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Mineralogia

Sistemática:
as classes minerais
GEO0071 Fundamentos de Mineralogia
As classes minerais mais
comuns (as clássicas)
1. Elementos Nativos
2. Sulfetos (incluindo sulfoarsenetos, arsenetos etc)
3. Sulfossais
4. Óxidos (simples e múltiplos) e Hidróxidos
5. Haletos
6. Carbonatos
7. Nitratos
8. Boratos
9. Fosfatos
10. Sulfatos
11. Tungstatos
12. Silicatos
Elementos Nativos: elementos
da tabela periódica – raros!
 Cerca de 20 elementos são encontrados em seu estado nativo
na natureza: metais, semi-metais e não-metais. Os principais
são:
 Metais Nativos
 Grupo do ouro: Au, Ag, Cu
 Grupo da platina: Pt, Pd, Ir, Os
 Grupo do ferro: Fe, Fe-Ni (camacita e tenita)
 Outros muito raros: (Hg), Ta, Sn, Zn
 Semi-Metais Nativos
 Grupo do As, Bi, Sb
 Grupo do Se, Te
 Não-Metais Nativos
 S
 C: diamante e grafita
Metais nativos
 Primeiros metais utilizados pelo homem (Cu, Au, Ag...)
 Grupo do Ouro:
 Au, Ag, Cu: pertencem ao mesmo grupo na tabela
periódica
 Ligações metálicas
 brilho metálico, dureza baixa, alta tenacidade (maleáveis),
alta densidade; cristais irregulares

Au Ag Cu
Semimetais nativos
 Extremamente raros:
poucas descrições
detalhadas na literatura
 Arsênio (As), antimônio (Sb)
e bismuto (Bi): isoestruturais
 Também incluem o selênio
(Se) e o telúrio (Te)
 Estruturas em camadas
com ligações fracas entre
elas: boa clivagem (0001)
 Brilho metálico
Não-metais nativos
 Enxofre (S), diamante e grafita (C)
 Estruturas muito diferentes dos
metais e semimetais

 Enxofre (S): sistema ortorrômbico


 Estrutura formada por anéis de S8
ligados entre si por forças de van
der Waals = baixa tenacidade
(frágil e quebradiço) e baixa dureza
 Fratura conchoidal
 Brilho resinoso
 Mau condutor de calor
Não-metais nativos
 Diamante e grafita: polimorfos de alta e baixa pressão do
C, respectivamente

Diamante - clivagem octaédrica; alta dureza,


Grafite – baixa dureza
baixa tenacidade: uso como abrasivo
 Diamante: estrutura muito unida,
ligações fortes
 34% dos espaços na estrutura são
preenchidos
 Camadas amplamente espaçadas
paralelas a (111): clivagem octaédrica
 Alta dureza, porém baixa tenacidade:
uso como abrasivo
 O brilho adamantino (cristais brutos são
mais resinosos)

 Grafita: anéis hexagonais de C


formando “folhas” que se ligam entre -
si for van der Waals: baixa dureza,
muito maleável
 21% dos espaços preenchidos: baixa
densidade
As classes minerais mais
comuns (as clássicas)
1. Elementos Nativos
2. Sulfetos (incluindo sulfoarsenetos, arsenetos etc)
3. Sulfossais
4. Óxidos (simples e múltiplos) e Hidróxidos
5. Haletos
6. Carbonatos
7. Nitratos
8. Boratos
9. Fosfatos
10. Sulfatos
11. Tungstatos
12. Silicatos
Sulfetos (incluindo
arsenetos e sulfoarsenetos)
Acantita Ag2S Cinábrio HgS
Calcocita Cu2S Realgar AsS
Bornita Cu5FeS4 Ouropigmento As2S3
Galena PbS Estibinita Sb2S3
Esfalerita ZnS Pirita FeS2
Calcopirita CuFeS2 Marcassita FeS2
Pirrotita Fe1-xS Molibdenita MoS2
Millerita NiS Cobaltita (Co,Fe)AsS
Pentlandita (Fe,Ni)9S8 Arsenopirita FeAsS
Covellita CuS Skutterudita (Co,Ni)As3
Sulfetos, arsenetos
 Grande importância econômica: muitos são
explorados como minérios (Cu, Fe, Pb, Ag, Zn, Ni, Mo,
Co)
 Fórmula geral: XmZn (X: metal, Z: não-metal = S2-, As2-)
 S2- ou As2- em coordenação tetraédrica, octaédrica
e outras
 Maioria é opaca
 Cores de traços coloridas
 Dureza relativamente baixa: em geral entre 2 – 4. A
pirita é exceção, com dureza 6
 Pirita (FeS2): estrutura cúbica semelhante ao
NaCl
 Fe na posição do Na
 S2 na posição do Cl-

