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DD090– ÉTICA EMPRESARIAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA

ATIVIDADE PRÁTICA
PROGRAMA DE ESTUDOS: MESTRADO EM DIREÇÃO ESTRATÉGICA
Nome completo: Silvia Maria de Souza Silva Medeiros

Data:30/06/2022

Atividades

1
1. Procure o Código de Ética do grau/carreira que você estudou (se ele
não existir como tal, de um grau semelhante). A seguir, comente 3 atualizações e
alterações que você faria, com base em sua experiência atual e julgamento
profissional (250-300 palavras):

Sou graduada em enfermagem, estou concluindo graduação em administração e


seguem as mudanças trazidas pelo novo Código de Ética dos Profissionais da
Enfermagem – Resolução Cofen 564/2017, que entrou em vigor no último dia 5 de abril
de 2021

Diferentemente da última publicação que era segmentada por assuntos, o texto


atual é mais claro, objetivo e organizado em capítulos que abordam os princípios
fundamentais, direitos, deveres, proibições, infrações, penalidades e suas aplicações.

Tiveram outras normativas que foram consideradas durante a elaboração do novo


código, como a lei Maria da Penha que cria mecanismos para coibir a violência doméstica
e familiar contra a mulher, o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Estatuto do Idoso e
a Lei nº. 10.216/ 2001 que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras
de transtornos mentais.

Novas abordagens – No capítulo que trata dos direitos, a garantia de exercer


atividades em locais de trabalho livre de riscos e danos e violências física e psicológica à
saúde do trabalhador foi incluída, bem como o apoio à participação dos trabalhadores em
movimentos de defesa da dignidade profissional, do exercício da cidadania e das
reivindicações por melhores condições de assistência, trabalho e remuneração
(observados os parâmetros e limites da legislação vigente).

As categorias de enfermagem foram contempladas também com o direito de fazer


propagandas sobre os serviços prestados, desde que detenham habilidades e
competências técnico-científicas e legais. Além disso, conceder entrevistas, ministrar
cursos, palestras, conferências, sobre assuntos de sua competência e/ou divulgar
eventos com finalidade educativa e de interesse social através dos veículos de
comunicação, mídias sociais e meios eletrônicos, são atualmente atividades permitidas
aos trabalhadores.

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Para aqueles profissionais que não querem ser filmados, fotografados e expostos
em mídias sociais durante o desempenho de suas atividades profissionais, o novo código
assegura o direito a recusa.

Deveres –O capítulo II que trata das obrigações, chamando atenção para as


prescrições (enfermagem ou médica) que não podem ser cumpridas à distância e devem
ser recusadas se o documento não contiver assinatura e número de registro profissional
do prescritor, havendo exceção em situações de urgência e emergência conforme
legislação vigente. Se a prescrição contiver erros ou estiver ilegível, o profissional deve
se recusar a cumprir a orientação e esclarecer os motivos com o prescritor ou outro
profissional, registrando-se sempre a situação e demais informações inerentes e
indispensáveis ao processo de cuidar, de forma clara, objetiva, cronológica, legível,
completa e sem rasuras no prontuário.

O respeito à diversidade de gênero também é uma temática abrangida pelo


código. O artigo 35 permite que o profissional tenha o registro do Coren com o nome
completo e/ou nome social.

Situações de sigilo profissional foram detalhadas na normativa, sendo importante


destacar que os trabalhadores não revelem casos que tenham conhecimento em razão
da atividade exercida, mesmo que a situação já tenha sido divulgada ao público através
dos meios de comunicação ou em caso de falecimento da pessoa envolvida. Há
exceções previstas na legislação, como por motivo de ordem judicial e consentimento da
pessoa envolvida.

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A obrigação de orientar à pessoa e família sobre preparo, benefícios, riscos e
consequências decorrentes de exames e de outros procedimentos, respeitando o direito
de recusa da pessoa ou de seu representante legal também é uma novidade adicionada
à normativa.

Proibições – Além da proibição de delegar atividades privativas de enfermeiro


para outros profissionais, o novo código não permite que trabalhadores das categorias de
enfermagem deleguem atribuições para acompanhantes ou responsáveis pelo paciente,
exceto em casos de atenção domiciliar para o autocuidado apoiado.

A nova norma traz um código claro e objetivo, com uma mudança


organizacional textual de seus capítulos, mais a essência continua a mesma.

A organização do código tornou-se mais fácil, pois o diferencial é saber diferenciar


o que são direitos, deveres e proibições independente de qual for o assunto, já que o
código anterior os capítulos eram divididos por assunto, dos quais eram das relações
profissionais, relações com a pessoa, família e coletividade, relações com os
trabalhadores de enfermagem, saúde e outros direitos, relações com as organizações da
categoria, relações com as organizações empregadoras, sigilo profissional, ensino,
pesquisa e da produção técnico-científica e publicidade.
Agora o COFEN elaborou de forma mais objetiva com apenas 5 capítulos,
direitos, deveres, proibições, infrações e penalidades, muito mais fácil para estudar
 Dever
Art. 46 Recusar-se a executar prescrição de Enfermagem e Médica na qual não
constem assinatura e número de registro do profissional prescrito, exceto em situação de
urgência e emergência.
(No código antigo era um direito)
É vedado ao profissional de Enfermagem o cumprimento de prescrição à
distância, exceto em casos de urgência e emergência e regulação, conforme Resolução
vigente.
Novos deveres
Art. 27 Incentivar e apoiar a participação dos profissionais de Enfermagem no
desempenho de atividades em organizações da categoria.
Art. 40 Orientar à pessoa e família sobre preparo, benefícios, riscos e
consequências decorrentes de exames e de outros procedimentos, respeitando o direito
de recusa da pessoa ou de seu representante legal.
Art. 42 Respeitar o direito do exercício da autonomia da pessoa ou de seu
representante legal na tomada de decisão, livre e esclarecida, sobre sua saúde,

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segurança, tratamento, conforto, bem-estar, realizando ações necessárias, de acordo
com os princípios éticos e legais.
Parágrafo único. Respeitar as diretivas antecipadas da pessoa no que concerne
às decisões sobre cuidados e tratamentos que deseja ou não receber quando estiver
incapacitado de expressar, livre e autonomamente, suas vontades
Art. 48 Prestar assistência de Enfermagem promovendo a qualidade de vida à
pessoa e família no processo do nascer, viver, morrer e luto.
Art. 50 Assegurar a prática profissional mediante consentimento prévio do
paciente, representante ou responsável legal, ou decisão judicial.
Parágrafo único. Ficam resguardados os casos em que não haja capacidade de decisão
por parte da pessoa, ou na ausência do representante ou responsável legal.
 Novas proibições
Art. 83 Praticar, individual ou coletivamente, quando no exercício profissional,
assédio moral, sexual ou de qualquer natureza, contra pessoa, família, coletividade ou
qualquer membro da equipe de saúde, seja por meio de atos ou expressões que tenham
por consequência atingir a dignidade ou criar condições humilhantes e constrangedoras.
Art. 91 Delegar atividades privativas do(a) Enfermeiro(a) a outro membro da
equipe de Enfermagem, exceto nos casos de emergência.
Parágrafo único. Fica proibido delegar atividades privativas a outros membros da
equipe de saúde.
Art. 92 Delegar atribuições dos (as) profissionais de enfermagem, previstas na
legislação, para acompanhantes e/ou responsáveis pelo paciente.
Parágrafo único. O dispositivo no caput não se aplica nos casos da atenção
domiciliar para o autocuidado apoiado.
 Novas infrações
Art. 111 As infrações serão consideradas leves, moderadas, graves ou
gravíssimas, segundo a natureza do ato e a circunstância de cada caso.
Neste novo código, foi incluída a infração moderada são consideradas as
que provoquem debilidade temporária de membro, sentido ou função na pessoa ou
ainda as que causem danos mentais, morais, patrimoniais ou financeiros.
As penalidades a ser imposta a suspensão consistem na proibição do exercício
profissional da Enfermagem por um período de até 90 (noventa) dias.
No anterior era não superior a 29 dias.

