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e-mail: marciodiasantos@gmail.com
GP = 2, Si O = 1 3 GP = 2 e 3, Si O = 4 11
Grupo dos Piroxênios Grupo dos Anfibólios
GP = 3
GP = 2
GP = 3
GP = 3
Seção basal das cadeias
em forma trapezoidal
GP = 2
Fs70En30
(Fe0,7Mg0,3)SiO3
1
c
a b
Estrutura cristalina dos ortopiroxênios, vista na direção do eixo b, mostrando as cadeias simples (Si2O6) 4 na
direção do eixo c e a posição Y, ocupada pelo Mg (esfera vermelha) e Fe 2 (esfera vermelha escura), ambos
em coordenação 6 com os oxigênios (a). Cristais de enstatita (b) e hiperstênio, mais ferroso e escuro (c).
Os ortopiroxênios normalmente não contêm, ou são muito pobres em cátions X (Ca e Na) e em
cátions Y trivalentes (Al, Fe 3) e tetravalentes (Ti 4). Quantidades diminutas de Al tetraédrico (AlIV)
podem ocorrer na posição Z, substituindo o Si, equilibradas com entrada de cátions tri ou tetravalentes
na posição Y que também pode conter quantidades diminutas de cálcio, em coordenação 6. Os
ortopiroxênios são minerais essenciais nas rochas ígneas ultramáficas e um componente importante em
algumas rochas máficas. Ocorrem também nas rochas metamórficas de alto grau (fácies granulito),
como os charnockitos.
CLINOPIROXÊNIOS
São os piroxênios mais abundantes. Existem 4 grupos de clinopiroxênios seguintes
Clinopiroxênios pobres em cálcio; Clinopiroxênios alcalinos e
Clinopiroxênios de cálcio; Clinopiroxênios de cálcio e sódio
Clinopiroxênios pobres em cálcio: formam uma série ferromagnesiana contínua e polimorfa aos
ortopiroxênios, denominada , de temperatura mais baixa,
não sendo porém comum nas rochas terrestres. O cálcio pode ocorrer em quantidades diminutas,
substituindo o Mg e Fe 2 na posição Y.
Clinopiroxênios de cálcio: são os clinopiroxênios mais abundantes, compreendendo 3 séries
seguintes diopsídio hedenbergita, augita ferroaugita e pigeonita.
Série Diopsídio Hedenbergita Ca(Mg,Fe)Si2O6 (monoclínico, Z = 4). Forma uma série contínua,
com substituição iônica completa entre magnésio e ferro bivalente. Existe também uma outra série
menos importante, denominada hedenbergita Johannsenita, com substituição iônica entre Fe 2 e Mn 2,
com a fórmula geral Ca(Fe,Mn)Si2O6 . Minerais destas séries podem ocorrer como acessórios nas
rochas ígneas máficas, especialmente em rochas alcalinas. Ocorrem também em rochas metamórficas,
especialmente em rochas calciossilicatadas formadas por metamorfismo de contato.
Série Diopsídio Hedenbergita
Di80Hd20
Ca(Mg0,8Fe0,2)Si2O6
Clinopiroxênios da série diopsídio hedenbergita normalmente não contêm, ou são muito pobres
em cátions tri ou tetravalentes. Diminutas quantidades de AlIV podem ocorrer na posição Z,
substituindo o Si, equilibradas com cátions trivalentes (AlVI, Fe 3) e/ou tetravalentes (Ti 4) na posição
Y, substituindo os cátions bivalentes (Mg, Fe 2).
2
b c
a
3
Clinopiroxênios de cálcio e sódio são os clinopiroxênios que possuem a posição X ocupada pelo
cálcio e pelo sódio em substituição iônica acoplada. Para reequilibrar as cargas entram na posição Y,
além do Mg e Fe 2, o Al e o Fe 3 (acoplamento Y X). Existem dois clinopiroxênios importantes neste
grupo a (monoclínico, Z = 4) que possui Fe 3 e Al na posição
Y e a (monoclínico, Z = 4), cujo cátion trivalente na
3
posição Y é somente o Fe . A onfacita e a aegirina augita ocorrem tipicamente em rochas
metamórficas de alta pressão, sendo que a onfacita ocorre normalmente em eclogitos e a
aegirina augita em xistos azuis, como também em rochas alcalinas.
Piroxênios triclínicos
São os piroxênios menos abundantes que cristalizam no sistema triclínico, nos quais somente as
posições X são ocupadas por cátions grandes, principalmente o cálcio, sem cátions Y. Os principais
piroxênios triclínicos são (triclínico, Z = 6),
Pectolita Ca2NaH(SiO3)3 (triclínico, Z = 2), (triclínico, Z = 20) e
(triclínico, Z = 12). Estes minerais ocorrem em rochas calciossilicatadas
metamorfisadas e skarnitos. A pectolita ocorre também como mineral hidrotermal em cavidades nas
rochas basálticas e como mineral primário em algumas rochas alcalinas. A rodonita e a bustamita
possuem estruturas cristalinas diferentes e a bustamita é, normalmente, mais rica em cálcio, não sendo,
portanto, polimorfos. Estes dois minerais ocorrem em rochas calciossilicatadas associadas com
depósitos de manganês.
Ortopiroxênios (OPX)
• Série Enstatita (En) Ferrossilita (Fs)
cátion Y (sem X) (Mg,Fe 2)SiO3 a
Clinopiroxênios (CPX)
1) CPX pobres em Ca cátion Y (s/ X)
• Série ClinoEn ClinoFs
(Mg,Fe 2,Ca)SiO3
2) CPX de Ca cátions X + cátion Y
• Série Diopsídio Hedenbergita
Ca(Mg,Fe 2)Si2O6
• Série Augita Ferroaugita
Ca(Mg,Fe 2,Fe 3,Al,Ti 4)(Si,Al)2O6
Acoplamento Y e Z
• Série pigeonita
(Mg,Fe 2,Ca)(Mg,Fe 2)Si2O6
3) CPX alcalinos cátion X alcalino + b
cátion Y trivalente
• Aegirina NaAlSi2O6
• Jadeíta NaFe 3Si2O6
• Espodumênio LiAlSi2O6
4) CPX de Ca e Na
cátions X (Ca,Na) + cátion Y
Diagrama triangular de variação composicional dos
Acoplamento X e Y
clinopiroxênios de cálcio (a) e ortopiroxênios (b).
• Onfacita
(Ca,Na)(Mg,Fe 2,Al,Fe 3)Si2O6
• Aegirina Augita
(Ca,Na)(Mg,Fe 2,Fe 3)Si2O6
4
GRUPO DOS ANFIBÓLIOS
São os inossilicatos de cadeia dupla cuja fórmula geral é . Existe um
certo paralelismo entre as séries de minerais no grupo dos anfibólios e piroxênios. Desse modo, tal
como nos piroxênios, os clinoanfibólios com as posições X e Y ocupadas por cátions grandes e médios
respectivamente, é a situação mais frequente, ao passo que os ortoanfibólios possuem somente posições
Y ocupadas por cátions médios, sem cátions X (grandes). Anfibólios triclínicos são muito raros.
ORTOANFIBÓLIOS
Os principais ortoanfibólios são das séries da antofilita e da gedrita. Estas duas séries são
isoestruturais (ortorrômbico, Z = 4), mas formam duas séries distintas. As antofilitas formam uma série
ferromagnesiana descontínua, com no máximo 40% do termo ferroso Fe7Si8O22(OH)2 , podendo conter
até 0,5 de Al tetraédrico (AlIV) substituindo o Si na posição Z, acoplado com a mesma quantidade de
Al octaédrico (AlVI) substituindo Mg e Fe 2 na posição Y, conforme a fórmula geral
(Mg,Fe 2)7 6,5Al0 0,5(Si8 7,5Al0 0,5)O22(OH)2 . As gedritas, por outro lado, formam outra série
ferromagnesiana descontínua gedrita ferrogedrita, com 20 a 100% do termo ferroso Fe7Si8O22(OH)2 .
Além da maior quantidade de ferro, as gedritas se diferenciam composicionalmente das antofilitas pela
maior quantidade de AlIV (1,5 a 2,0) na posição Z, acoplada com a mesma quantidade de AlVI na posição
Y, ou entrada conjunta de AlVI na posição Y e adição de Na na posição X (restrita), resultando na
fórmula geral (Mg,Fe 2)5,5 5Al1,5 2(Si6,5 6Al1,5 2)O22(OH)2 , conforme diagrama abaixo. Os
ortoanfibólios não ocorrem em rochas ígneas. Por outro lado, as antofilitas e gedritas ocorrem em
diversas rochas metamórficas (fácies anfibolito) e de origem metassomática, bem como nas auréolas
de metamorfismo de contato de corpos intermediários e ultramáficos.
CLINOANFIBÓLIOS
Tal como no grupo dos piroxênios, os anfibólios monoclínicos (clinoanfibólios) são mais
abundantes. Do mesmo modo que os clinopiroxênios, existem os clinoanfibólios pobres em cálcio, os
clinoanfibólios de cálcio, de cálcio e sódio e os clinoanfibólios alcalinos. Entretanto, diferentemente
dos piroxênios, onde os clinopiroxênios pobres em cálcio (clinoenstatita clinoferrossilita) são
polimorfos dos ortopiroxênios, os clinoanfibólios pobres em cálcio formam uma série ferromagnesiana,
denominada cumingtonita grunerita, (Mg,Fe,Mn)7Si8O22(OH)2 , composicionalmente distinta dos
ortoanfibólios, mais rica em ferro e com manganês.
5
Cumingtonita grunerita (Mg,Fe 2,Mn)7Si8O22(OH)2 , monoclínico (Z = 2). Na cumingtonita, o
componente ferroso grunerita (Gr) Fe7Si8O22(OH)2 situa-se entre 30 e 70%, enquanto que a grunerita
possui entre 70 e 100% de Gr. O Mn entra principalmente na composição das gruneritas, mas
cumingtonitas manganesíferas podem ocorrer. Tal como os ortoanfibólios da série da antofilita, os
clinoanfibólios pobres em cálcio da série cumingtonita grunerita podem conte até 0,5 de AlIV
substituindo o Si na posição Z, acoplado com a mesma quantidade de AlVI que substitui (Mg,Fe 2) na
posição Y. Caso a cumingtonita não seja manganesífera, existe apenas uma pequena faixa de
superposição composicional ferromagnesiana (30 a 40% de Gr) entre a cumingtonita (monoclínica) e
a antofilita (ortorrômbica), na qual os dois minerais podem ser polimorfos, conforme o diagrama
abaixo. Clinoanfibólios da série cumingtonita grunerita são raros no ambiente magmático, ocorrendo,
porém, em rochas metamórficas da fácies anfibolito. Cumingtonitas ocorrem em anfibolitos derivados
de rochas ígneas máficas e intermediárias e Mg-cumingtonitas ocorrem, juntamente com antofilitas,
em rochas ultramáficas metamorfisadas. As gruneritas ocorrem em formações ferríferas
metamorfisadas.
Ant0,65Gr0,35 (A)
(Mg0,65Fe0,35)7Si8O22(OH)2
Antofilita (ort.), Cumingtonita (Monc.)
