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Saúde na Escola
Ronaldo Adriano Ribeiro da Silva
Tiago Venturi
(orgs.)
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EDITORA ASSOCIADA À
Revisão dos textos Capa
Autores Mariah Carraro Smaniotto
Diagramação
MC&G Design Editorial
CDD: 370 . 11
PREFÁCIO .................................................................................................... 11
SEÇÃO DE ABERTURA............................................................................... 13
À GUISA DE APERITIVO............................................................................ 14
10 INTERSETORIALIDADE E TRANSDISCIPLINARIDADE NA
INTERAÇÃO ENTRE UNIVERSIDADE E FAVELA: EXPERIÊNCIAS
E DESAFIOS DO PROJETO DE EXTENSÃO “EDUCAÇÃO, SAÚDE
E CULTURA EM TERRITÓRIOS DA PERIFERIA URBANA”.................... 166
1 Docente da Universidade Federal do Pará (UFPA), Faculdade de Ciências Biológicas. Doutor em Ensino de Ciên-
cias pelo Programa em Ensino de Ciências e Educação Matemática da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
Doutor e Mestre em Educação.
2 Docente do Departamento de Educação, Ensino e Ciências da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Doutor e
Mestre em Educação Científica e Tecnológica pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Tecno-
lógica (PPGECT), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
PREFÁCIO
Com tripla alegria, satisfação e esperança, recebi o convite para escrever algumas
linhas como abertura da importante obra “Pesquisas, Vivências e Práticas de Educa-
ção em Saúde na Escola”, organizada pelos professores Ronaldo Adriano Ribeiro da
Silva e Tiago Venturi e publicada pela Editora da Universidade Federal da Fronteira
Sul (Editora UFFS) em tempos mais que pertinentes para se discutir saúde e educa-
ção. Em primeiro lugar, alegria pelos organizadores, que vi se formarem e agora já
estão aí: lecionando, pesquisando e organizando obras que fomentam importantes
e necessários debates no campo da Educação em Saúde. Depois, satisfação, porque
muitas das autoras e dos autores das próximas páginas são pessoas companheiras de
jornada de há muito ou de há pouco, de aqui ou de acolá, em diferentes ambientes
acadêmicos e que sempre acrescentam, cada um no seu tema específico, importan-
tes contribuições ao tema da Educação em Saúde. Por fim, muita esperança em ver,
através dos capítulos, o quanto avançamos no pensar e no refletir sobre a natureza e
sobre a prática da Educação em Saúde nos últimos trinta anos, o que permite espe-
rançar sobre o panorama que se descortina a partir destes avanços e das novas ideias
dos pesquisadores e professores que se lançam nesta desafiadora, mas fascinante área
da produção intelectual, do ensino e da prática, seja na escola, seja em outros am-
bientes nos quais a educação, o ensino e a aprendizagem têm lugares de destaque.
Muito feliz e pertinente as imagens que marcam as seções temáticas, resumem
e representam os capítulos que a obra apresenta. Textos de reflexão teórica, de análise
de práticas, de propostas pedagógicas. Todos eles encerram importantes elementos
para a reflexão de pesquisadores, professores em atuação ou em formação inicial
que queiram conhecer e ter elementos para refletir sobre o que é e para que serve
desenvolver Educação em Saúde.
Para apresentar pequena amostra da riqueza a que me refiro, fiz breve exercício
de identificar algumas das temáticas abordadas nos capítulos: constituição e nature-
za do campo da Educação em Saúde como estudos e como prática; sua relação com
modelos de saúde, promoção de saúde, escolas promotoras de saúde e Programa
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
15
1 Doutora em Educação. Professora Titular da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Departamento de
Metodologia de Ensino. Programa de Pós-graduação em Educação Científica e Tecnológica. Líder do Grupo de
Pesquisa ‘Casulo: pesquisa e educação em Ciências e em Biologia’.
SEÇÃO I – REFLEXÕES E INVESTIGAÇÕES
1 EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA ESCOLA: UM
CAMPO DE ESTUDOS E PRÁTICAS NO BRASIL
Tiago Venturi1
1 INTRODUÇÃO
1 Docente do Departamento de Educação, Ensino e Ciências da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Doutor e
Mestre em Educação Científica e Tecnológica pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Tecno-
lógica (PPGECT), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
18
seus atores” (VENTURI e MOHR, 2011, p. 2). A própria designação deste cam-
po é polissêmica: educação em saúde; educação para a saúde; educação e saúde;
educação sanitária. No intuito de refletir sobre perspectivas e designações da ES,
as quais, muitas vezes, são consideradas equivocadamente como perspectivas da
Educação Científica, o presente capítulo objetiva discutir a constituição da Edu-
cação em Saúde na Escola como um campo de estudos e práticas.
Silva et al. (2010) afirmam que a ES, atualmente realizada tanto no setor
de saúde quanto na escola básica, é resultante de estruturas sociais complexas e
de seu desenvolvimento ao longo do tempo. Para compreender seus problemas
e dificuldades e para buscar superar uma visão simplista e normativa, uma aná-
lise dos modelos de ES adotados nos diferentes momentos históricos do Brasil
pode trazer inúmeras contribuições. Essa análise não significa uma sequência
evolutiva do campo, mas uma descrição da prática dominante em certos pe-
ríodos, pois será possível perceber que diferentes formas de desenvolver a ES
sempre estiveram presentes concomitantemente (VENTURI, 2013). A seguir,
apresento os caminhos da ES ao longo da história e suas consequências para
o momento presente.
assinalam que, até o final do século XIX, as medidas de saúde tinham objetivos
de fornecer informações para evitar mortes em massa e recuperar os doentes.
Grandes mudanças na esfera educacional e nas medidas de saúde ocorreram
apenas a partir de 1808, após a instalação da Família Real no Brasil. Surgiram
ações decorrentes da necessidade de educar física, intelectual e moralmente a
população para participar da nobreza (JUCÁ, 2008). Nesse período, as medidas
de saúde, assim como a educação formal, eram destinadas à elite, que buscava a
europeização dos hábitos e costumes (SILVA et al., 2010). Schall (2005) afirma
que, naquele período, a educação formal foi orientada pela medicina social, cujos
preceitos, que antes ignoravam as crianças, passaram a torná-las prisioneiras de
exigências sanitaristas e higiênicas. “A educação era, então, sinônimo de disci-
plina e domesticação” (SCHALL, 2005, p. 43).
De acordo com Wendhausen e Saupe (2003), atividades destinadas às clas-
ses populares, visando abordar e sanar problemas de saúde, de forma planejada
e ampliada, iniciaram-se no Brasil na metade do século XIX e início do século
XX, as quais passaram a ser designadas de “educação higiênica”. De acordo com
as autoras, a educação higiênica nasceu devido à necessidade de saneamento
dos portos e combate às epidemias que assolavam o país, como a febre amare-
la, varíola e a peste. Baseava-se em ordens prescritivas, medidas consideradas
científicas pelos técnicos e a política se definia pelo uso da força policial para
tratar de questões relativas à saúde (WENDHAUSEN e SAUPE, 2003). Devido
às medidas autoritárias e da força repressiva utilizada para impô-las, foi criada
a polícia sanitária, ou polícia médica, também conhecida por brigada sanitária.
Essa proposta coloca ao Estado a atribuição de “assegurar bem-estar e seguran-
ça ao povo, mesmo contrariando interesses individuais, justificando-se assim o
controle coercivo dos problemas sanitários como mecanismos de assegurar a
defesa dos interesses gerais da nação” (SILVA et al., 2010, p. 2540). A causa das
doenças era considerada decorrente da falta de informação e ignorância da clas-
se popular. Por esse motivo, poucos eram os momentos em que as autoridades
realizavam atividades de orientação e convencimento, assim, medidas coercitivas
eram a regra e consideradas mais eficazes (SCHALL, 2005 e SILVA et al., 2010).
Este modelo de medidas,
[...] para promover a saúde pública, não pode, em momento algum, sinonimizar-
-se ao que hoje chamamos ES. Apesar de coerentes, ou aparentemente coeren-
tes com a educação da época, tais ações não faziam referência aos processos de
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
21
Para a época, talvez fosse aceitável que a escola tivesse o objetivo de mol-
dar as pessoas, no entanto, é na permanência destas características no momento
histórico atual que reside alguns problemas que a ES enfrenta hoje. Ou seja, ao
adotar características informativas, normativas, vinculadas à mudança de com-
portamento, a ES realizada nos dias atuais torna-se anacrônica e deturpa as fun-
ções do professor, do EC e da escola.
Na década de 1940, no período de guerra, o governo brasileiro firmou um
convênio com o governo americano e criou o Serviço Especial de Saúde Públi-
ca (SESP), o que significou para o Brasil a vinda de novas técnicas preventivas
e também trouxe novas técnicas educacionais. A educação sanitária passou,
de forma sutil, a levar em conta os fatores sociais, econômicos e culturais. No
entanto, a escola continuava buscando técnicas de regulação e normatização,
cujo objetivo era atingir inconscientemente as crianças (ROCHA, 2003).
A partir dos anos 1950, as ações educativas em saúde passam a ser denomi-
nadas Educação para a Saúde, pautando-se, de acordo com Silva et al. (2010, p.
2544), “por uma ideologia modernizadora que tinha por meta remover os obstácu-
los culturais e psicossociais às inovações tecnológicas de controle de doenças [...].”
No entanto, o que continuava sendo praticado era o antigo formato da educação
higiênica, que visava ao indivíduo e era considerada como fundamental para a
redução de doenças. Segundo Antunes (1999) e Freitas e Martins (2008), esta ES
persistiu em um modelo biomédico, com uma visão reducionista e centrada nos
aspectos anatômicos e fisiológicos do processo saúde-doença, uma vez que “a saúde
é vista como uma questão relativa ao organismo, seus aspectos psicológicos, so-
ciais e ambientais não são levados em conta” (FREITAS; MARTINS, 2008, p. 13).
A partir de 1964, nos regimes militares, as atividades educativas em saúde
passaram a ser articuladas entre equipes compostas por diversos profissionais
de saúde e por educadores (SILVA et al., 2010). A partir deste período, essas ati-
vidades passam a ser denominadas Educação em Saúde. Contudo, continuaram
focadas na mudança de comportamento, em medidas prescritivas e preventivas
(MELO, 1984; SILVA et al., 2010). Assim, é possível afirmar que, ao longo des-
ses momentos históricos, surgiram inúmeras designações para as atividades de
educação e promoção da saúde. No entanto, as ações, sejam elas consideradas
educativas ou coercitivas, possuíam os mesmos fundamentos normativos e os
mesmos objetivos comportamentalistas e imediatistas, que desconsideravam a
complexidade social e o contexto em que as pessoas estavam inseridas. Somente
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
23
a partir dos anos 1960, é que a perspectiva das atividades de saúde passara a le-
var em conta outros aspectos, conforme veremos a seguir.
MOHR, 2011; SILVA e TEIXEIRA, 2015; SOUZA et al., 2015; MARINHO e SILVA,
2017; OLIVEIRA e OLIVEIRA, 2017; VENTURI e MOHR, 2019).
Em meio às discussões no campo da ES no EC, estudos como das pesquisa-
doras Virgínia Torres Schall e Adriana Mohr destacaram-se no contexto nacional.
Suas perspectivas inovadoras contribuíram significativamente para a constituição
deste campo de estudos e são discutidas a seguir.
Não basta saber sobre os fenômenos que causam uma doença ou desequilíbrio
ecológico; é preciso superar a tendência de memorizar nomes científicos e ciclos
de transmissão de endemias; de incutir passivamente regras e hábitos de higiene
ou de como cuidar de hortas e jardins, universo restrito da saúde e ambiente em
grande parte das escolas. É preciso que tais noções e práticas sejam construídas
partindo de motivações internas que as justifiquem e apreciem, compreendendo o
contexto em que se encontram, não se restringindo a elas (SCHALL, 2005, p. 53).
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
29
2 Fica aqui registrada uma saudosa homenagem à admirável pesquisadora Virgínia Torres Schall, cujos estudos
inspiraram minha trajetória acadêmica e que, na ocasião de minha defesa de mestrado, em 2013, foi grande in-
centivadora e motivadora da continuidade dos estudos em nível de doutorado. O seu legado permitirá que conti-
nuemos, no presente e no futuro, pensando e refletindo a Educação em Saúde com ela: “Virgínia Schall presente!”
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
1 Doutora em Genética e Biologia Molecular, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul
(UNIJUÍ).
2 Mestre em Educação nas Ciências, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul
(UNIJUÍ).
3 Mestre em Educação nas Ciências, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul
(UNIJUÍ).
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
37
2 PERCURSOS DA PESQUISA
em Saúde (ES), tais como Marco (2006), Silva e Bodstein (2016) e Martins et al.
(2017), e, a posteriori, conforme as unidades de significado emergidas. Usamos
o software ATLASTI.75 (ATLAS, TI, 2016; FERREIRA, et al., 2012; WALTER e
BACH, 2015), na organização e análise dos dados.
Para discutir as temáticas e reconhecer os modelos de saúde predominantes,
utilizamos excertos dos estudos selecionados. Os excertos das pesquisas, neste
capítulo, foram denominados com a mesma codificação assumida por Schwin-
gel (2016): C1, C2, ..., a Cn aqueles provenientes do Portal Capes e com S1, S2,
…, a Sn, os do “Scielo”, e por Dutra (2017): P1 até P254, gerado na inserção dos
documentos pelo programa Atlas.TI7 (começando pelas edições do ENEBIO;
depois do ENEC e, por fim, do ENPEC).
5 Agradecimento à FAPERGS pelo subsídio financeiro para obtenção do software ATLAS. TI7.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
41
Essa definição, a partir do século XX, tem ganhado força e configura uma
visão mais global da saúde, compreendendo, por sua vez, as dimensões física,
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
42
Tabela 2: Identificação dos textos investigados por Schwingel (2016) e Dutra (2017)
Texto Autores e tipo de publicação Título/Ano de publicação
P4 Gabriela V. da Silva; Marian Penacosta; Caminhos da Sexualidade (2007)
Raoni R. Rodrigues; Vanessa F. Gonçalves;
Felipe W. Amorin, Ar
P24 Paulo Henrique M. Gomes; Mariana de S. Educação em Saúde nos livros didáticos
Zancul Ar de Ciências para o Ensino Fundamental
(2010)
C94 Bianca Assunção Iuliano D Atividades para promoção de alimentação
saudável em escolas de Ensino
Fundamental do município de Guarulhos,
SP (2008)
C159 Cristiane Ramos Voorpostel D Percepções de professores e funcionários
de escola rural sobre a alimentação (2007)
C185 Débora de Souza Santos D Ações intersetoriais de educação e saúde:
entre teoria e prática (2005)
S53 Fernanda Brenner Morés; Esalba Silveira Desvelando a concepção de saúde em um
Ar grupo de crianças inseridas em atividades
de promoção da saúde (2013)
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
43
6 Trata-se de duas referências com o mesmo nome, pois se referem às dissertações e ao artigo decorrente.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
45
“[...] elemento de transformação social será capaz de mobilizar ações que con-
cretizem os ideais da promoção da saúde para alcançar a equidade. Entendemos
que quando a escola se descobrir como um espaço democrático, onde profes-
sores, alunos e família se eduquem mutuamente, será possível a socialização
da promoção de saúde” (C377);
o ensino com foco na Saúde”. Isso implica a preocupação com a formação pro-
fissional dos professores para o trabalho com o tema da saúde nos contextos es-
colares. Mohr (2002) aponta que a expressão Educação em Saúde assinala um
campo de trabalho e exercício, majoritariamente, pedagógico, o que denota a
importância de uma abordagem de Saúde na formação de professores cunhada
por um trabalho pedagógico, em detrimento de singelas definições conceituais
específicas da área.
Collares e Moysés (1994) ponderam que os professores, em vez de se preo-
cuparem com os problemas educacionais, apresentam uma postura acrítica, en-
caminhando os alunos para os especialistas em Saúde. Zancul e Gomes (2011)
discutem que o papel do docente de Ciências como educador em Saúde escolar
é urgente e necessário. Schwingel (2016, p. 36) revelou a necessidade de ter bem
definidos “os conceitos de Educação em, para e na Saúde, bem como o fato dos
modelos de Saúde influenciarem na maneira de apresentar o tema em foco nos
bancos escolares e também nos cursos de formação de professores”.
“[...] o professor precisa estar educado para a afetividade, pois se tratamos com as
diversidades em nosso cotidiano escolar, precisamos ter respeito e abertura para
compreensão do outro, e noção do inacabamento da condição humana” (C384).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
Saúde pode ser definida como um estado de bem-estar físico, social e mental
(OMS, 1946). No entanto, há vários fatores condicionantes do conceito dinâmico
do termo “saúde”, entre os quais, estão: nível de desenvolvimento socioeconômico
do País, dos estados e municípios; infraestrutura (saneamento básico, moradia,
trabalho); a subjetividade (afetividade, espiritualidade); sexualidade; diversidade
cultural; grau de desigualdade de renda; presença de agentes transmissores de
doenças; violência; discriminação; drogas; alimentação inadequada (desnutrição
ou obesidade) (BRASIL, 1990).
Já o direito à saúde, presente na Declaração Universal dos Direitos Hu-
manos (1948), da mesma forma, é previsto na Constituição Federal Brasileira
(BRASIL, 1988), que enfatiza a participação popular na formulação e no con-
trole social das políticas de saúde. Nesse panorama, a escola inclui um espaço
de fortalecimento das pessoas na busca de uma vida mais saudável, pois é o
1 Professora Associada do Depto. de Biologia Geral da Universidade Estadual de Londrina (Londrina, PR, BRASIL),
na área de Metodologia e Prática de Ensino de Ciências e Biologia.
2 Especialista em Ensino de Ciências Biológicas. Analista Acadêmico vinculado a Diretoria de Gestão de Alunos da
Cogna Educação (Londrina, PR, BRASIL).
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
56
A escola tem papel político fundamental neste contexto, pois é nele que
se constrói, destrói ou se perpetua uma ideologia realizada a partir da trans-
missão de valores e crenças, além de ser um ambiente propício ao desenvolvi-
mento de ações educativas em saúde. A sociedade da informação nos causa a
impressão de que em nenhum outro momento histórico se falou tanto de saú-
de ou promoção da saúde, ou seja, verifica-se a atribuição de promover saúde
no ambiente escolar como elemento transformador da realidade. A escola cria
uma articulação com outras instâncias, como a família e a comunidade na qual
está inserida, o que assegura, de certa forma, um alcance mais amplo das in-
formações discutidas. Nesse sentido,
Cabe aos sistemas e redes de ensino, assim como às escolas, em suas respectivas
esferas de autonomia e competência, incorporar os currículos e às propostas
pedagógicas a abordagem de temas contemporâneos que afetam a vida huma-
na em escala local, regional e global, preferencialmente de forma transversal e
integradora(BRASIL, 2017, p. 19).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
De acordo com a Lei n° 8069/1990, no Art. 2°, que discorre sobre as dispo-
sições preliminares do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o adolescen-
te é considerado a pessoa que está entre a faixa etária de 12 a 18 anos de idade
(BRASIL, 1990). Por tratar-se de adolescentes, tende-se a pensar que se trata de
pessoas saudáveis e, em decorrência disso, eles não recebem a específica atenção
à saúde que necessitam (BRASIL, 2010). Porém, essa fase da vida é marcada por
constantes transformações, o que leva a compreender que é de extrema necessi-
dade a interlocução entre diferentes sujeitos visando contribuir na qualidade de
vida dessa população. Nesse contexto, torna-se essencial desenvolver ações de
promoção à saúde e prevenção de agravos.
1 Doutora em Educação em Ciências (UFRGS). Departamento de Ciências da Vida/PPG Educação nas Ciências/
UNIJUÍ.
2 Doutora em Ecologia (UFRGS). Departamento de Ciências da Vida/PPG Educação nas Ciências/UNIJUÍ.
3 Bolsista de Iniciação Científica – Curso de Enfermagem. Departamento de Ciências da Vida/UNIJUÍ.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
73
implica em seu uso de forma abusiva. Então, quanto mais precocemente o as-
sunto for abordado, na perspectiva de compreensão e prevenção aos agravos
e malefícios que as drogas causam para o indivíduo, maior a contribuição ao
adolescente e à sociedade.
Dentre as drogas mais utilizadas no mundo, o álcool está no topo da lista.
Por esse motivo, o consumo de bebidas alcoólicas constitui-se como um problema
de saúde pública, principalmente quando utilizado por adolescentes (BRASIL,
2010). Para superar essa problemática e ampliar ações de educação em saúde
e prevenção do uso de álcool e outras drogas na adolescência, foi elaborado,
em 2015, o documento “Transformando nosso mundo: a Agenda 2030 para o
Desenvolvimento Sustentável”, pelos países que compõem as Nações Unidas.
