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QUESTÃO 1

Invernáculo Do poema Invernáculo, de Paulo Leminski, são corretas as seguintes


leituras, exceto uma. Assinale a alternativa com a interpretação
Esta língua não é minha,
incorreta do poema:
qualquer um percebe.
a) No poema, o tema principal é a tensão entre o patrimônio do
Quem sabe maldigo mentiras, vernáculo luso e a resistência do poeta em desejar outras línguas,
dialetos e vozes que libertam o eu da gramática normativa, ideia
vai ver que só minto verdades.
presente em “esta não é minha língua”, pois é outra a “fala que me
Assim me falo, eu, mínima, lusa”.

quem sabe, eu sinto, mal sabe. b) Há uma ruptura entre a subjetividade, as emoções, as sensações
e o que a língua permite expressar, pois com ela o poeta só poderia
Esta não é minha língua.
maldizer mentiras ou mentir verdades.
A língua que eu falo trava
c) “Invernáculo” também pode significar “estufa de plantas” e o
uma canção longínqua, autor busca com isso deixar ambígua a relação de quem fala com
razões e quem rompe com toda a linguagem, tal como as plantas em
a voz, além, nem palavra. invernáculo em “eu sinto, mal sabe”.
O dialeto que se usa d) A aventura da criatividade da linguagem, segundo o poeta, é o
à margem esquerda da frase, limite do que pode ser expresso por palavras, como em “a canção
longínqua, a voz, além, nem palavra”. Todavia, tal dialeto ainda não
eis a fala que me lusa, capta o “eu, meio, eu dentro, eu, quase”.
eu, meio, eu dentro, eu, quase.
LEMINSKI, Paulo. Toda Poesia. São
Paulo : Cia das Letras. 2013, p.329

QUESTÃO 2

O coronavírus de hoje e o mundo de amanhã, segundo o filósofo Byung-Chul Han

“Há exatamente dez anos afirmei em meu ensaio Sociedade do Cansaço a tese de que vivemos em uma
época em que o paradigma imunológico perdeu sua vigência, baseada na negatividade do inimigo. Como nos
tempos da Guerra Fria, a sociedade organizada imunologicamente se caracteriza por viver cercada de fronteiras
e de cercas, que impedem a circulação acelerada de mercadorias e de capital. A globalização suprime todos
esses limites imunitários para dar caminho livre ao capital. Até mesmo a promiscuidade e a permissividade
generalizadas, que hoje se propagam por todos os âmbitos vitais, eliminam a negatividade do desconhecido e
do inimigo. Os perigos não espreitam hoje da negatividade do inimigo, e sim do excesso de positividade, que se
expressa como excesso de rendimento, excesso de produção e excesso de comunicação. A negatividade do
inimigo não tem lugar em nossa sociedade ilimitadamente permissiva. A repressão aos cuidados de outros abre
espaço à depressão, a exploração por outros abre espaço à autoexploração voluntária e à auto-otimização. Na
sociedade do rendimento se guerreia sobretudo contra si mesmo.”
Fonte: Jornal El País Brasil. 2020. Disponível em: El País. https://brasil.elpais.com/ideas/2020-03-22/o-coronavirus-de-hoje-e-o-
mundo-de-amanha-segundo-o-filosofo-byung-chul-han.html?outputType=amp
Segundo o texto, assinale a alternativa correta:

a) A globalização econômica suprimiu fronteiras e divisões, com isso suprimiu também os riscos de
inimigos externos tais como novas guerras e novos riscos biológicos.
b) Na sociedade do cansaço, o risco maior está não na negatividade do inimigo, base de uma concepção
“imunológica” de defesa da vida, mas numa cultura de positividade professada por seres humanos
incapazes de reconhecerem em si mesmos excessos tão ou mais letais que inimigos biológicos.
c) Pacificar a si mesmo é o caminho para evitar autoexplorações excessivas que causam doenças e
depressão, o que só é possível pela negatividade de tudo o que nos oprime e pela necessária
reafirmação de fronteiras seguras, como ocorria no tempo da guerra fria.
d) A globalização deve ser refreada, pois somente a positividade equilibrada pelo paradigma imunológico
pré-globalização será capaz de garantir que a sociedade do futuro se defenda de ameaças biológicas,
simples efeito natural da negatividade das ameaças que nós podemos causar a nós mesmos.

