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2020 IEEE PES Transmission & Distribution Conference and Exhibition - Latin America (T&D LA)

Avaliação Probabilística dos Impactos Técnicos da


Inserção de Microgeradores Fotovoltaicos e
Veículos Elétricos em uma Rede de Distribuição
2020 IEEE PES Transmission & Distribution Conference and Exhibition - Latin America (T&D LA) | 978-1-7281-4155-8/20/$31.00 ©2020 IEEE | DOI: 10.1109/TDLA47668.2020.9326236

Luiz Eduardo Sales e Silva∗† , João Paulo Abreu Vieira∗ , Heitor Alves Barata∗ , Vanderson Carvalho de Souza∗ ,
Wesley Rodrigues Heringer∗
Email: eduardosales@ufam.edu.br, jpavieira@ufpa.br, heitorbarata@itec.ufpa.br, vandersoneng@hotmail.com,
wesheringer@gmail.com
∗ Programa de Pós Graduação em Engenharia Elétrica, Universidade Federal do Pará, Brasil
† Universidade Federal do Amazonas, Brasil

Abstract—This paper presents a probabilistic technical impacts à Rede (MFCR) [2]. Assim, a penetração massiva é um fato
assessment with photovoltaic microgenerators and electric ve- irreversível a médio prazo.
hicles connection on low voltage networks. The Monte Carlo Neste contexto de REI, economia e meio ambiente, o
method is applied to generate randomly: residential load vari-
ables, electric vehicles recharge demand, photovoltaic generators Veículo Elétrico (VE) surge como opção para a redução da
installed capacity and frequency inverter and battery charger dependência do setor automotivo por combustíveis fósseis
phases connection. In this, CA 746 circuit is subjected 6000 devido à utilização do motor elétrico para sua propulsão e a
daily simulations divided into 6 solar radiation scenarios. The fonte de energia armazenada em baterias. Atualmente, o Brasil
experiments show that the proposed evaluation is robust, and possui uma frota de 21976 VEs [4], a EPE projeta para 2026
electric vehicle and photovoltaic generation massive connection
is problematic for secondary distribution networks. uma frota de 360 mil veículos, ou seja 2,5% do total [5].
Index Terms—secondary distribution networks; residential Independente do local onde realiza-se a recarga da bateria,
photovoltaic microgeneration; electric vehicle; Monte Carlo em caso de penetração massiva haverá o aumento da demanda
method; technical impacts; probabilistic assessment. no horário de conexão do VE e a possibilidade de problemas
na rede elétrica. Deste modo, pesquisadores têm se dedicado a
I. I NTRODUÇÃO investigar os impactos técnicos da penetração de microgeração
Atualmente, a transição da rede elétrica de distribuição fotovoltaica e VE em redes elétricas de distribuição.
convencional para Rede Elétrica Inteligente (REI) é notável no Em [6] e [7] simulações determinísticas são realizadas em
mundo. A caracterização desta mudança encontra-se vinculada redes reais americanas e europeias para identificar os impactos
com a Geração Distribuída (GD), uso de fontes renováveis técnicos da recarga de VEs. Em [8] e [9] avaliam a capacidade
para conversão em energia elétrica, automação, participação de hospedagem de MFCR e VE separadamente em redes elé-
ativa do consumidor na geração, denominado por prossumidor, tricas europeias sob cenário fixo de radiação solar. [10] utiliza
e aumento da demanda por energia elétrica. No Brasil, por o Método de Monte Carlo (MMC) para avaliar o carregamento
exemplo, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) do transformador e cabos, nível de tensão e perdas técnicas
tem permitido a inserção de prossumidores qualificando-os em mediante a distribuição aleatória dos VEs e seus respectivos
micro e minigeração distribuída e desde então tem modificado níveis de carregamento e penetração. Em [11], o MMC é
a estrutura e os paradigmas do setor elétrico nacional [1]. considerado no comportamento estocástico da demanda resi-
Em 2020, a micro e minigeração distribuída ultrapassaram dencial, geração fotovoltaica, temperatura ambiente e VE para
2,226 GW de capacidade instalada [2] e possui potencial estudar o envelhecimento do transformador de distribuição.
para atingir 11,4 GW em 2029 dependendo das mudanças Em [12], seleciona-se de forma aleatória o perfil de carga das
discutidas atualmente na legislação. Deste valor projetado, residências e recarga do VE. Neste, por intermédio do MMC
86% da capacidade instalada será devido à geração foto- avalia-se o uso do transformador, condutores e problemas de
voltaica [3]. Atualmente, 91,19% da potência instalada de tensão em redes secundárias do Reino Unido sob a penetração
geração distribuída é de procedência solar fotovoltaica e gradativa de VE.
destes, 84,58% são provenientes de microgeração, ou seja, A partir dos trabalhos citados nota-se uma tendência em
com capacidade instalada de até 75 kW e conectados em baixa modelar as incertezas da rede elétrica de maneira probabilística
tensão, denominada por Microgeração Fotovoltaica Conectada ou aleatória e utilizar o MMC para avaliar os parâmetros
técnicos em consequência da variação dos dados de entrada.
Agradecemos o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado do Amazonas (FAPEAM) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Neste sentido, um aspecto importante de contribuição da
Pessoal de Nível Superior (CAPES). presente pesquisa é avaliar probabilisticamente uma rede de

