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Metodologias em Educação Musical:


Orff e Dalcroze

DIDÁTICA II
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APRESENTAÇÃO

Súmula

Apresentação dos métodos de ensino de Música de Carl Orff e Émile Jaques-Dalcroze.

Objetivos

Expor os fundamentos das abordagens metodológicas de Orff e Dalcroze.


Refletir sobre as estratégias definidas nesses métodos e como podem ser aplicados ao planejamento de
ensino de Música.
Estimular a pesquisa complementar sobre os métodos explorados, a partir de uma exposição introdutória.

Material elaborado para o curso de Licenciatura em Música EAD / UFBA 2024.


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CONTEÚDO

Introdução

Caro(a)s estudantes,

A partir desta unidade, passaremos a tratar das especificidades de métodos bastante utilizados em
Educação Musical no Brasil e no mundo. Inicialmente, abordaremos modelos mais tradicionais que foram
difundidos durante o século XX e, ao final, dedicaremos ao estudo de modelos teóricos contemporâneos. Os
conteúdos das próximas UE tratará uma ou duas abordagens metodológicas, buscando fomentar também o
debate sobre materiais brasileiros que contribuem com as práticas de docentes de Música.

De acordo com Paz (2000), as transformações pelas quais a pedagogia musical passou ao longo do século
XX nos obrigam a repensar e a revisar toda uma prática musical até então desenvolvida. Para essa autora,
essa reformulação não é possível sem um profundo questionamento de ideias. Portanto, convido-o a buscar
os conteúdos relacionados nas UE, refletir, questionar e debater com os colegas!

Conforme anunciamos na apresentação deste componente curricular, é de fundamental importância a tua


participação e interação com o conteúdo, com os colegas e tutores, pois apesar de ser mais breve em
função da síntese realizada, boa parte dos conhecimentos sobre os métodos deverão ser buscadas por cada
aluno(a), por meio de pesquisa e realização das atividades.

Bons estudos!

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CONTEÚDO

Métodos tradicionais de ensino em Música

Segundo Koellreutter (1997), na maior parte das escolas de Música, departamentos ou conservatórios, os
estudantes ainda são “treinados” para a execução e apreciação da sociedade do século XIX, de cultura
eurocêntrica, cuja estrutura sociocultural se torna obsoleta dentro do contexto da nossa sociedade
contemporânea, dinâmica e economicamente diversa. No entanto, como educadores musicais, precisamos
reunir materiais de correntes diversas e analisá-los de forma crítica, possuindo flexibilidade e critérios claros
– não definitivos! – para um planejamento musical dinâmico.

Para Paz (2000), o séc. XX foi marcante no que diz respeito ao surgimento e evolução das doutrinas
pedagógico-musicais, movimento que possui sua base ainda no séc. XVI. Neste slide, fundamentado nas
pesquisas de Paz (2000) e Frega (1997), enumeramos as principais correntes tradicionais da metodologia
em Educação Musical.

• Jaques-Dalcroze, Kodaly, Orff, Willems e Suzuki estão entre os mais estudados no séc. XX.

• João Gomes Jr. (método analítico); Heitor Villa-Lobos (método coral); Antônio Leal Pereira (método de
iniciação musical); Gazzi de Sá (musicalização); Liddy Mignone (recreação musical); entre outros, são os
brasileiros cujas metodologias podemos destacar como tradicionais.

A seguir, veremos as principais características das metodologias de ensino de Música de Orff e Dalcroze.

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CONTEÚDO

Método ORFF – o autor e seus fundamentos

Carl Orff nasceu na Alemanha em 1895, vindo a falecer em 1982. Foi um grande estudioso da Música e da
literatura infantil em suas investigações sobre música na antiguidade.

A obra didática de Orff, elaborada nos primeiros anos da década de 1950, consta de uma série de 5
volumes, intitulado Musik für Kinder (Música para Crianças). Além disso, desencadeou a invenção e
recriação de instrumentos musicais simplificados para fins didáticos, que propiciavam a execução musical
para iniciantes. Esse material influenciou fortemente a Educação Musical no século XX, e pode ser
observado até hoje em muitos trabalhos.

