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1. Título do projeto
A Efetividade do Hedge e Cross-Hedge no Mercado Brasileiro de Etanol Após a
Implementação do Preço Paridade Importação
2. Introdução
O setor sucroenergético, responsável pela produção de Açúcar e Etanol no Brasil,
representa uma faixa de 10% do Produto Interno Bruto [PIB] do agronegócio brasileiro
(UNICA, 2019). Historicamente, o setor do agronegócio é um grande gerador de riquezas
para o Brasil, e em 2021 foi responsável por cerca de 27,4% do Produto Interno Bruto [PIB]
(CEPEA, 2021). A cana-de-açúcar encontra em solo brasileiro condições ideais para o seu
cultivo, principalmente devido às extensas áreas agricultáveis e condições climáticas
favoráveis para o desenvolvimento desta cultura, o que possibilita ao país as posições de
principal produtor (20% da produção global) e exportador (45% da exportação mundial) de
açúcar, e segundo maior produtor e exportador de etanol no mundo, com volume de
produção de 27,9 bilhões de litros do biocombustível (UNICA, 2019). Além dos fatores
naturais (geográficos e climáticos), o setor sucroenergético brasileiro, em especial na
produção de etanol, recebeu alguns incentivos durante sua trajetória, em destaque as
etapas do Programa Nacional de Álcool (Proálcool), entre 1975 e 2003, e o advento da
produção do veículo fuel flex, que possibilitou que motores pudessem ser operados com
misturas de gasolina e etanol em quaisquer proporções (BNDES, 2008).
A produção de etanol e açúcar, assim como a produção dos diversos produtos
industrializados em cadeias produtivas agrícolas, assumem em sua essência os
comportamentos e riscos dos mercados de commodities. Essencialmente, são considerados
commodities todos os produtos de baixa intervenção industrial, baixo nível de diferenciação
e alto volume de recursos naturais em sua composição (SINOTT, 2010). O mercado de
commodities, especificamente no agronegócio, é rodeado por diversas incertezas, como
fatores de cunho político, econômico e financeiro (políticas de fomento ao setor e flutuações
de preços), fatores relacionados ao mercado global, em especial o câmbio, e riscos
intrínsecos à própria atividade agropecuária, como os fatores edafoclimáticos, sazonalidade
e ciclos das diversas culturas e produtos (FREITAS e SÁFADI, 2015). Afim de promover a
minimização das incertezas presentes neste mercado, ressalta-se o uso de gerenciadores
de riscos.
O hedge, uma estratégia amplamente utilizada nos mais diversos mercados para
minimização de risco, é um dos recursos adotados para redução de incertezas no mercado
de commodities. O hedge consiste na operacionalização de contratos do mercado de futuros
em posições inversas às atividades fins das empresas (ZANOTTI, GABBI e GERANIO,
2010). Por exemplo, uma agroindústria do setor sucroenergético que fabrica etanol e açúcar
e deseja mitigar o risco de flutuação dos preços de venda de seus produtos pode utilizar os
ativos de etanol e açúcar, em posição de compra, disponibilizados no mercado futuros da B3
(Bolsa, Brasil, Balcão), de modo que, em um determinado grau de efetividade, seja possível
“travar” os preços negociados, permitindo um maior nível de previsibilidade, segurança à
operação, e continuidade do negócio. Ressalta-se que o objetivo central nessas operações
não é obter lucro, mas sim reduzir ou eliminar a possibilidade de prejuízo (SOUZA et al.
2017).
Quanto à mensuração do grau de eficácia e nível de efetividade, ressalta-se as vertentes
do hedging account, que no Brasil, rege-se sob o pronunciamento CVM Nº 763, de 22 de
Projeto de Pesquisa – Trabalho de Conclusão de Curso
3. Objetivo
O objetivo geral deste estudo é avaliar se as operações de hedge e cross hedge são
efetivas para o mercado de etanol brasileiro. Os objetivos específicos da pesquisa se
norteiam em analisar se houve mudanças da estrutura de precificação dos preços de
combustíveis observada após implementação do Preço de Paridade de Importação [PPI].