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distribuição secundária nacional quanto à inserção massiva de o responsável pela propulsão. A bateria possui a finalidade de
MFCR e VE nas unidades consumidoras. A proposta é dividida armazenar a energia elétrica fornecida ao motor para conversão
em duas etapas principais após a criação probabilística das em energia cinética.
curvas de carga do carregador do VE e a modelagem da rede Atualmente, três tipos de tecnologias de VE são notáveis
elétrica. Na primeira, modela-se as incertezas relacionadas no mercado: Veículos Elétricos Híbridos (VEHs), Veículos
à conexão dos dois sistemas, hábitos dos consumidores e a Elétricos Híbridos plug-in (VEHPs) e os Veículos Elétricos
capacidade da GD. Na segunda etapa, avalia-se a extrapolação a Bateria (VEBs) [6]. Os VEHs e VEHPs possuem um
dos limites regulatórios, térmicos e as perdas técnicas na rede. motor interno a combustão convencional, um motor elétrico
A análise é concretizada através de 6 cenários distintos de complementar e uma bateria para armazenar a energia elétrica.
radiação solar com a aplicação do MMC para quantificar os O segundo difere-se do primeiro pela possibilidade da bateria
impactos. Os resultados demonstram a importância e eficácia ser carregada pela conexão direta a rede elétrica. Por último,
da análise probabilística em redes de distribuição. os VEBs são similares aos VEHPs e não dispõem do sistema
O presente artigo encontra-se estruturado em cinco seções a combustão.
dos quais, a primeira é composta por esta introdução. A Seção No VEHP e VEB, ou Veículo Elétrico Plug-in (VEP), as
II apresenta uma breve revisão a respeito de microgerador baterias utilizadas são projetadas para dispor do menor peso,
fotovoltaico conectado à rede, veículo elétrico e simulação tamanho e com capacidade de energia de dezenas de kW h.
de Monte Carlo. Na Seção III a metodologia proposta é Duas tecnologias de bateria se notabilizam, Níquel-Hidreto
descrita. A Seção IV aborda os procedimentos experimentais. Metálico (NiMH) e Íon de Lítio (Li-íon) [6]. Entretanto, Li-íon
Na sequência, a Seção V avalia os resultados. Por fim, na é a mais empregada devido à vida útil, segurança, temperatura
Seção VI apresenta-se as principais conclusões acerca do e capacidade de armazenamento em espaço reduzido.
estudo. A recarga das baterias é feita por estações classificadas
conforme o tempo de recarga: lenta, semirrápida e rápida.
II. F UNDAMENTAÇÃO T EÓRICA
Quanto menor o tempo de recarga, maior deve ser a potência
A. Microgerador Fotovoltaico Conectado à Rede elétrica fornecida, sendo a rápida comum em eletropostos
O aproveitamento da radiação solar para a produção de públicos e as demais em locais comerciais e residenciais.
eletricidade em telhados de casas, prédios e estacionamentos
C. Simulação de Monte Carlo
cresce devido aos incentivos fiscais e à redução dos custos
de equipamentos. No Brasil, por exemplo, as instalações A Simulação de Monte Carlo (SMC) é uma metodologia
de pequeno porte conectam-se à distribuição pelo ramal de aplicada a problemas com elevada quantidade de incertezas e
ligação existente [1]. restrições. Ou seja, modelos matemáticos convencionais não
A MFCR é composta por módulos fotovoltaicos e inversor são eficientes para analisar e resolver os problemas devido à
de frequência. Um módulo fotovoltaico é formado por um multidimensionalidade dos dados de entrada [15].
conjunto de células de materiais semicondutores conectados Em geral, inicialmente distribui-se e seleciona-se de ma-
em série e/ou paralelo e são responsáveis pela conversão neira aleatória ou probabilística as variáveis de entrada. Na
da energia fotovoltaica em energia elétrica do tipo corrente sequência, realiza-se a simulação no sistema avaliado. Depois,
contínua (CC). O inversor de frequência, por sua vez, efetua os procedimentos anteriores são repetidos pré-definidas vezes.
a conversão do sinal dos módulos em corrente alternada (CA) Os resultados das saídas de cada SMC são processados. Por
com amplitude, frequência e conteúdo harmônico adequados fim, é possível descrever propriedades probabilísticas para
às normas vigentes além de realizar o sincronismo com a rede compreender o comportamento do sistema mediante os dados
[13]. de entrada [15].
Em um sistema de MFCR convencional, arranjos de mó- III. A BORDAGEM P ROPOSTA
dulos em série (denominados por strings) são conectados
A. Impactos Técnicos Avaliados
em paralelo para fornecer as grandezas elétricas em corrente
contínua aos inversores de frequência e atender a demanda da a) Nível de Tensão: No Brasil, a tensão fornecida em
carga. Nos inversores em geral, há dois conversores e duas nível normal, sobretensão e subtensão é classificada em três
etapas de filtragem. O conversor CC-CC eleva o nível da faixas independente do valor nominal da região atendida pela
tensão no link CC via busca pelo Ponto de Máxima Potência concessionária [16]. Na faixa adequada, os valores de tensão
(PMP). Na sequência, o capacitor realiza a filtragem do sinal. estão dentre os limites de 92% e 105% do valor nominal. A
A seguir, o conversor CC-CA adequa o sinal de saída com faixa precária compreende valores entre a faixa adequada e a
características de tensão e frequência iguais a da rede elétrica crítica. Por fim, a faixa crítica consiste nas subtensões menores
conectada. Por fim, o indutor na saída atua como filtro de que 87% e sobretensões maiores que 106%. A operação nas
corrente e acoplamento com a rede CA [14]. faixas precária e crítica são indesejadas em longos períodos
do dia.
B. Veículo Elétrico b) Carregamento dos Condutores: O limite térmico possui
O VE é caracterizado pela presença de dois elementos destaque na avaliação operacional dos condutores quanto à
principais: o motor elétrico e a bateria. O motor elétrico é existência de sobrecargas. Além da demanda de carga, as