A cassação consiste na perda do direito ao exercício da Enfermagem por um


período de até 30 anos e será divulgada nas publicações do Sistema Cofen/Conselhos
Regionais de Enfermagem e em jornais de grande circulação.

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Artigos extintos (RESOLUÇÃO COFEN 311/2007)
Art. 46 – Requerer em tempo hábil, informações acerca de normas e
convocações.
Art. 62 – Receber salários ou honorários compatíveis com o nível de formação, a
jornada de trabalho, a complexidade das ações e a responsabilidade pelo exercício
profissional.
Art. 63 – Desenvolver suas atividades profissionais em condições de trabalho que
promovam a própria segurança e a da pessoa, família e coletividade sob seus cuidados,
e dispor de material e equipamentos de proteção individual e coletiva, segundo as
normas vigentes.
Art. 64 – Recusar-se a desenvolver atividades profissionais na falta de material ou
equipamentos de proteção individual e coletiva definidos na legislação específica.

Segue atualização do novo código de ética: http://ba.corens.portalcofen.gov.br/wp-


content/uploads/2018/04/CODIGO_ETICA_COREN_WEB-1.pdf

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2. A vacinação obrigatória contra o Sars-Cov-2 nas empresas é uma
ação lógica e correta de saúde pública, pois a liberdade individual termina onde
começa o bem comum. Argumente se você é a favor ou contra esta sentença de um
ponto de vista ético. (entre 250 e 300 palavras):

As vacinas são uma das mais efetivas ferramentas para proteção das pessoas
contra a covid-19. Consequentemente, com a vacinação contra a covid-19 em
andamento ou em fase de planejamento em muitos países, alguns podem estar
levando em consideração a possibilidade de tornar a vacinação contra a covid-19
obrigatória a fim de aumentar as taxas de vacinação e atingir as metas de saúde
pública e, em caso afirmativo, em quais condições, para quem e em quais contextos.
Não é incomum que os governos e as instituições determinem certas ações ou tipos
de comportamento para proteger o bem-estar de indivíduos ou comunidades.

Segundo Buss(2020), essas normas podem ser eticamente justificadas, pois


podem ser cruciais para proteger a saúde e o bem-estar do público. No entanto, como
as normas que determinam uma ação ou comportamento interferem na liberdade e na
autonomia individuais, elas devem buscar um equilíbrio entre o bem-estar da
comunidade e as liberdades individuais .

Embora a interferência na liberdade individual por si só não torne uma


intervenção normativa injustificada, essas normas levantam uma série de
considerações e preocupações éticas e devem ser justificadas pelo avanço de outro
objetivo social valioso, como a proteção da saúde pública.

As formas contemporâneas de “vacinação obrigatória” exigem a vacinação por


meio de ameaça direta ou indireta de imposição de restrições em caso de não
conformidade . Geralmente, as normas de vacinação obrigatória permitem um número
limitado de exceções reconhecidas por autoridades legítimas (por exemplo,
contraindicações médicas.

Apesar do nome, a “vacinação obrigatória” não é verdadeiramente obrigatória,


ou seja, não são utilizadas força ou ameaça de sanção criminal em casos de não
conformidade. Trata-se, portanto, do tipo de vacinação obrigatória descrita no início
deste parágrafo a que nos referimos neste documento.

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Ainda assim, as normas de “vacinação obrigatória” limitam a escolha individual
de maneiras não triviais, tornando a vacinação uma condição para que a pessoa
possa, por exemplo, frequentar a escola ou trabalhar em áreas ou locais específicos,
como no caso do atendimento de saúde.

Tais normas não são incomuns , embora deva ser destacado que a
Organização Mundial da Saúde (OMS) atualmente não apoia a determinação de
exigências de vacinação contra a covid-19, tendo argumentado que é melhor
trabalhar com campanhas de informação e com a disponibilização de acesso às
vacinas

Além disso, a OMS emitiu recentemente uma declaração de posição de que as


autoridades nacionais e os operadores de transportes não devem exigir a vacinação
contra a covid-19 como condição para viagens internacionais.

As leis e as justificativas legais para a vacinação obrigatória variam conforme


a jurisdição. A obrigação legal de ser vacinado é distinta de uma obrigação ética, na
medida em que esta última não é imposta por ameaças de restrições em caso de não
conformidade.

As seguintes considerações e advertências devem ser explicitamente


avaliadas e discutidas por meio de uma análise ética pelos governos e/ou
formuladores de normas institucionais que possam estar cogitando a obrigatoriedade
da vacinação contra a covid-19.

Para Alcazar(2020),com relação à necessidade e proporcionalidade, a


vacinação obrigatória somente deve ser cogitada se for necessária e proporcional ao
cumprimento de uma meta importante de saúde pública (incluindo metas
socioeconômicas) que tenha sido identificada por uma autoridade de saúde pública
legítima. Se esse objetivo de saúde pública (por exemplo, imunidade de rebanho,
proteção dos mais vulneráveis, proteção da capacidade do sistema de atendimento
agudo de saúde) puder ser alcançado com intervenções e normas menos coercivas
ou intrusivas (por exemplo, educação pública), não seria eticamente justificada a
exigência, tendo em vista que o cumprimento de objetivos de saúde pública com
menos restrições de liberdade e de autonomia individual produziria uma relação risco-
benefício mais favorável.

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Como as exigências representam uma opção normativa que interfere na
liberdade e na autonomia individual, elas somente devem ser cogitadas se
aumentarem significativamente a prevenção dos riscos de morbidade e mortalidade
e/ou promoverem benefícios significativos e inequívocos para a saúde pública. Se
não puderem ser alcançados objetivos importantes de saúde pública sem que haja
uma exigência — por exemplo, se houver uma porção substancial de indivíduos que
pode, mas não deseja ser vacinada, e isso possa resultar em riscos significativos —
essas preocupações devem ser abordadas, de forma proativa, se possível. Se a
abordagem dessas preocupações for inefetiva e elas continuarem sendo uma barreira
para o cumprimento dos objetivos de saúde pública e/ou se as baixas taxas de
vacinação na ausência de uma exigência colocar outras pessoas em risco
significativo de danos graves, a exigência pode ser considerada “necessária” para o
cumprimento dos objetivos de saúde pública.

Nesse caso, aqueles que propõem a exigência devem comunicar as razões da


exigência às comunidades afetadas por meio de canais efetivos e descobrir maneiras
de implementar a exigência de forma a acomodar as preocupações razoáveis das
comunidades. As liberdades individuais não devem ser restringidas por mais tempo
do que o necessário.

Os formuladores de normas devem, portanto, reavaliar frequentemente a


exigência para garantir que ela continue sendo necessária e proporcional para o
cumprimento das metas de saúde pública. Além disso, a necessidade da exigência
para cumprimento das metas de saúde pública deve ser avaliada no contexto da
possibilidade de que talvez seja necessário repetir diversas vezes a vacinação,
conforme o vírus evolui, pois isso pode questionar a possibilidade de que a exigência
cumpra de forma realista os objetivos de saúde pública pretendidos.

Evidência suficiente de segurança da vacina devem estar disponíveis dados


que demonstrem que a vacina prescrita foi considerada segura nas populações para
as quais a vacina deve se tornar obrigatória. Quando não houver dados de segurança
ou quando estes sugerirem que os riscos associados à vacinação superam os riscos
de danos sem a vacina, a exigência não seria eticamente justificada, particularmente,
sem que fossem permitidas exceções razoáveis (por exemplo, contraindicações
médicas).