Gr0,8Ant0,2 (B)
(Fe0,6Mg0,4)7Si8O22(OH)2 Grunerita
1) Gedrita com XFe 2 = 30 % e AlIV = 1,8 Ged 70 Feged 30 (Mg0,7 Fe 20,3)5,2 Al1,8 (Si6,2 Al1,8)O22(OH)2
2) Ferrogedrita com XFe 2 = 60 % e AlIV = 1,5 Feged 60 Ged 40
(Fe 20,6 Mg0,4)5,5 Al1,5 (Si6,5 Al1,5)O22(OH)2
3) Antofilita com XFe 2 = 25 % e AlIV = 0 Ant 75 (Mg0,75 Fe 20,25)7 Si8 O22(OH)2
4) Anfibólio com XFe 2 = 35 % e AlIV = 1,8 (Mg0,65 Fe 20,35)6,8 Al0,2 (Si7,8 Al0,2)O22(OH)2
Antofilita Ant 65 (se ortorrômbico) ou Cumingtonita Gr 35 (se monoclínico)
5) Cumingtonita com XFe 2 = 60 % e AlIV = 0,5 Gr 60 (Fe 20,6 Mg0,4)6,5 Al0,5 (Si7,5 Al0,5)O22(OH)2
6) Grunerita com XFe 2 = 85 % e AlIV = 0,3 Gr 85 (Fe 20,85 Mg0,15)6,7 Al0,3 (Si7,7 Al0,3)O22(OH)2
6
Os clinoanfibólios de cálcio compreendem duas séries seguintes Série
tremolita ferroactinolita e as séries das hornblendas.
Série tremolita ferroactinolita forma uma série contínua monoclínica (Z = 2), com substituição
iônica completa entre magnésio e ferro bivalente, com a fórmula geral Ca2(Mg,Fe 2)5Si8O22(OH)2.
Minerais da série tremolita −ferroactinolita ocorrem tipicamente em rochas metamórficas de baixo a
médio grau, como produto tanto de metamorfismo regional (fácies xisto verde a anfibolito) como de
contato (hornfels). Tremolita pode formar por metamorfismo termal de dolomitos impuros. Tremolita
e actinolita podem formar por metamorfismo regional de rochas ígneas máficas e ultramáficas (xistos
verdes e xistos azuis). Ferroactinolitas ocorrem tipicamente em formações ferríferas metamorfisadas.
Tre80Feac20
Ca2(Mg0,8Fe0,2)5Si2O6
c b
A maioria dos anfibólios das séries das hornblendas e actinolita ferroactinolita, sem Ti 4, pode
ser representada pela fórmula geral: (Na,K)x yCa2(Mg,Fe 2)5 y(Al,Fe 3)y(Si 8 xAlx)O22(OH)2 , na qual
a quantidade de AlIV que substitui o silício na posição Z é acoplada com a substituição dos cátions
bivalentes (Mg,Fe 2) por cátions trivalentes (Al,Fe 3) na posição Y mais a entrada de cátions alcalinos
monovalentes (Na,K) na posição X, de tal modo que a quantidade de AlIV (x) é igual à quantidade de
cátions alcalinos (x y) + a quantidade de cátions trivalentes (y). Esta situação ocorre para os minerais
com AlIV cátions alcalinos (abaixo da linha vermelha e sobre esta linha, no diagrama), abrangendo
parte das tremolita ferroactinolitas, parte das edenitas e o campo total das outras três séries das
hornblendas. Os minerais abaixo da linha vermelha possuem AlIV álcalis (y ≠ 0). Por exemplo, uma
tremolita ferroactinolita com AlIV = 0,4 = x e Na = 0,1 fica com (Al,Fe 3) = 0,3 e sua fórmula seria
Na0,1Ca2(Mg,Fe 2)4,7(Al,Fe 3)0,3(Si7,6Al0,4)O22(OH)2 ( no diagrama), e uma edenita com
Al = 1,2 = x e Na = 0,9 sua fórmula seria Na0,9Ca2(Mg,Fe )4,7(Al,Fe 3)0,3(Si6,8Al1,2)O22(OH)2 (
IV 2
no diagrama). Dois casos particulares existem para os minerais representados pela fórmula geral
citada acima: 1) Com y = 0 (sem cátions trivalentes) o acoplamento é feito somente com os cátions
alcalinos, ou seja, AlIV = álcalis. Os minerais nesta situação situam-se sobre a linha vermelha e sua
8
fórmula geral é (Na,K)xCa2(Mg,Fe 2)5(Si8 xAlx)O22(OH)2 . Por exemplo, uma tremolita
ferroactinolita com AlIV = 0,2 = x, sua fórmula seria Na0,2Ca2(Mg,Fe 2)5(Si7,8Al0,2)O22(OH)2 (
no diagrama), e uma hornblenda da série das edenitas com AlIV = 0,9 = x ( ), sua fórmula seria
2
Na0,9Ca2(Mg,Fe )5(Si7,1Al0,9)O22(OH)2 , 2) Com x = y (sem cátion alcalino) o acoplamento é feito
somente com os cátions trivalentes, ou seja, AlIV = (Al,Fe 3). Os minerais nesta situação situam-se
sobre o eixo horizontal inferior e sua fórmula geral é Ca2(Mg,Fe 2)5 x(Al,Fe 3)x(Si 8 xAlx)O22(OH)2 .
Os anfibólios situados acima da linha vermelha possuem AlIV cátions alcalinos, abrangendo
somente parte dos anfibólios da série tremolita ferroactinolita e hornblendas da série das edenitas, os
quais podem ser representados pela fórmula geral (Na,K)x+yCa2(Mg,Fe 2)5 y/2(Si 8 xAlx)O22(OH)2 .
Com álcalis AlIV, o mineral normalmente não contém cátions trivalentes que adicionariam mais carga
positiva. Para reequilibrar as cargas, metade do excedente de Na em relação ao AlIV (y) é diminuída
dos cátions bivalentes na posição Y, por omissão, que ficam, portanto, abaixo de 5 (entre 5 e 4,75). Por
exemplo, uma tremolita ferroactinolita com AlIV = 0,1 = x, Na = 0,3 e y = 0,2 ( no diagrama),
2 IV
sua fórmula seria Na0,3Ca2(Mg,Fe )4,9(Si7,9Al0,1)O22(OH)2, e uma edenita com Al = 0,5 = x, Na = 1,0
e y = 0,5 sua fórmula seria NaCa2(Mg,Fe 2)4,75(Si7,5Al0,5)O22(OH)2 ( no diagrama).
A ampla variação composicional das hornblendas permite a sua formação em uma grande
variedade de rochas ígneas e metamórficas. A hornblenda pode ocorrer em quase todos os tipos de
rochas ígneas (ultramáficas, máficas, félsicas), mas principalmente nas rochas intermediárias. As
hornblendas com sódio, principalmente hastingsita, podem ocorrer em rochas alcalinas. A hornblenda
é um componente comum das rochas metamórficas de baixo a médio grau (xisto verde alto a
anfibolito), formadas a partir de rochas ígneas máficas e ultramáficas. As hornblendas podem se formar
também por processos secundários, a partir da alteração hidrotermal de piroxênios.
No grupo dos anfibólios de cálcio e sódio, além das hornblendas edenita, pargasita e hastingsita,
existem os anfibólios monoclínicos das séries ferromagnesianas richterita, katophotita e taramita, nas
quais um dos dois cálcios é substituído por dois sódios. A richterita é o equivalente sódico da
tremolita ferroactinolita que forma uma série ferromagnesiana, richterita ferrorichterita
(Na,K)2Ca(Mg,Fe 2,Mn)5Si8O22(OH,F)2 , podendo conter somente até 0,5 de AlIV pfm, equilibrado com
entrada de Fe 3 e Ti 4 na posição Y. O excesso de carga positiva também pode ser compensado pela
substituição do cálcio por sódio. A katophorita forma a série magnesiokatophorita katophotita
Na2Ca(Mg,Fe 2)4(Fe 3,Al)(Si7AlIV)O22(OH)2 , com um AlIV acoplado com um cátion trivalente
(Fe 3,Al) que substitui um dos cátions bivalentes (Mg,Fe 2). Na série magnesioteramita teramita,
9
Na2Ca(Mg,Fe 2)3(Fe 3,Al)2(Si6Al2)O22(OH)2 , dois
IV
Al são acoplados com dois cátions trivalentes
(Fe 3,Al) que substituem dois cátions bivalentes
(Mg,Fe 2). A kataphorita e a teramita são minerais
mais raros, nos quais o cátion trivalente predominante
é o Fe 3. A richterita ocorre em hornfels e skarnitos,
basaltos alcalinos, lamprófiros, lamproítos e mica-
peridotitos, e também como produto de alteração
hidrotermal, associada a formação de depósitos
minerais. Cristais laminares de richterita marrom.
Clinoanfibólios alcalinos são os anfibólios cuja posição X é ocupada somente por elementos alcalinos
(Na e K), sobretudo o sódio, e na posição Y os cátions bivalentes (Mg e Fe 2) são parcialmente
substituídos por cátions trivalentes (Al, Fe 3). Compreendem duas séries seguintes com 4 termos
extremos cada uma Glaucofana Riebeckita e Eckermanita Arfvedsonita.
Série Glaucofana Riebeckita Na2(Mg,Fe 2)3(Al,Fe 3)2Si8O22(OH)2, monoclínico (Z = 2), com dois
cátions trivalentes substituindo os bivalentes na posição Y para compensar a perda de 2 cargas positivas
com a entrada de 2Na , no lugar dos 2Ca 2. Nesta série ocorrem dois pares de substituições iônicas
simples na posição Y as substituições simples entre os cátions bivalentes (Mg Fe 2), e entre os
cátions trivalentes (Al Fe 3). Nas glaucofanas, o cátion trivalente predominante é o Al, o qual pode
ser substituído pelo Fe 3 em até 30%. As composições das glaucofanas situam-se entre dois termos
extremos, um magnesiano (glaucofana) Na2Mg3Al2Si8O22(OH)2 e o outro ferroso (ferro glaucofana)
Na2Fe 23 Al2Si8O22(OH)2. Nas riebeckitas, o cátion trivalente predominante é o Fe 3 que pode ser
substituído pelo Al em até 30%. As composições das riebeckita situam-se, também, entre dois termos
2 3
extremos, um ferroso (riebeckita) Na2Fe 3 Fe 2 Si8O22(OH)2 e o outro magnesiano (magnésio riebeckita)
3
Na2Mg3Fe 2 Si8O22(OH)2 . Os minerais com fração molar do ferro férrico (X Fe 3) Fe 3 /(Fe 3 +Al) entre
0,3 e 0,7 são denominados crossita, com 30 a 70% de riebeckita, tanto nas crossitas magnesianas como
nas ferrosas.
10
Série Eckermanita Arfvedsonita: Na3(Mg,Fe 2)4(Al,Fe 3)Si8O22(OH)2 , monoclínico (Z = 2), com
apenas um cátion trivalente na posição Y para compensar a perda de uma carga positiva com a entrada
de 3Na , em vez de 2Ca 2, na posição X. Do mesmo modo que na série glaucofana riebeckita, ocorrem
dois pares de substituições iônicas simples na posição Y as substituições entre os cátions bivalentes
(Mg Fe 2) e aquelas entre os cátions trivalentes (Al Fe 3). As composições das eckermanitas
situam-se entre o termo extremo magnesiano (eckermanita) Na3Mg4AlSi8O22(OH)2 e o termo extremo
2
ferroso (ferro - eckermanita) Na3Fe 4 AlSi8O22(OH)2 ; em ambos o cátion trivalente predominante é o Al,
o qual pode ser substituído pelo Fe 3 em até 50%. As composições das arfvedsonitas situam-se também
entre um termo extremo ferroso denominado arfvedsonita Na3Fe 24 Fe 3Si8O22(OH)2 e um termo extremo
magnesiano denominado magnésio-arfvedsonita Na3Mg4Fe 3Si8O22(OH)2 ; em ambos o cátion
trivalente predominante é o Fe 3, o qual pode ser substituído pelo Al em até 50%.