QUESTÃO 3

A psicanalista Vera Iaconelli é mestre e doutora em psicologia pela USP, escritora e colunista da Folha de São
Paulo. Ela se dedica à pesquisa sobre família e faz reflexões sobre liberdade, costumes, relações afetivas e
outros. Em entrevista, diz ela:

“Vivemos um momento muito dramático do cuidado com os filhos: chegamos ao limite da ideia de que os filhos
são responsabilidade das mulheres, das mães. No limite pois hoje mulheres trabalham e são chefes de família,
principalmente nas famílias de classe menos favorecidas. Ou seja, são chefes de família, trabalham o dia inteiro
e ainda se cobra delas incumbências de ser a única responsável pelo cuidado com os filhos. Então, mesmo que
a lei penalize o homem ou faça com que pague pensão na separação, a carga mental e a responsabilidade ainda
é total da mulher em relação ao que passa ou deixa de se passar com a criança.”
Fonte: HOSHINO, Camilla. “Parentalidade: ‘vivemos tempos de incertezas’, diz Vera Iaconelli”. Portal Lunetas. 2019. Disponível em:
https://lunetas.com.br/vera-iaconelli/

No texto acima, a expressão oral fez o redator grafar algumas frases sem a perfeição exigida pela gramática
normativa. Analise as afirmações abaixo e assinale a alternativa correta:

I. O trecho correto seria “No limite, pois hoje mulheres trabalham e são chefes de família” com vírgula
obrigatória antes da conjunção “pois”, já que se trata de oração subordinada explicativa.
II. O trecho correto seria “trabalham o dia inteiro e ainda se cobram delas incumbências de ser a única
responsável pelo cuidado com os filhos”, já que é necessária a concordância do verbo “cobrar” com
o sujeito posposto no plural “incumbências”.
III. O trecho correto seria “a carga mental e a responsabilidade ainda são totalmente da mulher”, já
que se exige concordância do verbo com o sujeito composto e o uso do advérbio “totalmente” no
lugar de “total”.
IV. O trecho correto seria “em relação ao que se passa ou deixa de se passar com a criança” porque a
conjugação do verbo “passar” está na forma pronominal, ou seja, exige pronome oblíquo “se” nas
duas ocorrências.

a) Apenas as afirmações I, II, III estão corretas.


b) Apenas as afirmações I e II estão corretas.
c) Apenas as afirmações I, II e IV estão corretas.
d) Todas as afirmações estão corretas.
QUESTÃO 4

“Quem faz sucesso tende a achar que é graças a si mesmo”


Michael J. Sandel, professor de Harvard, escreveu o livro “A tirania do mérito”. Em entrevista, acusa os
progressistas de abraçarem a meritocracia, que teria levado a um legítimo ressentimento das classes
trabalhadoras. Diz ele:

“A mudança de atitudes é tão importante como a desigualdade de riqueza em si mesma. Aqueles que
aterrissaram lá em cima tendem a acreditar que seu sucesso é graças a si mesmos. Que merecem, portanto, os
benefícios materiais que a sociedade de mercado distribui entre aqueles que fazem sucesso. E,
consequentemente, que quem ficou para trás merece igualmente seu destino. Esse senso de menosprezo por
parte das elites gerou, compreensivelmente, indignação e ressentimento entre os trabalhadores. Essas queixas
eram legítimas, apesar de os políticos que apelaram a elas terem jogado com os piores impulsos. Impulsos tão
feios como a xenofobia, o hipernacionalismo e, no caso de Trump, o racismo. Essa feiura da reivindicação de
Trump e outros pode nos impedir de reconhecer que as queixas às quais apelam são de fato legítimas. (...)

Os bem-sucedidos devem se perguntar se é verdade que seu sucesso é atribuível inteiramente a eles, ou se isso
esquece até que ponto estão em dívida com sua comunidade, seus professores, seu país, as circunstâncias de
sua vida e, em suma, a sorte que os ajudou em seu caminho. Apreciar o valor da sorte na vida pode dar lugar a
uma necessária humildade. Parte do problema é que as elites meritocráticas de hoje em dia sofrem uma falta
de humildade. É o que chamo de arrogância meritocrática, e desafiá-la é um primeiro passo importante.”
Fonte: El País Brasil. “Quem faz sucesso tende a achar que é graças a si mesmo”. Michael J. Sandel. 2020.
Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2020-09-12/michael-j-sandel-quem-faz-sucesso-tende-a-
achar-que-e-gracas-a-si-mesmo.html

A partir da análise do texto, assinale a alternativa incorreta:

a) A tirania do mérito significa um abuso da concepção de meritocracia, pois essa ideia justifica e oculta
problemas estruturais de distribuição de riquezas, causando ressentimento em classes sociais, etnias e
gêneros menos favorecidos numa sociedade de mercado com grandes desigualdades.
b) Segundo o autor, a noção de meritocracia pode estar associada a outros fatores, como a xenofobia, o
racismo, que estão entre as formas de ressentimento coletivo de pessoas tachadas como “perdedoras”
por falta de mérito.
c) Se os efeitos ruins da meritocracia forem captados por estrategistas políticos, a noção de mérito pode
se desvirtuar para formas de hipernacionalismo que buscam compensar identidades perdidas perante
a sociedade global e um exemplo desse desvirtuamento foi o que se observou no “Brexit”.
d) As queixas meritocráticas são legítimas, pois quem usualmente se orgulha de seu status social
geralmente o faz por esforço próprio, desde que assuma alguma fração de sorte e humildade.