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Os formuladores de normas devem ponderar especificamente se as vacinas
autorizadas para uso emergencial ou condicional atendem a um limiar de evidências
de segurança suficiente para que seja imposta uma exigência. Na ausência de
evidências suficientes de segurança, não haveria garantia de que a vacinação
obrigatória alcançaria o objetivo de proteção da saúde pública. Além disso, a
exposição coerciva das populações a um produto potencialmente prejudicial violaria a
obrigação ética de proteger o público de danos desnecessários quando o dano que o
produto pode causar supera o grau de dano que pode existir sem o produto.

Mesmo quando a vacina é considerada suficientemente segura, a vacinação


obrigatória deve ser implementada com esquemas de reparação sem culpa para
tratamento de qualquer dano relacionado à vacina que possa ocorrer. Isso é
importante, pois seria injusto exigir que as pessoas que sofreram danos relacionados
à vacina busquem reparação legal para danos resultantes de uma intervenção
obrigatória .

Essa reparação dependeria dos sistemas de saúde dos países, incluindo a


extensão da cobertura universal de saúde e como eles lidam com Covid-19 e
vacinação obrigatória: considerações éticas e advertências os danos das vacinas que
não estão totalmente licenciadas (por exemplo, vacinas autorizadas para emergência
ou uso condicional).

Evidência suficiente da eficácia e da efetividade da vacina Devem estar


disponíveis dados sobre a eficácia e a efetividade para mostrar que a vacina é eficaz
na população para a qual a vacinação deve ser obrigatória, e que a vacina é um meio
efetivo de se atingir uma meta importante de saúde pública.

Os formuladores de normas devem ponderar cuidadosamente se as vacinas


autorizadas para uso emergencial ou condicional atendem a limiares suficientes de
evidência de eficácia e efetividade para que seja imposta uma exigência

Abastecimento suficiente para que uma exigência seja levada em


consideração, o fornecimento da vacina autorizada deve ser suficiente e confiável,
com acesso razoável e gratuito para aqueles para os quais ela deve ser obrigatória
(ou seja, deve haver poucas barreiras que dificultem seu acesso para as populações
afetadas pela exigência).

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A ausência de um suprimento suficiente e de um acesso razoável e gratuito
não apenas tornaria a exigência inefetiva para implementação da vacina, mas criaria
uma demanda indevidamente onerosa e injusta para aqueles que são obrigados a ser
vacinados, mas não têm acesso à vacina. Essa exigência ameaçaria exacerbar a
desigualdade social no acesso aos cuidados de saúde.

Levando em consideração a confiança pública, os formuladores de normas


têm o dever de ponderar cuidadosamente o efeito que a vacinação obrigatória pode
ter na confiança pública, particularmente na confiança que a população tem na
comunidade científica e na vacinação em geral .

Se essa norma ameaça minar a confiança pública, ela pode afetar tanto a
implementação da vacina quanto a adesão a outras importantes medidas de saúde
pública, podendo ter um efeito duradouro . Em especial, o poder coercitivo que os
governos ou as instituições exibem em um programa que mina a voluntariedade pode
ter consequências negativas não intencionais para populações vulneráveis ou
marginalizadas.

Portanto, deve ser dada alta prioridade às ameaças à confiança pública e à


segurança entre as populações minoritárias que tenham sido historicamente
desfavorecidas, garantindo que as considerações culturais sejam levadas em
consideração.

Para Buss(2020),a hesitação vacinal pode ser mais forte nessas populações,
podendo não se restringir a preocupações de segurança e eficácia, já que a
desconfiança nas autoridades pode estar enraizada num histórico de normas e
práticas médicas e de saúde pública antiéticas, bem como de inequidade estrutural .

Essas populações podem considerar a vacinação obrigatória como outra


forma de inequidade ou opressão, dificultando o acesso a empregos e serviços
essenciais . A extensão em que as normas de vacinação obrigatória acomodam as
objeções de consciência também pode afetar a confiança pública .

Deve, no entanto, haver limites científicos e prudenciais estritos para os


pedidos de acomodação ou de “objeção de consciência”, especialmente quando essa
acomodação venha a ser usada por indivíduos para “pegar carona” no bem de saúde
pública da imunidade de rebanho ou venha a ameaçar a saúde pública e o direito das
outras pessoas de não serem infectadas com uma doença infecciosa virulenta.

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Considerando os processos éticos de tomada de decisão, a transparência e a
tomada de decisão gradual pelas autoridades legítimas de saúde pública devem ser
elementos fundamentais da análise ética e da tomada de decisão sobre a vacinação
obrigatória. Devem ser feitos esforços razoáveis para envolver as partes afetadas e
as partes interessadas relevantes, especialmente os vulneráveis Covid-19 e
vacinação obrigatória: considerações éticas e advertências ou marginalizados, de
modo a conhecer e compreender seus pontos de vista.

Devem ser tomadas medidas de boa-fé para respeitar as obrigações dos


direitos humanos de não discriminar nem prejudicar desproporcionalmente as
populações vulneráveis. As autoridades legítimas de saúde pública que estiverem
cogitando a adoção de normas de vacinação obrigatória devem usar procedimentos
transparentes e deliberativos para ponderar as questões éticas delineadas neste
documento em uma análise ética explícita, incluindo o limiar de evidência necessária
da segurança e da eficácia da vacina para justificar a imposição de uma exigência.

Como em outros contextos, devem existir mecanismos para monitorar


constantemente as evidências e reavaliar periodicamente essas decisões. Vacinação
obrigatória contra a covid-19 em contexto As vacinas contra a covid-19 autorizadas
têm se mostrado seguras e eficazes na prevenção de doença grave e morte, e está
claro que o fornecimento das vacinas continuará a aumentar globalmente, embora de
forma desigual.

Dito isso, a natureza da pandemia da covid-19 e as evidências sobre a


segurança, eficácia e efetividade das vacinas continuam a evoluir (incluindo no que
diz respeito a variantes preocupantes). Consequentemente, as seis considerações
identificadas acima são descritas de forma geral, de modo que possam ser aplicadas
em qualquer momento e em qualquer contexto. Para fins ilustrativos, voltamos agora
nossa atenção para a aplicação dessas considerações éticas em três contextos nos
quais a vacinação obrigatória é comumente discutida: para o público em geral, nas
escolas e para os profissionais de saúde. O público em geral As exigências de
vacinação para a população adulta em geral são raras .

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Na ausência de um suprimento de vacina suficiente e confiável que permitiria
que todos os membros elegíveis do público em geral fossem vacinados, uma
exigência para o público em geral deixaria de abordar a consideração ética , referente
a um suprimento suficiente. Mesmo se houver um suprimento de vacina suficiente e
confiável, os formuladores de normas devem ponderar se a vacinação obrigatória da
população em geral é necessária e proporcional para atingir os objetivos de saúde
pública pretendidos.

Podem ser necessárias mais evidências sobre a implementação da vacina


para determinar se uma exigência é necessária, o que dependerá dos contextos
locais e das metas do sistema de saúde (por exemplo, obtenção da imunidade de
rebanho, proteção dos mais vulneráveis). Da mesma forma, saber até que ponto uma
exigência para o público em geral é proporcional depende, em certa medida, do
contexto local, dada a variação na epidemiologia da covid-19 em diferentes
jurisdições. Mesmo se houver uma oferta suficiente e a exigência de vacinação do
público em geral for considerada necessária e proporcional, os formuladores de
normas ainda devem ponderar se a exigência para o público em geral ameaçaria a
confiança pública ou agravaria a desigualdade para os mais vulneráveis ou
marginalizados

Nas escolas Dada a falta de dados sobre a segurança e a eficácia das vacinas
contra a covid-19 para crianças ,as vacinas contra a covid-19 ainda não foram
autorizadas para essa população. Consequentemente, a vacinação não está
atualmente justificada eticamente como condição para frequentar a escola. Uma vez
que tais dados estejam disponíveis e mostrem segurança e eficácia favoráveis nessa
população, os formuladores de normas terão que ponderar se a vacinação obrigatória
como condição para frequentar a escola é necessária e proporcional para o
cumprimento dos objetivos de saúde pública e se isso poderia minar a confiança
pública

Em algumas jurisdições, a vacinação contra os vírus que causam uma série de


doenças (por exemplo, poliomielite, sarampo, caxumba, rubéola) é condição para
frequentar a escola ou receber direitos patrocinados pelo estado ; no entanto, as
exigências para vacinas pediátricas de rotina são distintas das vacinas autorizadas
para uso de emergência em muitos aspectos, incluindo a evidência relativamente
limitada e em evolução das vacinas contra a covid-19, além da incerteza quanto à
imunidade de rebanho e às novas variantes do SARS-CoV-2 no contexto da covid-19.