Traço preto.
Apresenta fratura
Dureza 6
Sulfossais
 Minerais de enxofre de estruturas distintas dos
sulfetos
 Grupo diversificado e relativamente grande de
minerais. Contudo, são de ocorrência mais rara,
associados aos sulfetos
 Nos sulfossais, o As, Sb e Bi entram na posição dos
metais, e não no lugar do S:
 Lembrando, nos sulfoarsenetos (ex: arsenopirita FeAsS), o
arsênio (As) ocupa a posição de um enxofre (S)
 Exemplo de um sulfossal: enargita (Cu3AsS4): As no lugar
do Cu
 São “sulfetos duplos”: Cu3AsS4 (enargita) = 3Cu2S·As2S5
As classes minerais mais
comuns (as clássicas)
1. Elementos Nativos
2. Sulfetos (incluindo sulfoarsenetos, arsenetos etc)
3. Sulfossais
4. Óxidos (simples e múltiplos) e Hidróxidos
5. Haletos
6. Carbonatos
7. Nitratos
8. Boratos
9. Fosfatos
10. Sulfatos
11. Tungstatos
12. Silicatos
Algumas imagens

Sulfetos, arsenetos e sulfoarsenetos


Pirita FeS2
Esfalerita + pirita
Coloração azulada em
superfícies expostas é
característica típica

Bornita Cu5FeS4
• Ortorrômbico
• d ~ 3 – 3,5
• Clivagem ruim, predomina fratura
Calcopirita CuFeS2 (dourada) e galena PbS (cinza)
Calcopirita (CuFeS2)
Tetragonal
d = 3,5
Traço preto esverdeado
Calcopirita CuFeS2 em superfície exposta (oxidada): lembra a bornita
rruff.info

Pirrotita Fe1-xS

Sistema monoclínico
d = 3,5 – 4,5
Mineral magnético!
(pode ser detectado com imã comum)
Estibinita Sb2S3
Algumas imagens

Sulfossais
Enargita Cu3AsS4

Cristais ortorrômbicos
Enargita e
pirita
Proustita – Sistema trigonal
Ag3AsS3
Tetraedrita Cu12Sb4S13
pirita + esfalerita + tetraedrita
As classes minerais
1. Elementos Nativos
2. Sulfetos (incluindo sulfoarsenetos, arsenetos etc)
3. Sulfossais
4. Óxidos (simples e múltiplos) e Hidróxidos
5. Haletos (halogenetos)
6. Carbonatos
7. Nitratos
8. Boratos
9. Fosfatos
10. Sulfatos
11. Tungstatos
12. Silicatos
Óxidos e hidróxidos

 Juntamente com os sulfetos, são importantes


minérios metálicos
 Frequentemente ocorrem associados entre si
 Os óxidos em geral são opacos
 Os hidróxidos em geral ocorrem em misturas
complexas, pouco cristalinas
 Ex: bauxita, limonita...
Óxidos e hidróxidos

Óxidos
 Maior dureza e densidade
 minerais acessórios em rochas ígneas e minerais
metamórficos; grãos detríticos resistentes em depósitos
sedimentares

Hidróxidos
 Menor dureza e densidade
 Ocorre principalmente como produtos secundários de
alteração, oxidação e intemperismo
Óxidos
Óxidos Simples
Exemplos
Grupo da hematita X2O3

 Sistema hexagonal
Al3+, Fe3+, Fe2++Ti4+: NC=6

 Coríndon: Al2O3

 Hematita: Fe2O3

 Ilmenita: FeTiO3
Estruturas do grupo da hematita

cátions em coordenação octaédrica


Estruturas do grupo da hematita
Coríndon – Al2O3
Variedade
Coríndon – Al2O3 rubi (Cr3+)Cr3+)

Coríndon – Al2O3

Variedade safira azul (Ti3+)


Hematita – Fe2O3
Hematita botrioidal

Hematita variedade - especularita


Hematita “flor de ferro” – St Christophe-en-Oisans, França
Ilmenita- FeTiO3
Ilmenita- FeTiO3

Importante minério de Ti
Estruturas do tipo XO2
 Dois tipos: tipo rutilo e tipo
fluorita
 Relação entre raios (Rcát/Rânion)
Grupo do rutilo XO2
Estrutura do grupo do
rutilo XO2
tetragonal
Suja a mão facilmente
Estruturas do tipo XO2

 Dois tipos: tipo rutilo e tipo


fluorita
 Relação entre raios (Rcát/Rânion)
Uraninita UO2

Semelhante à
estrutura da fluorita
Estruturas tipo fluorita:
Uraninita UO2
Óxidos Múltiplos
Grupo do espinélio: XY2O4
Grupo do espinélio: XY2O4