Fotomicrografias
Relação entre as direções de clivagens e a estrutura cristalina em cadeia simples dos piroxênios.
O empilhamento das cadeias simples resulta em duas direções de clivagem quase ortogonais.
Relação entre as direções de clivagens e a estrutura cristalina em cadeia dupla dos anfibólios. O empilhamento
das cadeias duplas resulta em duas direções de clivagem não ortogonais, fazendo entre si um ângulo obtuso
(124°) e um agudo (56°).
PIROXÊNIOS ANFIBÓLIOS
Cátions X Cátions Y
8
rômbico
rômbico
2
Enstatita Mg Fe Antofilita
Ortor-
Ortor-
2
Ferrossilita Fe Mg Gedrita
Clinoenstatita Mg Fe 2
Cumingtonita Pobres
em
2
Clinoferrossilita Fe Mg Grunerita Cálcio
Pigeonita Mg, Fe 2, Ca (Mg,Fe 2)
Mg Fe 2
Cálcicos
Diopsídio Tremolita
Ca
Hedenbergita Fe 2 Mg Actinolita
(Mg,Fe 2), Hornblenda
Augita Ca
Monoclínico
Glaucofana
Jadeíta Na (Mg,Fe 2), Al
Eckermanita
Espodumênio Li Al
Wollastonita Ca
Triclínico
2
Rodonita Mn, Ca, Fe
Pectolit Ca, Na
13
ANÁLISES E FÓRMULAS MÍNIMAS DAS HORNBLENDAS
As composições químicas das hornblendas sem titânio e o acoplamento de suas substituições
iônicas podem ser enquadradas em quatro casos seguintes
1o Caso: . Acoplamento feito com entrada de cátions trivalentes na posição Y (y ≠ 0)
e cátions alcalinos na posição X (x ≠ y). Hornblendas situadas abaixo da linha vermelha no diagrama
Si 4 (AlIV) versus álcalis. Fórmula geral .
Exemplo analisado
1 % Peso Rec/100 P. M. Prop Mol Prop O No O No Íons
4
SiO2 39,09 39,15 60,0843 0,6516 1,3032 11,60 Si = 5,80
8,0
3 2,20
Al2O3 18,19 18,22 101,9613 0,1787 0,5361 4,77 Al = 3,18
0,98 0,7
3
1,40
Fe2O3 3,76 3,77 159,6922 0,0236 0,0708 0,63 Fe = 0,42 0,3
FeO 11,61 2
11,63 71,8464 0,1619 0,1619 1,44 Fe = 1,44 0,4
3,60
MgO 9,77 9,78 40,3044 0,2426 0,2426 2,16 Mg 2 = 2,16 0,6
CaO 12,64 2
12,66 56,0794 0,2257 0,2257 2,01 Ca = 2,01 (2,0)
Na2O 2,78 2,78 61,9789 0,0448 0,0448 0,40 Na = 0,80
H2O 2,01 2,01 18,0152 0,1116 0,1116 0,99 H = 1,98 (2,0)
Total 99,85 100,00 Prop OT = 2,6967 O = 24 24 ÷ 2,6967 = 8,8998
2 3
(1) Na0,8Ca2(Mg0,6Fe 0,4)3,6(Al0,7Fe 0,3)1,4(Si 5,8Al2,2)O22(OH)2 x = 2,2 e y = 1,4 x = y + Na
x = 0,6 Na = 0,9 y = 0,3
Omissão metade do excedente de
cátions alcalinos (y ÷ 2) = 0,15.
(Vacância)
1) acoplamento Z Y +
adição de cátion alcalino em X.
2) acoplamento Z X com
adição de cátion alcalino em X.
3) acoplamento Z Y.
4) acoplamento Y X
com adição de cátions alcalino em X +
omissão de cátions bivalentes em Y.
15
Exercícios
Completar as fórmulas mínimas dos minerais do grupo das hornblendas abaixo, com base na
fórmula geral (Na,K)x yCa2(Mg,Fe 2)5 y(Al,Fe 3)y(Si 8 xAlx)O22(OH)2 (acoplamento Z Y e Z X) e
(Na,K)x+yCa2(Mg,Fe 2)5 y/2(Si 8 xAlx)O22(OH)2 (acoplamento por omissão Y + cátion X).
2 3
1) Na0,2Ca2(Mg, Fe )__(Al, Fe )__(Si__Al0,6)O22(OH)2
2 3
2) Na__Ca2(Mg, Fe )4,5(Al, Fe )__(Si7,2Al__)O22(OH)2
2 3
3) Na0,4Ca2(Mg, Fe )__(Al, Fe )__(Si__Al0,4)O22(OH)2
Calcular a fórmula mínima dos minerais do grupo das hornblendas abaixo, a partir de suas
análises químicas, plotar no diagrama álcalis versus Si(AlIV) e explicar o equilíbrio das cargas por meio
do acoplamento com a entrada de alumínio tetraédrico.
1 % Peso No Cátions
SiO2 43,14 Si 4 =
Al2O3 11,46 Al 3 =
Fe2O3 3,50 Fe 3 =
FeO 18,90 Fe 2 =
MgO 7,07 Mg 2 =
CaO 12,23 Ca 2 =
Na2O 1,53 Na =
H2 O 1,99 H =
=
2 % Peso No Cátions
SiO2 46,64 Si 4 =
Al2O3 8,46 Al 3 =
Fe2O3 1,12 Fe 3 =
FeO 14,55 Fe 2 =
MgO 12,24 Mg 2 =
CaO 12,74 Ca 2 =
Na2O 2,09 Na =
H2 O 2,02 H =
=
16
3 % Peso No Cátions
SiO2 51,97 Si 4 =
Al2O3 2,32 Al 3 =
MgO 14,16 Mg 2 =
FeO 13,59 Fe 2 =
CaO 12,70 Ca 2 =
Na2O 3,14 Na =
H2 O 2,06 H =
=
17
INTRODUÇÃO
Filossilicatos são os silicatos com os tetraedros (SiO4) 4 estruturados em folha ou placa que
estende-se indefinidamente ao longo dos eixos a e b, sendo a folha, portanto, perpendicular ao eixo c.
Na estrutura em folha, três dos quatro oxigênios em cada tetraedro (SiO4) 4 estão compartilhados (GP
= 3), o que resulta em uma relação Si O = 2 5. As folhas silicáticas (Si2O5) 2 admitem a entrada do
alumínio tetraédrico (AlIV) substituindo o Si 4 nos tetraedros (Si,Al)O4 e são denominadas também de
folhas tetraédricas (folhas T) por causa da coordenação tetraédrica do Si 4 e Al 3 em relação ao
oxigênio (NCSi,Al = 4) nos tetraedros (Si,Al)O4 . As folhas T são as unidades básicas dos filossilicatos,
as quais são interligadas com outras unidades em folha através de cátions Y e/ou X com ligações
químicas mais fracas que a ligação covalente-iônica entre o Si 4 /Al 3 e os oxigênios nos tetraedros
(Si,Al)O4 . Na figura abaixo a folha da esquerda está com os oxigênios não compartilhados apontando
para cima, enquanto que a folha da direita está com os oxigênios não compartilhados apontando para
baixo.
Folha silicática ou folha T
GP = 3
2
Si : O = 2 5 (Si2O5)
Folhas T
(Si2O5) 2
°
Silício RSi 4 = 0,26 A ° , R 3 = 0,65 A
Alumínio octaédrico (AlVI) e Fe 3, RAl 3 = 0,54 A ° Oxigênio
Fe
° 2 2 ° , R 2 = 0,72 A °
° ) RO 2 = 1,36 A
Alumínio tetraédrico (AlIV) RAl 3 = 0,39 A Mg , Fe (RMg 2 = 0,72 A Fe
Folhas O
Antigorita
Garnierita variedade de serpentina
Variedade de serpentina placosa niquelífera Variedade de serpentina fibrosa.
FILOSSILICATOS COM ESTRUTURA T O T
Os minerais deste grupo são formados pela combinação de duas folhas com uma folha de
brucita ou gibbsita (folhas ). A combinação ocorre através da substituição de duas hidroxilas de uma
folha por dois oxigênios não compartilhados de uma folha , repetindo o mesmo processo do outro
lado da folha O. A estrutura desses filossilicatos é formada por uma sequência de repetição de unidades
no retículo cristalino, interligadas por ligação de van der Waals.
20
CLÃ DIOCTAÉDRICO: Al2(Si4O10)(OH)2 , triclínico (Z = 4)
Combinação de uma folha de gibbsita (Di O) com duas folhas T
Si2O5 + Al2(OH)6 (OH)4 + Si2O5 = Al2(Si4O10)(OH)2
Di Estrutura cristalina da pirofilita
Ligação de Van
der Waals
Lig. Iônica/
covalente
Ligação de Van
der Waals
Ligação de Van
der Waals
Lig. Iônica/
covalente
Ligação de Van
der Waals
Talco placoso
A pirofilita ocorre em xistos aluminosos associada a andalusita e também em veios hidrotermais
de baixa temperatura. O talco ocorre em rochas metamórficas de baixo grau (talco xistos), formadas
por metamorfismo de rochas ultramáficas e pode se formar, também, por alteração hidrotermal de
olivinas, piroxênios e anfibólios de rochas ultramáficas (peridotitos e piroxenitos).
Como consequência da presença da ligação van der Waals interligando as unidades de
constituição e , os minerais destes grupos possuem clivagens excelentes, deslizamento
fácil entre as placas, sensação untosa ao tato (sensação gordurosa), flexibilidade das placas de
clivagem, densidade (d) e dureza (D) baixas, conforme a tabela abaixo.
β ∼100; γ ∼ 90
Triclínico a = 5,29; b = 9,15
Talco Z=2 c = 9,45; α = 90,5
ou 2,58 Perfeita
Tri O Mg 3 (Si O
4 10 )(OH)4 β = 99; γ ∼ 99 1 Flexível
Monoclínico a = 5,29; b = 9,15 2,83 {001}
(Placoso) Z=4
c = 18,9; β = 100
Principais características cristalográficas e físicas dos filossilicatos com estrutura T O e T O T.
MICAS VERDADEIRAS
O clã dioctaédrico nas micas verdadeiras é representado principalmente pela série contínua
monoclínica das fengitas, denominadas genericamente de micas brancas. As composições das fengitas
podem ser representadas pela fórmula geral K(Al,Fe 3)2 x(Mg,Fe 2)x(Si3 xAlIV1 x)O10(OH)2, cujos
termos extremos são a muscovita (com x = 0) K(Al,Fe 3)2(Si3Al)O10(OH)2 e a celadonita (com x = 1)
K(Fe 3,Al)(Mg,Fe 2)Si4O10(OH)2 . O AlIV unitário da muscovita (x = 0) é equilibrado com o potássio
também unitário na posição X. A celadonita não contém AlIV e a carga do K é equilibrada somente
com a substituição de um cátion trivalente (Fe 3,AlVI) por um cátion bivalente (Mg,Fe 2). Como o
potássio é sempre unitário, para os minerais da série com AlIV menor que 1, o excesso de carga positiva
causado pelo potássio (K = 1) será compensado pela substituição dos cátions trivalentes (AlVI e Fe 3)
por Mg e Fe 2 na posição Y, na mesma quantidade que o AlIV ficar abaixo da unidade. Denomina-se
muscovita os minerais da série com x 0,5 e frações molares do AlVI (XAlVI) e do Mg (XMg) 0,5.
