor dos regulamentos e, o que aprendi a gostar com o tempo,
um evangelista.
Com este grande desafio, eu me perguntava, “qual é então
a importância de eu fazer prática pastoral a cada sábado?” “Para que
serve fazer isso desde o primeiro ano na faculdade?” “O que vai me
mudar?”
Felizmente todas as experiências me responderam que
uma das maiores formas de ser um pastor é começar, a prática/

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

estágio, desde o primeiro ano de teologia. Para mim que não tinha
experiência como líder, me ajudou a desenvolvê-la. Para os alunos
que estão estudam teologia que não tiveram uma grande vivência
no ministério pastoral anteriormente, esta prática lhes ajudará a
ampliarem seu conhecimento aplicado e serão desenvolvidos de
uma maneira mais profunda.
Por outro lado, para alguns amigos que já tinham a imensa
capacidade de liderar e motivar a igreja, a prática pastoral os ajudou
a se controlarem mais em palavras e ações. Era incrível ver como
os grandes anciãos com 35 anos vinham para estudar teologia. Eles
já conheciam tudo, eu pensava. Eles só vieram aprender um pouco
mais e buscar o diploma, eu pensava. Até que descobri que muitos
deles, assim como eu também em muitos casos, necessitavam
diminuir muito do que eram no passado para se tornarem pastores
mais brilhantes.
Por exemplo, um amigo com 15 anos de liderança na
igreja, teve que pedir perdão a muitos colegas e professores
devido às posições “erradas” que tomava na prática pastoral,
as quais mostravam ser uma visão grande, mas localizada em
apenas uma região do país e não se encaixando para o contexto
de onde este estava sendo pastor-teologando. O sábio professor
nunca o diminuiu por pensar assim, pelo contrário, usava esta
excelente visão regional para ampliá-la na visão da igreja
mundial.
Assim que, para todos os alunos que estudam teologia, os
experientes e os não tão experimentados, a prática pastoral é de
tão grande valor como os discípulos que estiveram os três anos

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

e meio andando com Jesus e aprendendo com ele a aplicação de


todas as verdades e doutrinas de Deus.
Além de tudo isso, o teologando que vai para a prática
pastoral, estará influenciando as pessoas que estarão ao seu
redor. Querido teologando, com ou sem experiência, o Espírito
Santo te usará para aconselhar famílias com problemas e jovens
desorientados. Ele te acompanhará nas pregações e usará estas
para tocar corações de muita gente. Deus ensinará as pessoas a
amarem mais a igreja através de teu comportamento e equilíbrio
eclesiástico. Por tanto, a cada sábado, você pode aprender muito
e crescer como ministro, porém, além disso, você poderá mostrar
Jesus para pessoas que só vão amá-Lo, talvez, quando conhecerem
teu exemplo de orar e agir.

Preparo antecipado
“Uau, hoje já é sexta-feira e eu tenho que preparar tudo
para amanhã ir à minha prática pastoral” me disse um amigo.
Vou ser o professor da escola sabatina e, além desta grande
responsabilidade, tenho que ser o porta-voz de Deus na pregação
principal do sábado. “Hoje vai ser um dia cheio para preparar tudo!”
Meu amigo me disse que além de ser muito corrida a semana
acadêmica na faculdade, uma vez por mês tem que pregar no culto
divino em minha igreja de prática, fora a responsabilidade de sempre
repassar a lição da escola sabatina e preparar textos específicos para as
visitas que se farão de tarde. “É muito complicado” disse ele, “tenho
que fazer tanta coisa e, ainda, ir aos sábados para ajudar uma igreja”!

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Certo dia, nós estávamos conversando e eu lhe


perguntei: “por que então quer ser pastor, se fica tão
apreensivo com os deveres no sábado? A vida pastoral é
assim mesmo!” Então ele me respondeu com um sorriso de
gratidão: “É verdade, é muito corrido mesmo, mas tenho que
agradecer a Deus por esta oportunidade. Minha sexta-feira
me cria muita expectativa para o próximo dia. No sábado
quase não durmo direito pensando como vou influenciar as
pessoas através de minhas palavras e ações. Contudo, quero
continuar assim, e ser pastor, pois durante e no final de cada
sábado, posso sentir-me como Jesus, o qual após uma semana
de oração e aprendizado de Deus desce da montanha “sagrada”
para abençoar as pessoas e compartilhar ricas experiências
dos milagres”.
Até este momento eu estava feliz com o que ele me
disse, porém, ele continuou dizendo algo que me fez entender
o valor da prática pastoral do teologando: “quero continuar
assim e ser pastor, porque a prática pastoral a cada sábado é
como a cereja mais gostosa e doce do bolo, a semana é o bolo
e o sábado na igreja é o dia mais feliz para mim, onde estou
com as pessoas vivendo o evangelho na comunidade de fé.”
Eu citei esta história de meu colega somente para
expressar como deveria ser um preparo antecipado para o
sábado. Nós, como teologandos e pastores, necessitamos estar
nos fortalecendo desde o domingo para conseguir, no próximo
sábado, um resultado maior. É certo que muitas vezes temos
que fazer tudo em cima da hora, mas se nos organizássemos

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HEBERT DAVI LIESSI
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anteriormente, possivelmente estaríamos mais tranquilos


para ir à igreja.
Prepare sua Lição da Escola Sabatina e seu sermão antes
da sexta. Não deixe para a última hora. Certo pastor comentou
que “quando mais tempo dedicamos para o preparo da mensagem
bíblica, mais tempo esta ficará gravada nos corações dos membros”.

Igrejas “Diferentes”
Eu sempre gostei da unidade na diversidade. Gostava de
ver como igrejas tão diferentes estavam unidas por uma mensagem
de fé. Assim que, desde criança, apreciava visitar igrejas com meu
pai, analisando suas características e encontrando o ponto de união
e equilíbrio em cada uma delas. Quando comecei a fazer teologia,
sabia que teria que a cada semestre trocar de igreja, na prática
pastoral. Nem sempre foi assim, pois logo na primeira igreja
fiquei um ano. Mas meu objetivo era estar a serviço de qualquer
igreja que me colocassem para ajudar, mesmo que meu coração
não gostasse muito, eu pedia para Deus me ajudar a ser assim.
Com este pensamento, não ficava tentando trocar de
igreja para um lugar aparentemente “melhor”. Eu era muito feliz
por onde passava, e fazia meu melhor onde estivesse. Porém, eu
não era tão passivo em só fazer o que me pediam, ou seja, eu queria
inventar lugares diferentes para eu ir. Aproveitava os convites para
pregar em igrejas e procurava aprender com a experiência de
meus colegas sobre suas igrejas. Ao finalizar a faculdade, eu passei
por diferentes igrejas, com abordagens evangelistas distintas, mas

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SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

direcionadas para o mesmo foco. Hoje, sendo um pastor, posso com


propriedade dar este conselho para você, teologando: esforça-te ao
máximo nas suas igrejas de prática pastoral, porque quando você
começar o ministério, tudo vai depender de você, e o que você
aprendeu ou não vai ser visto por todos os que têm contato contigo.
Se eu voltasse a ser teologando, eu procuraria deixar que
Deus me usasse mais poderosamente nas igrejas da prática pastoral,
não impedindo a vontade de Deus devido à fraqueza humana. Eu
tentaria não ser tão passivo no trabalho, e sim mais dedicado e
influente com os irmãos. Sei que Deus me pode transformar a cada
dia, eu busco isso, pois eu preciso ser um instrumento usado por Ele.

Dicas para o sucesso


O que quero compartilhar contigo agora são métodos
práticos que aprendi com minha experiência, com os muitos
conselhos de amigos, dos coordenadores da Faculdade, pastores
das Associações e além das dicas dos membros da igreja.
1. Seja um homem de oração. Quando você orar para
seu crescimento espiritual, para seu conhecimento da graça de
Jesus, sua vida será uma prática constante do ministério de Deus
te chamou.
2. Procure entender que não há igrejas iguais.
Com quatro ou cinco anos na faculdade, você passará por igrejas
de fazendas, centrais de distritos, grupos que estão iniciando,
congregações com ministérios diferentes do programa original da
Associação/Missão, igrejas rebeldes com seus líderes, comunidades

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SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

que dão a vida por seus pastores, e muitos mais. Procure analisar
quais são as características da igreja onde vai fazer prática. Busque
informação e formação para contribuir com um crescimento
equilibrado. Caso você não entenda o proceder de tal igreja (que
não esteja contra os regulamentos), aceite. Caso você não aceite,
entenda que nem todos são iguais a você, e não precisam ser. Assim
que viva bem com todos e tente agregar-lhes algo e não retirar.
3. Seja dedicado em tudo o que te pedirem. Muitos
relatórios serão exigidos de ti para que arquive as atividades que
está desenvolvendo na igreja, faça isso de maneira organizada e
com boa vontade, pois não irá mudar quando chegar ao campo
para ser um pastor efetivo. Os relatórios e exigências que te são
solicitados servem para administrar melhor a igreja e para ter
fundamentos sólidos de seu crescimento.
4. Seja proativo. Haverá diversas coisas que você verá que
falta fazer ou decidir. Seja proativo, ou seja, faça primeiro, não
para que outros vejam o pastor trabalhando, mas faça bem feito
como membro da igreja e servo de Deus. A pró-atividade é um
extinto de ação imediata, é um reflexo colaborador sem ninguém
ter pedido anteriormente.
5. Procure materiais para seu crescimento. Quando
estamos na sala de aula, aprendemos muito. Quando procuramos
capacitação por nós mesmos, colocamos tudo o que aprendemos
na classe em prática. Ao procurar e usar materiais extraclasse ou
além da prática pastoral, você alcançará mais força e profundidade
para alimentar os membros de sua igreja.
6. Respeite a liderança primária e secundária da

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SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

igreja. Ou seja, o pastor do distrito ainda é o líder eclesiástico e


os anciãos são os líderes locais.Você estará passando por uma igreja
no máximo um ano, enquanto estuda teologia. Por isso, não queira
tomar decisões que colocará a igreja em problemas, ou, por outro
lado, não queira solucionar problemas que não são de teu alcance
e munição. Sempre esteja em contato com o pastor distrital,
ele é o líder, você é o pastor auxiliar. Ele é pago para resolver
problemas e dar soluções.Você pode ajudá-lo, mas lembre-se, tudo
deve ser mentoreado por ele. Quando comecei o ministério, fui
chamado para ser pastor auxiliar de uma igreja muito importante
na Associação. Eu conseguia me dar bem com o pastor oficial e
com a liderança, pois aprendi na prática pastoral do SALT como
ser um ajudador e auxiliar.
7. Faça treinamentos. Muitos dos benefícios que você
pode dar à sua igreja de prática são treinamentos nas áreas que
eles peçam ou precisam. Um treinamento adequado, equilibrado e
bem fundamentado pode tornar sua aplicação na obra eclesiástica
mais poderosa do que um poderoso sermão.
8. Pregue mensagens cristocêntricas. Sobre isso,
Mervyn A. Warren explica que embora nós tenhamos fogo e
madeira, sem Jesus Cristo, seu sermão não passa de um vazio
verbal. “Pretendemos ter sempre a última palavra sobre todas as
coisas. Mas o povo que os ouve espera que conheçamos a primeira
coisa sobre Cristo”. 9
É muito fácil para o ser humano falar sobre si, sobre suas
9
WARREN, Mervyn A. Onde está o Cordeiro? Revista Ministério. Maio-Junho,
p. 19, 2008.

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conquistas, sobre seus sonhos, etc., o difícil mesmo é exaltar a


Cristo dentro de cada palavra que proferimos. Nossos sermões
devem ser baseados no que Cristo fez, desde a criação até a
restauração da Terra. Nossas ilustrações devem ser claras para os
ouvintes, mas sempre procurando elevar o nome do Salvador. Não
procure fazer uma mensagem a partir de algo que você viveu, mas
a partir das verdades bíblicas, use o que você vive para mostrar
como Cristo pode agir em Seus fiéis.

Jesus, nosso exemplo


Uma vez perguntaram na classe: “o que o jogador de futebol
faz nas férias?”, respondeu o professor: “joga bola!” O fato de ter
esta atividade nas férias mostra o quando sua vida está dedicada
nesta ação. Ele não o faz só por obrigação, mas por prazer. Jesus
não veio à Terra por obrigação ou imposição do Pai, não veio fazer
sua “prática pastoral” como uma tarefa que não desejava. Pelo
contrário, era seu desejo ficar com Seus filhos em todo momento
possível. Ao vir a este mundo, Cristo é nosso exemplo, pois mostra
que nós devemos sair de nossa zona de conforto a fim de alcançar
pessoas para Deus. Jesus trabalhava por prazer, visitava com alegria,
pegava a Bíblia com satisfação, se misturava com diferentes pessoas
e culturas por necessidade de abranger a aceitação da graça.
Sejamos como nosso Deus, que vivia com pessoas pelo desejo de
salvá-las e não por obrigação.

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HEBERT DAVI LIESSI
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Tenha ética com os


colegas
“Para os adventistas modernos, a ética não está determinada por
um conjunto de regras exteriores, mas por uma apropriada relação
espiritual com Cristo.”
Juan Millanao 10

Ética Pastoral ou Ética Individual

A maneira como os pastores convivem uns com os outros,


se falam bem ou mal uns dos outros, e se o seu relacionamento
ético está em harmonia com a Palavra de Deus, certamente terá
grande influência, para o bem ou para o mal, sobre o progresso do
evangelho. Ellen White afirmou que “coisa alguma tanto retarda e
entrava a obra em seus vários ramos, como o ciúme, as suspeitas e
as desconfianças. Isso revela dominar a desunião entre obreiros de
Deus. O egoísmo é a raiz de todo mal”. 11
Nesta sessão, vou descrever alguns problemas que existem
na relação de teologandos e pastores.Vou chamá-las de falhas éticas
no relacionamento pastoral, semelhantemente como fez Abdala
(IN: TORRES, 2008, p. 199):
1. Orgulho e inveja.
10
MILLANAO, Juan O. Os degraus da ética cristã. Revista Ministério. Novembro-
Dezembro, p. 17-19, 1999.
11
WHITE (1978 IN: TORRES, 2008, p. 199).

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SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

O orgulho nos faz pensar que somos indispensáveis. Nutre


em nós um sentimento de superioridade e nos engana com a falsa
percepção de que nossa riqueza e posição são frutos de nosso
trabalho e habilidades. Quando a turma do primeiro semestre
acaba de iniciar as aulas, onde todos começam a se conhecer, um
ser inicia sua fala em tom alto, exibindo suas habilidades em ganhar
dinheiro, mostrando que pode ser o líder da classe. Isso é orgulho e
vanglória. Outro ser se levanta e revela seu currículo como ancião
experiente de igreja em contra-ataque ao comentário do ganhador
de dinheiro. Isso é inveja. Se o orgulho é a excessiva preocupação
com nossas próprias realizações e habilidades, a inveja tem por alvo
atingir as realizações, posses e habilidades de outros.
Os teologandos, desde o início do ministério na sala
de aula, devem se proteger contra este mal, antes que cresça
no pastorado. É necessário não procurar tanta popularidade de
alguns, a ponto de termos inveja dos mais preferidos que nós. “Nós
vemos o sucesso de outros como uma ameaça ao nosso próprio
ministério” disse Abdala (Ibid., p. 201), e por isso, muitas vezes
não conseguimos celebrar as vitórias de nossos colegas e até
desprezamos seus sucessos.
2. Competição e individualismo.
Certo professor pede para os alunos se organizarem em
grupos a fim de apresentar um tema na sala de aula. Ele mostrou
que o grupo deveria estar unido em conteúdo e pensamento. Mas,
errou por um detalhe, decidiu dar pontos individuais. Ou seja, os
cinco estudantes apresentariam juntos, mas nem todos ganhariam
a mesma nota. Não estou contra esta forma de avaliar, mas creio

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HEBERT DAVI LIESSI
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que esta gerou uma competição entre os participantes daquele


grupo, quem apresentasse melhor o assunto.
Muitas vezes, o sucesso de um significa o fracasso dos
outros. Certa vez, uma turma de evangelismo dos teologandos foi
“motivada” para batizar mais do que a anterior. Esta tinha ganhado
para Jesus 1.000 pessoas, graças a Deus. Porém, o novo grupo
anela mais de 1.500, só para dizer que o professor era o melhor e
que eles estavam mais preparados. Foi uma competição tão grande
que alguns perderam o foco do maravilhoso valor de ganhar uma
pessoa só para Cristo.
É natural e necessário nosso desejo por melhorar e superar.
O problema é que nossa cultura nos molda com a ênfase na
individualidade e competição. Um estudante que vê o amigo
da cadeira ao lado pregando na igreja principal da Universidade
torce para que o colega se saia bem, mas, em simultâneo, ele
gostaria se estar em seu lugar ensinando da Bíblia também.
Abdala dá duas sugestões para diminuir os impulsos internos
da individualidade: (a) praticar a cooperação mútua, ajudando seu
companheiro a alcançar um nível tão bom, ou melhor, do teu; (b)
compartilhar recursos e ideias,a fim de gerar um crescimento coletivo
e não somente o de um “lobo solitário” que descobriu algo inédito. 12
Querido teologando, tome cuidado com a ética com seus
colegas desde o início da faculdade, para que não cresça e chegue
a destruir o ministério de algum pastor no futuro. Tenhamos uma
ética pastoral, ações de crescimento coletivo do corpo de Cristo.
12
IN: TORRES, 2008, p. 199.

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Se eu voltasse a ser teologando, eu procuraria tratar a cada pessoa


como se estivesse tratando meu Jesus.

Ética na sala de aula


“Agora estamos em aula” um dia eu escrevi. O professor dividiu
os alunos em grupos para apresentar seminários. As apresentações
estão sendo muito boas. Meus amigos estão explicando bem e até
ilustrando o conteúdo com vídeos e documentários. Porém, em certo
momento a turma se cansou, e enquanto os grupos estão discursando,
quase todos os colegas que estão sentados começaram a conversar
sobre outros assuntos e fazer barulho, atrapalhando os apresentadores.
Eu também me cansei, não queria ficar mais na aula. Estava com
fome e não tinha dormido muito bem. Mas, o que eu poderia fazer?
Tentei ficar sentado e lutando para prestar atenção, até o momento
que comecei a conversar também.
Aconteceu que, certa hora, o professor ficou tão nervoso com a
má atitude nossa, ao desrespeitarmos nossos colegas, que nos deu um
grande sermão de reprovação. Bem, eu concordei com ele, mas ainda
estava sentindo meu erro de não ter sido ético com meus amigos na
apresentação. Aprendi que em qualquer circunstância, tenho que me
esforçar muito para tratar meus semelhantes como eu mesmo gostaria
de ser tratado.
Se eu voltasse a ser teologando, procuraria ter mais respeito
com o esforço de meus colegas, tentaria ouvir suas palavras e aprender
das experiências que eles estão comunicando. A ética é respeito com
as ideias opostas que você tem.

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Ética ou (e) Transparência?


Eis um ponto difícil para nós sul-americanos. Juntar estes
dois conceitos, ética e transparência, em nossa vida prática
parecem ser o clímax da ignorância cristã. Bem, esta frase é forte,
mas o que quero expressar é que quando deixamos de ser nós
mesmos para colocar uma “máscara” aceitável e conveniente para
a maioria, deixamos o princípio bíblico de não mentir (Ex. 20).
Ou seja, vivemos como ignorantes algumas vezes, pois fazemos
coisas que não concordam com o que cremos. Deixa-me me
explicar. Quando eu atuo como um bom “futuro pastor” (mas não
o sou de fato) somente para agradar aqueles que têm autoridade,
estou mentindo. Quando necessito ouvir as coisas erradas que
fiz para melhorar e, me ocultam os conselhos, deixando que eu
cresça de maneira torta, mentem contra mim. Quando estou na
frente de professores, pastores e administradores falando bem e
concordando com eles em tudo, mas por detrás, tenho um plano
para atingi-los pela amargura que me fizeram, estou mentindo e,
tomando o nome do Senhor em vão.
Ser ético é respeitar as pessoas de tal forma, que o amor seja
a base para cada ato. Se não houver amor, não há ética viva. Sem
amor, há apenas uma ética morta e fria, onde o mais fraco perde
para o mais forte. Antes de continuar lendo, quero te perguntar:
qual é o grau de amor que você tem pelo teu próximo? Sua resposta
dirá qual ética (atitudes) tem. 13 Toda a ética deve ser transparente.
Um exemplo: nós (sul-americanos), na grande maioria,
13
CARBONE, Giuseppe. A finalidade da ética na área educacional adventista.
Seminário para educadores da Associação Bahia. Salvador, 2012.

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temos medo de ser verdadeiros porque tememos nos prejudicar.


A multicultura sul-americana cresceu em colônias. Todos os países
foram de alguma forma, províncias de Estados estrangeiros mais
poderosos. Frequentemente, os governantes oprimiam o povo e
não davam liberdade. Assim, quando pessoas queriam fazer o que
desejavam, mostravam-se obedientes à vista deles, mas, quando
distante, faziam coisas proibidas ou planos de destruição desse
governo. Depois da independência dos países, a ditadura foi intensa
em sua maioria. E ocorreu o mesmo fato, “Amigos dos ditadores no
dia, inimigos na noite”. Somos culpados de fingir sermos algo que
não somos, só pelo medo de perder a vida, o status, ou benefícios.
Não estou estimulando ninguém a seguir este exemplo e,
muito menos, diminuindo nossa cultura. Este tópico pretende
apenas refletir em nossas ações secretas e, reagir de maneira ética
transparente. Isso é um desafio para muitos de nós. Necessitamos
ser verdadeiros, e não mentir para nós mesmos ou para nossas
autoridades. Necessitados ser éticos e transparentes, ou seja,
bondosos, verdadeiros, misericordiosos, justos e sinceros. A base
para tudo isso é o viver cristão. Não há como ser um seguidor de
Cristo sem os frutos do espírito (Gálatas 5), os quais geram pessoas
que unem uma ética viva e amorosa com uma transparência sincera
e misericordiosa.

Grupo de Apoio aos Teologandos (GATE)


Dando seguimento à ética com os colegas, esta sessão visa
não somente tratar uma pessoa de maneira cristã, mas desafia a

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fazer algo mais por suas necessidades. Existem muitas formas de


ter ética com os colegas de classe. Se eu voltasse a ser teologando,
tentaria, através da ética, ajudar meu semelhante que estivesse
precisando de suporte financeiro e emocional. Foram desenvolvidos
programas para dar contribuições financeiras aos teologandos,
um dos nomes é GATE. Este grupo de teologandos busca fundos
financeiros, procuram patrocinadores e pedem reforço para
melhorar a vida dos colegas estudantes. Muitas vezes um amigo
chega ao início do semestre sem dinheiro suficiente para fazer
a matrícula, quanto mais para comer. Então, o GATE, ou outro
grupo que você conheça, oferece cestas-básicas de alimentos não
perecíveis e materiais de higiene, os quais ajudarão na manutenção
da vida do colega, fora as ajudas na matrícula.
Creio que uma das formas mais nobres e dignas de ser ético
com seu semelhante é ajudá-lo em suas necessidades. Assim, eu te
desafio a ajudar o próximo que está perto de ti com comida, roupas,
materiais de higiene, Xerox de algum material, etc.Assim, as marcas
de Cristo, que ajudou o mundo, estarão mais visíveis em nossa vida.

Sugestões para ações


1. Ouça mais. É tão bom saber que alguém nos escuta
e, mesmo sem concordar, aceita que temos uma posição e um
pensamento.
2. Não critique. A crítica destrutiva é prejudicial. A Bíblia
diz que devemos ir primeiro tratar com a pessoa responsável, antes
de falar em público os problemas.

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3. Ofereça ajuda. Quem não tem nada, ou muito pouco,


ama aqueles que lhe ajudam a melhorar sua situação.
4. Lembre-se que você não é o único. Há muitos
colegas com virtudes muito maiores que você. Ao respeitar seu
semelhante, você mostra quão importante ele é para você.
5. Seja verdadeiro. Não esconda quem é você e nem
oprima o que você pensa. Fale com carinho e aja com amor,
respeitando as diferenças e unindo a fé nas discórdias.
6. Busque o Colegiado do SALT local. Sempre os
professores fazem avaliações dos alunos sobre suas condutas e
desenvolturas. Busque o resultado. Pergunte como melhorar nos
pontos baixos. Peça para algum professor ser seu conselheiro e
porta-voz do colegiado para sua vida de estudante e ministerial.
No final de um ano letivo no SALT-Chile, o Pr. Walter Alaña me
convidou para conversar brevemente. Suas palavras me marcaram
e, vão me influenciar por toda minha vida como pastor: “Hebert,
o colegiado te avaliou. Você está de parabéns nestes pontos..., mas
necessita desenvolver melhor estes outros pontos... O SALT está
aqui para te ajudar e edificar...”. Isso mudou meu comportamento
e meu respeito pela liderança de tal forma que, hoje, e sempre,
eu agradeço a forma transparente (não escondida) e ética (com
respeito) com que eles me educaram.
7. Aceite que nem tudo é como você quer. Como
isso é difícil, mas é possível ser feliz e adorar a Deus neste meio.
Ao entender ou não as propostas distintas das tuas, aceite e
procure ser igual Jesus, alguém que para unir a igreja e não dividir.

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HEBERT DAVI LIESSI
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Oração árabe 14
Deus!
Não consintas que eu seja o carrasco que sangra as ovelhas, nem uma
ovelha nas mãos dos algozes.
Ajuda-me a dizer sempre a verdade, na presença dos fortes, e a nunca
dizer mentiras para ganhar o aplauso dos fracos.
Meu Deus!
Se me deres a riqueza, não me tires a felicidade; se me deres a força, não
me tires a sensatez.
Se me for dado prosperar, não permitas que eu perca a modéstia,
conservando apenas o orgulho da dignidade.
Ajuda-me a apreciar o outro lado das coisas, para não enxergar a traição
de eventuais adversários, nem acusá-los com maior severidade do que a
mim mesmo.
Não me deixes ser atingido pela ilusão da glória, quando bem-sucedido,
nem desesperado, quando sentir o insucesso.
Lembra-me de que a experiência de um fracasso pode proporcionar maior
progresso.
Ó Deus!
Faze-me sentir que o perdão é a maior demonstração de força, e que a
vingança é prova de fraqueza.
Se me tirares fortuna, deixa-me esperança.
Se me faltar a beleza da saúde, conforta-me com a graça da fé.
Quando me ferirem a ingratidão e a incompreensão dos meus semelhantes,
cria em minha alma a força da desculpa e do perdão.
E, finalmente, Senhor!
Se eu Te esquecer, rogo-Te, mesmo assim, nunca Te esqueças de mim.

14
Revista Ministério. Novembro-Dezembro de 2008, p. 32.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Jesus, nosso exemplo


Cristo respeitava seus semelhantes. Procurava sempre estar
ao nível da pessoa para lhe ouvir e oferecer o pão da vida. Quando
a mulher samaritana falou com ele de maneira um pouco rude
(João 4), ele não respondeu da mesma forma, pelo contrário,
procurou palavras confortáveis para tratá-la bem. Jesus é nosso
exemplo na ajuda do próximo, o qual muitas vezes, tirava de sua
própria comida para alimentar aos que necessitavam. Jesus é nosso
exemplo ao dizer a verdade para os amigos e inimigos de maneira
bondosa, respeitosa e transparente. Sejamos como nosso Salvador,
respeitador e interessado pelas pessoas, não egoístas ou orgulhosos,
mas abertos para edificar corações quebrados através da graça.

BIBLIOGRAFIA INDICADA:
BONHOEFFER, Dietrich; BETHGE, Eberhard (Compil.).
Ética. Tradução de Helberto Michel. 9. ed. São Leopoldo: Sinodal,
2009.

TORRES,Tania Maria Lopes;TORRES, Milton Luiz (Org.).


Ética pastoral. São Paulo: All Print, 2008.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Considere
a
colportagem um dos
meios evangelísticos
mais importantes,
além do crescimento
p e ss o a l e f i n a n c e i r o
“Vender é ajudar as pessoas a encontrar soluções para seus problemas”
Zenivalter Silva

Importância das Publicações na evangelização


As publicações servem para ampliar a visão dos membros
e crentes (crescimento interno) e, por outro lado, pregam
poderosamente aos não-membros (crescimento externo).
Na Bíblia há referências indiretas sobre o sagrado valor desta
estratégia de evangelização. Daniel sabia que este método ajudaria
seu povo a crescer e a revelar a verdade de Deus ao mundo. Por
isso deu especial ênfase para publicar escritos por todo o Império
Babilônico e Medo-Persa.
Quando ele começou a escrever em aramaico (2:4-7:28) no
seu livro, não queria mostrar-se inteligente. Este profeta tinha em
mente que esta língua era o idioma universal, onde todos os povos
poderiam ler seus escritos, tornando assim, revelada a mensagem
e obras de Deus às nações. Talvez o profeta não sabia como seus
escritos seriam utilizados, ou se todo o reino iria lê-lo ou não, nem

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

o sabemos hoje, mas é possível deduzir que foi escrito para muitas
pessoas lerem (Daniel 6:25-27).
Temos que colocar em cada casa fragmentos com mensagens
da salvação. Desta forma, Deus poderá tocar os corações
silenciosamente, convertendo pessoas e preparando-as para uma
vida cristã. O ministério das publicações sempre existiu, e a
colportagem, sendo mais atual, é um ministério mais organizado
para alcançar estes objetivos.

Colportagem ou Vendas
Colportagem nunca teve a ênfase de ganhar dinheiro, mesmo
sendo um meio de subsistência de vida. Esta obra começou com
pessoas que vendiam materiais no mercado e na casa das pessoas
e, quando achavam segurança e desejo, lhes apresentavam partes
da Bíblia como objetivo principal. Quando esta obra começou, era
muito necessário ganhar dinheiro para viver, mas o foco maior, o
esforço primordial era encontrar corações abertos para conhecer
a Jesus.
Uma vez um amigo me disse: “Como posso evangelizar se
somente vendo livros de saúde?” “Como as pessoas vão encontrar
a Jesus se nós não podemos lhes falar nada?” Questionei por muito
tempo estas dificuldades, até descobrir que, quanto mais vendo,
mais dou oportunidades para as pessoas de conhecer Jesus. Até
os livros de saúde estão num formato e com o conteúdo baseado
na Bíblia e no Espírito de Profecia. Quando alguém procura
alguma receita para conseguir a cura, ela encontra, entre linhas,

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

mensagens espirituais que a abrem a mente para buscar mais e


mais. Se eu não posso falar sobre Cristo, tanto pelo tempo como
para evitar preconceitos, qual é a melhor forma de evangelizar?
VENDENDO. Quanto mais vendemos, mais materiais estarão nas
mãos das pessoas, mais conteúdos bíblicos estarão em suas casas.
As vendas são frias e egoístas em sua maioria. Muitas vezes
são mentirosas. Quem vai apenas para vender livros, não vai
colportar. Quem trapaceia as pessoas para ganhar mais lucro, não
está colportando. Devemos tirar de nossa cabeça a visão mundana
da “falsa colportagem” que muitos “colegas” estão semeando
em nosso coração. Vender não é colportar. Porém, colportar é
evangelizar através de vendas. Ou seja, qualquer um pode vender
livros, mas nem todos conseguem mostrar Jesus através de livros.
Quero te desafiar a encarar a colportagem, um ministério
santo criado por Deus e formatado por homens, como uma grande
conferência pública silenciosa, como um estudo bíblico profundo.
Talvez você vai colportar nas próximas férias, eu te desafio a pedir
a Deus não um difícil trabalho para ganhar dinheiro, mas um
produtivo método para levar a mensagem de salvação a cada casa
e, como resultado, Ele, sempre Ele, te dará o necessário para o
sustento nos estudos e nas despesas.