QUESTÃO 5

“Se alguma dádiva os homens recebem dos deuses, é razoável supor que a felicidade seja uma graça
divina, certamente o mais divino de todos os bens humanos, visto ser o melhor. Esta questão talvez caiba
melhor em outro estudo. Contudo, mesmo que a felicidade não seja uma graça concedida pelos deuses, mas
nos venha como um resultado da virtude e de alguma espécie de aprendizagem ou exercício, ela parece incluir-
se entre as coisas mais divinas, pois aquilo que constitui o prêmio e a finalidade da virtude parece ser o que de
melhor existe no mundo, algo de divino e abençoado.
Desse ponto de vista, a felicidade também deve ser partilhada por grande número de pessoas, pois
quem quer que não esteja mutilado em sua capacidade para a virtude pode conquistá-la por meio de um certo
tipo de estudo e esforço. Mas se é preferível ser feliz dessa forma a sê-lo por acaso, é razoável supor que seja
assim que se atinge a felicidade, já que tudo aquilo que ocorre por natureza é tão bom quanto poderia ser, e
do mesmo modo acontece com o que depende da arte ou de qualquer causa racional, sobretudo se depende
da melhor de todas as causas. Confiar ao acaso o que há de melhor e de mais nobre seria um completo contra-
senso.

A resposta à questão que estamos levantando fica evidente pela nossa definição de felicidade, pois
dissemos que ela é uma cerra atividade da alma conforme à virtude.”
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. SP: Martin Claret. 2004. Livro I, 9, p.31.

Com base no texto, analise as afirmações e assinale a alternativa correta:

I. Para Aristóteles, as virtudes são tendências e aptidões naturais que devem ser
desenvolvidas para cumprir a natureza, a finalidade (telos), o propósito do bem supremo,
que aponta para a plena realização do ser humano.
II. Na concepção de Aristóteles, a virtude depende da ação e do aprendizado socialmente
compartilhados, mas depende também de uma aptidão dada por natureza, como ocorre
com o potencial de uma semente se tornar árvore.
III. A ideia dos melhores (aristos) fins (telos) é central para o filósofo e essa ideia está na raiz
das concepções meritocráticas, pois o justo e o bom implicam em dar aos mais aptos e mais
esforçados as melhores condições segundo a natureza e os fins da pólis.
IV. Como discípulo de Platão, Aristóteles concebe a ética das virtudes com um fundamento
divino, fruto da visão de mundo dualista, sendo que a perfeição da felicidade só pode
pertencer ao plano ideal, daí porque ele a mencione como uma dádiva dos deuses.

a) Apenas as afirmações I, II, III estão corretas.


b) Apenas as afirmações I e II estão corretas.
c) Apenas as afirmações I, III e IV estão corretas.
d) Todas as afirmações estão corretas.

QUESTÃO 6

“As humanidades servem para pensar a finalidade e a qualidade da existência humana, para além do simples
alongamento de sua duração ou do bem-estar baseados no consumo. Servem para estudar os problemas de
nosso país e do mundo, para humanizar a globalização. Tendo por objeto e objetivo o homem, a capacidade
que este tem de entender, de imaginar e de criar, esses estudos servem à vida tanto quanto a pesquisa sobre
o genoma. Num mundo informatizado, servem para preservar, de forma articulada, o saber acumulado por
nossa cultura e por outras, estilhaçado no imediatismo da mídia e das redes. Em tempos de informação
excessiva e superficial, servem para produzir conhecimento; para "agregar valor", como se diz no jargão
mercadológico. Os cursos de humanidades são um espaço de pensamento livre, de busca desinteressada do
saber, de cultivo de valores, sem os quais a própria ideia de universidade perde sentido. Por isso merecem o
apoio firme das autoridades universitárias e da sociedade, que eles estudam e à qual servem.”
PERRONE-MOISÉS, LEYLA. Para que servem as humanidades? 2012. Caderno Mais, Folha de SP.
Na última oração do texto, dois elementos coesivos são utilizados - "eles" e "à qual". Selecione a alternativa que
melhor representa a referência, respectivamente, de cada um desses elementos.

a) "os atos consumistas" e "mídia"


b) "os problemas do nosso país" e "as humanidades"
c) "os cursos de humanidades" e "sociedade"
d) "os saberes acumulados" e "a globalização"