Celadonita são os minerais com x 0,5 e XFe 3 e XFe 2 0,5 e Al - celadonita os minerais com x 0,5 e
X AlVI e XMg 0,5. Por exemplo, uma celadonita com x = 0,6 (XAlVI = 0,4 e XMg = 0,3) fica com a fórmula
K(Fe 30,6 Al04)1,4(Fe 20,7 Mg0,3)0,6(Si3,6 Al0,4)O10(OH)2. Embora as micas brancas (fengitas) sejam
22
predominantemente dioctaédricas, como indica o total de cátions na posição Y igual a 2, a entrada dos
cátions bivalentes (Mg,Fe 2) representa a participação trioctaédrica nessas micas.
x=0 Si 4
AlIV Série das fengitas AlVI (Mg,Fe 2) x=1
+3
Muscovita Celadonita
AlIV = 1 AlIV = 0
KAl2(Si3AlIV)O10(OH)2 K(AlVI )2 x(Mg,Fe 2)x(Si3 xAlIV1 x)O10(OH)2 KAlVI(Mg,Fe 2)Si4O10(OH)2
Lig. Iônica
(3Si 1AlIV )
Lig. Iônica/
covalente
(3Si 1AlIV )
Lig. Iônica
Fengita placosa
Lig. Iônica
(Si 3 AlIV 1)
Lig. Iônica/
covalente
(Si 3 AlIV 1)
Lig. Iônica
Lig. Iônica
(4Si 0AlIV )
Lig. Ion./coval.
1Al 1(Mg,Fe 2)
(4Si 0AlIV )
Lig. Iônica
Fuchsita placosa
Mariposita placosa
O clã trioctaédrico nas micas verdadeiras é representado principalmente pela série monoclínica
da flogopita biotita, com a fórmula geral K(Mg,Fe 2)3 2(AlVI,Fe 3,Ti)0 1(Si3 2AlIV1 2)O10(OH,F)2 , na
qual a quantidade de alumínio tetraédrico (AlIV) que substitui o silício normalmente é maior que a
unidade, apesar da quantidade de K manter-se sempre igual à unidade, o qua resulta em deficiência de
carga positiva na estrutura. Para reequilibrar as cargas, cátions trivalentes (AlVI, Fe 3), e até
tetravalentes (Ti 4), entram substituindo os cátions bivalentes (Mg, Fe 2). Os cátions bivalentes variam,
portanto, de 3 a 2 unidades, pois são substituídos em até uma unidade pelos cátions trivalentes e
tetravalentes. Além da substituição iônica acoplada entre Si e AlIV e entre (Mg,Fe 2) e (AlVI,Fe 3),
existe a substittuição iônica simples entre Mg e Fe 2 que ocorre de maneira independente em relação
às duas substituições acopladas, resultando um sistema complexo com quatro termos extremos, em
duas séries ferromagnesianas seguintes K(Mg,Fe 2)3(Si3AlIV)O10(OH)2 com apenas um (AlIV)
substituindo o Si e sem cátions trivalentes, e K(Mg,Fe 2)2(Al,Fe 3)(Si2Al2)O10(OH)2 com 2 (AlIV)
substituindo o Si e entrada de uma unidade de cátions trivalentes (AlVI,Fe 3) substituindo uma unidade
de cátions bivalentes (Mg,Fe 2). Na primeira série o termo extremo magnesiano é a flogopita (Fg)
KMg3(Si3AlIV)O10(OH)2 e o termo ferroso é a Annita (Ani) KFe3(Si3AlIV)O10(OH)2 , enquanto que na
segunda série os termos extremos, de magnésio e ferro, são Eastonita (Et)
KMg2(AlVI,Fe 3)(Si2Al2)O10(OH)2 e Siderofilita (Sd) KFe 22(AlVI,Fe 3)(Si2Al2)O10(OH)2. A junção
destas 2 séries resulta na série ferromagnesiana flogopita biotita que é teoricamente contínua, sendo a
flogopita o termo mais magnesiano (podendo não conter ferro), e a biotita o mais ferroso, mas suas
composições mais frequentes normalmente não ultrapassam 80% do termo extremo ferroso. Embora
a série flogopita biotita seja predominantemente trioctaédrica, a entrada dos cátions trivalentes
(Al,Fe 3) representa a participação dioctaédrica nestes minerais. Os minerais desta série só são
24
exclusivamente trioctaédricos quando não contêm cátions trivalentes e o Si é substituído por apenas
um AlIV (série flogopita annita), situação que é, entretanto, menos frequente. Nos minerais comuns
desta série o AlIV normalmente situa-se entre 1,0 e 1,8 e, conseqüentemente, o Si e os cátions
trioctádricos bivalentes situam-se entre 3,0 e 2,2 e os cátions dioctaédricos trivalentes e tetravalentes
variam de zero a 0,8 o que resulta na seguinte fórmula geral para os minerais comuns da série flogopita
biotita K(Mg,Fe 2)3 2,2(AlVI,Fe 3,Ti 4)0 0,8(Si3 2,2AlIV1 1,8)O10(OH)2. Embora ocorram flogopitas
praticamente sem ferro, biotitas naturais sem magnésio são mais raras, conforme mostra o diagrama
abaixo.
Se um mineral da série não contém Ti, o que raramente ocorre, a quantidade de AlIV que
ultrapassa a unidade será exatamente igual à quantidade de cátions trivalentes (AlVI,Fe 3) que
substituem os bivalentes (Mg,Fe 2) e à quantidade que será diminuída dos 3Si. Denominando esta
quantidade de , pode-se representar a fórmula geral dos minerais da série flogopita biotita como
K(Mg,Fe 2)3 x(Al VI,Fe 3)x(Si3 xAlIV1 x)O10(OH)2 . Minerais da série flogopita biotitas sem Ti 4
seguem estequiometricamente a fórmula geral da série, conforme mostram os dois exemplos plotados
no diagrama abaixo.
Flogopita-biotitas sem T 4 (1 e 2) K(Mg,Fe 2)3 x(AlVI,Fe 3)x(Si3 xAl1 x)O10(OH)2
2 3 Estequiométrica
(1) K(Fe 0,65Mg0,35) (Al0,8Fe 0,2) (Si Al )O10(OH)2 (biotita com x = 0,7)
AlIV = (Al,Fe 3) + 1
(2) K(Mg0,6Fe 20,4) (Al0,75Fe 3
0,25) (Si Al )O10(OH)2 (flogopita, x = 0,35) Si 4 = (Mg,Fe 2)
Diagrama composicional da série flogopita biotita, mostrando o campo das composições mais frequentes entre
os 4 componentes Flogopita (Fg), Annita (Ani), Eastonita (Et) e Siderofilita (Sd).
25
Nos minerais da série flogopita biotita o Si 4 e o AlIV sempre totalizam 4,0. Por esta razão as
escalas do Si 4 e do AlIV, no diagrama acima, são correspondentes de tal modo que os valores alinhados
dos dois cátios totalizam 4,0. Nas flogopita biotitas sem Ti o Si 4 = (Mg,Fe 2) e AlIV = (AlVI,Fe 3) + 1
e, por esta razão, as escalas do Si 4 e dos cátions bivalentes (Mg,Fe 2) são coincidentes e as escalas do
AlIV e dos cátions trivalentes (AlVI,Fe 3) são correspondentes com a diferença dos valores igual a
unidade. Desse modo, as frações molares do Mg e Fe 2 (escala horizontal) juntamente com ao valores
de (Mg,Fe 2) e Si 4 (escala vertical esquerda) e (AlVI,Fe 3) e AlIV (escala vertical direita) definem um
ponto no diagrama.
A entrada do Ti 4, substituindo os cátions trivalentes (AlVI,Fe 3), desajusta a estequiometria da
fórmula geral K(Mg,Fe 2)3 x(AlVI,Fe 3)x(Si3 xAlIV1 x)O10(OH)2 , em função de sua carga mais elevada.
Como o Ti é tetravalente e substitui cátions trivalentes, a carga positiva introduzida pelo Ti 4,
denominada , será igual ao número de Ti na fórmula mínima, ou seja, ao produto da fração molar do
Ti (XTi) pelo seu índice x (da fórmula geral) e, portanto, = XTi x. Para manter a neutralidade elétrica,
o excesso de carga positiva introduzido pelo Ti 4 é compensado por dois mecanismos de redução de
carga que atuam isoladamente ou em conjunto e que provocam desvios na fórmula geral da série sem
Ti 1) aumento na substituição iônica do Si 4 por AlIV que fica maior que 1 x e 2) omissão dos cátions
bi e/ou trivalentes na posição Y, cuja soma fica menor que o valor ideal 3, característico do clã tri-
octaédrico. Como o AlIV é trivalente e substitui o Si 4, o aumento dessa substituição, denominada z,
provoca redução de carga igual a z. A omissão dos cátions bivalentes, denominada y2, provoca uma
redução de carga duas vezes maior que a omissão, uma vez que os cátions são bivalentes. Pela mesma
razão, a omissão dos cátions trivalentes (y3) provoca uma redução de carga três vezes maior que a
omissão. Desse modo, para equilibrar o excesso de carga introduzido pelo Ti, os dois mecanismos
podem ser expressos pela equação = z + 2y2 + 3y3. Analisando cada caso separadamente, tem-se
3) Aumento da substituição iônica do Si 4 por AlIV se a carga do Ti for equilibrada apenas por este
mecanismo, sem omissão dos cátions bi e trivalentes na posição Y (y2 e y3 = 0), então = z e a fórmula
geral da série, portanto, fica K(Mg,Fe 2)3 x(AlVI,Fe 3,Ti 4)x(Si3 x AlIV1 x )O10(OH)2 .
Por exemplo, mineral (3): K(Fe 20,7Mg0,3)2,6(Al0,4Fe 30,35Ti 40,25)0,4(Si2,5Al1,5)O10(OH)2 , com x = 0,4 e
f ração molar do Ti 0,25 (XTi = 0,25) e, portanto, carga do Ti 4 igual a = 0,25 × 0,4 = =z
2 3 4
K(Fe 0,7Mg0,3)2,6(Al0,4Fe 0,35Ti 0,25)0,4(Si2,6 Al1,4 )O10(OH)2 Desvio da fórmula geral sem Ti 4
Carga positiva introduzida =
z= Carga positiva reduzida (z = ) z =
4) Omissão dos cátions bivalentes (Mg,Fe 2) se a carga do Ti for equilibrada apenas por este
mecanismo, sem aumento de AlIV (z = 0) e sem omissão dos cátions trivalentes (y3 = 0), então = 2y2
2 3
y2 = /2 e a fórmula da série, portanto, fica K(Mg,Fe )3 x (AlVI,Fe ,Ti 4)x(Si3 xAlIV1 x)O10(OH)2 .
Por exemplo, mineral (4): K(Fe 20,6Mg0,4)2,34(Al0,4Fe 30,3Ti 40,2)0,6(Si2,4Al1,6)O10(OH)2 , com x = 0,6 e
XTi = 0,2 e, portanto, carga do Ti igual a = 0,2 × 0,6 = y2 = /2 = .
2 3 4
K(Fe 0,6Mg0,4)2,4 (Al0,5Fe 0,3Ti 0,2)0,6(Si2,4Al1,6)O10(OH)2 Desvio da fórmula geral sem Ti 4
Carga positiva introduzida =
Omissão y2 = /2 Carga positiva omitida 2y2 =
5) Omissão dos cátions trivalentes (AlVI,Fe 3) se a carga do Ti for equilibrada apenas por este
mecanismo, sem aumento de AlIV (z = 0) e sem omissão dos cátions bivalentes (y2 = 0), então = 3y3
2 3
y3 = /3 e a fórmula da série, portanto, fica K(Mg,Fe )3 x(AlVI,Fe ,Ti 4)x (Si3 xAlIV1 x)O10(OH)2 .