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Para Alcazar(2020), a Covid-19 e vacinação obrigatória: considerações éticas
e advertências Profissionais de saúde A vacinação obrigatória é talvez mais
frequentemente discutida no contexto do atendimento de saúde e assistência social,
particularmente nos lugares onde os profissionais de saúde têm contato direto com
populações com alto risco de infecção por SARS-CoV-2 ou doença grave ou morte
resultante da covid-19 (por exemplo, ambientes congregados em que são prestados
cuidados a idosos), devido aos ambientes específicos em que trabalham os
profissionais de saúde e à sua obrigação ética de não prejudicar seus pacientes.

Além disso, a vacinação obrigatória contra a covid-19 pode parecer


particularmente plausível para profissionais de saúde, visto que a vacinação dessa
população pode ser vista como necessária para proteger a capacidade do sistema de
saúde e porque os profissionais de saúde são comumente identificados como grupo
prioritário para vacinação, ou seja, é mais provável que haja oferta suficiente para
atender às necessidades dessa população .

Talvez dependa de o contexto local saber se a exigência de vacinação para


profissionais de saúde é necessária e proporcional e não prejudica a confiança e isso
deve ser investigado empiricamente antes de uma exigência ser cogitada para essa
população. Não é incomum haver formas de vacinação obrigatória nos
estabelecimentos de saúde , incluindo a exigência de que os profissionais de saúde
não vacinados permaneçam em casa durante surtos, a exigência de vacinação como
condição de emprego, a exigência de que os profissionais de saúde não vacinados
sejam transferidos para locais onde o risco seja menor e as assim chamadas normas
de “vacina ou máscara”.

Dadas as taxas atuais (e preocupações) de “esgotamento” dos profissionais


de saúde como resultado da pandemia e as possíveis consequências de uma força
de trabalho de saúde com recursos inadequados , as normas de vacinação
obrigatória que exigem que os profissionais de saúde não vacinados fiquem em casa
ou a exigência de vacinação como condição de emprego ou de privilégios
hospitalares podem ter significativas consequências negativas para os sistemas de
saúde que já estiverem sobrecarregados.

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As normas que exigem que profissionais de saúde não vacinados sejam
transferidos para locais onde o risco seja menor podem ter consequências
semelhantes, pois podem remover profissionais de saúde essenciais de locais que
precisam urgentemente de recursos humanos de saúde, tais como locais de
convivência onde são prestados cuidados a idosos. Além disso, pode ser difícil
distinguir ambientes de alto e baixo risco nos lugares onde há transmissão
generalizada de SARS-CoV-2 na comunidade.

Por fim, algumas instituições de saúde podem se perguntar se as normas de


vacina ou máscara — as quais não foram propostas para a covid-19, mas às vezes
são usadas como um tipo de exigência vacinal para a gripe sazonal — (19, 20)
deveriam ser usadas da mesma forma para impor a vacinação contra a covid-19 aos
profissionais de saúde. Como o uso de máscaras provavelmente será obrigatório nos
locais de atendimento de saúde em um futuro previsível, o incentivo para que os
profissionais de saúde sejam vacinados de acordo com as normas de vacina ou
máscara — ou seja, o fato de que eles não precisarão usar máscara em todos os
locais de atendimento ao paciente enquanto o vírus estiver circulando, caso tenham
sido vacinados — simplesmente não terá a mesma força.

As normas de vacina ou máscara manteriam essa força se a vacinação contra


a covid-19 implicasse no fato de que os profissionais de saúde vacinados poderiam
evitar o uso de máscaras, mas isso não é cientificamente ou eticamente justificado,
dada a importância do equipamento de proteção individual para prevenção e controle
de infecção institucional , particularmente nos locais onde houver incerteza em
relação à capacidade de uma vacina proporcionar imunidade esterilizante.

Nesse caso, as normas de vacinação ou de uso de máscaras correm o risco


de enfatizar exageradamente o efeito protetor das máscaras. Como nenhuma vacina
é 100% efetiva, devem ser tomadas as precauções padrão de prevenção e controle
de infecção, que incluem o uso de máscaras, mas também uma série de outras
precauções padrão, para minimizar o risco. Conclusões As vacinas são um método
efetivo para proteção das pessoas contra a covid-19.

Os governos e/ou formuladores de normas institucionais devem usar


argumentos para encorajar a vacinação voluntária contra a covid-19 antes de cogitar
a vacinação obrigatória. Devem ser feitos esforços para demonstrar o benefício e a
segurança das vacinas para que haja a maior aceitação possível da vacinação.

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Somente devem ser cogitadas medidas Covid-19 e vacinação obrigatória:
considerações éticas e advertências regulatórias mais rígidas se esses meios não
forem bem-sucedidos.

Uma série de considerações éticas e advertências devem ser explicitamente


discutidas e abordadas por meio de análise ética ao ser levado em consideração se a
vacinação obrigatória contra a covid-19 é uma opção normativa eticamente
justificável.

Semelhante a outras normas de saúde pública, as decisões sobre a


vacinação obrigatória devem ser apoiadas pelas melhores evidências disponíveis, e
devem ser tomadas por autoridades de saúde pública legítimas de uma maneira que
seja transparente, justa, não discriminatória e que envolva a contribuição das partes
afetadas

3. Qual foi o aprendizado mais importante que você obteve com o curso e como
ele contribui para sua prática profissional? Elabore um mapa mental, mapa
conceitual, esquema ou diagrama sobre ele.

A ética e a responsabilidade social nas organizações constituem uma temática


que vem sendo muito discutida nos dias atuais, apesar de haver ainda muitos
questionamentos sobre se é possível ou não manter um comportamento ético, num
mercado cada vez mais competitivo, tendo em vista que os concorrentes podem não agir
eticamente.

Para Rezende(2017),a responsabilidade social e a ética estão intrinsecamente


ligadas: a ética é a base da responsabilidade social e se expressa por meio dos
princípios e valores adotados pela organização na condução dos seus negócios.
A responsabilidade social é o comportamento que as empresas têm perante a sociedade,
a postura que adotam ao lidar com as questões e demandas do cotidiano, obedecendo a
critérios e pressupostos éticos.

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A ética empresarial que pode ser entendida como um valor da organização que
assegura sua sobrevivência, sua reputação e, consequentemente, seus bons resultados,
e a ética social que se pratica internamente, recrutando e formando profissionais e
executivos que compartilham desta filosofia, privilegiando a diversidade e o pluralismo,
relacionando-se de maneira democrática com os diversos públicos, adotando o consumo
responsável, respeitando as diferenças, cultivando a liberdade de expressão e a lisura
nas relações comerciais. Por outro lado, a responsabilidade social aparece para obrigar
mais ética e clareza na gestão das organizações.

A conduta ética nas organizações também é definida na transparência das


empresas, nas relações com seus públicos e na preocupação que possuem com o
impacto das suas atividades na sociedade. Essa relação de confiança contribui para o
sucesso das empresas, sucesso que se reverte de forma financeira, graças à imagem
que se tem das empresas e está relacionada à responsabilidade social.