Benefícios da Colportagem
Nicolas Chaij15 mostra sete grandes benefícios que a

CHAIJ, Nicolas; CONRADO, Naor G. O colportor de exito. 5. ed. -. São Paulo:


15

Casa Publicadora Brasileira, 1998.

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SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

verdadeira obra da colportagem pode atribuir ao trabalhador


fiel e dedicado, descrevo alguns deles:
1. O lucro financeiro. Os lucros são presentes de Deus
para o sustento de Seus filhos.
2. Melhor administração. Crescimento do manuseio do
dinheiro e do tempo. Consegue administrar melhor a vida.
3. Melhor educação. Ao procurar convencer as pessoas,
a mente se torna alerta, fazendo-a aguçada em inteligência e
percepção das pessoas.
4. Enriquecimento da personalidade. Ao enfrentar as
oposições e dificuldades, o colportor desenvolve coragem e firmeza
de propósito. Faz dele mais ordenado, abnegado e vigoroso.
5. O melhor benefício. Deixa-se ser usado pelo Espírito
Santo para levar salvação aos que visita. O maior benefício da
colportagem é ter a certeza de ser usado por Deus como um
poderoso e constante instrumento.

Poder evangelístico
Certo dia, estava colportando, encontrei uma senhora que
já tinha comprado somente um livro de saúde, então ela me disse
haver melhorado sua saúde e havia encontrado a razão de viver
graças às mensagens espirituais dentro deste material. Eu nem
pensava no poder de um livro assim para tocar o coração de alguém,
até que ela me pediu se eu tinha para lhe vender algum livro com
mais conteúdo religioso. Para mim, foi uma surpresa, um material
secundário de receitas levou-a a desejar outro. Eu lhe vendi o Grande

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Conflito. Ela o abraçou e falou que nele encontraria a verdade que


estava procurando desde que o “último vendedor de livros” passou.
Em outras férias, quando eu e meu amigo estávamos
colportando no Chile, além do objetivo de vender muitos livros,
tínhamos a meta de deixar o livro missionário “Tempo de Esperança
- Mark Finley” em cada casa, mesmo se ninguém comprasse nada.
Desta forma trabalhávamos, deixando esta semente em cada lar.
Ao se aproximar o final das férias, uma senhora esbarrou em meu
amigo no centro da cidade e lhe disse: “você lembra de mim?” Meu
amigo disse que não. Mas ela, com muita alegria lhe disse: “Um
dia você deixou este livro em nossa casa. Lemos teu material e
encontramos a verdade sobre o Sábado nele. Assim, convidamos
nosso grupo de amigos para estudar cada capítulo. Hoje,
quatro semanas depois, todos guardamos o dia santo de Deus”.
Estes são apenas dois exemplos dentre os milhares que
existem para mostrar que colportagem é evangelismo puro, o qual
transforma vidas de maneira silenciosa e profunda.

Dicas para o sucesso


1. Estude bem as técnicas. Treine muitas vezes sua
apresentação.
2. Ouça os conselhos e experiências. Há sabedoria no
ouvir e praticar.
3. Distribua um livro missionário em cada casa.
Mesmo sem vender nada, deixe para a família um livro missionário.
Assim, eles vão ver que você não é um vendedor, mas um colportor.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Jesus, nosso exemplo


É difícil mostrar Jesus como exemplo de um “vendedor” de
livros, mas é fácil ver nEle um colportor das mensagens espirituais
dos futuros livros. Cristo foi o verdadeiro e mais elevado colportor,
não pela maneira de vender, mas pelo fato de ir de casa em casa, de
cidade em cidade, levando as mensagens de saúde e salvação para
todas as pessoas. Sejamos colportores como Jesus, dependendo
financeiramente de Deus, e levando a oportunidade de salvação
para todas as casas que passarmos.

BIBLIOGRAFIA INDICADA:
WHITE, Ellen G. O colportor evangelista. 10.ed. São
Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2010.

CHAIJ, Nicolas; CONRADO, Naor G. O colportor de


exito. 5. ed. -. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1998.

MARRONI, Almir. Colportando com sucesso: manual


de capacitação do colportor evangelista. Tatuí: Casa Publicadora
Brasileira, 2006.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Cuidando de seu
conjugue
“E serão uma só carne” Gênesis 2:24

Gustavo (nome fictício) era um excelente estudante de


Teologia, era brilhante em inteligência e invejável em sua oratória.
Um grande escritor e todos gostavam de ficar perto dele. Seus anos
de aluno foram os melhores de sua vida pessoal. Todos olhavam
para ele e desejava suas palavras. Entretanto, no último ano de
faculdade, sua esposa o abandonou ao entrar com um processo de
divórcio.
Por quê? Todos perguntavam. Quando ele estava sozinho
em sua casa, em depressão, reconheceu que ele pertencia a todos,
menos a sua esposa. Então fez uma mudança em sua vida. Foi buscá-
la de volta para reconciliar-se. E conseguiu, pois, ela o amava.
Contudo, ela voltou para ele mais segura que seria, por fim, uma
esposa de verdade e não uma sombra se um grande homem.
O ministério pode resumir-se em duas coisas para o pastor:
(1) o que Deus faz através dele e (2) o que sua esposa faz por
ele. Tendo isso em mente, pergunto-lhe, por que ainda existem
pastores que pensam em viver “separados” de suas esposas neste
ministério? Neste capítulo você verá aonde e o porquê amar e
investir nela. E será desafiado a ser um pastor amado por Deus,
pela esposa e pela igreja.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Invista no treinamento ministerial


Uma grande dificuldade de casais pastorais ao chegarem ao
campo de trabalho é o desenvolvimento da esposa no ministério
junto ao seu marido. O pastor aspirante (teologando recém-
formado) consegue desenvolver seus trabalhos com mais facilidade,
pois estudou para isso. Contudo, sua esposa muitas vezes, pelo fato
de não ter ideia das atividades que o esposo deve fazer, acaba sendo
um impedimento para ele. Obviamente não é obrigatório para as
esposas fazer o mesmo que o marido faz. Mesmo assim, saber o
básico do ministério é primordial.
Um teologando do último ano comentou que levaria sua
esposa para reuniões da AFAM desde o início da faculdade. Ele
disse isso porque já estava a ponto de se formar e sua esposa
nada sabia sobre os trabalhos que ele deveria desenvolver. Outro
veterano bem-sucedido na faculdade sempre levava sua esposa para
as práticas pastorais nos sábados. “Era um investimento” disse ele,
“minha esposa via como eu pregava, me ajudava a passar a lição nas
classes, ela fazia seminários para as crianças e mulheres”. Invista
em atividades ministeriais para sua esposa desenvolver também,
com equilíbrio sobre as escolhas e gostos pessoais dela.

Invista na capacitação teológica


Estudar temas teológicos e bíblicos não é uma realidade
tão compreendida ou necessária para as esposas de teologandos.
Quem estuda esta faculdade é o esposo não ela. Entretanto, caso ela
deseje crescer nos conhecimentos bíblicos que são mais profundos

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

dos que se aprendem nas igrejas normais, vale a pena investir nisso.
Além de você saber a Teologia, ela também poderá argumentar e
entender os fundamentos de Deus.
Analisei os dois lados desta questão. Um teologando
que conheci sempre levava sua esposa para palestras teológicas
oferecidas pela faculdade. Muitas vezes eles deixavam os filhos
com um vizinho para facilitar a aprendizagem. Valeu muito
para este teologando, pois quando preparava sermões ou tinha
que argumentar com alguém divergente na doutrina, a esposa,
conhecedora da teologia, ajudava seu esposo a ser equilibrado e
compreensivo, além de oferecer-lhe respostas.
Por outro lado, um estudante bem convicto, pensava que
somente ele deveria estudar estas questões difíceis. Deixava para
sua esposa os trabalhos pesados da casa e dos filhos. Ele dizia que
não serviriam de nada para ela estes aprendizados. Assim que,
o tempo passou, ele se formou, e quando surgiam dúvidas ou
problemas teológicos na igreja, até mesmo sua esposa ficava contra
ele em posicionamentos contrários à Bíblia. Querido teologando,
vale a pena investir em sua esposa na área bíblica, pois além de ser
uma ajuda para seu trabalho, estará mais protegida contra heresias
que poderão surgir.

Invista nas áreas que ela aprecia trabalhar


Geralmente, sua esposa não será uma teóloga como você e,
em muitas ocasiões, não estará todo o tempo contigo no exercício
diário do ministério. Entretanto, com certeza ela desejará fazer

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

algo que aprecie. Poderá ser uma faculdade, ou um trabalho, ou


até uma área bem diferente da pastoral. Invista nisso também, pois
aumentará a estima e importância pessoal para ela como pessoa.
Frequentemente, muitos teologando têm suas esposas
estudando simultaneamente outro curso. Um amigo que tive,
conseguiu com que sua esposa estudasse Pedagogia enquanto ele
Teologia. Foi excelente a ideia, os dois terminaram a faculdade no
mesmo ano e foram chamados para trabalhar no campo, ambos em
coisas que apreciavam.
Outro amigo preferiu, por questões financeiras, deixar que
a esposa terminasse primeiro a faculdade, enquanto ele trabalhava.
Depois ele terminou. Já outro estudante que conheci, decidiu
que sua esposa estudaria a faculdade somente depois que ele se
formasse. Em alguns casos isso dá certo. Contudo, muitas vezes a
esposa não termina o curso, pelo fato de que o marido é chamado
para diferentes lugares e não tem tal curso para estudar na cidade.
Por tanto, entre tudo isso que vimos sobre o investimento de
nossa esposa, é que elas devem apreciar estudar e desejar crescer. Seja
equilibrado e respeite o que a esposa sonha para ela, porque ela, na
maioria das vezes, terá que submeter-se para seu trabalho e vontades.

Mostre que a família é importante para você


Durante os anos de faculdade, o teologando é colocado a
fazer algumas atividades obrigatórias, pois são estágios. O semestre
de evangelismo sempre foi um divisor de águas para muitos casais,
pois é um período de intenso trabalho, guerra espiritual e separação

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

da convivência para a família. O problema existe quando muitos


estudantes não levam sua esposa com eles. É certo que existem
problemas financeiros ou estudos para levar sua esposa, mas
pelo menos alguns tempos juntos nestes três meses são cruciais.
Quando não é o evangelismo, o problema da distância pode
ser os muitos meses de Colportagem. Todas as férias, em geral, os
estudantes saem para esta atividade tão nobre. Contudo, quando não
há momentos para o casal, o relacionamento poderá ser abalado. Eu
ouvia com frequência mulheres dos alunos reclamando e criticando
a Colportagem por não poderem ficar perto de seu esposo.
Um pastor, recém-formado, comentava que infelizmente
não conseguiu levar sua esposa para a campanha evangelística, por
questões financeiras. Entretanto, esteve presente como marido
pedindo para a Associação pelo menos uma viagem para ela para
visitá-lo, o que fez muito bem par ao casal.
Este mesmo pastor também não conseguia levar sua esposa
em todas as férias de Colportagem, porque o ritmo de trabalho era
bem intenso. Contudo, em duas férias conseguiu levá-la. Com um
sorriso no rosto, este pastor me disse que o casamento deles ficou mais
confidente e amigável com momentos que passaram juntos nesta obra.
Ore muito para decidir o que fazer nestes desafios para o
casamento. Procure investir em ficar o mais perto possível. Mostre
para sua esposa que além dos deveres necessários do trabalho e
sobrevivência, ela é importante para você. Converse com ela,
passeie, ore muito e mostre que você é um homem melhor (seja
sincero) por estar com ela.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

O maior conselho
Ame sua esposa mais do que qualquer outra pessoa. Seu
amor e lealdade a Deus será refletido no amor a ela. Aproveite todas
as dicas, aulas e concílios que a faculdade fará com o objetivo de
estreitar e aprofundar seu relacionamento com quem é uma contigo.
É bom procurar livros sobre amor, sexualidade, submissão,
etc. Porém, o mais importante para um pastor, o mais relevante e
principal deve ser a provisão bíblica e do Espírito de Profecia sobre
a união conjugal. Não existe livro neste mundo mais importante
do que a Bíblia e o Lar Adventista em relação a este tema. Utilize
os recursos que Deus proveu para seu lar.

Conselhos aos solteiros


Posso escrever esta parte com muita propriedade, pois
passei todos meus anos no SALT solteiro e casei no final do meu
primeiro ano de ministério. Ultimamente, há muitos jovens
solteiros que estão ingressando na Faculdade de Teologia e precisam
de ajuda. Escolher sua futura esposa não é fácil. Assim que darei
algumas sugestões:
1. Não tenha pressa. A pressa no início pode causar um
desastre no futuro.
2. Ore muito. Busque a Deus diariamente e clame que Ele
revele a mulher de você deverá investir seu coração.
3. Analise o caráter e a família dela. A beleza da
juventude passa, e muitas vezes a beleza da vida adulta pode causar
perda da paixão de um jovem que se deixou levar pela aparência.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Contudo, o caráter e as características familiares sempre estarão


presentes na sua futura esposa. Assim que, conheça quem você está
interessado. Passe tempo com a pessoa. Conheça a família, ou pelo
menos, como a família age em diferentes situações, pois a menina
terá a tendência de copiar estas atitudes.
4. Como ela trata o pai dela? Não é regra, mas na
maioria das vezes as mulheres agirão com seus maridos da mesma
forma ou pior do que agiram com seus pais.
5. Seja você mesmo. É importante você ser transparente
sobre quem você realmente é. Caso você estiver iludindo sua
futura esposa sobre sua personalidade e suas ideias, caso você
estiver vivendo uma duplicidade para tentar conquista-la, chegará
um dia que ela descobrirá e, com certeza, ela vai se decepcionar.
Permita que sua pretendente veja quem realmente você é.
6. Não busque alguém perfeito. Alguns colegas
procuravam uma namorada com a beleza de uma modelo, com
a inteligência de uma acadêmica e com a espiritualidade de Ellen
White. Até se pode encontrar, mas ninguém é tão perfeito para
se igualar a imaginação exigente de alguns teologandos. Meu
conselho é que você não busque a perfeição na pretendente, mas
procure alguém que complete sua vida. Busque uma pessoa que
deseja continuar crescendo, de preferência ao teu lado.

E, mesmo que você termine a Faculdade solteiro, sem


nenhuma pretendente, não perca a esperança. Enquanto há vida,
há possibilidade do amor verdadeiro. Busque conselhos do pastor
Ministerial do campo em que for trabalhar. E não tenha pressa.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Contudo, também não espere tanto. Busque a mulher que Deus já


preparou para sua vida.

Jesus, nosso exemplo


Jesus não se casou. Contudo, não é por isso que Ele não possa
ser um exemplo para nós. Vemos que nosso Senhor investiu muito
em seus discípulos, amigos e pessoas que O rodeavam. Ele não
desejava fama e sucesso, pois sabia que seu tempo era passageiro.
Sua maior vontade era preparar pessoas que pudessem louvá-Lo de
livre vontade e que recebessem investimento para continuar Suas
obras (Mateus 28:18-20).
Seja assim também com sua esposa ou com sua futura
pretendente. Amando-a como a ti mesmo, investindo no
crescimento dela e mostrando a cada dia sua importância e valor.

BIBLIOGRAFIA INDICADA:
“Através dos olhos de Deus”. Revista Ministério. Maio-
Junho. p. 32, 2005.

WHITE, Ellen Gould. O lar adventista: concelhos a familias


Adventistas do Setimo Dia. Tradução de Carlos Alberto Trezza. 14.
ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2011.

WHITE, Ellen G. Cartas a jovens namorados. Tradução de


Neila D. Oliveira. 6.ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2004.

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HEBERT DAVI LIESSI
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Seja
um pai mais
presente na vida de
seus filhos

Passem tempo juntos

Existe uma dificuldade na vida dos estudantes de Teologia e


seus filhos, passar tempo juntos. O cotidiano é estudar um período
na faculdade e, provavelmente, passar outro período fazendo as
atividades, leituras, exercícios e estudos sobre o que foi ensinado.
Quase não sobra tempo para a família. E se sobrar algo, o aluno fica
em frente da televisão ou conversando com os amigos. Mais uma
vez os filhos ficam em segundo plano.
Entendemos que algumas vezes é diferente gerar uma
criança do que ser pai real. Qualquer humano ou animal pode gerar
uma criatura, mas, pelo contrário, vestir-se de pai é outra coisa. O
teologando deve ser um pai presente na vida de seus filhos durante
a faculdade, pois se não for assim, quando começar o ministério e o
trabalho intenso, os filhos serão fantasmas na casa, como acontece
com muitos ministros infelizes.
Passe tempo com seu filho. Aproveite intervalos no dia para
brincar, conversar e inspirá-los. Um pastor comentou comigo que
seus filhos, bem-parecidos com todos os outros, querem muita
quantidade de tempo e, muita qualidade também. Então, aprenda
dosar o tempo e sua qualidade.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Os filhos devem compreender que o trabalho e estudo


fazem parte das obrigações do pai, tanto para o crescimento da
igreja como para o sustento da família. Aliás, eles até admiram os
pais que são esforçados em sua profissão. Contudo, para que eles
admirem e amem, é necessário que recebam atenção do pai. De
nada vale você estudar e trabalhar tanto e, depois quando chegar a
casa, criticar a igreja. Os filhos vão crescer entendendo que você é
um hipócrita e injusto, pois trabalha em algo que não aceita e, além
disso, não dispõe de tempo para eles.

Conselhos práticos
Ame seus filhos como a maior herança que Deus pode dar
a um ser humano. O amor é refletido através de várias formas:
atenção, disciplina construtiva, afeto, etc. Leia o que a Bíblia fala
sobre pais e filhos, pratique os conselhos corretos que Deus nos
deu. Através da inspiração, o Espírito de Profecia, você aprenderá
muitas coisas essenciais para ser um pai genuíno. Antes de ler
qualquer outro livro secular sobre este assunto, estude o que Deus
revelou sobre Seus ideais para uma família.
Mostre para seus filhos que o ministério é uma benção para
a família. Isso é possível através de incluí-los em atividades que
você realiza. Por exemplo, quando você ter que visitar alguém,
leve-os conforme a disponibilidade. Se for viajar a trabalho, ligue
para eles com frequência e fale das coisas legais que você está
vivendo, ressalte a saudade que sente. Quando for possível, leve-os
para a igreja de prática, fique com eles na lição da escola sabatina

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

pelo menos uma vez em cada três meses. Seja criativo. Tudo isso
mostrará que não é o teu ministério, mas o ministério da família
toda que está sendo valorizado.

Poema: “Meu pai é Teologando” 16


Lembro-me dele, à mesa, antes de tomarmos o desjejum, dirigindo o culto
familiar.
Lembro-me dele na sala de nossa casinha, sua Bíblia aberta e, ao lado, ele
ajoelhado conversando com o Pai.
Lembro-me dele nos sábados. Quero dizer... não me lembro muito, pois ele
estava na igreja de prática.
Lembro-me dele nos domingos à noite, quando doava nosso tempo de
família a fim de atender um convite para pregar numa igreja.
Lembro-me dele quando em dúvida sobre seus posicionamentos teológicos.
Procurava aceitar sua humilde capacidade ao estudar horas para as provas
e trabalhos ao invés de brincar comigo.
Lembro-me dele quando defendia não o mais conveniente nem o mais
popular, mas o certo, pelo simples fato de ser o certo.
Lembro-me dele chorando com minha mãe, procurando recursos para
pagar a faculdade e nos dar o que comer amanhã.
Lembro-me dele naqueles momentos em que, ao estar cheio de tarefas e
provas, procurava ajudar seu amigo com dificuldade.
Mas não me lembro de ouvir palavras de crítica ou descontentamento
contra seus professores e líderes. Mesmo com tristeza, procurava não
dizer nada de censura, no máximo ele dizia:“cada um dará conta de seu
ministério para Deus”.
Não me lembro de tê-lo visto procurando altos reconhecimentos ou

Adaptado de “Meu pai é pastor”. BORGES, Elmar. Revista Ministério. Novembro-


16

Dezembro. p. 32, 2004.

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HEBERT DAVI LIESSI
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lugares de destaque. Ao contrário, fazia seu melhor onde o colocavam para


trabalhar.
Perfeito? Não mesmo. Ninguém o é. Mas ele me tem dado o exemplo em
muitas coisas, e tenho o prazer de dizer que logo serei um filho de um
pastor fiel.
Oro a Deus para que seu ministério seja abençoado. E, pela graça do
Salvador que meus pais me mostraram, quero que meu filho também diga
com a mesma exultação com que digo hoje: Meu pai é teologando.

Jesus, nosso exemplo


Esta é uma área que o exemplo de Jesus fala mais alto do
que todas as outras. Não teve filhos, mas fez de todos seus filhos.
Conseguiu mostrar que seu ministério era em prol da salvação
deles. Procurava não ficar muito tempo sozinho, pelo contrário,
quanto mais coisas seus filhos o vissem fazer ou, o ouvissem falar,
melhor.
Tenha Jesus como exemplo de um ministério familiar e
discipulador. Pois, quando você não estiver por perto, todos seus
filhos, naturais ou adquiridos, refletiram o amor, a atenção e a
missão que você os deixou.

BIBLIOGRAFIA INDICADA:
WHITE, Ellen Gould; BIVAR, Renato. Pais preparados
filhos vencedores: conselhos aos pais Adventistas do Sétimo dia
segundo são apresentados nos escritos de Ellen G. White. Tatuí:
Casa Publicadora Brasileira, 2003.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Faça de seu tempo


livre, mais uma
recreação do que
diversão
“Quem não cuida do tempo, não cuida de si mesmo. Quem não controla
o tempo na vida, qualquer coisa que vier está bom”
Hebert Liessi

Recreação ou Diversão

Um dia perguntei a um amigo pastor o que ele faria se


voltasse a ser teologando, sua resposta foi: “eu passaria mais tempo
me preparando para ser pastor do que jogando futebol!” Outro
colega ouviu esta pergunta e entrou na conversa com sua opinião:
“eu deixaria os jogos de computador e a internet para meditar
mais na minha vida!” Não estou querendo falar que estas coisas
estão erradas e nem dizer ser proibido fazê-las, mas o que quero
ressaltar é o equilíbrio no uso do tempo.
Diversão é fazer coisas sem um sentido, sem objetivo ou
benefício. É quando não temos nada que fazer e queremos fazer
algo para passar o tempo. Recreação são atividades que, além de
passar o tempo, elas “re-criam” o vigor físico e mental. Melhor do
que fazer coisas que não nos levariam a nada, sugiro que seu Passa-
Tempo seja algo recreativo, algo que edificará enquanto descansa.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Um colega me comentou que ficou triste depois de um dia perdido


por ficar “descansando” ao ter uma diversão. Nisso, ele me fez
refletir e, descobri que, o melhor descanso é ter uma recreação, ou
seja, crescer enquanto descansa. Se eu voltasse a ser teologando,
eu faria de meu tempo livre, mais uma recreação do que atividades
sem sentido. E você, por que não aproveitar melhor o tempo?

Como desperdiçar o tempo


Existe hoje muitos livros e materiais consultores ensinando-
nos como aumentar nossa eficiência, como aproveitar melhor cada
momento, como investir mais sábia e produtivamente o nosso
tempo. Contudo, quero mostrar para você nesta sessão como
desperdiçar o tempo:
1. Mantenha-se preocupado. Acorde preocupado e
intensifique a ansiedade ao longo do dia. Preocupe-se com suas
falhas, com o que deveria ter feito, mas não fez e vice-versa.
Lembre-se: úlceras necessitam de ácido fresco.
2. Alimente expectativas irreais. Na verdade, você
precisa ignorar o conselho de Tiago: “Vós não sabeis o que sucederá
amanhã” (4:14). Então, estabeleça alvos, e persiga-os, deixando
Deus fora de seus planos.
3. Trabalhe para enriquecer. Você poderá conhecer
ideias inovadoras neste sentido, em muitos livros seculares,
assistindo a seminários empresariais e de vendedores. Como
pastor, nada disso lhe servirá tanto.
4. Compare-se com outros. Com essa atitude, você não

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apenas viverá entre os extremos da arrogância ou do desânimo, mas


também desperdiçará tempo sem saber quem realmente você é.
5. Aumente sua lista de desafetos. Se há uma coisa
que o conservará inativo é aperfeiçoar sua habilidade no jogo de
vítima. Com um arsenal de suspeitas, paranoia e ressentimentos,
você desperdiçará noites intermináveis ruminando pessoas que,
supostamente, têm arruinado sua vida.

“Coloque em prática essas dicas”, Charles Swindoll


conclui, “logo esquecerá tudo o que pode gerar
eficiência, produtividade, contentamento e felicidade
em seu trabalho. Se isso lhe soa exagerado, pare e
pergunte-se: Quanto tempo tenho gasto em algum
desses itens?” 17

Respeitar seus limites


Ao contrário de desperdiçar o tempo como disse o tópico
acima, esta sessão esclarecerá o oposto, quando o tempo é demasiado
atarefado. O teologando X enfrentara muitos problemas. Sendo um
jovem talentoso e muito motivado para ajudar, costumava aceitar
todos os convites que lhe são feitos. Além de estudar toda a manhã
no SALT, trabalha cinco horas por dia como auxiliar de preceptor.
Dentro deste trabalho, costuma orientar alunos com problemas
e tenta resolver até os mais complicados possíveis. Assim, ao
começar a noite, já está esgotado emocionalmente. Quando

SWINDOLL, Charles. Como desperdiçar o tempo. Revista Ministério. Março-


17

Abril. p. 33, 2006.

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termina o culto do residencial, ele tem das 19:30 até as 23:00 com
luz para estudar. Entretanto, quem consegue vê-lo estudando ou
descansando, ele está organizando grupos de ação missionária e
os próximos eventos jovens da igreja, o que consome mais do que
suas noites. Faz pequenos grupos e prega quase diariamente. E o
mais pesado, está começando sua segunda faculdade, a qual lhe tira
toda a noite livre. Além disso, está namorando uma menina que
o ama muito, mas não recebe tempo e dedicação necessária. Fora
que a oração e o estudo da Bíblia já haviam sido negligenciados há
muito tempo.
Quando conversávamos com ele,sua conclusão era,“eu preciso
respeitar meus limites!” “Não consigo dormir mais que quatro horas
faz muito tempo!” Não passou muito tempo que sua saúde fundiu,
teve que trancar a faculdade por um semestre e ir se curar em casa.
Assim como aconteceu com este teologando, pode acontecer
com cada um de nós, ao acreditar tanto em nosso potencial, e aceitar
todos os desafios que nos veem. Contudo, não respeitamos nossos
limites e acabamos em diminuir a atuação divina através de nós.
Alberto Nery descreve alguns pontos do esgotamento físico
e emocional: 18
1. A distância entre o ideal e a realidade. Tudo o que
você deseja fazer talvez não seja tudo o que está preparado para
produzir.
2. Indefinição quanto às suas responsabilidades.
Devemos fazer tudo que nos vêm da melhor maneira possível,
18
NERY, Alberto D. Respeite seus limites. Revista Ministério. Maio-Junho. p. 23-
24, 2008.

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porém necessitamos definir qual é nossa maior e mais urgente


responsabilidade.
3. Excesso de trabalho. Recomenda-se a um estudante
comum que trabalhe até 30 horas semanais. No entanto, entre
alguns teologandos, esta média varia entre 35 e 50 horas de
trabalho, fora os estudos. O resultado é um indivíduo com pouca
saúde e disposição para enfrentar os desafios diários.

Sugestões para enfrentar as situações do tempo


superlotado.
1. Buscar alimento espiritual cada dia. Procurar a
Deus para receber o mais importante presente no mundo, a graça.
Esta atividade deve ser a prioridade, e depois desta, todas as outras
serão bem feitas. Certa vez perguntaram a um pastor: “Como
consegue ter tanto sucesso e fazer tantas coisas em tão pouco
tempo?” Ele respondeu: “Quanto mais atividades e deveres tenho
que fazer, e são muitos, mais tempo passo com Deus. Minhas horas
em contato silencioso com Deus me ajudam a ser mais rapidamente
usado por Ele!”
2. Tomar tempo para si mesmo. Exercícios físicos e
atividades sociais podem relaxar nosso corpo-mente de tal maneira
que quando chegar o momento de produzir, este será mais rápido
e produtivo.
3. Dizer “NÃO” para algumas atividades extras. Não
é conveniente um teologando dizer não quando lhe é solicitado.
Contudo, alguns são tão importantes que não ficariam um minuto

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de seu dia sem atividade caso não falasse “NÃO”. O que quero
dizer aqui é: não se sobrecarregue ao aceitar tudo, encontre o
ponto de equilíbrio entre o normal e o primordial. Caso milhares
de trabalhos extras te sejam exigidos pelos superiores, peça
para que eles te compreendam e te dê mais tempo ou diminua a
quantidade. Entretanto, quando se comprometer com algo, faça da
melhor maneira possível, como para Deus.

Jesus, nosso exemplo


O livro de Marcos mostra que Jesus teve sua agenda sempre
lotada de atividades úteis para o bem-estar do semelhante. Além de
ter tempo para descansar, orar, estudar e trabalhar, não desperdiçava
suas horas com coisas inúteis, mas até com sua recreação procurava
torná-la edificante para si mesmo e para os que o rodeavam. Jesus
é o exemplo do uso do tempo. Nele podemos encontrar um
equilíbrio adequado para cada realidade. Sejamos como Ele, sábios
em investir nosso tempo para a edificação, recreação e louvor a
Deus.
Querido teologando, eu sei o quanto é difícil ter uma
moderação no uso do tempo, precisamos de Deus para nos dar
sabedoria de modo a usá-lo de maneira honrosa. Deus é quem
controla tudo. Por isso somos felizes, porque podemos confiar
na direção dEle. “O coração do homem pode fazer planos, mas a
resposta certa vem dos lábios do Senhor” Prov. 16:1. Entreguemos
cada minuto para Ele guiar e, como resposta ao Seu amor, nós
usaremos cada segundo para honrá-Lo no trabalho, no descanso,

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na recreação, etc. Qual será sua resposta a Deus como mordomo


do tempo que Ele te deu?