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características operacionais de temperatura ambiente, indu- A geração do perfil de recarga do tipo lenta é ilustrada pelo
ção eletromagnética pelo desequilíbrio das fases, chuvas e diagrama da Fig. 1. Em cada variável, criou-se um intervalo
descargas atmosféricas na qual este elemento é submetido de números para corresponder às estratificações dos dados
influenciam no envelhecimento dos cabos [17]. probabilísticos. Logo, repetidamente números aleatórios são
Nesta pesquisa, o Carregamento Instantâneo do Condutor gerados e enquadrados na função distribuição acumulada da
em Percentual (CCP) é calculado consoante (1) e usado como variável. Nesta pesquisa, as informações probabilísticas são
referência de análise. obtidas em [22].

Icondutor (t)
CCP (t) = · 100% (1) Início

Inom
Selecionar o
Sendo Icondutor (t) a corrente instantânea no condutor e horário de
conexão da
SIM
Nova recarga no
mesmo dia?
NÃO
Gerar o perfil de
recarga do VE
Inom o limite térmico de condução do cabo, ambos em recarga

Ampère (A). Identificar o


Salvar no
estado inicial de
c) Carregamento do Transformador: O carregamento má- carga da bateria
(SOCi)
banco de
dados

ximo admissível do transformador depende de aspectos cons-


trutivos e operativos do equipamento, temperatura ambiente, Selecionar o
estado final de
FIM
curva diária e histórico de carregamento, perdas e o período carga de carga da
bateria (SOCf)