Por exemplo, mineral (5): K(Fe 20,65Mg0,35)2,65(Al0,3Fe 30,2Ti 40,5)0,3(Si2,65Al1,35)O10(OH)2 , com x = 0,35
e XTi = 0,5 e, portanto, carga do Ti 4 igual a = 0,3 × 0,5 = y3 = /3 = .
26
K(Mg0,65Fe 20,35)2,65(Al0,3Fe 30,2Ti 4
0,5)0,35 (Si2,65Al1,35)O10(OH)2 desvio da fórmula geral sem Ti 4
As estruturas dos minerais da série flogopita biotita podem ser representadas variando de uma
estrutura trioctaédrica pura na série flogopita annita (sem cátions trivalentes na posição Y e 3Si 1AlIV)
para estruturas com participação dioctaédrica, até a estrutura da série eastonita siderofilita com
2(Mg,Fe 2) e 1(AlVI,Fe 3) e 2Si 2AlIV, conforme a figura abaixo.
28
Lig. Iônica
(Si3 2 AlIV1 2)
Lig. Iônica/
covalente
(Si3 2 AlIV1 2)
Lig. Iônica
2 3
(Mg,Fe ) 3 na Fg Ani a 2 na Et Sd (AlVI,Fe ) 0 na Fg Ani a 1 na Et Sd (AlIV ) 1 na Fg Ani a 2 na Et Sd
A biotita é uma mica escura (com tendência ao preto) essencial em rochas ígneas (granitos,
sienitos, pegmatitos, rochas máficas), como também em rochas metamórficas (xistos e gnaisses). A
flogopita é mais clara (com tendência ao marron) e pode ocorrer em rochas ultramáficas e como produto
do metamorfismo em calcários dolomíticos e nos serpentinitos. A situação das micas verdadeiras em
relação aos dois clãs dos filossilicatos (trioctaédrico e dioctaédrico) pode ser observada no diagrama
abaixo, mostrando a variação de composição dos minerais da série flogopita biotita.
29
A lepidolita e zinwaldita são micas litilíferas monoclínicas de coloração lilaz,
predominantemente trioctaédricas, que ocorrem principalmente em pegmatitos e formam duas séries
no sistema ternário constituído pelos termos extremos polylithionita KLi2AlVISi4O10F2 , trilithionita
VI
KLi1,5Al1,5 (Si3AlIV)O10F2 e siderofilita KFe 22AlVI(Si2Al2)O10F2 , conforme a figura abaixo. A série da
VI IV
lepidolita pode ser representada pela fórmula geral KLi1,5 x/2Al1,5 x/2(Si3 xAl1 x)O10F2 , entre os termos
extremos trilithionita KLi1,5Al1,5(Si3AlIV)O10F2 (x = 0), com 1AlIV e 1,5Li + 1,5AlVI na posição Y, e
polylithionita KLi2AlVISi4O10F2 (x = 1), sem AlIV e 2Li + 1AlVI na posição Y. Na polylithionita (sem
AlIV), os 3 cátions bivalentes (Mg,Fe 2), típicos do clã trioctaédrico, foram substituídos por 2Li e
1Al 3, provocando uma deficiência de carga positiva, equilibrada com entrada de 1K . Na trilithionita,
a substituição de 1Si 4 por 1 AlIV , com perda de 1 carga positiva, é acoplada com a substituição de
0,5Li por 0,5AlVI, com ganho de 1 carga positiva, pois o Li é monovalente e o Al é trivalente. A
participação dioctaédrica menor é representada pela entrada de cátions trivalentes (AlVI que pode ser
substituído pelo Fe 3), variando de 1,0 a 1,5 por fórmula mínima, substituindo o Li . Um componente
intermediário da série (com x = 0,4) tem a seguinte fórmula: KLi1,7Al1,3(Si3,4Al0,6)O10F2 .
IV
A série da zinwaldita pode ser expressa pela fórmula geral KFe 22 2xLi2xAlVI(Si2 2xAl2 2x)O10F2 ,
entre os termos extremos polylithionita KLi2AlVISi4O10F2 (x = 1), sem AlIV e com 2Li + 1AlVI na
2
posição Y, e siderofilita KFe 2AlVI(Si2Al2)O10F2 (x = 0), com 2AlIV e com 2Fe 2 + 1AlVI e sem Li na
2
posição Y. Na série da zinwaldita, o Li e o Fe se substituem completamente, acoplado com a
substituição de até 2Si 4 por 2AlIV na siderofilita, compensando a perde de 2 cargas positivas na
substituição de de 2Li por 2Fe 2. A participação dioctaédrica menor nesta série é representada pelo
cátion trivalente unitário na posição Y (AlVI, Fe 3) que substituiu o terceiro cátion trioctaédrico
(Li , Fe 2). Um componente intermediário da série (com x = 0,5) tem a seguinte fórmula
KFe 2LiAlVI(Si3AlIV)O10F2 . A participação dioctaédrica é representada pelo AlVI unitário na série.
Nas duas séries de micas litilíferas observa-se que quanto maior for o AlIV menor será o Li na
mica, conforme tabela abaixo
Mica Polylithiolita Lepidolita Trilithiolita Zinwaldita Zinwaldita Siderofilita
IV
Al 0 0,5 1,0 1,0 1,5 2
Li 2 1,25 1,5 1,0 0,5 0
2 VI VI VI 2 2
VI
Al + Fe 1Al 1,75Al 1,5Al VI
1Al + 1Fe 1Al + 1,5FeVI
1Al + 2Fe 2
VI
30
As micas verdadeiras mais importantes e a sua situação em relação aos dois clãs dos
filossilicatos (dioctaédrico e trioctaédrico) podem ser observadas na tabela abaixo.
MICAS VERDADEIRAS
Clã Trioctaédrico puro: AlIV = 1 Clã Dioctaédroco puro: AlIV = 1
Acoplamento 1Si 1AlIV + 1(K) Acoplamento 1Si 1AlIV + 1(K)
Flogopita Annita K(Mg,Fe 2)3(Si3Al)O10(OH)2 Muscovita KAl2(Si3Al)O10(OH)2
Paragonita NaAl2(Si3Al)O10(OH)2
CLÃ TRIOCTAÉDRICO
CLÃ DIOCTAÉDRICO
IV
Trioctaédrico + Dioctaédrico: Al 1 Dioctaédrico + Trioctaédrico: AlIV 1
Acoplamento: Si AlIV ( 1) Acoplamento Si AlIV ( 1)
(Mg,Fe 2) (Al,Fe 3) + 1(K) (Al,Fe 3) (Mg,Fe 2) + 1(K)
Flogopita Biotita Fengita
IV VI IV
K(Mg,Fe )3 x(Fe 3,Al)x(Si3 xAl1 x)O10(OH)2
2 2
KAl2 x(Mg,Fe )x(Si3 xAl1 x)O10(OH)2
Lepidolita Fuchsita/Mariposita
VI IV VI 3 2 IV
KLi1,5 x/2Al1,5 x/2(Si3 xAl1 x)O10F2- K(Al ,Cr )2 x(Mg,Fe )x(Si3 xAl1 x)O10
Zinwaldita Fuchsita x = 0
2 IV
KFe 2 2xLi2xAlVI(Si2 2xAl2 2x)O10F2 Mariposita: 0 x 1
MICAS QUEBRADIÇAS
Nessas micas, pelo menos metade dos íons de Si 4 são substituídos por Al 3 na folha da
unidade , originando pelo menos 2 cargas elétricas negativas que são equilibradas com
introdução de cátions bivalentes, principalmente o Ca 2. A ligação iônica resultante, neste caso, é mais
forte que nas micas verdadeiras, o que diminui a qualidade das clivagens, aumenta a dureza, aumenta
a densidade e perde a elasticidade das camadas, tornando-as mais quebradiças, conforme tabela abaixo.
Lig. Iônica
(2Si 2AlIV )
Lig. Iônica/
covalente
(2Si 2AlIV )
Lig. Iônica
Lig. Iônica/
covalente
(1Si 3AlIV )
Lig. Iônica
K 0,75 0,5
Lig. Iônica
Si 3,25 3,5
Lig. Iônica/
covalente
32
A é uma mica monoclínica de menor importância neste grupo. Essa mica possui 1AlIV
equilibrado com 0,5 de Na entre as unidades T O T + 0,5 de AlVI que substitui os cátions bivalentes
(Mg 2,Fe 2), com a seguinte fórmula Na0,5(Mg,Fe 2)2,5Al0,5Si3AlIVO10(OH)2 . A entrada de AlVI na
wonesita caracteriza a participação dioctaédrica menor nesta mica trioctaédrica.
Estrutura Mineral Sistema Clivage Tenaci-
Cela Unitária d D
Cristalina (Hábito placoso) cristalino m dade
Muscovita-Celadonita a=5,2; b=9,0
Monocl.
2
KAl2 x(Mg,Fe )x(Si3 xAl1 x) c=20; β∼93 2,77 2,5 Perfeita
Z = 4 ou c=10; Elástica
O10(OH)2 (série Fengitas) 2,88 3,0 {001}
ou Z = 2 β∼101
Di - O Musc. (x = 0); Celad. (x = 1)
Paragonita
MICAS VERDADEIRAS
a = 5,2; b = 9,03
Clintonita Monocl. c 9,81; 3,0 3,5 Perfeita Quebra-
Tri - O =
CaMg2Al(SiAl3O10)(OH)2 Z=2 3,1 6,0 {001} diça
β = 100,3
Ilita a = 5,2; b = 9,0
Monocl. c 10,32 2,6 1,0 Perfeita
KxAl2(Si4 xAlx)O10(OH)2 = Elástica
MICAS DEFIC. EM CÁTION
33
GRUPO DAS ARGILAS
Argila é um termo genérico que pode ser utilizado tanto no sentido mineralógico, referindo-se
aos minerais argilosos propriamente ditos (argilominerais), como no sentido granulométrico, referindo-
se a minerais (argilosos ou não argilosos) com granulação muito fina (< 0,004 mm). As argilas são
minerais típicos do ambiente exógeno, ocorrendo nas rochas sedimentares argilosas e nos solos. Os
minerais não argilosos de tamanho argila normalmente são grãos de quartzo detríticos que ocorrem nos
sedimentos e nos solos, enquanto que os argilominerais podem ser detríticos ou precipitados de maneira
autigênica (formados in situ) nos sedimentos ou nos solos (como produto do intemperismo). As
características comuns dos argilominerais que caracterizam-nos como um grupo são a classe
mineralógica e algumas propriedades físicas típicas. Todos são filossilicatos hidratados com
plasticidade, hábito placoso ou fibroso fino que, ao serem aquecidos, perdem água e em temperatura
alta tornam-se refratários. As aplicações industriais das argilas são importantes e numerosas. Algumas
são utilizadas como lamas em sondagens e perfurações, como catalisadoras na indústria petrolífera e
como substância refratária. As argilas são utilizadas também na fabricação de papel, na indústria da
cerâmica, farmacêutica e cosmética.