A relação de confiança entre empresas e públicos deve estar alicerçada em bases


sólidas. Observamos que a ética não pode ser um artifício mercadológico, tem que estar
na essência das empresas. A ética contempla a responsabilidade social; por isso, é
essencial para as organizações refletirem sobre como as suas ações podem influenciar
positiva ou negativamente a sociedade e o meio ambiente, até porque os consumidores
hoje buscam comprar de empresas que estejam engajadas em causa sociais.

A ética surge quando o homem começa a viver em sociedade. Assim, é essencial


na reflexão ética, que as empresas pensem em como as suas ações podem contribuir
para o bem-estar da sociedade.

Segundo Matos(2007), o código e a ética devem ser incorporados naturalmente


ao modus operandi das organizações. Porém alguns aspectos têm de ser levados em
consideração, um deles é a constatação de que as empresas precisam ter lucro para
sobreviver no mercado e o outro é a conciliação de interesses entre a “gana” de ter lucro
e os desejos e as necessidades da sociedade. A forma como obtêm o lucro e a busca
pelo equilíbrio entre os dois pontos de interesse (sociedade e empresas) caracteriza a
conduta e a ética das organizações com seus públicos.

A Ética e a Responsabilidade Social, são temas que jamais poderão deixar de


existir no currículo escolar; pela sua importância na sociedade, na vida do indivíduo.
Por isso, a necessidade do tema está sempre em evidência.

17
Uma doutrina filosófica, a Ética, tem por objeto a moral no tempo e no espaço,
sendo o estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana. Percursor e
pensador foi John Locke que correlacionou preceitos, padrões e trabalho.

Portanto, é cristalino apontar que a Ética e Responsabilidade Social dispõe de


conceitos específicos, abordando aspectos no que concerne os indivíduos, como
também igualmente as empresas. Logo, a ética é o estudo que se refere ao
comportamento humano e às questões éticas, pode-se afirmar que elas devem
estabelecer os rumos norteadores do comportamento moral a partir da educação para
uma conduta justa e racional. já a moralidade condecora-se de acordo com as regras
morais do grupo social em que se vive.

Marques(2007),reitera que é a atividade material do ser humano conduz na


história- práxis sociais- ensejando transformações que superam os ajustes sociais, ou
seja, verdadeiras rupturas com as práticas repetitivas que expropriam as riquezas
materiais e imateriais do ser humano.

Isto posto, para se chegar a uma experiência da práxis social será necessário
superar o idealismo-presunção- e a espontaneidade ingênua dos indivíduos e grupos, o
que permitirá a avaliação permanente das ações de RSE (responsabilidade social e
ambiental), verificando, assim, se tais ações sinalizam criativamente para um novo
mundo possível: um mundo justo, onde caibam todas as pessoas.

Sabemos o quão é importante e necessária à responsabilidade social em uma


empresa, o que envolve preocupações com todo o público, com os quais essa empresa
se relaciona. Os investimentos nessa área visam obter uma imagem que seja, no
mínimo, simpática ao público. A potência das empresas está ligada à sua
responsabilidade social, o exercício da cidadania traduz bem essa questão, assim como
a postura clara e transparente na prestação de contas, no relacionamento da "saúde"
financeira e responsabilidade com os funcionários. Essas ações tornam a empresa
competitiva e atraente perante a sociedade.

Segundo Lima(2010), esses mecanismos de valorização (apontados supra)


existentes, reconhecem instituições que praticam os princípios da ética e da moral.
Podemos mencionar como exemplo claro, o ISO (International Organization for

18
Standardization-Organização Internacional de Normalização-), principal atividade é
elaborar padrões para especificações e métodos de trabalho em várias áreas de
conhecimento.

Segundo Ribeiro(2011), vale destacar, ainda, que a NBR 16000 (é uma norma
de responsabilidade social criada em 2004 pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas -ABNT-), tem como conceitos em suas atividades: Proporcionar a redução da
crescente variedade de produto sem procedimentos, desse modo, proporciona meios
reais mais eficientes na troca de informação entre fabricante e o cliente, melhorando a
confiabilidade das relações e dos serviços; assim, afastando a existência de
regulamentos conflitantes sobre produtos e serviços em diferentes países, facilitando o
intercâmbio comercial e também provendo à sociedade meios eficazes para aferir a
qualidade dos produtos e protegendo a vida humana e sua saúde.

Já a SA 8000 (norma internacional de avaliação da responsabilidade social para


empresas fornecedoras e vendedoras, baseada em convenções da Organização
Internacional do Trabalho (OIT) e em outras convenções das Nações Unidas -ONU-) foi
elaborada com requisitos baseados nas diretrizes internacionais de Direitos Humanos
da ONU e atualmente é adotada mundialmente por organizações que desejam ser
reconhecidas pela manutenção de condições dignas de trabalho e respeito aos direitos
fundamentais do trabalho.

A OHSAS (Occupational Health and Safety Assessment Series- Série de


Avaliação de Segurança e Saúde Ocupacional-) trata especificamente da qualidade da
saúde e da segurança no trabalho

Nesta direção é importante ressaltar que as grandes transformações sociais


foram realizadas por grupos comprometidos com os valores éticos e motivados pela
utopia de justiça social, que superaram as práticas repetitivas na direção de uma práxis
social libertadora, transformadora e reflexiva. Estes grupos de indivíduos socialmente
responsáveis e criativos fizeram e continuam fazendo toda a diferença em nosso
mundo.

Para Tonin(2006), é possível observar é que a sociedade foi se estruturando


para garantir segurança, dignidade e qualidade de vida nos ambientes empresariais e

19
com isso foram criados, como já demonstrados acima, padrões (ISO) normas (NBR
Normas Brasileiras) recomendações (SA Responsabilidade Social) indicadores (OSHAS
indicadores para a avaliação da higiene e segurança no trabalho). Todos os
instrumentos de fundamental importância para os trabalhadores e para a saúde das
entidades.

Com relação às questões éticas, pode-se afirmar que elas devem estabelecer os
rumos norteadores do comportamento moral a partir da educação para uma conduta
racional.

Vê-se que as empresas e suas relações são mecanismos importantíssimos para


a sociedade, claramente a ética e a moral devem, de forma conjunta, estabelecer
parâmetros nessas entidades. Uma das primeiras preocupações éticas no quesito
empresarial, formou-se através de debates. Por meio disso, havia a ideia de elevar o
operário à condição de participante da administração das entidades.

Primeiramente a ética não deve ser entendida como um conjunto de regras e


normas pré-estabelecidas em uma sociedade, mas, sim, como toda busca humana para
tornar o espaço e a convivência humana possível, ou seja, um mundo como lugar para
todas as pessoas, indistintamente. Neste sentido, a ética busca realizar plenamente a
convivência entre os seres humanos.

Contudo, as empresas são dirigidas por pessoas que, por sua vez, possuem
determinados valores éticos e humanos, portanto, são as pessoas dirigentes das
organizações, que possuem valores. Assim, nos deparamos com as contradições
inerentes ao sistema capitalista, visto que em sua finalidade muitas vezes as empresas
se veem e oposição com os valores éticos presentes na sociedade.

Um dos principais pilares do planejamento de uma empresa está na definição de


seus valores, esses que representam os temas e áreas que são inegociáveis dentro da
organização e oferecem subsídios quando a empresa decide elaborar um Código de
Ética. O valor moral é a base para o indivíduo agir e refere-se a opiniões pessoais
sobre o comportamento eticamente correto ou incorreto.

20
Nota-se, que a ética nos negócios se refere aos valores que apoiam a tomada
de decisão e a desenvoltura dos trabalhadores, gestores e diretores de uma empresa. A
ética deve ser observada pela empresa como uma aliada na definição de condutas
desejadas para seus empregados, assim as responsabilidades éticas colaboram com
valores morais específicos.