4. Material e Métodos
O material utilizado será coletado em três âmbitos: 1) Dados do mercado à vista de
etanol nos principais estados produtores; 2) Dados do mercado futuros de etanol da B3; 3)
Dados do mercado futuros do petróleo Brent [LCOM2]. A justificativa para de escolha dos
principais estados produtores para captura de dados do mercado à vista se baseia no
estudo de Franco et al. (2016), o qual sugere em primeiro momento que o resultado
insatisfatório das operações de hedge nos estados de Alagoas e Pernambuco se deram
devido a distância e pouca aderência dos mercados à vista destes estados em relação ao
ativo de contratos do mercado futuros, e em segundo momento que eventualmente estados
mais próximos àqueles em que se baseia os fundamentos dos contratos futuros certamente
apresentariam resultados melhores. A justificativa para a escolha do ativo de contratos
futuros de Etanol [1ZEc1] é devido este constituir os contratos que refletem o ativo em
análise da operação, e que devem ser selecionados para estruturação das operações de
hedge padrão. Quanto ao ativo petróleo Brent [LCOM2], a justificativa para uso deste neste
estudo é devido a relevância deste ativo no mercado mundial de combustíveis, sendo suas
cotações utilizadas como referência para os mercados europeu e asiático.
A captura dos dados referentes aos contratos futuros será realizada através da
plataforma investing.com, sendo extraídas as informações chaves de cada pregão (alta,
baixa, abertura, fechamento). Para os contratos à vista dos principais estados produtores de
etanol, os dados serão extraídos no endereço eletrônico do Centro de Estudos Avançados
Projeto de Pesquisa – Trabalho de Conclusão de Curso
𝑣𝑎𝑟(𝐻 ∗ )
𝑒𝑐ℎ = 1 −
𝑣𝑎𝑟(𝑈)
Sendo: 𝑒𝑐ℎ a efetividade do hedge/cross hedge; 𝑣𝑎𝑟(𝑈) = 𝜎𝑠2 a variância da carteira não
protegida; 𝑣𝑎𝑟(𝐻 ∗ ) = 𝜎𝑠2 + ℎ∗2 𝜎𝑓2 − 2ℎ∗2 𝜎𝑠𝑓
2
a variância mínima da carteira protegida; 𝜎𝑓2 a
2
variância dos preços futuros; 𝜎𝑠𝑓 a covariância entre os preços à vista e futuros e; ℎ∗a razão
ótima do hedge/cross hedge.
Caso rejeitado a hipótese 𝐻0 , o nível de eficácia será dado por 𝐻1 , e multiplicado por
100, representará em ordem percentual a eficácia do hedge ou cross hedge.
Onde 𝐴𝐼 ,𝐵𝐽 e C são matrizes (n x n), com n = 2 para o caso bivariado, e C é determinado
como a matriz triangular superior e; p e q, são as ordens do modelo e; n, o número de séries
utilizadas.