Os argilominerais são divididos em três subgrupos seguintes:
1) Grupo da caulinita: caulinita, dickita, nacrita e haloisita. A caulinita Al2(Si2O5)(OH)4, com
estrutura triclínica, é a argila mais importante. Dickita e nacrita são polimorfos monoclínicos, mais
raros, da caulinita. A haloisita é também um polimorfo monoclínico da caulinita, sendo, porém,
hidratada. Os minerais argilosos do grupo da caulinita são os filossilicatos com estrutura mais
simples, tipo T O, no clã dioctaédrico, formados pela combinação de uma folha com uma folha
de gibbsita (Di ), que pode ser compreendida como uma repetição da folha T O ao longo do eixo
. Os minerais dickita, nacrita e haloisita exibem uma estrutura monoclínica com uma cela unitária
duplicada ao longo do eixo , com duas folhas T O que se repetem ao longo deste eixo.
2) Grupo da esmectita Estrutura do tipo T O T, com moléculas de água e cátions entre as unidades
T O T e proporção variável tanto na substituição tetraédrica (Si por AlIV) como na octaédrica,
entre (AlVI,Fe 3) e (Mg,Fe 2). Tal como nas ilitas, a quantidade de cátions entre as unidades T O T,
nas esmectitas, é menor que 1, mas os cátions são principalmente o sódio e o cálcio, ao invés de
potássio, como nas ilitas. As esmectitas cristalizam no sistema monoclínico e podem ser tanto do
clã dioctaédrico como do clã trioctaédrico e, normalmente, com a participação dos dois clãs. A
substituição do Si pelo AlIV na posição Z é acoplada com a substituição entre os cátions trivalentes
e bivalentes na posição Y + introdução de cátions (Na,Ca) na posição X, com as seguintes fórmulas
gerais para os dois clãs ( Ca,Na)x y(Al,Fe 3)2 y(Mg,Fe 2)y(Si4 xAlx)O10(OH)2 nH2O, para o clã
dioctaédrico, com participação trioctaédrica, caracterizado pelo total de 2 unidades por f.m. na
posição Y, e ( Ca,Na)x y(Mg,Fe 2)3 y(Al,Fe 3)y(Si4 xAlx)O10(OH)2 nH2O, para o clã trioctaédrico,
com participação dioctaédrica, caracterizado pelo total de 3 unidades por f.m. na posição Y,
dividindo a quantidade de cálcio por 2, por ser ele bivalente. As esmectitas dioctaédrico e
trioctaédrico diferem entre si no tipo de acoplamento, o qual pode ser de três tipos 1) entre os
cátions Z e X, 2) entre os cátions Y e X, 3) entre os três cátions (Z, Y e X), com uma quantidade
média de cátions, na posição X, entre 0,35 e 0,40 por f.m. Os principais minerais nos dois clãs das
esmectitas são
Esmectitas dioctaédricas: ( Ca,Na)x y(Al,Fe 3)2 y(Mg,Fe 2)y(Si4 xAlx)O10(OH)2 nH2O
• acoplamento principalmente entre os cátions Y + cátions X, com x = 0 e y = 0,35
( Ca,Na)0,35(Al,Fe 3)1,65(Mg,Fe 2)0,35(Si4O10)(OH)2 nH2O.
• acoplamento principalmente entre os cátions Z + cátions X, com x = 0,35
e y = 0 ( Ca,Na)0,35(Al,Fe 3)2(Si3,65Al0,35)O10(OH)2 nH2O. Beidelita com predominância de Al
e Nontronita com predominância de Fe 3 na posição Y. As duas esmectitas dioctaédricas formam
uma série montmorilonita beidelita/nontronita, com termos intermediários entre elas, de acordo
34
com a fórmula geral ( Ca,Na)x y(Al,Fe 3)2 y(Mg,Fe 2)y(Si4 xAlx)O10(OH)2 nH2O, sendo as
montmorilonitas com y x e as beidelitas/nontonitas com x y
AlIV = 0 0,35
Ligação
Iônica
(Si AlIV )
Lig. Iônica/
covalente
(Si AlIV )
Ligação
Iônica
Esmectita dioctaédrica Montmorilonita
placosa rosada. ( Ca,Na) = 0,35
AlIV = 0 0,65
Lig. Iônica
(Si AlIV )
Lig. Iônica/
covalente
(Si AlIV )
Lig.Iônica
Esmectita trioctaédrica hectorita maciça
branca. ( Ca,Na) = 0,35 0,4
Estrutura cristalina da Esmectita trioctaédrica
Lig. Iônica
(Si AlIV )
Lig. Iônica/
covalente
(Si AlIV )
Lig. Iônica
(Mg,Ca) = 0,3 0,4
Estrutura cristalina da Vermiculita
36
GRUPO DAS CLORITAS
As cloritas constituem um grupo de filossilicatos semelhantes às micas, diferindo, no entanto,
não só na estrutura cristalina como também na composição química. A estrutura das cloritas é do tipo
, mas as ligações entre as unidades T O T não são através de cátions, como nas micas, e sim
através de outra folha O (principalmente brucita). As cloritas são principalmente trioctaédricas,
constituídas por unidades T O T trioctaédricas (estrutura do talco) interligadas por folhas de brucita
em uma estrutura monoclínica (Z = 2). No mineral talco, a unidade T O T é neutra, tal como as folhas
de brucita. Para viabilizar a ligação entre estas duas unidades neutras, elas tornam-se carregadas
eletricamente através de substituições iônicas acopladas. As unidades T O T adquirem cargas
negativas através da substituição do Si pelo Al nas posições tetraédricas, ao passo que as folhas de
brucita tornam-se eletricamente positivas através da substituição dos cátions bivalentes (Mg,Fe 2,Mn)
por cátions trivalentes (Al,Fe 3) dioctaédricos. Desta maneira as unidades T O T interligam-se
ionicamente com as folhas de brucita constituindo uma sequência alternada de unidades T O T e
folhas Tri - O (brucita), conforme a figura abaixo.
A composição química básica das cloritas trioctaédricas pode ser derivada, portanto, pela
combinação de uma unidade T O T de talco (Mg,Fe 2)3Si4O10(OH)2 com uma folha de brucita
(Mg,Fe 2)3(OH)6 , ou seja, (Mg,Fe 2)3Si4O10(OH)2 + (Mg,Fe)3(OH)6 = (Mg,Fe 2)6Si4O10(OH)8. A
substituição entre o Si 4 e o AlIV na posição Z ocorre de maneira acoplada com a substituição entre os
cátions bivalentes e trivalentes nas posições octaédricas (Y), de tal modo que a quantidade de Si 4 que
é substituída por AlIV é a mesma de cátions bivalentes (Mg, Fe 2, Mn) que é substituída por cátions
trivalentes (AlVI, Fe 3), resultando na seguinte fórmula geral para os minerais do grupo das cloritas
(Mg,Fe 2,Mn)6 x(Al,Fe 3)x(Si4 xAlx)O10(OH)8 , com x variando normalmente entre 0,5 e 1,5. Além
da substituição acoplada entre Si e AlIV na posição Z e entre os cátions bivalentes e trivalentes na
posição Y, ocorre ainda, de maneira independente e simultânea, uma substituição iônica simples e
completa entre Mg e Fe 2, formando uma série contínua entre as cloritas magnesianas (clinocloro) e as
cloritas ferrosas (chamosita) no clã trioctaédrico. A clorita manganesífera denomina-se pennantita.
Lig. Iônica
(Si AlIV )
Lig. Iônica/
covalente
(Si AlIV )
Lig. Iônica
As cloritas ocorrem em rochas metamórficas de baixo grau (xistos verdes), como produto da
alteração hidrotermal de minerais ferromagnesianos e em rochas sedimentares argilosas.
Fórmula mínima de uma clorita a partir de sua análise química
% Peso Rec/100 P.Mol Prop. M Prop. O N° O No Cátions
SiO2 30,54 30,59 60,0843 0,5091 1,0182 6,39 Si 4 = 3,20
4,0
3
0,8
Al2O3 11,07 11,09 101,9613 0,1088 0,3264 2,05 Al = 1,36
0,56 0,7
3
0,8
Fe2O3 3,02 3,02 159,6922 0,0189 0,0567 0,35 Fe = 0,24 0,3
2
FeO 17,83 17,86 71,8464 0,2486 0,2486 1,56 Fe = 1,56 0,3
MgO 20,00 20,03 40,3044 0,4970 0,4970 3,12 Mg 2 = 3,12 5,2 0,6
2
MnO 5,87 5,88 70,9374 0,0829 0,0829 0,52 Mn = 0,52 0,1
H2O 11,51 11,53 18,0152 0,6400 0,6400 4,01 H = 8,02 (8,0)
99,84 100,00 Prop O(t) = 2,8698 = 18 ÷ 2,8698 = 6,2722
(Mg,Fe 2,Mn)6 x(Al,Fe 3)x(Si4 xAlx)O10(OH)8
(Mg0,6Fe 20,3Mn0,1)5,2 (Al0,7Fe 3
0,3)0,8(Si3,2 Al0,8)O10(OH)8 Clorita magnesiana (clinocloro)
Com x = 0,8
38
Fórmula mínima a partir de análises químicas de minerais da série flogopita biotita
4 2 3
1) Flogopita biotitas sem Ti K(Mg,Fe )3 x(Al,Fe )x(Si3 xAl1 x)O10(OH)2
Biotita sem Ti (mineral 1)
1 % Peso Rec/100 P. Mol Prop.Mol Prop.O Nο O No Cátions
4
SiO2 29,41 29,45 60,0843 0,4901 0,9802 4,60 Si = 2,30
4,0
3
1,70
Al2O3 24,52 24,55 101,9613 0,2408 0,7224 3,39 Al = 2,26
0,56 0,80
0,70
Fe2O3 2,38 2,38 159,6922 0,0149 0,0447 0,21 Fe 3 = 0,14 0,20
FeO 22,86 22,89 71,8464 0,3186 0,3186 1,49 Fe 2 = 1,49 0,65
2
2,30
MgO 6,91 6,92 40,3044 0,1717 0,1717 0,81 Mg = 0,81 0,35
K2 O 9,92 9,93 94,196 0,1054 0,1054 0,49 K = 0,98 (1,0)
H2 O 3,87 3,88 18,0152 0,2154 0,2154 1,01 H = 2,02 (2,0)
Total 99,87 100,00 Prop O(t) = 2,5584 = 12 ÷ 2,5584 = 4,6904
2 3
K(Mg0,35Fe 0,65)2,3(Al0,8Fe 0,2)0,7(Si2,3Al1,7)O10(OH)2 Biotita com XFe = 0,65 e x = 0,7
40
Equilíbrio do Ti Omissão de cátions trivalentes (y3)
K(Mg,Fe 2)3 x(AlVI,Fe 3,Ti 4)x (Si3 xAl1 x)O10(OH)2 y3 = /3 (mineral 5)
41
Equilíbrio do Ti Aumento da substituição do Si 4 pelo AlIV + omissão de cátions bivalentes (y2)
Equivale à omissão de cátions bivalentes (y2) e trivalentes (y3).
2 3
K(Mg,Fe )3 x y2(Al
VI
,Fe ,Ti 4)x(Si3 x zAl1 x z)O10(OH)2 = 2y2 + z (mineral 7)
42
Exercícios resolvidos
Completar as fórmulas mínimas dos minerais da série flogopita biotita, com base na equação
= z + 2y2 + 3y3 do equilíbrio de cargas para neutralizar o excesso de carga positiva provocado pela
entrada do Ti 4 ( ), sendo z o aumento do AlIV, y2 omissão dos cátions bivalentes (Mg,Fe 2) e y3
3
omissão dos cátions trivalentes (Al,Fe ).