BIBLIOGRAFIA INDICADA:
O pastor e a administração do tempo. In: TORRES, Tania
Maria Lopes; TORRES, Milton Luiz (Org.). Ética pastoral. São
Paulo: All Print, 2008.

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Considere seu
chamado por Deus
uma obra que
resulta mais em
frutos do que em
o r g u l h o p e ss o a l
“Homens que este mundo não merecia” Hebreus 11:38

Anedotas do Chamado
Primeiro-anistas (calouros)

Acredito que você alguma vez sentou-se com um colega do


primeiro ano (calouro) e ele te falou a respeito de como recebeu o
chamado divino. Ele te falou que:
1. “estava dormindo e tive um sonho de um anjo me falando
para ir ser pastor”
2. “estava trabalhando e sofri um acidente, no hospital vi
alguém celestial me dizendo para estudar teologia”
3. “todos da igreja me falavam para ir ser pastor, senti que isso
era Deus falando para mim”
4. “não sei fazer nada mais na vida do que pastorear...”
5. etc.
Entre muitas outras incríveis histórias, algumas que parecem
ser a experiência de Pedro para ir pregar à Cornélio, miraculosas,

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que nos tiram o fôlego. Bem, seja como são sempre existirão.
Algumas atitudes de amigos são sérias e verdadeiras, mas muitas
vezes, a percepção do colega que escuta não o é, causando discórdias
entre futuros ministros de Deus desde o primeiro ano, ao rir ou
brincar com a experiência do chamado do amigo. Entretanto, em
simultâneo, eu quero frisar para você que estiver lendo, que fale a
verdade conforme teu chamado. Não é obrigatório que todos escutem
sua experiência, pois cada um teve a sua também diferentemente.
Quero ressaltar que sempre tenha tua experiência de
chamado viva e ativa por onde for mostrando na prática ao servir o
porquê Deus te chamou. É maravilhoso saber que temos momentos
celestiais em conversas com Deus. É incrível como Deus conversa
conosco em diferentes maneiras. Temos que ter nosso chamado vivo
em nosso coração. Contudo, de nada vale um lindo chamado se você
não produz os frutos de acordo com o que Deus te pede.
Necessito sugerir algo, para você que está no primeiro e
segundo ano de teologia: “A melhor forma que mostrar a grandeza
de teu chamado não é falando com orgulho sobre como Deus te
intimou a ser pastor, e sim mostrando no amor, serviço e crescimento
a realidade que existe no teu chamado”. Reflita comigo, o que adianta
todos teus colegas te conhecerem como o homem (ou mulher) do
chamado sobrenatural, se você não pode mostrar Jesus no teu dia-
dia, no teu andar e falar, no teu estudar e ajudar?

Último-anistas (veteranos)
É interessante como a perspectiva do chamado muda durante

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o primeiro ano até o último. Como falei anteriormente, no início


do curso, os alunos vão chegando cinco minutos antes de começar
a aula para fazer a meditação. Ao irem se aproximando, escutam os
novatos, primeiro-anistas, cantando em alta voz hinos. Contudo,
no segundo ano, este costume acabou há muito tempo, mas
pelo menos chegam a tempo para a meditação. No terceiro ano,
normal, é evangelismo em tudo. Até que, no quarto ano (ou no
quinto em alguns Seminários) chega o horário de começar a aula
e, geralmente, há poucos alunos na sala. Não sei por que, parecem
que já sabem de tudo, ou não querem mais saber de nada.
Parece que existe uma grande mudança no chamado dos
estudantes conforme estudam. Começam como santos, com
terno, cantando, obedecendo, não criticando. Entretanto, quando
chegam ao último ano, é o inverso. Vestem-se mal, chegam
atrasados, nem meditações querem fazer mais, não levam Bíblia
para a classe, criticam os professores por não ensinarem bem, os
mesmos professores que há alguns anos, eram quase idolatrados por
sua inteligência. É uma situação triste e torna-se uma piada. Será
que o chamado mudou? Ou será que os último-anistas esqueceram
para o que foram chamados? Ou, penso ser a melhor opção, estão
tão tensos por sair a trabalhar que esqueceram que ainda são
estudantes? Quero te perguntar hoje: como você quer ser quando
chegar ao último ano? Que comportamentos você quer ter quando
tiver sido chamado para trabalhar no campo com aspirante?
E o que falar da tensão do chamado do último ano, quando
os presidentes entrevistam os estudantes para os convidarem ao
ministério. Ao estudar quinto ano de Licenciatura em Teologia

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(2009) no Chile com os formandos, em 2010 na Bahia com os


graduandos (minha primeira turma), até que, por fim, me formei
com a turma de 2011 (ou seja, eu fiz o último ano do curso três
vezes), uma frase muito gostosa de ouvir nas três turmas de último-
anistas era: “Me chama que eu vou.” Esta frase revelava a vontade
latente dos estudantes em receber o chamado do presidente que
viria buscar seus aspirantes.
Querido teologando, deixa eu te falar ao coração. Não
existem dois chamados, apenas um. O mesmo convite divino
no primeiro ano é a mesma confirmação celeste ao mostrar qual
campo o estudante irá trabalhar. Nós não devemos ter dúvidas do
que Deus quer para nós, mesmo que demore o chamado ou, numa
opção não rara, não o recebamos de imediato. Continue sendo um
cristão que foi intimado para ser um servo. Não é porque você
recebeu o convite para trabalhar num lugar “melhor visto” do que
o de seu colega que agora o orgulho cresce e se sente mais digno do
que seu semelhante.Todo chamado é válido e igual perante Deus, a
questão é: como você reagirá a ele?
Pensando em responder o que é o chamado baseado nas
Escrituras, a sessão seguinte reforçará o ideal bíblico.

O que é o chamado pastoral bíblico?


O chamado ao ministério pastoral é muito amplo e diverso,
mas exige um preparo completo para que haja uma resposta
adequada humana para o chamado completo divino. Quando
alguém é chamado para ser pastor, este deve saber sete tarefas que

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este convite divino lhe necessitará. De acordo com Raul Gómez: 19


1. Tarefa kerigmática. O kerigma era um arauto que
levava a mensagem de paz até à terra do inimigo. Devemos
proclamar a mensagem de Deus. Ler II Coríntios 5:20.
2. Tarefa litúrgica. A palavra liturgia é a tradução
do termo grego leitugia, que significa “celebração dos ofícios
religiosos.” O pastor é o diretor do culto, o oficiante dos serviços
de adoração.
3. Tarefa catequista. Catequista vem do grego
katékhismo, cujo significado é ensino da religião. O pastor é um
professor da doutrina e que comunica claramente as verdades
bíblicas. Ler I Timóteo 4:13
4. Tarefa apologética. Apologia é a parta da teologia
que tem com objetivo defender a sã doutrina. O pastor dever ser
um defensor das verdades bíblicas. Ler II Timóteo 2:15.
5. Tarefa jaléutica. A palavra é derivada do termo grego
jauleus, cujo significado é pescador. O pastor é um pescador de
pessoas para o reino de Deus. Ler Mateus 4:19.
6. Tarefa treinador-administrativa. O pastor é quem
organiza a igreja para a ação missionária. Nessa tarefa, o pastor é
o líder que inspira, capacita, desafia, equipa e avalia. Ler Êxodo
18.
7. Tarefa poiménica. Derivada do grego poimenós, o
pastor é o líder que guia, cuida, protege cura, resgata, salva,
alimenta, conduz e ama seu rebanho. Ler I Pedro 5:2-3.
19
MEJICO, Raul G. Por que sou o que sou. Revista Ministério. Setembro-Outubro.
p. 21-22, 2002.

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Com isso, o verdadeiro chamado deverá crescer em


equilíbrio estas áreas, mesmo que haja mais dom para algumas
específicas. Meu pai, Eber Liessi, me ensinava desde criança que:
“entre muitas tarefas, o pastor deve ser quatro coisas básicas”:
a. Pastor. Ao cuidar dos membros e visitá-los, ao pregar e
aconselhar.
b. Administrador. Organizando projetos de reforma e
construção de igreja. Ao dirigir comissões e conduzir tudo em ordem.
c. Evangelista. Prega e apela ao máximo de pessoas possíveis
para viverem pela graça de Jesus.
d. Capacitador. Treinar e equipar o maior número possível
dos membros para o serviço em favor da salvação.
Assim, entendendo a grande maravilha do chamado e suas
funções práticas, quero tocar em teu coração conversando sobre o
fundamento de teu chamado. Você foi motivado ou incentivado a ser
pastor?

Incentivo X Motivação
Estas duas palavras são muito semelhantes. Entretanto, vou
usá-las apenas para diferenciar dois conceitos para o chamado
cristão e pastoral. O Dicionário Aurélio define incentivo como:
aquilo que incita ou excita; estímulo (externo). Ou seja, alguém
que tem um incentivo ou estímulo externo para fazer algo. Por
exemplo, é oferecida uma bolsa de estudos para o teologando
que tira boas notas. O incentivo para conseguir boa média é a
bolsa de estudos; pode ser um prêmio para quem batizar mais no

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evangelismo, uma motivação externa; pode ser o status por haver


feito uma boa pregação. Este estímulo sempre irá existir, mas ele é
externo, não devendo ser o principal quando ao chamado pastoral.
Por outro lado, quase semelhante, a motivação é definida
como: conjunto de fatores (internos) que determinam a atividade e a
conduta individuais; ato ou efeito de motivar; exposições de motivos
e causas. É um padrão interno que gera certas ações. São atos que
fazem a pessoa fazer algo mesmo sem incentivo. Exemplificando:
Um colega era grande empresário, tinha excelentes condições
financeiras e muito status na igreja. Será que ele teve um incentivo
externo ao ser chamado? Creio que não. Nada mais externo poderia
fazê-lo satisfeito em Deus. Quando foi chamado para fazer teologia,
teve uma motivação interna para largar tudo e ficar quatro anos
numa vida de humilde estudante para depois ser um pastor. Tinha
motivação em Deus, um ideal maior do que coisas nesta Terra.
Por que procuramos entrar no ministério? Por que queremos
ser pastor? Por que aceitamos perder muito de nossa vida, largar
família, casa e propriedades para ser aspirantes no ministério
pastoral?

“Temos que ter motivação”


Estas respostas nos levam para o que está em nós, ou seja,
como é nosso caráter. Nosso caráter está muito ligado ao nosso
chamado. Pergunta: o que o jogador de futebol faz quando está
de férias? Ele joga bola, pois isso é um prazer interno para ele, faz
porque ama isso. Igualmente o teologando que é chamado por uma

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motivação interna, marca as pessoas por onde passa, ao mostrar


que Jesus é Seu maior exemplo.
Por outro lado, o estudante que teve um chamado externo,
recebeu um incentivo, ele vai obrigado para a igreja, faz as
coisas sem compromisso com Jesus, reclama para destruir e não
critica para construir. Ele é um empregado e não um obreiro-
participante. O externo vem talvez por uma alta posição pública,
ou pelo dinheiro e benefícios seguros que sempre irá receber, ou
pelo status de ser um chefe, ou pelas viagens, ou por ser querido
por todos, etc., o que quer que seja tudo é um incentivo externo.
Querido teologando, que categoria você entende que
seu chamado é? Você quer ser pastor pelo ideal que está te
motivando em ti ou por coisas externas que ganhará? Você sente
que seu chamado é para alimentar um desejo, ego, que sempre
sonhou ter? Ou sente que foi chamado para produzir frutos para
a glória de Deus, mesmo que você seja desconsiderado? Algumas
pessoas fazem as coisas por vocação, fazem porque gostam e
tem um ideal. Outras fazem por incentivos, dependendo de
coisas e promessas para atuar como deveria ser. Em qual grupo
você pensa que se encaixaria, você é incentivado ou é motivado?
Um professor disse em certa aula: “Hoje tenho certeza de
meu ministério, porque já rejeitei propostas grandíssimas e boas
para trabalhar fora da obra, mas eu as rejeitei.” “Não foram poucas
as vezes que eu quis sair da obra, por “maltrato”, por tristeza,
insatisfação; mas sei o chamado que recebi.” “Eu não sou um
funcionário da igreja, eu sou um voluntário, um missionário que
trabalha por amor ao meu Salvador.” Logicamente, ele também

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estava agradecido ao salário e ajudas que recebe, entretanto teve


um contexto para citar esta declaração.
Creio que esta última frase dele pode mostrar a essência
da motivação de nosso chamado: “Enquanto eu vir a igreja como
empresa, eu serei um mercenário e sugarei tudo o que for
possível.” “Mas se eu vir a igreja como filha de Deus e, o ministério
como o dom mais precioso dEle, eu serei um pastor de pessoas,
e não um pastor de funções, eu serei um participante e não um
funcionário. Darei o melhor de mim onde me colocarem, sem me
importar com posições, pois não fui chamado para cargos, e sim
para mostrar Cristo por onde passar.”
Quero te fazer um apelo: se você ainda sente a necessidades
de incentivos externos, não te critico, pois, todos somos humanos
e gostamos disso; ore a Deus, peça-Lhe a verdadeira motivação,
de modo que todos consigamos fazer tudo por causa da salvação
que recebemos. Ao descrever o chamado de um pastor através de
sua própria experiência, Alejandro Bullón relata que “o ministério,
para mim, não foi uma opção. Foi o único caminho que tinha diante
de mim.” 20

Chamado diário
Eu estava estudando um curso de inglês na Universidade
do Sudeste Caribenho (University of Southern Caribbean), onde
na minha sala havia pessoas não cristãs, não adventistas, de sete

BULLON, Alejandro. Eles me chamam de pastor. Revista Ministério. Setembro-


20

Outubro. p. 19, 2002.

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países diferentes. Na aula de conversação, o tema foi: “O que é o


chamado para ser pastor?” Como você pensa que eu me senti ao
ter que responder-lhes tão fácil pergunta para mim, porém tão
profunda resposta? Fiquei em silêncio. Meu amigo, Pr. Dr. Alberto
Valderrama, ex-reitor da Universidade Adventista de Colômbia,
respondeu com grande segurança espiritual e confiança em
seus 25 anos de obra ministerial. “Para mim” ele disse com um
sorriso, “o chamado não é uma ilha isolada no tempo, não é um
momento sobrenatural.” Naquele momento, todos os críticos da
sala se sentaram com desejo que ouvir mais. “O chamado é diário,
contínuo. Faz 25 anos que sou pastor e tenho recebido o convite de
Deus a cada dia quando acordo, sabendo que necessito pastorear
Seus filhos.”
Não tenho mais o que escrever agora, assim como não tive
mais o que falar naquela aula. Eu mesmo aprendi de um guerreiro,
ouvindo de um homem com as cicatrizes da obra, dizer com um
sorriso manso e seguro que nosso chamado é diário. Se eu pensava
que eu tinha recebido este convite somente quando entrei no SALT,
engano o meu, necessito aceitá-lo diariamente em minha vida. Se
pensei que o chamado era no momento que meu presidente me
deu as boas-vindas ao campo, erro o meu, careço ouvir e vivê-lo a
cada momento em minha vida.
Isto é o chamado, é diário!

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Jesus, nosso Exemplo


Deixe que Jesus seja teu exemplo, assim como ele tem sido
para muitos heróis da fé e, tem sido o meu, quando fecho os olhos
e vejo na profunda escuridão Seus olhos e Sua graça me chamando
para ser Seu instrumento. Jesus orava diariamente. Ele passava
muito tempo pedindo a Deus que Lhe mostrasse Seu chamado e o
propósito do mesmo. A cada dia Ele lembrava aquela poderosa e
afirmativa voz: “Este é meu filho amado, em quem me comprazo.”
Por esta razão, ele viveu o chamado que recebeu ao dizer: “Eu vim
fazer a vontade meu Pai!” Devemos ser igual a Jesus e Seus heróis:
“Homens que o mundo não merecia” (Hebreus 11:38)

BIBLIOGRAFIA INDICADA:
HERNANDEZ, Roger. Revista ministério. “Escolhidos para
estar com ele”. Março-Abril 2012, p. 9-10.

DAWN, Marva J; PETERSON, Eugene H; FARIA, Claudia


Ziller. O pastor desnecessário: redescobrindo o chamado para o
ministério. Rio de Janeiro: Textus, 2001.

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T enteconhecer todas
as áreas do ministério
e descobrir quais são
as áreas que você se
identifica para servir
“Não é a soma do trabalho que executamos, nem seus resultados
visíveis, mas o espírito com que o fazemos é que o torna valioso para
Deus”
Walter Alaña

O ministério da igreja é grandioso. A diversidade de dons


é majestosa. Quando um aspirante começa no trabalho pastoral,
há uma vasta lista de lugares e funções que poderá trabalhar,
sempre de acordo com o perfil de cada um ou com a visão
dos líderes. Como exposto no capítulo anterior (Chamado), a
Igreja não proporciona uma carreira exclusiva exata para certas
funções, sempre há uma mudança de cima para baixo e o revés
também.
Muitos, porém, já estão no SALT, se preparando para serem
pastores e já começam a almejar as posições que poderão galgar.
Conheci um rapaz que tinha se batizado nos desbravadores, foi
diretor de clube, e sonhava em ser departamental de jovens.
Nada de errado com sua história nem com o tão importante
departamento, mas a ambição e desejo cego desde jovem era

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tamanha que quase não pensava em outros assuntos da Igreja.


Neste capítulo, eu quero (1) explicar, brevemente,
algumas das diversas funções do ministério pastoral e (2) dar
uma visão sobre o que é ter êxito: uma função ou um ministério
real.

Algumas áreas de atuação


Ao explicar estas áreas, meu objetivo é informar o
ministério na prática, de modo que você, estudante de Teologia,
não fique anelando chegar a posições, mas saiba todas as
possibilidades que Deus pode te colocar para revelar a graça de
Jesus:
1. Distrital: pastoreia e treina as igrejas e pessoas de um
distrito.
2. Capelão: lidera escolas e hospitais na ênfase espiritual
e moral.
3. Departamental: projeta atividades e materiais para o
crescimento de áreas específicas na região.
4. Professor de religião: ensina eficazmente a Palavra
de Deus para alunos.
5. Missionário: exemplifica Jesus e seus ensinos para seu
semelhante de outra cultura.
6. Colportor: evangeliza através de várias situações,
especialmente com a venda de livros.
7. Professor de Teologia: amplia a visão e conhecimento
dos aspirantes e pastores para o cumprimento da missão.

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8. Administração: toma as mais importantes decisões


para o desenvolvimento equilibrado dos fiéis e igrejas de uma
região.
9. Preceptor: apoia e cuida dos alunos em internatos.
10. Orador na Televisão/ Locutor no Rádio: mostra
Jesus para públicos gigantescos.
11. Evangelista grandes multidões: ensina as verdades
para numerosos indivíduos
12. Escritor de livros e revistas: escreve palavras
silenciosas para que Deus fale no coração.
13. Representante na política: defende os direitos e
promove aberturas para a liberdade de expressão.
14. etc.
Fui muito breve em cada definição, pois era meu propósito
fazê-lo. Deixei de citar algumas áreas também importantes, peço
perdão, pois considero todas as atividades de um ministro sagradas,
sendo desde na distribuição de livros missionários, ou como
obreiro bíblico ou numa direção de escola. Creio que cada coisa
que o pastor faz, até o ir comer num restaurante com a família,
ele é responsável de deixar uma semente do evangelho lá, mesmo
sendo campo de outro colega.
Sendo um pastor agora e olhando para trás, a grande
importância que eu daria se voltasse a ser teologando era procurar
aprender um pouco de todos os ministérios da igreja, pois são
importantes e, a qualquer momento, Deus pode me colocar como
responsável disso. Um grande amigo era excelente no evangelismo
e no ministério pessoal, tudo o que ele fazia nesta área crescia, pois,

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ele gostava e era bom nisso. Contudo, um dia a igreja o chamou


para ser secretário. Nunca tinha pensado em contribuir numa
função tão exata e detalhista como esta. Entretanto, ele havia se
preparado para ser pastor, não importasse a função. Rapidamente
aprendeu os ofícios técnicos e se destacou pelo esforço numa área
que previamente não passava por sua mente. Outro pastor era
administrador de uma União, mas ao passar do tempo de trabalho,
foi designado para ser pastor distrital. Este homem revolucionou
para o crescimento o distrito dele, pois era um pastor de coração
e não de função.
Por outro lado, nas áreas em que nos identificamos mais,
devemos procurar nos especializar nelas, aproveitando a satisfação
que temos de fazê-las. Se você gosta de pregar poderosas mensagens
bíblicas, eu o desafio a ser perfeito nisso, pois isso te traz satisfação e
o desenvolvimento não é tão forçado. Treine pregando para árvores,
ampliando sua homilética. Se você aprecia estudar línguas bíblicas,
eu o desafio a continuar se aprofundando, traduzindo e mostrando
suas descobertas. Um pastor foi contador antes de ser teologando.
Ele é bom com os números. Assim, começou a estudar mais sobre as
finanças e pessoas, para contribuir mais no seu ministério com este
dom que possuía.
Querido teologando, faça seu melhor em tudo. Aprenda o
máximo que conseguir de tudo, e esteja disposto a ser usado em
tudo. Abraão Lincoln disse: “Se te convidarem para fazer algo, aceite.
Depois, pergunte como fazer”. Não procure as posições como meios
de te popularizar, esteja aberto a todas as áreas, mesmo as que não
imagina, e Deus fará de tuas obras colheitas frutíferas.

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“Eis-me aqui”:
Eis-me aqui!
Ao Teu altar me entrego;
Eis-me aqui!
Sem vacilar me achego;
Eis-me aqui!

Ó, Senhor,
Chamaste com afeto,
E em decisão perfeita
Rendo-me a Ti, Senhor, meu Deus.
A decisão já feita
Traz-me visão perfeita.
Agora, bem feliz, sou Teu.

Eis-me aqui!
Dirige a minha vida;
Eis-me aqui!
Fiel serei na lida;
Eis-me aqui!

Ó, Senhor,
Serei por Ti usado,
Conforme o Teu mandado;
Em Teus caminhos seguirei.
Sem pão e sem abrigo,
Ou num lugar amigo,
Da cruz de Cristo falarei!
(John Peterson)21
21
HULBERT, Edgar. Como fui chamado. Revista Ministério. Setembro-Outubro.
p. 29, 2002.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Sucesso humano ou êxito divino?


Ao falar sobre as diversas áreas de atuação do pastor,
muitos pensam que o sucesso do ministério é alcançar grandes
cargos de comando ou chegar a ser reconhecido pelas pregações,
ou mobilizações evangelísticas. Contudo, há um sucesso mais
importante que Deus quer ver em cada teologando e pastor.
“Sucesso não é um direito que podemos reclamar e perseguir de
qualquer maneira, nem por quaisquer meios” disse Walter Alaña.
Nós não alcançamos o verdadeiro sucesso quando homens nos
colocam como líderes ou nos reconhecem por algo que fizemos.
Sempre haverá um patamar mais elevado para chegar, sempre
haverá um cargo mais importante para ser ocupado, sempre haverá
um desejo humano buscando mais influência e mais poder como
êxito.
A grande questão é: “como é possível alcançar êxito segundo
os planos e propósitos de Deus? Qual a medida do êxito no reino
de Deus? Que é êxito, segundo Deus?”
Primeiramente, diz Walter Alaña,22 consideremos a
importância fundamental dos motivos. “Para Deus, a razão pela
qual as coisas são feitas pode ser mais importante do que a própria
ação.” No Sermão da Montanha, Jesus desafiou seus ouvintes a
buscar justiça superior à dos fariseus, ou seja, bondade que brote
do coração. Logo, disse, “O homem bom tira do tesouro bom
coisas boas; mas o homem mau do mau tesouro tira coisas más”
(Mt. 12:35).
22
ALAÑA, Walter. A medida do êxito. Revista Ministério. Novembro-Dezembro.
p. 13, 2004.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Não é a soma do trabalho que executamos, nem


seus resultados visíveis, mas o espírito com que
o fazemos é que o torna valioso para Deus”, diz
Ellen White, “Quando são tolerados o orgulho e a
complacência própria, a obra é arruinada... Somente
quando o egoísmo estiver morto, banida a contenda
pela supremacia, o coração repleto de gratidão e o
amor houver tornado fragrante a vida, somente
então, Cristo nos está habilitando na alma e somos
reconhecidos como coobreiros de Deus. 23

Temos que nos perguntar sempre: “como teologandos,


estou me preparando para ser um pastor para meu reino ou um
ministro para o reino de Deus?”
“Junto com a motivação estão os métodos utilizados para
conseguir os objetivos”, Alaña continua explicando. “A qualidade
do ser demonstra o fazer.” Se vivemos para conseguir nosso êxito
na Igreja, mesmo que seja através de meios bem vistos ou por
instrumentos escondidos, estamos pecando contra Deus e contra
Seu povo. Contudo, se fazemos o nosso melhor onde nos colocam
para servir, se trabalhamos diligentemente na área do ministério
que Deus e os líderes escolheram para que fiquemos, com certeza
não importa a posição “alta” ou “baixa” na visão humana, estaremos
exitosos na visão de nosso Deus.
Por tanto, como teologando, busque o sucesso, busque
ser melhor a hoje do que você era ontem. Busque alcançar ou
23
WHITE, Ellen. Parábolas de Jesus. p. 397 e 402. IN: ALAÑA, Walter. A medida
do êxito. Revista Ministério. Novembro-Dezembro. p. 13, 2004.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

ultrapassar os êxitos de grandes homens, pois Deus merece


resultados crescentes. Assim, busque o êxito, para que através de
teu exemplo, outros possam também procurar aprimorar-se e
conquistar logros bem maiores do que você. Logo, as atividades
e resultados para a glória de Deus sempre estarão crescendo e
aperfeiçoando, através do teu fazer por causa do teu ser.
“Não é a soma do trabalho que executamos, nem seus
resultados visíveis, mas o espírito com que o fazemos é que o torna
valioso para Deus” Walter Alaña.
John McVay, deão do Seminário Teológico Adventista da
Universidade Andrews disse que: “Nossa primeira tarefa não é
ter êxito. Nosso primeiro e mais importante dever é reconhecer
a soberania divina.” 24 E é esta soberania que nos guia em cargos
ou posições. O que necessitamos é ser pastores, independente das
funções para nós colocadas.

“Quero ser Pastor de Pessoas”


Quero ser pastor de pessoas ao escrever livros e revistas compartilhando o
amor e conhecimento de Deus,
Quero ser pastor de pessoas quando for responsável por um departamento
da igreja ao organizar projetos para o crescimento das famílias na região,
Quero ser pastor de pessoas preparando outras pessoas no SALT para serem
pastores de pessoas,
Quero ser pastor de pessoas sendo capelão de uma escola ou hospital,
ao estudar a Bíblia com juvenis e jovens, e mostrar o amor de Jesus na
restauração dos pacientes,
24
McVAY, John. A tentação do pregador. Revista Ministério. Janeiro-Fevereiro. p.
23, 2004.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Quero ser pastor de pessoas tendo a difícil responsabilidade de administrar


e liderar a igreja e pastores de uma região em prol do crescimento
equilibrado no evangelho,
Quero ser pastor de pessoas ao cuidar dos alunos no internato,
aconselhando e sendo um pai espiritual para eles,
Quero ser pastor de pessoas quando me olharem pela televisão ou me
ouvirem pelo rádio, pois terei a oportunidade de mostrar a Cristo e não
um frágil homem,
Quero ser pastor de pessoas ao ensinar a Bíblia para multidões de pessoas
num evangelismo,
Quero ser pastor de pessoas quando estiver longe de meu país, revelando a
graça e esperança de Cristo para pessoas de outra língua e cultura,
Quero ser pastor de pessoas ao representar a igreja e a verdade na política,
e conseguir fundos para o assistencialismo e o crescimento das famílias,
Quero ser pastor de pessoas ao orar com os quebrantados de coração e
fazê-los olhar para Jesus,
Quero ser pastor de pessoas ao visitar pessoas doentes e lhes dar esperança
de uma vida melhor e uma espera segura,
Quero ser pastor de pessoas num distrito, onde poderei alcançar muitas
casas da região e mostrar que aquela comunidade pode ter a verdadeira
vida em Cristo,
Quero ser pastor de pessoas ao treinar meus semelhantes para alcançar
os seus, quero pastorear pessoas capacitando-as no entendimento das
Escrituras e no serviço em prol da salvação do pecador,
Quero ser pastor de pessoas ao chorar com minha esposa por causa das
dificuldades, mas também, ao me alegrar com ela por ver que todos nossos
esforços são para o nosso bem e para o desenvolvimento dos semelhantes,
Quero ser pastor de pessoas quando deitar em minha cama para conversar
com minha esposa e ouvir dela palavras de gratidão por eu ter sido seu
sacerdote na família,
Quero ser pastor de pessoas ao ouvir meus filhos se orgulhando de ter um
pai pastor quando conversam com seus amiguinhos na escola,

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Quero ser pastor de pessoas quando estiver face a face com Jesus e ouvir
dEle:“Bem está servo bom e fiel, fiel foste no pouco, sobre muito te
colocarei, entra no gozo do meu Reino”,
Quero ser pastor de pessoas, não importa a posição, não importa o status
ou fama, eu quero ser pastor de pessoas porque desejo ser igual a Jesus!
E você, quer ser um pastor de pessoas ou um pastor de posições?