O documento contém 17 objetivos e 169 metas para serem implementadas em
todos os países, com vistas a impactar positivamente a vida das crianças e dos
adolescentes. O terceiro objetivo visa assegurar uma vida saudável e promo-
ver o bem-estar para todos, em todas as idades, o qual apresenta como meta
o reforço à prevenção e ao tratamento do abuso de substâncias, incluindo o
abuso de drogas entorpecentes e uso nocivo do álcool. O documento aponta
a importância de abordar esse tema com os adolescentes para prevenir que na
vida adulta se tornem indivíduos dependentes dessas substâncias; dessa forma,
busca-se garantir uma vida saudável, evitando prejuízos em longo prazo. Essa é
uma das iniciativas que foi elaborada com intuito de promover transformações
na vida dos adolescentes, o que mostra a necessidade de abordar esse assunto
desde o Ensino Fundamental. É no sentido de compreender a adolescência e os
desafios enfrentados nesta fase para manter uma vida de qualidade que busca-
mos discutir neste capítulo um processo de Educação em Saúde de adolescentes
de uma escola pública do interior do Rio Grande do Sul.
Existem diversas pesquisas que abordam esta temática, mas ainda há mui-
to que avançar, em especial nas escolas de Educação Básica. Para contribuir
na reflexão e no desenvolvimento de estratégias que aproximem as discussões
sobre saberes e práticas escolares com temáticas relevantes na formação de
adolescentes, o estudo apresentado neste capítulo objetiva problematizar e
produzir compreensões sobre o uso de drogas e suas consequências na saúde
e aprendizagem, a partir de práticas educativas que contribuam para articula-
ções dos conteúdos disciplinares com a Educação em Saúde.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
75
2 EM BUSCA DE DADOS
Com vistas a identificar o que vem sendo produzido sobre práticas de edu-
cação em saúde, em escolas de Educação Básica, realizamos, inicialmente, uma
revisão bibliográfica a partir de artigos disponíveis no portal de periódicos da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Uti-
lizamos os descritores “adolescência”, “saúde” e “escola” e o operador booleano
“AND”, colocado entre cada um dos descritores. Obtivemos 1.097 resultados.
Refinamos para o período de 2016 até 2019 e resultaram 243 artigos.
Com esse quantitativo de artigos, iniciamos a inclusão e exclusão por títulos
dos estudos que se relacionavam com a educação em saúde, resultando em vinte
e oito estudos. Com objetivo de aperfeiçoar o estudo, por meio da adequada es-
colha dos artigos a serem incluídos, procedemos a etapa da escolha pelo resumo
de cada publicação. Realizamos a leitura dos resumos individuais e, através disso,
chegamos ao número de dezenove artigos que foram lidos na íntegra, visto que
possuíam alguma articulação com a educação em saúde focada em propostas de
práticas educativas escolares.
Posterior à leitura dos artigos, realizamos algumas atividades com uma
turma de 14 estudantes do 8º ano do Ensino Fundamental, os quais respon-
deram um questionário para identificar suas compreensões sobre o uso abu-
sivo de drogas. Na sequência, a turma foi dividida em grupos para pesquisar
o tema. Cada grupo escolheu uma droga a ser abordada: 1- álcool; 2- cigarro;
3- calmantes e energéticos; 4- solventes e inalantes; 5- esteróides e anabolizan-
tes; 6- maconha. Posteriormente, os estudantes, com auxílio da professora e de
uma bolsista de iniciação científica, aprenderam a utilizar câmeras fotográficas
para filmagem e produção de vídeos sobre o assunto abordado em cada grupo.
Cada estudante elaborou um mapa conceitual em seu caderno e no programa
CmapTools e, a partir dessa produção, foram elaborados cartazes com os ma-
pas conceituais. Na sequência, foram escolhidos dois conceitos de cada gru-
po para serem explicados detalhadamente. Os estudantes foram identificados
pela letra “E” seguida de numeração (E1, E2...E14). Neste capítulo, o foco está
relacionado ao tema álcool.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
76
desafios, podemos destacar, entre tantas outras: violência; uso abusivo de dro-
gas; dificuldades de aprendizagem; descompromisso das famílias com o acom-
panhamento da educação das crianças e jovens. No que diz respeito a drogas,
entendemos que a abordagem do tema articulado aos conteúdos escolares pode
contribuir para prevenção do uso indevido, em especial, do álcool, que é uma
das drogas mais utilizadas no mundo. Segundo pesquisas, o álcool se constitui na
porta de entrada para outras drogas, tornando-se um problema de saúde pública,
principalmente quando utilizado por adolescentes (BRASIL, 2010).
Na adolescência, surgem diversas curiosidades a respeito do uso de drogas.
Muitas vezes, por influência de amigos ou por conviver com famílias desestru-
turadas, o uso dessas substâncias acaba sendo também um fator influente para
entrada no mundo do crime, visto que, nessa idade, os jovens são mais vulne-
ráveis ao vício e podem acabar tendo transtornos mentais que podem aparecer
somente no futuro. Nesse sentido, para Silva et al. (2010, p. 610),
O uso contínuo dessa substância pode causar tosse crônica, alteração da imuni-
dade, redução dos níveis de testosterona e desenvolvimento de doenças mentais,
como esquizofrenia, depressão e crises de pânico, redução do interesse e de mo-
tivação pela vida, com a observação da síndrome amotivacional (COUTINHO;
ARAÚJO; GONTIÈS, 2004).
Quanto às consequências do uso abusivo de drogas, os estudantes desta-
cam a sociedade como sendo a mais atingida, devido à agressividade, uma vez
que muitos jovens se tornam hostis, tanto com a própria família, quanto com a
sociedade em si. Outro problema apontado foi a prática de roubo para conseguir
subsídios para a compra dessas drogas.
Em relação aos fatores que levam as pessoas a recorrerem ao uso de dro-
gas, o motivo mais citado foi más companhias, seguido por problemas familia-
res. Outro ponto importante destacado na pesquisa é que 57,14% conhecem ou
convivem com usuários de drogas, as quais, em sua maioria, são ilícitas, o que
acaba se tornando um grande problema, já que muitos jovens são influenciados
pela facilidade em adquirir ou até mesmo são induzidos por traficantes.
Pessoa, Coimbra e Koller (2017, p. 102) afirmam que o “envolvimento de
adolescentes na comercialização de substâncias psicoativas ilícitas é uma reali-
dade de diversos países no mundo”, porém o problema se aprofunda em regiões
de maior desigualdade social. O “envolvimento no tráfico está, notoriamente,
associado a problemas de ordem econômica e social, que coloca muitas famílias
numa condição desprivilegiada”.
Nesse sentido, acreditamos que a escola pode contribuir, além do aprendiza-
do disciplinar, promovendo condições para superação das desigualdades sociais.
Pesquisas realizadas em ambiente escolar (BOFF; DEL PINO, 2013) mostram que
interações produzidas a partir da realização de atividades que focalizam o con-
texto de vivência dos estudantes produzem contribuições significativas, tanto em
relação ao desenvolvimento de conteúdos disciplinares, quanto na compreensão
de questões sociais, culturais e de saúde. Além disso, ao tratar de temáticas que
problematizam situações que envolvem um grande número de adolescentes em
idade escolar, amplia-se o compromisso da escola em estimular nos estudantes
a capacidade de argumentar, relacionar e fazer escolhas conscientes frente aos
problemas associados com o uso abusivo de drogas.
Dessa forma, foram propostas atividades abordando o assunto de modo
problematizador, despertando, nos estudantes, interesse e preocupação com os
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
81
Estudo realizado por Boff e Del Pino (2018) mostra que, para desenvolver
os conteúdos disciplinares a partir de contextos relevantes socialmente, como
evidenciado na Figura 1, é necessário estabelecer interlocuções com profissio-
nais de diferentes áreas do conhecimento. No referido estudo, em determinado
momento, as professoras não estavam visualizando seus conceitos disciplinares,
mas, para enfrentar as dificuldades, foi convidada uma professora de biologia
para contribuir nos entendimentos sobre a atuação das drogas no ser humano.
A professora destaca:
Vou começar falando da função do Sistema Nervoso. Tem uma integração entre
sistema nervoso sensorial que na verdade a gente não deve considerar ele como
uma forma separada: sistema nervoso ou neurosensorial e o sistema endócrino
que coordena todas as funções corporais. A ação conjunta desses dois sistemas
é que leva ao funcionamento normal do corpo, qualquer alteração que ocorra é
ele que faz a regulação. O cérebro tem várias estruturas que acabam se conec-
tando e atuam em conjunto no sistema de recompensa que é justamente onde
as drogas atuam. [...] Então todas essas regiões do cérebro são responsáveis por
aquelas funções: comportamento emocional, memória, aprendizado, emoções,
vida vegetativa (digestão, circulação, excreção etc., em tudo isso as drogas vão
interferir. [...] Como funciona o neurônio efetivamente? Quantidades diferentes
do meio intra e extracelular e como grande parte dessas substâncias são íons
são carregados eletricamente. Então essa distribuição diferenciada vai dar uma
diferença de potencial elétrico entre o meio intra e extracelular. [...] Nos neurô-
nios e músculos a gente pode chegar a ter 60 milivolts de diferença de potencial
elétrico, isso é o que faz funcionar o neurônio (BOFF; DEL PINO, 2018, p. 139).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
1 Este capítulo se baseia em parte da tese “A Educação em Saúde nos processos formativos de professores de Ciências
da Natureza mediada por filmes (2018)” desenvolvida no Doutorado em Educação nas Ciências, na UNIJUÍ, pela
primeira autora, Eliane Gonçalves dos Santos.
2 Doutora em Educação nas Ciências (UNIJUÍ). Professora de Prática de Ensino e Estágio Supervisionado em Ciên-
cias e Biologia da Universidade Federal da Fronteira Sul – Campus Cerro Largo e docente do Programa de Progra-
ma de Pós-Graduação no Ensino de Ciências (PPGEC).
3 Doutora em Genética e Biologia Molecular, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul
– UNIJUÍ.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
88
4 Filmes comerciais são aqueles que foram produzidos e comercializados com fins lucrativos, disponíveis em cine-
mas, canais de televisão entre outros.
5 Entendemos com Vigotski (1929, 2008) que o cinema é um instrumento que serve para organizar o conhecimento,
o signo (linguagem) e o pensamento. Dessa maneira, ao utilizar filmes comerciais, em sala de aula, eles se caracte-
rizam como instrumento que permite significações, um meio para desenvolver a ação mental, para pensar sobre
determinadas questões e situações.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
89
6 Na literatura podemos encontrar os seguintes modelos de saúde: Biomédico – saúde como ausência de doenças;
Modelo Comportamental – para se ter saúde, há que se mudar os hábitos e comportamentos; Modelo Biopsicos-
social ou modelo sistêmico, o qual privilegia a visão integral do sujeito nas dimensões física, psicológica e social, e
a prevenção em vez do tratamento e Modelo Ecossistêmico – há uma estreita inter-relação entre a noção de saúde,
qualidade de vida e o ambiente. Dentro dessa perspectiva, a saúde e a doença são decorrentes de fatores que estão
ligados às questões ambientais, tais como: ausência de saneamento básico; poluição das águas, do solo e do ar;
condições precárias de moradia; proliferação de vetores; desmatamento; entre outros ( MARTINS, L.; SANTOS,
G. S.; EL-HANI (2012); GÓMEZ; MINAYO (2006)).
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
90
[...] parece tão verdadeiro – embora a gente saiba que é de mentira – que dá
para fazer de conta, enquanto dura o filme, que é verdade. Um pouco como
num sonho: o que a gente vê e faz num sonho não é real, mas isso só sabemos
depois, quando acordamos. Enquanto dura o sonho, pensamos que é verdade.
[...] os currículos escolares tentam ignorar que fora da sala de aula as crian-
ças muito aprendem sobre o mundo, que a informação que a mídia lhes lega é
acessível. A escola é solicitada a estimular competências não para simplesmente
ler, interpretar, mas para compreender meios e mensagens audiovisuais que os
jovens consomem e com os quais se envolvem afetivamente.
4 PROPOSTA DIDÁTICA
Ficha técnica
– Nome: O Exótico Hotel Marigoldi (2012);
– Direção: John Madden;
– Elenco: Judi Dench, Maggie Smith, Bill Nighy, Penelope Wilton, Tom
Wilkinson, Ronald Pickup, Celia Imrie, Dev Patel, Tena Desae, Lillete
Dubey;
– Gênero: Comédia dramática;
– Nacionalidade: Reino Unido.
Sinopse
– O filme apresenta ao espectador a história de sete aposentados britânicos –
Evelyn, Muriel, Douglas, Jean, Graham, Norman e Madge – que decidem
ir para a Índia passar sua aposentadoria em um luxuoso resort em Jaipur,
onde acabam descobrindo que a estrutura do lugar não é como os anúncios
da internet apresentavam. Antes dos personagens iniciarem a viagem, apre-
senta-se uma breve história da vida de cada um deles e os possíveis motivos
que os levaram a tomar a decisão de ir para a Índia. Evelyn (Judi Dench),
após a recente morte do marido e a venda do apartamento onde moravam
para quitar as dívidas deixadas pelo morto, recusa-se a morar com o filho;
Muriel (Maggie Smith), uma senhora ranzinza e preconceituosa que neces-
sita de uma cirurgia de emergência, é aconselhada a ser operada naquele
país; o casal Douglas (Bill Nighy) e Jean (Penelope Wilton), desgastados
por tantos anos de convivência; Graham (Tom Wilkinson), um jurista re-
cém-aposentado que volta ao local depois de vários anos para prestar contas
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
99
com seu passado; Norman (Ronald Pickup) e Madge (Celia Imrie), que não
perderam as esperanças de encontrar alguém para passar o tempo que ain-
da lhes resta, seja para uma vida a dois ou para redescobrir o prazer do sexo.
Objetivos
– Refletir sobre o envelhecimento humano e fatores socioculturais;
– Diferenciar/ caracterizar os diferentes modelos de saúde.
Metodologia
– Passo 1 - realizar a leitura do material de apoio;
– Passo 2 - assistir ao filme e/ou às cenas selecionadas;
– Passo 3 - solicitar aos estudantes que apresentem suas impressões da histó-
ria ou cena mostrada pelo filme;
– Passo 4 - fazer perguntas específicas relacionadas ao filme, ao envelheci-
mento e aos modelos de saúde.
– Passo 5 - solicitar a produção de algum material (texto, pesquisa etc.)
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ANTUNES, J. P. Para além das palavras. In: ZANCUL, M. C. S.; BADIA, D. D.;
VIVEIRO, A. A. (org.). Cinema e educação: algumas leituras possíveis. São Paulo:
Cultura Acadêmica, 2015. p. 9-12.
BARROS, J. A. Pensando o processo saúde doença: a que responde o modelo
biomédico? Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 11, n. 1, jan./jun. 2002, p. 67-84.
Disponível em: http://www.revistas.usp.br/sausoc/article/view/7070/8539. Acesso em:
23 abr. 2015.
BERNARDET, J. C. O que é cinema. São Paulo: Brasiliense, 1985.
BICCA, A. D. N. Os filmes de ficção científica nos ensinando a viver em uma
civilização cibernética. 2010. 381 f. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de
Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre, 2010.
BRASIL. Lei n° 9394/1996. Lei de Diretrizes e Bases Nacionais da Educação, 1996.
CARNEIRO, V. L. Q. A televisão e o vídeo na escola. Televisão e educação:
aproximações. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria da Educação Básica, 2005.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
101
Guilherme Mulinari1
Cleiton Lessmann2
1 INTRODUÇÃO
3 De acordo com a concepção elaborada pela equipe do MEC, os temas transversais devem perpassar os conteúdos
curriculares. Assim, “As áreas convencionais devem acolher as questões dos Temas Transversais de forma que seus
conteúdos as explicitem e que seus objetivos sejam contemplados” (BRASIL, 1998, p. 27).
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
107
optamos, por ora, por voltar nosso foco para como podemos reimaginar a esco-
la. Podemos considerar esse exercício como parte de um utopismo pedagógico,
porque propomos uma prática pedagógica que parte do princípio de que todos
podem aprender tudo, mas reconhecemos que essa premissa está em contradição
com a realidade (VERBURGH et al., 2016).
É importante lembrar também que a escola como a conhecemos nem
sempre teve a mesma configuração. Masschelein e Simons (2014) indicam-nos
que a palavra “escola” tem origem no grego skholé, que significa “tempo livre”,
enquanto pedagogo, derivado da palavra grega paidagogós, indica aquele que
levava até a skholé. Os autores definem tempo livre como:
Nessa visão, a escola opera em um tempo que não está determinado a ne-
nhuma atividade específica, o que, evidentemente, gera uma separação do mundo
produtivista, bem como dos contextos aos quais a criança costuma estar restrita
(família, igreja, bairro). A escola é a experiência comum entre sujeitos diferentes
que, neste espaço, suspendem suas necessidades, obrigações, demandas, apro-
priações econômicas, sociais, culturais, religiosas e políticas. Suspender esses
elementos não significa negá-los, mas, sim, gerar um processo de desfamiliari-
zação, dessocialização, desapropriação ou desprivatização, conforme Massche-
lein e Simons (2014). Os autores sugerem que, além da suspensão, a profanação
também é um movimento importante. Eles chamam de profanas as coisas quan-
do libertas de seus nomes sagrados, ou seja, quando estão desconectadas de seu
uso regular. Dessa forma, o que está estabelecido nas estruturas sociais pode ser
questionado na escola. Ademais, a escola é tempo de atenção, de estar atento ao
mundo, um tempo de entrega, de exposição e de encontros, sem as amarras das
orientações e subjetividades sociais. Nestes movimentos (suspensão, profanação
e atenção), a escola realiza seu potencial pedagógico servindo como espaço so-
cial para o questionamento das coisas como estão, por meio do qual os sujeitos
demonstram e verificam sua igualdade. Além de realizar seu potencial político,
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
112
É por isso que skholé não é tanto sobre aprendizagem, identidade ou subjetivi-
dade. A questão não é saber ou aprender quem eu sou, quem você é ou quem
somos nós, a questão é cuidar de si como sendo um cuidado sobre o que inte-
ressa. Trata-se do mundo comum e o que esse mundo tem a "dizer" a mim ou
a nós, como ele me ou nos "interessa". Skholé é o tempo de estar sendo expostos
juntos (MASSCHELEIN; SIMONS, 2014, p. 166, grifos do autor).
[…] há, por um lado, admiração, fascínio e apreço pela paixão e inspiração dos
professores, e, por outro, a desconfiança (e medo) desta mesma autopaixão e
inspiração por parte dos pais, dos políticos e dos líderes que não a aprovam e
não podem aprová-la (MASSCHELEIN; SIMONS, 2013, p. 71).
Para nós, essa dualidade marca o que significa ser professor e a relação que a
sociedade tem desenvolvido com a escola. As expectativas declaradas são de que
as próximas gerações possam conhecer o mundo e questionar suas estruturas,
porém, os que buscam manter a ordem (pais, líderes, políticos) acreditam que
certas coisas não devem ser postas “em cima da mesa”. Dessa contradição, sur-
gem as políticas públicas que cada vez mais limitam a autonomia docente e talvez
impossibilitem o próprio ser professor. Com essa reflexão, buscamos explorar a
indissociabilidade entre o trabalho do professor e a liberdade para romper com
as posições já atribuídas; sem isso somos meros replicadores das estruturas. A
ambivalência (admiração/desconfiança) tem consequências diretas no que temos
desenvolvido como ES até então. Questionamos-nos, por exemplo, se as ativida-
des de ES têm respeitado o papel do professor, no sentido de que muitas vezes se
prescreve ao professor o tema sobre qual ele deve falar, em quais escolas e como.
Entendemos que essa forma de desenvolver a ES é incoerente com a perspecti-
va que apresentamos até aqui. Acreditamos que não basta dizer que a escola é
espaço para a ES e prescrever o que deve ser feito; é necessário compreender e
respeitar o papel dela e do professor nesse processo.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para a construção desta seção final, reiteramos nossas defesas de três prin-
cípios necessários para entendermos a ES escolar: i) a premissa de igualdade
intelectual dos sujeitos, base para o exercício da democracia como o ato em que
os sujeitos exercem sua igualdade; ii) a escola como tempo livre para o estudo e
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
114
que restrito à sua disciplina, o professor atuaria como um sujeito que possibilita
e incentiva os alunos a suspender hábitos previamente estabelecidos e incentivar
a criação de um olhar diferenciado sobre os temas de saúde.
Além disso, a forma de pensar a ES que apresentamos é inspirada também
por Mohr e Venturi (2013), que, ao utilizarem princípios de Gerrard Fouréz e
colaboradores (1994), mais especificamente da Alfabetização Científica e tecno-
lógica, sugerem três principais objetivos pedagógicos vinculados à ES: autono-
mia, comunicação e habilidade. Os objetivos são assim explicitados pelos autores:
sociedade” (MOHR, 2009, p. 123). Por acreditarmos que outros caminhos são
exequíveis, construímos essa reflexão entre tantas outras possíveis. É urgente
a necessidade de que, como área, possamos voltar nossas reflexões para o que,
de fato, são nossos objetivos com a ES, sem perder de vista as bases que cons-
tituem a escola e a atuação docente.
REFERÊNCIAS
VERBURGH, A. et al. School: Everyone can learn everything. In: ACHTEN, V.;
BOUCKAERT, G.; SCHOKKAERT, E. A truly golden handbook: The scholarly quest
for utopia. Leuven: Leuven University Press, 2016.
ZANCUL, M. S.; GOMES, P. H. M. A formação de licenciandos em Ciências
Biológicas para trabalhar temas de Educação em Saúde na escola. Ensino, Saúde e
Ambiente, v. 4, n. 1, p. 49- 61, abril, 2011.