(1) K(Mg0,6 Fe 20,4)___(Al,Fe 3)___( Si___Al1,4)O10(OH)2
3 4 2
Flogopita sem Ti ( = 0) Si 4 = 4 AlIV = 2,6 AlIV = (AlVI,Fe ) + 1 e Si = (Mg,Fe )
2 3
K(Mg0,6 Fe 0,4) (Al,Fe ) ( Si Al1,4)O10(OH)2
(2) K(Fe 20,75Mg0,2 5)___(Al,Fe 3)0,55( Si___Al___)O10(OH)2
3 4 2
Biotita sem Ti ( = 0) AlIV = (AlVI,Fe ) + 1 e Si = (Mg,Fe )
2 3
K(Mg0,6 Fe 0,4) (Al,Fe )0,55( Si Al )O10(OH)2
2 3
(3) K(Fe 0,55 Mg0,45)___(Al0,5Fe 0,3Ti0,2)0,25(Si2,7Al___)O10(OH)2
Biotita com Ti AlIV = 4 Si 4 = 1,3 x = 0,3 e = 0,2 × 0,25 = 0,05
(Al,Fe 3,Ti) AlIV 1 Equilíbrio do Ti omissão y3 = /3 = 3y3
y3 = 0,3 0,25 = 0,05 /3 não serve (procurar outro mecanismo)
Equilíbrio do Ti aumento de AlIV x = 0,25 e z = 0,3 0,25 = 0,05 =
K(Fe 20,55 Mg0,45) (Al0,5Fe 30,3Ti0,2)0,25(Si2,7Al )O10(OH)2 z = 0,05
K(Fe 20,55 Mg0,45)2,75(Al0,5Fe 30,3Ti0,2)0,25(Si2,75 Al1,25 )O10(OH)2 desvio da fórmula geral
Carga positiva introduzida = = carga positiva reduzida z =
(4) K(Mg0,65Fe 20,35)2,34(Al0,5Fe 30,3Ti0,2)___(Si2,4Al___)O10(OH)2
Flogopita com Ti AlIV = 4 Si 4 = 1,6 x = 0,6 e = 0,6 × 0,2 = 0,12
2 4
(Mg,Fe ) Si Equilíbrio do Ti omissão y2 = /2 y2 = 2,4 2,34 = 0,06 = /2
2 3
K(Mg0,65Fe 0,35)2,34(Al0,5Fe 0,3Ti0,2) (Si2,4Al )O10(OH)2 omissão y2 = 0,06
K(Mg0,65Fe 20,35)2,4 3
(Al0,5Fe 0,3Ti0,2)0,6(Si2,4Al1,6)O10(OH)2 desvio da fórmula geral sem Ti
Carga positiva introduzida = = carga positiva omitida 2y2 = 0,06 × 2 =
(5) K(Fe 20,7 Mg0,3)2,2 (Al0,5Fe 30,3Ti0,2)___(Si___Al1,8)O10(OH)2 x = 0,8
Biotita com Ti Si 4 = 4 AlIV = 2,2 = (Mg,Fe 2) Equilíbrio do Ti omissão y3 = /3
K(Fe 20,7 Mg0,3)2,2 (Al0,5Fe 30,3Ti0,2)0,8 ti/3(Si Al1,8)O10(OH)2 = (0,8 /3) × 0,2 = 0,16 0,2 /3
3 = 0,48 0,2 3,2 = 0,48 = 0,15 y3 = /3 y3 = 0,15 ÷ 3 = 0,05
K(Fe 20,7 Mg0,3)2,2 (Al0,5Fe 30,3Ti0,2) (Si Al1,8)O10(OH)2 omissão y3 = 0,05
K(Fe 20,7 Mg0,3)2,2 (Al0,5Fe 30,3Ti0,2)0,8 (Si2,2Al1,8)O10(OH)2 desvio da fórmula geral sem Ti
Carga positiva introduzida = = carga positiva omitida 3y3 = 0,05 × 3 =
(6) K(Fe 20,7 Mg0,3)___(Al0,3Fe 30,3Ti0,4)0,6(Si2,34Al___)O10(OH)2
Biotita com Ti AlIV = 4 Si 4 = 1,66 x = 0,66 e = 0,4 × 0,6 = 0,24
(Al,Fe 3,Ti) AlIV 1 Equilíbrio do Ti omissão y3 = /3 = 3y3
y3 = 0,66 0,6 = 0,06 3y3 = 3 × 0,06 = 0,18 mecanismo insuficiente (falta 0,06)
Equilíbrio do Ti omissão y3 + y2 = 3y3 + 2y2 2y2 = 0,24 0,18 y2 = 0,03
K(Fe 20,7 Mg0,3) (Al0,3Fe 30,3Ti0,4)0,6(Si2,34Al )O10(OH)2 omissão y2 + y3
K(Fe 20,7 Mg0,3)2,34 (Al0,3Fe 30,3Ti0,4)0,66 (Si2,34Al1,66)O10(OH)2 desvio da fórmula geral
Carga positiva introduzida ( )
Carga positiva omitida: (2y2 = 0,03 × 2 = 0,06) + (3y3 = 3 × 0,06 = 018)
43
2 3
(7) K(Mg0,65 Fe 0,35)___(Al0,4Fe 0,3Ti0,3)0,4(Si___Al1,46)O10(OH)2
Flogopita com Ti Si 4 = 4 AlIV = 2,54 x = 0,46 e = 0,3 × 0,4 = 0,12
(Al,Fe 3,Ti) AlIV 1 Equilíbrio do Ti omissão y3 = /3
y3 = 0,46 0,4 = 0,06 /3 não serve (procurar outro mecanismo)
Equilíbrio do Ti Aumento de AlIV x = 0,4 e z = 0,46 0,4 = 0,06 (mecanismo insuficiente)
Equilíbrio do Ti Aumento de AlIV + omissão y2 x = 0,4 e = z + 2y2
= 0,06 + 2y2 2y2 = 0,12 0,06 y2 = 0,03
K(Mg0,65 Fe 20,35) (Ti0,4Al0,3Fe 30,3)0,4(Si Al1,46)O10(OH)2 z + omissão y2
K(Mg0,65 Fe 20,35)2,6 (Ti0,4Al0,3Fe 30,3)0,4(Si2,6 Al1,4 )O10(OH)2 desvio da fórmula geral
Exercícios
Completar as fórmulas mínimas dos minerais da série flogopita biotita, com base na fórmula
2 3
geral (sem Ti) K(Mg,Fe )3 x(Al,Fe )x(Si3 xAl1 x)O10(OH)2 e na equação = z + 2y2 + 3y3 do
equilíbrio de cargas para neutralizar o excesso de carga positiva provocado pela entrada do Ti 4 ( ).
1- K(Mg0,65 Fe 20,35)___(Al0,4Fe 30,3Ti0,3)0,3(Si2,67Al___)O10(OH)2
2 3
2- K(Fe 0,55 Mg0,45)2,5(Al0,4Fe 0,3Ti0,3)___(Si___Al1,65)O10(OH)2
Calcular a fórmula mínima dos minerais da série flogopita biotita abaixo, a partir de suas
análises químicas, plotar no diagrama e explicar o equilíbrio das cargas com a entrada do Ti 4,
conforme os seguintes casos ) aumento da substituição iônica entre Si 4 e AlIV ; ) omissão de cátions
bivalentes (Mg,Fe 2); ) omissão de cátions trivalentes (Al,Fe 3); ou combinação entre eles.
1 % Peso No Cátions
SiO2 32,28 Si 4 =
Al2O3 18,35 Al 3 =
TiO2 3,43 Ti 4 =
Fe2O3 2,14 Fe 3 =
FeO 20,38 Fe 2 =
MgO 9,35 Mg 2 =
K2O 10,02 K =
H2 O 3,91 H =
=
Al2O3 20,85 Al 3 =
TiO2 2,02 Ti 4 =
Fe2O3 3,03 Fe 3 =
FeO 23,23 Fe 2 =
MgO 7,02 Mg 2 =
K2O 10,03 K =
H2 O 3,78 H =
=
3 % Peso No Cátions
SiO2 28,97 Si 4 =
Al2O3 20,40 Al 3 =
TiO2 4,34 Ti 4 =
Fe2O3 2,71 Fe 3 =
FeO 25,19 Fe 2 =
MgO 4,71 Mg 2 =
K2 O 9,73 K =
H2 O 3,80 H =
=
4 % Peso No Cátions
SiO2 29,81 Si 4 =
Al2O3 19,64 Al 3 =
TiO2 2,53 Ti 4 =
Fe2O3 2,95 Fe 3 =
FeO 22,75 Fe 2 =
MgO 8,51 Mg 2 =
K2 O 9,84 K =
H2 O 3,84 H =
99,87 =
45
5 % Peso No Cátions
SiO2 30,90 Si 4 =
Al2O3 18,01 Al 3 =
TiO2 3,34 Ti 4 =
Fe2O3 2,50 Fe 3 =
FeO 25,45 Fe 2 =
MgO 6,12 Mg 2 =
K2 O 9,75 K =
H2 O 3,80 H =
=
46
Tectossilicatos são os silicatos com os tetraedros (SiO4) 4 estruturados com polimerização
máxima (GP = 4), em que todos os 4 oxigênios de cada tetraedro estão compartilhados, formando uma
estrutura silicática tridimensional muito estável, fortemente unida, com relação Si O = 1 2. Pode-se
imaginar esta estrutura a partir de folhas silicáticas com 3 oxigênios compartilhados em cada tetraedro,
de tal modo que os oxigênios não compartilhados de cada tetraedro estão alternadamente apontando
em sentidos opostos (para cima e para baixo). Estas folhas silicáticas combinam-se entre si, deslocadas
em relação aos eixos a e b, de tal modo que os oxigênios não compartilhados apontando para cima
compartilham-se com os oxigênios não compartilhados apontando para baixo de uma folha superior e
os oxigênios não compartilhados apontando para baixo compartilham-se com os oxigênios não
compartilhados apontando para cima de uma folha inferior, permitindo o crescimento da estrutura na
terceira dimensão nos dois sentidos (para cima e para baixo).
Estrutura
tectossilicática
GP = 4
Si O = 1 2
47
alta (polimorfo β) que se diferenciam somente pelo comprimento ou direção das ligações entre o silício
e o oxigênio, podendo se transformar rapidamente um no outro, de maneira reversível, em uma
temperatura de inversão definida, sem necessidade de rompimento das ligações químicas ou destruição
física do cristal.
Polimorfos da sílica (SiO2)
Polimorfo Simetria Dimensões da cela Z VCU Ie d T
Hexagonal-R
Quartzo α a = 4,91 3 ; c = 5,404 3 112,96 56,16 2,65 Até 573oC
(32)
Hexagonal-H 573oC a
Quartzo β a = 5,01; c = 5,47 3 118,90 53,34 2,53
(622) 870oC
Ortorrômbico a = 5,04; b = 8,74;
Tridimita α 8 362,97 46,61 2,26 Até 117oC
(2/m2/m2/m) c = 8,24
Hexagonal-H 870oC a
Tridimita β a = 5,03; c = 8,22 4 180,11 46,96 2,22 1470oC
(6/m2/m2/m)
Tetragonal Até
Cristobalita α a = 4,97 ; c = 6,92 4 170,93 49,49 2,33
(422) 200 275oC
Isométrico 1470oC a
Cristobalita β a = 7,13 8 362,47 46,67 2,20 1713oC
(4/m32/m)
Monoclínico a = 7,17; b = 12,38; 450 800oC
Coesita 16 551,17 61,39 2,93
(2/m) c = 7,17; β = 120o 38 kb
Tetragonal 1200oC
Stilshovita a = 4,18; c = 2,665 2 46,54 90,88 4,28
(4/m2/m2/m) 130 kb
Lechatelierita amorfa
Polimorfos da sílica. Z = número de fórmulas mínimas na cela unitária do mineral, VCU = volume da cela
unitária do mineral, Ie = índice de empacotamento, calculado pela razão VIONS/VCU, considerando os íons como
esferas (Rsi = 0,26 e RO = 1,36). d = densidade, T = temperatura de estabilidade ou de existência metaestável
(tridimita α e cristobalita α).