QUESTÃO 7

O dicionarista e historiador Nei Lopes, autor do Dicionário banto do Brasil, afirmou, em entrevista à
Revista Fapesp:

“Resolvi elaborar um dicionário para identificar os vocábulos da língua portuguesa com origem no universo dos
povos bantos, denominação que engloba centenas de línguas e dialetos africanos. Palavras como babá, baia,
banda, caçapa, cachimbo, dengo, farofa, fofoca e minhoca, por exemplo, têm origem provável ou comprovada
em línguas bantas e o quimbundo pode ter sido o idioma que mais contribuiu à formação de nosso vocabulário.
Ao constatar tal quantidade de palavras originárias de idiomas bantos que circulam pelo país, quis comprovar
a importância dessas culturas para o contexto nacional. Assim, escrever dicionários, para mim, também é uma
tarefa política. Percebi que dicionários funcionam como um meio didático eficaz para disseminar conhecimento.
Os currículos costumam começar a abordagem sobre a África a partir da escravidão, partindo do princípio de
que os nossos ancestrais foram todos escravos. Nos ensinamentos sobre o assunto, é preciso descolonizar o
pensamento brasileiro, deixando evidente como os grandes centros europeus espoliaram o continente e que,
hoje, a realidade africana é fruto dessas ações.”
LOPES, Nei Lopes. O dicionário heterodoxo. Entrevista concedida a Cristina Queiroz.
Revista Fapesp. Edição 275, jan. 2019. Disponível em:
http://revistapesquisa.fapesp.br/ 2019/01/10/nei-braz-lopes-o-dicionarista-heterodoxo.

Após a leitura do texto, responda: que crítica o autor faz aos currículos escolares e que abordagem propõe para
o assunto?

a) O autor critica a abordagem negativa sobre a África, apesar de entender que a referência feita sobre a
escravidão não enfatiza a realidade que a produziu. Além disso, o autor afirma que os ensinamentos
sobre o assunto permitem uma abordagem política sobre o tema em dicionários, estes apresentados
como tecnologias de disseminação do conhecimento.
b) O autor critica a abordagem negativa sobre a África, que sempre faz referência à escravidão e não
enfatiza a realidade que a produziu. Nei Lopes propõe que seja adotada uma perspectiva não
eurocêntrica, descolonizando o pensamento brasileiro e mostrando que a situação atual é decorrente
das ações dos invasores europeus que usurparam territórios do continente africano.
c) O autor critica a abordagem política dos dicionários como uma tecnologia que banaliza a grandiosidade
da África, em especial, pelos estudos sobre a escravidão. O autor entende necessário, nesse contexto,
afirmar as ações invasoras via verbete oficial, para a popularização dos estudos e do acesso aos itens.
d) O autor critica a abordagem tendenciosa sobre África, que raramente faz referência à escravidão, sem
enfatizar a realidade que a produziu. A proposição do autor está centrada na educação, que pode ser
potencializada pelo uso político de dicionários e também por meio da descolonização do pensamento
brasileiro.
QUESTÃO 8

Leia o texto a seguir e assinale a alternativa correta sobre o funcionamento do pressuposto na construção do
humor da tira.

Fonte: André Dahmer. Disponível em: www.malvados.com.br

a) A compreensão do funcionamento do pressuposto exige do leitor o conhecimento prévio sobre o


trânsito de São Paulo como um componente degradante da qualidade de vida.
b) A compreensão do funcionamento do pressuposto exige do leitor a identificação do termo "vida",
presente nos dois primeiros quadrinhos, e como ele se relaciona com os contextos de grandes centros.
c) A compreensão do funcionamento do pressuposto exige do leitor a identificação da polissemia do
termo "lenta", que pode significar velocidade reduzida ou estilo de vida tranquilo.
d) A compreensão do funcionamento do pressuposto exige do leitor a identificação do campo semântico
referente à mobilidade urbana, com os termos "lenta", "São Paulo" e "carro".