7 EDUCAÇÃO E PROMOÇÃO DA SAÚDE EM
MEIO ESCOLAR: CONTRIBUTOS DOS SETORES
DA EDUCAÇÃO E DA SAÚDE1
Leonel Lusquinhos2
Graça Simões de Carvalho3
1 INTRODUÇÃO
1 O estudo do qual se originou este capítulo teve o apoio de fundos nacionais portugueses através da FCT (Fundação
para a Ciência e a Tecnologia) no âmbito do projeto do CIEC (Centro de Investigação em Estudos da Criança) da
Universidade do Minho, com a referência UID/CED/00317/2019.
2 Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica; Centro de Investigação em Estudos da
Criança (CIEC), Instituto de Educação Universidade do Minho, Portugal.
3 Agregação em Educação para a Saúde; Professora Catedrática da Universidade do Minho e Diretora do Centro de
Investigação em Estudos da Criança (CIEC) da Universidade do Minho, Portugal.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
121
da saúde das crianças e dos jovens, contribuindo não só para a promoção da saú-
de, mas também para a melhoria dos resultados escolares dos alunos (IUHPE,
2009). Nesse sentido, nas últimas décadas têm se desenvolvido, em nível nacional,
regional ou local, diversos programas com estratégias de uma abordagem global
da escola, reconhecendo que todos os aspectos da vida da comunidade escolar
são potencialmente relevantes para a promoção da saúde dos agentes escolares:
alunos, professores e funcionários não docentes. Assim, foi se tornando cada
vez mais evidente que a promoção da saúde em meio escolar vai bem mais além
das clássicas aulas de educação para a saúde, lecionadas em disciplinas como a
biologia ou a educação física, previstas nos programas escolares. Tais estratégias
implicam o desenho de planos estruturados e sistematizados conducentes à me-
lhoria da saúde de todos os agentes escolares.
Esta abordagem global enquadra-se no conceito internacional de Escola
Promotora de Saúde (EPS), enfatizado pela OMS (WHO, 1998), e que tem como
finalidade melhorar os resultados escolares e facilitar ações em favor da saúde,
gerando conhecimentos e habilidades nos domínios cognitivo, social e compor-
tamental (IUHPE, 2009). Para que tal ocorra, é necessário o envolvimento dos
setores da educação e da saúde de cada país (FARIA; CARVALHO, 2004; IUHPE,
2009, 2010; WHO, 1998) como forma de promover as condições para o desen-
volvimento de competências em todos os agentes escolares para a melhoria da
saúde e qualidade de vida, bem como do bom desempenho acadêmico. É preci-
so, portanto, desenvolver-se um eficiente diálogo e trabalho conjunto e contínuo
entre o Ministério da Educação e o Ministério da Saúde com vista a:
2 METODOLOGIA
Figura 1: Tipo e origem dos documentos do corpus do estudo, nos documentos do setor da
educação, do setor da saúde e de ambos
Tipo de documentos
Setor da Educação Setor da Saúde Ambos os sectores
11
5 5
3
1 1 1 1 1
0 0 0
Tabela 1: As 30 palavras mais frequentes nos documentos dos setores da educação e da saúde
Das seis palavras mais frequentes nos documentos de cada setor e de am-
bos (Tabela 1), verifica-se que as palavras que são transversais aos três grupos
são “educação”, “saúde” “escolar” e “escola”, o que se relaciona diretamente com
o conceito de “educação e promoção da saúde em meio escolar”. Estes dados de-
monstram que o corpus do estudo contém documentos relevantes para o objeti-
vo do estudo sobre a análise dos contributos dos dois setores para a educação e
promoção da saúde em meio escolar.
Uma vez que os termos “educação para a saúde” (ES) e “promoção da saúde”
(PS) são conceitos chave das Escolas Promotoras de Saúde, procedeu-se também
à quantificação destes dois termos nos 29 documentos. Tal como esperado, no
setor da educação, o primeiro termo é mais utilizado (ES: 211) do que o segun-
do (PS: 24); pelo contrário, no setor da saúde, o termo PS (71) surge com maior
frequência que ES (57). Por sua vez, nos documentos produzidos em conjunto
por ambos os sectores, o termo ES (43) é bastante mais referenciado que PS (11).
No total dos 29 documentos, o termo “educação para a saúde” (311) é cerca de
três vezes mais utilizado que o de “promoção da saúde” (106).
Figura 2: Ocorrências por categoria, nos documentos do setor da educação e do setor da saúde
66
60
45 47
39
30
24
17
10 8
3.4.2 Objetivos
Os “objetivos” de educação e promoção da saúde em meio escolar delineados
pelos documentos do setor da educação e pelo do setor da saúde parecem
coincidentes, uma vez que ambos salientam a melhoria dos conhecimentos em
saúde e a criação de competências nas crianças, jovens e em toda a comunidade
escolar para a tomada de decisões adequadas à sua saúde e ao seu bem-estar,
como se pode ver nos exemplos extraídos dos documentos da área da educação
e da saúde:
Educação:
– Dotar as crianças e os jovens de conhecimentos, atitudes e valores que os
ajudem a fazer opções e a tomar decisões adequadas à sua saúde e ao seu
bem-estar físico, social e mental (E9-DT);
– Desenvolver e manter uma comunidade escolar democrática, inclusiva e
participativa (E13-DT);
– Consolidar a promoção da saúde em meio escolar e na comunidade edu-
cativa, enquanto vector prioritário das políticas nacionais de educação e de
saúde (SE1-DR).
Saúde:
– Melhorar o seu nível de bem-estar físico, mental e social e contribuir para a
melhoria da sua qualidade de vida (OE1-OD);
– Promover estilos de vida saudável e elevar o nível de literacia para a saúde
da comunidade educativa (S7-DR);
– Desenvolver referênciais e orientações integradas que incentivem as oportu-
nidades de promoção e proteção da saúde e prevenção da doença (S6-DT);
– Contribuir para a melhoria da qualidade do ambiente escolar e para a mini-
mização dos riscos para a saúde (S7-DR).
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
129
3.4.3 Metodologias/estratégias
No que diz respeito à categoria “avaliação”, os documentos do setor da
educação consideram a monitorização e avaliação com recurso a métodos
descritivos e correlativos, muito centradas nas unidades orgânicas. Por outro
lado, os documentos do setor da Saúde referem 43 indicadores para aplicação
a nível nacional, em que uns se dirigem a processos e outros aos resultados,
cujos dados são geralmente apresentados em percentagens, tal como se apre-
senta nos exemplos seguintes:
Educação:
– A avaliação recorrerá a métodos descritivos e a métodos correlativos (E13-DR);
– Taxa de Unidades Orgânicas que indicam a participação dos alunos na con-
ceção e elaboração do projeto Promoção e Educação para a Saúde (E13-
DT);
– Número de Unidades Orgânicas que promovem ações de formação para os
diferentes agentes educativos (E13-DT);
– Número de Unidades Orgânicas que indicam pais/encarregados de educa-
ção na equipa Promoção e Educação para a Saúde (E13-DT);
– A avaliação e a monitorização estão centradas nas Unidades Orgânicas
(E13-DT).
Saúde:
– Um set de 43 indicadores (S7-DR);
– Percentagem de crianças/ alunos(as), dos Estabelecimentos de Ensino
abrangidos pelo PNSE alvo de ações de educação para a saúde (EpS) inte-
gradas em Projetos de Promoção e Educação para a Saúde, segundo o nível
de Ensino (S7-DR);
– Percentagem de docentes dos Estabelecimentos de Ensino abrangidos pelo
PNSE alvo de ações de EpS integradas em Projetos de Promoção e Educação
para a Saúde, segundo o nível de Ensino (S7-DR);
– Percentagem de alunos/as dos Estabelecimentos de Ensino abrangidos pelo
PNSE com um nível de literacia para a saúde excelente no 5.º, 7.º, 10.º e 12.º
anos do Ensino Básico e Secundário (EBS) (S7-DR).
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
130
3.4.4 Metodologias/estratégias
A análise dos documentos mostrou que ambos os setores, da educação e da
saúde, são adeptos de metodologias ativas (BERBEL, 2011; DIESEL; BALDEZ;
MARTINS, 2017), especialmente a metodologia por projeto, em que o setor da
educação enfatiza o processo de diagnóstico e de avaliação e o da saúde salienta
principalmente a abordagem multidisciplinar e holística, como se apresenta nos
seguintes excertos:
Educação:
– Elaborar o projeto de Educação para a Saúde com base num diagnóstico,
definindo objetivos e metas, abordando áreas prioritárias tendo em conta
os diferentes níveis de ensino (E14-DR);
– […] no plano curricular, melhorando a relação entre os conteúdos progra-
máticos e a vida, ao nível da escola e do contexto de sala de aula (SE1-RT);
– A escola deve promover uma cultura de exigência assente na autoavaliação
e corresponsabilização através da implementação de um sistema de moni-
torização da promoção e educação em saúde (E13-DT).
Saúde:
– A intervenção da Saúde na Escola requer abordagens abrangentes e multis-
sectoriais, para além da Saúde e da Educação, liderança para influenciar a
sociedade como um todo, organização dos recursos em prol da redução das
desigualdades em saúde e corresponsabilização de todos pela sustentabili-
dade do processo (S7-DR);
– A promoção da saúde em meio escolar, assente nos princípios das EPS e
numa metodologia de trabalho por projeto, […] (S7-DR);
– Abordagem holística da Saúde na Escola ou da Escola (…) e uma aproximação
ao modelo de intervenção das EPS nas suas seis componentes: políticas escola-
res saudáveis; ambiente físico; ambiente social; competências individuais e ca-
pacidades para a ação; parcerias; participação ativa da Saúde Escolar (S7-DR).
Educação:
– Saúde mental e prevenção da violência; Educação alimentar e atividade físi-
ca; Prevenção dos comportamentos aditivos e dependências; Afetos e edu-
cação para uma sexualidade responsável (E13-DT);
– Alimentação, saúde oral, segurança, vacinação, sexualidade, prevenção do
tabagismo, do alcoolismo, da toxicodependência e da sida (SE1-DR).
Saúde:
– Saúde mental e competências socioemocionais; educação para os afetos e a
sexualidade; alimentação saudável e atividade física; higiene corporal e saú-
de oral; hábitos de sono e repouso; educação postural; prevenção do con-
sumo de tabaco, bebidas alcoólicas e outras substâncias psicoativas, bem
como de comportamentos aditivos sem substância; desenvolvimento sus-
tentável; ambiente escolar seguro e saudável; avaliação dos riscos ambien-
tais para a saúde; prevenção dos acidentes e primeiros socorros (S7-DR).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
pela Organização Mundial da Saúde (WHO, 2012), pela International Union for
Health Promotion and Education (IUHPE, 2009, 2010) e pela Schools for Health
in Europe (SHE, 2013).
A maioria dos documentos (22 de 29) são publicações no Diário da República,
emitidos pelo Ministério da Educação e pelo Ministério da Saúde, abrangendo,
portanto, todo o território nacional, orientando, desse modo, a implementação
da educação e promoção da saúde em meio escolar de forma a poder tornar-se
potencialmente mais efetiva. O que surge agora como estudo fundamental a ser
levado a cabo é vir a conhecer como, em termos práticos, as escolas desenvolvem
as atividades de educação e promoção da saúde. Assim, poder-se-á verificar se o
ideário teórico do governo português (que o estudo apresentado considera ser
condizente com as diretrizes internacionais) se consubstancia efetivamente na
vida real das escolas, proporcionando uma melhor saúde e bem-estar da comu-
nidade escolar.
REFERÊNCIAS
Miriam Struchiner2
Judith Bustamante Bautista3
Diana Ciannella4
1 INTRODUÇÃO
1 Estudo realizado com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Coordena-
ção de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
2 Doutora em Educação (Boston University) e Professora Associada do Instituto Nutes de Educação em Ciências e
Saúde/UFRJ.
3 Mestre em Educação em Ciências e Saúde pelo Instituto Nutes de Educação em Ciências e Saúde /UFRJ.
4 Doutora em Educação em Ciências e Saúde pelo Instituto Nutes de Educação em Ciências e Saúde e Técnica em
Assuntos Educacionais /UFRJ.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
137
Esse é o caso da saúde, uma temática que entra na escola por meio de
ações pontuais de Educação para a Saúde, de agentes de políticas públicas (Se-
cretarias de Educação e de Saúde) ou de conteúdos na disciplina de Ciências
e nos livros didáticos. Quase sempre, é tratada de forma descontextualizada
do cotidiano dos alunos, priorizando a visão reducionista de saúde como
ausência de doença e responsabilização dos sujeitos sobre suas condições de
saúde por meio de suas condutas (SOUSA; GUIMARÃES; AMANTES, 2019,
VALADÃO, 2004).
Além disso, os estudantes vêm sendo constantemente expostos tanto às
propagandas veiculadas pela mídia, que cultuam os padrões de corpo e saúde,
quanto às campanhas governamentais de cunho preventivo. Distanciam-se,
assim, da concepção ampla de saúde, que não se limita apenas aos aspectos
biológicos e comportamentais, mas que também envolve os aspectos socioe-
conômicos, culturais e ambientais (VASCONCELOS et al., 2006). Embora a
saúde seja considerada um tema integrador e transversal, em meio a tantas in-
fluências, e na falta de um projeto claro da BNCC de sua inserção nas escolas,
é importante identificar e compreender como os estudantes estão construindo
seus conceitos de Saúde.
Neste mesmo cenário social, as Tecnologias Digitais de Informação e Co-
municação (TDIC) vêm se naturalizando e, em muitas situações, já se torna-
ram transparentes em nossas rotinas tanto de trabalho, quanto de nossas vidas
sociais, influenciando os modos de nos comunicarmos, nos informarmos, nos
conhecermos, nos situarmos no espaço e no tempo, a fim de percebermos a nós
mesmos e ao mundo que nos cerca (KENSKI, 2012). Muito se discute também
sobre a facilidade com que os jovens em idade escolar participam ativamente da
Cultura Digital, explorando seus espaços e ferramentas com facilidade, agilida-
de e criatividade, especialmente nas suas formas de expressão, comunicação e
entretenimento (PRENSKY, 2012).
Nesse contexto, o objetivo deste capítulo é contribuir para este debate, apro-
fundando o conhecimento e analisando as concepções de Saúde de um grupo de
estudantes do Ensino Fundamental, por meio da construção de textos multimo-
dais que incorporam as TDIC.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
138
2 CONCEPÇÕES DE SAÚDE
3 MULTILETRAMENTO, MULTIMODALIDADE E A
PERSPECTIVA DA SEMIÓTICA SOCIAL
foi a análise das concepções de saúde (WESTPHALL, 2006), com base nos con-
textos e práticas sociais identificadas e na consolidação dos textos multimodais
por meio da relação imagem-texto, que buscou analisar as concepções de saúde
de acordo com as perspectivas: biológica, comportamental ou socioambiental.
Existe ainda a relação Status Desigual, que ocorre quando a imagem se subor-
dina ao texto, o que significa que ela está relacionada apenas a uma parte do texto
que possui mais informação (MARTINEC, 2013). Esse tipo de relação foi pouco
observado nas construções. Por exemplo, o aluno que construiu C24 optou por esse
tipo de relação quando utilizou um texto escrito que expande a ideia da imagem,
pois o texto traz detalhes da sua concepção de saúde, que envolve aspectos físicos,
psicológicos e afetivos. Esses aspectos não seriam percebidos apenas pela imagem.
Essa exploração das potencialidades dos modos semióticos é apontada por
Gibson (1979 apud VAN LEEWEN, 2005, p. 04), que introduz a expressão affor-
dances, um termo referente às potencialidades de uso de um determinado obje-
to. Van Leeuwen (2005, p. 5) acrescenta que esse vocábulo também pode trazer
novos significados, por meio de novos usos do “objeto semiótico”. Portanto, os
tipos de relações estabelecidas ou incorporadas a um significado dependem de
múltiplos fatores.
Esses resultados e análises mostram a forma como os dois modos semióticos
– texto e imagem – se relacionaram e como os temas/contextos e os significados
de saúde se constituíram na construção dos alunos. As relações imagem-texto
encontradas apontam para a coerência no uso entre os elementos semióticos da
imagem selecionada e o significado das mensagens de texto. Assim, com base
nestes elementos, é possível identificar as concepções de saúde dos alunos.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
1 Doutor em Educação em Ciências pelo Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências Química da Vida
e Saúde da Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Professor das disciplinas pedagógicas do Curso de Ciên-
cias Biológicas – Licenciatura da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), Campus São Gabriel. Professor
colaborador do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências Química da Vida e Saúde da Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM).
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
155
ou temas correlatos com a saúde. Por esse pensamento, mesmo a ES tendo espaço
nos currículos oficiais (MARINHO; FERREIRA; SILVA, 2015; JESUS; GARCIA,
2019), visualizam-se inúmeras dificuldades encontradas por professores da Edu-
cação Básica para a realização de práticas de ES que promovam uma conscien-
tização e tomada de consciência dos alunos, para que possam tomar decisões
conscientes no que tange à sua saúde.
Mohr e Schall (1992) expressam que são infinitas as possibilidades para se
desenvolver atividades de ES, mas salientam que, quando realizadas na escola,
elas devem ter como ponto de partida situações correlatas à realidade vivida pelos
alunos. No entanto, mesmo tendo variadas possibilidades para promover a ES,
algumas barreiras são encontradas. Um fator limitante que pode ser destacado
reside no fato de a formação do professor nos domínios da ES ser deficitária.
Fernandes, Rocha e Souza (2005), em seu estudo, questionaram as dificuldades
encontradas por professores para trabalhar o tema saúde dentro do ambiente es-
colar, e a questão referente à falta de capacitação docente obteve destaque. Rela-
cionando as dificuldades decorrentes da formação dos professores para trabalhar
com a ES, cabe apresentar o resultado do estudo de Zancul e Gomes (2011), os
quais analisaram o currículo do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas
da Universidade de Brasília (UnB) e constataram que nenhuma disciplina trata-
va realmente das questões de ES. Essa forma de estruturação curricular que ne-
gligencia a abordagem da ES certamente não ocorre apenas no curso da UnB e
acaba contribuindo para uma formação deficitária de professores para trabalhar
com esta temática na escola.
A fim de superar as dificuldades oriundas da formação inicial de professores
para abordar a ES, Mohr e Schall (1992, p. 201) propõem ser necessária a reali-
zação de “cursos de atualização para professores que aperfeiçoem sua eficiência
pedagógica e ampliem sua visão da questão da saúde nos seus múltiplos aspec-
tos”. Evidencia-se que a alternativa de cursos de atualização para os professores
aperfeiçoarem seu fazer pedagógico em torno da ES é uma opção interessante
para a minimização dessa dificuldade.
Mesmo com algumas barreiras para promover a ES no espaço escolar,
vários autores apresentam a importância desta prática na escola. Mohr (2002,
p. 70) acredita que à escola “cabe instrumentalizar intelectualmente, a longo
prazo e em profundidade os alunos para que analisem criticamente a realidade
e possam fazer, no campo da saúde, escolhas autônomas e informadas”. Arteaga
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
156
Nos últimos anos, muito se falou e vem se falando sobre a questão da arti-
culação entre as Universidades e as escolas de Educação Básica. Programas fo-
mentados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) e
Observatório da Educação (OBEDUC) – configuram-se como potentes à con-
cretização dessa articulação, pois promovem o intercâmbio de saberes de pesqui-
sadores e licenciandos das Universidades com professores da Educação Básica.
Marinho, Silva e Silva (2015, p. 122) apostam “na cooperação e na parceria
investigativa entre pesquisadores e professores da Educação Básica como prin-
cípio indissociável de interlocução entre a Universidade e a Escola de Educação
Básica”. Para os autores,
sala de aula que o professor “toma consciência das falhas, das descontinuidades,
dos pontos fortes, das metodologias que se adéquam mais para o tema de que
está tratando” (MARINHO; SILVA; SILVA, 2015, p. 131).
5) Avaliação e autoavaliação didática – o pesquisador novamente ques-
tiona os professores quanto as suas experiências durante o desenvolvimento das
atividades em suas turmas. Algumas das perguntas sugeridas pelos autores resi-
dem em: “Qual momento você achou o mais importante e por quê?”; “Quais as
dificuldades que você encontrou?”; “No seu olhar, qual foi o ponto mais signi-
ficativo para os alunos na aplicação dos planejamentos?”; “O que você acha que
deveria ser realizado diferente e o que foi exatamente como o desejado?”. Tais
questionamentos possuem a intenção de promover uma reflexão sobre o que foi
desenvolvido, levando o professor a repensar sua prática.
Professora: “Eu acho que vou trabalhar com sexualidade, porque na minha tur-
ma eles têm 6, 7 anos, mas é gritante, a turma inteira fala de sexo”.
Pesquisador: “E como pensa em trabalhar”?
Professora: “Eu não trabalhei isso ainda, porque, eu vou ser bem sincera, eu
não soube ainda como trabalhar com isso. Eu nem sei dizer agora como eu
trabalharia isso”.
Pesquisador: “Alguém teria uma sugestão para auxiliar a colega no trabalho
com essa temática”?