Conforme a tabela acima, em condições de pressão atmosférica, o quartzo α é estável até 573oC.
Acima desta temperatura o quartzo β passa a ser estável até 870oC. Entre 870 e 1470oC a tridimita β é
estável, podendo coexistir de maneira metaestável com a cristobalita, acima deste intervalo de
temperatura, até fundir em 1670oC. Abaixo deste intervalo, a tridimita β pode coexistir
metaestavelmente com o quartzo, até 117oC, temperatura de conversão para a tridimita α, a qual pode
ocorrer metaestavelmente até a temperatura atmosférica. A cristobalita β é estável a partir de 1470oC,
até fundir em 1713oC, podendo coexistir de maneira metaestável com o quartzo e com a tridimita, até
200 275oC, temperatura de conversão para a cristobalita α, a qual pode ocorrer metaestavelmente até
a temperatura atmosférica. Os polimorfos de temperatura mais alta normalmente possuem maior
volume da cela unitária (VCU) e menor densidade (d), a qual aumenta com o índice de empacotamento
(Ie) que é a porcentagem do espaço efetivamente ocupado pelos íons na cela unitária do mineral. A
coesita e stilshovita são polimorfos raros, de alta pressão, que ocorrem em condições de impacto, ou
em kimberlitos (coesita). A stilshovita é o polimorfo de alta densidade (4,28) e temperatura (1200oC),
com estrutura muito compacta (Ie = 90,88) e formado em altíssima pressão (130 kb).
O quartzo ocorre em uma ampla variedade de ambientes de formação, desde o ambiente
exógeno, nas rochas sedimentares e nos solos, onde precipitada quimicamente como sílica
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microcristalina e até amorfa (opala), passando pelas rochas metamórficas, onde é um importante
componente nos xistos, gnaisses e quartzitos, e também nas rochas ígneas onde é um dos principais
minerais formadores de rocha, juntamente com os feldspatos. O quartzo ocorre também em veios
hidrotermais, onde forma depósitos de cristal de rocha e ametista, ocorrendo também como mineral de
ganga associado aos depósitos metalíferos. A tridimita e cristobalita ocorrem mais restritamente em
rochas vulcânicas.
Quartzo Citrino
Quartzo Fumê
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• Quartzo leitoso quartzo de coloração branca leitosa em consequência da presença de micro inclusões.
• Olho de gato quartzo que ao ser lapidado em forma redonda exibe um efeito de acatassolamento.
Quartzo leitoso
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O jasper é uma variedade de ágata estratificada vermelha, determinada pela presença de inclusões de
hematita. O ônix é uma variedade de ágata estratificada, com as camadas dispostas em planos paralelos
e o sardônix é um ônix com sardo.
Silex Chert
Grupo dos feldspatos
Os feldspatos constituem um dos grupos minerais mais importantes, pois são os minerais
essenciais mais abundantes nas rochas da crosta terrestre, sobretudo as rochas ígneas, cuja classificação
e nomenclatura dependem da participação destes minerais, com exceção das rochas ultramáficas e
alguns tipos raros de rochas alcalinas, onde os feldspatos são acessórios (ou ausentes). Os feldspatos
ocorrem amplamente, também, nos pegmatitos e veios hidrotermais. Nas rochas metamórficas são
constituintes essenciais nos gnaisses e xistos e ocorrem também nos hornfelses. Nas rochas
sedimentares, os feldspatos também são importantes, sobretudo nas rochas clásticas de granulação
grossa (arenitos e conglomerados), onde ocorre como mineral detrítico ou autigênico, juntamente com
o quartzo que predomina por ser mais resistente ao intemperismo.
Os feldspatos são tectossilicatos de alumínio, sódio, potássio, cálcio e, mais raramente, bário.
Cristalizam nos sistemas monoclínico ou triclínico, mas seus cristais prismáticos e tabulares são
semelhantes e todos apresentam clivagem prismática boa em duas direções ortogonais nos
monoclínicos e aproximadamente ortogonais nos triclínicos. Quando o alumínio não está presente,
como no caso do grupo da sílica, a estrutura tectossilicática é eletricamente neutra. Nos outros
tectossilicatos, entretanto, o Al 3 está sempre presente em coordenação tetraédrica (NCAl = 4),
ocupando o lugar do Si 4 e formando tetraedros (AlO4) 5 quase idênticos em tamanho e configuração
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aos tetraedros (SiO4) 4, diferindo, no entanto, na carga elétrica, com uma unidade negativa a mais que
o tetraedro (SiO4)-4, tornando a estrutura carregada negativamente. Desse modo, os cátions de potássio
(K ), sódio (Na ), cálcio (Ca 2) e bário (Ba 2) são introduzidos na estrutura dos tectossilicatos para
reequilibrar as cargas elétricas negativas originadas pela entrada do Al 3 nas posições tetraédricas.
Desprezando-se o feldspato de bário BaAl2Si2O8 (celsiana) que é um componente de menor
importância, a maioria dos feldspatos pode ser considerada quimicamente como membro de um sistema
ternário entre os componentes ortoclásio (Or) KAlSi3O8 , albita (Ab) NaAlSi3O8 e anortita (An)
CaAl2Si2O8, conforme o diagrama abaixo. Os três cátions K , Na e Ca 2 ocupam todos a mesma
posição na estrutura dos feldspatos, em coordenação 6 a 9 e podem se substituir em maior ou menor
grau formando duas séries de minerais seguintes
1) Feldspatos com composição entre o ortoclásio (Or) KAlSi3O8 e a albita (Ab) NaAlSi3O8 são
denominados feldspatos alcalinos,
alcalifeldspatos ou K-feldspatos, os
quais normalmente contêm menos de
5 a 10 % de (An) CaAl2Si2O8 em sua
composição, com exceção dos álcali-
feldspatos sódicos, que podem ser
mais ricos em cálcio.
2) Feldspatos com composição entre
a albita (Ab) NaAlSi3O8 e a anortita
(An) CaAl2Si2O8 são denominados
plagioclásios, os quais normalmente
contêm menos de 5 a 10 % de (Or)
KAlSi3O8 . Feldspatos com
composição ternária, ou seja,
participação importante dos três
componentes, não são raros e sua
classificação como K-feldspato ou
plagioclásio é arbitrária.
Os plagioclásios formam uma série contínua estável em qualquer temperatura, com substituição iônica
completa entre Na e Ca 2, acoplada com substituição entre Si 4 e Al 3. Por outro lado, somente em
condições de temperatura elevada, os K-feldspatos podem formar uma série contínua, com substituição
iônica completa entre K e Na , pois em temperaturas mais baixas maior parte da faixa composicional
da série (entre Or15 e Or85) se desmistura em dois feldspatos alcalinos, um potássico (microclina) e
outro sódico (albita), sendo o conjunto denominado pertita. A desmisturação ou exsolução nos
° ) e do Na
feldspatos alcalinos ocorre por duas razões: 1) A diferença nos raios iônicos do K (1,55 A
(1,18 A° ) situa-se entre 20 e 30%, alta demais para a substituição ser completa. 2) A diferença estrutural
entre os feldspatos alcalinos potássicos e sódicos limita a substituição iônica.
A compreensão das relações entre os feldspatos, sobretudo entre os feldspatos alcalinos, requer
a caracterização não só da composição química como também da estrutura cristalina, a qual depende
da temperatura de formação e subsequente história termal destes minerais. Feldspatos que mantêm, em
condições superficiais, uma estrutura compatível com sua temperatura alta de formação, são
denominados feldspatos de alta temperatura, como a maioria dos feldspatos das rochas vulcânicas.
Feldspatos de baixa temperatura são aqueles com estrutura compatível não só com temperaturas de
cristalização baixas, mas também com resfriamento lento a partir de temperatura de cristalização
elevada, como, por exemplo, nas rochas plutônicas. Diferenças entre feldspatos de alta e de baixa
temperatura envolvem a homogeneidade (ou heterogeneidade) do mineral e sua estrutura cristalina,
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caracterizada pela geometria do retículo e pelo grau de desordem (ou ordem) do Al 3 e Si 4 nas posições
tetraédricas da estrutura. Nos feldspatos ordenados, o Al 3 e o Si 4 ocupam posições tetraédricas bem
definidas, enquanto que nos feldspatos desordenados estes dois cátions estão caoticamente distribuídos
nas posições tetraédricas. Segundo estes critérios, os feldspatos podem ser classificados em: 1)
Feldspatos desordenados de alta temperatura, normalmente homogêneos e com simetria monoclínica
ou triclínica; 2) Feldspatos ordenados de baixa temperatura, normalmente heterogêneos e com simetria
triclínica, nos quais separação de fases com diferenças significativas nos componentes de K , Na e
Ca 2 ocorreu em escala macro (pertita), micro (micropertita) e submicroscópica (criptopertita).
Dependendo da temperatura de formação, os alcalifeldspatos formam duas séries seguintes:
1 , de alta temperatura. Nesta série, os alcalifeldspatos potássicos,
com composição Or37, denominados (K,Na)AlSi3O8 , cristalizam no sistema monoclínico (Z
= 4), enquanto que os alcalifeldspatos sódicos, com composição Or37 , denominados
(Na,K)AlSi3O8, cristalizam no sistema triclínico (Z = 4), conforme diagrama abaixo. O termo extremo
sódico desta série é uma albita de alta temperatura que também é triclínica (Z = 4). No intervalo de
composição Or25 Or60, os K-feldspatos desta série normalmente são criptopertíticos na temperatura
ambiente, ou seja, não são homogêneos em escala submicroscópica. A mudança na simetria de
monoclínico para triclínico, portanto, divide a série de alta temperatura dos K-feldspatos em sanidina
( Or37) e anortoclásio ( Or37). As temperaturas de inversão, de monoclínico (maior T) para triclínico
(menor T), para os feldspatos alcalinos, situam-se em torno de 500oC para os termos potássicos e 980
a 600oC para os termos sódicos. As sanidinas formam-se acima da temperatura de inversão e
cristalizam rapidamente em uma estrutura monoclínica desordenada que, com o resfriamento, consegue
se manter metaestavelmente até a temperatura ambiente. Por outro lado, a geminação cruzada (albita-
periclina) dos anortoclásios indica que eles devem se formar acima da temperatura de inversão e
cristalizam em uma estrutura monoclínica desordenada que, com o resfriamento, muda para triclínico.
Cristal de Sanidina
Cristal de Anortoclásio
Cristal de ortoclásio
Cristal de microclina
a b
c
K-feldspatos pertíticos, com Inclusões de albita (porções mais claras)
em K-feldspato hospedeiro. (a) Micropertitas. (b) Macropertitas. (c)
Geminação cruzada (albita e periclina) da microclina.
Plagioclásio % Ab % An
Albita 100 90 0 10
Oligoclásio 90 70 10 30
Andesina 70 50 30 50
Labradorita 5 30 50 70
Bytownita 30 10 70 90
Anortita 10 0 90 100
Plagioclásio sódico Plagioclásio cálcico
(Oligoclásio) (Bytownita)