de sobrecarga [18] e [19]. Dentre estes fatores, o último


possui relevância significativa no contexto deste trabalho em Fig. 1. Diagrama em blocos do procedimento de criação de
virtude das redes secundárias atuais terem sido projetadas para perfis para recarga de bateria dos VEPs.
operação sem MFCR e VEP.
Neste artigo, o Carregamento Instantâneo do Transformador Inicialmente, seleciona-se o horário de conexão do VEP
em percentual (CT) é calculado consoante (2). na RDS com resolução de 15 minutos. A seguir, define-se
o estado inicial de carga da bateria. Na sequência, seleciona-
Straf o (t) se o estado final de carga da bateria visando o horário de
CT (t) = · 100% (2)
Snom desconexão.
Sendo Straf o (t) a potência aparente instantânea no trans- A etapa seguinte consiste em identificar se o motorista
formador e Snom a nominal, ambos em Volt-Ampère (VA). realizará outras recargas. Em caso positivo, as etapas anteriores
d) Perdas Técnicas: As perdas técnicas dependem direta- são repetidas, caso contrário gera-se a curva de carga. Por fim,
mente da demanda da carga e configuração da Rede de Distri- ressalta-se que este perfil de carga é normalizado, ou seja,
buição Secundária (RDS). Essas perdas de energia relacionam- pode ser aplicado a qualquer tipo de potência do carregador e
se à dissipação natural dos materiais e componentes pelo uso adaptado à capacidade da bateria. A Fig. 2 ilustra o nível de
do transformador de distribuição, condutores, ramal de ligação potência normalizado do consumo de recarga diário de dois
e medidor. Em geral, o cálculo é realizado pela aplicação usuários com VEPs sob recarga lenta, sendo a linha tracejada
do fluxo de potência sem cargas para obtenção da solução representando uma única conexão durante o dia e a linha cheia
inicial e na sequência adiciona-se os elementos ativos. Após um exemplo com duas conexões diárias.
a convergência final obtém-se as perdas técnicas em Wh para
1.2
o período analisado [20].
Amplitude Normalizada do Perfil de Recarga

1
B. Criação dos Perfis de Carga dos Veículos Elétricos
O perfil de recarga da bateria dos VEPs é formado de 0.8

acordo com incertezas associadas ao comportamento do usuá-


0.6
rio. Dentre as principais indefinições, cita-se a quilometragem
percorrida, horário de conexão do VE para recarga, estado de
0.4
carga da bateria e horário de desconexão do carregador. Essas
informações definem se a carga demandada no procedimento 0.2
de recarga da bateria do VE contribui de forma positiva ou
negativa aos parâmetros técnicos operativos da RDS consoante 0
0 5 10 15 20
ao período do dia em que ocorre a conexão com a rede elétrica. Tempo [h]

Além disso, outra contribuição desta pesquisa é a criação de


Fig. 2. Exemplos de curva de recarga para modo lento.
forma probabilística de 2500 perfis de carregamento de VEPs
em modo de recarga lenta. Esta escolha justifica-se por ser o
tipo comum em residências. Considera-se cada bateria dividida C. Metodologia de Avaliação
em 12 partes iguais, na qual cada parte carrega-se em 33,33 A metodologia empregada nesta pesquisa é dividida em três
minutos [21]. etapas. A primeira etapa consiste na modelagem da rede de

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CHAMADA DE PROJETOS 2019


Pesquisa e Desenvolvimento
distribuição secundária. A seguir, a cada SMC seleciona-se o consumos faturados disponíveis não indicam individualmente
valor para cada incerteza e realiza-se o fluxo de potência na a qual residência pertencem.
rede de distribuição secundária conforme a Fig. 3.
24 25 26
0648 4012 4015
4013 4014
Início 23
22
4011
21 20

SMC=1 4010
19
17
0095
4009 18
16
4007
Definição das fases
Definição das fases Definição da curva Seleção do 15
de conexão do
de conexão do de recarga da consumo para cada 4008 6
inversor de 4
carregador bateria residência
frequência 0410
0413 0411 0412 0414
0408 0409
0403 0404
9 5
12 11 10 8 7 2 3
14 13 1
Seleção da curva de
Extração de Inserção de
SMC = SMC+1 Fluxo de potência carga de cada 0407
resultados monitores 0405
residência GR
5754