Uma colega propalou: “Faz uma atividade introdutória com imagens mostrando
um bebê, uma criança, um jovem, adulto e idoso. A partir delas discute com os
alunos como é o corpo de cada um deles, o que fazem, como é o ciclo de vida
do ser humano. Por esta atividade pode ser possível chegar em questões mais
específicas com o que quer trabalhar. Pode ser um início”.
a questão da ansiedade, que é uma das causas do comer tanto. Também penso em
elaborar lanche com os alunos, analisar propagandas de revistas sobre alimentos,
lanches, trabalhar com rótulos e embalagens, para ver valor calórico, light, diet”.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
1 Educador Social. Assistente Social formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
2 Doutor em Psicologia da Comunicação. Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
3 Agradecemos aos alunos de graduação da UFRJ que participaram do grupo de Manguinhos em 2018 e 2019.
4 Nossos sinceros agradecimentos ao professor Gilberto de Oliveira Reis, da Escola Nacional de Saúde Pública –
Fiocruz, por seu especial companheirismo e inestimável suporte ao desenvolvimento de todas as atividades do
projeto no território de Manguinhos desde 2014.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
167
5 Agradecimento especial a todas as pessoas, alunos, professores, profissionais de saúde, lideranças comunitárias,
trabalhadores da cultura e demais parceiros, projetos e instituições que lutam pela melhoria da qualidade de vida
na favela de Manguinhos.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
168
4 O RELATO DE EXPERIÊNCIA
6 Slam – Evento organizado por grupos de Hip Hop que funcionam como batalhas de rimas, música, dança e poesia
onde os participantes são desafiados a cantar um rap mais inteligente que o outro. Sempre com conteúdo caracte-
rizado por forte discurso de crítica social.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
181
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
1 Farmacêutico e Doutor em Educação pela UNICAMP. Docente da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
(UEMS), Unidade de Dourados, Docente e Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ensino em Saúde.
2 Enfermeira e Doutora em Ciências da Saúde pela UnB. Docente da Universidade Estadual de Mato Grosso do
Sul (UEMS), Unidade de Dourados. Docente e Coordenadora Adjunta do Programa de Pós-Graduação em
Ensino em Saúde.
3 Nutricionista e Doutora em Engenharia de Alimentos pela UNICAMP. Docente da Universidade Estadual de
Mato Grosso do Sul (UEMS), Unidade de Dourados. Docente do Programa de Pós-Graduação em Ensino em
Saúde.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
186
4 Esta seção, em parte, é proveniente do capítulo Práticas Educativas em Saúde: caminhos históricos e perspectivas
teóricas, do livro Educação em Saúde: prática farmacêutica na gestão clínica do medicamento (RENOVATO, 2017).
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
191
Esta seção traz o relato analítico de quatro pesquisas sobre PES no espaço
escolar realizadas no PPGES. Inicialmente, descreve-se cada uma delas, obede-
cendo à ordem cronológica; posteriormente, perscrutam-se estas experiências
na perspectiva de Bagnato.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Liziane Martins1
Grégory Alves Dionor2
Gisele Lopes de Oliveira3
Plínio Nossa Santos4
Mariana Barbosa de Pinho5
1 INTRODUÇÃO
A Educação em Saúde (ES) pode ser entendida como ações pedagógicas que
envolvem a saúde individual e/ou coletiva (FURIÓ et al., 2001; MOHR, 2002),
abrangendo intervenções que visem ao empoderamento dos indivíduos frente à
construção de uma vida mais saudável. Dessa forma, a saúde não é vista apenas
como uma mudança comportamental (MOHR, 2002).
No âmbito educacional, a interface entre saúde e educação tem sido in-
tensamente pesquisada (ALVES, 1987; MOHR, 1995; SUCCI; WICKBOLD;
1 Doutora em Ensino, Filosofia e História das Ciências. Professora da Universidade Federal do Sul da Bahia e da
Universidade do Estado da Bahia.
2 Mestre em Ensino, Filosofia e História das Ciências. Professor da Universidade do Estado da Bahia.
3 Doutora em Biotecnologia Vegetal. Professora da Universidade Federal do Sul da Bahia.
4 Graduando no Bacharelado Interdisciplinar em Saúde, da Universidade Federal do Sul da Bahia.
5 Graduanda no Bacharelado Interdisciplinar em Saúde, da Universidade Federal do Sul da Bahia
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
200
para evitar a disseminação de doenças. Cabe destacar que, nos anos 1950, a
saúde passou a adotar a perspectiva da abordagem biomédica, influenciada por
ações assistencialistas.
Sob essa perspectiva – a biomédica –, os pressupostos teóricos e práti-
cos da saúde estão pautados na prevenção de doenças. Nesta abordagem há a
compreensão de que a saúde está restrita a aspectos biológicos, em detrimento
as dimensões sociais, culturais e ecológicas (MARTINS; SANTOS; EL-HANI,
2012; MARTINS et al., 2014), reduzindo a complexidade dos processos saúde
e doença a características anatômicas e fisiológicas (CARVALHO et al., 2007;
MARTINS, 2011; 2016). Mais tarde, com a emergência de estudos que permitem
um melhor entendimento e reflexão sobre a promoção de saúde – um processo
de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da qualidade de vida e
saúde dos próprios indivíduos (OPS, 1986) – e com a proeminência da expres-
são “promoção da saúde” após a I Conferência Internacional sobre Cuidados
Primários de Saúde, convocada, em 1978, pela OMS e pela UNICEF, e realizada
em Alma-Ata (República do Cazaquistão), o aspecto exclusivamente individual
e biológico conferido à saúde e doença começa a ser questionado (FREITAS;
MARTINS, 2008), emergindo a abordagem denominada posteriormente de so-
cioecológica (MARTINS, 2011).
A abordagem socioecológica incorpora aos aspectos biológicos, nos pro-
cessos da saúde e doença, as dimensões psíquicas, sociais, culturais, econômicas,
ambientais e políticas ( BUSS, 2000; ALMEIDA FILHO; JUCÁ, 2002; CAMARGO
JÚNIOR, 2003; WESTPHAL, 2006). A saúde e suas práticas estão relacionadas ao
contexto coletivo e plural em que vivem os indivíduos de uma sociedade. Desse
modo, a saúde é compreendida de forma abrangente e global, reconhecendo os
limites e potencialidades de cada ser, já que ela é tratada a partir de dimensões
que influenciam um coletivo, consonante com o preconizado pela OMS (BRA-
SIL, 1997; DIONOR; FERREIRA; MARTINS, 2013).
Uma ferramenta que, teoricamente, está associada a uma visão mais abran-
gente de se pensar e agir em saúde, como as práticas integrativas. Entendemos
tais práticas como sendo sistemas médicos complexos e recursos terapêuticos
que possuem teorias próprias sobre os processos saúde e doença, diagnóstico e
terapêutica (BRASIL, 2006), também denominados pela OMS de medicina tra-
dicional (MT) e complementar/alternativa (MCA), conforme Who (2002). Cabe
destacar que há, em especial no campo da epistemologia e nas discussões sobre
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
202
2 CAMINHOS METODOLÓGICOS
Desenvolvimento:
– Apresentação da proposta de trabalho do dia e dos próximos encontros.
– Realização de meditações uma vez na semana.
– Socialização a respeito das sensações sentidas durante a prática da medi-
tação.
– Aula dialogada em torno da história da meditação e suas potencialidades.
Avaliação:
– Avaliou-se a capacidade de relaxamento durante a meditação nas crianças
institucionalizadas e seus comportamentos logo após a prática meditativa.
Observação dos comportamentos dos infantos juvenis institucionalizados
antes da meditação e após a atividade e de que modo esta prática potencia-
liza a concentração para os afazeres, posteriores, a exemplo da feitura das
atividades escolares extraclasse.
Desenvolvimento:
– Apresentação da proposta de trabalho do dia, com destaque para a reflexão
de atitudes e comportamentos, promovidos com a meditação.
– Utilização de técnicas respiratórias para relaxamento e autorreflexão sobre
as metas de vida.
– Socialização a respeito das sensações sentidas durante a prática da meditação
e de que modo ela tem contribuído com as atividades diárias.
Avaliação:
– Socialização a respeito das sensações sentidas durante a prática da meditação.
– Observação dos comportamentos dos infantos juvenis institucionalizados
antes da meditação e após a atividade.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
206
Desenvolvimento:
– Utilização de técnicas para estimular a atenção e sensibilização para a im-
portância de reflexão antes de tomada de atitudes.
– Observação de sinais de relaxamento, para verificar os limites e potenciali-
dades dos exercícios executados.
– Utilização de técnicas que estimulam a imaginação, de modo a desenvolver
autoestima para a promoção da saúde.
Avaliação:
– Avaliou-se a capacidade de relaxamento durante a meditação nas crianças
institucionalizadas e seus comportamentos logo após a prática meditativa.
Observação dos comportamentos dos infantos juvenis institucionalizados
antes e após a meditação.
Desenvolvimento:
– Utilização de técnicas da meditação que promovam o relaxamento e a
autorreflexão sobre as ações executadas durante a semana anterior.
– Utilização de técnicas que aumentam a atenção e estimulam a concentração
para planejar atitudes antes da execução de comportamentos frente a ques-
tões vivenciadas.
– Socialização a respeito das sensações sentidas durante a prática da medita-
ção, para avaliar de que modo esta atividade tem repercussão no dia a dia.
Avaliação:
– Socialização a respeito das sensações sentidas durante a prática da meditação.
– Observação dos comportamentos dos infantos juvenis institucionalizados
antes e após a meditação.
– Discussão sobre as consequências na vida dos acolhidos, após a inclusão
desta prática integrativa.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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DIONOR, G. A. Propostas de ensino baseado em questões sociocientíficas: uma
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Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
215
1 INTRODUÇÃO
Desde a metade do século XIX e começo do século XX, há, no Brasil, preo-
cupação com questões relacionadas à saúde. Nesses quase três séculos, houve um
movimento de mudança na abordagem dos temas ligados à saúde, de uma edu-
cação denominada de higienista e sanitária, com foco nos indivíduos, que visa-
va, além da higienização e moralização, uma visão mais comunitária e coletiva
(VENTURI e MOHR, 2011). Atualmente existem algumas denominações para o
ensino de temas relacionados à saúde. Neste capítulo, adotaremos o termo Edu-
cação em Saúde que se conceitua como toda atividade pedagógica relacionada a
algum tema de saúde individual ou coletiva (MOHR, 2002).
Para Figueiredo, Machado e Abreu (2010), a Educação em Saúde torna-
-se mais significativa se educadores adotarem um discurso sobre a orientação
à saúde de maneira transversal e interdisciplinar, podendo até integrar família
e comunidade na formação de uma postura de prevenção, promoção e adoção
da saúde. A visão de que a Educação em Saúde deve adotar abordagens em que
os alunos possam agir para aprender e desenvolver-se, além de conhecimentos
teóricos, procedimentais e atitudinais, encontra-se presente nas orientações da
1 Doutora em Educação para a Ciência – UNESP/Bauru. Docente do Departamento de Biologia Geral, Universida-
de Estadual de Londrina (UEL).
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
219
3 RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
1) Tipo de solução:
a. fechada – a solução é unívoca;
b. aberta – os problemas aceitam mais de uma solução.
2) Procedimento seguido:
a. aplicação direta – requerem apenas operações matemáticas;
b. algoritmos – implicam seguimento de operações fechadas;
c. heurísticos –precisam de estratégia de jogo ou plano de ação e requerem
estratégias diferentes;
d. problemas criativos – não se ajustam a padrões predeterminados.
3) Tarefa requerida:
a. problemas qualitativos – os alunos precisam resolver a partir de raciocí-
nios teóricos, sem necessidade de se apoiar em cálculos matemáticos ou
experimentos e, em geral, são problemas abertos que analisam situações do
cotidiano;
b. problemas quantitativos – o aluno deve manipular dados numéricos, pois
são problemas com informações quantitativas mesmo que o seu resultado
não seja;
c. pequenas pesquisas – o aluno obtém respostas para um problema por
meio de um trabalho prático, as quais se aproximam do trabalho científico
porque há a necessidade de formulação de hipóteses, elaboração de plano
metodológico e necessidade de síntese dos resultados.
Adotar uma proposta que teve sua origem na educação médica não significa
que a intencionalidade pedagógica seja a mesma. Ao contrário, ao adotar o PBL
para a Educação Básica, ele deve, antes de tudo, partir de concepções sociais e
não profissionais. Ao considerar-se a premissa de que saúde “é o estado de com-
pleto bem-estar físico, mental e social e não apenas ausência de doença” (OMS,
1948), as práticas escolares devem priorizar o conhecimento científico relacio-
nado à medicina no sentido de garantir, aos alunos, a compreensão de aspectos
que podem interferir na vida deles para tomada de decisões. Para a Educação
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
224
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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PERALES, F. J. Resolución de problemas. Madrid: Síntesis, 2000.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
232
1 INTRODUÇÃO
(MOHR, 2002). Nas séries iniciais do Ensino Fundamental, espera-se que a Edu-
cação em Saúde possa conscientizar os alunos para o direito à saúde, sensibilizá-los
para a busca permanente da compreensão de seus determinantes e capacitá-los para
a utilização de medidas práticas de promoção, proteção e recuperação da saúde.
Nessa perspectiva, os conteúdos de saúde estão organizados em blocos que
lhes dão sentido e cumprem a função de indicar as dimensões individual e social
da saúde. Esses blocos abordam o autoconhecimento para o autocuidado e a vida
coletiva, possibilitando que se tratem assuntos como o funcionamento do corpo,
a higiene pessoal, a transmissão de doenças e os cuidados com o meio ambiente
que interferem na saúde.
O objetivo desta primeira atividade foi a confecção conjunta entre alunos da
disciplina optativa “Tópicos em Saúde Pública”, ministrada a alunos de gradua-
ção de Ciências Biológicas e Ciências Biomédicas do Instituto de Biociências da
UNESP – Campus de Rubião Junior, no município de Botucatu, e professores da
Escola Estadual João Queiroz Marques, localizada neste mesmo bairro. Inicial-
mente, fomos à escola conversar com os professores sobre quais problemas de
saúde eles achavam importantes para desenvolver na escola, e a higiene pessoal
e do vestuário que destacaram. Dentro deste tema, assinalaram: banho; lavar as
mãos; cuidado com os cabelos; cuidado com os dentes; lavar as roupas; e evitar
o odor dos pés. Com esses tópicos solicitados, dividimos a atuação em três eixos:
1) Manual para os professores sobre noções de parasitologia e microbiologia;
2) Confecção de uma apostila intitulada “Educação em Saúde – Higiene Pessoal
e do Vestuário”;
3) Aulas para serem desenvolvidas pelos professores e o respectivo material de
apoio em relação ao cuidado do corpo e do vestuário.
Para conhecer os hábitos de higiene e verificar o conhecimento dos alunos em relação ao assunto, podemos usar
a técnica de construção conjunta de painel. O professor selecionará os temas centrais e os colará, previamente,
no painel. Os alunos receberão fichas com ações referentes ao assunto e terão que adequar as ações aos temas
selecionados. Dessa maneira, espera-se que os alunos conheçam mais ações de hábitos de higiene.
Uma das estratégias apontadas pelo guia é a escolha adequada de quais ti-
pos/classes de alimento seriam consideradas ideais para promover a saúde e o
bem-estar. As refeições devem ser realizadas ingerindo majoritariamente pro-
dutos in natura e minimamente processados, consumindo limitadamente/con-
troladamente alimentos processados e o não consumo ou a privação total dos
alimentos ultraprocessados, pois eles contêm vários produtos artificiais e com
altas quantidades de açúcar e gordura.
Na sequência, apresentamos as classes, principais características de alimen-
tos que compõem uma alimentação saudável e alguns exemplos (BRASIL, 2004):
a) In natura: produtos obtidos diretamente de plantas ou de animais e não so-
frem qualquer alteração após deixar a natureza.
Exemplos: legumes, verduras, frutas, batata, mandioca e outras raízes e tu-
bérculos embalados, fracionados, refrigerados ou congelados.
b) Minimamente processados: alimentos in natura submetidos a processos
que não alterem propriedades químicas do alimento e que não envolvam
agregação de sal, açúcar, óleos, gorduras ou outras substâncias ao alimento
original.
Exemplos: arroz branco e integral; milho em grão ou na espiga; grãos de tri-
go e de outros cereais; feijões, lentilhas, grão de bico; cogumelos; sucos de
frutas sem adição de açúcar ou outras substâncias.
c) Processados: alimentos fabricados pela indústria com a adição de sal ou
açúcar ou outra substância de uso culinário para torná-los duráveis e mais
agradáveis ao paladar.
Exemplos: extrato ou concentrados de tomate (com sal e ou açúcar); frutas em
calda e frutas cristalizadas; carne seca e toucinho; sardinha e atum enlatados;
queijos; pães feitos de farinha de trigo, leveduras, água e sal.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
241
aparência e corpo, que deveriam ser os mais “limpos” e “belos” possíveis, geran-
do a submissão de mulheres a procedimentos de hiper-higienização, padrões de
beleza e justificativas para internações compulsórias de mulheres acusadas de
“histeria” por parte da área da psiquiatria.
Desenvolvemos a atividade em três etapas ao longo da semana e seus con-
teúdos trabalhados com as turmas foram estruturados da seguinte maneira:
1) Na primeira etapa, abordamos: a inquisição e caça às bruxas como controle
social de mulheres camponesas que detinham os conhecimentos empíricos
de saúde da época; o nascimento da Medicina e da Ciência, que foi necessá-
rio após a morte das mulheres que possuíam os conhecimentos medicinais;
como a Medicina influenciou propagandas, campanhas governamentais e
definições preconceituosas de “limpeza” e “higiene”, diferenciando esses
conceitos entre homens e mulheres, entre classes baixas e altas, durante a
construção do Brasil como país e não mais colônia (determinação da iden-
tidade do “povo brasileiro”); notícias atuais e falas do senso comum que
ainda reforçam ideais errados e preconceituosos de higiene pessoal; cole-
ta de materiais para desenvolvimento de uma atividade de microbiologia
(desenvolvimento de culturas de bactérias e fungos em meios de cultura
nas placas de Petri).
2) Na segunda etapa, trouxemos conceitos científicos de microbiologia e pa-
rasitologia para introduzir o debate sobre doenças relacionadas com maus
hábitos de higiene pessoal, com a participação de um docente da UNESP,
especialista em parasitologia. Também abordamos medidas de profilaxia e
veículos de transmissão das principais doenças relacionadas a maus hábi-
tos de higiene pessoal, destacando que elas não se diferem entre os gêneros,
raças ou classes sociais.
3) Na terceira e última etapa, discutimos como o movimento feminista e as
ciências contribuíram para a transformação dos conceitos associados à
higiene pessoal de forma a não justificar ou reforçar diferenças de gêne-
ro, classe e de raça. Retomamos a atividade de microbiologia do primeiro
dia, mostrando os resultados da cultura com diversos microrganismos e
suas respectivas colônias. Dessa forma, os resultados levaram os alunos
a concluir que a falta de higiene não faz distinção de gênero e propicia a
instalação de diversos patógenos, importantes do ponto de vista da Saúde
Pública na escola.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
247
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
PÉREZ, D. G.; MONTORO, I. F.; ALÍS, J. C.; CACHAPUZ, A.; PRAIA, J. Para uma
imagem não deformada do trabalho científico. Ciência e Educação, v. 7, n. 2, p. 125-
153, 2001.
PROEX. Manual dinâmico para elaboração de propostas de projeto de extensão
universitária e iniciação à extensão universitária. 2018. Disponível em: https://www2.
unesp.br/portal#!/proex/projetos-de-extensao/manual-dinamico. Acesso em: 12 nov. 2019.
SAVIANI, D. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. Revista e ampliada.
Coleção educação contemporânea, 2011. Campinas (SP): Autores Associados, 2003.
SCHAEL, V. T.; STRUCHINER, M. Educação em Saúde: Novas perspectivas. Cad.
Saúde Pública, v. 15, n. 2, Rio de Janeiro, 1999.
TEIXEIRA, P. M. M. Educação Científica e Movimento C. T. S. no quadro das
tendências pedagógicas no Brasil. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em
Ciências, v. 3, n. 1, p. 88-102, 2003.
UNITED NATIONS CHILDREN’S FOUNDATION (UNICEF). World Health
Organization (WHO). Diarrhoea: why children are still dying and what can be done.
Nova Iorque: Genebra: WHO, 2009. 60 p.