Jesus, nosso exemplo


Quando andava na areia e pedras viajando para pregar e visitar,
quando colocava roupas especiais para falar em público na sinagoga,
quando tocava leprosos e mortos para a cura e ressurreição, quando
orava pedindo auxílio do Pai para saber aonde ir ou o que fazer,
quando discipulava doze homens para serem igual o mestre e seguir
a visão do presidente celestial, etc. em tudo Jesus foi nosso exemplo.
Ele não escolheu função ou posição, não desprezou nenhuma área
do ministério integral, pelo contrário, fez todas da melhor maneira
possível.
Cristo é nosso exemplo quando foi antes de fazer algo. Ele era
um ministro completo e aberto a tudo. Por que nós, humanos pobres
e cegos, ainda queremos saber a razão do porquê não vamos trabalhar
onde gostamos? Por que nós, pecadores e egoístas, selecionamos
áreas de exibição, quando Jesus mostrou que a salvação vem até
mesmo de madrugada com um fariseu ou sozinho num deserto com
uma prostituta? Sejamos como Ele, nosso Mestre, em aplicar-nos no
conhecimento de todo ministério, na missão integral da salvação, e
servir ao próximo onde quer que estejamos.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Não
deseje a
autoridade
eclesiástica para
estabelecer seu
governo
“Ao anunciarmos o evangelho, proclamamos o triunfo do orgulho
sobre a busca de status”
Laurence Turner

“A tarefa de ministrar não consiste em construir um império


organizacional, mas exaltar a Cristo”
John Drescher

Autoridade e poder:25 fenômenos intangíveis que permeiam a


atmosfera do nosso mundo. Nós o conhecemos como “poder”. Como
indivíduos e nações, o assunto do poder caracteriza nossa cultura. O
desejo do poder, como regra geral, domina as massas quer no sentido
econômico, político, social ou tecnológico. Expressões familiares
atestam as muitas ramificações do poder na vida e experiências diárias:
o poder político, poder da mídia, ou indivíduos de poder. Na igreja,
frases tais como “o poder dos leigos” ou “o poder da liderança” ou “o
poder teológico” sugerem certa preocupação a respeito do poder.

TURNER, Laurence. Síndrome de Nabucodonosor. Revista Ministério. Julho-


25

Agosto. p. 25-27, 2008.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Cada uma dessas expressões poderia indicar ser indesejável


a falta de poder. Como afirmou Robert Greene, “o sentimento de
não ter poder sobre as pessoas e os acontecimentos é geralmente
insuportável para nós – quando nos sentimos miseráveis e
desamparados. Ninguém quer menos poder, todos querem mais.” 26
Como devemos, como pastores e teologandos, nos relacionar
com esse fenômeno?

Política ou politicagem
Somos políticos por natureza. Até quando se trata de
encontrar pessoas que nos representem. O Dicionário Michaelis27
descreve política como: (1) arte ou ciência de governar, (2)
conjunto de princípios e (3) maneira de agir e tratar com
habilidade. É normal existir política no ministério e da igreja,
pois sempre haverá leis e representantes por pessoas agindo para
diferentes finalidades.
A politicagem, por outro lado, é a forma negativa de
fazer política. O Dicionário Michaelis descreve que politicagem
é: política ordinária, mesquinha e interesseira. Não escolhemos
pessoas que nos representem, mas, por negociações, colocamos
indivíduos no poder por causa do interesse em receber algo em
troca. Mauro Silveira escreveu que “politicagem é a famosa rede
de intrigas, encabeçada por uma pessoa ou mesmo um grupo para

26
GREENE, Robert. The 48 laws of power. Nova York: Viking, 1998. IN: Revista
Ministério. “O pastor e o poder”. Maio-Junho de 2008, p. 13.
27
NOVO Michaelis: dicionario ilustrado. 12. ed. São Paulo; Wiesbaden:
Melhoramentos: F.A. Brockhaus, 1972.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

obter vantagens pessoais” 28 e, em alguns casos, se necessário, até


prejudicar outros colegas.
Eber Liessi cita os estudos de Bynum e Clark, e chega à
conclusão que “66% dos entrevistados concordaram que para
conseguir alguma promoção eclesiástica, também era necessário
um pouco de política branda, e alguns pastores têm feito política
com um toque de arte”. 29
Entende a diferença básica de cada uma. A política é benéfica
e construtiva, é sincera e transparente. A politicagem é maléfica e
destrutiva, pois age de maneira escura e propõe o ganho pessoal e
não o coletivo. Com isso, qual tipo de ministério você quer para sua
vida, puro e cristão ou um pastorado politiqueiro e egoísta? Quais
as marcas que você quer deixar na vida das pessoas por onde passar?

Pegadas de Força ou Autoridade


Mesmo não desejando estabelecer nosso próprio governo
na igreja, é necessário, como teologandos, saber como vamos nos
relacionar com a autoridade que receberemos. Contudo, a força,
sendo inimiga da autoridade, está entre muitos líderes que não
entenderam o real sentido da liderança bíblica e cristã. Qual serão
as marcas que você deixará na vida das pessoas, marcas de força
com violência e ameaças, marcas de força com palavras críticas?
28
SILVEIRA, Mauro. Querem puxar o seu tapete. Você S.A. Ed. 77, novembro 2004,
p. 41.
29
LIESSI, Eber. Evasão no ministério Adventista do Sétimo Dia no Brasil: causas,
vulnerabilidades e prevenção. Tese doutoral, Centro Universitário Adventista de São
Paulo: 2012, p. 121.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Ou deixará pegadas de uma autoridade sadia e cristã para que


todos vejam Cristo no teu liderar? Qual desses dois recursos você
usará em teu futuro ministério, força ou autoridade?
A palavra “força” ou no latim30 “fortia”, em sentido geral,
resulta em qualquer “força motriz”, movendo-se com “esforço,
energia e violência”. Está associada à ação física, passividade e
ao temor. É vinculada ao visível, palpável e concreto. É algo que
alguém faz para conseguir, pela força ou imposição, seu próprio
desejo. Se você escolher para teu futuro pastorado utilizar da força,
consequentemente terá que atacar pessoas que não concordam
com tuas ideias, terá que tirar pessoas com dons magníficos do
teu caminho para que não te diminuam. A força é assim, ela passa
por cima de qualquer um para conseguir estabelecer seu governo.
Em outra mão, a autoridade, do latim “auctoritas”, também
significa poder, mas de uma forma diferente. Esta forma de
autoridade é apresentada como uma força ativa, que não passa por
cima de alguém, mas que eleva este alguém ao nível superior. O
livro “O Monge e o Executivo” de James Hunter aborda definições
e exemplos práticos de como ter autoridade.Você pode exercer sua
autoridade em forma de exemplo, onde outras pessoas desejarão
copiar o que você faz; pode ter autoridade quando a compreensão
e a superação estão ligadas ao você tratar com alguém subordinado.
Um amigo pastor me contou que seu chefe, um pastor,
tinha muito poder no distrito que trabalhava. Todos tinham medo
dele ou não queriam ser ridicularizados à frente da igreja. Por
30
DICIONÁRIO de Latim-Português e Português-Latim. Porto: Porto Editora, 2006.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

isso, faziam as atividades da igreja não com gosto e prazer, mas


como um sentimento ruim de uma cobrança áspera de seu “chefe
pastor”. Em outro campo, conheci um pastor que era cheio de
autoridade. Era incrível como sua igreja crescia e os membros
traziam outras pessoas para os cultos. O pastor tinha “auctoritas”,
ou seja, desenvolvia seu sendo de chefe e líder com amor e com
graça. Ele sabia controlar os limites da desordem e as críticas com
mansidão, porém sempre elevava seus membros para algo maior e
puro. Cada um destes pastores marcou as pessoas, ou com força,
ou com autoridade. E você, como marcará as pessoas?
John Maxwell “Quando rendemos tudo diante de Deus,
assumimos um poder que supera todas as fórmulas de sucesso.
Rendição proporciona poder. Quando lutamos pelo poder, o
perdemos; quando nos rendemos, então o descobriremos”. Qual
serão as marcas que você irá deixar no teu ministério, de poder ou
de autoridade? Você quer construir uma organização controladora
de cargos e poder ou contribuir para a igreja governada por Deus
e administrada por homens errantes?

Críticas à Autoridade
O mundo tem crescido de maneira incrível. O mercado,
o comércio, a política, a tecnologia, etc. Cada uma dessas áreas
tem momentos de críticas e discordâncias não com o objetivo
de destruir a organização ou setor, mas com o fim de expandir o
atendimento e serviços às cidades.
A crítica pode ser boa ou má, ou seja, existe a destrutiva e,

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

por outro lado, a construtiva, a qual mostra os pontos bons e maus,


analisa o contexto e procurar um desenvolvimento integral. Na
igreja também existem estes dois tipos de críticas. Por qual devemos
optar? Ou continuaremos obscurecendo a construtiva por medo
de destruir? Hanz Finzel tenta encontrar onde está Deus numa
situação de crítica, e concluiu que “Deus usa o criticismo e o ataque
pessoal para aprofundar nosso crescimento e nossa maturidade”. 31
Por que ele encontrou Deus atuando positivamente nesta
situação difícil? No artigo que escreve, seu ponto principal é a
reação dos criticados para os críticos. Ele fala que Deus não provoca
estas coisas, mas as usa, assim como os outros problemas da vida,
para nos moldar com Seu caráter. Diz que “os embaixadores de
Deus respondem a todas as situações causadoras de amargura
com a mesma atitude dAquele a quem representam.” Como
estudantes de teologia, há uma frequência de críticas que, se nós
não estivermos nos aprofundando em Cristo, não conseguiremos
ser fortes. Como líderes, somos criticados, mas podemos
usar estes mecanismos para a reflexão e crescimento. Como?
David W. Hinds32 explica como utilizar a crítica construtiva
para gerar um desenvolvimento de ideias e um crescimento na
ação evangelística da igreja. Contudo, toda crítica dói quando
ouvida. Necessitamos aprender a ouvi-las e usá-las para o
crescimento quando há uma “tempestade de ideias” e sugestões
para uma ação específica. James D. Berkley33 comenta que “onde
31
FINZEL apud SKRZYPASZEK, John. Revista Ministério. “Uma resposta aos
críticos”. Março-Abril de 2007, p. 13.
32
HINDS. David W. Conflito saudável. Revista Ministério. Maio-Junho. p. 13, 2004.
33
Ib. p. 13.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

não existe nenhuma insatisfação, nenhuma visão de alguma coisa


melhor, nenhum sofrimento, há pouca chance de ação.” Teremos
uma grande ajuda na solução de conflitos devido às críticas, se nos
lembrar dos seguintes pontos:
1. A discordância pode levar indivíduos e organizações a
mudarem paradigmas, o que finalmente pode gerar crescimento
genuíno.
2. A discordância pode revelar uma necessidade de mudança.
Líderes amadurecidos darão boas-vindas à discordância, porque ela
os força a avaliar suas próprias crenças a fazer mudanças positivas
onde elas são necessárias (Prov. 18:15).
3. A discordância ou crítica pode ajudar as pessoas a se
tornarem mais tolerantes a pontos de vistas opostos aos seus.
Aprender a aceitar diferentes pontos de vista sem desenvolver
reações hostis é um sinal importante do líder amadurecido (Prov.
21:23).
Não estou motivando a você falar todos os erros que vê,
pois, certamente não conseguimos ver em nós mesmos os maiores
problemas que fazemos. O que quero mostrar aqui é uma aceitação
às críticas e o uso destas para gerar uma ação ou crescimento mais
completo e amplo. Ao fazer críticas, não as use para destruir pessoas
ou seus esforços (ou a falta deles), nem para atacar organizações,
porque somos um corpo em Cristo.
Convido-te para, ao criticar, para:
(1) pensar se você gostaria de estar ouvindo primeiro estas
palavras, (2) refletir se sua crítica-sugestão é realmente efetiva
ou necessária para a união e crescimento da igreja e (3) sugerir

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

uma ação ou método, em sua visão, melhor para tal fim. Sempre
tenha cuidado, pois, alguns líderes, familiares e até mesmo nós
não somos amadurecidos suficiente para receber certos graus de
críticas-sugestões. (4) Orar muito antes de falar qualquer coisa. (5)
Lembrar-se do conselho de Tiago (3:6,7): “Ora, a língua é fogo; é
mundo de iniquidade; a língua está situada entre os membros de
nosso corpo, e contamina o corpo inteiro, e não só põe em chamas
toda a carreira da existência humana, como também é posta ela
mesma em chamas pelo inferno. Pois, toda espécie de feras, de
aves, de répteis e de seres marinhos se doma e tem sido domada
pelo gênero humano, a língua, porém, nenhum dos homens é
capaz de domar; é mal incontido, carregado de veneno mortífero”.
(6) Amar seu semelhante como Jesus te ama e como você mesmo
se ama.

Qual é a verdadeira autoridade eclesiástica?


Existem algumas definições sobre as categorias de
autoridade/poder existentes no ministério. Leia e medite em cada
um destes abaixo. Procure encontrar qual é o poder que você está
utilizando por onde passa. Logo, peça para Deus que te ajude a
ser um pastor que tenha a verdadeira autoridade. Para isso, J. R. P.
French e Raven34 identificam cinco tipos de poder:
1. Poder especializado: baseado na percepção que B tem da
competência de A.

French, J. R. P.; Raven, B. Studies in social power. Ann Arbor: University of


34

Michigan, Institute for social research, 1959, p. 150-167. IN: O pastor e o poder.
Revista Ministério. Maio-Junho. p. 13, 2008.

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HEBERT DAVI LIESSI
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2. Poder referente: baseado na identificação, ou amizade, de


B com A.
3. Poder recompensa: baseado na habilidade de A em
recompensar B.
4. Poder coercivo: baseado na percepção de B no sentido de
que A pode aplicar castigos, caso A seja a vítima de falhas por parte de
B.
5. Poder legítimo: baseado na internalização de normas e
valores comuns.
Como o estudante de teologia deve se preparar para usar
corretamente o poder que receberá? Como um líder deve relacionar-
se com o fenômeno do poder? Jonas Arrais comenta que:

o poder que emana da função ministerial é passageiro,


assim como tudo o mais que diz respeito ao homem.
Debaixo do Sol, tudo é vaidade, como bem o afirmou
Salomão (Ecl. 1:14). Por tanto, o melhor que podemos
fazer é não nos deixarmos dominar pela vaidade do
poder. Um dia, teremos que deixar o cargo e, quando
isso acontecer, não precisamos ficar doentes, sentindo
falta do que tínhamos nas mãos, ou da função exercida.35

E Barry Black36 complementa a resposta dizendo:

Cheguei à conclusão de que a vida tem que ver


com fidelidade, não com sucesso, e a fidelidade nas
pequenas coisas é o teste para maiores serviços e
35
ARRAIS, Jonas. Despenhadeiros da vaidade. Revista Ministério. Maio-Junho. p.
31, 2008.
36
Ib. p. 31

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

responsabilidades. Sendo capaz de trabalhar com


integridade, mesmo quando meus melhores esforços
pareciam ser ignorados ou não apreciados, eu estava,
na verdade, me preparando para o prazer maior de
serviços mais amplos, pois a fidelidade traz sua própria
recompensa. Comemore os começos hesitantes,
crendo que todas as coisas são possíveis para os que
dependem da bondade de um Deus generoso.

Por fim, querido teologando qual será a autoridade/


poder que será exposto através de teu ministério. Se eu voltasse
a ser teologando, procuraria aprender de Deus como agir com a
verdadeira autoridade, servindo meu semelhante e não procurando
engrandecer meu governo no corpo de Cristo. O pastor Walter
Alaña escreveu acerca da atitude dos verdadeiros pastores e líderes
da igreja: “A igreja precisa de líderes que lavem os pés do povo.
Em outras palavras, que pratiquem uma liderança serviçal” e que
tenham uma autoridade pura aos olhos de Deus e dos homens. 37

Poema “Ensina-me a servir”:


Senhor, ensina-me a servir; e não a ser servido.
Que eu não espere ser servido, mas que eu sirva ao semelhante.
Que em meu coração esteja sempre esta prece:
Senhor, como anelo que me despertes o interesse de imitar-Te:
Da toalha Te cingiste e a Teus servos serviste!
Senhor, ensina-me a servir, não a buscar notoriedade
Ou aplauso daqueles a quem sirvo,
37
ALAÑA, Walter. Líderes para hoje. Revista Ministério. Julho-Agosto. p. 15, 2004.

| 113 |
HEBERT DAVI LIESSI
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Mas de Ti ouvir um dia:


“Bem está servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te
colocarei.”

Que em segredo e com nobreza,


Eu me empenhe em dar aos outros o que gostaria de receber
Senhor, ensina-me a servir
E a entender que o caminho do serviço inclui renúncia e cruz;
A mesma senda que o Salvador trilhou para enxugar o meu pranto.
Ajuda-me, Senhor, a compreender que maior é o que serve
Do que o que é servido.

Que eu caminhe pela senda da vida


Tirando os estorvos do caminho de outros
E curando toda ferida.
Senhor, ensina-me a servir sem medir a recompensa.
Sem temer o desprezo e a vergonha,
O opróbrio ou a ingratidão humana.

Quero, Senhor, servir de boa vontade aos demais,


como se o fizesse a Ti mesmo.
E, se em minha curta vida, alguma vez eu for traído,
ajuda-me a lembrar que foi isso que Te levou à cruz
Para dar-me a verdadeira vida.
(Autor desconhecido) 38

Jesus, nosso exemplo


Quando mais influência Jesus ganhava entre as pessoas,
mais perto de Deus ficava, em constante humilhação, para
38
Ensina-me a servir. Revista Ministério. Setembro-Outubro. p. 23, 2002.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

estabelecer o reino de Deus e não o reino de homens. Um dos mais


poderosos exemplos que Cristo deu à raça humana foi a autoridade
do serviço, a autoridade bondosa, sincera e construtiva. As marcas
que gravou na história do mundo foram de amor e dedicação ao
semelhante e não uma atração egoísta. Sejamos como nosso Rei, o
primeiro e o último, aquele que tem toda a Autoridade do universo
(Fl. 2:5-10). Sejamos humildes e dedicados à bondade e pureza.
Sejamos poderosos em nossas ações de modo que mostremos
a Cristo, o eterno, e não um ato de orgulho pessoal de um ser
humano fraco e finito.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA INDICADA:


HUNTER, James C. O monge e o executivo:: uma história
sobre a essência da liderança. Tradução de Maria da Conceição
Fornos de Magalhães. Rio de Janeiro: Sextante, 2004.

VALLEY, Clinton A. Socorro, estão me seguindo: como


enfrentar os desafios da liderança. Tatuí: Casa Publicadora
Brasileira, 2012.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Procure entender
o que é Teologia
e sua importância
para a igreja
“Teologia é o chão para uma missão correta e eterna”
Hebert Liessi

Como estudantes de Teologia, é crucial saber o que é


teologia. Não podemos ser algo se não conhecemos o fundamento
do que somos. Ao conhecer estas definições, porque temos que
estudar teologia? Qual é a necessidade de dedicarmos nossa vida
neste modo de viver? Qual é a importância para nosso ser pessoal,
para a igreja, para os membros e para a comunidade? Pessoalmente,
este é um dos capítulos que eu te peço maior atenção, pois, de
nada vale estudar tantas matérias do currículo se não temos a visão
fundamental de todas elas.

O que é Teologia
Num termo muito fácil, teologia é o estudo ou a
ciência de Deus. Contudo, sabendo que o Deus cristão é
um ser ativo e não deísta (longe da vida das criaturas), esta
primeira definição necessita ser expandida, incluindo as obras
de Deus e sua relação com elas. Portanto, a teologia também
buscará entender a criação de Deus, particularmente o homem

| 117 |
HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

e sua condição, e a obra redentora dEle em relação com a


humanidade.
Juan Millanao diz que “a teologia é a disciplina que se esforça
para dar uma declaração coerente das doutrinas da fé cristã, baseada
primeiramente sobre as Escrituras, localizada no contexto da cultura
geral, expressada num idioma contemporâneo e relacionada aos
assuntos da vida”.39
Em resumo:
1. A teologia deve ser bíblica
2. A teologia é sistemática ou é feita da Bíblia completa
3. A teologia se relaciona com os assuntos gerais da cultura e
da aprendizagem
4. A teologia deve ser contemporânea. Mesmo que seja
atemporal na mensagem, sua linguagem, seus conceitos e formas de
pensamento devem ter sentido para o contexto do tempo presente
5. A teologia deve ser prática. Não somente com o sentido
técnico e simples, como pregar e aconselhar. Contudo, conectar a
teologia com o viver. Esta deve ser usada em cada área da vida, em
todos os pensamentos e ações da existência de alguém.

Necessidade da teologia
Conhecendo um pouco mais o que é teologia, qual é a
necessidade desta? Como podemos viver ou estudá-la a ponto de
satisfazer a grande necessidade dela?

MILLANAO, Juan O. Teología Contemporánea: texto de estudio y participación.


39

Chillán: Universidad Adventista de Chile, 2004, p. 15.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Primeiramente, a teologia leva cada indivíduo a pensar


sobre quem ele mesmo é nos planos de Deus. Homem e mulher
começam a ter uma sabedoria reflexiva em relação à sua vida e
a existência do mundo. A teologia se faz necessária para mudar
nossa forma de pensar e agir num âmbito mais profundo do que
podíamos tê-lo sozinhos. Em segundo lugar, é necessário estudar
teologia para conhecer algo que não é nosso, aprender algo que foi
dado. Há verdades que não são humanas, estas veem de Deus e Sua
Palavra somente. É importante para ver a perspectiva divina em
relação à visão humana da verdade.
Em terceiro plano, a atitude pós-moderna e a sede por
um discipulado cristão profundo faz da teologia uma grande
necessidade. A teologia irá lutar contra o relativismo pós-moderno.
“Oferece-se, atualmente,” exemplifica Millanao, “liberdade da
culpa. Entretanto, isto tem conduzido à desesperação, à solidão e
à falta de significado de vida.” 40 Teologia bíblica é necessária para
levar estas pessoas para Cristo. Tudo para Cristo, tudo através de
Cristo, tudo por Cristo e tudo em Cristo.
Atualmente, em quarto lugar para a necessidade de teologia,
existem difíceis questões teológicas que o cristianismo tem que
enfrentar. Por exemplo:41
1. A Bíblia tem sido posta de lado. “Deixa o fundamento
fora de autoridade”, disse Ángel Rodríguez. “A inspiração divina
não existe”.
40
MILLANAO, Juan O. Teología Contemporánea: texto de estudio y participación.
Chillán: Universidad Adventista de Chile, 2004, p. 17.
41
SATELMAJER, Nikolaus; HUCKS II, Willie. Guadiões da teologia. Revista
Ministério. Março-Abril. p. 6, 2007.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

2.Teísmo aberto. “Tentativa de minimizar o envolvimento


de Deus e o sobrenatural na História” disse Kwabena Donkor .
3. Espírito crítico. “Ênfase maior no leitor que no autor
original (...) a historicidade dos eventos é descartada” disse
Ekkehardt Mueller.
4. Misticismo. “O que passa a ter importância não é a
doutrina, mas um imediato sentimento de bem-estar e satisfação,
que afeta os conceitos de louvor e pregação” disse Kwabena
Donkor, “o foco está no homem e não em Deus.”
Entre muitas outras, estas questões acima revelam um pedaço
dos possíveis problemas que o pastor terá que enfrentar e, se não
estiver teologicamente preparado, como poderá defender a verdade
de Deus na Bíblia? Por isso, o teologando deve priorizar sua vida
acadêmica, a fim de preparar-se para um trabalho também teológico.
O declínio no estudo das Escrituras realmente tem um
impacto na vida da Igreja. Nada adianta não dar importância ao
estudo teológico, pois no final, as ovelhas do pastor, estarão tão
fracas que qualquer ideia oposta à Bíblia será aceita. Gerhard Pfandl
afirma que “a preservação dessas posições teológicas (adventistas)
significa preservar nossa identidade e unidade. Esse é nosso dever”. 42

Importância da Teologia
A importância da Teologia atinge três áreas: a vida pessoal,
a vida do semelhante e o serviço. Em primeiro lugar, quando
alguém estuda Teologia, ela adquire “uma melhor compreensão
42
Ib. p. 6.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

de si mesma”. Quando mais perto de Deus ficamos, quanto mais


estudamos e vivemos quem é Ele, mais vamos nos conhecer. O
orgulho, o egoísmo, os problemas morais, as fraquezas pessoais,
estas serão mostradas como barreiras para aqueles que buscam a
Deus. Contudo, temos a oportunidade de superar estes problemas
quando saltamos estas barreiras para ficar mais perto do Salvador.

Se cumprirem os propósitos de Deus, até mesmo


os mais experimentados cristãos, serão contínuos
estudantes na escola de Cristo, de maneira de chagar
a ser mestres eficientes. Nossos pontos de vista
chegarão a ser mais amplos (...). Os homens podem
ter desfrutado da capacitação nas escolas, e puderam
ter-se familiarizado com os grandes escritores de
Teologia, ainda assim, a verdade abrirá suas mentes
e impressionará com um novo poder, ao investigar
e considerar cuidadosamente a Palavra em oração e
com sincero desejo de compreendê-la (Bible Study,
Review and Herald, 11/01/1881, tradução do autor).

Na segunda área, a teologia atinge a vida do semelhante. O


estudo de Deus não é enclausurado para os teólogos somente, é
aberto para todas as pessoas. A nomenclatura “clero” e “leigo” tem
um sentido de que alguns comandam e interpretam a verdade e
outros somente escutam. Não deveria haver níveis de divisão para
os que sabem mais da Palavra. Estamos num tempo onde pastores
e membros têm os mesmos materiais e oportunidades de aprender
Teologia. A importância desta, então, para o semelhante, é que as
verdades de Deus não são escondidas, pelo contrário, estão abertas

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

para que o semelhante, sendo o profissional que seja, possa saber


tanto sobre Deus como um pastor.
Querido teologando, se eu te perguntasse agora, “quem
devem ser os teólogos”, o que você responderia? Talvez uma
resposta seja os pastores, ou os administradores, ou os que estudam
Teologia. Está certo, mas creio que podemos ampliar esta visão.
A educação teológica deveria ser para todo o corpo de crentes,
e não somente para professores de Teologia. Quem devem ser os
teólogos? Todos os membros da igreja, desde o líder até a criança.
Teólogos são aqueles que crescem através do estudo de Deus e com
Ele. Por tanto, se você pensa em ser um pastor que guarda teologia
somente para si mesmo, cuidado, talvez não esteja cumprindo a
discipulado que Jesus ordenou para nós (Mt. 28:18-20). Temos
que ensinar o nosso povo, o corpo de Cristo, a estudar e aprender
da Palavra por si só, ser o “povo da Bíblia”. Podemos ajudar em
difíceis situações, pois somos pastores para isso. Entretanto, todos
deveriam procurar serem teólogos. Deixo contigo este desafio:
torne sua igreja uma escola de Teologia, onde se aprende de Deus
e como trazer pessoas para esse tão gracioso Senhor.
A terceira área da grande importância desta ciência de estudo
atinge o serviço, tanto dos pastores como dos membros. Contudo,
vou me focalizar no teologandos e pastores. O SALT está a cada
ano recebendo mais estudantes. Este é uma escola de formação
completa, procurando o crescimento tanto na base teórica como
no fundamento prático. Assim, como mais importante desta parte,
a Teologia forma pessoas (teologandos e pastores) equilibrados
para o serviço.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

O SALT não existe somente para dar livros e provas,


requisitos teóricos ou produção acadêmica. Além destas grandes
relevâncias anteriores, a Faculdade de Teologia ajuda na pregação,
na oração, no testemunho e no estilo de vida cristão. O equilíbrio
do pensar e fazer, do estudar e ensinar. “A Teologia busca a qualidade
do teólogo e, consequentemente, seu serviço”. 43 Ministério sem
teologia não tem rumo, e teologia sem ministério não tem vida.
Busquemos ser teologandos equilibrados, este é nosso desafio.
Se eu voltasse a ser teologando eu procuraria viver a teologia
verdadeira. Desta forma, conheceria qual é o rumo que meu
ministério seguiria e, como resultado, saberia qual é o seu destino.

Níveis da Teologia
Esta ciência tem algumas divisões e níveis, os quais não têm
diferenças de importância. Os três níveis da Teologia estão ligados
de tal modo que, se há falta de um todo o conjunto cai. Assim
como uma mesa, se perde uma perna, todas as outras três perdem
a função. São estes: 44
1. Fundamentos - Filosofia
2. Doutrina teórica
a. Exegese
b. Teologia Sistemática
3. Prática – Missão
Começando pelos fundamentos da teologia, esta área trabalha
43
MILLANAO, Juan O. Teología Contemporánea: texto de estudio y participación.
Chillán: Universidad Adventista de Chile, 2004, p. 19.
44
Ib. p. 45.

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SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

com as ideias, a filosofia, metafísica, ontologia e epistemologia.


As pessoas que compõe esta área são poucas, mas através dela
sai a substância condensada da teologia, a qual é muito difícil de
entender por qualquer um. Todas as ações e reações se derivam de
pensamentos e ideias.
O nível da doutrina teórica se divide em dois. O primeiro é
a Exegese, onde os componentes esclarecem o significado do texto.
Produzem ideias sobre a perícope bíblica e resolvem problemas
sobre a essência da verdade contida na Palavra. Aqui estão os que
estudam Antigo e Novo Testamento com literaturas não canônicas.
Em segundo lugar neste nível, sendo a continuidade do primeiro,
a Teologia Sistemática toma os resultados da exegese e estrutura
para clarificar o significado. É a ponte da Bíblia para as pessoas,
pois une a filosofia, o sentido exegético e expõe para ser usado em
cada realidade.
Como motor incansável, o terceiro nível dá vida para os
anteriores. Neste estão: a administração, a missão, o evangelismo, o
pastor, a igreja e o serviço. É o nível que trabalha para revolucionar
e mudar a vida das pessoas. Aplica os dois níveis anteriores para
mudar a realidade. Dá um novo significado para a vida das pessoas.
Nenhum destes níveis é mais importante do que o outro.
São dependentes. Por exemplo: a filosofia correta não é tão ágil
para atingir as pessoas e, por outro lado, a missão sem fundamento
não tem direção. Estes dois necessitam da Exegese e Teologia
Sistemática, pois são estes que mapearão o caminho por onde se
deve seguir. Meu desafio para você é que seja equilibrado nestes três
níveis. Talvez você não seja bom em todos, normal, mas procure

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

unir as áreas teóricas com as práticas como é o marido ligado com


a esposa. Se eu voltasse a ser teologando... eu procuraria entender
o que é teologia e sua importância completa para a igreja.

Jesus, nosso exemplo


Jesus procurou entender a teologia que era ensinada na
época, mas, principalmente, ele foi diretamente a Deus e Sua
Palavra para receber a verdadeira e completa formação teológica.
Com isso, sempre unia a teoria com a prática. Ao falar parábolas
teológicas e, ao andar de cidade em cidade ensinando as mais
simples verdades esquecidas de Deus, Jesus fora nosso exemplo
de equilíbrio teológico. Tudo o que ele fazia para o crescimento do
corpo inicial de Cristo com Seus discípulos era baseado na Teologia,
a qual sempre direcionava pensamentos e ações, incansavelmente,
na missão de salvar pessoas. Sejamos iguais nosso Deus, que viveu
conosco para nos ensinar como ser equilibrados.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Priorizar
a vida
acadêmica como
um diferencial
na qualidade
do ministro que
trabalha em função
do crescimento da
igreja
“O ministério é uma tarefa teológica. Os membros vão à igreja para
aprender da Escritura”
Ángel M. Rodríguez

Teólogo ou Pastor?