QUESTÃO 9

“Palavras conjeturadas
oscilam no ar de surpresas,
como peludas aranhas
na gosma das teias densas,
rápidas e envenenadas,
engenhosas, sorrateiras.
Atrás de portas fechadas,
à luz de velas acesas,
uns sugerem, uns recusam,
uns ouvem, uns aconselham.
Se a derrama for lançada,
há levante, com certeza.
Corre-se por essas ruas?
Corta-se alguma cabeça?
Do cimo de alguma escada,
profere-se alguma arenga?
Que bandeira se desdobra?
Com que figura ou legenda?
Coisas da Maçonaria,
do Paganismo ou da Igreja?
A Santíssima Trindade?
Um gênio a quebrar algemas?
Atrás de portas fechadas,
à luz de velas acesas,
entre sigilo e espionagem,
acontece a Inconfidência.
E diz o Vigário ao Poeta:
“Escreva-me aquela letra
do versinho de Vergílio...”
E dá-lhe o papel e a pena.
E diz o Poeta ao Vigário,
com dramática prudência:
“Tenha meus dedos cortados,
antes que tal verso escrevam...”
LIBERDADE, AINDA QUE TARDE,
ouve-se em redor da mesa.
E a bandeira já está viva,
e sobe, na noite imensa.
E os seus tristes inventores
já são réus – pois se atreveram
a falar em Liberdade
(que ninguém sabe o que seja).”

MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. 1ª edição digital. São Paulo:


Global. 2012, Romance XXIV ou Da bandeira da Inconfidência.

Sobre o poema abaixo, analise as afirmações e assinale a alternativa correta:

I - Cecília Meirelles adota estilo considerado próximo do modernismo, não só pelo contexto histórico da autora,
mas pelo estilo livre que combina estilos próximos dos fatos relatados e o estilo medieval do romanceiro,
caracterizado por relatos populares de grandes feitos históricos.

II – Identifica-se, no estilo da poetisa, algum diálogo com o Arcadismo, não só por ser contemporâneo ao
Iluminismo que inspirou a Inconfidência Mineira, mas por ter entre seus temas algum interesse por problemas
sociais e urbanos.

III – Identifica-se, no estilo da poetisa, influência do gênero épico clássico, especialmente voltado ao culto das
mitologias e dos mártires revolucionários, como foi o caso de Tiradentes.

IV- entre as formas poéticas e recursos linguísticos da poetisa, notam-se o uso livre de rimas regulares ou
irregulares e o emprego de figuras de linguagem como a metonímia e a metáfora, tal como em “a bandeira está
viva” e a “como peludas aranhas”.

a) Apenas as afirmações I,II, III estão corretas.

b) Apenas as afirmações I e IV estão corretas.

c) Apenas as afirmações I, II e IV estão corretas.

d) Todas as afirmações estão corretas.


QUESTÃO 10

GRÁFICO 1

GRÁFICO 2

A partir das informações presentes nos gráficos 1 e 2, assinale a alternativa correta:

a) O gráfico 1 não tem qualquer relação com o Gráfico 2, pois a riqueza de 62 pessoas não tem nada a ver
com o valor global de ativos financeiros.
b) Os gráficos têm uma possível relação, pois há uma coincidência entre o decréscimo de riqueza dos 50%
mais pobres no mundo explicável pelo decréscimo de valores de ativos financeiros globais entre 2007
e 2008.
c) Os gráficos têm uma possível correlação geral entre o crescimento da riqueza do 1% mais rico do
mundo e o crescimento de ativos financeiros globais, pois apenas os mais ricos têm capital acumulado
para multiplicar sua riqueza com ativos financeiros, que se valorizam muito além do crescimento geral
da economia representado pelos PIBs dos países.
d) Os gráficos têm uma possível relação na medida em que a curva média do crescimento da riqueza dos
50% mais pobres no mundo acompanha curva média do crescimento do PIB mundial no período
informado.
QUESTÃO 11

A partir dos dados do gráfico, analise as afirmações:


I. O êxodo rural brasileiro, causado pela mecanização crescente do trabalho a partir da década de 1940
acompanha a transferência de porcentagem da mão de obra do setor primário para os outros setores.
II. Proporcionalmente, parcela significativa da mão de obra expulsa dos setores primário e secundário
migrou para o setor de serviços, o que explica a maior fatia do PIB brasileiro ser oriundo desse setor nas décadas
recentes.
III. A industrialização no Brasil foi estimulada na Era Vargas, nos anos JK e no período militar pós-1964, mas
foi fenômeno tardio porque não acompanhou outros países com vocação e dinamismo industrial.
IV. O setor de serviços é o único que não sofre impactos com a mecanização do trabalho e com a revolução
tecnológica informática observada nas décadas mais recentes.

Assinale a alternativa correta:


a) Apenas as afirmações I e IV estão corretas.
b) Todas as afirmações estão corretas.
c) Apenas as afirmações I e III estão corretas
d) Apenas as afirmações I, II, III estão corretas.
QUESTÃO 12

“Sem esforço e sem moral, o ódio aplica facilmente algumas das melhores práticas que conhecemos
em comunicação, comprovando o que estudos sobre o tema mostram há décadas: comunicação eficaz
geralmente ignora a nossa racionalidade. (...)

