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Santos,
Faculdade de Geologia, IG/UFPA
e-mail: marciodiasantos@gmail.com
Figura 4.1- Relação entre as propriedades dos minerais, a composição química e a estrutura cristalina.
Figura 4.2- Ligação iônica nos minerais halita (1) e fluorita (2).
2
• Nas condições ambientais ocorrem em geral no estado sólido, ou seja, formam cristais.
• Estrutura cristalina não direcional e cristais normalmente com simetria elevada.
• Dureza e densidade relativamente médias.
• Tenacidade quebradiça.
• Diafaneidade translúcida e brilho não metálico
• Pontos de fusão médios a altos e coeficientes de expansão térmica baixos.
• Maus condutores de eletricidade e calor no estado sólido.
• Solúveis em água (solução eletrolítica).
• Clivagem em minerais com ligação iônica fraca, entre íons monovalentes, como na halita
(Fig. 4.3).
a b c
Figura 4.5- Distribuição eletrônica carbono do (a). Carbono ativado (b). Hibridação sp3 do carbono.
(c).
a b
Tetraedro de C
Par eletrônico
(orbital sp3)
c
4
Os átomos de carbono ( ) internos da cela unitária estão em vermelho com seus 4 orbitais
híbridos incompletos ligados, cada um, a outro átomo de . Os 4 átomos de ligados aos
carbonos internos (1 no vértice e 3 nas faces da cela unitária) se ligam a mais 12 átomos de
através de seus 3 orbitais híbridos incompletos restantes e esses 12 se ligam a mais 36 átomos e
assim por diante, formando uma estrutura em cadeia (polimerizada) não molecular.
Ligação covalente polar:
O par eletrônico é formado por elétrons de elementos químicos diferentes e se aproximará
do elemento mais eletronegativo, originando polos elétricos (Fig. 4.7). Quanto maior a diferença
no potencial de eletronegatividade entre os elementos, maior será a polaridade da ligação, até o
ponto de o elemento mais eletronegativo capturar de vez o elétron do outro elemento, formando
íons (ligação iônica).
Figura 4.7- Polaridade das ligações covalentes, mostrando o aumento crescente da polaridade desde a
ligação covalente apolar (com polaridade nula) até uma ligação covalente altamente polarizada.
Exemplos de minerais com ligação covalente polar (Fig. 4.8, 4.9 e 4.10)
Água
2- Radical (CO3) 2 dos carbonatos o carbono tetravalente hibridado se liga a três átomos de
oxigênio com ligação covalente polar. A hibridação do carbono no radical (CO3) 2 é do tipo sp2
(mistura de um orbital com 2 orbitais ), pois um dos orbitais 2p não hibrida (Fig. 4.9a, b, c),
o que resulta em três orbitais híbridos trigonais dispostos espacialmente no mesmo plano,
fazendo um ângulo de 120° entre eles, que formam três ligações simples tipo sigma (Fig. 4.10a).
O orbital 2p que não hibrida forma uma ligação tipo pi que se emparelha a uma das ligações sp2
tipo sigma, formando uma ligação dupla. (Fig. 4.10b).
Carbono hibridado
a b c
Figura 4.9- Distribuição eletrônica do carbono (a), ativação (b) e hibridação sp2 do carbono (c).
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a Ligação pi b
Orbital 2p
2
Radical (CO3)
Ligação σ
Figura 4.10- Ligações trigonais sp2 do
Orbital sp2 Ligação σ
carbono (a) e radical (CO3) 2 (b).
Orbital sp2
O radical (CO3) 2 se liga a cátions, como Ca 2, Mg 2, Fe 2 e Mn 2,
através das duas ligações iônicas livres, para formar os carbonatos. As três direções de clivagens
romboédricas dos carbonatos são condicionadas pelas direções das ligações iônicas mais fracas.
Clivagens semelhantes também ocorrem em minerais salinos com outros radicais, como nitratos
sulfatos e fosfatos.
A maioria das substâncias covalentes é molecular que nas condições ambientais, em geral,
são líquidas ou gasosas, podendo ser sólidas, dependendo da força de atração entre as moléculas.
As substâncias covalentes cristalinas (moleculares ou não), apresentam as seguintes
propriedades gerais
• Tenacidade quebradiça
• Diafaneidade translúcida e brilho não metálico.
• Não conduzem eletricidade e calor (isolantes) tanto no estado sólido como no estado líquido.
• Os cristais são altamente direcionais e possuem baixa simetria.