Nos países que passei, há uma “santa disputa” para saber


quem é o melhor e mais necessário para a igreja: o ser teólogo
ou o ser pastor. Há teólogos que criticam o incrível trabalho de
pastores ao chamar pessoas para Cristo dizendo que o fazem de
maneira não bíblica. Por outro lado, há pastores que diminuem a
necessária obra de conservar a sã doutrina falando que os teólogos
não fazem nada fora do campo das ideias.
Falar contra sobre um assunto que não lhe pertence é fácil. É
muito mais simples atacar pessoas de uma área que você almejaria

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

estar, mas não está. Creio ser possível haver um equilíbrio entre a
prática e a teoria. É necessário que os teologandos assimilem desde
os primeiros anos toda a bagagem teórica, de modo a ver para
que realmente vão ministrar. Durante este processo, é crucial,
imprescindível, aprender a aplicar tudo em seu comportamento
(pregação silenciosa) e em seu pastorado (pregação audível).
Quero sugerir um novo nome para os ministros, um nome
que mostra o que realmente deveriam ser: “Pastor-Teólogo.”
Coloquei primeiro o pastor para ressaltar a grande missão da
salvação de pessoas, e coloquei o teólogo em segundo lugar,
não em um nível inferior, para mostrar qual é a base pela qual
o pastor deve estar. Um é o movimento e o outro é a direção.
Devem estar juntos sempre, pois um movimento sem direção
não chega a nenhum lugar, e uma direção sem movimento não
sai do lugar.
Rodríguez comenta que

o pastor não pode trabalhar bem, sem interagir com


a teologia. O fundamento da pregação é a Escritura.
Quando um pregador prepara o sermão, deve gastar
tempo com a Bíblia, captando nela a mensagem de
Deus. No momento em que você começa a refletir
sobre a Escritura, o que ela diz sobre Deus e para
você, nessa interação, você está fazendo teologia. 45

Por exemplo, Mueller foi um pastor de igreja por 16 anos e


45
SATELMAJER, Nikolaus; HUCKS II, Willie. Revista Ministério. “Guardiões da
teologia”. Março-Abril de 2007, p. 6-7.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

sempre estudava para alimentar a igreja. Ele disse: “Sempre optei


por pregar sermões expositivos, jamais preguei sobre um texto
sem, antes, tê-lo traduzido e tornado prático para mim. Quero
animar todo pastor a seguir os princípios de exegese e aplicar
o texto à situação pretendida. Seu sermão terá uma autoridade
bíblica definida.” 46 Rodríguez diz que “quando limitamos teologia
à área acadêmica, estamos prejudicando a comunidade dos crentes.
Teologia é o resultado da obra do Espírito na igreja, e isso inclui
teólogos, pastores e membros”. 47
Muitas vezes, nós como teologandos, tendemos a enfatizar
muito a teoria e as ideias. Isso é normal, pois é o meio em que
estamos. Entretanto, é necessária a visão prática. Há carência de
equilíbrio. Sempre o estudante deve estudar e aprender teologia
com o fim de defender a Bíblia, com objetivo de proteger pessoas
contra heresias ao evitar ou combater. De nada valerá todo o
conhecimento se seu semelhante não puder ver Jesus em ti. Por
isso, seja um “Pastor-Teólogo.”
Quero lhe desafiar para unir estes dois poderosos braços
do corpo, a fim de construir nas pessoas a verdadeira fé e a mais
completa edificação (Efésios 4).

Um aluno bem-sucedido
Não lhe quero falar aqui sobre o “dever” ou o “querer” de
ser o melhor da turma, meu objetivo é mostrar como manter o
46
Ib. p. 7.
47
Ib. p. 7.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

equilíbrio da teoria e prática e, no processo para isso, como ser um


estudante feliz ao aprender tudo o que estuda.
Com o exemplo de muitos amigos, bons pastores, muito
satisfeitos em seus estudos, eu quero fazer uma pequena relação de
dicas para conseguir aprender o máximo possível de teologia para
sua vida ministerial.
1. Assista às aulas. Não falte por preguiça ou chateação.
Mesmo que esteja doente, se é possível, assista as classes.
Além disso, chegue cedo, pontual, pois as introduções
podem ser de grande valor. Preste atenção em tudo.
2. Anote as principais ideias da matéria. Sugiro que
seu caderno seja dividido em duas partes em seu caderno,
ou algo semelhante no computador. Uma para a matéria do
professor e a outra, para escrever ideias e pensamentos para
sermões. Exemplificando na matéria de:

Conteúdo da matéria Aplicação para a igreja


a. Grego e hebraico (Aula sobre vocabulário e o significado
das palavras na Bíblia):
Monogenes – único da espécie Sermão mostrando o
privilégio do Monogenes de
Deus vir nos salvar (Jo 3:16)
Baráh – criação desde o nada Sermão mostrando o poder
infinito de Deus em criar tudo
a partir do nada (Gn 1:1)

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

b. História da igreja:
Contexto onde a IASD se Treinamento sobre
originou e cresceu. cumprimento profético e
missão da igreja – IASD
Vida do casal White Seminário para casais –
exemplos do que fazer e não
fazer.

3. Produza artigos e meditações. Ao escrever artigos


e meditações você vai colocando o que aprender em prática, e
amplia sua abrangência, além de contribuir para que outras pessoas
leiam as boas coisas que você captou na faculdade. Devemos ser
escritores de cartas de salvação, ou seja, ao escrever uma simples
página e entregar para alguém, estamos contribuindo para uma
pregação silenciosa e eficaz.
4. Desde o início, prepare-se para a monografia.
Pense nos temas que gostaria de estudar e escrever. Converse com
o professor responsável. Junte material bibliográfico ou prepare
questionários. Comece a formar uma futura estrutura de sua obra
literária. Não deixe para o final, será terrível perder noites fazendo
esta tarefa. Adiante-se. “Comece correndo para terminar andando”.
5. Leia mais do que é exigido. O pastor Walter Alaña
sempre nos ensinava no Chile: “Se o professor pede um livro para
ler, leia três”. Um dia eu estava caminhando e me encontrei com
um professor que admiro muito e começamos a conversar sobre
como ampliar os conteúdos que aprendemos na sala de aula. O
professor me disse: “Hebert, o que o professor passa na sala de aula
é muito pouco. Leia os livros que ele recomenda na ementa como

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

bibliografia básica. Fazendo assim, você pensará no mesmo nível


de um professor”.
6. Prepare-se para ensinar tudo o que aprende. O
pastor Juan Vásquez frequentemente nos fazia preparar sermões e
seminários de tudo o que aprendíamos no SALT, até das matérias
teóricas. Tive aulas de evangelismo com ele, e nestas aulas ele
nos pediu para criar um estudo bíblico com conteúdo de grego
e hebraico para ensinar aos interessados da igreja quando estes
estavam tendo estudos bíblicos com as Testemunhas de Jeová.

Instituto de Pesquisa Bíblica (IPB)


“O IPB da Associação Geral (AG) da Igreja Adventista do
Sétimo Dia disponibiliza recursos teológicos para a igreja mundial,
além de promover o estudo e prática da teologia e do estilo de vida
adventista” descreve Nikolaus Satelmajer.48
Ao ser estabelecido pela Comissão Diretiva da AG, em 1975,
o IPB se compõe de teólogos e administradores que tem a função de:
1. Ser o centro de recursos sobre questões doutrinárias e
teológicas para a igreja mundial.
2. Promover a unidade teológica da igreja.
3. Esclarecer o que cremos como Igreja, para que outros nos
compreendam melhor.
4. Representar o pensamento da igreja mundial e ajudá-la em
suas questões teológicas.
Para evitar falsos pensamentos, Rodríguez disse a respeito à
48
SATELMAJER. p. 5.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

tarefa da IPB: “nossa responsabilidade é tomar o que ela (a igreja)


considera verdade e tentar aprofundar sua compreensão. A igreja,
em sua compreensão das Escrituras, é quem define a doutrina”. 49
Como estudantes de Teologia, devemos estar em contato
direto com os materiais que são produzidos pelo IPB, pois é a suma
do pensamento teológico adventista. Para pesquisa, procure na
internet www.adventistbiblicalresearch.org. Com este, é possível
encontrar os arquivos produzidos, para o download e estudo.

Diretório Acadêmico (DA)


Nas faculdades em geral, há um diretório acadêmico composto
por alunos. Este tem a finalidade de tornar materiais teológicos
mais disponíveis para os alunos. Esta equipe faz contatos com
editoras e sociedades bíblicas para conseguir livros com descontos
pelo fato de comprar em quantidade. Assim, os estudantes poderão
ampliar seu acervo bibliográfico, tendo este como uma ferramenta
para o crescimento equilibrado da teoria e prática. Não obstante,
os livros adquiridos, o DA poderá mobilizar seminários teológicos
para os alunos. Nestas palestras, os professores da casa poderão
apresentar suas pesquisas, professores de outras faculdades poderão
vir ensinar outras ciências ou aprofundar um assunto conhecido.
O DA tem uma grande função quando é dado oportunidade
para que exista, pois, os alunos e professores serão mais beneficiados
com materiais, melhores custos, seminários e um exemplo de
como organizar pessoas para aprender e fazer ciência. Se na sua
49
SATELMAJER. p. 5.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

faculdade tem algo como DA, continue participando. Caso não o


tenha ainda, converse com seus colegas, façam um pedido para a
Direção do SALT, mostrando as razões e privilégios de se ter um
diretório acadêmico.

Produção Científica
É normal vermos tantos autores norte-americanos e europeus
e, infelizmente, poucos sul-americanos. Parece que temos uma
cultura de absorver ideias que os estrangeiros produzem, nada
contra eles, até devemos agradecer. Por exemplo, este livro,
enquanto o escrevia, procurava muitas fontes primárias para ser
minha Fundamentação Teórica, e me surpreendi que grande parte
de ideias que eu encontrava foram escritas por norte-Americanos
ou Europeus. Sou muito agradecido por ter estas informações e
pensamentos criados ou desenvolvidos deles. Entretanto, por que
nós, sul-americanos, não temos o estilo de vida científico? Não
poderíamos começar a escrever mais ideias e, não as limitar a
nós mesmos, mas traduzi-las para que sejam de acesso ao mundo
também. Esta cultura de produção científica deve se fortalecer
desde a faculdade, desde o SALT.
Todo curso de graduação e pós-graduação além de servir
para preparar profissionais para o trabalho, também produz
ciência, produz conhecimento. Há faculdades que investem nos
professores não para dar aulas (isso é o mínimo), mas para criar
e desenvolver raciocínios e ideias que mudem e melhorem certas
áreas acadêmicas. Uma faculdade de medicina patrocina cientistas

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

para ficarem no laboratório produzindo remédios para doenças


“incuráveis”. Assim, por que o SALT não poderia estar mais ousado
em produzir teologia ou métodos? O trabalho que os professores
fazem, ao publicar artigos e organizar teologia, está sendo feito
incrivelmente. Contudo, creio que isso poderia ser um estilo de
vida dos estudantes também.
Um teologando que entra no SALT para preparar-se a fim de
ser pastor, deveria ter o privilégio de ser um teólogo produtor de
pensamentos. O SALT é uma “máquina” de preparo de excelentes
pastores e está correta nisto. Contudo, este poderia ser uma “máquina”
de expansão e produção teológica desde seus alunos, algo como
investigação mais aprofundada.
Meu ponto principal neste tópico não é diminuir a importância
do SALT, pelo contrário, é engrandecer e agradecê-lo por tudo o que
tem feito. Meu ponto é para os estudantes, os quais deveriam estar mais
abertos e dispostos a defender a teologia e produzir conhecimento,
tanto quanto é importante dar estudos bíblicos e batizar. Aprender
grego e hebraico não é passar na matéria, mas é produzir exegeses e
conclusões a partir do que se aprendeu. Conhecer a história da igreja
cristã e da Igreja Adventista não serve para muita coisa se ficar guardado
em cada indivíduo (e quando fica), mas é de suma importância quando
materiais científicos são organizados para facilitar a compreensão.
Um dia, eu estava apresentando os resultados de minha
monografia no II Seminário de Iniciação Científica do SALT-Bahia,
quando um colega se aproximou e me perguntou como poderia saber
de todas as opções de pesquisa que ele poderia ter para começar a
preparar seu trabalho científico também. Ele estava no primeiro

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

ano, não tinha visto quase nada das futuras classes teológicas que o
SALT leciona, mas, desde o início, ele estava de parabéns por querer
saber onde poderia crescer. Assim, eu decidi colocar neste tópico as
principais áreas de pesquisa científica que o SALT oferece para que os
alunos desenvolvam (se eu deixar uma, por favor, escreva no teu livro
as que faltaram):
1. História da Igreja
a. História da igreja cristã
b. História da Igreja Adventista do Sétimo Dia
c. História de instituições (escolas, hospitais etc.)
d. Teologia Clássica e Contemporânea
2. Exegese e interpretação bíblica
a. Antigo Testamento
b. Novo Testamento
c. Livros apócrifos e pseudepígrafos
3. Administração Eclesiástica e Aconselhamento
pastoral
a. Aconselhamento conjugal
b. Aconselhamento filhos
c. Ética Cristã
d. Fatores eclesiásticos
4. Crescimento de igreja
a. Missão Urbana
b. Pequenos Grupos
c. Evangelismo Público
d. Discipulado
e. Antropologia missionária

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

5. Línguas antigas e modernas


a. Hebraico
b. Grego
c. Latim
d. Inglês
e. Espanhol
f. Etc.
6. Movimento Cultural
a. Pós-modernidade
b. Conflitos de Gerações
c. Etc.
Quero apelar para todos os teologandos. Desde o início,
procure ver qual é a área que lhe agrada, converse com os professores
responsáveis e inicie organizando-se para produzir teologia. Isso não
é para brincar, é para mostrar que sua faculdade tem algum valor
acadêmico, além do prático também. Depende de você, querido
teologando. Assim, não passará noites e madrugadas, no final do
curso, correndo para finalizar sua monografia. Contudo, o mais
importante, é sermos pastores-teólogos, que saibam a doutrina
e produzam materiais para que o mundo conheça a verdade em
forma acadêmica também. Nem todos são acadêmicos, mas todos
devemos nos desafiar para sermos pastores-teólogos.
A diferença entre um pastor adventista e um pastor não
adventista é a base teológica que cada um tem. Se eu voltasse a ser
teologando eu priorizaria a vida acadêmica como um diferencial na
qualidade do meu ministério.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Jesus, nosso exemplo


Jesus foi o perfeito Pastor e completo Teólogo. Estudava
muito as Escrituras para compreender o tempo em que vivia e
entender a função de seu ministério. Ensinava e vivia de acordo com
as verdades divinas. Talvez não foi um acadêmico na parte literária,
mas, ao ler Suas palavras relatadas pelos escritores, podemos ter
certeza que não fala nada sem sentido. Até a mais simples parábola,
como a da semente de mostarda, tinha um conteúdo teológico tão
profundo como o livro de Isaías. E, além de tudo isso, procurava
elevar a vida teológica dos que O rodeavam. Sejamos como Jesus,
um verdadeiro e real Teólogo (Estudante de Deus), para que
sirvamos a Deus como pastores de maneira mais profunda e mais
bíblica. Assim, o povo será conduzido para Deus.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Leia mais livros


“Diga-me o que você lê, e eu te direi o que você pensa. Mostra-me o
quanto você lê, e eu te direi a profundidade que você tem”
Anônimo

Vivemos num continente, cada país, em que o índice de


livros é menos de um por habitante.50 Somos uma geração habituada
à internet, televisão e outros recursos que nos condicionam a
receber mensagens prontas em forma de imagens rápidas. Não
existe problema com as imagens, mas a questão é o que sobra da
nossa capacidade de interpretação, quando elas não estão presentes.
Educadores têm se unido num esforço constante para
divulgar os benefícios da leitura, inculcar nas crianças o gosto
pelos livros bem como enfrentar o grande desafio de lhes ensinar
a interpretar o que leem. E nós, pastores e teologandos, líderes
cristãos, pregadores e instrutores, que temos a fé pautada no
“Assim está escrito”, acaso temos nos adicionados ao número
daqueles que a cada dia leem menos?

Leitura, um hábito a ser alcançado


Teologandos e pastores nunca podem rejeitar a leitura.
Como instrutores da verdade, necessitam estar baseados em algo,
50
NASCIMENTO, Virgínia A. G. Traga os livros. Revista Ministério. Julho-Agosto.
p. 8, 2011.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

o que sugere livros. Devemos estar “preparados para responder a


todo aquele que pedir razão da (nossa) esperança” (I Pe 3:15). A
leitura da Bíblia deve ser o hábito principal de nossa vida. Deve
ser diária e profunda. Os livros escritos por Ellen White deverão
estar no auxílio e direção de nossas interpretações. Só com estes
livros inspirados, já temos muitas palavras para ler. Este deve ser o
primeiro e principal hábito de nossa vida, principalmente de um
teologando.
Contudo, existem muitos outros livros estão à disposição
para serem lidos e digeridos. Quantos livros você lê por mês?
Um pastor que admiro muito, não somente por sua capacidade
acadêmica, mas pelo muito trabalho administrativo e pastoral
também, tinha como costume, quando me disse, ler três livros por
mês. Ele separava 30 minutos diariamente para este propósito: ler
livros de diversas áreas. No mês, o total mínimo de horas eram
12. Vamos dizer a verdade, qual trabalhador consegue ficar no
mínimo12 horas por mês lendo? Isto necessita disciplina e a criação
do hábito.
Se você demora dois minutos para ler uma página, então,
em uma hora, você pode ler 30 páginas. Logo, em 12 horas no mês,
é possível ler um livro de 360 páginas. Raciocine comigo, qual é o
teologando ou pastor que tem este hábito tão simples de alcançar?
Temos que desenvolver a leitura como uma necessidade diária.
Por que muitos não conseguem? Vamos examinar um
exemplo: “Certo teologando casado estuda um turno (toda a manhã
ou toda a tarde). É bolsista outro turno, o que tira de seu dia em
média 10 horas. Quando este colega chega à noite em casa, após

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

estudar pela manhã e trabalhar à tarde, tem uma família para cuidar
e amar, livros para ler e um sono deleitoso o esperando. Das 19:00 –
22:00, um exemplo de tempo livre, variando com as circunstâncias,
nosso amigo tem três horas livres, isso se cuida da saúde ao dormir
cedo. Nestas três horas, é possível fazer tantas coisas úteis para a
família: comer, brincar, relaxar, amar, LER, etc., mas não, nosso
colega liga a televisão e fica olhando para ela, comendo, quase não
conversando com a esposa assuntos que ela precisa ou estando
presente para os filhos que estão ansiando por um pai”. Nada contra
o ficar um pouco olhando televisão, mas é possível fazer tudo isso e
ainda ler, mesmo que seja uma leitura com a esposa.
Pegou a ideia do porque muitos não conseguem nem fazer
a família feliz, muito menos ler algo que irá edificá-lo? Temos que
eliminar hábitos nocivos e desnecessários para nossa vida. A partir
disso, do processo, o teologando e pastor irá conseguir chegar ao
nível de um ministro da igreja do Criador do Universo.

Leitura, como fazê-la?


Leitura por si mesma já gera crescimento mental. Algumas
crianças gostam de ler histórias em quadrinhos; os jovens apreciam
histórias de suspense e romance; os adultos leem sobre negócios
e sexualidade no casamento; e os idosos, sobre os alimentos que
devem comer e sobre saúde. Se você tem o hábito de ler, continue,
é o passo mais importante.
Em primeiro lugar, contudo, como fazer uma leitura
realmente proveitosa? Para isso, é necessário criar métodos,

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

por exemplo: um colega meu gostava de pintar com cores os


parágrafos que mais lhe eram relevantes. Um professor apreciava
resumir em uma frase cada frase ou parágrafo lido. Eu preciso
riscar a página e circular as palavras para que fique satisfeito. Bem,
há muitas formas de absorver o conteúdo escrito. Desenvolva teu
próprio método de captar a ideia.
Logo após sua metodologia de estudo, comece a selecionar suas
leituras. Já não temos tanto tempo para ler, imagina se não conseguimos
canalizar bons materiais nestes poucos minutos. Faça uma lista dos
livros, em ordem de prioridade. Você pode ler vários livros sobre um
assunto, a fim de aprofundá-lo. Outra opção é ler diversos assuntos
para aumentar sua compreensão dos temas em geral.
Por fim, como um teologando pode usar os livros na prática
acadêmica e ministerial? Existe uma resposta: Aplique-a. Não leia
apenas por ler, não cumpra os requisitos de leitura somente por nota,
aplique tudo na sua vida. Deste modo, o conteúdo ficará mais dentro
de você, e sua perda será mínima. Enquanto ler, imagine que deverás
ensinar a uma pessoa com dúvidas sobre o assunto. Enquanto ler,
imagine que você terá que usar este conteúdo para exortar alguém ou
uma igreja contra uma heresia. Da sua forma de viver amigo, aplique
na sua vida tudo o que leres.

Sugestões
Com o propósito de ajudar você a melhorar a qualidade de
sua leitura, Virgínia Nascimento51 oferece algumas sugestões:
51
NASCIMENTO. p. 8.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

1. Comece lendo sobre assuntos que tratem de algo do seu


interesse.
2. Escolha textos curtos e, depois, tente explicar o que leu.
Caso não consiga, tente novamente.
3. Cuide para que haja progresso no tamanho e na categoria
do texto. Nossa mente precisa ser desafiada a crescer.
4. Use o dicionário para esclarecer palavras desconhecidas.
5. Desenvolva interesse por assuntos importantes, não
desista diante das dificuldades.
6. Lembre-se que Deus tem bênçãos maravilhosas para você
através da leitura.

Jesus, nosso exemplo


Não podemos falar que Jesus teve tantas opções de leitura
como temos hoje, mas podemos refletir que Ele usava os recursos
literários da época para ampliar a profundidade de Sua compreensão
e raciocínio. Ao citar tantas vezes o Antigo Testamento, sugere-se
que Ele o lia. Ao apresentar parábolas e pensamentos atuais, revela-
se que não somente ouvia os contos da época, mas lia os poucos
manuscritos disponíveis. Contudo, o ponto mais importante de
Seu exemplo é: Ele como escritor. Todo escritor tem um hábito
mínimo de leitura, quanto mais Ele, que escreveu palavras de amor
e redenção na natureza e nas Suas mensagens. Sejamos como Jesus,
leitores autênticos, para auxiliar pessoas com seus pensamentos e
dúvidas.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Procure aprender
melhor a língua
Inglesa
“Quem sabe outra língua, pode unir mundos diferentes”
Hebert Liessi

Importância do inglês

É de crucial importância saber um segundo idioma. Pode


ser o espanhol, desde que seja bem aprendido, ou o inglês, o qual
é a língua mais usada no mundo e na igreja. Quero destacar três
relevantes objetivos em se aprender o inglês.
1. Importância na comunicação geral. Primeiramente,
toda a comunicação que existe depende da linguagem. Se nós
não conseguimos conversar com culturas de dialetos diferentes
dentro de nosso país, imagina países que falam outro idioma. O
teologando que sabe inglês tem uma chave na mão para abrir o
mundo para seu crescimento. Ele poderá viajar por países e se
comunicar tranquilamente. Quando eu e alguns amigos estávamos
em Roma, não sabíamos falar italiano, mas eu e outros amigos
sabíamos inglês, o que nos abriu portas no diálogo desde num
restaurante até com um guarda da Basílica de São Pedro, Vaticano.
2. Importância para o ministro. Quando uma pessoa,
um teologando, sabe inglês, todo o mundo teológico lhe está

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

aberto. Livros em alemão, francês, espanhol, etc. são traduzidos


para esta língua materna da IASD. Além da grande disponibilidade
da leitura, existe a abertura da comunicação com igrejas e pastores
de todo o mundo. Em Trinidade e Tobago, eu não sabia me
comunicar em francês, quando estudava inglês com um grupo de
franceses. Contudo, o que unia o grupo de falantes de Espanhol,
Português, Francês e Holandês era o Inglês. Quando eu ia à igreja
francesa, eles traduziam o sermão em inglês para mim, a fim de
entender melhor. Esta língua abre as fronteiras.
3. Importância para a Igreja. A pessoa que sabe inglês,
além de ter a abertura na comunicação geral e ser beneficiado,
pode ajudar a igreja em seu crescimento transcultural. Quando
professores de fala inglesa veem ao Brasil para algum simpósio,
além de você entender tudo, poderá estar à disposição para traduzir.
Assim se cria uma ponte entre dois mundos diferentes. Alguns
anos atrás, nas Faculdades Adventistas da Bahia, uma missionária
da Tailândia veio para ensinar inglês aos alunos e funcionários. Ela
não falava nada de português. Então, nos cultos da igreja, ela não
conseguia acompanhar nada. Uma noite de pregação, ela estava
do meu lado, o pastor estava falando, e ela me pediu para traduzir
do português para o inglês. Com dificuldade eu estava tentando.
Contudo, o que mais me deixou feliz, foi no momento do apelo.
As pessoas começaram a se levantar em resposta à decisão. Ela me
pediu para saber o que estava acontecendo. Então eu lhe resumi
o apelo em inglês. Ela aceitou aquela verdade sobre Jesus através
de minha débil tradução. Com o inglês, pastores e teologandos
podem cumprir mais completamente a missão de Cristo.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Etapas da aprendizagem
Na situação dos sul-americanos, as pessoas costumam
estudar muita gramática e leitura nas escolas. Os alunos que
aproveitam o currículo escolar, podem sair lendo esta língua e
escrevendo bem pouco. Contudo, o que quero propor nesta parte
é uma ideia de como ampliar a aprendizagem de uma segunda
língua, especialmente o inglês. É apenas uma visão para a vida
normal dos sul-americanos, onde o estudo desta língua ainda não
é tão forte. Abaixo, cito uma sugestão de processos e barreiras a
serem transpostos, estes não foram analisados cientificamente,
porém, muitos de meus alunos me confirmaram estas etapas em
seus estudos:
1. Saber a gramática. Isso pode ser adquirido na escola
ou em um curso extra. Temos que conhecer os fundamentos e base
teórica de uma língua para dominar sua comunicação (isso também
acontece com nosso idioma materno).
2. Ampliar a audição. Através de músicas, vídeos ou
filmes, etc. é possível esticar a mente teórica da gramática para
entender como as pessoas conversam e expressam a língua na fala.
Para chegar ao nível dois, audição, é necessário deixar a barreira
teórica da gramática. Esta parte é igual uma criança do primeiro
ano até o segundo, onde entende o que falam para ele.
3. Repetir e memorização. Este terceiro nível é onde
você consegue falar palavras e frases anteriormente memorizadas,
tais como: “What´s your name?” ou “How old are you?”. Não é um
nível difícil. Na verdade, com a primeira e segunda etapa, você
irá memorizar e falar expressões congeladas/memorizadas, assim

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

como uma criança dos dois anos até os quatro. Quando conseguir
chegar a este terceiro degrau, parabéns, você conseguiu chegar
quase no topo da escala. Faltam só dois níveis.
4. Comunicação normal. Até o passo anterior não era
problema, entretanto, o mais difícil é pular a barreira do falar. Este
nível é quando você deixa de falar palavras memorizadas e começa
a criar frases, dominar a gramática através do expressar ideias feitas
no momento. A comunicação normal é semelhante às crianças
de 4-7 anos, as quais falam e ouvem, conseguem comunicar-se,
porém, ainda não possuem o grau da argumentação.
5. Comunicação efetiva. Este não é o nível mais alto,
porém, creio que possa ser um ideal inicial para o teologando
que quer dominar um idioma. Igualmente um juvenil dos oito
aos 13 anos, a comunicação efetiva oferece amplo entendimento
e comunicação de palavras e gírias. Com este degrau, é possível
argumentar, pensar e falar livremente o idioma. Contudo, falta
ainda um aprofundamento, o qual ocorrerá ao viver no país
estrangeiro por muito tempo.

Métodos para a aprendizagem


Existem muitos métodos de estudo de idiomas. Todos
são úteis para alguém que quer aprender. Creio que cada pessoa
aprende de uma maneira diferente, portanto, você deve descobrir
qual é a maneira que aprende as coisas.
Ao estudar muito línguas: grego, hebraico, português,
espanhol, inglês e francês, e ao ensinar algumas delas também, eu

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

percebi que as pessoas têm métodos diferentes de aprendizagem.


Contudo, o que é óbvio, todo mundo pode aprender um novo
idioma igualmente da maneira como adquiriram a língua materna:
usando os cinco sentidos.
Semelhantemente ao crescimento da criança na
comunicação, os jovens, adultos e idosos podem usar a visão, o
tato, o olfato, o paladar e a audição para aprender um idioma novo.
Como assim? Eu te explico. Digamos que um bebê nasce numa
família brasileira. Logo, começa a dizer “papa” (papai), “mam...ã”
(mamãe), “chumiga” (formiga) etc. Estas palavras que ele adquiriu
com a audição, de tanto os pais repetirem para ele falar isso.
Semanas depois, ao brincar (tato) com peças coloridas (visão),
ao colocá-las na boca (paladar) e cheirá-las (olfato), a criança vai
aprendendo as cores, pois associa a palavra ensinada pelos pais com
o objeto que brinca. Anos depois, ela vai com os pais no centro
da cidade para fazer compras, onde tem comércio e barulho.
Tudo é novo, há muitas coisas que não conhece. Então, a criança
pergunta os famosos “Por quês?” e “O quês?”. Nisto, em uma tarde,
ela aprende um mundo que era novo e foi descoberto através dos
cinco sentidos em ação.
E o que isso tem a ver com o inglês para mim, teologando?
Se você quer aprender um idioma rápida e profundamente, recorra
aos seus cinco sentidos. Coloque em sua casa cartões com os nomes
de objetos para que, ao ver (visão), os aprenda. Saboreie frutas e
alimentos (paladar e olfato) e pergunte quais são seus nomes. Tente
saber o nome das coisas que você toca (tato). Usando os cinco
sentidos em sua vida, o inglês não será nada estranho ou difícil.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Muito pelo contrário. Será tão prazeroso aprender


rapidamente um idioma, semelhantemente uma criança.
Finalmente, procure muitos outros métodos para sua
aprendizagem. Faça cursos extras, converse com todos os que
sabem inglês por perto. Imagine se cada dia você aprender uma
frase nova ao conversar com quem já sabe outro idioma? Tente
viajar para um país que fala inglês para ver o quanto é bom saber
comunicar-se ou o quanto é e assustador não saber.