Jonathan Haidt, autor que investigou como a moral divide a sociedade em ‘The Righteous Mind’, afirma:
‘Qualquer um que valorize a verdade deveria parar de venerar a razão’. De acordo com ele, a moralidade é um
esporte coletivo e nosso cérebro é um processador de narrativas, e não de lógica.

A psicologia comportamental reitera o papel coadjuvante da razão – e o protagonismo da intuição – na


nossa tomada de decisões. De acordo com Daniel Kahneman, nem situações extremas fazem a razão assumir o
volante: ‘Talvez o contrário: problemas sérios envolvem emoções mais intensas e fortes impulsos a agir’.

É um golpe de mestre. Além de intencionalmente tumultuar as nossas emoções, o ódio intensifica à


máxima potência a busca por racionalidade e bom senso em quem quer combatê-lo. E isso, que deveria ser
uma coisa boa em qualquer contexto, é exatamente o que nos impede de enxergar a solução que queremos.

Tudo o que precisamos, no entanto, é de coerência radical: se estamos empenhados em restabelecer


o valor da verdade e da ciência, precisamos abraçar todos os fatos, e não apenas os que nos agradam. (...) Nesse
processo teremos que encarar o fato de que, atualmente, as nossas melhores intenções podem estar nos
sabotando.”
Fonte: TROSTER, André. Sobre ódio e amor: comunicação em tempos de cólera. Jornal Nexo. 2021.
Disponível em https://www.nexojornal.com.br

A partir do trecho acima, assinale a alternativa com afirmações mais corretas e pertinentes ao tema objeto da
análise:

a) A psicologia analítica baseada em Carl G. Jung estimula a análise de sonhos, imaginações e


narrativas, com uso de técnicas ligadas às artes como pinturas, esculturas, desenhos em busca de
caminhos para a compreensão das atitudes do paciente para encarar os fatos com novas
perspectivas esclarecedoras.
b) A psicanálise baseada em Sigmund Freud trabalha as pulsões sexual e a de morte, que são inatas a
todo ser humano, que distingue níveis de consciência para identificar a ocultação das motivações
no agir e faz propostas para o desenvolvimento psíquico a partir das associações do paciente para
identificar razões inconscientes do boicote a desejos e emoções que não se convertem em ações.
c) A psicologia behaviorista comportamental enfoca a ação imediata sobre comportamentos como
ansiedade, raiva e fobias, lançando mão de recursos para dirigir decisões com menor abordagem
cognitivo-racional e maior condicionamento operante, além de supor um apelo a decisões
imediatas baseadas nas emoções, deixando os processos racionais de decisão para um horizonte
possível.
d) A psicologia Gestalt busca uma integração entre pensar, intuição e ação, com mente e corpo
concebidos de modo holístico e maior atenção no presente, sendo a experimentação das coisas e
emoções mais importante do que o entendimento racional de causas e efeitos.
QUESTÃO 13

Assinale a alternativa que nomeia corretamente os biomas continentais brasileiros de 1, 2, 3 e 4,


respectivamente fotografados, conforme as imagens acima:
a) Pantanal, cerrado, mata atlântica, pampa
b) Amazônia, cerrado, mata atlântica, savana.
c) Amazônia, caatinga, cerrado, pampa.
d) Pantanal, caatinga, cerrado, pampa.
QUESTÃO 14

Fonte: Fundação Nacional de Material Escolar. Atlas histórico escolar Manoel Maurício de Albuquerque, Arthur Cézar Ferreira Reis [e]
Carlos Delgado de Carvalho. 7. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro, FENAME, 1977 (adaptado)

As culturas agrícolas de destaque nos ciclos econômicos desde o Brasil colônia até o século XX, identificadas
nas áreas destacadas no mapa acima por aproximação, correspondentes respectivamente aos ciclos 1, 2, 3, 4 e
5 são:

a) Drogas do sertão, algodão, café, petróleo, cana-de-açúcar.


b) Drogas do sertão ou borracha, mineração, café, algodão, cana-de-açúcar.
c) Borracha, mineração, café, pecuária, pau-Brasil.
d) Drogas do sertão ou borracha, mineração, café, pau-Brasil, cana-de-açúcar.
QUESTÃO 15

A partir das informações do mapa acima, analise as afirmações e assinale a alternativa correta:

