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Os discípulos já o haviam
acompanhado durante quase três anos, nos quais a opinião pública havia passado
por várias fases: admiração, oposição, afastamento, divisão de opiniões, etc.
Mas a fé de Pedro e dos outros apóstolos ainda não estava tão sólida. Uma outra
conversa revelou a confusão de Pedro. Se ele entendesse totalmente a posição de
Jesus como o divino Cristo, como seria capaz de questionar qualquer palavra do seu
Senhor? Mas quando Jesus falou de morrer em Jerusalém, Pedro se colocou como
adversário e repreendeu o próprio Senhor (16:21-23). O contraste entre os versículos
17 e 23 explica bem a confusão de Pedro, como também de muitos outros: quando
o homem valoriza a revelação divina, faz bem; quando valoriza mais a opinião
humana, vira-se contra Deus e tropeça. No contexto deste período do ministério de
Jesus, este contraste mostra a mistura de convicção e confusão que os apóstolos
estavam vivendo.
Jesus poderia ter respondido às dúvidas dos apóstolos com palavras suaves e
compassivas. Podemos ficar surpresos e até espantados com sua abordagem
desafiadora: “Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a
si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” (16:24). Em outras palavras: “Pedro,
se você achou difícil falar do sacrifício da minha vida, vamos falar sobre o sacrifício
que você e os outros discípulos farão!”
Jesus levou Pedro, Tiago e João a um monte, onde ele foi transfigurado. Jesus sempre
teve a glória divina, porque ele “é o resplendor da glória e a expressão exata do seu
Ser” (Hebreus 1:3). Ele “é a imagem do Deus invisível” porque nele reside “toda a
plenitude da Divindade” (Colossenses 2:9). Mas, naquele dia no monte, esta glória
se tornou visível aos olhos naturais dos três apóstolos que o acompanhavam.
Tente imaginar esta cena. Jesus levou consigo três homens criados em famílias
judias, com conhecimento das histórias de grandes figuras do Antigo Testamento.
Estes já haviam tido três anos para se acostumar com a presença de Jesus, mas
provavelmente nunca imaginaram estar um dia na presença de Moisés, o homem
usado por Deus para libertar o povo e revelar a Lei, ou de Elias, o homem que
inaugurou o período dos principais profetas do Antigo Testamento.
Diante desta situação incrível, Pedro sugeriu que fossem feitas três tendas para
honrar estes personagens: Jesus, Moisés e Elias. O que ele estava pensando? Jesus
não perguntou nada sobre as intenções deste apóstolo, pois o Pai agiu de imediato
para tirar qualquer dúvida sobre a primazia de Jesus. Antes de Pedro terminar de
falar, uma nuvem luminosa os envolveu e o Pai declarou: “Este é o meu Filho amado,
em quem me comprazo; a ele ouvi” (17:5). Deus havia feito uma declaração parecida
quando Jesus foi batizado (3:17), mas, no monte, frisou a autoridade da palavra de
Jesus (veja Deuteronômio 18:18-19).
Tiago foi o primeiro apóstolo morto por sua fé (Atos 12:1-2). Mesmo assim, os
outros, inclusive seu próprio irmão, João, continuaram na sua dedicação a Jesus.
João provavelmente foi o último dos apóstolos a morrer. Ele serviu ao ponto de ser
exilado por causa da sua fé, mas não abandonou a sua convicção. Este apóstolo fez
várias afirmações que mostram sua certeza absoluta da divindade e autoridade
daquele que mostrou a sua glória no monte (veja João 1:14; 20:30-31; 21:24-25).
Pedro sofreu bastante, mas nunca desistiu da sua missão e nunca esqueceu daquele
momento no monte. No final da sua vida ele incentivou os outros a serem fiéis e
escreveu estas palavras: “Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de
nosso Senhor Jesus Cristo seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós
mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade, pois ele recebeu, da parte
de Deus Pai, honra e glória, quando pela Glória Excelsa lhe foi enviada a seguinte
voz: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo. Ora, esta voz, vinda do céu,
nós a ouvimos quando estávamos com ele no monte santo. Temos, assim, tanto
mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la....” (2 Pedro 1:16-
19).