A maioria dos minerais covalentes, no entanto, não é constituída por unidades
moleculares e apresentam características bem distintas das substâncias moleculares. Os minerais
covalentes não moleculares são muito estáveis, insolúveis em água e possuem pontos de fusão
muito altos, dureza e densidade médias a altas e coeficientes de expansão térmica baixos. Por
outro lado, os minerais covalentes moleculares são raros e, em condições ambientais, alguns
ocorrem no estado líquido, como o gelo natural. Ao contrário dos minerais não moleculares, são
solúveis em água e possuem dureza, densidade e pontos de fusão baixos e coeficientes de
expansão térmica elevados.
1) Só são puramente iônicos os compostos formados por elementos com grande diferença no
potencial de eletronegatividade.
2) Só são puramente covalentes os compostos covalentes apolares
3) Os compostos covalentes polares são intermediários entre a ligação iônica pura e a ligação
covalente pura (apolar). O caráter iônico e covalente pode ser avaliado pela diferença no
potencial de eletronegatividade, ou seja, quanto maior a diferença de eletronegatividade maior
é a participação da ligação iônica, o que normalmente é expresso em porcentagem. Exemplo:
nos silicatos a ligação Si - O é 50% iônica e 50% covalente.
1) A ligação metálica pura é somente aquela existente entre átomos metálicos iguais.
2) A ligação entre átomos metálicos diferentes é considerada intermediária entre a ligação
metálica pura e a covalente polar. Exemplo eletro (liga Au-Ag) e a liga Fe -Ni.
3) A ligação iônica fraca é considerada intermediária entre a ligação iônica e a ligação metálica.
Exemplos Os sulfetos, como a galena PbS e calcopirita CuFeS2 e os óxidos, como a hematita
Fe2O3, possuem ligação intermediária entre a iônica e a metálica.
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As ligações intermoleculares (van der Waals) nas substâncias covalentes polares são mais
fortes que nas substâncias covalentes apolares porque a polaridade das moléculas nas primeiras
é mais intensa. (Fig. 4.13a). Quando o hidrogênio está presente nessas substâncias, as ligações
intermoleculares normalmente são feitas através deste elemento e são denominadas de pontes de
hidrogênio, mais forte que a ligação de van der Waals. Por exemplo, na estrutura cristalina do
gelo cada molécula de água está ligada a outras 4 moléculas através da ligação em pontes de
hidrogênio (Fig. 4.13b).
Ligação pi livre
a Orbital 2p
b
Ligação σ
Orbital sp2
Figura 4.12- Estrutura em camadas da grafita (a), mostrando a camada intermediária (em vermelho)
deslocada em relação às duas camadas superior e inferior (cinza). As quatro ligações do carbono (b)
três híbridas sp2 e uma livre 2p. Vista bidimensional das três camadas (c), mostrando o deslocamento
da camada intermediária (vermelha). As esferas azuis representam os átomos alinhados das 3 camadas.
b
a
Figura 4.13- Ligação de van der Waals entre
moléculas neutras, causada por fraca polarização nas
suas extremidades (a). Ligação em pontes de
hidrogênio e coordenação tetraédrica das moléculas
de água na estrutura cristalina do gelo (b).
A espécie e a intensidade das forças que ligam entre si as partículas componentes das
substâncias cristalinas exercem grande influência nas suas propriedades físicas e químicas
(Tabela 4.2). A dureza, a clivagem, o brilho, a fusibilidade, a condutibilidade elétrica e térmica
e o coeficiente de expansão térmica dependem diretamente da espécie e intensidade das ligações
químicas nos minerais. De modo geral, quanto mais forte é a ligação, mais duro é o mineral,
mais alto é seu ponto de fusão e menor é seu coeficiente de expansão térmica. A clivagem
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normalmente é condicionada à existência de planos atômicos com ligações mais fracas em
relação às outras ligações na estrutura do mineral. A condutibilidade elétrica e térmica e o brilho
metálico estão relacionados à participação da ligação metálica nos minerais.
Tabela 4.2- Relações entre as propriedades dos minerais e os tipos de ligações químicas.