As normas técnicas, os mecanismos de fiscalização e o prestígio da sociedade


transformam essas empresas em estruturas essenciais para a existência dela. Tanto a
ética quanto a moral são responsáveis por construir os alicerces que vão nortear a
conduta do homem,

Segundo Strieder(2000), é válido fazer um apontamento, no que diz respeito aos


objetivos da educação ambiental, ou seja: Despertar as pessoas para a importância das
questões socioambientais no contexto em que elas vivem e atuam, estimular o senso
crítico em relação às mudanças de comportamento necessárias à construção de uma
cidadania comprometida com a sustentabilidade, educar, conscientizar, mobilizar.

Entretanto, conclui-se que considerando todas as informações, a ética e a moral


são instrumentos que permitem que todos os seguimentos da vida humana possam
criar regras, segui-las e viver harmoniosamente com elas. No sistema capitalista,
regulam as ações permitindo que haja fiscalização, que ocorram barreiras, que
protejam os trabalhadores das instituições de eventuais exageros e inconsistências.

21
3. Em um buscador de textos científicos (EBSCO, Google Scholar, etc.),
localize 3 artigos que refletem os últimos avanços e descobertas em Ética
Empresarial e Responsabilidade Social Corporativa. (Entre 250 e 300 palavras).

Segundo Barros(2018), aos gestores sobre as questões que mais impactam


na Responsabilidade Social Corporativa (RSC) e no Desempenho Social Corporativo
(DSC) das empresas à medida que atinge o objetivo de compreender as práticas de
responsabilidade social corporativa e os resultados de desempenho social que as
empresas listadas na B3 possuem para o ano de 2020.

Tendo como pano de fundo a teoria das partes interessadas, os resultados


indicaram que as organizações participantes desta pesquisa estão preocupadas com
a melhoria da qualidade de vida da sociedade, além de assumiram
responsabilidades que antes eram consideradas pertencentes ao governo,
comprovando o comportamento socialmente responsável das empresas que focam
dia após dia no bem-estar social.

A Responsabilidade Social Corporativa e o Desempenho Social das


Empresas Brasileiras No mundo pós-covid 19, as empresas precisarão mais do que
nunca atuar de forma incisiva nas ações de responsabilidade social, e envolver as
partes interessadas na busca por um futuro inclusivo, equitativo e regenerativo. O
Brasil possui inúmeros problemas sociais e é neste contexto que as grandes
empresas podem impactar, e assim conseguir fechar a terceira década do século XXI
com um bom desempenho social.

Para Boaventura(2012),é preciso de um Brasil com empresas cujo olhar


esteja voltado as partes interessadas quando está definindo ações de
responsabilidade social. Nesta linha, o Brasil por meio das corporações do terceiro e
segundo setor podem caminhar rumo a um capitalismo mais regenerativo e inclusivo,
visando o bem-estar de todos. A contribuição prática / gerencial deste estudo, é a
evidência de que no atual contexto de competitividade, os bens não financeiros são
tão importantes quanto os aspectos econômicos, para o desempenho social
corporativo.

22
Os resultados encontrados contribuem também para que executivos de
empresas possam estabelecer estratégias e ações socialmente responsáveis
eficientes e eficazes, pois pensar de forma holística as estratégias e intrinsecamente
ligada ao atendimento das necessidades de quem está a sua volta é uma forma de
evoluir de forma conjunta. Por fim, a responsabilidade social corporativa e o
desempenho social caminham juntos no que tange a evidenciação do inter-
relacionamento existente entre essas áreas de investigação, fomentando as
discussões acadêmicas nestas temáticas não só no Brasil, mas fora dele com outros
grupos de empresas.

Quanto as limitações, pode-se dizer que uma delas é o fato de a amostra


considerar diversos setores empresariais e utilizar somente as maiores empresas do
Brasil, as listadas na B3, as quais foram escolhidas intencionalmente e por
acessibilidade. Outra limitação diz respeito à coleta de dados com o uso de
questionários, que embora tomados todos os cuidados na hora da escolha dos
respondentes, não está livre da ocorrência dos vieses dos participantes, tendo em
vista a percepção de cada um.

Para Brundtland(1987), uma vez que esta pesquisa não abordou todas as
variáveis relativas às relacionadas a RSC e ao desempenho social, com isso, as
generalizações deste estudo para empresas de capital aberto devem considerar
apenas as dimensões aqui destacadas. Como indicação de pesquisa futura, seria
salutar analisar e inferir por meio dos relatórios sociais se a responsabilidade social
corporativa e o desempenho das empresas pesquisadas, em sua maioria,
contribuem efetivamente no atendimento das necessidades previstas pelas partes
interessadas no que tange as questões sociais, indo além das questões legais
exigidas.

Segundo Freitas(2020), a Ética Empresarial, transigindo do conceito de ‘ética


negocial’, é uma ferramenta de indução moral para a efetivação dos princípios
constitucionais e diretivos dos códigos internacionais de direitos humanos em
corporações transnacionais no mundo neoliberal contemporâneo, sendo
imprescindível mencionar que a ética por si, é um termo humano criado para induzir
hábitos sociais, prescrevendo normas de comportamento que podem ser adquiridos
ou conquistados. Desta forma, a ética não é algo concreto, fixo, imutável, mas sim
uma ação humana que busca uma certa moral, ou seja, agir de acordo com a própria
consciência e conforme os preceitos éticos sociais, e isto, a depender da sociedade
em que se está inserida, ela se transforma.

23
Nesse sentido, ao estudar a historicidade mercantil e empresarial, vê-se que
a busca pelo lucro e pelo crescimento mercantil passou por diversas transformações
éticas e morais, deixando de ser algo repugnante para, com o passar dos tempos,
ser algo digno. Assim, neste novo contexto moral e ético, o capitalismo se
apresentou como o melhor sistema econômico para a economia de acumulação de
riquezas. Todavia, consigo, trouxe novas problemáticas, quais seriam a disparidade
social, o excesso de riqueza para os donos dos meios de produção e miséria
absoluta para os trabalhadores. No advento desta nova concepção capitalista
industrial do século XIX, voltada aos direitos de primeira dimensão, o mundo se
encontrava em um verdadeiro colapso social, devido a esses extremos. As
consequências capitalistas incidiram, portanto, em uma nova relação constitucional
de direitos, denominadas de segunda dimensão de direitos, qual seria uma resposta
para as problemáticas sociais daquele período.

Para Hair(2009), o século XX, neste diapasão, insurge com as novas


concepções liberais a fim de se reinventar o capitalismo, agora pautado nas novas
diretrizes mundiais de direitos humanos invocados pelos direitos fundamentais de
segunda dimensão, aglutinadas com os direitos de primeira dimensão. Nesta toada,
apesar dos diversos países no início do século XX serem signatários das novas
vertentes de direitos fundamentais, o mundo se viu numa nova crise institucional,
econômica e social, tendo que os próprios Estados se reestruturassem de maneira
intervencionista para que pudessem restabelecer suas nações e, consequentemente,
suas economias, respeitando, assim, a Dignidade da Pessoa Humana. Diante desta
nova vertente, em meados do século XX, os Estados Ocidentais democráticos
introduziram em suas constituições um novo projeto político de sociedade,
denominado de “Estado de Bem-Estar Social”, visando à satisfação das
necessidades humanas de todos, que resultaria na concretização do princípio da
dignidade da pessoa humana.

24
Neste momento histórico, os Estados contemporâneos começam a se
estruturar de maneira globalizada, com diretrizes estruturais voltadas à política
intervencionista, uma vez que o Estado mínimo imposto no século XIX se
demonstrou novamente ineficaz no que tange ao bem-estar social. Em face da nova
estrutura estatal de garantias, conforme os conflitos históricos dialéticos, qual foram
necessários para a criação de cada Declaração de Direitos Humanos, partindo desde
a Carta Magna de 1215 até a confecção histórica da Declaração Universal dos
Direitos Humanos de 1948, o mercado, como fonte do desenvolvimento humano,
veio modificando-se com as novas relações Estatais e suas vertentes
socioeconômicas, bem como deixou de ser algo voltado para as relações nacionais,
para explorar novos ambientes econômicos, diante da necessidade do mundo pós 2ª
guerra mundial.