Fig.1 – Um
Fig. dos circuitos
4. Diagrama de BT
unifilar de um condomínio
do circuito CA 746. de Fig
NÃO Última SMC ?
casas da cidade de Belém. m
SIM B. Descrição e Objetivos dos Experimentos
Fim Os experimentos são divididos em 6 cenários distintos
de radiação solar e em todos há presença de um VEP por
Fig. 3. Diagrama em blocos da metodologia de simulação residência. Inicialmente a rede elétrica é avaliada sem a pre-
empregada. sença de MFCR nas residências. Na sequência, com geração
fotovoltaica em um dia chuvoso. A seguir, em um dia nublado.
Na Fig. 3, inicialmente ocorre a definição da primeira SMC. Posteriormente, um dia com variabilidade intensa do recurso
A seguir, para cada residência define-se de forma aleatória as solar. O quinto cenário consiste em um perfil com variabilidade
fases de conexão do inversor de frequência e a sua respectiva reduzida. Por fim, considera-se um dia totalmente ensolarado.
capacidade instalada. Na sequência, o procedimento anterior é Na Tabela I, a quantidade de Horas de Sol Pleno (HSP) por
realizado para a conexão do carregador da bateria do VEP. cenário é exibida.
Depois, para cada VEP o perfil de recarga da bateria é
Tabela I
selecionado. Posteriormente, a escolha da curva de carga das
Horas de sol pleno para cada cenário experimental
residências padrões para dias fixos [23]. A seguir, monitores de
grandezas elétricas são inseridos em cada residência, realiza- CENÁRIOS
se o fluxo de potência e a extração dos resultados. Caso esta Fig.3 – Tensões da residência com VE (e
1 2 3 4 5 6
SMC não seja a última, o procedimento é repetido até atingir eletricamente do transformador
Horas de Sol Pleno - 0,60 1,73 3,86 5,56 7,13
a quantidade máxima selecionada.
A última etapa é denominada por tratamento de dados. As A presença de VEs no sistema provoca eventos de su
informações coletadas na etapa anterior são compiladas por Os cenários descritos tem o objetivo de aproximar a diver-
três fases e em nível crítico em duas fases consoante os
parâmetro técnico avaliado. Na sequência, a cada parâmetro sidade do recurso solar da realidade local. A cada cenário,
identifica-se em cada SMC o percentual de ocorrência da o subtensão causados por VEs torna-se evidente nos horá
circuito é simulado em 1000 casos diários distintos de
dos mesmos (17:00 – instalada
1440 pontos. A capacidade 23:59 horas e 00:00
do MFCR – 07:00
inserido no horas
extrapolação dos limites regulatórios ou físicos e as perdas
técnicas. Por fim, os resultados são apresentados. estratégias
telhado de cada de controle
residência nos
varia de sistemas de selecionada
0,5 a 3,5 kW, recarga dos veícu
aleatoriamente
Na Figurae mantida constante em todos
2, sobretensões em os cenários
nível com são re
precário
IV. P ROCEDIMENTOS E O BJETIVOS E XPERIMENTAIS inversores
identificadas em níveis precários e críticos nas de
de frequência bifásicos operando com fator três fases
potência unitário, modelados na forma de potência constante.
A. Sistema Teste dos GFVs e as subtensões pela conexão dos VEs. Quan
O nível de penetração máximo é de 85%.
O alimentador teste empregado na pesquisa é o BI-05 (13,8 pelas violações
As residências de tensão
possuem a partirestrela
conexão trifásica de medições
aterrada, dos
kV) com o circuito CA 746, localizado na cidade de Belém, ressarcimento pela concessionária de até R$
tensão monofásica em 127 V e fator de potência 0,92 indutivo. 20.170,55 po
Estado do Pará. Este é selecionado pelo potencial de aquisição O carregador da bateria do VEP possui potência de 3,6 kW,
em massa de microgeradores fotovoltaicos e veículos elétricos. fator de potência 0,95 indutivo e conexão bifásica 220 V. O
O CA 746 possui um transformador abaixador 13,8 kV/220 V tempo de recarga completa é de 6,7 horas e a bateria é dividida
com capacidade de 75 kVA e supre 26 residências, a guarita em 12 estados de carga. Estes dados dos VEPs são do modelo
de segurança e a iluminação pública. Nissan Leaf comercializado no mercado mundial [21].
O transformador de distribuição está localizado de modo a A referida modelagem, simulação e análise elétrica é reali-
suprir dois ramos principais conforme ilustrado na Fig. 4. Os zada por intermédio do uso do software Open Distribution Sys-
dados de cabos, postes, planta elétrica e consumo das residên- tem Simulator (OpenDSS) desenvolvido pelo Electric Power
cias são informados pela concessionária. Vale ressaltar que os Research Institute (EPRI) [24]. O software Matrix Laboratory

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(MATLAB) [25] comunica-se com o OpenDSS via interface b) Carregamento dos Condutores: Os ramais de ligação
COM. das residências não apresentaram sobrecarga. Os trechos entre
os postes próximos do transformador atuaram em sobrecarga
V. AVALIAÇÃO DOS R ESULTADOS
no máximo em 2% das SMCs. Assim, na Fig. 7 os maiores
Nesta seção, os resultados são avaliados para cada parâme- carregamentos para cada trecho com sobrecarga são ilustrados
tro técnico. Os dados obtidos nos 6 cenários são compilados para os cenários simulados.
com o objetivo de exibir o percentual de SMC com problemas
devido à inserção conjunta de MFCR e VEP. 140,00