Fundamentos psicológicos: sua época foi marcada pela preocupação com a aprendizagem infantil, com
base no trabalho de Pestalozzi. Conforme Panofsky (apud Frega, 1997), Orff possuiu uma postura
revolucionária, abandonando teorias vigentes de memorização, para adentrar na prática ativa da música em
seus elementos do discurso musical.

Postura estética: defendia a música ocidental, etnomúsica, música contemporânea em geral (não
acadêmica, mas com caráter didático), com estímulo à criatividade.

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CONTEÚDO

Método ORFF - especificidades

Materiais musicais: enfatiza o folclore regional e tradicional ocidental, música erudita, sem levar em conta a
cultura acadêmica ou popular oriental.

Linguagem musical: buscou trabalhar os atributos do som, audição relativa, no sistema modal e tonal, com
descrições clássicas convencionais do timbre, altura, intensidade e duração. Preocupa-se em abordar
elementos da estrutura melódica, rítmica, harmônica e quanto à forma.

Notação musical: notação tradicional ocidental; não utiliza escrita analógica, e sugere a notação somente
no final do processo de musicalização, sem se preocupar com a teoria, mas, sim, pelo aprendizado por meio
da prática.

Atividades musicais: em algumas etapas ele aborda a audição, o canto e o movimento corporal. Durante
todo o desenvolvimento do método é trabalhado o instrumento musical (percussões diversas, como xilofones
e metalofones especialmente desenvolvidos para crianças, flauta doce, teclado).

Estrutura curricular: possui abordagem centrada no aluno, desenvolvida em módulos, avaliando a


execução individual e coletiva.

Público: crianças e adultos, grupos, com perfil amador ou estudante, sem visar à profissionalização.

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CONTEÚDO

Método ORFF - Instrumental ORFF

Ilustrações

Fonte: Extraída em: https://www.orff.de/en/orff-schulwerkr/development/. Acesso em: 20 mar. 2024.

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CONTEÚDO

Método ORFF – exemplo de partitura: Tinker, tailor (Funileiro, alfaiate)

Importante frisar que as músicas, segundo Orff, devem ser trabalhadas com audição e improvisação,
devendo a partitura ser dominada pelo professor, não necessariamente pelo aluno. Repare que o ritmo de
cada linha (feito por cada criança ou pequeno grupo) é bem simples, mas, como resultado final, surge uma
estrutura complexa no ritmo complementar. Confira uma experiência com crianças, inspirada na metodologia
Orff, neste vídeo.

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CONTEÚDO

Método DALCROZE – o autor e seus fundamentos

Filho de pais suíços, Jaques-Dalcroze (1865-1950) nasceu em Viena, Áustria. Estudou Música desde
pequeno, tornando-se um exímio improvisador ao piano; atuou também como compositor de óperas
cômicas, poemas líricos e música de câmara. Após ser nomeado professor no Conservatório de Genebra,
onde havia estudado, passou a dedicar-se ao estudo dos problemas do ritmo musical, criando um sistema de
Educação Musical infantil através do ritmo.

Fundamentos psicológicos: Dalcroze fundamentou-se na obra do amigo Claparède, autor de “Archives de


Psychologie” (1901). Ele tinha como pressuposto o ativismo: sistema pedagógico cujo princípio é a análise
das atividades de aprendizagem do educando (Frega, 1997). Preocupado em compreender os motivos de
seus alunos não conseguirem executar as partituras de forma musical, ele desenvolveu a Eurritmia (“bom
ritmo”), buscando a conexão entre aspectos da personalidade e ação humana entre fazer, sentir, conhecer e
compreender como essência de seu trabalho.

Postura estética: sua destreza em improvisar ao piano influenciou largamente sua obra. Uma convicção
definitiva do maestro Dalcroze era de que o professor deveria saber acompanhar o aluno em seus
movimentos espontâneos, sozinho ou em grupos. A estética de Jaques-Dalcroze está relacionada a sua
formação acadêmica clássica, no entanto, seus discípulos ampliaram essas perspectivas, inspirados nas
atitudes de respeito pelo ser humano e as diversas criações próprias do maestro.