I. A civilização árabe influenciou a cultura ibérica por aproximados setecentos anos e deixou heranças
na filosofia e nas artes, na língua e na arquitetura dos países que colonizaram as Américas nos
séculos seguintes.
II. Desde a primeira expansão, notam-se efeitos das culturas e religiões de matriz árabe no norte da
África como Marrocos, Argélia, Líbia e Egito, na Europa (Turquia) e no Oriente Médio, como Arábia
Saudita e Iraque, além da Ásia indiana (Índia e Paquistão) que constituem o mundo árabe até os
dias atuais.
III. O Império Persa foi a primeira conquista da expansão árabe e a presença do islamismo influenciou
por séculos os povos que hoje habitam o Irã e o Iraque, criando uma cultura unificada e um só povo.
IV. A partir do período indicado no mapa, a Europa observaria o domínio árabe nos Califados de
Córdoba e Granada coexistindo por muitos séculos com o Sacro Império Romano Germânico e com
o Império Romano do Oriente, os quais perduraram quase mil anos em diferentes séculos.

a) Apenas as proposições I,II, IV estão corretas.


b) Apenas as proposições I, II e III estão corretas.
c) Apenas as proposições I e II estão corretas.
d) Todas as proposições estão corretas.
QUESTÃO 16

Assinale a alternativa correta:


a) O Sistema Aquífero Guarani está entre as maiores reservas de água doce subterrâneas do mundo. Com
aproximadamente de 1,2 milhões de km², cerca de 50% do seu volume se encontra no Brasil.

b) A gestão compartilhada do aquífero leva em conta riscos ambientais, apesar de sua área abranger
regiões menos povoadas e com grande exploração agrícola, atividade de baixo potencial para os
recursos hídricos.

c) Em 2010, os quatro países membros do Mercosul em atividade aprovaram um Acordo sobre o Aquífero
Guarani para promover a conservação e a proteção ambiental e assegurar o uso compartilhado,
racional, sustentável e equitativo dos seus recursos hídricos transfronteiriços.

d) A região abrangida pelo Aquífero Guarani foi declarada região estratégica militar pelo Mercosul, pois a
água doce será uma das principais riquezas em cenários futuros de desertificação, aquecimento global
e escassez de água.
QUESTÃO 17

A alternativa que corretamente descreve o fenômeno das últimas décadas presente no mapa acima é:

a) A competitividade fez empresas transnacionais das nações em desenvolvimento crescerem em


importância nas cadeias produtivas globais porque passaram a concentrar a mão-de-obra da indústria
e dos serviços globalizados.

b) A busca por economia de escala internacional fez as empresas transnacionais dos países desenvolvidos
exportarem seus parques industriais para países com menor proteção ambiental e salários menores,
gradualmente estimulando o pleno emprego nestes países ao custo do aumento de desemprego nos
seus países sede.

c) O mapa mostra que a formação do bloco dos BRICS estimulou a economia de seus membros por meio
de políticas de atração de empresas transnacionais para desenvolvimento tecnológico local e projeção
geopolítica nas respectivas áreas de influência regional dos integrantes desse bloco.

d) O fenômeno da terceirização do trabalho global é considerado, em geral, uma das causas de sucesso
para as grandes corporações transnacionais, ao passo que é associado à precarização do trabalho, ao
aumento da desigualdade social, e às violações de direitos humanos e ambientais.
QUESTÃO 18

BRECHERET, Victor. Monumento às Bandeiras. Parque do Ibirapuera. São Paulo. 1953.

As imagens acima, de Victor Brecheret, retratam os movimentos e as personagens da história do Brasil,


conhecidos como “bandeirantes”. Após a leitura atenta das imagens, a alternativa incorreta:

a) Foram expedições de exploração territorial rumo ao Oeste e à Amazônia, com objetivos variados, entre
os quais se destacam a busca por minérios, a caça ao indígena para escravização e a destruição de
quilombos. Nas imagens acima, é possível identificar o bandeirante como homem branco barbado, o
negro escravizado, o indígena catequizado, o mestiço.

b) Ocorreram predominantemente no século XVII, representam também um movimento de ocupação


portuguesa além da linha de Tordesilhas e uma busca por mão-de-obra local para recompor escassez
de escravos africanos durante a intervenção holandesa a partir de 1625. Suas expedições eram
lideradas a partir de São Paulo por terra e água, sendo alguns bandeirantes famosos Anhanguera,
Fernão Dias, Borba Gato, Raposo Tavares.

c) Os bandeirantes e suas missões foram adotados pelo imaginário paulista de desenvolvimento e


heroísmo no início do século XX, daí sua representação em posição equestre e pioneira nas imagens
acima. Porém têm sido objeto de contestações políticas recentes porque muitas expedições dizimavam
aldeias indígenas, povoados de quilombos e missões religiosas espanholas, sendo alvo de protestos das
comunidades indígenas e negras.

d) Foram expedições paulistas de cunho territorial com objetivos variados, entre os quais se destacam a
busca por minérios, a catequização indígena, o comércio, a caça a quilombos para recompor mão-de-
obra escravizada e a expansão do café, sendo que as imagens acima mostram todas as raças que
povoaram o Brasil em posição de esforço coletivo rumo ao oeste.