a) Nível de tensão: A avaliação do nível de tensão sob os

Carregamento (%)
125,00

cenários experimentais é dividida em duas partes. A primeira


110,00
trata das sobretensões e a segunda da subtensões. Estes dados
são ilustrados na Fig. 5 e Fig. 6, respectivamente, onde as 95,00

medições foram realizadas em cada poste da RDS. 80,00


1743011 1743014 1743015
Trechos entre postes
Fase A ‐ Cenário 01 Fase B ‐ Cenário 01 Fase C ‐ Cenário 01 Limite Fase A ‐ Cenário 02
35,00
Fase B ‐ Cenário 02 Fase C ‐ Cenário 02 Fase A ‐ Cenário 03 Fase B ‐ Cenário 03 Fase C ‐ Cenário 03
Simulações de Monte Carlo (%)

Fase A ‐ Cenário 04 Fase B ‐ Cenário 04 Fase C ‐ Cenário 04 Fase A ‐ Cenário 05 Fase B ‐ Cenário 05
30,00
Fase C ‐ Cenário 05 Fase A ‐ Cenário 06 Fase B ‐ Cenário 06 Fase C ‐ Cenário 06
25,00

20,00 Fig. 7. Maiores níveis de carregamento para os condutores


15,00 com sobrecarga nas simulações.
10,00

5,00 De acordo com a Fig. 7, o maior nível de carregamento é


0,00 identificado no trecho 1743011 na fase B e cenário 03 com
Trafo

0412

0414

0411

0413

0409

0408

0407

5754

0405

0404

0403

4008

4007

0095

4009

4010

4011

4013

4014

4015

4012

0648

Postes 141,79%. Tal fato justifica-se pela quantidade de equipamentos


Fase A ‐ Cenário 06 Fase B ‐ Cenário 06 Fase C ‐ Cenário 06 Fase A ‐ Cenário 01 Fase B ‐ Cenário 01
Fase C ‐ Cenário 01 Fase A ‐ Cenário 02 Fase B ‐ Cenário 02 Fase C ‐ Cenário 02 Fase A ‐ Cenário 03 conectados nesta fase e por este trecho ser o responsável por
Fase B ‐ Cenário 03
Fase A ‐ Cenário 05
Fase C ‐ Cenário 03
Fase B ‐ Cenário 05
Fase A ‐ Cenário 04
Fase C ‐ Cenário 05
Fase B ‐ Cenário 04 Fase C ‐ Cenário 04
transportar maior parte da carga para as ramificações da rede.
c) Carregamento do transformador: Em todos os cenários e
Fig. 5. Resultados probabilísticos de sobretensão. simulações o transformador apresentou sobrecarga em distin-
tos horários do dia. Especificamente, durante o dia e a noite
A sobretensão destaca-se nos postes mais distantes do causados pela radiação solar incidente no MFCR e a demanda
transformador e com maior intensidade a partir do aumento dos VEPs, respectivamente. As Tabelas II e III exibem os
da quantidade de HSP, conforme a Fig. 5. Nos três cenários maiores percentuais de carregamento e ocorrência diária da
iniciais não registra-se sobretensão nas SMCs. Entretanto, a sobrecarga no transformador.
partir do poste 4009 o percentual de simulações com sobre-
tensão eleva-se consoante a irradiância, com destaque para os Tabela II
postes 4014 e 4015 atingindo 30,20% no último cenário. Por Maior nível de carregamento dentre os cenários simulados.
fim, nota-se a influência da variação da conexão do inversor
de frequência nos resultados por fase. CENÁRIOS
CARREGAMENTO (%) 1 2 3 4 5 6
105,00 162,80 165,36 161,93 173,01 164,28 154,43
Simulações de Monte Carlo (%)

90,00

75,00
Na Tabela II, os níveis de sobrecarga atingidos são elevados
60,00
e tendem a reduzir a vida útil do equiparamento. Além disso, a
45,00
inclusão do MFCR em cenários distintos de radiação solar não
30,00
influenciam significativamente nos maiores carregamentos do
15,00
transformador, pois os picos de carga acontecem em horários
0,00
sem recurso solar.
Trafo

0412

0414

0411

0413

0409

0408

0407

5754

0405

0404

0403

4008

4007

0095

4009

4010

4011

4013

4014

4015

4012

0648

Postes
Fase A ‐ Cenário 06 Fase B ‐ Cenário 06 Fase C ‐ Cenário 06 Fase A ‐ Cenário 01 Fase B ‐ Cenário 01
Tabela III
Fase C ‐ Cenário 01
Fase B ‐ Cenário 03
Fase A ‐ Cenário 02
Fase C ‐ Cenário 03
Fase B ‐ Cenário 02
Fase A ‐ Cenário 04
Fase C ‐ Cenário 02
Fase B ‐ Cenário 04
Fase A ‐ Cenário 03
Fase C ‐ Cenário 04
Maior período de ocorrência de sobrecarga no transformador.
Fase A ‐ Cenário 05 Fase B ‐ Cenário 05 Fase C ‐ Cenário 05