Sonho realizado
Eu nunca tinha pensado em aprender outro idioma até
entrar no SALT, pois não via a necessidade. Quando entrei
na faculdade de teologia, percebi a necessidade de aprender
um idioma para comunicar o evangelho. Foi então que eu
tive um sonho e fiz meu planejamento para consegui-lo. Nos
próximos quatro anos eu iria me formar em teologia, e queria
finalizar minha faculdade dominando pelo menos três idiomas:
português, espanhol e inglês, sem incluir o hebraico e grego,
que são um presente do SALT para chegarmos a ter uma melhor
compreensão de até cinco idiomas. Deus seja louvado, ele me
deu oportunidades e eu não as desperdicei. Consegui realizar
meu sonho.
Um colega, que também começou comigo, sem saber
nenhum outro idioma no início, estabeleceu uma meta semelhante.
Ele foi mais rápido que eu, no terceiro ano, já ensinava inglês, já
traduzia livros em espanhol e era monitor no SALT.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Muito pelo contrário. Será tão prazeroso aprender rapidamente


um idioma, semelhantemente uma criança.
Finalmente, procure muitos outros métodos para sua
aprendizagem. Faça cursos extras, converse com todos os que
sabem inglês por perto. Imagine se cada dia você aprender uma
frase nova ao conversar com quem já sabe outro idioma? Tente
viajar para um país que fala inglês para ver o quanto é bom saber
comunicar-se ou o quanto é e assustador não saber.

Sonho realizado
Eu nunca tinha pensado em aprender outro idioma até
entrar no SALT, pois não via a necessidade. Quando entrei
na faculdade de teologia, percebi a necessidade de aprender
um idioma para comunicar o evangelho. Foi então que eu
tive um sonho e fiz meu planejamento para consegui-lo. Nos
próximos quatro anos eu iria me formar em teologia, e queria
finalizar minha faculdade dominando pelo menos três idiomas:
português, espanhol e inglês, sem incluir o hebraico e grego,
que são um presente do SALT para chegarmos a ter uma melhor
compreensão de até cinco idiomas. Deus seja louvado, ele me
deu oportunidades e eu não as desperdicei. Consegui realizar
meu sonho.
Um colega, que também começou comigo, sem saber
nenhum outro idioma no início, estabeleceu uma meta semelhante.
Ele foi mais rápido que eu, no terceiro ano, já ensinava inglês, já
traduzia livros em espanhol e era monitor no SALT.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

E você, qual é o teu sonho? Quantos mundos você desejará


alcançar através dos idiomas que anela aprender?

Jesus, nosso exemplo


A Bíblia não fala que Jesus se comunicava em muitas línguas
como Paulo e Lucas. Porém, ao estudar o contexto onde Ele vivia,
encontramos uma realidade de duas línguas. No dia-dia, Jesus
e o povo falam aramaico, que era a língua da vida cotidiana, do
mercado, das conversas. Contudo, nas sinagogas, a língua lida e
falada era o santo hebraico bíblico. São idiomas semelhantes,
porém, não iguais. Jesus é nosso exemplo em saber mais de um
idioma.
Entretanto, o maior exemplo que Cristo nos deu, foi falar na
língua de homens para salvá-los. Aramaico não é a língua celestial,
mas Jesus a aprendeu para comunicar as verdades de Deus ao povo
que sabia esta língua. Por isso Ele é nosso exemplo. Aprender outro
idioma para ampliar a missão da proclamação da verdade. Sejamos
como Jesus, não limitados a um povo/língua, mas proclamador a
muitos diferentes. Isso inclui os dialetos regionais do país, inclui a
linguagem de sinais para surdos e mudos, etc.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Faça de seu tempo


no Salt uma ênfase
Evangelística
Um estudante de teologia foi certa vez, mandado por
um professor para ouvir um famoso pregador, em um
fim de semana. Ao voltar, demonstrava o desagrado
sofisticado que estudantes de teologia, às vezes,
apresentam, e disse: ‘A verdade é que ele não fez
nada mais nem menos do que dizer: Vinde a Jesus’!
‘E eles vieram?’, perguntou gentilmente o professor.
‘Bem, sim, eles vieram’, o estudante respondeu com
relutância.
‘Eu quero que você volte lá’, disse o professor, ‘e
ouça o que esse homem prega, muitas vezes, até que
possa dizer: Venha a Jesus, como ele faz, e as pessoas
venham’. (Leighton Ford)

Evangelismo: Enfraquecimento da igreja ou Missão


Urbana?
Quando as Escrituras foram escritas, o contexto, para onde
eram dirigidas, era em sua maioria para centros urbanos da época.
Em Babilônia, muitos profetas escreveram relatos e profecias sobre
alcançar grandes cidades.52 No tempo dos apóstolos, as cartas e
evangelhos eram destinados para igrejas das maiores cidades da
época. Está claro que sempre foi e continuará sendo necessária uma

LIESSI, Hebert. A missão urbana na Babilônia através do cativeiro judeu.


52

Monografia Pós-Graduação, SALT – Bahia, 2012.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

missão urbana, e através desta, há um crescimento extraordinário na


multiplicação da fé.
Como teologandos e pastores, necessitamos estudar as
cidades, estudar as culturas que estão compondo suas atividades
e grupos. Necessitamos trabalhar nos centros urbanos com a
perspectiva da salvação em massa que Deus quer realizar. Não
podemos ficar isolados na zona rural ou congelados num povoado
pequeno (os quais também carecem de uma missão poderosa).
Precisamos nos infiltrar no trânsito e na correria da cidade grande
para compreender como mostrar a verdade de Cristo para tantas
pessoas agitadas.
“Deus quer salvar pessoas de todos os tipos, origens, níveis
sociais, culturas e econômicos. E elas estão nas grandes cidades”
disse R. Clifford Jones.53 Este autor dá uma excelente lista de
razões para a teologia e missão urbana:
1. Deus ama as pessoas. Onde quer que existam pessoas,
Deus estará lá trabalhando para salvá-las. E a maioria delas está nas
grandes cidades.
2. Forças em conflito. É nas cidades onde o conflito do
bem e do mal se choca com mais força, pois é onde o pecado é mais
forte e onde a graça mais quer entrar.
3. Vulnerabilidade. Quando os cristãos aceitam serem
peregrinos no mundo e que tudo o que são e possuem deve-se
unicamente à graça de Deus, eles reprimirão todo o impulso para
descartar e discriminar qualquer pessoa.

JONES, R. Clifford. A evangelização das metrópoles. Revista Ministério.


53

Novembro-Dezembro. p. 17-20, 2004.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Unidade. Onde as pessoas são mais diferentes, onde as


atividades são extremamente opostas, é nas cidades que Deus quer
unir a todos na unidade do evangelho na diversidade cultural.
Cristo e a cidade. A maior parte do tempo que Jesus pregava
era nas cidades. Marcos e Lucas podem relatar os lotados itinerários
urbanos de Cristo em prol de alcançar a maioria das pessoas.
Busquemos a visão divina para a pregação e salvação de
muitas pessoas nas grandes cidades. Coloquemos esta visão na
prática, uma missão urbana.54 Contudo, como a teologia e missão
afetam o ser evangelizador de um estudante de Teologia? Por que
ser um evangelista? Como viver o evangelismo?

Por que ser um evangelista?


Quando um estudante chega à Faculdade deTeologia, começa
a ser desafiado a crescer em muitas áreas da vida ministerial, e o
evangelismo é uma delas. Surge a pergunta: por que então devo ser
um evangelista? Paulo responde esta pergunta de maneira simples e
convincente em 2Timóteo 4:1-5, ao declarar que os líderes deveriam
fazer a obra de um evangelista, dando prova do seu chamado. Para
EllenWhite, não existe ministério sem evangelismo. Ela afirma que:

O Senhor determinou que a proclamação desta


mensagem fosse a maior e mais importante obra no
mundo, para o presente tempo (WHITE, 1978, p. 18).

Ler SELMANOVIC, Samir. Nem assimilação nem separação. Revista Ministério.


54

Setembro-Outubro. p. 14-16, 2005. Sugestões do que devemos fazer para sermos


mais efetivos na missão urbana.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

A obra evangelística, de abrir as Escrituras aos outros,


advertindo homens e mulheres daquilo que está para
vir ao mundo, deve ocupar, mais e mais, o tempo dos
servos de Deus (Ib. p. 17).

O teologando que não tem vontade de fazer evangelismo,


em sua forma completa, o que explicarei na próxima sessão, já
estará entrando no ministério morrendo, sem combustão e sem
foco. Evangelismo é salvar vidas, é fazer discípulos, é transformar
pessoas, é edificar pensamentos e ações. Se você, amigo, não ama o
evangelismo integral, peça a Deus desejo para isso, a fim de cumprir
o foco principal do ministério pastoral: levar pessoas para Cristo. Se
eu voltasse a ser um teologando, eu procuraria adquirir mais visão
e capacitação para chamar pessoas do mundo para Cristo; eu me
dedicaria mais a ser um evangelista completo no meu estilo de vida.

Estilo de vida evangelístico


Um colega amava tanto o evangelismo público que em cada
semestre da faculdade ele tinha que encontrar uma igreja próxima
do seminário para realizar uma série evangelística. Isto ele fazia
porque era apaixonado em pregar e chamar pessoas à decisão.
Outro colega, que não tinha tanta paixão do evangelismo público
como o anterior, preferia ensinar a Palavra de Deus nas casas da
vizinhança. Quase três vezes por semana ele visitava a comunidade,
cantava louvores com eles e explicava a Bíblia dentro do lar deles.
Um terceiro companheiro da faculdade, nem tinha força para
desenvolver tantas campanhas evangelísticas, nem disponibilidade

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

de visitar tanto como o segundo, mas o seu evangelismo existia,


porém era diferente. Ele apreciava ficar na natureza contemplando
as belezas de Deus e, ao mesmo tempo, intercedia por muitas
pessoas, nome por nome. Ele não era bom de falar em público, mas
conseguia colocar seus semelhantes nos braços de Deus através do
jejum e oração.
Se eu escrevesse cada experiência que aprendi com meus
colegas sobre como ter o estilo de vida evangelístico, faria outro
livro. Contudo, escolhi estes três exemplos para guiar-nos na visão
integral do evangelismo. Não pense que evangelismo é somente as
séries públicas de pregação para multidões, nem pense ser apenas
orar pelos outros. Evangelismo é a composição de todas as artes e
métodos a fim de trazer pessoas para Cristo.55 Por isso, que sugerir
que quando você esteja fazendo qualquer atividade em prol da
salvação, você está dentro de um evangelismo. Deve haver um
equilíbrio de todos os métodos. Alguns companheiros nossos têm
mais dom e facilidade para ensinar a Bíblia a 500 pessoas. Outros
se sentem mais livres quando estão com uma família apenas. Não
importa o método, tudo é o cumprimento da missão de salvar
pessoas.
Contudo, mesmo havendo diversas formas para o
evangelismo, há necessidade que exista, na vida dos teologandos
e pastores, o estilo de vida evangelístico. Esta maneira de viver
é a base para qualquer ação. Este estilo deve ser tão forte na vida
de cada um que, mesmo ao estar fazendo compras ou pagando o
55
ABDALA. 2009.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

pedágio, a vontade de salvar seja o primeiro pensamento de nossas


mentes. A ênfase evangelística é o equilíbrio das ações em prol da
salvação, a qual é baseada no fundamento de uma vida que ama
levar seu semelhante para Jesus, não importando o método.
Ao conversar com um amigo, ele me disse seu desejo de
ter este estilo de vida evangelístico. Anos se passaram, e eu o vi
fazendo de cada atividade diária, um caminho de evangelizar. Ao
andar de ônibus, ele entregava livros missionários para o cobrador
e pessoas ao redor. Ao estudar teologia no quarto, falava das
belezas de Deus para os companheiros que estavam assistindo
filmes no computador. Ao namorar, louvava a Deus ao conversar
e lia livros de crescimento espiritual com ela. Ao ir almoçar na
casa dos irmãos no sábado, procurava orar com eles e ouvir-lhes
as necessidades. Este amigo é um exemplo para todos nós, ter um
estilo de vida evangelístico. Por onde passarmos, o que fizermos,
aquilo de falarmos, tudo seja para louvor de Deus e para chamar
pessoas para Cristo.
Se eu voltasse a ser teologando, procuraria viver evangelismo
a cada minuto, tentaria ser um instrumento de Deus permanente, e
não somente quando há um programa isolado para chamar pessoas.

Uma ilha ou clímax do evangelismo


Outro problema com os estudantes de teologia é que
se preocupam em demasia com o evangelismo do terceiro ano.
Quando eles saem da faculdade para dirigir séries evangelísticas ou
forem obreiros bíblicos em grandes campanhas. Não quero dizer

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

que a preparação e ansiedade para este não deva existir. Porém,


meu ponto aqui é mostrar que esta atividade evangelística não é a
única que deva existir na visão do estudante, ou estar isolada.
Durante todos os anos de estudo da teologia, o aluno
terá oportunidades de pregar em Semanas Santas, o que é
evangelismo público muito enriquecedor. Terá oportunidades de
praticar o pastorado nas igrejas ao sábado, onde visitará, pregará e
evangelizará pessoas. Será chamado frequentemente para auxiliar
pessoas em seus estudos bíblicos. Alguns terão o privilégio de
viajar para ser missionário ou pregar em outro país. Amigo, tudo
isso é evangelismo. Todos os anos do SALT dever ser para ti uma
vida evangelística em preparação para o ministério. Quero apenas
colocar, ou sugerir, que a campanha em massa feita pelos terceiros
anistas seja considerada um clímax de tudo o que fora feito, o topo
da montanha do crescimento de um estudante.
Um colega, durante os primeiros anos, nunca se preocupou
com evangelizar nem pregar. Ele sempre falava assim: “quando
eu estiver no terceiro ano, aí vou aprender e realizar o que me
é requerido”. Assim que ele completou esta série evangelística,
voltou para os últimos anos da faculdade como se tivera passado
por uma ilha isolada do continente, ou seja, fez evangelismo como
mais um requisito do currículo, algo, na visão dele, isolado do
corpo.
Por outro lado, conheci um menino muito novo que entrou
no Seminário Teológico, este garoto nunca tinha pregado antes de
vir estudar no SALT. Nos primeiros dias, ele analisou os requisitos
de todos os anos, olhou de cima para baixo, e entendeu que a

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

campanha evangelística do terceiro ano seria o clímax de tudo o


que iria passar nos anos de estudo. Foi assim que, ele começou a
se preparar. Aprendeu a pregar com as pacientes igrejas de prática
pastoral, aprendeu a dar estudos bíblicos com as pessoas que o
convidavam para fazer companhia, entendeu o valor dos pequenos
grupos para a união dos membros e discipulado. Anos de preparo
se passaram. Momentos antes de realizar seu próprio evangelismo
público, ele foi convidado para ir à África, onde desenvolveu o gosto
de fazer apelos. Este menino, já tinha subido toda a montanha do
evangelismo. Então, em sua própria campanha no terceiro ano, fez
desta a cereja do bolo, a parte mais gostosa de tudo o que aprendeu
no SALT. Não foi uma ilha isolada para ele, pelo contrário, foram
os momentos de mais união da teologia e da prática que vivera na
Faculdade.
Qual será sua ênfase meu amigo? Você vai fazer do
evangelismo apenas uma ilha solitária e morta, longe do continente
do ideal de Deus? Ou procurará se equipar a cada dia, a cada sábado,
a cada oportunidade para fazer do SALT uma vida de evangelismo
completa, tendo seu clímax na campanha do terceiro ano?

Ser ou estar Missionário


Muitos estudantes de teologia desejam ser missionários em
países além mar. Isso é um desejo correto, pois uma experiência
como esta abre a mente de quem vai e amplia os pensamentos
sobre cultura e igreja. Entretanto, alguns se esquecem que podem
ser missionários naquela cidadezinha perto da Faculdade, ou

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

alguns desprezam ser missionários para sua própria família ou


amigos vizinhos. Devemos ser missionários em todos os lugares
que estivermos. Estar missionário é muito bom, é incrível, mas,
por outro lado, o ser missionário por onde andares é bem mais
satisfatório e frutífero, isto é o ponto principal que Cristo quer
para Seus discípulos.
Seja um missionário por onde você andar, no refeitório
há muitos adolescentes que nunca tiveram ninguém para orar
junto deles. Na Biblioteca há jovens que nunca tiveram ninguém
para abrir a Bíblia para eles. Pessoas que vivem do nosso lado
estão ansiando um missionário (mesmo alguém da mesma
nacionalidade) para conhecer e aceitar a Cristo. Dói-me o coração
por tantas oportunidades que perdi, tantas pessoas que andavam
de ônibus do meu lado e eu não consegui me misturar com elas,
não consegui, em muitas vezes, ser um missionário em meu
próprio país. Amigo, sejamos missionários em nossa casa, em
nossa vizinhança, em nosso país, com o estilo de vida evangelístico
correto. Logo, quando houver a oportunidade de ir a outro país,
será muito mais fácil atuar como um missionário estrangeiro.
Quando fui ser estudar no Chile, nunca tinha saído de meu
país. Aproveitei esta oportunidade para me dedicar a missão, como
um missionário. Ficava sem saber o que fazer, ficava congelado nas
ações, pois nunca tinha tido experiências voluntárias em minha
própria nação. Aprendi com muitos erros. Quando voltei ao Brasil,
tentei ser um missionário por onde passava, procurei atingir e me
misturar com as pessoas de minha nacionalidade e, entendi que,
eu precisava primeiro atuar em meu país para depois ir a outro.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Quando fui ser missionário em São Tomé e Príncipe e, meses


depois, ao estudar em Trinidade e Tobago, também procurei ser
um missionário, fazendo o que havia aprendido em minha pátria.
E foi bem mais fácil e prazeroso, pois já tinha servido a minha
nação. Amigo, maior privilégio é ser um missionário voluntário
para as pessoas que moram perto de ti do que ir a outro país. Se
eu voltasse a ser teologando, buscaria servir e aprender de minha
nação.
Contudo, por outro lado, se você tem sido missionário em
teu país, e deseja muito ir servir em outro, continue se preparando
e aproveitando as oportunidades. Veja algumas dicas para realizar
teu sonho de uma maneira eficaz:
1. Inscreva-se no site da Divisão. www.
adventistvolunteers.org. Neste você colocará suas informações
pessoais e lugares de desejo para servir.
2. Mostre o interesse para o SALT. Fale para teu
diretor e professores do desejo que tens de servir em outro país.
Aproveite as oportunidades da faculdade.
3. Leia Passaporte para a Missão. Este é um livro
completo para a base do missionário.
4. Estude outra língua: inglês, espanhol, francês etc.
Procure livros que ensinam línguas, dicionários e gramáticas.
Converse com pessoas que sabem estas línguas para tua prática.
5. Estude a cultura do país desejado. Procure saber:
a. Número de habitantes
b. História geral do país e da cidade
c. Forma de governo e movimentos sociais

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SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

d. Religiões principais
e. Comida e vestimenta (muito importante para o
estrangeiro)
f. Quantos adventistas o país tem
g. Quais projetos seriam úteis para aquela sociedade
h. Etc. seja criativo e curioso para misturar-se no
país de forma eficaz.
6. Seja feliz para onde te enviarem. É muito fácil
fazer seleção dos melhores lugares para nós, o difícil é aceitar
certos países ou atividades que não chama a atenção do estudante.
Seja feliz e grato a Deus para onde for. Mesmo nos países que
menos há satisfação, pode-se haver a mais poderosa obra de um
missionário.
7. Ore muito e coloque-se nas mãos de Deus.
Quando nos deixamos ser usados por Deus, não importa o lugar,
seremos poderosos para revelar a Cristo através de nossa vida.

Jesus, nosso exemplo


Ele veio a este mundo, saiu de Seu conforto, deixou
a exaltação visível para salvar pessoas por onde passava. Jesus
não somente viveu como um homem, ele viveu para salvar. E
nós, estamos vivendo para passar nossos dias e morrer ou para
salvar pessoas e viver? Cristo é nosso exemplo máximo de ser
missionário, de viver o estilo evangelístico com todas as pessoas
que se aproximam, até mesmo os inimigos. Ele atuou em
vilarejos, mas também evangelizou grandes cidades de Seu país.

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SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Sejamos como nosso Pastor maior, verdadeiros pastores com


todos os filhos e filhas de Deus neste mundo, dando nossa vida
para que outras recebam a vida de Cristo.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA INDICADA


BAUMGATNER, Erich W. (Ed.) et al. Passaporte para a
missão. 2.ed. Brasília: Divisão Sul Americana da Igreja Adventista
do Sétimo Dia, 2011

BARRO, Jorge Henrique. O Pastor urbano: dez desafios


práticos para um ministério urbano bem sucedido. 2. ed., rev. -.
Londrina: Descoberta, 2003.

ANDERSON, Roy Allan. O Pastor Evangelista: sua vida,


ministério e recompensa. Tradução de Jairo N. de Araújo, Renato
A. Bivar. 1. ed. Santo André: Casa Publicadora Brasileira, 1965.

ABDALA, Emilio Geraldo Dutra. Manual para evangelistas:


estratégias modernas para séries de colheita e plantio de igrejas.
Cachoeira: CEPLIB, 2009.

WHITE, Ellen G. Evangelismo. Tatuí, SP: Casa Publicadora


Brasileira, 1978.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Cuide
de seu
desenvolvimento
p e ss o a l
É uma grande contradição, alguém entra na faculdade de
Teologia para crescer, mas, por não conseguir administrar tantos
requisitos ou separar tempo para cada atividade, o estudante acaba
bloqueando seu desenvolvimento. O mundo é assim, propõe para
cada pessoa uma aparente conquista, porém, por outro lado, não
ensina como chegar a esta vitória. Apesar das limitações que todo
teologando sente e do temor de não corresponder às expectativas
que lhe são dirigidas, ele ou ela pode alcançar muito mais do
que o esperado e sem tanta angústia se colocar em prática um
programa ou planejamento de crescimento e desenvolvimento
pessoal.
Ellen White disse que “o seguidor de Cristo deve-se
aperfeiçoar constantemente em maneiras, hábitos, espírito e
trabalho” (1993, p. 283) 56. Os estudantes de teologia “devem
sentir que é seu dever, como servos (futuramente assalariados) de
Deus, avançar, progredindo dia a dia, tornando-se continuamente
mais eficientes em seu trabalho” (2003, p. 270) 57. Neste capítulo
entenderemos como desenvolver a aparência do estudante e
aprender como administrar o tempo.
56
WHITE, Ellen G. Obreiros evangélicos. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira,
1993.
57
Ib. Testemunhos para a igreja. v. 4. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2003.

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SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

O teologando e sua aparência: vida ideal ou um visual


surreal?
Desde o teológico, os estudantes, futuros pastores,
deveriam dar mais atenção ao valor da aparência, não indo para
o consumismo ou estética, mas para preservar boa conduta visual
de um ministro. Alguém poderia dizer: “Mas que relevância tem
este assunto? Eu me visto como desejo e pronto”. Contudo, muitas
pessoas com quem lidamos, não todas, consideram que a maneira
como uma pessoa se veste revela quem ela é (WHITE, 1997, p.
248). 58

Um ministro negligente em seu vestuário fere muitas


vezes as pessoas de bom gosto e finas sensibilidades.
Os que estão em falta a esse respeito devem corrigir
seus erros, e ser mais circunspectos. A perda de
algumas almas será relacionada afinal com o desalinho
do ministro (WHITE, 2005, p. 613). 59

Não estou aqui motivando ao excesso e obsessão nas


compras e detalhes, porém, quero alertar com o desleixo no
vestir. Não é normal os estudantes de teologia receberam aulas
de como vestir-se. Muitas vezes eu e outros colegas íamos
para as aulas de camisas amassadas, ou até mesmo sujas. A má
combinação de cores certamente está dentro de muitos homens.
Por isso, sugiro que pergunte sempre à sua mulher como está
tua aparência. Não necessita estar ricamente vestido, mas sim,
58
Ib. Educação. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1997.
59
Ib. Testemunhos para a igreja. v. 2. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2005.

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SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

decentemente apresentável. Procure revistas empresariais, as quais


frequentemente têm artigos sobre aparência de um executivo.
Aguinaldo Guimarães (apud TORRES, 2009, p. 214-215)
sugere algumas dicas, ou regras básicas para o futuro pastor:
1. As meias devem sempre ser da cor do sapato ou da calça,
nunca da camisa;
2. O sapato e o cinto devem ser da mesma cor;
3. Quando se usa um terno de três botões, só se abotoam os
dois de cima; e no terno de dois botões, somente o primeiro de cima;
4. Um terno não deve ser lavado com água, pois perde
sua tonalidade e caimento (em caso de sujeira, pode-se usar uma
escovinha ou lavar a seco);
5. As camisas de manga longa são mais sociais e próprias
para uso com gravata; as de manga curta devem ser evitadas ao se
usar gravatas;
6. A gravata varia muito com a época, mas as listradas são
mais tradicionais e mais propensas para camisas lisas;
7. Os ternos escuros são mais sóbrios e apropriados para o
público, além de gerar maior economia na compra de camisas para
a combinação;
8. Os sapatos devem estar engraxados;
9. A camisa deve estar bem presa dentro da calça ou da
cueca, a fim de não ficar saindo.
Com isso, entendemos que a aparência pessoal representa
um desafio ético, entre representar sua função e não cair na beleza
superficial. Se eu voltasse a ser teologando, procuraria ter mais
prudência ao me apresentar de uma maneira visível, mostrando a

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

boa conduta no vestir, mas também, por outro lado, não exigiria
boa aparência de outras pessoas como uma condição para me
relacionar com elas.

Administração do tempo
“Se todos têm 24 horas diárias para viver e se desenvolver, por que
alguns chegam a ter mais tempo do que outro?”
Eu tinha um companheiro na turma que o admirava muito.
Parecia que cada segundo dele estava planejado. Conseguia estudar
o suficiente para tirar excelentes notas; tinha tempo para conversar
com amigos, ouvi-los e ter recreação juntos; trabalhava várias
horas como bolsista; preparava bons sermões e treinamentos para
a igreja de prática; além disso, era casado. Você pensa que isso é
incrível, eu concordo. Incrível, mas possível a todos os estudantes de
teologia. Esta sessão mostrará algumas técnicas para administrar o
tempo e oportunidades para o desenvolvimento pessoal. Aguinaldo
Guimarães (apud TORRES, 2009, p. 216-220) propõe algumas
ideias para isso:
1. Usar uma agenda. O teologando que usa agenda, nunca
estará perdido em suas atividades. Cada requisito, cada compromisso
estará marcado numa agenda física ou eletrônica, a fim de facilitar
a organização. Numa agenda como está abaixo, você poderá fazê-la:
nível semestral, onde tarefas de outros meses estarão marcadas na
data de entrega; nível mensal, onde compromissos estarão colocados;
nível semanal, onde deveres urgentes deverão estar já anotados.
Com uma agenda, você poderá saber, humanamente olhando,

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

todas as coisas importantes e menos relevantes que acontecerão


nos próximos meses.
2. Organizar hoje o amanhã. Esta tabela abaixo sugere
a organização diária. Antes de dormir, planeje tudo o que fará no
próximo dia, pois, ao acordar, já terá a lista das atividades mais
importantes primeiro e, logo após, as menos urgentes. Marque as
que você já terminou por completo. Segundo Ellen White (1998,
p. 344), 60 “precisam exercitar a mente em planejar como utilizar
o tempo para alcançar os melhores resultados. Com tino e método
alguns conseguirão em cinco horas e mesmo trabalho que outros
em dez”.

Tabela para Controle do Tempo Diário


Atividades programadas para o Atividades efetivamente
dia realizadas (X)
08:00
08:30
09:00
09:30
10:00
10:30
11:00
11:30
12:00
12:30
13:00
13:30

60
WHITE, Ellen G. Parábolas de Jesus. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira,
1998.

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SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

14:00
14:30
15:00
15:30
16:00
16:30
17:00
17:30
18:00
18:30
19:00
19:30
20:00

3. Orçar o tempo. O estudante de teologia deve aprender


a orçar o tempo, ou seja, estabelecer uma média de tempo para
a execução de cada atividade. Muitos levam uma semana para ler
um livro, mas poderiam, com mais concentração e cronometrando
os minutos, terminar a leitura de um livro em quatro ou cinco
dias. Um grupo de estudo perde três horas para resolver o que
apresentar na aula, porém, poderiam fazê-lo em apenas 30
minutos. Orçar o tempo é como orçar dinheiro num planejamento
familiar, cada compra tem seu limite de gasto, cada atividade tem
seu máximo de tempo usado.
4. Controlar o tempo gasto na internet e redes
sociais. Eis um desafio grandioso em nossos dias. O uso da internet
tem vários motivos: a. ler os e-mails; b. procurar informações; c.
redes sociais; d. serviço bancário etc. Sugiro que todos os dias,
se possível, tire 30 minutos para ler e responder os e-mails que

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

chegam, assim, a comunicação com outras pessoas será rápida.


Para a busca de informações ou, navegar pela web, não sugiro o
uso diário, mas uma hora em dois dias.Tudo isso são sugestões para
que dominemos este ladrão do tempo. Tenha teu controle pessoal,
não passe das horas estabelecidas para cada função. Muitas vezes
o excesso de internet abre janelas pornográficas ou de caráter
imoral, onde a tentação seria muito menor se cada atividade via
internet tivesse um orçamento de tempo.
5. Adiantar requisitos. “Quem começa correndo termina
tranquilo”. É importante começar o semestre adiantando todos os
requisitos. Muitos alunos deixam para a última hora, pensando
que estão ganhando, mas acabam perdendo noites de sono e um
melhor aprendizado. Por exemplo, se o primeiro semestre letivo
começa em fevereiro, separe este mês para ler todos os livros que
é requerido (isso também ajudará na retenção da matéria quando
o professor repetir o assunto que você já o conhece). No segundo
mês, faça todos os trabalhos, artigos e apresentações; deixe isso
pronto para quando chegar a data da entrega, você já tenha feito
há muito tempo. Quando chegar ao final do semestre, o momento
de mais concentração para as provas e quando o cansaço também é
maior, se tiver adiantado os requisitos, certamente estará tranquilo
para desfrutar um bom cerre de semestre.
6. Tentar fazer as coisas simultaneamente. Além de
ter um tempo cronometrado para cada parte e atividade do dia,
sugiro que leve sempre um livro contigo, pois, quando tiver 10
minutos esperando alguém, não perderá o tempo, mas o ganhará.
Grave as aulas para escutar enquanto faz exercícios ou, durante

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

uma viagem, escuta um CD de aulas em inglês. Esteja sempre


preparado para fazer duas ou três coisas ao mesmo tempo, e você
verá ser possível fazê-las.
7. Ser pontual. Quando somos pontuais ganhamos
tempo, pois sabemos quando começa e termina nossas ações.
Sendo pontual, você poderá fazer mais atividades e não ficará
perdido no tempo em cada uma delas. Além de que as pessoas
verão sua responsabilidade no tempo. Há duas formas de avaliar a
pontualidade:
a. Pontualidade em tempo, mostrando que os alunos
chegavam cedo às aulas e eram exatos com o tempo; e
b. Pontualidade em produção, mostrando que os alunos
conseguiam entregar seus trabalhos e atividades no tempo
determinado pelo professor.
8. Investir tempo em si mesmo. Quando investimos
tempo em nosso bem-estar e em nosso crescimento,
consequentemente estamos nos desenvolvendo. Invista tempo na
área musical, na área física, social, etc. aproveite as oportunidades
para se desenvolver.
9. Cuidar com os ladrões de tempo. Analise quais
são os ladrões de tempo que estão roubando de sua vida minutos
de alegria e desenvolvimento. Às vezes um a leitura de um livro
pode ser um ladrão de tempo que pertence a sua família. Às vezes
brincar muito com os filhos pode ser um ladrão de tempo para
seus estudos ou para sua esposa. Reflita: que coisas estão roubando
sua vida? Que atividades que você tem estão diminuindo sua
existência?