15 POSSIBILIDADES E DESAFIOS PARA O
CONTROLE E PREVENÇÃO DAS DOENÇAS
NEGLIGENCIADAS NO PROGRAMA SAÚDE NA
ESCOLA (PSE): PANORAMA E INOVAÇÕES POR
MEIO DA CIENCIARTE
1 INTRODUÇÃO
and mathematics) surgiu nos Estados Unidos na década de 1990 para identifi-
car qualquer ação ou prática educacional envolvendo as disciplinas de ciência,
tecnologia, engenharia e/ou matemática. Depois de alguns anos, pesquisadores
passam a advogar que a arte deveria ser integrada às demais áreas, dando origem
ao movimento STEM to STEAM. O principal argumento da educação STEAM
é promover uma educação sem barreiras entre as disciplinas, que promova a
criatividade e a inovação. A rede de educadores que abordam essa prática tem
gradativamente se espalhado pelo mundo.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Karine Rudek1
Erica do Espirito Santo Hermel2
1 INTRODUÇÃO
3 CAMINHOS PERCORRIDOS
A escolha dessa coleção se justifica por ter sido aprovada no PNLD e apre-
sentar-se no balanço estatístico de livros como uma das coleções mais distribuídas
e escolhidas nacionalmente pelos professores para efetivo uso em sala de aula no
triênio 2017/2018/2019 (BRASIL – FNDE, 2017). De acordo com dados dispo-
nibilizados publicamente no Portal do Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE), foram distribuídos em todo o Brasil 10.234.801 livros de 13
diferentes coleções didáticas de Ciências. Na coleção escolhida, foram analisadas
as imagens, a fim de identificar as abordagens de Educação em Saúde: biomédica,
comportamental e socioecológica de saúde (MARTINS, 2011).
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
265
[...] deve proporcionar aos alunos a aquisição de conhecimentos que lhes per-
mitem atuarem como cidadãos livres e responsáveis no campo da saúde. Isto
implica serem capazes de compreender não só o impacto dos determinantes
de saúde, mas também a necessidade de mudarem para estilos de vida mais
saudáveis e criarem melhores condições de vida, a fim de melhorar a sua saúde
pessoal e comunitária.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNC C_20dez_site.pdf. Acesso em: 22
dez. 2019.
BRASIL. Decreto Presidencial nº 6.286, de 5 de dezembro de 2007. Institui o
Programa Saúde na Escola - PSE, e dá outras providências. Diário Oficial da União,
2007. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/dec_6286_05122007.
pdf. Acesso em: 20 dez. 2019.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
271
1 INTRODUÇÃO
que se pretende trabalhar nas aulas de Ciências torna-se uma tarefa bastante com-
plexa, uma vez que há uma lacuna entre os conteúdos programáticos das disciplinas
escolares e a importância e ou significado deles atribuídos pelos próprios alunos.
No que tange ao ensino e à aprendizagem do corpo humano em suas perspec-
tivas anatômicas e fisiológicas, destaca-se o distanciamento imposto pelas próprias
áreas disciplinares na contextualização do conteúdo (TALAMONI; BERTOLLI
FILHO, 2011). Historicamente, isto tem dificultado a compreensão e apropriação,
pelos alunos, de conhecimentos que deveriam integrar-se em benefício de um co-
nhecimento sistêmico que efetivamente pudesse contribuir para o reconhecimento
do próprio corpo e, consequentemente, ao desenvolvimento de práticas de auto-
cuidado, em prol da saúde e qualidade de vida (TALAMONI; CALDEIRA, 2017).
A ideia do projeto “Oitavo Anatomy” surgiu do interesse de alunos do oitavo
ano a respeito da série médica americana Grey’s Anatomy. Segundo os estudantes,
o seriado era “sensacional”, e eles gostariam de saber mais a respeito das doen-
ças abordadas nos episódios, o que poderia acontecer nas aulas de Ciências. A
série americana, uma das séries médicas mais longas da história da TV, aborda
a rotina profissional de médicos e residentes do fictício hospital cirúrgico Seattle
Grace – mais tarde Hospital Memorial Grey-Sloan. Esse hospital, na série, apre-
senta um dos programas de residência em cirurgia médica mais rígidos do país.
Após reflexão a respeito dos objetivos da disciplina de Ciências e o que ela
representava para os próprios alunos, optou-se pelo uso de trechos da série em
algumas das aulas destinadas a trabalhar a ES, a fim de torná-las mais atrativas
e significativas. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN),
o papel da disciplina de Ciências é o de colaborar para que os alunos possam
compreender o mundo e suas transformações, bem como reconhecer-se como
parte do Universo (BRASIL, 1996).
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) traz em seu texto competên-
cias esperadas para a área de Ciências da Natureza. Entre elas, está a de conhecer,
apreciar e cuidar de si, do seu corpo e bem-estar, compreendendo-se na diversi-
dade humana, fazendo-se respeitar e respeitando o outro, recorrendo aos conhe-
cimentos das Ciências da Natureza e às suas tecnologias (BRASIL, 2017). Dessa
forma, o estudo do corpo humano como uma unidade funcional pode colaborar
para o desenvolvimento da integridade pessoal e da autoestima, da postura de
respeito com seu próprio corpo e também com os outros e para o entendimen-
to da saúde como um valor pessoal e social. Todavia, como supramencionado,
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
275
Nas últimas décadas, não tem sido possível falar em educação sem ao me-
nos citar o uso das tecnologias de informação e comunicação (TIC) na valoriza-
ção e na melhoria do processo de ensino-aprendizagem (FEITOSA, 2011). Esta
inserção tem sido demandada pelas práticas pedagógicas no Brasil, sobretudo
"[...] a partir da década de 1990, quando as tecnologias passaram a ser empre-
gadas para além dos setores produtivos, aos de consumo e lazer" (TALAMONI;
SISDELI, 2017, p. 12).
De acordo com Costa (2002), a televisão (TV) é considerada o mais po-
deroso artefato midiático da segunda metade do século XX, pois permitiu o
acesso a populações mais carentes e geograficamente distantes. Ela apresen-
tou uma rede diversificada de programas com finalidade educativa e de lazer,
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
278
Médicos/as responsáveis:
CRM:
Exame físico: a paciente, diabética, apresenta dor no estômago – tipo azia –, enjoo, sudorese
excessiva e batimentos cardíacos irregulares. A respiração está ofegante. Não se queixa de
dores no peito.
Que outras perguntas a equipe médica deve fazer à paciente?
Diagnóstico:
Tratamento:
É possível evitar que essa doença se manifeste outra vez? Se sim, quais recomendações
médicas você terá que dar ao paciente?
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
281
4ª etapa: Cirurgias
“Cirurgias” foi o nome dado pelos alunos às aulas práticas de Anatomia e
Fisiologia que aconteciam paralelamente às aulas de Ciências. Ao todo, foram
seis atividades práticas realizadas durante os dois trimestres de desenvolvimento
do projeto Oitavo Anatomy: a) Digestão dos alimentos; b) Na batida da Zumba;
c) Cérebro de gesso; d) Montando meu Sistema Sexual; e) Hora do parto. Em
síntese, assim era cada atividade prática realizada durante as “cirurgias”:
a) Digestão dos alimentos
– No laboratório, simulamos o processo de digestão com o auxílio de um saco
plástico, biscoitos, água e vinagre. Durante a prática, discutimos os proces-
sos físicos e químicos relacionados à digestão.
b) Na batida da zumba
– Essa atividade aconteceu no pátio da escola em parceria com a professora
de Educação Física. Durante a atividade, os alunos mediram os batimentos
cardíacos e refletiram a respeito do que estava acontecendo com o corpo
(aumento da frequência cardíaca e respiratória, aumento da temperatura,
sudorese e pele avermelhada).
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
282
c) Cérebro de gesso
– No laboratório, confeccionamos cérebros de gesso, identificando com cores
diferentes as principais estruturas e regiões do órgão.
e) Hora do parto
– Com o auxílio de vídeos, imagens e da boneca grávida artesanal sexuada e
articulada, confeccionada em tecido, estudamos os diferentes tipos de par-
to, discutindo as características de cada um.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
1 Este texto é adaptado de parte da tese “Educação em Saúde Escolar: formação dos educadores para o autocuidado
em diabetes”, do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Educação Matemática da Universidade
Estadual de Londrina – Paraná.
2 Doutor em Ensino de Ciências pelo Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Educação Matemática da
Universidade Estadual de Londrina (UEL). Docente da Faculdade de Ciências Biológicas da Universidade Federal do
Pará (UFPA) / Campus Altamira e LaPECBio – Laboratório de Pesquisa em Educação em Ciências e Biologia.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
288
diabetes na escola com foco na formação e atuação docente para ensinar e lidar
com a DM. A partir de suas perspectivas de saberes docentes e ensino, Tardif
(2014, p. 23) também afirma a necessidade de que sejam reformuladas as formas
com que ocorrem os cursos de formação docente, de maneira que esses levem em
consideração os saberes dos docentes e as “realidades específicas de seu trabalho
cotidiano”. Para ele, os cursos de formação docente necessitam encontrar “uma
nova articulação e um novo equilíbrio entre os conhecimentos produzidos pelas
universidades a respeito do ensino e os saberes desenvolvidos pelos professores
em suas práticas cotidianas” (TARDIF, 2014, p. 23).
A formação docente necessita reconhecer os educadores como sujeitos de
conhecimento, o que implica reconhecer, segundo Tardif (2014, p. 240), que
“deveriam ter o direito de dizer algo a respeito de sua própria formação profis-
sional”, isto é, “ter o poder e o direito de determinar, com outros atores da edu-
cação, seus conteúdos e formas”. Além disso, a formação docente (inicial ou em
serviço) precisaria integrar os conhecimentos profissionais aos conhecimentos
disciplinares. Ela deveria relacionar-se com “as realidades cotidianas do ofício
de professor” e não ocorrer de forma fragmentada, mas, pelo contrário, sem se
despir da lógica disciplinar, deveria
necessários ao tratamento dos temas saúde e diabetes e para lidar com situações
envolvendo educandos diabéticos. Apesar das dificuldades apresentadas pelos edu-
cadores em promover a educação em diabetes, eles são os agentes fundamentais
desse processo, visto que a educação e o ensino formais são considerados meios
fundamentais para a emancipação dos sujeitos e de transformação da realidade.
Isso pode ser notado, por exemplo, no The Diabetes Educator (2000), que afirma ser
responsabilidade das escolas fornecer informações básicas sobre diabetes, incluin-
do conhecimentos sobre hipoglicemia e hiperglicemia a todos os seus profissionais
e professores. Além disso, devem oferecer às crianças com diabetes segurança no
dia a dia, bem-estar em longo prazo e melhor desempenho escolar. No Brasil, foi
publicado, no Diário Oficial de 25 de março de 2011, o Projeto de Lei Nº 183/2011,
de 2011, no qual consta em seu artigo 2º: “O estabelecimento de ensino, creche ou
similar, deverá capacitar seu corpo docente e equipe de apoio para acolher e prestar
a assistência que as crianças e os adolescentes com diabetes necessitam.”
Uma proposta em educação em diabetes deve considerar as características
complexas de qualquer tipo de educação em saúde. Dessa forma, uma perspectiva
de Educação em Saúde, conforme educação tradicional, mostra-se insuficiente
para informar tais propostas, mas elas se harmonizam com perspectivas dialógi-
cas ou crítico-reflexivas. A esse respeito, para o desenvolvimento da abordagem
proposta (SeMoPES), outro referencial no qual nos pautamos foi a Pedagogia de
Paulo Freire, uma vez que, de acordo com Pereira et al. (2014), o processo educa-
tivo não se constitui somente em transmitir informações, mas na integração da
história de vida dos sujeitos com vistas à sua reflexão, de forma que eles possam
transformar ativamente as condições de opressões de suas vidas.
Dentro do contexto descrito anteriormente, este capítulo apresenta uma
proposta de curso de educação continuada com ênfase na formação dos edu-
cadores para o autocuidado em diabetes realizado em duas escolas públicas,
ambas situadas no município de Altamira (PA). Antes de descrever o processo
metodológico da abordagem realizada na formação, gostaria de explicitar ter-
mos ou expressões adotados por mim para justificar sua utilização da realização
da pesquisa. Adotei os termos educadores/educandos, pela necessidade de criar,
segundo Freire (1996), uma nova relação entre os seres humanos que partici-
pam na educação dos sujeitos, enfatizando o fato de que o aluno (o educando)
e o professor (o educador) aprendem conjuntamente, procuram conhecer para
transformar a sociedade em que vivem e não a aceitam tal como é. Essa relação
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
290
03. Materiais: dados dos resultados relativos aos questionários e entrevista apli-
cados na 1ª etapa da pesquisa; Datashow e PowerPoint.
04. Método:
No primeiro momento, o educador/pesquisador3 fez os agradecimentos à di-
reção da escola e aos educadores pela participação e colaboração no desenvol-
vimento da pesquisa. Logo após, foram projetados os resultados prévios das
3 Educador / pesquisador: termo designado pelo próprio autor para denominar sua função durante a realização da
pesquisa.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
292
04. Método:
A seleção e a exposição de imagens foram realizadas com o intuito de identifi-
car e discutir, com os educadores, situações de seu cotidiano, relacionadas com
os hábitos saudáveis e não saudáveis de vida.
04. Método:
A roda de conversa foi escolhida por ser um método que abrange um coletivo
de sujeitos e utiliza o diálogo como vertente principal para as trocas de saberes
e respeito às vozes que expressam suas ideias, crenças a partir das palavras que
têm significados a cada pensamento.
04. Método:
O método utilizado para esse momento foi a roda de conversa. Os procedi-
mentos são idênticos ao descrito na Roda de Conversa – Noções Básicas de
Educação em Saúde.
03. Materiais: figuras de alimentos (doces, massas, bebidas, frituras, comida sau-
dável); jaleco branco; estetoscópio (construído com 03 copinhos plástico de café
e barbante); paletó; vassoura.
04. Método:
Teatro do Oprimido (TO)
Augusto Boal (1931-2009) foi um dos dramaturgos que mais contribuiu
para a criação de um teatro genuinamente brasileiro e latino-americano.
Seu trabalho imprime uma dimensão política e social, concebendo o tea-
tro como instrumento de transformação alicerçada na temática e na lin-
guagem. Para ele, o teatro era utilizado como resposta às questões sociais
e como meio de analisar conflitos e apresentar alternativas. Segundo Boal
(1979), o Teatro do Oprimido tem dois princípios fundamentais: primeiro,
a transformação do espectador, de ser passivo, depositário, em um prota-
gonista de ação dramática, sujeito, criador, transformador; segundo, não
apenas refletir sobre o passado, mas pensar e preparar para o futuro.
Realizou-se o convite para participação espontânea dos professores ao
TO. Foram apresentadas cenas que configuram situações da realidade de
opressão aos portadores de diabetes. O educador/pesquisador realizou o
convite a quem seria voluntário para participar do TO. Logo após o convi-
te, foram projetados os títulos das cenas, e os educadores se manifestaram
de forma espontânea para participarem. Em seguida, mostrou-se a situa-
ção de cada cena a ser interpretada. Ao fim de cada uma das três cenas, o
educador/pesquisador solicitou aos participantes do TO que expressassem
suas opiniões e concepções de como foi vivenciar a situação de opressão
protagonizada e como eles se portariam diante da realidade.
04. Método:
O educador/pesquisador convidou os educadores a realizarem uma apresentação
em relação a sua área de atuação profissional na escola. Mediante a apresenta-
ção de cada educador foram organizados grupos e conduzidos pela equipe de
colaboração a ocuparem um lugar nos círculos de mesas e cadeiras dispostos,
do qual cada grupo foi organizado com cinco ou seis educadores de áreas de
conhecimento diversificadas.
Logo após a organização dos grupos, foi entregue aos educadores uma ficha
com roteiro para preenchimento com a seguinte estrutura: tema ou título; jus-
tificativa ou relevância do tema; série/anos; sujeitos envolvidos; áreas de co-
nhecimento; objetivo geral; objetivos específicos; conteúdos abordados; meto-
dologia; recursos humanos e materiais; cronograma; métodos de avaliação e
referências consultadas.
Após todos os grupos terem finalizado a escrita da simulação dos projetos,
houve a apresentação deles e os comentários.
03. Materiais: duas folhas de papel kraftt; uma folha de papel cartão vermelho
(confecção de frutos que representam as metas); uma folha de papel cartão ama-
relo (confecção de frutos que representam as dificuldades/obstáculos); uma folha
de papel fantasia verde (confecção das folhas); duas folhas de cartolina branca;
pincel atômico; fita crepe para afixar os frutos.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
297
04. Método:
Afixar a árvore em um local que permita a visualização de todos. Explicar aos
educadores que os frutos vermelhos representam as metas que eles consegui-
riam alcançar e os amarelos seriam as dificuldades / os obstáculos encontrados
para trabalhar com a temática. Ao lado da árvore, foi afixada uma cartolina
branca na qual estava escrito METAS e, do outro lado, outra cartolina branca,
cuja escrita era DIFICULDADES/OBSTACULOS, para que a equipe de apoio
escrevesse as metas alcançadas ou não.
O educador/pesquisador solicitou a cada educador/participante que escolhesse
uma cor do fruto na árvore e dissesse para todos os outros participantes qual
era a meta ou dificuldades/obstáculos ou ambos. Logo após a escolha e ex-
planação dos seus motivos, o(s) fruto(s) foi (foram) afixado(s) na cartolina e
escrito o motivo pela equipe de colaboração. Em seguida, o educador/pesqui-
sador chama a atenção para o tronco e raiz da árvore que representava a base/
alicerce, o que é necessário para atingir as metas, e então se dá um espaço para
o desenvolvimento dessa reflexão.
04. Método:
No final de todos os momentos realizados, foi distribuído a cada educador/partici-
pante uma ficha de avaliação que consistia em identificar as visões dos participantes
em relação aos seguintes momentos desenvolvidos durante o SeMoPES: conteúdo,
material didático, metodologia, tempo e opinião de satisfação. A outra parte da
avaliação consistia na descrição de importância da participação no curso, pontos
importantes para a promoção da Educação em Saúde para o diabetes no contexto
escolar e comentários livres sobre os momentos.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
298
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
círculo de amizades. Por isso, a gravidez precoce gera uma grande modificação
na vida social e escolar, afetando psicologicamente e socialmente a vida dos ado-
lescentes que não estão preparados para tantas transformações. Observa-se que a
ocorrência da gravidez na adolescência atinge a fase escolar e, com isso, ocorre o
atraso nos estudos da mãe adolescente e um plano para um futuro melhor. Essa
situação se agrava quando a adolescente sofre abandono do parceiro, podendo
passar por depressão ou ainda realizar escolhas como o aborto.
No Brasil, os avanços e as ocorrências de IST têm aumentado considera-
velmente devido aos jovens que, cada vez mais, vêm praticando relações sexuais
desprotegidas. Conforme o Ministério da Saúde (2017), entre 1980 a junho de
2018, o Brasil registrou 926.742 casos de AIDS, uma média de 40 mil novos ca-
sos por ano. Atualmente, há 866 mil pessoas portadoras do vírus HIV ou com
AIDS, segundo estimativa do Ministério da Saúde (2018). Dessas, 92% estão
com o vírus inativo.
Com relação à Sífilis, dados do Boletim Epidemiológico da Sífilis 2018 (Fi-
gura 1) mostram que a taxa de detecção da sífilis adquirida aumentou de 44,1
para cada grupo de 100 mil habitantes em 2016 e para 58,1/100 mil em 2017. No
mesmo período, a infecção em gestantes cresceu de 10,8 casos por mil nascidos
vivos para 17,2 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017; 2018).
Fonte: Ministério da Saúde: Boletim epidemiológico do Instituto Nacional de Infectologia INI/Fiocruz (2018).
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
305
[...] 22% dos adolescentes iniciam a atividade sexual aos 15 anos de idade e que
a iniciação sexual precoce está associada ao não uso, ou uso inadequado de pre-
servativos e suas consequências são a gravidez precoce e Infecções Sexualmente
Transmissíveis/ISTs (OMS, 2015, p. 12).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
1 Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professora da Faculdade de Enfer-
magem Universidade del Bosque-Bogotá.
2 Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professora e coordenadora de
Pós-Graduação da Escola de Enfermagem da UFMG.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
317
[...] um tabu geracional, pelo menos nos discursos legitimados pelos/as profes-
sores/as ao trabalhar com a educação sexual, obscurecendo a multiplicidade de
concepções e as consequências sociopolíticas e culturais ao entendê-la como
uma dificuldade individualizada. Na sala de aula, são visualizados corpos sem
desejo, [..] os jovens são tidos como des-sexualizados na escola, como se corpo
e mente existissem separadamente ou se os significados constitutivos daquilo
que somos, sabemos e aprendemos existissem desvinculados de nossos desejos
(LOPES, 2008, p. 125).
2 DESCRIÇÃO DO CAMPO
café, milho, produção de queijo, entre outros. O distrito de Ipoema conta apenas
com a escola Estadual Professor Manoel Soares, cenário desta pesquisa. A ins-
tituição educativa acolhe crianças e adolescentes da zona urbana do distrito de
Ipoema e de 20 comunidades rurais. A escola apresenta três jornadas (manhã,
tarde e noite), além da jornada integral. A jornada da manhã acolhe estudantes
do Ensino Fundamental até o Ensino Médio, sendo a maioria das zonas rurais.
Quanto à jornada da tarde, atende as Séries Iniciais e uma turma do Ensino Mé-
dio da área urbana. À noite, funciona a modalidade Educação de Jovens e Adul-
tos (EJA). Por último, a jornada integral é voltada ao atendimento de estudantes
que têm maior risco social.
O segundo contexto foi uma escola localizada no município de Supatá, na
região central da Colômbia, situado a 76 km de distância da capital colombiana,
Bogotá. Na atualidade, o referido município tem 5.027 mil habitantes (zona ur-
bana e rural) e 18 povoados rurais. A escola adota uma modalidade agroindus-
trial e, desde o ano de 2014, encontra-se em nova sede, com ampla infraestrutura
física. Dispõe de dois prédios de salas de aula, sendo que cada sala possui uma
televisão. A instituição educativa tem, ainda, sala de informática, laboratório de
química, restaurante escolar, lanchonete, sala de professores, quadra de futebol,
três amplas zonas verdes para o lazer e uma biblioteca com acesso à internet.