Fig. 6. Resultados probabilísticos de subtensão. CENÁRIOS


OCORRÊNCIA DIÁRIA (%) 1 2 3 4 5 6
A Fig. 6 ilustra subtensão independente dos cenários simu- 16,88 17,80 16,87 17,64 17,01 17,68

lados devido ao consumo residencial e ao carregamento dos


VEPs. Quanto mais distante a localização dos postes, maior Na Tabela III, a maior ocorrência de sobrecarga para cada
a ocorrência de subtensão. A partir do poste 4009 quase a cenário possui valores similares. Nota-se que a conexão do
totalidade das SMCs demonstraram subtensão em todos os MFCR não é preponderante para os resultados pois a maior
cenários. dependência está relacionada ao perfil de recarga dos VEPs.

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2020 IEEE PES Transmission & Distribution Conference and Exhibition - Latin America (T&D LA)

Entretanto, independente do cenário em mais de 4 horas por probabilística dos impactos financeiros, estratégias de controle
dia o transformador opera em sobrecarga. para minimização dos problemas e a consolidação de padrões
d) Perdas Técnicas: Este parâmetro é medido no alimenta- técnicos.
dor a partir do transformador de distribuição. Na Tabela IV,
R EFERÊNCIAS
os dados dos maiores e menores percentuais para cada cenário
[1] ANEEL, “Resolução normativa nº 482, de 17 de abril de 2012.” 2012.
dentre as simulações de Monte Carlo são exibidos. [2] ——. (2019) Unidades consumidoras com geração distribuída. [Online].
Available: https://www.aneel.gov.br/outorgas/geracao/-/asset_publisher
Tabela IV [3] EPE, “Plano decenal de expansão de energia (pde) 2029,” 2019. [On-
Perdas Técnicas line]. Available: http://www.epe.gov.br/pt/publicacoes-dados-abertos/
publicacoes/plano-decenal-de-expansao-de-energia-pde
[4] DENATRAN. (2020) Estatística nacional de frota de veículos. [Online].
PERDAS TÉCNICAS Available: http://www.infraestrutura.gov.br/component/content/article/
CENÁRIO
Maior(%) Menor(%) 115-portal-denatran/8552-estat%C3%ADsticas-frota-de-ve%C3%
ADculos-denatran.html
1 7,12 4,17 [5] EPE, “Plano decenal de expansão de energia (pde) 2026,” 2016. [On-
2 7,49 4,20 line]. Available: http://www.epe.gov.br/pt/publicacoes-dados-abertos/
3 7,61 4,47 publicacoes/plano-decenal-de-expansao-de-energia-pde
[6] A. Dubey and S. Santoso, “Electric vehicle charging on residential
4 9,07 4,77 distribution systems: Impacts and mitigations,” IEEE Access, vol. 3, pp.
5 10,12 5,52 1871–1893, 2015.
[7] K. Clement-Nyns, E. Haesen, and J. Driesen, “The impact of charging
6 26,79 6,97
plug-in hybrid electric vehicles on a residential distribution grid,” IEEE
Transactions on Power Systems, vol. 25, no. 1, pp. 371–380, Feb 2010.
Na Tabela IV, o aumento do recurso do solar nos cenários [8] M. H. J. Bollen and S. K. Rönnberg, “Hosting capacity of the power
grid for renewable electricity production and new large consumption
causa a elevação das perdas técnicas atingindo o patamar equipment,” Energies, vol. 10, no. 9, 2017.
de 26,79% como máximo identificado nas simulações. Esta [9] A. Rodriguez-Calvo, R. Cossent, and P. Frías, “Integration of pv and evs
elevação está associada à penetração da geração fotovoltaica in unbalanced residential lv networks and implications for the smart grid
and advanced metering infrastructure deployment,” IJEPES, vol. 91, pp.
em horários onde o consumo de carga é reduzido. Além disso, 121 – 134, 2017.
essa perda técnica tende a representar prejuízos financeiros [10] N. Knak Neto and L. Piotrowski, “Methodology for analysis of the
para a distribuidora ao disponibilizar para o consumidor a impact of residential charging of electric vehicles,” IEEE Latin America
Transactions, vol. 17, no. 06, pp. 953–961, June 2019.
energia registrada no medidor residencial os créditos gerados. [11] C. M. Affonso and M. Kezunovic, “Technical and economic impact
of pv-bess charging station on transformer life: A case study,” IEEE