Segundo Malhotra(2012),o mundo em uma nova concepção globalizada e


sob o comando imperialista americano e de suas grandes corporações, quais sejam
as transnacionais, passaram a predominar o mercado de capitais diante da sua
internacionalização no mundo pós-guerra, tendo como respaldo para sua existência
e imposição de necessidade global em angariar novos mercados, mais
especificamente os dos países subdesenvolvidos. Isso se dá pelo motivo de que as
transnacionais optam em alocar sua produção em países subdesenvolvidos, devido a
maior facilidade de mão-de obra operária e menor intervencionismo estatal, uma vez
que nestes países, em sua maioria, possuem políticas públicas de incentivo à
exploração econômica, impondo menores restrições de direitos a estas empresas, e,
consequentemente, trazendo maior liberdade econômica de exploração, como
políticas governamentais de incentivo ao mercado interno, isenção fiscal e outros
meios de facilitação de crescimento econômico corporativos, o que desencadeia,
pois, em maior exploração populacional e aumento das desigualdades sociais no
mundo.

Frente a isso, as concepções neoliberais se mostraram de grande nocividade


para a evolução dos Estados de bem-estar social, indo completamente ao oposto
com o que se clamava para o mundo na segunda metade do século XX. O
neoliberalismo, portanto, não alcançou seus objetivos, uma vez que essas políticas
aplicadas durante todo o século XX não se efetivaram da maneira que os
pensadores desta doutrina acreditavam; em verdade, resultou-se no inverso, qual
seja, o aumento da miséria e exploração social, retomando o liberalismo clássico do
século XIX, tão criticado no início do século XX.

25
Segundo Melo(2007), presente esta demanda política, desencadeou-se na
esfera empresarial uma nova concepção para dirimir este problema do crescimento
da miséria em todo mundo, o qual ia diretamente ao encontro com as novas
diretrizes mundiais de desenvolvimento econômico sustentável (OCDE), qual seja, o
retorno ético de Aristóteles para as relações empresariais.

Logo, dentro das relações empresariais, a ética sempre esteve presente


nessas relações corporativas, porém, pressupondo que Ética é uma concepção
humana e que pode ser modificada conforme as novas estruturas e relações
humanas, a ética negocial também se modifica conforme as necessidades
momentâneas do capitalismo, bem como se modifica conforme a alternância de
poder e as demais crises cíclicas.

Partindo disso, é possível pressupor segundo Pereira(2020), que a ética no


campo empresarial se torna uma norma reguladora dos comportamentos
corporativos, agindo como modelo de cooperação entre fiscalizadores, reguladores e
regulados. Isso significa dizer que, havendo uma calibragem regulatória entre
poderes estatais e corporativos, as transnacionais passam a ter um papel
fundamental nos deveres sociais e na responsabilidade perante toda a comunidade a
qual está inserida, assim como possui relação direta com o desenvolvimento humano
e a busca da efetivação dos direitos sociais impostas pelas diretrizes internacionais e
normas constitucionais nacionais.

Assim, diante desta responsabilidade prestaciona que as transnacionais, no


mundo globalizado devem ter, de maneira efetiva, em respeitar e concretizar a sua
função social e sua responsabilidade social, se faz necessário se portar como uma
empresa transparente para que seus stakeholders por meio de prestação de contas
(accountability) rudimentares, tenham acesso as atividades exercidas.

26
A partir disso, Ribeiro (2017),associa os estudos vinculados aos programas
de compliance demonstram que estas medidas devem possuir legitimidade para
identificar efeitos negativos dos comportamentos corporativos dos demais grupos
empresariais que agem de forma corruptiva e prejudicial à livre concorrência,
gerando naturalmente um poder sancionador ético da própria comunidade
empresarial, sem a necessidade de uma intervenção direta do Estado, a fim de se
obter uma maior efetividade comportamental das corporações, em benefício do
desenvolvimento humano e de toda a coletividade, por meio de condutas éticas que
resultam na efetivação dos direitos fundamentais e do progresso humano, qual vem
sendo compilado na ideia de compliance.

Portanto, programas de compliance são instrumentos éticos ante corruptivos


e, mesmo que necessitam de uma regulamentação estatal para sua imposição, o
Estado não se apresenta crucial para que a comunidade empresarial atue em prol
dos preceitos fundamentais de direitos humanos. Nesse sentido, pressupõe-se que é
necessário somente que o Estado e entes anticorrupção atuem para efetivar tais
premissas éticas, porém não de maneira impositiva, mas indutiva, por meio de
sanções legais e/ou econômicas.

Deste modo, quando a ética é a base das relações humanas, seja ela
interpessoal ou empresarial, e os indivíduos estão maduros quanto às suas
responsabilidades perante as comunidades que estão inseridos, estariam diante,
finalmente, de uma “democracia econômica”, em decorrência de um processo de
autoconhecimento, o que viabilizaria a identificação dos problemas na esfera
econômica e auxiliaria em uma regulação da atividade empresarial, por elas
mesmas. Diante do todo aqui estudado, portanto, conclui-se que a ética empresarial,
promovida pela construção histórica do capitalismo, ao ser refletida nas condutas
subjetivas de políticas empresariais, se apresenta como instrumento de efetivação de
direitos fundamentais sociais e promoção dos direitos humanos.

Para Soschinski(2019), assim os programas de compliance como:


Responsabilidade Social Empresarial/Corporativo; Função Social da Empresa e
Prestação de Contas (accountability) para seus stakeholder, se demonstram
ferramentais primordiais para o bom desenvolvimento econômico dos países
capitalistas, sendo também cruciais para promover a liberdade dos indivíduos, uma
vez que traz o progresso econômico e social, e se apresentam como a força motriz
do capitalismo de cunho humanista vigente no atual mundo globalizado.

27
Por fim, as empresas transnacionais, quando consubstanciadas pelos
valores éticos, qual devem ser garantidos pelo Estado por meio de normas de
indução, resultam em um efetivo desenvolvimento humano, o que leva a deduzir que
a Ética Empresarial no atual mundo globalizado, é um instrumento [indireto] de
efetivação dos direitos sociais e garantidor dos direitos humanos quando aplicados
no desenvolvimento corporativo das transnacionais, assim como elevam o nível de
confiabilidade e de qualidade empresarial, de todos os níveis, nos países capitalistas.
É o caminho para uma sociedade mais justa, a qual todos nós almejamos viver.

4. Assista aos primeiros 72 minutos do documentário “A corporação”


(https://youtu.be/Bkr-paaAYJ8), e escreva uma reflexão sobre o mesmo (entre 250 e
300 palavras).