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HEBERT DAVI LIESSI
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Jesus, nosso exemplo


Jesus é nosso exemplo porque ele foi alguém que se
desenvolveu por completo, em estatura e graça. O livro de Marcos
nos mostra como Jesus administrou seu tempo para os objetivos
que tinha. Ele sabia o que era importante para sua vida, e foi um
bom mordomo de cada minuto que Deus havia dado para ele aqui
na Terra. Sejamos iguais ao nosso Mordomo.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Tenha
cuidado com
as sutis armadilhas
contra seu
ministério
“Porquanto, o viver para mim é Cristo, e o morrer é lucro”
Filipenses 1:21

Temos que sempre ser imitadores de Jesus, principalmente


nas questões de tentações que são preparadas para que pequemos.
Ao analisar qual foi a maior tentação de Jesus, Odaílson Fonseca,
concluiu que esta também pode ser a nossa. Para que haja vitórias
contra as armadilhas do inimigo, devemos ser sempre submissos à
vontade divina. “Impressiona-nos tamanho espetáculo de amor e
submissão. Quando observamos esta realidade de limites práticos
na vida de Cristo, somos levados a aceitar Seu imenso exemplo de
autocontrole e humildade.” “A maior luta de Cristo deve ser nossa
luta: permanecer submissos aos propósitos divinos”. “O que Deus
requer de nós é mesma atitude de Cristo quando trilhou o mesmo
caminho pelo qual passamos agora. O Senhor requer uma entrega
total e uma renúncia incondicional do próprio eu (...) vazios de
nossa auto-suficiência egoísta (...).” 61
Tentamos ser mais fiéis a Deus. Procuramos estar mais
perto de Seu caminho e nunca vacilar nas tentações. Contudo,

FONSECA, Odaílson. A maior tentação de Jesus. Revista Ministério. Novembro-


61

Dezembro. p. 17-19, 1998.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Satanás odeia as pessoas que amam a Deus, detesta os que procuram


ser leais a Ele custe o que custar. Pastores e líderes enfrentam estas
batalhas e, estudantes de teologias que estão se preparando para
serem os líderes dessa grande luta contra o inimigo, devem estar
atentos deste a Faculdade para entrar no Ministério conhecendo
as possíveis armadilhas. Tudo o que for possível fazer para fazê-los
cair, será feito. Tudo o que for possível para enfraquecer a fé e a
comunhão será colocado como opção. Tudo o que for possível para
que sejam um pastor mais fraco no futuro será proposto para que
continuem caindo e não consigam se levantar.
Este capítulo explicará somente quatro das muitas
armadilhas que podem atingir com força um teologando e um
pastor, caso este não fique em oração e vigilância.

As quatro armadilhas de um Teologando/Pastor


Gosto de exemplificar as quatro armadilhas como sendo os
quatro “P”. Cada armadilha eu adaptei os nomes para que comecem
com a letra P, para ser mais fácil de memorizar. Estes são: Poder,
Paixão, Prata e Psicológico. Cada um destes quatro simboliza uma
sutil armadilha que é colocada principalmente contra os teologandos
e pastores. Veremos a definição de cada uma abaixo.

Poder/Popularidade
Definição:Armadilha do desejo pelo poder ou de ser popular.
Ambição de ter poder para comandar outros.Anelo do poder para se
mostrar como um homem poderoso e infalível.Sede de ser visto como

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

chefe.Vontade incalculável de ser aquele que tem toda a autonomia


para decidir. Fome insaciável de estar acima de todos, como um
pequeno deus, para que todos estejam abaixo e contemplando-o.
Sobre a popularidade, há duas formas de alguém se tornar
popular. Uma é fazer ou permitir que se faça propaganda de si
mesmo. A outra é ser produtivo. Como consequência, isso
gera poder. Então, vou explicar este tópico unindo poder com
popularidade, mesmo com as diferenças, estou juntando-os para
expressar a ideia da armadilha.
Como grande importância para o teologando que a cada
momento começará receber mais autoridade e ser mais popular
desde a SALT, Vincent Tigno Jr.62 comenta que “o ministério é
um trabalho de alta exposição, assim como outras atividades que
lidam como público. Mas, o sentimento do público, não raro, é
imprevisível. A coroação de hoje pode se tornar a crucifixão
amanhã. O louvor a um líder poder facilmente se transformar em
clamor por sua cabeça.” Conhecemos a história de Paulo, que num
momento estava sendo declarado deus, mas logo ao descobrirem
que não, quase o mataram.
Ninguém pode agradar a todos ou ser bom em tudo. Por isso,
nem pastores, nem teologandos devem permitir o crescimento do
poder na cabeça, pensando ser infalível. Um exemplo: Se o pastor
visita sempre o rebanho, está querendo tirar alguma vantagem. Se
não visita, é preguiçoso. Se prega mais de 20 minutos, fala demais.
Se prega menos, não tem o que dizer. Se tem um bom carro, é
62
Popularidade, privilégio ou armadilha? Revista Ministério. Julho-Agosto. p. 16,
2005.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

mundano e materialista; se o carro é simples, não tem bom gosto


nem classe. Se conta anedotas, é frívolo e irreverente. Se não o
faz, é antipático. Se é pontual, tem obsessão pelo tempo; se atrasa
um pouco, é desorganizado. Se é jovem, não tem experiência. Se
é velho, já deveria estar aposentando. É incrível. O teologando
que é o preferido na matéria A, é rejeitado na matéria B. E o aluno
louvado na B, é detestado na A. Não podemos ter 100% de poder e
popularidade em tudo. Por isso, quando estiver sentindo orgulhoso
e louvado em algo, quando esta armadilha estiver cruzando diante
de ti, lembre-se, ou é temporário, ou vai te fazer cair, ou é uma
brincadeira de alguém para testar-te.
É aqui que o teologando-pastor deveria suplicar a Deus
uma porção dobrada de paciência e sabedoria. “Se vivemos no
Espírito, andemos também no Espírito. Não nos deixemos possuir
de vanglória...” (Gal. 5:25-26). A palavra “vanglória” é sinônimo
de “vaidade”, “falsa honra” e “orgulho vazio”. Tigno Jr. comenta
que: “buscar popularidade com o objetivo de ser louvado é um
comportamento vão, falso e vazio.” Continua explicando sobre
esta armadilha: “um perigo para quem busca popularidade (poder)
é a tendência de se tornar uma pessoa agradável. Nessa corrida,
as pessoas que desejam agradar todo mundo geralmente são
pressionadas a sacrificar princípios”.
Carol M. Norém diz: “Cometemos idolatria quando estamos
famintos dos aplausos do povo, em vez de buscarmos a aprovação
de Deus. Cometemos idolatria quando avaliamos nosso trabalho
e o de nossos colegas como sucesso, em lugar de fidelidade.
Cometemos idolatria quando assumimos que nossas palavras são

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

as palavras de Deus e nossos caminhos são os Seus caminhos.”63


Querido teologando, o poder e a popularidade tocarão em
nosso coração a cada dia de nossa existência. Devemos lembrar que
tudo isso pertence a Deus e não ao nosso ego ou governo. Tome
cuidado, fique atento para não cair numa armadilha tão enraizada
no ser humano. Medite nisto: “Ser produtivo nem sempre significa
ser popular. Popularidade e publicidade não são necessariamente
erradas em si mesmas; pois genuínas boas obras e desempenho
excelente não podem ficar escondidos. Mas elas deveriam ser
merecidas, não arranjadas ou manipuladas” (Vicent Tigno Jr.).
Conversando com alguns pastores em um Concílio, eles
comentavam acerca dos antigos amigos teologandos que eram
muito bons, eram considerados as estrelas do SALT. Contudo,
ao entrarem no ministério, muitos deles caíram na armadilha
do poder, e acabaram fora da igreja. Não vale a pena buscar isso.
“Nenhuma pessoa é tão vazia como a que é cheia de si” (Benjamim
Whichcote). Então amigo, deixe toda a glória para Jesus, Ele te
dará frutos e honra aqui na Terra, porém, através de você, Ele
receberá o poder e admiração.

Paixão
Definição: Armadilha do desejo por mulheres.
Incontroláveis olhadas para as mulheres como um objeto de
prazer sexual. Vontade de ter o prazer sexual com a maior parte
de donzelas possíveis. Falta de compromisso com a esposa ao

63
Idolatria ontem e hoje. Revista Ministério. Novembro-Dezembro. p. 17-20, 2007.

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HEBERT DAVI LIESSI
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ter relações sexuais com mulheres através dos olhos/mente. 64

Acerca das armadilhas sexuais que os homens têm e, como


pastores e teologandos, serão mais agudas ainda, Miroslav Kis65
escreveu um artigo excelente sobre as causas para a infidelidade.
Irei agora usar os temas dele e comentar ao contexto do estudante.
Algumas causas para a infidelidade são (são gerais e não
totais, pode haver muitas outras):
1. Estresse e esgotamento são as causas mais citadas.
A falta de tempo e disposição impede a satisfação sexual e a
intimidade, resultando no enfraquecimento do autocontrole. Com
o ritmo intenso dos estudos, muitos estudantes acabam perdendo
o interesse pela rotina e beleza de seu lar, abrindo portas para
outras opções.
2. Incapacidade para relacionamentos. É a falta de
exclusividade, permanência e devoção requeridas no casamento
para ambos os conjugues. Imaturidade emocional, insegurança
financeira e atitude irresponsável para com a vida minam o
terreno matrimonial. Se o estudante não consegue crescer no
relacionamento com sua esposa (ou namorada) estará mais
susceptível às tentações que lhe despertarão um relacionamento
“prazeroso temporário.”
3. Fantasias e vícios sexuais corroem os laços conjugais.
64
ARTERBURN, Stephen; STOEKER, Fred; WORKEY, Mike. A batalha de
todo homem: um guia para homens sobre como vencer as tentações sexuais.
Tradução de Aline Grippe. São Paulo: Mundo Cristão, 2004.
65
KIS, Miroslav. Flertando com o inimigo. Revista Ministério. Novembro-Dezembro.
p. 29, 2004. Ver também: Combate à infidelidade. Revista Ministério. Julho-Agosto.
p. 29-31, 2005; Presente de Deus. Revista Ministério. Julho-Agosto. p. 21-23, 2004.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Quando um parceiro (a) imaginário pornográfico, jovem e atraente,


obscurece o relacionamento real. Cuidado pastores, controlem
seus olhos e joguem fora todas imagens sexuais extraconjugais que
sua mente possa produzir fora do casamento.
4. Aridez espiritual diminui a resistência às tentações.
Somente no contexto de um íntimo andar com Deus, o desvio
sexual será visto como pecado. Se estivermos levando nossa
comunhão fracamente, quase não consideraremos as tentações
como pecado.
5. Imprudência. Mascarada como autoconfiança ou
negação, a imprudência gera o raciocínio: “Isto nunca irá acontecer
comigo”; ou “Qual é o problema em se manter uma amizade
sincera?” O fato é que nenhum homem, muito menos um estudante
de teologia estará livre de problemas sexuais.
6.Vulnerabilidade. Atenção carinhosa, admiração silenciosa
ou expressada e a proximidade de alguém do sexo oposto podem
ser armadilhas fatais. Quem não percebe sua fraqueza e não vigiar,
possivelmente se dará conta quando já tiver caído.
7. Crises existenciais levam-nos a entender que muitos
sonhos e esperanças não serão realizados. Frases como: “Isto
é tudo?” “não há nada mais na vida?” são gritos silenciosos de
desespero. Nesta grande fragilidade, uma segunda pessoa “sexual”
é um dos caminhos mais fáceis para diminuir com esta dor, porém
um dos mais fatais.
Querido teologando, tristemente muitos colegas nossos
têm caído nesta armadilha. São perdoados na graça de Deus, mas
as consequências no ministério e na família são irreparáveis. Assim

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

que, tome cuidado. Fuja com os olhos, pois será mais fácil do que
fugir com o corpo. Leia sobre o assunto66 e converse com sua
esposa em oração sobre suas falhas. Procure a Jesus como Aquele
que te deu a oportunidade de viver na santificação diária.

Prata
Definição: Armadilha da cobiça por dinheiro. Anseio por
manusear dinheiro. Orgulho de ter um grande poder financeiro.
Empréstimos de dinheiro sem promessas de devolução. Roubo,
partindo de moedas até grandes valores. Maior dedicação
e controle dos bens materiais do que dos valores familiares e
espirituais. Falta de honestidade na entrega de relatórios para
reembolso.
Em nenhum lugar na Bíblia o dinheiro é referido como
mau em si mesmo. Contudo, há advertências quanto ao “amor
ao dinheiro”. Paulo disse a Timóteo: “raiz de todos os males (...)
alguns, nessa cobiça, se desviam da fé e a si mesmo se atormentam
com muitas dores” (I Tim. 6:10).
Jonas Arrais comenta que

O fato de lidarmos com questões espirituais não nos


imuniza contra esse perigo. Pode ser que a vaidade nos
impulsione à malversação dos recursos financeiros
66
Eu sugeri um excelente livro no final do capítulo: A Batalha de todo Homem.
Leia em oração este livro. E tome sua decisão o mais rápido possível. Ler também:
ARRAIS, Jonas. O pastor e seus hormônios. Revista Ministério. Maio-Junho. p. 35,
2004. Também NUÑEZ, Miguel Angel. Pecado Virtual. Revista Ministério. Março-
Abril. p. 16, 2009. KIS, Miroslav. Quando o amor disciplina. Revista Ministério.
Maio-Junho. p. 28-31, 2005.

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SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

da igreja, ou à cobiça, manifestada nos relatórios


enviados à tesouraria. Alguns têm se esquecido da
missão e enveredado por negócios e transações
alheios ao caráter de sua vocação. Assim, desperdiçam
tempo, alimentam a futilidade e fracassam. 67

Como estudante, não percebia muito a movimentação


de dinheiro que ocorre nos relatórios de um obreiro. Muitas
vezes, agora como pastor, eu pego meus cupons fiscais de
despeças que tenho e faço um relatório de todos os gastos para
que a Associação reembolse os necessários. Existe a tentação de
colocar mais notas, coisas que não foram realmente gastas, a fim
de receber mais. A tentação de mudar números. Muitas vezes
tratamos nosso salário como um mero salário, mas não é assim.
É o dinheiro santo de Deus, o dízimo de Deus. Como podemos
nós, cairmos nesta tentação, de tirar dinheiro do investimento na
igreja para nossos desejos mundanos egoístas?
Cuide para que o dinheiro ou bens materiais não sejam
mais importantes que Jesus. Lembre-se da história do Jovem
Rico, que foi ao encontro de Jesus buscando salvação, mas
preferiu ficar com seus pertences a vender tudo e dar aos pobres.
Nicodemos é um exemplo. Se a nação judaica ficasse pobre,
Nicodemos poderia sustentar toda ela por alguns anos, mas este
preferiu dar tudo para a missão dAquele que o ensinou sobre o
novo nascimento, Jesus.

ARRAIS, Jonas. Despenhadeiros da vaidade. Revista Ministério. Maio-Junho. p.


67

30, 2006.

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HEBERT DAVI LIESSI
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Psicológico
Definição:Armadilha da ausência de amor-próprio. Sentimento
constante de ser um miserável. Depreciação de todas as coisas
que se faz. Falta de auto reconhecimento. Ausência de carinho e
amor próprio. Baixa autoestima. Atitudes depressivas.
Devemos nos amar. Jesus disse que temos que amar nosso
semelhante como a nós mesmos. Assim podemos entender que
devemos amar, cuidar, ajudar a nós mesmos. A baixa autoestima
é uma tentação voraz que tem enferrujado muitos pastores. Por
isso, teologando, se ligue, fique atento. Não confiar nos frutos de
seu trabalho, não esperar grandes coisas em seu ministério é o
mesmo que diminuir o poder de Deus em sua vida.
Conheci um pastor que luta constantemente com esta
tentação. É incrível como ele sempre acha dificuldades em tudo
para não fazer um bom trabalho. Tudo para ele é: “é difícil”, “aqui
não dá para fazer isso”, “os tempos mudaram”. Nós, que o vemos
de fora, conhecemos seu potencial e seus talentos, e falamos isso
para ele, mas parece que entra por um ouvido e sai pelo outro. O
inimigo sabe que se ele abalar a confiança e a estima do teologando-
pastor, ele ganhará muito.
Existem teologandos que necessitam de apreciação de seus
colegas e professores para se sentirem importantes. Fazem coisas,
às vezes, absurdas para que falem bem dele. Fique alerta, esta
tentação pode agarrar um grande presidente como também um
fenomenal distrital.
O peso da vida pode deprimir. Neil Wiseman comenta que:

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Satanás sabe que o ministério se acaba quando ele


consegue persuadi-lo a focalizar os problemas ao invés
das possibilidades. Ele pinta o pior cenário possível
para seu ministério e o faz acreditar que de fato
acontecerá. Mas não acontecerá. Ele quer que você
acredite que não há quem ajude. Ele está mentindo.
Ele quer que você assuma que não há esperança para
seus filhos. Mentira. Ele quer que você creia que
nada pode acontecer em sua igreja. Está mentindo.
Ele quer que você creia que não há alegria em seu
casamento nem aventura na paternidade, mentira 68

Medite nisto: “Quanto mais fraco e imponente vos


reconhecerdes, tanto mais forte vos tornareis em sua força.
Quando mais pesados os vossos fardos, tanto mais abençoado o
descanso em lançá-los sobre vosso Ajudador”.69

Importância na vida
Tudo o que podemos fazer para impedir cair em tentações nos
fará mais fortes no relacionamento com Deus. Muitas armadilhas são
colocadas em nosso caminho, devemos estar atentos para cada uma
delas.
A importância de conhecer estas quatro específicas armadilhas
serve para fortalecer sua vida espiritual e te firmar na rocha que é
Jesus. Quando conhecemos estas quatro tentações, as quais geram
outras, e quando vigiamos contra elas, nos tornaremos teologandos
68
WISEMAN, Neil. Para refletir. Revista Ministério. Março-abril. p. 33, 2009.
69
WHITE, Ellen. Revista Ministério. Novembro-dezembro. p. 33, 2004.

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SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

e pastores mais comprometidos com a missão da igreja, mais


dedicados às pessoas que necessitam da mensagem da salvação, mais
abertos às respostas de Deus acerca de problemas que devem ser
resolvidos com sabedoria.
Quando eu e você tentamos ser fiéis, lutando a cada dia para
não cair nas tentações, vigiando a cada minuto para permanecer
em Jesus e não cortar a relação com a Videira, assim, as pessoas
notarão uma diferença no teu modo de agir. Elas serão influenciadas
através de teus olhares, os quais não mais mostrarão um interesse
em dominar, ou revelarão um desejo de torná-las objetos sexuais,
ou esperarão presentes e dinheiro em troca de favores. As pessoas
vão ver teu olhar como o de Jesus, que continua lutando contra as
tentações, mas que se torna mais santo e usado por Deus a cada dia.
Teus colegas de quarto no internato, tua esposa e filhos, os
anciãos da prática pastoral, teus professores, sua equipe de futebol,
todos serão influenciados a desejar vencer o inimigo através de
suas atitudes. De alguma forma, o semelhante que está perto de ti
conhecerá mais a Jesus por meio da sua constante e alegre vigilância
contra as armadilhas de Satanás.
Assim que, amigo, continuemos a dar a maior importância no
cuidado com nossa vida. Continuemos a não deixar o pecado pousar
na nossa cabeça para fazer um ninho. Perseveremos com Jesus para
ter um coração humilde para pedir perdão quando cair no pecado,
e com a total certeza que Ele está sempre te tornando Sua imagem
(I João 3:1-6).
Se eu fosse novamente teologando, eu teria cuidado e mais
atenção nas sutis armadilhas que me são oferecidas pelo inimigo. Na

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

oração constante eu pediria sabedoria para Deus (Tiago 1:4) a fim de


ver as tentações e ter vontade e coragem para fugir delas. E, mesmo
quando caísse, eu procuraria a Jesus urgentemente, mais uma vez,
como meu Juiz e Advogado, o qual me perdoa e não julga meus
defeitos, mas aceita minha dedicada e firme fé vacilante através de
Seu sacrifício perfeito.

Dica sábia
Uma vez um pastor muito sábio me ensinou algo sobre
como evitar cair em armadilhas. “Ore a cada dia pedindo para Deus
controlar você”, ele me disse. “Entregue teu livre arbítrio para Ele,
para que, se houver uma situação em que você não conseguiria
escapar da armadilha, Ele controle tuas vontades. Depois pode ter
certeza que você vai agradecê-Lo por isso.”
Não procure momentos para “disfrutar” de uma armadilha
chamativa. Não planeje situações que você sabe que existem riscos
e tentações. Tenha um policiamento contra o planejar pecar. Uma
vez, na faculdade, antes de ser eleito o tesoureiro de um programa
social para o Seminário, o qual lidava com bastante dinheiro, certo
colega, já desejava este posto para poder usar alguns recursos
para seu bem pessoal. Ao ser eleito, ele já tinha se preparado para
roubar.
Para um cristão verdadeiro, que odeia o pecado, quando
este cai nas garras da tentação, foi um acidente, mas não houve um
planejamento para o mesmo. Ao contrário do colega tesoureiro
acima, que foi perdoado pela direção da Faculdade, outro

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

estudante de teologia nunca tinha recebido poder para liderar


pessoas. Era um excelente homem, e foi convidado para ser líder
de um departamento na faculdade. O poder egoísta lhe subiu
rapidamente a cabeça, como um relâmpago que não avisa quando
vai surgir. Ele caiu nesta armadilha como um acidente, pois não
tinha planejado o poder e não o conseguiu controlar.
Lembremos que Satanás nos amarra com linhas finas, pois
nos dá a segurança de que podemos romper as linhas quando
desejarmos. Entretanto, ao permitirmos sermos enrolados linha
por linha, estas se tornam tão fortes que será impossível quebrar
esta corda.
Este capítulo apela para:
1. descobrir quais são as armadilhas mais chamativas
para você,
2. ser vigilante em todos os momentos, sem vacilar, sabendo
que a tentação está mais próxima do que você imagina,
3. entregar sua vida para Deus, seu domínio próprio, suas
vontades para que, antes da execução de um plano pecaminoso
atrativo, ou antes de um acidente na caminhada, Ele possa ter
acesso a ti e te livrar do “laço do passarinheiro”.

Jesus, nosso Exemplo


Olhando para Jesus, Ele possuía toda glória e poder do
universo, mas “se esvaziou” (Fil. 2:5-10) para ser igual a mim, um
pobre que procura “ter” e um egoísta que procurar “ser” alguém,
para outros iguais a mim, me verem como um deus humano.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Olhando para Jesus, Ele criou o dinheiro e deu a mim uma parte
pequena, para que eu me lembre de quem dependo a cada dia para
comer (Prov. 30:8-9). Em tudo ele foi tentado, mas por amor ao
Pai e a nós, nunca vacilou. Hoje, eu agradeço a Ele pelo perdão e
pela oportunidade de recomeçar. Tenho um Exemplo, tenho um
Advogado, tenho um Juiz, tenho um Salvador. “Obrigado Jesus por
Tua vitória, que se torna minha vitória a cada dia. O SENHOR é
minha suficiência”.

BIBLIOGRAFIA INDICADA:
ARTERBURN, Stephen; STOEKER, Fred; WORKEY,
Mike. A batalha de todo homem: um guia para homens sobre como
vencer as tentações sexuais. Tradução de Aline Grippe. São Paulo:
Mundo Cristão, 2004.

KEMP, Jaime. Pastores em perigo: ajuda para o pastor,


esperança para a igreja. São Paulo: Hagnos, 2006.

WHITE, Ellen G. Liderança cristã. Tradução de Sonia Maria


M Gazeta. 4. ed. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2010.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Seja
cuidadoso e
criativo com suas
finanças
Vivemos numa sociedade com graves problemas econômicos
e isso tem afetado negativamente a situação financeira das famílias.
Antônio Tostes comenta “já está aprovado que a instabilidade financeira
afeta outras áreas da vida, tais como as relações interpessoais, seja com
os membros da família, seja com os de fora, e também atinge a saúde, a
produtividade no trabalho, contribuindo para o aumento dos riscos de
acidentes, causando prejuízos aos empregados e soa cofres públicos.” 70
O mundo em que vivemos está feito para o consumismo ou “espírito
materialista”. O objetivo deste capítulo é apresentar sugestões para as
famílias dos teologandos a fim de administrar sabiamente.
Um dos fatores decisivos para o êxito de um teologando é a
estabilidade financeira.Ao passar quatro, cinco ou mais anos estudando
na faculdade, muitos gastos serão feitos e muitos antigos investimentos
serão quebrados, criando um ciclo de problemas para o estudante.
A maioria das famílias ou jovens solteiros que veem ao SALT não
têm uma estabilidade financeira ou um fundo de ganho mensal. E
grande parte, passa por tempos difíceis em relação ao dinheiro. O que
podemos fazer para ganhar dinheiro? Como administrá-lo de maneira
sábia? Qual é a importância disso para o futuro ministério?

70
TOSTES, Antônio. O pastor e seu dinheiro. Revista Ministério. Março-Abril. p.
23-26, 2006.

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SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Ganhar dinheiro durante os estudos


Ganhar dinheiro é uma prioridade durante a faculdade, pois
você terá um período de dedicação exclusiva no preparo para o
ministério. Contudo, um grande problema é como ganhar dinheiro
durante os estudos. Escrevo algumas experiências pessoais e de
meus colegas que tiveram êxito.
1. Colportagem. Seja uma atividade prazerosa ou não,
produtiva ou difícil, todo teologando deveria passar por esta
experiência (ver capítulo da Colportagem). Além de ser uma escola
e um poderoso trabalho missionário, a colportagem estudantil tem
contribuído financeiramente para milhões de estudantes que não
teriam um subsídio para pagar seus estudos.
2. Ofereça aulas nas Faculdades. Cada pessoa tem
um dom e pode ensinar algo. Crie pequenos cursos onde as
pessoas possam participar e pagar para aprender, nisto haverá
um crescimento financeiro durante cada semestre. Exemplos:
Uma esposa de teologando sabia fazer artesanato, assim, nas aulas
que dava, ensinava sua arte e ganhava a metade das despesas de
alimentação por mês, sendo uma bênção. Um estudante dotado da
informática, ensinava artes da web e designer em computadores,
conseguindo 20% da mensalidade. Um filho de teologando sabia
muito de violão, e ao ensinar, conseguia dinheiro para pagar
sua mensalidade na escola, diminuindo as despesas do pai. Eu
costumava dar aulas de hebraico, grego e inglês, conseguindo quase
50% do pagamento semestral. Fora disso, trabalhos com vendas
de alimentos para estudantes, formatação de TCC, tradução de
artigos, etc., tudo isso gera dinheiro, o qual ajuda muito. Pense nas

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

coisas que sabe fazer, por que não ensinar e ganhar dinheiro?
3. Final de semana de vendas. Muitos amigos saiam para
vender mel, trufas, e DVDs nos fins de semanas. Aproveitavam os
grandes feriados para ir às cidades e vender. É incrível para eles
conseguiam dinheiro, graças a Deus, sempre era suficiente.
4. Trabalhos-ofício. Corte de cabelo no internato,
depilação, manicure e pedicure são necessidades semanais de
alunos e funcionários. Lavanderia personalizada: muitas colegas
costumavam lavar e passar camisas sociais e ternos, conseguindo
dinheiro para suas necessidades diárias e reduzindo os grandes
custos no semestre.
5. Imagine como você pode ganhar dinheiro onde estiver.

Como administrá-lo de maneira sábia?


A. Planejamento
O primeiro passo para a consecução da estabilidade
financeira é o planejamento. É aqui que são estabelecidas as
estratégias de ação em busca de objetivos. “O planejamento
pode ser dividido em três partes: curto, médio e longo prazo. A
diferença básica entre estas etapas é o tamanho do investimento
ou despesa que se deseja fazer” disse Tostes (p. 24). Por exemplo, o
planejamento a curto prazo é o pagamento da mensalidade, água,
luz, comida etc. No médio é a compra de livros, computadores,
projetores, coisas necessárias para a vida acadêmica, etc. No longo
prazo, uma viagem ao exterior como missionário, a compra de um
carro, um segundo curso entre outros. Em tudo o que fazemos

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

devemos planejar. Assim aplicaremos nosso dinheiro no que mais é


importante para nossa vida.
B. Orçamento
O segundo passo para a administração financeira é o
orçamento. O indivíduo que vive sem orçamento, anda com olhos
vendados na escuridão sem saber para aonde vai. Tostes comenta
que “quando falamos de orçamento pessoal, temos de trabalhar
com dados mensais, fáceis de mensurar e controlar.” O quadro
de orçamento abaixo é uma sugestão para famílias e estudantes
solteiros, lembrando que cada pessoa deve fazer um Quadro
de Orçamento baseado em suas próprias receitas (entradas) e
despesas.
Lembrando que sempre as despesas não devem passar
das receitas. O saldo final deve ser positivo. Sempre, o dinheiro
que restar deve ser investido no Fundo de Reserva, sendo uma
poupança orçamentária para a realização dos futuros planejamentos
e despesas ou, até mesmos, imprevistos.