VI. C ONCLUSÃO Transactions on Smart Grid, vol. 10, no. 4, pp. 4683–4692, July 2019.
[12] A. T. Procopiou, J. Quirós-Tortós, and L. F. Ochoa, “Hpc-based pro-
Este artigo apresentou a avaliação probabilística dos im- babilistic analysis of lv networks with evs: Impacts and control,” IEEE
pactos técnicos da conexão de MFCR e VEP em uma rede Transactions on Smart Grid, vol. 8, no. 3, pp. 1479–1487, May 2017.
de baixa tensão real Brasileira utilizando o método de Monte [13] A. Luque and S. Hegedus, Handbook of Photovoltaic Science and
Engineering, 2nd ed. United Kingdom: John Wiley and Sons, 2011.
Carlo. As incertezas são geradas aleatoriamente para aproxi- [14] J. T. Pinho and M. A. Galdino, Manual de Engenharia para Sistemas
mar operação da rede elétrica do cotidiano. Fotovoltaicos, 2014.
A conexão de VEP e MFCR tem crescido recentemente [15] J. Gentle, W. K. Härdle, and Y. Mori, Handbook of Computational
Statistics. Springer Science and Business Media, 01 2004.
e a possibilidade de acontecer problemas na rede elétrica [16] ANEEL, “Módulo 8 - qualidade da energia elétrica,” 2017.
secundária eleva-se. Deste modo, considerou-se 6 cenários [17] W. Yuli, X. Cheng, X. Rong, O. Benhong, and L. Wenjie, “Life-cycle
distintos de radiação solar para a avaliação conjunta através management and interact evaluation of distribution cables devices,”
in 2018 China International Conference on Electricity Distribution
de 1000 simulações de Monte Carlo. Os resultados obtidos (CICED), Sep. 2018, pp. 244–247.
demonstraram que a conexão do VEP e MFCR prejudica a [18] C. C. B. d. O. Nelson Kagan and E. J. Robba, Introdução aos Sistemas
operação da RDS principalmente nas residências localizadas de Distribuição de Energia Elétrica, 2nd ed. Brasil: Edgar Blücher,
2010.
no final do circuito, mais distantes do transformador. A [19] C. R. T. Castro, S. R. Barbosa, H. L. Ferreira, L. E. Samico, I. J. S.
subtensão dispõe dos eventos mais problemáticos, pois em Lopes, and S. R. Silva, “Power transformer loading studies considering
determinadas localizações a demanda de carga causa distúrbios overexcitation,” in 2004 IEEE/PES, Nov 2004, pp. 651–656.
[20] ANEEL, “Módulo 7 - cálculo de perdas na distribuição,” 2017.
em todas as simulações. Na sequência, as sobretensões acon- [21] (2020) Electric vehicle database. [Online]. Available: https:
tecem em menor frequência. Os condutores mais carregados //ev-database.org/car/1019/Nissan-Leaf-24-kWh
são os mais próximos do transformador devido ao transporte [22] J. Quiros-Tortos, L. F. Ochoa, and T. Butler, “How electric vehicles and
the grid work together: Lessons learned from one of the largest electric
de carga para os ramos adjacentes. A seguir, o carregamento vehicle trials in the world,” IEEE Power and Energy Magazine, vol. 16,
do transformador é crítico durante distintos horários do dia, no. 6, pp. 64–76, Nov 2018.
contribuindo para a redução de sua vida útil. Por fim, as perdas [23] D. A. Brodén, K. Paridari, and L. Nordström, “Matlab applications
to generate synthetic electricity load profiles of office buildings and
técnicas elevam-se conforme a elevação da radiação solar. detached houses,” in 2017 IEEE Innovative Smart Grid Technologies -
Desta forma, a abordagem de avaliação proposta é uma Asia (ISGT-Asia), 2017, pp. 1–6.
importante ferramenta para as concessionárias aprimorarem [24] R. C. Dugan and T. E. McDermott, “An open source platform for
collaborating on smart grid research,” in 2011 IEEE PES General
os procedimentos de análise das redes de baixa tensão, iden- Meeting, July 2011, pp. 1–7.
tificar os riscos associados, planejar estratégias de reforço e [25] MATLAB, version 9.5 (R2018b). Natick, Massachusetts: The
controle na rede. Os trabalhos futuros devem incluir a análise MathWorks Inc., 2018.

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