Os sujeitos do estudo aqui apresentado eram adolescentes escolarizados,
com idades variáveis entre 14 e 17 anos, e que moravam nos povoados do distrito
rural de Ipoema, no Brasil, e do município de Supatá, na Colômbia.
3 DESENVOLVIMENTO DO PERCURSO
METODOLÓGICO FREIRIANO
Fase 1: Investigação
– Estratégias: observação, observação participante e conversas informais;
– Técnicas de registro: Diário de campo, gravações de voz e fotos;
– Tempo de investimento: seis semanas na escola brasileira; quatro semanas
na escola colombiana.
Fase 2: Tematização
– Estratégias: observação participante e grupos focais;
– Técnicas de registro: gravações de áudio e vídeo, notas de diário de campo
e fotos;
– Tempo de investimento: dois círculos de cultura no Brasil e dois círculos de
cultura na Colômbia.
Fase 3: Problematização
– Estratégias: observação participante e grupos focais;
– Técnicas de registro: gravações de áudio e vídeo, fotos;
– Tempo de investimento: quatro círculos de cultura no Brasil e três círculos
de cultura na Colômbia.
Fase 4: Avaliação
– Estratégias: observação participante e grupos focais;
– Técnicas de registro: mapa corporal coletivo, gravação áudio e vídeo e fotos;
– Tempo de investimento: quatro mapas corporais grupais (BR) e três mapas
corporais grupais (CL).
quando defende que “O jogo é construtivo, pois pressupõe uma ação do indiví-
duo sobre a realidade, motivando e possibilitando a criação de novas ações. De-
senvolve sua imaginação, levando-o a compreender o mundo que o cerca. Por
esta razão, a escola o utiliza no processo de ensino-aprendizagem” (CASTRO;
TREDEZIN, 2014 p. 17).
As atividades lúdicas funcionam como recursos mediadores na prática edu-
cativa, dado que os elementos-chave extraídos durante a fase investigativa e a de
tematização se corporificaram dentro dos círculos de cultura. Importa ressaltar
que cada elemento lúdico foi cuidadosamente construído e adaptado para ser-
vir como elemento provocador durante o desenvolvimento de cada círculo de
cultura, longe de ser tão somente um elemento ingênuo e espontâneo inserido
na prática pedagógica.
Na “Pedagogia da Autonomia”, Paulo Freire defende que o educador, para
construir uma prática docente crítica e reflexiva, precisa desenvolver saberes
indispensáveis, dentre eles a exigência de uma rigorosidade metódica e de se
pensar sobre o fazer (FREIRE, 1996). A maneira como foram desenvolvidos os
círculos permitiu afastar de processos simplesmente transmissores de informação
e aproximar de maneiras mais criativas e tangíveis, as quais contribuíram para
despertar a curiosidade dos adolescentes, possibilitando, com isso, outros olhares.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
Carvalho et al. (2002), Brasil (2005) e Orlandini e Matsumoto (2008), tais doen-
ças são as que apresentam maior incidência no país. O enfoque em determinada
patologia varia de acordo com a região e a ocorrência de casos registrados, como
apontado por Castro e Madeira (2013). A educação mostra-se, pois, como uma
medida profilática dessas verminoses.
Considerando essa perspectiva profilática da educação e seu caráter peda-
gógico, vale ressaltar que o estudo que constitui este capítulo buscou utilizar os
Parâmetros Curriculares Nacionais de Ciências Naturais (PCN – BRASIL, 1998)
como uma das bases para desenvolver a investigação do tema e o ensino a pes-
soas com deficiência visual. Cabe salientar que o material foi aplicado no ano de
2016, período no qual os PCN eram vigentes. Como atualmente está em vigor a
Base Nacional Comum Curricular (BNCC – BRASIL, 2018), foi necessário atua-
lizar os dados da pesquisa. Consoante o novo documento de referência, uma das
habilidades a serem desenvolvidas consiste em:
Legendas: A) Modelo da tênia adulta. B) Elástico representando a tênia. C) Ovo da tênia ampliado. D) Ovo da tênia repre-
sentado por miçanga. E) Modelo ampliado da fêmea da esquistossomose. F) Representação do tamanho natural da fêmea da
esquistossomose. G) Modelo ampliado do macho da esquistossomose. H) Representação do tamanho natural do macho da
esquistossomose. I) Ovo da esquistossomose ampliado. J) Ovo da esquistossomose representado por miçanga. K) Miracídio
ampliado. L) Miracídio em tamanho natural. M) Caramujo ampliado. N) Caramujo em tamanho natural. O) Cercária ampliada.
P) Cercária em tamanho natural. Q) Ascaridíase ampliada. R) Ascaridíase em tamanho natural. S) Ovo da ascaridíase ampliado.
T) Ovo da ascaridíase em tamanho natural.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
336
isso, eles podem, a partir de sua própria matriz referencial, formar conceitos con-
sistentes, ainda que nunca tenham experimentado diretamente (sensorialmente)
seus significados. A falta da visão não pode ser encarada como um impedimento
ao desenvolvimento pleno, pois apenas impõe caminhos diferenciados, uma vez
que a obtenção de conhecimentos depende de uma organização sensorial dife-
rente da que é constatada no vidente (SILVA, 2014).
As representações mentais potencializam o processo de ensino-aprendi-
zagem, motivo pelo qual vale ressaltar a importância do conhecimento prévio
dos alunos, que foi explorado pela docente quando ela realizou algumas per-
guntas. A partir das indagações, ela foi dando prosseguimento à aula, com o
intuito de aprimorar e promover o conhecimento, visto que isso “fomenta o
encontro dos saberes da vida vivida com os saberes escolares” (BRASIL, 2006,
p. 19). Nesse sentido,
ou a fêmea. Todos disseram que era a fêmea, visto que, no modelo explorado na
aula anterior, da ascaridíase em fio de lã, isso foi bem esclarecido.
Os professores podem oferecer recursos aos alunos, porém vale ressaltar
que os alunos também possuem estratégias de aprendizagem, como por exemplo,
por meio da criação da representação mental, e também por meio de analogias.
Dentre as diversas definições da analogia, essa envolve basicamente “o estabe-
lecimento de comparações ou relações, entre o conhecido e o pouco conhecido
ou desconhecido” (DUARTE, 2005, p. 8). Tal recurso também é utilizado pelos
docentes, para auxiliar na explicação do conteúdo. Durante a manipulação do
material, a prática da analogia foi bastante recorrente, desde o uso do primeiro
modelo: a tênia, por ser um verme achatado, foi comparado a uma fita, que, ao
ser esticada, assemelhou-se a uma fita cassete desenrolando-se. Como o elástico
estava enrolado, os alunos pensaram que o verme ficava dessa maneira no orga-
nismo, porém essa hipótese foi corrigida logo depois.
Ao manusearem o ovo da tênia ampliado, os alunos apertaram e ficaram
perguntando o que era e compararam o formato a diversos elementos do coti-
diano, como pão de queijo, almofada, empada e cupcake. Relacionaram o ovo da
tênia, representado pela miçanga, a um grão de areia. Cotejaram as ventosas do
parasita às ventosas utilizadas no banheiro para fixar objetos, o que condiz com
a função dessa estrutura no verme, pois o auxilia na fixação na parede do intes-
tino. Neste momento, o estudante Mateus pegou a cabeça da tênia, em modelo
ampliado, e encenou fixá-la à mesa, representando a função por ela exercida.
A fêmea da esquistossomose, em tamanho próximo do real, foi comparada
a um grão de arroz cortado, por estar com as pontas retas. Já o modelo ampliado
pareceu-lhes um boneco ou uma perna; por ser mais fino que o macho, relaciona-
ram-no a um chicote. Houve outras analogias, como a comparação da cercária, re-
presentada em miçanga, a um grão de açúcar, e especificamente a cauda da cercária
a um dragão; e o caramujo, em tamanho próximo do real, a uma moeda de um real.
Durante a aplicação, notou-se que o material didático auxiliou não apenas
no aprendizado do aluno, mas na explicação da professora. Por tratar-se de um
assunto de difícil abstração, os modelos possibilitaram (como sugere o nome do
recurso) a “materialização” do que estava sendo explicado. Esse processo de in-
teração entre sujeito e objeto pode ter auxiliado os estudantes a construírem as
representações mentais dos vermes, quanto a tamanho, forma, comportamento,
entre outros aspectos.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
344
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
1 Licenciada em Pedagogia pela Faculdade de Educação (FAED), Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).
2 Doutor em Ciências Biológicas, Docente na Faculdade de Educação (FAED), Universidade Federal da Grande
Dourados (UFGD).
3 Doutor em Educação em Ciências, Docente na Faculdade de Ciências Exatas e Tecnologia (FACET), Universidade
Federal da Grande Dourados (UFGD).
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
349
Pesquisas em educação para a Saúde Bucal têm mostrado que quanto mais
cedo forem disponibilizados procedimentos de higiene bucal para uma pessoa,
maior é a probabilidade de essa pessoa desenvolver uma atitude preventiva em
longo prazo (VASCONCELOS, 2004; VOLPATO, 2004; ANTUNES et al., 2006).
Segundo Flores e Drehmer (2003), a implantação de programas promotores de
saúde bucal na população, principalmente em crianças deve ser adequada à rea-
lidade e ao nível social da população alvo, desenvolvida de maneira contínua e
em longo prazo, propiciando, assim, mudanças de comportamento em relação
a seus hábitos.
É muito importante que atividades de pesquisa sobre higiene bucal sejam
realizadas, já na primeira infância, porque é nos primeiros anos de vida que a
formação dos hábitos e interesses se estabelecem, auxiliando na manutenção da
saúde bucal (FREIRE; SOARES; PEREIRA, 2002). Na sequência, descrevemos
alguns trabalhos de pesquisa realizados na área de educação para a Saúde Bu-
cal e a cada relato elaboramos considerações sobre sua pertinência e relevância.
admitidas em 2007 que foi de 1,78. Dessa forma, eles concluíram que os progra-
mas preventivo-educativos recebidos nos anos anteriores foram favoráveis para
a redução desse índice.
A escola assume um papel muito importante no desenvolvimento da crian-
ça, de acordo com os autores. Na cidade de Piracicaba, além de ocorrerem visitas
periódicas de dentistas da rede municipal de saúde para reproduzir ensinamentos
e aplicar a técnica de escovação correta, trabalhos preventivos e de promoção da
saúde bucal também são realizados. As unidades de ensino infantil contam no
seu quadro funcional com o profissional “agente escolar” que assume o papel de
elo entre a educação e a saúde, conferindo caráter permanente às ações de saúde
bucal na escola.
Diante do referido estudo, os autores concluíram que os programas de pro-
moção da saúde escolar realizados na educação infantil de rede municipal de
ensino de Piracicaba apresentaram impacto positivo na redução da prevalência
de cárie em crianças do primeiro ano do Ensino Fundamental. Tal fato ressalta
a importância dos programas preventivo-educativos de promoção de saúde bu-
cal nas escolas, além da importância do acompanhamento diário pelos agentes
escolares de saúde.
Considera-se o trabalho como de grande importância e destaca-se a necessi-
dade de que as escolas incluam em seu currículo, programas orientação aos seus
escolares, orientações estas que envolvam educação e prevenção em saúde bucal.
Gosuen (1997) enfatiza que programas educativos sobre higiene bucal devem ser
incluídos já no início da educação escolar, pois a faixa etária de quatro a sete anos
é considerada mais oportuna para que as crianças desenvolvam hábitos corretos
de alimentação e de higiene, considerando-se que os modelos de comportamen-
to aprendidos nessa idade são profundamente fixados e resistentes a alterações.
Diversas pesquisas e estudos populacionais têm revelado informações im-
portantes sobre a efetividade de ações adotadas em educação para a saúde no
contexto da escola (SANTOS; RODRIGUES; GARCIA, 2002; MOYSÉS; WATT,
2000). Segundo Moysés e Watt (2000), o enfoque na saúde bucal do escolar é
parte da saúde pública, e a forma mais eficiente de desenvolver programas edu-
cativos preventivos de saúde nas escolas é por meio do trabalho conjunto entre
profissionais de saúde e da educação. Dessa forma, iniciativas de realização de
um trabalho conjunto de profissionais das duas áreas para prevenção e promo-
ção da saúde nas escolas devem sempre ser incentivadas.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
360
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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pais de crianças atendidas na clínica integrada de duas universidades privadas. Pesq.
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BARBIER, R. A pesquisa-ação. Tradução Lucie Didio. Brasília, DF: Plano Editora,
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Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
361
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THIOLLENT, M. Crítica metodológica, investigação social e enquete operária. São
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VOLPATO, S. Percepção materna da cariogenicidade na dieta de crianças em
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Odontológicas, Pós-Graduação São Leopoldo Mandic, Campinas (SP), 2004.
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Oral health surveys: basic methods.
4th ed. Geneva; 1997.
23 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL:
REFLEXÕES SOBRE UMA EXPERIÊNCIA NO
ENSINO FUNDAMENTAL
Fernanda Frasson1
Carlos Eduardo Laburú2
1 INTRODUÇÃO
1 Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Educação Matemática (UEL). Bolsista
CAPES.
2 Doutor em Educação (USP). Professor do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Educação Mate-
mática (UEL). Bolsista CNPq-Brasil (processo 302281/2015-0).
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
364
3 Este capítulo apresenta parte dos resultados da pesquisa de mestrado realizada por um dos autores (FRASSON,
2016).
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
365
4 Considerações aprofundadas sobre o papel dessas atividades, especificamente, na promoção de reflexões de cará-
ter pessoal podem ser encontradas em Frasson (2016) e Frasson e Laburú (2018).
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
373
Ao analisar a Figura 3, temos que o aluno disse que sua ingestão de frutas
frescas se enquadrava na escala de uma vez na semana; frutas secas e enlatadas,
menos de uma vez por mês; sucos de frutas frescas, uma a três vezes por mês;
sucos de polpa, nunca; e sucos artificiais, mais de duas vezes por dia. Entretanto,
ao comparar os dados sobre o consumo de frutas frescas geral com o consumo
de algumas frutas específicas, tais como banana, laranja e maçã, percebemos
incongruência nas respostas, pois ele relatou consumir banana diariamente e
laranja e maçã de duas a quatro vezes na semana. Com outro enfoque, a análise
dos dados permitiu verificar que, independentemente da discussão apresentada,
o consumo de frutas do aluno é inferior à preconização feita pela Organização
Mundial da Saúde (OMS), que é de três a cinco porções/dia, julgando que sucos
artificiais não substituem as frutas e os sucos de frutas in natura (WHO, 2002).
Sobre o envolvimento do aluno na 2ª atividade que realizamos para avaliação
de atitudes prévias, descrevemos em nossas observações de campo que ele teve
participação passiva durante o café da manhã, sem demonstrações de interesse
pela situação e pelos objetos sobre os quais estávamos realizando a avaliação.
Contudo, escolheu ingerir bolachas recheadas e uma porção de salada de frutas,
após um colega lhe oferecer.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
374
Pela análise da Figura 4, temos que o aluno disse que sua ingestão de frutas
frescas se enquadra na escala de duas ou mais vezes por dia; frutas secas e enlatadas,
menos de uma vez por mês; sucos naturais de frutas frescas, uma a três vezes por
mês; sucos de polpa, nunca; e sucos artificiais, duas ou mais vezes por dia. Nesse
caso, ao comparar os dados do consumo de frutas frescas em geral, com o consumo
de algumas frutas específicas, tais como laranja e manga, percebemos congruência
nas respostas. Entendemos que estimulado pelo desafio de responder ao questio-
nário na fase inicial das intervenções, provavelmente o aluno tenha prestado mais
atenção às suas práticas de consumo alimentar, de forma que reconheceu, nesta
etapa final, com maior clareza, a frequência com que ingere frutas.
A análise dos dados nos permitiu, ainda, verificar que o consumo de frutas
do aluno passou a estar de acordo com a preconização feita pela OMS (WHO,
2002). Uma análise das Figuras 3 e 4 nos permite inferir que o aluno apresentou
mudança atitudinal em relação ao seu consumo de frutas. Aumentou a ingestão
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
375
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
1 Professor de Ciências e Biologia na Rede Pública de Ensino de Mato Grosso do Sul Pós-Graduando em Educação
Científica pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.
2 Professora de Ciências e Biologia na Rede Pública de Ensino de Mato Grosso do Sul Pós-Graduanda em Educação
Científica pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.
3 Professor Doutor, Docente Sênior no Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu da UEMS. Professor da UNIDERP
nos cursos de Matemática, Medicina e Mestrado em Ensino de Ciência e Matemática.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
380
assadas. Como sobremesa, deve-se dar preferência a frutas e doces caseiros. Con-
sidera o uso de alimentos processados como ingredientes, mas não substitutos
de preparações culinárias típicas.
Na grande maioria das refeições do jantar, a combinação de feijão com arroz
é encontrada. Há substituições, como macarrão, nesse caso, servida com frango,
sopas, peixe, ovos e vários tipos de preparações de legumes e verduras. Nova-
mente a carne vermelha é presença marcante. Frutas aparecem como sobremesas
ou como parte do jantar, por exemplo, o açaí misturado à farinha de mandioca.
Crianças e adolescentes, por se encontrarem em fase de crescimento, nor-
malmente precisam fazer uma pequena refeição diária – ou mais –, além das três
refeições principais, mas para adultos em outras fases do curso da vida é apenas
uma recomendação. Frutas frescas ou secas são uma excelente alternativa, bem
como leite, iogurte natural e castanhas ou nozes, na medida em que são alimentos
com alto teor de nutrientes e grande poder de saciedade, além de serem práticos
para transportar e consumir (BRASIL, 2014).
Este capítulo apresenta, portanto, um estudo que surgiu como necessidade de
melhorar o conhecimento sobre a alimentação e práticas alimentares e provocar
uma discussão sobre o tema em sala de aula. Trata-se de uma sequência didática
(SD4), elaborada de acordo com a teoria da tipologia de conteúdos de Zabala
(1998), com a qual se buscou sensibilizar os estudantes do Ensino Fundamental
de uma escola pública sobre os hábitos alimentares. A finalidade foi a de debater
o tema entre eles e estimular a possibilidade de mudança em suas atitudes quanto
a hábitos mais saudáveis. Partindo da premissa de que é fundamental discutir a
questão alimentar em sala de aula, essa sequência didática (SD) buscou sensibi-
lizar estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental sobre a alimentação saudável,
por meio de uma série de atividades sequenciadas.
tipologia dos conteúdos proposta por esse autor classifica-os em factuais, con-
ceituais, procedimentais e atitudinais. Nessa perspectiva, o ensino contempla
variadas dimensões da formação do estudante: contempla a sua relação com o
saber (conteúdos conceituais), com o saber fazer (conteúdos procedimentais)
e com o ser (conteúdos atitudinais). Os conteúdos factuais estão relaciona-
dos com as informações que serão manipuladas para que os conceitos sejam
compreendidos.
As atividades que formam uma SD no cotidiano escolar podem ficar restri-
tas aos conteúdos conceituais e são muitas vezes voltadas apenas para cumprir o
referencial curricular proposto para as escolas (SOUZA, 2009). Desse modo, os
conteúdos são articulados como método único e exclusivo de realizar o processo
de ensino-aprendizagem, forma essa criticada por Zabala (1998).
Uma concepção mais ampla de conteúdos e do que se precisa aprender para
alcançar todas as capacidades e não somente as de alguns aspectos cognitivos
exige um entendimento sobre educação e escolaridade que vai além da visão im-
posta e mantida pela proposta tradicional5. O professor deve atentar para o fato
de que o estudante aprende de forma ativa. Mesmo quando ouvinte, deve sê-lo
de forma operante, ou seja, não apenas escutar e reproduzir o que o professor diz,
mas ser colocado em situação de mobilizar os seus conhecimentos prévios e com
isso reordenar e reclassificar o que ele já sabe (INFORSATO; ROBSON, 2011).
Segundo Zabala, a SD é uma metodologia realizada por meio da ordenação
e articulação de atividades que formam unidades didáticas. Para ele, a unidade
didática é “um conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para
a realização de certos objetivos educacionais, que tem um princípio e um fim
conhecido tanto pelos professores como pelos estudantes” (ZABALA, 1998, p.
18). Desse modo, as unidades didáticas devem ser elaboradas de modo a tornar
significante o aprendizado para os estudantes, pois a SD é construída atendendo
a realidade e necessidade do estudante.
Ao ensinar um conteúdo novo, deve-se fazer uma abordagem de concei-
tos já conhecidos pelos estudantes para que a aprendizagem seja significativa
(ZABALA, 1998). Uma das características dos conteúdos conceituais é que a
aprendizagem nunca pode ser considerada acabada, pois existe a possibilidade
de ampliação ou aprofundamento de conteúdos já apropriados (SOUZA, 2009).