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CONTEÚDO

Método DALCROZE – exemplo de exercícios

Acima, um modelo de exercício básico, quaternário, baseado na rítmica de Dalcroze e elaborado por Timothy
Caldwell.

Pelo seu caráter interdisciplinar, e por compreender o ser humano em seus elementos afetivos, cinéticos (de
movimento), intelectuais e artísticos, Émile Jaques-Dalcroze foi um musicista e educador à frente de seu
tempo.

Dalcroze, assim como Piaget, estudava e trabalhava de forma interdisciplinar, possuindo grandes amigos e
parceiros profissionais nas mais diversas áreas. Os estudos de Dalcroze sobre ritmo e movimento corporal
influenciaram de forma definitiva não somente a Educação Musical do Século XX, mas, também, a dança
moderna e o teatro.

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MATERIAL COMPLEMENTAR

Artigo: Dalcroze hoje


Neste artigo, a profa. Regina Santos reflete sobre a essência do pensamento de Dalcroze: é necessário que
o professor não se prenda a métodos antigos, mas, sim, procure experimentar, reavaliar, estudar e refletir
constantemente. A interdisciplinaridade de Dalcroze e seu sentido na contemporaneidade constituem-se de
conhecimentos indispensáveis para a Educação Musical atual.

SANTOS, R. M. S. Jaques-Dalcroze, avaliador da instituição escolar: em que se pode reconhecer Dalcroze


um século depois? Revista Debates n. 4, PPGMus UNIRIO, 2001, p. 07-48. Disponível em:
https://seer.unirio.br/revistadebates/article/view/4142/3792. Acesso em: 18 mar. 2024.

Livro: Pedagogias em Educação Musical


Neste livro você encontra sínteses dos principais métodos de educação Musical do Século XX:

MATEIRO, Teresa: ILARI, Beatriz (org.). Pedagogias em Educação Musical. Curitiba: InterSaberes, 2012.
Disponível em:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4650283/mod_resource/content/0/PEDAGOGIAS_EM_EDUCACAO_
MUSICAL.pdf%20%28Anderson%29.pdf. Acesso em: 18 mar. 2024.

Vídeo: Instrumental Orff


Confira neste vídeo a sonoridade de alguns instrumentos utilizados na metodologia Orff.

PROFESSORA JOANA PEDRO. Pedro. Instrumentos Orff: Família das Madeiras. YouTube. 01 nov. 2020
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=0XH-R31jIoA. Acesso em: 18 mar. 2024.

Vídeo sobre Dalcroze


Nesse vídeo, você terá uma síntese das principais características do método Dalcroze:

NEXO DO SABER. Método Dalcroze: Pedagogias em Educação Musical. YouTube. 7 out. 2021. Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=j2OyTfwTYAg. Acesso em: 18 mar. 2024.

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REFERÊNCIAS

DALCROZE, E. J. La musique et l’enfant. In: DALCROZE, E. J. Le Rythme, La Musique et L’Education.


Lausanne: Foetish Frère S.A. Éditeurs, 1965 (1a. Ed. 1912). p. 46-56.

DALCROZE. La Musique et Nous: notes sur notre double vie. Genebra: Perret-Gentil, 1945.

FREGA, A. L. Metodologia Comparada de La Educación Musical. Buenos Aires: Collegium Musicum,


1997.

ORFF, C. Musik für Kinder. Mainz: Shott, 1950-54.

SANTOS, Regina Márcia Simão. Jaques-Dalcroze, avaliador da instituição escolar: em que se pode
reconhecer Dalcroze um século depois? Revista Debates n. 4, PPGMus UNIRIO, 2001, p. 07-48. Disponível
em: https://seer.unirio.br/revistadebates/article/view/4142/3792. Acesso em 18 mar. 2024.

SANTOS, Regina Márcia Simão. A natureza da aprendizagem musical e suas implicações curriculares:
análise comparativa de quatro métodos. Fundamentos da educação musical. CPG Música/UFRGS, v. 2
junho/1994. Disponível em:
https://www.academia.edu/37463762/A_natureza_da_aprendizagem_musical_e_suas_implicacoes_curricular
es_analise_comparativa_de_quatro_metodos. Acesso em: 18 mar. 2024.

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