QUESTÃO 19

Sobre as revoltas Cabanagem no Pará (1835-1840), Farroupilha no Rio Grande do Sul (1835-1845), Sabinada na
Bahia (1837-1838) e Balaiada no Maranhão (1838-1841), é incorreto afirmar que:

a) A Cabanagem paraense foi o único em que as camadas pobres (indígenas, caboclos e negros) tomaram
o governo da província, pois as outras revoltas eram associadas às elites, a exemplo dos produtores de
charque na Farroupilha, que protestavam contra tarifas imperiais.

b) Em geral, a Farroupilha, a Balaiada e a Sabinada apresentavam ideais iluministas e reações anticoloniais,


pois, entre outras medidas, declararam a República durante o levante, eram liberais ou federalistas e
antecipavam ideias abolicionistas, diferentemente da Cabanagem, cuja revolta ocorreu contra a
violência do Império sem ideais políticos precisos e consistentes.

c) A rebelião do Rio Grande do Sul foi a mais duradoura porque o ideário gaúcho se identificava mais com
a região platina do que com o Império, foi fortemente militarizada, contou com maior adesão das elites
locais e com batalhões de escravos, vaqueiros e lavradores e somou apoio do revolucionário italiano
Giuseppe Garibaldi.

d) A Sabinada, também conhecida como Conjuração Baiana, foi símbolo da rebelião contra a Regência
Portuguesa e a centralização política imposta sem respeito às províncias, denunciou o colonialismo da
corte e criticou a aristocracia agrária herdeira do ciclo escravista-canavieiro, apresentando teses
francamente abolicionistas.
QUESTÃO 20

Trecho I Trecho II

Pouco depois, quando o carpinteiro Vive dentro de mim


tomava as medidas para o ataúde, a lavadeira do Rio Vermelho.
viram pela janela que estava caindo Seu cheiro gostoso
uma chuvinha de minúsculas flores d'água e sabão.
amarelas. Caíram por toda a noite Rodilha de pano.
sobre o povoado, numa tempestade Trouxa de roupa,
silenciosa, e cobriram os tetos e pedra de anil.
taparam as portas, e sufocaram os Sua coroa verde de são-caetano.
animais que dormiam ao relento.
Vive dentro de mim
Tantas flores caíram do céu que as
a mulher cozinheira.
ruas amanheceram atapetadas por
Pimenta e cebola.
uma colcha compacta, e eles tiveram Quitute benfeito.
que abrir caminho com pás e ancinhos Panela de barro.
para que o enterro pudesse passar. Taipa de lenha.
Cozinha antiga
toda pretinha.
Trecho III Bem cacheada de picumã.
Pedra pontuda.
Nosso céu tem mais estrelas, Cumbuco de coco.
Nossas várzeas têm mais flores, Pisando alho-sal.
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores. Trecho IV

Em cismar, sozinho, à noite, Discreta e formosíssima Maria,


Mais prazer encontro eu lá; Enquanto estamos vendo a qualquer hora
Minha terra tem palmeiras, Em tuas faces a rosada Aurora,
Onde canta o Sabiá. Em teus olhos e boca o Sol e o dia,
Enquanto com gentil descortesia
Minha terra tem primores, O ar, que fresco Adônis te namora,
Que tais não encontro eu cá; Te espalha a rica trança voadora
Em cismar — sozinho, à noite — Quando vem passear-te pela fria,
Mais prazer encontro eu lá; Goza, goza da flor da mocidade,
Minha terra tem palmeiras, Que o tempo trata a toda ligeireza,
Onde canta o Sabiá. E imprime em toda a flor sua pisada.
Oh não aguardes, que a madura idade,
Te converta essa flor, essa beleza,
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.

Sobre os trechos I, II, III e IV, cujas fontes foram retiradas para fins pedagógicos, assinale a alternativa
correspondente a cada estilo e autor, respectivamente:
a) Prosa do realismo fantástico de Gabriel García Márquez; poesia moderna de Cora Coralina; prosa
romântica de Antonio Gonçalves Dias; poesia barroca de Gregório de Matos.
b) Poesia do realismo fantástico de Gabriel García Márquez; poesia moderna de Cecília Meireles;
prosa romântica de Antonio Gonçalves Dias; poesia barroca de Antonio Vieira.
c) Poesia do realismo fantástico de Machado de Assis; poesia moderna de Cora Coralina; prosa
romântica de Antonio Gonçalves Dias; poesia barroca de Gregório de Matos.
d) Prosa do realismo de Machado de Assis; poesia moderna de Cora Coralina; prosa romântica de
Antonio Gonçalves Dias; poesia barroca de Gregório de Matos.

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