Segundo Leite e Feitosa (2011), o Ensino de Ciências está ligado a uma visão
que tem caráter enciclopédico e conteudista. Essa caracterização foi denominada
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
385
por Paulo Freire de “educação bancária”. Conforme Freire (1987), essa forma de
educação na qual o professor aparece como o sujeito principal e detentor do co-
nhecimento, que não pode ser discutido, tem por função depositar nos educan-
dos os conteúdos de narração docente que, por sua vez, baseia-se no prescrito
nos livros tais como se apresenta, sem acréscimos. Tais conteúdos são partes da
realidade e não apresentam conexão com a totalidade em que estão inseridos.
Desse modo, perdem a sua significação. A palavra perde o poder de transforma-
ção, e o ensinado perde a essência.
No entendimento “bancário” da educação, o professor adquire seus conhe-
cimentos que posteriormente são transmitidos aos estudantes por meio de uma
narração, e cabe aos educandos apenas a memorização dos conceitos e fatos re-
latados. Não ocorre, portanto, a construção do conhecimento, pois não há diá-
logo entre os envolvidos, são apenas “depósitos bancários” de conteúdos. Uma
educação que ocorre de forma vertical, sem diálogo, nem criticidade, passiva e
apolítica, segundo Leite e Feitosa (2011).
Para Freire (1996), o ensino e a aprendizagem exigem disponibilidade para
o diálogo. A segurança do professor não deve estar pautada na quantidade de
conhecimento que detém, mas na possibilidade de aprender com o outro, no ca-
minho para continuar conhecendo, não havendo razão para envergonhar-se de
não saber algo. Estar aberto ao diálogo é um saber necessário à prática educativa.
A base pedagógica para Freire é, portanto, o diálogo. A relação dialógica deve
existir entre educador, educando e o objeto do conhecimento, entre natureza e
cultura. Quando a educação acontece de forma mediada pelo diálogo promove
a ampliação da visão de mundo. Ela não se configura em um monólogo, no qual
o conhecimento fica a cargo de apenas uma pessoa, que, se considerando deten-
tor do conhecimento, deposita no que menos ou nada sabe (FEITOSA, 1999). A
educação dialógica também considera a problematização coletiva dos saberes, a
partir da vivência dos educandos. Desse modo, os conteúdos a serem trabalhado
não são uma doação ou uma imposição, mas ganham valor e são abordados a
partir das experiências sociais vividas no cotidiano dos estudantes. Essa tendência
fortalece o papel que a escola deve exercer em mediar às vivências individuais e
suas articulações com diferentes questões sociais e políticas no contexto de mun-
do ao qual estão inseridos (LEITE; FEITOSA, 2011).
A metodologia dialógica permite a articulação de questões referentes
ao homem, seu ambiente e sua cultura, entre o homem e o trabalho e, por
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
386
fim, entre o homem e o mundo em que vive. É uma prática pedagógica que
prepara o homem para viver o seu período histórico, com as contradições
e os conflitos existentes, levando-o a entender o seu papel de intervir em
seu período histórico para a constituição e realização de um futuro melhor
(FEITOSA, 1999).
Nota-se, então, que a metodologia utilizada na sala de aula pode potencia-
lizar a aprendizagem dos estudantes e fortalecer a função do professor em seu
papel como mediador, bem como prejudicá-la. É papel do professor perceber e
questionar a efetividade do método empregado em sua didática e, acima disso,
analisar se ele favorece o pensamento crítico e a autonomia para a vida em so-
ciedade (FILADELFO; GURIDI, 2014). De acordo com Feitosa (1999), o apren-
dizado é um ato de conhecimento da realidade concreta, isto é, da situação real
vivida pelo estudante e só tem significado se resultar de uma aproximação crítica
de sua realidade.
A alimentação saudável é um tema bastante debatido na sociedade atual e
sabe-se que a forma de alimentação da sociedade tem sido influenciada pela sua
crescente modernização e avanços das ciências e suas tecnologias, gerando um
quadro de doenças bastantes preocupantes causadas por maus hábitos alimenta-
res. O ensino de Ciências da Natureza deve potencializar a conscientização dos
estudantes, utilizando metodologias que desenvolvam a participação e criticida-
de do educando (FILADELFO; GURIDI, 2014). A busca por metodologias no
Ensino de Ciências que facilitem o alcance de uma educação de valores e signi-
ficados aos estudantes, que permitam fazer suas escolhas de forma participativa
entre as mais diferentes questões da humanidade, torna-se fundamental. Dessa
forma, apresentamos aqui a prática dialógica de Paulo Freire como sendo uma
alternativa para as salas de aulas.
4 SEQUÊNCIA DIDÁTICA
1) Primeira etapa
A primeira etapa consistiu numa Roda de Conversa com o objetivo de fazer
um levantamento dos conhecimentos prévios dos estudantes em relação à ali-
mentação. O procedimento adotado consistiu em dividir a turma em grupos de
três a quatro estudantes. A tarefa proposta consistiu em responder em grupo as
seguintes perguntas: “O que você entende por alimentação saudável?” (conteú-
do conceitual); “Qual a importância da alimentação para o nosso organismo?”
(conteúdo conceitual); “A sua alimentação atende aos critérios de uma alimen-
tação saudável? Por quê?” (conteúdo conceitual). As respostas foram anotadas
em uma folha e depois apresentadas por um dos estudantes do grupo ao restante
da turma em uma roda de conversa. Uma tabela foi construída com as princi-
pais respostas no quadro, onde foram elencadas as três principais respostas em
comum entre os grupos. Após o debate, apresentou-se um vídeo sobre a impor-
tância da alimentação. Dessa forma, foram englobados os conteúdos procedi-
mentais factuais no processo.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
388
2) Segunda etapa
A segunda etapa, intitulada “Tabela Com a Classificação Dos Alimentos”,
teve por objetivo construir a tabela nutricional dos alimentos consumidos pelos
estudantes, relacionando esses alimentos com sua classificação e com a pirâmi-
de alimentar. Dessa forma, foram estudados os conceitos de tabela nutricional
e pirâmide alimentar, através do procedimento de comparação e discussão. O
procedimento metodológico consistiu em dividir os estudantes em grupos pe-
quenos (dois ou três componentes), com a incumbência de elaborar uma tabela
com os principais nutrientes dos alimentos consumidos por eles. Para relembrar
os conceitos e os nutrientes relacionados, utilizaram-se livros didáticos do oita-
vo ano do Ensino Fundamental para a pesquisa, bem como de consulta em sites
diversos da internet. Ao final dessa atividade, eles confeccionaram, em cartolina,
uma pirâmide alimentar, utilizando recortes de figuras de panfletos de mercados
e desenhos por eles realizados e expuseram para a classe.
3) Terceira etapa
A “Análise de Rótulos de Alimentos Industrializados” foi a tarefa proposta
na terceira etapa. O objetivo consistiu em analisar rótulos de alimentos indus-
trializados relacionando a sua propaganda com a sua funcionalidade, tendo em
vista o estudado na etapa anterior. Também deveriam criticar as propagandas
veiculadas, levando em conta os fatores “veracidade” e “interesses não explíci-
tos”. O procedimento, desta vez, incluiu o acesso à Sala de Tecnologias Educa-
cionais (STE), na qual, utilizando rótulos digitalizados, os grupos, de dois a três
estudantes, fizeram um levantamento de material referente à propaganda dos
produtos. Ao observar as informações nutricionais de cada produto e as propa-
gandas veiculadas na mídia, os estudantes foram estimulados a escrever sobre a
funcionalidade dos alimentos para o organismo, apontando aspectos positivos e
negativos de seu consumo. De igual modo, deveriam discutir como a propaganda
veiculada na mídia pode influenciar no seu consumo.
4) Quarta etapa
Na quarta etapa, desenvolveu-se a “Pesquisa Sobre Alimentação Saudável”,
com o objetivo de proporcionar uma oportunidade de reflexão sobre o tema. Os
procedimentos incluíram a apresentação do vídeo “Conhecendo os Alimentos
com o Sr. Banana” (https://www.youtube.com/watch?v=qUN9i3RCYl8), que é
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
389
5) Quinta etapa
“Leitura e Discussão Artigos Científicos Sobre Alimentação Saudável”, cujo
objetivo foi propiciar aos estudantes conhecer e analisar artigos científicos sobre o
tema, constituiu a quinta etapa. Novamente o procedimento incluiu a divisão em
grupos (dois ou três elementos) na STE, no qual os participantes foram orienta-
dos sobre o que e como fazer. Foram propostos a elaboração de um resumo com
as principais ideias dos artigos e um debate sobre a leitura que fizeram.
6) Sexta etapa
Na sexta etapa, ocorreu a análise e a discussão sobre as músicas que falam
sobre comidas. Seu objetivo foi levar o estudante a perceber os nutrientes citados
nas canções e discutir pontos positivos e negativos contidas nas letras de cada
uma. Adotaram-se os seguintes procedimentos: as letras das músicas “Eu quero
mais” (Sandy e Junior), “Não é proibido” (Marisa Monte), “Comer, comer” (Patati
e Patata) foram acompanhadas pelos estudantes por meio de tablets; em grupos
(três ou quatro estudantes), as letras foram analisadas na perspectiva de perceber
como a alimentação é exposta, quais as mensagens são apresentadas, se a música
trata de alimentação saudável ou apresenta uma alimentação equivocada e como
ela pode influenciar nos hábitos alimentares das pessoas.
7) Sétima etapa
A sétima etapa consistiu na confecção de apresentações, cujo objetivo foi o
de propiciar o estudante a produzir um material de incentivo a uma alimentação
saudável. Nestas aulas, os procedimentos consistiram na produção de uma apre-
sentação a critério do grupo para expor suas ideias aos colegas; houve apresenta-
ção de teatro, música, cartazes, poesia. Na STE, os estudantes ficaram responsá-
veis por criar um fôlder com as principais ideias trabalhadas durante a SD para
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
390
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Tiago Venturi1
Ronaldo Adriano Ribeiro da Silva2
1 INTRODUÇÃO
1 Docente do Departamento de Ensino, Educação e Ciências da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Doutor
e Mestre em Educação Científica e Tecnológica pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e
Tecnológica (PPGECT), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Doutoramento Sanduíche (Bolsa
CAPES) na Universidade do Minho – Portugal (Instituto de Educação – Centro de Investigação de Saúde da
Criança – CIEC). Bacharel e Licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade para o Desenvolvimento do
Alto Vale do Itajaí (UNIDAVI). Pesquisas e interesses em Educação em Saúde, Alfabetização Científica e Tec-
nológica, Ilhotas Interdisciplinares de Racionalidade, Didática das Ciências, Formação de Professores, Prática
Pedagógica, Conhecimentos Profissionais Docentes e Educação Científica. É membro dos grupos de pesquisa
JANO (UFPR) e CASULO (UFSC).
2 Doutor em Ensino de Ciências pelo Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Educação Matemática da
Universidade Estadual de Londrina (UEL). Docente da Faculdade de Ciências Biológicas da Universidade Federal do
Pará (UFPA) / Campus Altamira e LaPECBio – Laboratório de Pesquisa em Educação em Ciências e Biologia.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
393
em Ottawa, em 1986, acrescenta que a “saúde deve ser vista como um recurso
para a vida, e não como objetivo de viver. Neste sentido, a saúde é um conceito
positivo, que enfatiza os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades
físicas” (OMS, 1986). Ficaram estabelecidos nesse documento os pré-requisitos
básicos para a saúde: paz, habitação, educação, alimentação, renda, ecossistema
estável, recursos sustentáveis, justiça social e equidade.
Essa concepção de saúde orienta inúmeras políticas públicas nas áreas da
saúde e educação, resultando em atividades de Educação em Saúde (ES) na Escola.
O conceito de ES já foi discutido em capítulos anteriores desta obra; neste, somos
orientados pelo conceito de Mohr (2002), que considera a ES um conjunto de ati-
vidades realizadas na escola, pertencentes ao currículo escolar, desenvolvidas de
forma planejada e com uma intenção pedagógica, a de construir conhecimentos
sobre assuntos, temas ou conteúdos, relacionados à saúde individual e coletiva.
No entanto, Martins et al. (2015) identificaram distintas interpretações e
abordagens de saúde que adentram o contexto educacional, abordagens estas
que impactam as atividades de ES realizadas na escola. Os autores afirmam que
a abordagem biomédica é predominante e apresenta uma perspectiva funciona-
lista, na qual saúde e doença são resultados da normalidade, ou não, do funcio-
namento dos órgãos de cada indivíduo. Nesse modelo, admite-se o binômio saú-
de-doença, formulando-se saúde como a ausência de doenças e apresenta taxas
e valores corpóreos dentro de limites estabelecidos como normais (MARTINS
et al., 2015). Para Canguilhem (2011), quando se determina o que é saudável e o
que é doentio a partir de taxas e valores determinados estatisticamente, busca-se
um ideal de perfeição do organismo humano, perfeição que vai muito além de
um funcionamento equilibrado e desconsidera as distinções individuais, entre
raças, culturas, ambientes e sociedades. Esse autor ressalta que é fundamental
compreender a instabilidade e a irregularidade como características essenciais
aos processos vitais e que podem fazer parte da saúde. Segundo Carvalho (2006),
o modelo biomédico, quando adentra o campo educacional, reproduz uma vi-
são limitada de saúde com implicações para o ensino e a aprendizagem do tema.
Já se destacou nesta obra que a ES vem se consolidando no Brasil como
um campo de estudos, pesquisas e práticas (VENTURI e MOHR, 2011; SILVA e
TEIXEIRA, 2015; SOUZA et al., 2015; MARINHO e SILVA, 2017; OLIVEIRA e
OLIVEIRA, 2017; VENTURI e MOHR, 2019). Esse campo de estudos está se ex-
pandindo internacionalmente através de parcerias entre Brasil e Portugal. Como
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
394
2.1 Objetivos
Analisamos os objetivos claramente delimitados nos documentos; o PNSE
(PORTUGAL, 2015, p. 12) traz expressamente definidos os seus objetivos para EpS:
6 Tendo em vista que o documento foi elaborado conjuntamente pelo Ministério da Educação e Direção-Geral da
Saúde de Portugal, vamos referenciá-lo por suas iniciais REpS – Referencial de Educação para a Saúde, publicado
na página do Ministério da Educação em maio de 2017, disponível em https://www.dge.mec.pt/sites/default/files/
Esaude/referencial_educacao_saude_vf_junho2017.pdf Acesso em: 02. jan. 2020.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
396
Aqui podemos ver que a saúde deixa de estar relacionada apenas a aspectos
vinculados a ausência de doenças, ou funcionalidades do corpo humano e passa a
estar relacionada à sustentabilidade ambiental e social, que envolve a valorização
e respeito à diversidade cultural, sexual e aos direitos humanos. Consideramos
que tais objetivos trazem enormes avanços para a EpS, que podem contribuir
com a formação para a cidadania, com o desenvolvimento do senso crítico, bem
como com a promoção da justiça social.
No entanto, existem algumas indagações que surgem ao analisarmos tais
objetivos: quem serão os profissionais envolvidos nesta atividade e como será
a sua formação para alcançar tais objetivos? E como esses objetivos podem ser
colocados em prática? Quais as articulações com o conteúdo/currículo escolar?
São questões ainda sem respostas, uma vez que carecem de investigação após a
implantação da proposta de 2017. No entanto, temos a ciência de que estes avan-
ços na legislação precisam estar vigilantes e articulados com os processos de en-
sino-aprendizagem para que não ocorram perdas de sentido nas metodologias
que venham a orientar a prática da EpS na escola.
horas semanais (32h) para toda equipe. Cada membro da equipe regional
deverá ter, no mínimo, oito horas semanais de dedicação às atividades.
c) Em nível local: equipes de saúde escolar, que devem contar com diversos
profissionais (equipe multidisciplinar) como enfermeiros, psicólogos, as-
sistentes sociais, odontólogos, médicos etc., dedicadas exclusivamente a
esta área – 30 horas semanais para cada grupo de 2500 alunos.
d) Na escola: coordenador de EpS é um professor responsável, com carga ho-
rária específica (determinada pela escola) para coordenar as atividades de
EpS e integrar a equipe de saúde escolar (local).
7 A União Europeia financia ações nas Escolas Promotoras de Saúde, desde que elas sigam os princípios estabe-
lecidos internacionalmente: a) promover a saúde e o bem-estar dos alunos; b) melhorar os resultados escolares;
c) defender os princípios de justiça social e equidade; d) fornecer um ambiente seguro e de apoio; e) fomentar
a participação dos alunos e desenvolver as suas competências (empowerment); f) articular as questões e os
sistemas da saúde e da educação; g) abordar as questões de saúde e bem-estar de todo o pessoal da escola; h)
colaborar com os pais dos alunos e com a comunidade; i) integrar a saúde nas atividades correntes da escola,
no programa escolar e nos critérios de avaliação; j) estabelecer objetivos realistas com base em dados precisos
e com sólidas evidências científicas; e h) procurar melhora constante através de uma supervisão e a avaliação
contínua. Disponível em: https://www.dge.mec.pt/sites/default/files/ficheiros/iuhpe_hps_guidelinesii_2009_
portuguese.pdf. Acesso em: 02 jan. 2020.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
401
(i) uma interpretação em espiral com todas as suas áreas interligadas ao longo
de todo o percurso escolar; (ii) uma perspetiva de intervenção consciente,
criativa e intencional; (iii) uma posição de negociação permanente por pro-
cessos éticos centrados em quem aprende; (iv) uma visão holística, porque
as competências devem ser desenvolvidas transversalmente em todas as áreas
curriculares. Complementarmente, a PES pode ainda suportar-se em ofertas
curriculares complementares no ensino básico, ou em projetos e atividades
definidas pelas escolas com o objetivo de contribuir para a formação pessoal
e social dos alunos, em articulação com o projeto educativo de cada escola
(PORTUGAL, 2017, p. 7).
estabelecidos nas políticas públicas. Essa equipe será a responsável por atender aos
novos objetivos, desenvolver os temas e as abordagens propostos pelo novo Refe-
rencial. No entanto, desde já, nos parece que as escolas possuem estrutura (médica
e psicossocial) para desenvolver ações pontuais de saúde ou campanhas de saúde
pública, que se diferenciam dos programas e projetos contínuos de EpS. Algo que
demonstra um avanço considerável quando se compreende que, em muitas reali-
dades, o professor de Ciências e Biologia acabam desenvolvendo ações pontuais e
normativas, similares às campanhas de saúde pública (VENTURI, 2013). Assim,
pode-se pensar em processos de ensino-aprendizagem para a EpS que, de fato, se
aproximem de uma perspectiva pedagógica, tal qual defendida no início deste texto.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
1 Doutora em Educação Científica e Tecnológica (UFSC). Docente do Instituto Federal Catarinense (IFC) Campus
Rio do Sul.
2 Doutor em Educação Científica e Tecnológica (UFSC). Docente do Departamento de Ensino, Educação e Ciências
da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
3 Doutora Educação em Ciências Química da Vida e Saúde (UFRGS). Docente do Instituto Federal Catarinense
(IFC) Campus Araquari.
4 Doutor em Física (USP). Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Tecnológica (PP-
GECT) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
408
9 A Sociedade Brasileira de Dermatologia conceitua o câncer de pele como um tumor causado pela alteração e
replicação desordenada de células epiteliais que tiveram seu DNA alterado (SBD, 2015).
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
415
10 A Irlanda do Norte e a Inglaterra ficam no Hemisfério Norte, no continente europeu. Em geral, há muitos períodos
de chuva, o céu é nebuloso e o verão é ameno. Já a Austrália fica no Hemisfério Sul, o clima no litoral é mediter-
râneo, com muitos períodos de céu claro. A diferença geográfica dos locais nos instiga alguns questionamentos:
será que as pessoas claras que vivem na Europa são adaptadas ao clima local? E os aborígenes australianos que
eram a maioria da população da Austrália antes de os emigrantes europeus chegarem, já não estavam adaptados (e
resistentes) ao sol forte?
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
416
11 No original: A cell may reproduce excessively if a mutation either turns a normal gene into an overzealous growth
promoter (an oncogene) or inactivates a gene that normally limits cell growth (a tumor suppressor gene).
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
417
12 O namômetro (nm) é uma unidade de comprimento que equivale a bilionésima parte de um metro. Assim, 1 nm
= 10-9 m.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
418
Figura 1: Duas timinas adjacentes, após a incidência do UV criam ligações entre os seus átomos
de Carbono, formando o dímero de timina Ciclobutano ou o Fotoproduto
A formação deste dímero gera uma “lesão”, mas, no interior das células, en-
zimas catalíticas podem reparar a área lesionada com auxílio de fótons na faixa
visível. Esstas enzimas podem desfazer as ligações do dímero reativando as bases
e religando as duas fitas. Outro mecanismo pode ser a excisão, com a retirada
da região lesionada e a substituição por novas bases. No entanto, nesse processo
pode ocorrer que bases diferentes substituam as anteriores modificando o orde-
namento na fita do DNA.
Num processo posterior de replicação durante a divisão celular, isto pode
gerar uma mutação. Porém, existem proteínas, sintetizadas pelo próprio DNA,
que, durante o processo de replicação celular, identificam as lesões e promovem
outros mecanismos de reparação e/ou impedem a replicação. Uma das proteínas
mais importantes neste mecanismo é a p53, a qual, durante o ciclo de divisão
celular, verifica possíveis ocorrências de uma mutação na sequência do código
genético. Caso seja identificada a existência de mutações, a p53 ativa outras pro-
teínas que devolvem ao DNA o seu ordenamento original ou impedem a repli-
cação, levando à morte celular, isto é, à apoptose.