Com base neste modelo de Engle e Kroner (1995), para que sejam incluídas todas as
possibilidades de representações vetoriais positivas, determina-se a seguinte equação
(OLIVEIRA NETO; GARCIA, 2013):
𝑅𝑠 = 𝜇𝑠 + 𝑒𝑠𝑡 𝑒𝑠
{ 𝑡 & 𝑒𝑡 |ψ𝑡−1 = [ 𝑒 𝑡 ] |ψ𝑡−1 ~𝑁(0, 𝐻𝑡 )
𝑅𝑓𝑡 = 𝜇𝑓 + 𝑒𝑓𝑡 𝑓𝑡
Onde, 𝑒𝑠𝑡 e 𝑒𝑓𝑡 , são os distúrbios encontrados; Ψ𝑡−1 , são os dados disponíveis no
tempo t-1, é a função de densidade normal bivariada; e 𝐻𝑡 , é uma matriz de covariância
condicional definida positiva no tempo t, especificada como:
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ℎ𝑠2 ℎ𝑠𝑓1 𝛾𝑠𝑠 0 𝛾𝑠𝑠 0 𝛼𝑠𝑠 𝛼𝑠𝑓 𝑒 2 𝑠𝑡−1 𝑒𝑠𝑡−1 𝑒𝑓𝑡−1 𝛼𝑠𝑠 𝛼𝑠𝑓
𝐻𝑡 = [ 𝑡 ] = [𝛾 𝛾𝑓𝑓 ] [𝛾𝑠𝑓 𝛾𝑓𝑓 ] + [𝛼 ] [
𝛼𝑓𝑓 𝑒 𝑒 ] [𝛼 𝛼𝑓𝑓 ]
ℎ𝑠𝑓𝑡 ℎ𝑓2𝑡 𝑠𝑓 𝑠𝑓 𝑠𝑡−1 𝑓𝑡−1 𝑒 2𝑓𝑡−1 𝑠𝑓
Onde ℎ𝑠𝑓𝑡 , é a covariância condicional dos preços à vista do mercado de etanol nos
principais estados produtores e dados de preços de contratos futuros etanol [1ZEc1] e no
mercado futuros de petróleo Brent [LCOM2]; ℎ𝑠2𝑡 e ℎ𝑓2𝑡 , são as variâncias condicionais dos
preços à vista do mercado de etanol nos principais estados produtores, e dados de preços
do ativo no mercado futuros, que podem ser estimados pela maximização da função log de
verossimilhança em relação à θ , onde, T é o número total de observações, conforme
equação abaixo:
𝑇 𝑇
1 1
𝐿(𝜃) = −𝑇 log(2𝜋) − ∑ log|𝐻𝑡 (𝜃) |− ∑ 𝑒𝑡 (𝜃)′ 𝐻𝑡−𝑡 (𝜃)𝑒𝑡 (𝜃)
2 2
𝑖=1 𝑖=1
Logo, o modelo BEKK (1,1), a ser aplicado, conforme os estudos de Oliveira Neto e
Garcia (2013), se a apresenta no seguinte sistema de equações:
2 2 2
ℎ𝑠,𝑡 = 𝐶𝑆𝑆 + 𝛼22 𝜀𝑠,𝑡−1 + 𝛽22 ℎ𝑠
2
{ℎ𝑠𝑓,𝑡 = 𝐶𝑠𝑓 + 𝛼11 𝛼22 𝜀𝑠,𝑡−1 + 𝛽11 𝛽22 ℎ𝑠𝑓
2 2 2
ℎ𝑓𝑡 = 𝐶𝑓𝑓 + 𝛼11 𝜀𝑓,𝑡−1 + 𝛽11 ℎ𝑓
Portanto, tem-se que a equação de demonstração da razão ótima do hedge e cross hedge
será determinada por:
ℎ𝑡 = cov(Δ𝑆𝑡 , Δ𝑓𝑡 |Ω𝑡−1 )/(Δ𝑓𝑡 ⌊Ω𝑡−1 )
5. Resultados Esperados
Espera-se a partir deste estudo encontrar resultados que indiquem que as operações de cross
hedge no mercado de etanol, utilizando ativos de petróleo internacionais, sejam efetivos na mitigação
de risco de preços, especialmente após implementação do Preço de Paridade de Importação [PPI].
6. Cronograma de Atividades
Mês
Atividades planejadas
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Elaboração Projeto de Pesquisa X X
Entrega Projeto de Pesquisa X
Retorno do projeto e correção X X
Rodagem da estatística X X
Avaliação dos resultados X
Retorno avaliação orientadora X
Apreciação, correção e entrega X
Discussões com a orientadora X
Projeto de Pesquisa – Trabalho de Conclusão de Curso
Correção necessárias X
Ajustes finais para entrega X
Entrega X X
Discussões com a orientadora X
Preparação do material X
Ihul! Apresentação realizada X
Projeto de Pesquisa; Resultados Preliminares; Entrega do Trabalho de Conclusão de Curso; Entrega da
Apresentação da Defesa
7. Referências Bibliográficas
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social [BNDES]. 2008. Perspectivas para o Etanol
Brasileiro. Disponível em:
<https://web.bndes.gov.br/bib/jspui/bitstream/1408/2421/1/Perspectivas%20para%20o%20Etanol%20Brasileiro.
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