Sugestão de Orçamento
Receitas
Entrada semestral ou mensal R$
Bolsas ganhas na Universidade R$
Outras R$
Total Receitas R$
Despesas
Dízimo R$
Ofertas (Pacto) R$
Ajudas Assistenciais R$

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Despesas com o veículo R$


Supermercado, feira, padaria R$
Luz, água, gás R$
Telefone/Celular R$
Faculdade SALT R$
Escolas dos filhos R$
Medicamentos R$
Mesada esposa/filhos R$
Transporte R$
Vestuário R$
Lazer R$
Despesas bancárias R$
Outras R$
Total Despesas R$
Superávit (Receita – Despesa = FR)
Fundo de Reserva (FR):
R$:___________ - R$ __________ = R$ FR _________

C. Controle de Despesas
“É inútil fazer planejamento e orçamento se não houver
controle de despesas” disse Tostes. “Através do registro do que
gastamos é que podemos avaliar nossa situação financeira pessoal. É
no controle das despesas que verificaremos se estamos praticando
ou não o que foi estabelecido no orçamento.”
A cada dia que passa, nós temos despesas que às vezes nos
são ocultas se não tomarmos notas. É por isso que uma sugestão
para o controle é ter duas pequenos cadernos, uma para o marido
e outra para a esposa. Nestas, devem-se ser escritas cada despesa e

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

detalhes sobre as mesmas. No fim do mês, reunindo-as em grupos


de acordo com o orçamento anteriormente feito. Nisto serão
identificados os desvios e excessos, abrindo a possibilidade para os
devidos cortes.
Tostes comenta que “a colocação das finanças em dia demanda
humildade para reconhecer a necessidade de mudar certos hábitos
como jantar fora, vestuário excessivo, troca de veículos, etc.” Nos
casos mais avançados, onde há equilíbrio de ambos cônjuges, pode-
se ter uma abertura para certos gastos pessoais nos semestres.
Sugestões:

Controle das Despesas


Mês:_______ Ano: ________
Data Despesa Valor
___/____ ... R$
___/____ ... R$
___/____ R$
___/____ R$
___/____ R$

D. Fundo de Reserva
Para saber se uma família ou um indivíduo tem estabilidade
financeira, faça a pergunta: “Existe uma reserva, poupança?”
Em caso positivo, parabéns. No negativo, há um sério risco
de problemas a curtíssimo prazo, pois, quem não está sujeito a
imprevistos? Não podemos gastar tudo o que ganhamos, não
podemos viver no limite sempre. “O Fundo de Reserva (FR) não
somente protege contra imprevistos, mas gera melhor qualidade

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

de vida” afirma Tostes. Por tanto, procure sempre aumentar seu


FR, não com o objetivo de acumular tesouros na Terra, mas poder
viver de forma mais digna e estável.

Conclusão
A vida financeira depende de muitos aspectos: quantos
filhos a família tem, salário da esposa, herança ou ajuda dos pais/
padrinhos, investimentos pessoais, etc. Contudo, conclui Tostes, “o
motivo principal da diferença de padrão é a forma como gastam e
o que ganham, como determinam o seu padrão de consumo, como
controlam as finanças pessoais.”
Se eu voltasse a ser teologando eu seria mais cuidadoso e
criativo com minhas finanças, me preparando para honrar a Deus
de maneira administrativa e estavelmente.
Toda nossa vida deve ser para adorar a Deus. Com estas
dicas e sugestões não quero que o teologando-pastor fique se
preocupando somente com dinheiro e, em consequência do
melhoramento financeiro, esqueça-se do mais importante, o
relacionamento com Deus.Temos que ser fiéis nos dízimos, ofertas
(pactos) e ajudas assistenciais, pois assim, Deus usará o talento
financeiro para Seu reino.

Jesus, nosso exemplo


Jesus sempre foi muito trabalhador e administrador de seu
tempo e finanças. Em uma de suas falas, “dar a Deus o que é de
Deus, e dar a César o que é de César” vemos que ele sabia lidar com

| 200 |
HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

seu orçamento, pagando a cada área a devida proporção requerida.


Imagine, com poucas entradas que os discípulos recebiam, este
dinheiro provavelmente era administrado de uma maneira eficaz
por Judas e Jesus. Além disso, Jesus é o Dono do Universo, nós
somos os mordomos de Seus bens aqui na Terra, isso é para nós o
maior argumento de equilíbrio financeiro e de completa entrega
de nossos bens ao Salvador de nossa vida.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Corra
da
mediocridade
“A excelência é humana, as oportunidades são divinas”
Jônatas Leal

Muitos teologandos não se consideram medíocres, muito


menos pensam que estudar Teologia possa ser uma atividade
medíocre. Entretanto, com um pouco de introspecção e
honestidade, a maioria admitirá que, de ano a ano, todo estudante
pode sofrer de mediocridade. Isso acontece quando não estudam
com tanta paixão como antes; quando não preparam novos sermões
a partir das aulas recebidas; quando não se vestem tão bem como
iniciaram; quando levam os estudos de maneira menos necessária
do que sua prática, etc.
É incrível como a maioria dos seres humanos, quando o
tempo passar, começa a acomodar-se e deixar de viver o brilho
de quando começou. Por isso, necessitamos saber o que é
mediocridade na vida cotidiana, na Faculdade de Teologia e, por
fim, quais métodos nos ajudam a vencer esta erva daninha.
Mediocridade pode ser diminuição de amor por algo; falta
de atividade ou ação necessária; pensamentos cicatrizados e não
desafiados ao crescimento; relaxamento com as normas e ideais.
Mediocridade no SALT pode ser negligencia nos estudos;
relaxamento no estudar da Bíblia como fonte de verdade e
comunicação divina; falta de preocupação nas pregações, sermões

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

mais pessoais do que cristocêntricos, ou mensagens repetitivas,


sem haver uma inovação de novo conteúdo; despreocupação com a
vestimenta, deixando o indivíduo fora do padrão básico; quebra da
unidade com os colegas de classe, expandindo na bagunça ao invés
da concentração... Há diversas formas de ser medíocre, preste
atenção, e verá em ti e nos outros.

Como impedir a vida medíocre?


Quando um estudante-pastor se torna medíocre, depara-
se então com a oportunidade para refletir, remover as lentes
coloridas, e abrir-se para o autoconhecimento que é fruto desse
árduo processo. Para superar a mediocridade na vida, nós temos
que sofrer mudanças. Arthur Canales comenta que “isso implica na
alteração de comportamento. Por exemplo, algumas vezes um atleta
deve mudar o comportamento e direção, a fim de obter o sucesso.”
71
Semelhantemente, o teologando deve mudar de lugar, de ação, de
comportamento, deve sair de sua zona de conforto com o objetivo de
não ficar estagnado num ponto, mas ampliar seu potencial e influência.
Alguns métodos para não ser medíocre:
1. Saia da zona de conforto.
É muito fácil para estarmos no lugar e com pessoas que já
conhecemos. Isto nos torna mais lentos e rotineiros, levando a uma
vida sem tantos novos desafios. Saia desta zona, ou seja, continue nela,
mas tente ampliar as áreas que conheces e pessoas que conversas. Não
71
CANALES, Arthur D. Saindo da mediocridade. Revista Ministério. Maio-Junho.
p. 15-16, 2007.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

tenha medo de ampliar seus limites.


Eu não queria ser um pastor somente com a visão brasileira, a
qual a amo muito. Eu desejava conhecer como era a igreja e a cultura
em outros países. Assim, estudei um ano de Teologia no Chile; fiz
evangelismo em São Tomé e Príncipe (África); num turismo, conheci
um pouco das culturas e igrejas em Portugal, Espanha e Roma. Até
então, eu já estava muito feliz, mas não satisfeito. Procurei muitos
conselhos e informações de professores para ir estudar inglês numa
universidade estrangeira. Fui para Trinidad e Tobago (Caribe), e me
formei no curso de inglês como segunda língua lá, fora a bênção de
viver com indianos adventistas.
Atrasei meus anos no SALT, mas me formei satisfeito e
agradecido a Deus por realizar meus sonhos, sair da rotina da Faculdade
e adorá-Lo fazendo atividades diferentes.
2. Mude sua rotina.
Ter uma rotina é algo positivo. Contudo, nos deixa algumas
vezes sem novas visões. Tente fazer atividades novas na Faculdade;
aplica-se numa área que não conhece; leia livros mais difíceis; faça
algo diferente com sua família. Quando mudamos de rotina, o estresse
pode aumentar um pouco, pois temos que conseguir melhorar ao
nível que nos é exigido. Contudo, nesta mudança, sempre irá existir
um aperfeiçoamento novo, ou seja, a mediocridade ficará sozinha na
antiga rotina.
3. Faça exercícios.
A atividade física nos ajuda a querem algo mais, além dos
milhares de benefícios para nossa saúde. Um corpo e mente bem
cuidados estarão mais ativos para aceitar nossos projetos e ideias, ou

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

seja, sairão da mediocridade padrão.


4. Não tenha medo de auto superação.
A cada semestre letivo, escreve seus desafios (difíceis, mas
possíveis) para alcançar. Liste seus desafios espirituais, acadêmicos,
relacionais, físicos, pessoais, etc. A cada mês, avalie-se, e veja que
estás conseguindo. Gosto da frase da Petrobras: “O desafio é nosso
combustível”. Com esta, eu criei uma para mim: “Os desafios são
combustíveis para o motor de nossa vida, são novos tijolos em nossa
construção”.
5. Procure pessoas como referência.
Nosso maior exemplo é Jesus em tudo, porém também
podemos ter pessoas como referências em assuntos específicos. Fui
aluno do o pastor Elias Brasil, o qual conseguia se comunicar em várias
línguas fluentemente. Assim, quando eu estava no primeiro ano de
Teologia, fiz um alvo a longo prazo para eu alcançar: eu me desafiei a
sair do SALT dominando Português, Espanhol e Inglês. Quando estava
no último período, já tinha conseguido um crescimento saudável.
O pastor André Dantas, além de amigo, um grande administrador e
evangelista, sempre foi uma inspiração para mim.
Quando olhamos para grandes pessoas, nossos desafios e
superações sempre aumentarão, e não viveremos na mediocridade.
6. Planeje-se
Até onde você quer chegar? Qual será teu limite? Quem deseja
ser? São perguntas difíceis de responder na realidade das mudanças
profissionais, porém, nós podemos nos preparar para sermos grandes
pastores, com muita influência. Temos que responder estas perguntas
acima num plano de cinco, dez e quinze anos posteriores. Ou seja, o que

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

quero fazer daqui a 15 anos? Ou quero ser tão bom como “tal pessoa”
daqui a cinco ou dez anos? O teu limite depende dos planos e ações
que faz cotidianamente. “Você será o que está fazendo diariamente”.
“Todo mundo sonha; mas não do mesmo jeito. Aqueles que
sonham de noite no recesso empoeirado da mente acordam de dia
e descobrem que era vaidade. Mas os sonhadores do dia são gente
perigosa, porque podem encenar seus sonhos de olhos abertos para
torná-los possíveis”T. E. Lawrence72

Jesus, nosso exemplo


Só em pensar na humanidade de Jesus, em tantas atividades
que ele procurava fazer para beneficiar pessoas, ampliar Seu
conhecimento, viajar e pregar, tudo isso já nos mostra que nosso
Salvador não foi medíocre. O evangelho escrito por Marcos mostra
a agenda do Filho do Homem, parece que Ele não perdia nenhum
tempo sem propósito. A mediocridade não fazia parte do plano de
salvação de Cristo, e sim a utilidade e superação.
Como teologandos, necessitamos deixar a mediocridade.
Sejamos como o Príncipe da Paz, poderosos na verdade e não
fracos.

BIBLIOGRAFIA INDICADA:
SEAMANDS, David A. Se ao menos...: uma vítima ou um
vencedor? A escolha é sua.Venda Nova-MG: Editora Betânia, 1996.

72
LAWRENCE, T. E. Revista Ministério. Março-abril. p. 33, 2009.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Procure capacitar e
não atrair a glória
para si
“Com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu
serviço, para a edificação do corpo de Cristo”
Efésios 4:12

Como seres humanos, nós gostamos de nos sentir importantes


para o andamento dos projetos e decisões. Gostamos quando as
pessoas nos dizem: “pastor, que bom que chegou, as coisas aqui não
andam sem você...”, ou “pastor, estávamos te esperando para dar
começar nossos estudos bíblicos...”. Muitos teologandos e pastores
pensam que para obter sucesso no ministério devem visitar muito
as pessoas, pregar em todos os cultos, estar presente em todos os
estudos bíblicos, ajudar nas finanças da igreja etc. Será isso realmente
importante? Ou melhor, será o ideal de Deus para um pastor se
desgastar nestas atividades, sozinho? Estamos sendo pastores ao
carregar os membros no colo, sem ensiná-los andar, sozinhos?
Ellen White tem esta resposta: “O maior auxílio que se
pode prestar a nosso povo é ensiná-lo a trabalhar para Deus e a
nEle confiar, e não nos pastores.” 73 Um teologando que está se
preparando para ser um verdadeiro pastor não centraliza todas as
atividades em si, não tira as oportunidades de atuação voluntária dos
73
WHITE, Ellen. Testemunhos para a igreja. V. 7. Tatuí: Casa Publicadora
Brasileira, 2006, p.19.

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SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

membros, ele treina e capacita para que todos unidos trabalhem em


prol da salvação do semelhante. Podemos ser pastores dedicados e
esforçados, porém, talvez, estaremos indo para o caminho errado,
pois quando nos afastamos a igreja não se move.
Uma vez no meu evangelismo do terceiro ano no SALT, eu
estava motivando os membros do grupo núcleo para me ajudar nas
conferências. Tudo começou bem, os irmãos estavam participando
muito, até que, algumas semanas depois, eu fiquei quase sozinho
para fazer tudo. O que aconteceu? Perguntei a eles e recebi uma
resposta que mudou minha forma de pensar e trabalhar: “Pensamos
que todo o trabalho é teu e não nosso!” “Queremos te ajudar, mas
você não nos dá espaço para participar.” A partir deste momento
aprendi que nós não podemos ser pastores estrelas, mas devemos ser
treinadores de pessoas para que haja edificação no corpo de Cristo.
Igualmente, Paulo Nogueira fez três grandes descobertas: 74
1. “Descobri que não podia fazer tudo sozinho”
2. “Entendi que deveria mudar o foco do trabalho – do ‘eu
faço’ para ‘nós fazemos juntos’”
3. “A necessidade de valorizar a capacitar o tremendo
potencial que Deus colocou sob minha responsabilidade –
os membros da igreja”.
Por isso meu querido teologando, como pastores e estudantes
de teologia, devemos compreender que nossa principal missão é
capacitar o corpo de Cristo.

74
NOGUEIRA, Paulo. Assumindo um novo ministério. Revista Ministério. Janeiro-
Fevereiro. p. 17, 2007.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Por que ser um capacitador?


O conceito bíblico do pastor como capacitador encontra-
se em Efésios 4:11-12 “E Ele mesmo concedeu uns para
apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, outros
para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos
santos para o desempenho do Seu serviço, para a edificação do
corpo de Cristo”.
Paulo Nogueira explica que: “de acordo com o apóstolo,
não importa o título ou posição, a principal tarefa do pastor é
capacitar (aperfeiçoar) e equipar os membros da igreja, a fim
de que se tornem cristãos maduros que usam os dons recebidos
para testemunhar. Em assim fazendo, edificam a igreja”. 75
O apóstolo Paulo escreve para Timóteo: “E o que de
minha parte ouviste, através de muitas testemunhas, isso
mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para
instruir a outros” (II Tim. 2:2). Paulo se alegrava ao ver seu
próprio ministério se multiplicando na vida daqueles que eram
capacitados para o serviço do Mestre. Nós como teologandos
devemos nos preparar aos pés de grandes “Paulos”, devemos
nos capacitar com eles, a fim de nos tornar maduros e, como
parte do processo, treinar nossos semelhantes para o serviço de
salvação do pecador.
Além desta principal base bíblica, a Igreja Adventista do
Sétimo Dia tem como uma de suas crenças os Dons Espirituais,
que devem ser desenvolvidos no corpo de Cristo. E mais, há a

75
NOGUEIRA. p. 18.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

crença do Crescimento em Cristo,76 que revela a prioridade de


nossas ações, ao edificar cada membro na fé e no serviço. Imagina
se um teologando tivesse recebesse disciplina eclesiástica por
não praticar a verdade destas duas “doutrinas” da igreja, pois
sempre focaliza o brilho e glória do trabalho só para si. Se o
estudante de teologia ou o pastor ama tanto batizar e fazer os
ritos cristãos, como Santa Ceia, por que então esquece que um
dos mais grandes propósitos destes emblemas é edificar cada
pessoa na salvação de Cristo?

Estrela ou Treinador
Nesta parte do capítulo quero apresentar uma tabela
muito interessante que encontrei na Revista Ministério77 sobre as
diferenças entre um pastor estrela e um ministro capacitador:

Modelo “eu faço”: Modelo capacitador:


focalizando em mim e em focalizando nos membros
minhas possibilidades e no potencial de cada um

1. Pastor e membros 1. Todos se sentem


perdem recompensados
2. Distanciamento entre 2. Pastor e líderes
pastor e membros trabalham juntos

76
ASSOCIACAO MINISTERIAL DA ASSOCIACAO GERAL DOS
ADVENTISTAS DO SETIMO DIA; GRELLMANN, Hélio L. Nisto cremos: as
28 crenças fundamentais da Igreja Adventista do Sétimo Dia. 8 ed. São Paulo: Casa
Publicadora Brasileira, 2008.
77
NOGUEIRA. p. 18.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

3. Liderança não é 3. Baseia-se no


desenvolvida desenvolvimento da igreja
4. Desperta e motiva a
4. Gera competitividade participação missionária
dos membros
5. Todos assumem suas
5. Desperta críticas
responsabilidades
6. Exalta o ego 6. Exalta a Cristo
7. Produz cansaço e 7. Delega o que é possível
frustração delegar
8. Enfoque nos
8. Focaliza o crescimento
resultados, em lugar do
das pessoas como um
desenvolvimento das
processo
pessoas
9. Resultados são 9. Resultados são mais
questionados efetivos
10. Negligencia o grande 10. Leva em conta os dons
potencial dos membros espirituais

Vantagens

Paulo Nogueira78 sugere quatro vantagens ao teologando e


pastor que pratica a verdade bíblica da edificação das pessoas:
1. Reconhece e pratica o ensino bíblico. Se amar a
teu próximo é um mandamento, neste se inclui o capacitar teu
78
NOGUEIRA. p. 19-20.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

semelhante. Assim estará praticando a ordem de Jesus: “Fazei


discípulos” (Mt. 28:19-20).
2. Provê maior extensão de tempo. Este pode ser
dedicado à pesquisa, ao estudo, oração e evangelismo. Além do
amar a família e se preparar melhor para enfrentar os verdadeiros
desafios do cristianismo.
3. Provê membros tão capacitados como o próprio
líder. Na delegação de poderes, funções e responsabilidades, o
teologando poderá se preparar para ser um pastor que eleva seus
membros, e não os faz de entulho para caminhar sobre estes a fim
de crescer nas posições.
4. Facilita sua tarefa de ensinar e discipular. Para a
infelicidade de muitos, nós como estudantes de teologia e pastores,
não fomos chamados para nos exibirmos como heróis e pessoas
perfeitas no púlpito, mas fomos comissionados a fazer discípulos
para Jesus, ensinando e batizando-os. Parafraseando Ellen White,
nós deveríamos treinar os membros para que eles pregassem
ativamente as verdades bíblicas, e não ficassem passivamente nos
escutando falar repetidamente nos púlpitos.

Jesus, nosso exemplo


Era mais comum ver Jesus capacitando Seus discípulos, na
prática da pregação, ensino e cura do que contemplar um homem
fazer tudo sozinho. Alguns podem até pensar, em um extremo, que
Jesus era preguiçoso, pois não fazia nada sozinho, sempre pedia
ajuda de Seus colegas em Seu serviço.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Nosso sábio Salvador nos ensinou como pastorear: “fazendo


discípulos.” Com isso, pregaremos o evangelho, e veremos seu
crescimento por onde passarmos.
Querido teologando, quero fazer um apelo para você. Você
está pronto para sair da luz do púlpito e ensinar outros a tomarem
seu lugar? Você é cristão suficiente para ensinar a humildade à sua
igreja ao lavar os pés de seus discípulos, mostrando como eles
deveriam fazer? Você realmente quer obedecer aos mandamentos
de Deus, não somente os dez do Sinai, mas o mandamento do
propósito da vida cristã: edificar o corpo de Cristo?

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

E sp e r e
ansiosamente a
volta de Jesus
“Para mim, a segunda vinda é a bússola que constantemente me
orienta”
Ángel M. Rodríguez

Gary Swanson conta que em novembro de 1989, milhares


de alemães derrubaram o muro de Berlim, assinalando o primeiro
passo rumo a reunificação da Alemanha. No dia seguinte, um
homem que tinha vivido na parte oriental da cidade de Berlim,
apareceu em frente ao balcão da Biblioteca Memorial Americana,
na parte ocidental de Berlim. Ele trazia nas mãos livros que tinha
tomado emprestados justamente 28 anos antes que o muro fosse
construído. Durante todo aquele tempo, ele havia guardado os
livros com a esperança de que um dia tivesse a oportunidade de
devolvê-los.79 Você pode imaginar a profundidade da dívida que
este homem sentia em seu coração?
Nós, como estudantes de teologia e pastores, não estamos
aguardando um tempo para retornar nossos livros à Biblioteca,
nós estamos no período mais importante para a consagração e
conhecimento de nosso salvador. Seguramente aquele cliente
que esperou 28 anos para devolver os livros duvidou, mas ficou
79
SWANSON, Gary B. Em ritmo de espera. Revista Ministério. Julho-Agosto. p.
21-23, 2008.

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SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

firme no compromisso que tinha. E você, qual é o tamanho de


teu compromisso em esperar teu Salvador? O que está fazendo
com tua vida para responder à oportunidade de um dia encontrar
Jesus?

Conhecer a teologia e conhecer o Deus dela?


Estamos num tempo informatizado. Há uma onda de
notícias que nos deixam sem saber quais são os fundamentos
da vida e dos acontecimentos. Ou seja, conhecemos mais as
informações do que a verdadeira função das ocorrências. Até
que, temos um “infarto informacional”.
Isso acontece com a teologia também. Muito estudantes
de teologia veem para o SALT a fim de aprender e se preparar
para levar as pessoas a Jesus. Contudo, acontece um fato não
muito raro. O conhecimento da teoria e prática começa a
crescer tanto, os poderes da pregação e influência tomam tanto
espaço que, o Senhor desta teologia começa ser esquecido.
Muito tempo é ocupado para estudar e debater doutrinas e
teses, e poucos momentos, são direcionados para conversar
com o Fundador de todo conhecimento.
Como teologandos, e como pessoas, o mais importante
não é estar “instruídos” e “bem informados” de todo
conhecimento de Deus para estar preparado para a volta de
Jesus. O fundamental não é o conhecimento de Deus, e sim
estar com o Deus do conhecimento. Para simplificar Gary
Swanson disse que “o preparo para a volta de Jesus não está

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

fundamentado no que sabemos a respeito dela, mas em Quem


conhecemos”. 80
Houve um semestre que um amigo não conseguia mais
parar para orar. Este colega, ao conversar comigo, me disse
que não conseguia estar desocupado para passar tempo com
Jesus. O pior, não tinha mais o desejo de ver Jesus voltar. Não
sei se você já passou por algo semelhante, eu já. Assim como
este colega, eu me esforcei muito para conhecer meu Deus.
E, através de tudo o que eu aprendia na sala de aula, eu me
propus a procurar o Deus da teologia. Quando os professores
passavam matérias que eram muito teológicas, eu ficava quieto,
pensando, estava conseguindo receber meu Jesus através da
sabedoria teológica. Sentia preparado para encontrar-me com
Ele, pois não importava o que acontecia, eu o conhecia cada dia
mais.
Assim que, conheceremos nosso Redentor mais do que
qualquer outra pessoa ou assunto. Passemos mais tempo com
Ele, recebê-Lo a cada dia em nossa casa, como um antítipo de
quando Ele nos receber em Sua casa. Podemos saber tudo sobre
a volta de Cristo, mas se não conhecermos o Cristo que voltará
nada nos será útil.

Apelo
Quando eu e você esperamos ansiosamente a vinda de
Jesus, nossa vida tem uma direção a chegar, um sentido para
80
Ib. p. 23.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

adorar, uma motivação para trabalhar e uma certeza atemporal.


Seus estudos e seu trabalho no ministério têm um futuro. A
Revista Ministério perguntou para Ángel M. Rodríguez: “Como
pastor (...) o que é que nutre sua vida espiritual?” Ele respondeu:

No âmbito pessoal, minha esperança está centralizada


em Cristo, o que Ele fez por mim na cruz, Sua morte
vicária por mim e, ligada a tudo isso, a consumação
dessa esperança em Sua segunda vinda. Para mim,
a segunda vinda é a bússola que constantemente
me orienta. Com respeito à igreja, vejo, pela fé, os
melhores anos como estando à nossa frente. Não a
vejo dirigindo-se ao colapso. Vejo-a marchando para
a mais gloriosa consumação, em direção à sua mais
gloriosa experiência.81

Querido teologando, se você leu este livro e aprendeu algo


novo ou ampliou suas ideias fico satisfeito, mas a parte principal
é esta a que vou falar: “A vinda de nosso Salvador deve ser o
fundamento de nossas vidas. Deve ser a base de nossa alegria, o
chão de nossas ações. Nosso relacionamento com esta mensagem
deve afetar tudo o que fazemos, agindo como meio transformador
em nossos estudos, o trato com nossa família e trabalho, até em
nossa solidão. Nosso preparo para receber Jesus não pode ser
como uma última atividade que fazemos. Deve ser a primeira a
cada manhã quando acordamos”.

81
SATELMAJER, Nikolaus; HUCKS II, Willie. Guardiões da teologia. Revista
Ministério. Março-Abril. p. 7, 2007.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Jesus, nosso exemplo


O que Jesus mais deseja é voltar para nos buscar. Na
maioria das palavras que Jesus citou, quer seja para ensinar, ou
para admoestar, ele sempre elevada a esperança das pessoas para
o Reino de Deus vindouro. Além do Reino presente que Jesus
estava construindo, era seu objetivo que nossa ansiedade e vibração
fossem direcionadas para o Reino dos Céus. Ele é nosso exemplo
nisso também.
Por que demoramos tanto para ter este mesmo desejo que
Ele tem? Se você agora ainda não vibra por encontrar Jesus face a
face, se você ainda quer construir raízes nesta terra ilusória e, no
fundo do coração, ainda pede para Deus esperar mais um pouquinho
para voltar; ou se seu motivo para não esperar ansiosamente o
retorno de Jesus ainda te impede de vibrar por isso, amigo, por
favor, peça para Deus transformar o teu coração e te encher da
plenitude deste desejo. Jesus é nosso exemplo porque pediu para
Deus fazer Sua vontade nEle.

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HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

Conclusão
Ao chegar à Faculdade de Teologia, o estudante se encontrará
com dificuldades e desafios específicos desta área. Os professores e
a administração sempre estarão dispostos a ajudar com conselhos e,
além disso, muitas vezes algo mais sólido. Entretanto, é necessário
que cada estudante tenha este livro como guia para sua preparação
na caminhada que deverá seguir nos próximos anos.
Foram desenvolvidos, neste livro, temas do cotidiano de
um estudante de Teologia (teologando). Estes temas procuraram
abordar o máximo possível dos desafios ministeriais que este aluno
deverá alcançar durante os anos de estudo e estágio, tais como: (1)
buscar a comunhão com Deus como a mais importante base da vida
de um pastor, (2) estudar a teologia correta para que sua missão
esteja solidamente fundamentada, (3) aproveitar a Colportagem,
evangelismo e prática pastoral (estágio) como instrumentos
eficazes no preparo pessoal do ministro, (4) procurar ter uma ética
equilibrada, uma visão bem focada na missão e um crescimento
pessoal adequado em seu ministério etc.
“Sou estudante de Teologia, e agora? Conselhos de um pastor
para um teologando” além de ser um manual para cada estudante
de teologia interessado em ser um bom pastor, também serve
como uma base de inspiração, da qual é primordial na trajetória
de cada um.

| 223 |
HEBERT DAVI LIESSI
SOU ESTUDANTE DE TEOLOGIA, E AGORA?

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Sites
www.educaçãoadventista.org.br

www.adventistbiblicalresearch.org

| 229 |
HEBERT DAVI LIESSI
S e você decidiu estudar teologia ou é um aluno, ou tem um amigo ou familiar
nesta situação, este livro é para você. Hebert escreve de maneira agradável,
prática e consistente, com o frescor de um estudante, com a experiência de
um pastor, com a motivação de ser usado por Deus, para fazer mais fácil, mais
eficaz a vida de um teologando. Muitos pastores dizem: ‘se eu soubesse, minha
passagem pela faculdade haveria sido diferente’. Não necessita lamentar depois.
Agora pode sabê-lo. Estas páginas baseadas na benção de Deus podem ser teu
mapa da rota em busca de um ministério feliz, fiel e frutífero. Recomendo-o
como uma obra indispensável para ter pastores com paixão ‘segundo coração
de Deus’.
Bruno Alberto Raso
Vice-presidente da Divisão Sul-Americana
@brunoraso

H á um tempo li um parágrafo dizendo: “O que tem que ser feito pelo


homem, tem que ser feito por ele em quanto ele ainda não seja homem”.
Parafraseando, eu diria: “O que tem que ser feito pelo pastor, tem que ser feito
por ele em quanto ele ainda não seja um pastor”.
Concordo com o autor que “Mostrar como está o Seminário Adventista de
Teologia é dizer como estará a Igreja Adventista do Sétimo Dia do amanhã”.
Gostei muito da proposta deste livro, porque ele ajuda aos jovens estudantes de
teologia aproveitar bem o tempo em quanto
Capa finaleles
aquipassarem pelas salas de aulas.
Se um jovem estudante de teologia segue os conselhos que aparecem neste
livro, estou bem certo que será daqui a pouco tempo um excelente pastor!
O autor, Hebert Davi Liessi, apresenta em forma simples, clara e profunda,
tudo o que um estudante de teologia deve saber e fazer para chegar a ser um
“Pastor com Paixão”. Paixão por Deus, paixão pela família, paixão pela igreja e
paixão pelas almas.

Jovem estudante de teologia, eu lhe recomendo a leitura deste livro!!!


Carlos Hein

“Atualmente, Hebert Davi Liessi está trabalhando como Professor


Universitário na FADBA, e estudando Ph.D. na Universidade de Andrews, e
Pós-graduação em Andragogia na FADBA. Possui Mestrado em Teologia, Pós-
graduações em “Missiologia” e “Interpretação e Ensino da Bíblia”. Já trabalhou
como pastor escolar e distrital, e como professor de Ensino Religioso. É casado
com a pedagoga Lucicleide Liessi, e seus filhos são Theo e Gael. Seu ideal de
ministério é preparar pessoas para se encontrarem com o Senhor Jesus”

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