Cerca de 10% dessas mudanças ocorrem em duas Cs adjacentes, com ambas
as bases mudando para Ts. Descobriu-se que a formação de dímeros de pirimidina
ocorre apenas quando o UV, com uma frequência de 260 nm, incide sobre o DNA.
Esta é a impressão digital, provando o papel da radiação na geração do câncer. Na
próxima seção falaremos sobre por que há este comportamento tão seletivo da ra-
diação. Na Figura 2, observa-se a mutação que ocorre: a substituição de C por T.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
420
Figura 2: Processo de alteração genética causada nas células pela luz ultravioleta
A Figura 2 deixa claro que as ligações entre as fitas de DNA se dão sempre
entre pares de purinas (que são adenina e guanina) e pirimidinas (que são cito-
sina e guanina), segundo a lei de Chargaff. Essa classificação ocorre porque as
purinas são moléculas orgânicas com constituintes distribuídos em dois anéis,
enquanto que as pirimidinas em um anel.
Leffell e Brash (1996) precisavam identificar quais os grupos de genes eram
afetados pelas mutações. Relataram que havia registros de pesquisadores do Ins-
tituto Nacional do Câncer dos EUA que mostravam que o papiloma vírus produz
uma proteína capaz de inativar a proteína p53 (produto do gene p53). Sendo as-
sim, eles tinham indicações suficientes de que o gene p53 poderia estar envolvido
com o câncer de pele não melanoma, porém eram necessárias confirmações. Para
obter uma confirmação sobre este papel do p53 mutado, estudaram carcinomas
em células escamosas, descobrindo que 90% dos casos analisados possuíam uma
mutação em algum lugar do gene supressor de tumor – p53. Observaram ainda
que estas mutações ocorriam sempre em bases adjacentes de pirimidina, sendo
originadas no processo de reparo da lesão causada pela luz ultravioleta quando
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
421
13 No original: Typically the amino acid does not change when the first two bases of the codon are constant and only
the third varies. Hence, if the p53 mutations found in skin cancer were just a random effect of exposure to the sun, we
would expect to find changes in the third position occurring as often as in the first or second. That is, there would be
plenty of examples where the codon mutated (underwent a nucleotide base substitution) without altering its corres-
ponding amino acid.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
422
14 No original: [...] in 1992, Subrahmanyam Kunala showed that cells repair damage particularly slowly at some pyrim-
idine pairs. Subsequently, Gerd P. Pfeifer and his colleagues at the City of Hope Beckman Research Institute in Duarte,
Calif., found that cells repair the p53 sites mutated in nonmelanoma skin cancer more sluggishly than they do many
other sites in the gene. Hence, it seems quite likely that the hot spots we found for skin cancer owe their existence to an
inability of skin cells to mend these sites efficiently.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
423
15 Morte celular é um mecanismo normal de muitos processos biológicos, incluindo o desenvolvimento em-
brionário.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
424
transparente à luz visível, nosso corpo é transparente à grande parte dessa radia-
ção. Isto é uma evidência de que a interação da radiação com a matéria depende
do tipo de radiação e do tipo de matéria.
Essa transparência ocorre porque a radiação eletromagnética interage sele-
tivamente, dependendo de sua frequência. Como veremos, a matéria constituída
de átomos e moléculas também é seletiva. Isto é, dependendo de seus átomos e
moléculas constituintes, um tecido ou pedaço de matéria absorve apenas radia-
ção com determinadas frequências e é transparente às outras. A ideia de absor-
ver e ou emitir apenas quantidades discretas de energia está presente no modelo
de Bohr de 1911 (SEARS et al., 2009). Nesse modelo, os elétrons, como objetos
quânticos, só podem existir de forma estável em algumas órbitas e, portanto, só
podem absorver ou perder uma quantidade de energia que numa transição o faça
saltar de uma órbita para outra. Isto significa que apenas fótons com energias,
exatamente iguais às diferenças de energia entre duas órbitas podem ser absor-
vidos, sendo o átomo transparente aos outros tipos de fótons.
Embora descreva as variações na energia do átomo, absorção e transpa-
rência, o modelo de Bohr é limitado, pois não nos permite compreender outros
efeitos da radiação. Na teoria quântica de Schröedinger desenvolvida em 1926
(SEARS et al., 2009), no lugar de elétrons como partículas girando em órbitas
planetárias, há uma nuvem eletrônica (orbital) em que a carga do elétron está
distribuída. Cada orbital corresponde a um estado com uma dada energia.
Na Figura 5, vemos três orbitais com energias diferentes, que são estados
do sistema, isto é, são configurações de equilíbrio. A forma esférica da nuvem
eletrônica corresponde ao orbital S, o estado de menor energia. Ao absorver um
fóton com frequência de energia – , – exatamente igual à diferen-
ça de energia entre os estados S e P, o átomo muda sua configuração espacial, e
a nuvem assume a forma P. Se o fóton tivesse frequência e energia
haveria uma transição para o estado D. Átomos e moléculas podem ter um
conjunto de configurações de equilíbrio com formatos de nuvens diferentes e
energias diferentes. Como no modelo de Bohr, as diferenças de energia entre os
estados, são características para cada átomo ou molécula. Isso vai im-
plicar que, para cada átomo e/ou molécula, apenas um conjunto de fótons com
frequências características e bem definidas podem ser absorvidos. E isto explica
por que dependendo dos átomos e moléculas que constituem os nossos tecidos,
absorvemos apenas radiação com determinadas frequências.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
427
Sabemos que uma reação causada pela luz é o bronzeamento que envolve a
ação do ultravioleta sobre um pigmento, a melanina. De acordo com Souza, Ficher
e Souza (2004), a melanina é um pigmento produzido na epiderme, em células
denominadas melanócitos, da qual é transferida para um outro tipo de célula, os
queratinócitos, que constituem 95% das células da epiderme. Nestas células, a melanina
exerce um papel de proteção contra os raios solares, absorvendo principalmente
o UVB e servindo como defesa contra efeitos maléficos deste tipo de radiação.
Os queratinócitos migram através da epiderme, sofrendo várias modificações até
completar o seu ciclo de vida de 30 dias, em média, quando, então, formam uma
camada de células mortas na região externa da pele (SOUZA, FISCHER e SOUZA,
2004). A incidência da radiação solar estimula a produção de melanina, que, por
possuir uma cor escura, provoca a pigmentação característica do bronzeamento.
Os mesmos raios solares que produzem bronzeamento provocam alterações
moleculares nas células da pele. Por exemplo, as queimaduras de sol ocorrem
quando a radiação solar, principalmente a UVB, causa transformações no DNA,
o que estimula a síntese de certas enzimas e proteínas, as quais, ao se difundirem,
causam vasodilatação, aumento do fluxo sanguíneo, provocando a vermelhidão
da área afetada ou ruptura de tecidos.
As radiações solares absorvidas causam efeitos diferentes nos seres vivos, pois
eles não são igualmente sensíveis a tais emissões. Por exemplo, temos a sensibili-
dade à luz solar dos diferentes tipos de pele que abordaremos na próxima seção.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
428
Nota-se que cada tipo de pele tem uma sensibilidade diferente à UV, sendo
que a maior probabilidade de contrair câncer é em pessoas com pele e cabelos
claros, pois tais biotipos necessitam de menos energia para a produção de reações
perceptíveis na pele. O DEM é uma grandeza que representa a quantidade de
energia efetiva, expressa em Joules/cm2, necessária para a produção da primeira
reação eritematógena que seja perceptível (a olho nu) por um especialista. Esse
valor é definido considerando a pele sem proteção. No quadro 2 apresenta-se a
classificação dos tipos de pele, as reações quando expostas a radiação UV e o DEM.
radicais livres, espécies altamente reativas, “a partir das moléculas ou dos átomos
na pele, devido à sua interação com luz ultravioleta (UV), quanto a reações quí-
micas em que as moléculas de oxigênio ganham elétrons e se tornam reativas”
(GUTERRES et. al., 2012, p. 76). Os fotoprotetores representam uma estratégia
imprescindível à proteção cutânea. Podem ser orgânicos e inorgânicos, absor-
vendo ou refletindo a radiação UV, antes que ela penetre na pele, desencadeando
as reações de formação dos radicais livres. Esses agentes podem ter ação física
ou química, sendo denominados bloqueadores físicos e químicos, atenuando o
efeito da UV. Sua qualidade depende de seu FPS e de suas propriedades físico-
-químicas (formação de uma película ideal sobre a pele, estabilidade, baixa hi-
drossolubilidade e hipoalergenicidade).
Os bloqueadores físicos são substâncias opacas que refletem e dispersam a
radiação solar incidentes no corpo humano, formam uma barreira física às ra-
diações (UVA, UVB, infravermelho e radiações visíveis), constituindo-se em um
filtro protetor na pele. Os compostos inorgânicos mais utilizados são dióxido de
titânio, óxido de zinco, óxido de magnésio, caulim e óxido de ferro. De acordo
com Tofetti e Oliveira (2006, p. 62), “os produtos que refletem a radiação UVB
e, em menor grau, a radiação UVA, por meio de filme de partículas metálicas
inertes, são usualmente à base de óxido de zinco ou dióxido de titânio, em veí-
culo apropriado”.
Já os bloqueadores químicos absorvem radiação ultravioleta (UV) e pos-
suem estrutura química não saturada. As principais substâncias utilizadas são
PABA (ácido para-aminobenzóico), cinamatos, benzofenos, salicilatos e antitra-
linatos. Atualmente, devido ao potencial de toxicidade e a produção de reações
alérgicas, os PABAs estão sendo substituídos por derivados do ácido cinâmico e
pela benzofenona e seus derivados.
O desempenho de um protetor solar depende da concentração do filtro
solar e de sua capacidade de permanecer na pele. Aumentando a concentração
de filtro solar, consequentemente, aumentará o FPS. De acordo com Draelos
(1991), fatores como calor, vento, umidade, perspiração e espessura da
aplicação do filme do produto sobre a pele influenciam no desempenho do
protetor solar.
As três substâncias que fazem parte da composição química dos protetores
solares e que estão associadas a alguma polêmica são PABA, Oxibenzona e
Retinil Palmitato. Por meio da leitura do rótulo de qualquer protetor solar,
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
433
Alguns dos tópicos do texto didático apresentado neste capítulo foram uti-
lizados na disciplina de Pesquisa e Processos Educativos III do curso de Licen-
ciatura em Física do Instituto Federal Catarinense (IFC), em 2018. A atividade
teve como objetivo geral construir conhecimentos pedagógicos acerca de temas
a serem tratados no Ensino Médio, bem como entender as relações da Física
com outras áreas.
Para o tópico da ementa “Radiações ionizantes e não ionizantes e suas in-
terações com os seres vivos”, foi estudada a metodologia de Ilhotas Interdisci-
plinares de Racionalidade (IIR), com o objetivo de o licenciando “Vivenciar a
elaboração coletiva e execução de um projeto interdisciplinar envolvendo o tema
radiações.” Foram destinadas cinco semanas para o desenvolvimento de IIR. Ini-
cialmente, foram apresentados os propósitos da Alfabetização Científica e Técnica
(FOUREZ, 1997) e as etapas de uma IIR (FOUREZ, 1997; PIETROCOLA et al.,
2000). Em seguida, foi elaborada uma IIR sobre o câncer de pele, para a qual a
professora trouxe subsídios do texto didático apresentado neste capítulo. A IIR
foi elaborada em conjunto, envolvendo os acadêmicos e a professora, inspirada
em trabalhos (BETTANIN, 2003; PIETROCOLA et al., 2003) que relatam o de-
senvolvimento de IIR.
Inicialmente foi apresentado aos acadêmicos o problema (câncer de pele),
e eles tiveram a possibilidade de dizer tudo o que entendiam estar envolvido
com o tema. Em seguida, foi construído o projeto e definido o produto, as
pesquisas que seriam realizadas, os especialistas que seriam consultados, os
conhecimentos que estariam envolvidos nos estudos, o público-alvo ao qual
se destinava o produto. Também foi elaborado um cronograma, e selecionados
os responsáveis pelo desenvolvimento de cada uma das atividades previstas no
projeto interdisciplinar.
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
435
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Focalizar temas a partir dos fenômenos e não a partir das teorias científicas
pode ser um caminho interessante para implementar atividades interdisciplinares
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
436
REFERÊNCIAS
Tiago Venturi
Docente do Departamento de Educação, Ensino e Ciências da Universidade
Federal do Paraná (UFPR). Doutor e Mestre em Educação Científica e Tecno-
lógica pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Tecnológica
(PPGECT), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Doutoramento
Sanduíche (Bolsa CAPES) na Universidade do Minho – Portugal, no Instituto
de Educação – Centro de Investigação de Saúde da Criança (CIEC). Bacharel e
Licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade para o Desenvolvimento
do Alto Vale do Itajaí (UNIDAVI). Pesquisas e interesses em Educação em Saú-
de, Alfabetização Científica e Tecnológica, Ilhotas Interdisciplinares de Racio-
nalidade, Didática das Ciências, Formação de Professores, Prática Pedagógica,
Conhecimentos Profissionais Docentes e Educação Científica. É membro dos
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
442
SOBRE OS AUTORES
Adriana Mohr
Doutora em Educação. Professora Titular da Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC). Departamento de Metodologia de Ensino. Programa de Pós-
-Graduação em Educação Científica e Tecnológica. Líder do Grupo de Pesquisa
“Casulo: pesquisa e educação em Ciências e em Biologia”.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/3231406048465358
Andréia Merenciano
Graduada em Enfermagem pela Universidade Norte do Paraná (2009).
Atualmente é professora da Universidade Norte do Paraná. Tem experiência na
área de Enfermagem, com ênfase em Enfermagem do Trabalho
Lattes: http://lattes.cnpq.br/8541694823710772
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
444
Antonio Sales
Doutor em Educação. Docente Sênior no Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu
da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS). Professor da UNIDERP
nos cursos de Matemática, Medicina e Mestrado em Ensino de Ciência e Matemática.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/4297904237292516
Cleiton Lessmann
Doutorando e mestre no Programa de Pós-Graduação em Educação Cien-
tífica e Tecnológica da mesma universidade (PPGECT- UFSC). Graduado em
Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Lattes: http://lattes.cnpq.br/4784450251298573
Fabricio Barbieri
Acadêmico em Direito pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mes-
quita Filho (UNESP).
Lattes: http://lattes.cnpq.br/5491474469660595
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
448
Fernanda Frasson
Doutoranda em Ensino de Ciências e Educação Matemática pela Universida-
de Estadual de Londrina (UEL). Bolsista CAPES. Mestra em Ensino de Ciências
e Educação Matemática pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Gra-
duada em Nutrição pelo Centro Universitário Filadélfia (Unifil). Graduada em
Ciências Biológicas (Licenciatura) pela Universidade Nove de Julho (Uninove).
Lattes: http://lattes.cnpq.br/0189590918960221
Guilherme Mulinari
Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Tec-
nológica (PPGECT) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Mestre
em Educação Científica e Tecnológica (PPGECT), pela UFSC. Graduado em
Ciências Biológicas pela UFSC (2015). Coordenador do Grupo de Estudos em
Educação em Saúde e Formação de Professores (GEFES) e membro do grupo
CASULO – Pesquisa e Educação em Ciências e Biologia, que, atualmente, de-
senvolve pesquisa sobre o papel das escolas e da docência no planejamento, de-
senvolvimento e avaliação do Programa Saúde na Escola (PSE), política pública
Intersetorial e interministerial implementada em escolas públicas brasileiras.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/6750418036433301
Hiraldo Serra
Doutor (2005) e Mestre (2003) em Ciências Biológicas (Zoologia) pela Uni-
versidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Licenciado em:
Ciências, pela Faculdade de Educação Ciências e Letras de Moji Mirim (1986);
Matemática, pelas Faculdades Integradas Maria Imaculada (1995); Física, pela
Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Guaxupé (1997). Realizou estágio
de pós-doutoramento no Instituto de Física, Departamento de Física Geral da
Universidade Federal da Bahia (UFBA) em Salvador (BA), com Modelagem de
Sistemas Biológicos e Biomédicos por Equações Diferenciais. Atualmente, é pro-
fessor adjunto da Faculdade de Educação (FAED) da Universidade Federal da
Grande Dourados (UFGD).
Lattes: http://lattes.cnpq.br/3238771623742678
Juan de Nicolai
Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Botâ-
nica) pela UNESP-Botucatu. Mestre e Graduado em Ciências Biológicas (Botâni-
ca) pela UNESP. Tem experiência na área de Botânica, com ênfase em anatomia
vegetal e estruturas secretoras.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/1444054925741477
Liziane Martins
Doutora em Ensino, Filosofia e História das Ciências, pela Universidade
Federal da Bahia/Universidade Estadual de Feira de Santana. Licenciada em
Ciências Biológicas pelo Centro Universitário Jorge Amado. Pesquisadora e pro-
fessora da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e da Universidade Federal
do Sul da Bahia (UFSB).
Lattes: http://lattes.cnpq.br/0875190888563790
Leonel Lusquinhos
Doutorando em Estudos da Criança pela Universidade do Minho. Licen-
ciado em Enfermagem pela Escola Superior de Enfermagem de Santa Maria. É
Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica na Ad-
ministração Regional de Saúde do Norte IP – ACES Cávado I Braga, na Unidade
de Cuidados na Comunidade Assucena Lopes Teixeira.
Lattes: https://www.cienciavitae.pt/portal/8816-DD7C-47EA
Luiza Côrtes
Graduada em Ciências Biológicas Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho (UNESP).
Lattes: http://lattes.cnpq.br/8163690560743154
Karine Rudek
Mestra em Ensino de Ciências pela Universidade Federal da Fronteira Sul
(UFFS). Graduada em Ciências Biológicas (UFFS) e Pedagogia (UNINTER).
Professora Municipal na Educação Infantil e Professora do curso de Pedagogia
na Faculdade Santo Ângelo (FASA).
Lattes: http://lattes.cnpq.br/1133558869089826
Matheus Vitor
Mestrando em Ensino na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UT-
FPR). Especialista em Educação a Distância pela Faculdade Instituto de Educa-
ção Superior do Paraná (FAINSEP), em 2020. Graduado em Ciências Biológicas
pela Universidade Norte do Paraná (UNOPAR), em 2016. Especialista em En-
sino de Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), em
2018. Atua no Ensino Superior, na área de análises e gestão dados censitários e
com estudos nos seguintes temas: Formação de Professores, Saúde, Sexualidade
e Políticas Públicas Educacionais.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/4142372771175649
Miriam Struchiner
Doutora e Mestra em Educação pela Boston University, USA. Graduada
em Desenho Industrial pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Professora Titular e Coordenadora do Laboratório de Tecnologias Cognitivas do
Instituto NUTES da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Líder do Grupo de
Pesquisa do CNPq “Pesquisa e Desenvolvimento de Ambientes Construtivistas
de Aprendizagem Presenciais e a Distância com o uso de Tecnologias de Infor-
mação e Comunicação”.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/4637203974207161
Teresa Vilaça
Professora Auxiliar do Instituto de Educação da Universidade do Minho,
Braga, Portugal. É orientadora dos programas de doutorado em Educação para o
Meio Ambiente e Sustentabilidade e Supervisão Pedagógica. Atuou como presi-
dente por nove anos da Comunidade de Pesquisa e Desenvolvimento “Educação
em Saúde, Meio Ambiente e Sustentabilidade” da Associação para a Formação
de Professores na Europa (ATEE), coorganizadora da Rede 8.
Lattes: https://www.cienciavitae.pt/portal/9612-7A1A-004B
Tiago Venturi
Doutor e Mestre em Educação Científica e Tecnológica pelo Programa de
Pós-Graduação em Educação Científica e Tecnológica (PPGECT), da Universi-
dade Federal de Santa Catarina (UFSC). Doutoramento Sanduíche (Bolsa CA-
PES) na Universidade do Minho – Portugal, no Instituto de Educação – Centro
de Investigação de Saúde da Criança (CIEC). Bacharel e Licenciado em Ciên-
cias Biológicas pela Universidade para o Desenvolvimento do Alto Vale do Ita-
jaí (UNIDAVI). Docente do Departamento de Educação, Ensino e Ciências da
Universidade Federal do Paraná (UFPR). Pesquisas e interesses em Educação em
Saúde, Alfabetização Científica e Tecnológica, Ilhotas Interdisciplinares de Ra-
cionalidade, Didática das Ciências, Formação de Professores, Prática Pedagógi-
ca, Conhecimentos Profissionais Docentes e Educação Científica. É membro dos
grupos de pesquisa JANO (UFPR) e CASULO (UFSC) e docente do Programa de
Pós-Graduação em Educação em Ciências, Educação Matemática e Tecnologias
Educativas – PPGECEMTE/UFPR.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/8085615025613066
Vidica Bianchi
Doutora em Ecologia, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS). Mestra em Educação nas Ciências pela Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ). Licenciada em Ciências
Biológicas. Professora efetiva Adjunta Nível 2 da UNIJUÍ. Atua no Programa
Pesquisas, vivências e práticas de Educação em Saúde na Escola
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