8 sítios tetraédricos e 16 sítios octaédricos por cela unitária:


X8Y16O32 = XY2O4
Estrutura do espinélio

8 sítios tetraédricos e 16
sítios octaédricos por
cela unitária:
X8Y16O32 = XY2O4
Grupo dos espinélios XY2O4 :
2 estruturas
 Estrutura normal: oito cátions X (em geral 2+) ocupam as 8
posições tetraédricas e cátions Y (em geral 3+) ocupam as 16
posições octáedricas (X8Y16O32)
 Estrutura inversa: oito dos 16 cátions Y ocupam as oito
posições tetraédricas: resulta a fórmula Y(XY)O4

Também:
Crisoberilo: BeAl2O4
Perovskita: CaTiO3
Magnetita Fe3O4
Hidróxidos
 Presença de grupos (OH)- ou moléculas de H2O
 A maioria dos hidróxidos é de origem supergênica, formados
em ambiente oxidante, como produto de alteração de outros
minerais
 estruturas:
 Brucita Mg(OH)2 e gibbsita Al(OH)3
 Goethita FeO(OH)-α e diásporo AlO(OH)-α
 Lepidocrocita FeO(OH)-γ e bohemita AlO(OH)-γ
Mistura de minerais:
 bauxita
 limonita
 psilomelano
Estrutura da brucita Mg(OH)2

Mg
Camadas de octaédros ligados por pontes de H
Estruturas da brucita e gibbsita
 Brucita: estrutura trioctáedrica – cátions divalentes
 Todos os sítios octaédricos são ocupados;
 Gibbsita: estrutura dioctáedrica – cátions trivalentes
 2 sítios octaédricos ocupados com Al3+ e o terceiro vazio
Brucita – Mg(OH)2
Polimorfos de FeO(OH) e AlO(OH)

 Diásporo e
goethita:
arranjo
hexagonal;
 Boehmita e
lepidocrocita:
arranjo cúbico
Polimorfos de FeO(OH) e AlO(OH)

 Diásporo e
goethita:
arranjo
hexagonal;
cadeias de
octaedros
 Boehmita e
lepidocrocita:
arranjo cúbico
Goethita FeO(OH)-α
Bauxita: mistura de hidróxidos Al
Bauxita: caráter (hábito) pisolítico
Outras misturas minerais
 Limonita: termo
para mistura
indeterminada
entre óxidos e
hidróxidos de ferro
– cor amarelada

 Psilomelano: termo
para uma mistura
de diversos óxidos
e hidróxidos de Mn
Halogenetos
(ou haletos)
Halogenetos
 Caracterizados pelos íons halógenos Cl-, Br-, F- e I-
 Íons grandes, carga -1, facilmente polarizados

 Sistema isométrico

 Compostos do tipo XZ (X = cátion, Z = ânion), XZ2 e


variações
Halogenetos XZ: Halita

3 planos de clivagem
HALITA (NaCl)
• Variedades coloridas de halita:
impurezas, defeitos cristalinos (halita
azul), bactérias (halita rosa e cor de
pêssego)
• Halita tem sabor salgado
característico
Seu sabor salgado é
característico
Outros exemplos XZ (+ raros)
 Silvita KCl – associada com halita; sabor mais amargo
 Carobbiita KF
 Clorargirita AgCl – maciça, lembra cera

clorargirita

silvita
Silvita KCl – associada com halita; sabor mais amargo

Silvita (alaranjado) e halita (branco)


Atenção: a cor alaranjada NÃO é diagnóstica de silvita (pode ser branca, incolor…)
Observação

 Diversos halógenos
alcalinos, tais como
CsCl, CsBr, CsI
apresentam uma
estrutura diferente do
NaCl, com
coordernação
cúbica (NC=8).
 Esses compostos,
contundo, não
ocorrem
naturalmente e não
serão aqui discutidos
Esferas verdes: Cs
Esferas cinzas: Cl
Halogenetos tipo XZ2

 Exemplo: fluorita CaF2


 A estrutura da fluorita
também é a mais
comum desses
halogenetos:
 Ca2+ arranjados nos
vértices e centro das
faces
 Ca2+ coordenado com
oito F- (circundam os
vértices do cubo);
 Íons F- tem coordenação
tetraédrica com quatro
Ca2+ Esferas cinzas: Ca2+
Esferas amarelas: F-
Outros halogenetos mais raros

Criolita Na3AlF6:
sistema monoclínico
 Manufatura de sais
de sódio,
porcelana, vidros
especiais
 Partição em três
direções produz
formas cúbicas

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