The Corporation' é um documentário dirigido por Mark Achbar e Jennifer Abbott


que, durante duas horas e cinquenta e três minutos, se insere no mundo dos negócios
psicopata. Basea-se no livro com o título 'A corporação, a busca patológica de lucro e
poder', de Joel Bakan.
Basea-se em entrevistas realizadas com executivos de multinacionais, corretores
da bolsa, espiões industriais, além de ativistas e pensadores contra a globalização (Noam
Chomsky, Naomi Klein e Michael Moore, entre outros), analisa-se o comportamento das
multinacionais. Todos adornados com imagens de anúncios e noticiários de televisão e
vídeos promocionais de empresas.
A linha de argumentação consiste em validar a hipótese jurídica pela qual uma
empresa é "uma pessoa" com direitos e obrigações. Se assim for, o filme investiga seu
comportamento, seu comportamento e seus desejos.
Amorais, motivados única e exclusivamente pela busca do próprio benefício,
porém, buscam a autojustificação e dão um rosto humano. Submetendo-o a um teste
psiquiátrico proposto pela Organização Mundial da Saúde, Joel Bakan demonstra que "A
Corporação" responde ao perfil de um psicopata e, para testemunhar, entrevistam um alto
funcionário do FBI especializado em psicopatas.
O filme, entre outros prêmios, ganhou o Prêmio do Público de Melhor
Documentário no Festival de Cinema de Sundance, ao qual não apareceu por pressa,
mas foi especialmente convidado e aclamado pelo público. Com base neste prêmio, o
autor decidiu distribuir gratuitamente a série através de redes de pares.
Para Carmo(2021),O que caracteriza a sociedade capitalista, o seu princípio
básico, é a busca do lucro. Não que em outras sociedades não existissem atividades que
dessem lucro. Porém, na sociedade capitalista esse aspecto é exacerbado e, por isso, vai

28
determinar as outras facetas do sistema. A busca do lucro máximo é o objetivo de todo
capitalista.
As suas consequências vão se fazer sentir nas relações entre os homens, na
ideologia da sociedade e, até, no comportamento de todos nós. O lucro não tem a
finalidade de dar meios para a subsistência do capitalista. Este é apenas um aspecto
secundário
. O lucro é um fim em si mesmo. Pode ser usado para manter a família do
capitalista com conforto, para alcançar mais poder para o capitalista ou para ser
reinvestido nas suas empresas, gerando, dessa forma, mais lucro. Uma empresa, mesmo
que seja lucrativa, pode mudar de ramo de atividade, se perceber que a margem de lucro
em outra área de atuação é maior do que na sua.

Para Costa(2010), o trabalhador, que vende a sua força de trabalho para o


capitalista, vai receber o mínimo salário possível e lhe será exigido o máximo de
produtividade. Isso não significa que o capitalista é um homem mau (embora muitas
vezes ele realmente seja), que quer explorar o trabalhador. O sistema é que assim o
exige.
Uma empresa resolver pagar os seus trabalhadores com salários acima da
média, vai perder competitividade, porque o seu lucro será reduzido e as outras
empresas do ramo vão ganhar mais espaço no mercado. Há empresas que dão uma
série de benefícios aos seus trabalhadores, mas isso acontece porque elas acreditam
que, dessa forma, podem aumentar a produtividade e obter lucros maiores.
O fato de as empresas procurarem pagar o mínimo possível não significa que
todos os salários serão baixos. Um cantor de sucesso, por exemplo, que seja disputado
por várias gravadoras, vai receber altos ganhos porque o lucro que ele gera é muito
maior do que o dinheiro que vai receber. Mesmo assim, o que a gravadora vai pagar a ele
será o mínimo possível para poder mantê-lo sob contrato.
Existem também empresas que pagam os estudos de seus trabalhadores e,
nesse caso, elas também não estão fazendo qualquer bondade. O que acontece é que
elas precisam de trabalhadores mais qualificados para exercer suas funções e fica muito
mais barato investir na educação de seus próprios trabalhadores do que contratar um
pessoal mais qualificado no mercado de trabalho.
Segundo Dardot(2016),toda sociedade tem sua própria ideologia. É um conjunto
de ideias, geralmente falsas, que justificam a maneira de ser da sociedade e contribuem
para mantê-la do jeito que está, sem mudanças. A classe dominante de uma sociedade
não seria capaz de manter o seu poder se as ideias que circulam fossem contrárias aos
seus interesses. Por exemplo: a escravidão foi um fato histórico gerado pela necessidade

29
de mão-de-obra para trabalhar no Novo Continente, recém-descoberto. Como, por várias
razões, o trabalho indígena não era adequado às necessidades dos fazendeiros,
resolveu-se "importar" mão-de-obra escrava.
Para Harley(2008),partiu-se, então, para o tráfico de africanos, porque tinham
conhecimento de agricultura e, também, porque sua captura era relativamente fácil. A
questão é: como foi possível para a sociedade do século XIX (pós-revolução francesa)
aceitar a escravidão no Brasil? Simples. A ideologia da época dizia que o negro era um
ser tão inferior que era equivalente aos animais. Isso fez com que a sociedade aceitasse
o fato da escravidão dos negros, já que ninguém era contra o trabalho animal. A ideologia
deriva da forma como a sociedade é estruturada e não o contrário.
Não foi pelo fato do negro ser considerado inferior que ele foi escravizado.
Primeiro veio a necessidade de conseguir mão-de-obra escrava; depois é que surgiu a
ideia de que ele era um ser inferior. O que a ideologia faz é justificar uma situação para
que as pessoas a aceitem como natural. O mesmo pode ser dito de outras ideias que
circulam em nossa sociedade, como a de que o trabalho dignifica o homem. Como o
trabalho no sistema capitalista, em geral, é repetitivo, alienado, desgastante e mal pago,
as pessoas não sentem o menor prazer em trabalhar. Trabalham por obrigação, por falta
de outra alternativa. Para que não houvesse um movimento contra esse tipo de trabalho
(o que seria trágico para o capitalista), uma série de ideias sobre trabalho passaram a
circular como verdades insofismáveis. Uma delas é que o "trabalho dignifica o homem",
outra é que "o dinheiro não traz felicidade", e outras do mesmo gênero.
Para Oliveira(2016), a obsessão pelo lucro e a ideologia vão influenciar também o
comportamento dos homens na sociedade. Se, por um lado, o capitalista busca o lucro a
qualquer preço e para isso tem de competir com outros capitalistas, o trabalhador
também terá de competir com outros trabalhadores para conquistar uma melhor posição
no mercado de trabalho.
A consequência é que as pessoas vão se comportar como se fossem inimigos. Ao
contrário da época em que o homem vivia em comunidades onde todos trabalhavam para
o bem comum, o homem, hoje, vive para "vencer" como indivíduo e, para isso, deve
derrotar os outros que competem com ele.
Segundo Uchoa(2020),Ditados como "quando a farinha é pouco meu pirão
primeiro” ou " esperto é aquele que consegue levar vantagem em tudo" aliados a
sentimentos como inveja e desprezo aos outros seres humanos refletem bem o clima
entre as pessoas na sociedade capitalista.
E tudo isso é encarado com muita naturalidade, já que a ideologia dominante diz
que o "homem é assim mesmo". (natureza humana). Mas, como ficam as relações entre
as empresas e os indivíduos? Sabemos que as empresas competem entre si da mesma

30
forma que os indivíduos, mas o que acontece entre eles? Também é uma relação de
conflito, já que as empresas só querem vender os seus produtos, não importando se eles
são necessários, bons ou mesmo úteis para o consumidor.
Muitas vezes, até, fabricam produtos que matam ou deixam a população doente,
mas nada disso importa, porque o importante é vender. Laboratórios farmacêuticos
pesquisam novos remédios, não porque estejam interessados na saúde das pessoas,
mas porque há um público consumidor para eles. Por isso, só pesquisam doenças que
afetam uma quantidade razoável de pessoas, que teriam dinheiro suficiente para pagar
pelos remédios encontrados.
É por esta razão que os grandes laboratórios não faziam pesquisa alguma para a
doença de Chagas, que é própria do terceiro mundo e afeta a população pobre. Outras
indústrias, como a alimentícia, por exemplo, fabricam refrigerantes, cigarros, alimentos
enlatados etc., que, sabe-se há muito tempo, fazem mal à saúde. Outras indústrias
fabricam artigos completamente inúteis ou supérfluos, e gastam uma fortuna em
publicidade para nos convencer a comprá-los (desperdício). O importante é vender!
Concluindo, a obsessão pelo lucro acaba afetando as nossas vidas e o relacionamento
que temos com os outros de modo negativo. Imitamos o comportamento das empresas
quando concordamos que "o importante é vencer" (comportamento) segundo
Verga(2014).

REFERENCIAS

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stakeholder power and strategic importance in public firms. Long Range Planning,
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 BRUNDTLAND. G. H. Nosso Futuro Comum. Relatório Brundtland. Our Common
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