TIPO DE LIGAÇÃO
Covalente Iônica Metálica Van der Waals
PROPRIEDADES
(Eletromagnética) (Eletrostática) (Eletrostática) (Residual)
Intensidade da lig. Muito forte Forte-moderada Moderada Fraca
Mecânicas: D e d baixas, D moderada a D baixa a D baixa;
Dureza (D) clivagem (molecular) alta; moderada; Cliv. boa a
Densidade (d) D e d média a altas Clivagem (lig. plástico, excelente;
Clivagem (Cliv.) (não molecular); iônica fraca); maleável, plasticidade
Tenacidade Quebradiço quebradiço; dúctil e séctil moderada;
Relativas a luz: Brilho não Brilho Brilho não
Brilho não metálico;
Brilho metálico metálico; metálico; metálico, nacarado
translúcido
(met.) e não met. translúcido opaco nas clivagens
Elétricas: Condutor fraco
Sólido (sol.) Isolante no estado (sólido); bom Isolante no estado
Bom condutor
Líquido (liq.) sólido e líquido condutor (fusão sólido e líquido
Fusão (fus.) ou líquido)
Térmicas: P.F alto e Coef.ET P.F baixo
P.F moderado a
Pt. Fusão (P.F) baixo (molecular) P.F e Coef.ET (molecular);
alto;
Coef. Expansão P.F baixo e Coef.ET variáveis. P.F alto (não mol.)
Coef.ET baixo
térmica (Coef.ET) alto (Não molecular) Coef.ET alto
Solúvel em S.P
Solubilidade: Insolúvel, Solúvel em
(molecular)
Solvente polar (S.P) Solúvel em SP exceto em solventes
Quase insolúvel em
como a água alguns ácidos orgânicos
S.P (não molecular)
Estrutura: Altamente
Não direcional Não direcional Não direcional:
Coordenação direcional: com
com Coord. e com Coord. e com Simetria
(Coord.) Coord. e Simetria
Simetria altas Simetria altas baixa
Simetria (Simet.) baixas.
Diamante (C), Grafita (C),
Halita NaCl, Ouro (Au),
Enxofre (S), Enxofre (S),
Exemplos Fluorita CaF2, prata (Ag),
Córindon Al2O3, Caulinita
Calcita CaCO3 Cobre (Cu)
Esfalerita ZnS Al2Si2O5(OH)4
Tabela 4.4- Relações entre a distância interiônica e a dureza em compostos iônicos. Dados obtidos
de Evans (1952).
Distância Distância
Composto °) Dureza Composto °) Dureza
Interiônica (A Interiônica (A
BeO 1,65 9,0 Na F 2,31 3,2
MgO 2,10 6,5 Mg 2 O 2 2,10 6,5
CaO 2,40 4,5 Sc 3 N 3 2,23 7-8
SrO 2,57 3,5 Ti 4 C 4 2,23 8-9
BaO 2,76 3,3
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• Covalente polar (covalente - iônica) Entre átomos diferentes ( e ≠ 0). Exemplos de
minerais oxissais como os carbonatos, fosfatos e sulfatos (ligação do C, P e S com O).
3) Metal + Metal:
• Metálica pura Entre átomos iguais. Exemplos de minerais elementos nativos metálicos
(Ag, Au, Cu, Pt).
• Metálica - covalente Entre metais diferentes. Exemplos de minerais eletro (liga Au - Ag),
liga Fe - Ni.
4) Metal + Hidrogênio:
• Iônica fraca (Iônica - metálica) Hidretos de metal alcalino ou alcalino terroso. Não existe
minerais nesta situação
• Covalente metálica Hidretos de metais pesados. Não existe minerais nesta situação.
5) Não Metal + Hidrogênio:
• Covalente polar (covalente - iônica) Exemplo de minerais gelo H2O.
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relação dos raios iônicos (raio do cátion pelo raio do ânion RC / RA) e a distância cátion -
ânion pela soma dos raios iônicos (RC + RA).
A intensidade total das ligações químicas de um íon é
igual a sua valência e o valor de uma única ligação, denominada valência eletrostática (Ve),
corresponde à relação entre a valência do íon e seu número de coordenação (Ve = V / NC).
Os poliedros de coordenação são
normalmente ligados vértice a vértice, sendo instável as ligações com arestas e faces (Fig.
4.14). Isto ocorre porque os íons de mesma carga devem ficar afastados o mais possível um
do outro em consequência da repulsão entre eles.
a c
b
Figura 4.14- Ligações de poliedros de coordenação (a) Vértice a vértice (mais estável); (b) Aresta a
aresta (raro); (c) Face a face (improvável).
Em um cristal contendo cátions
diferentes, os de menor tamanho e carga elevada normalmente possuem número de
coordenação pequeno e tendem a não compartilhar igualmente os ânions com os outros
cátions. Isto ocorre porque a ligação entre os ânions e os cátions pequenos de carga elevada
normalmente é mais forte que aquela com os cátions maiores, originando radicais.
O número de espécies químicas essencialmente diferentes em um
cristal (em posições estruturais diferentes na estrutura cristalina) tende a ser pequeno. Isso
ocorre porque cada posição estrutural pode alojar muitos elementos em substituição iônica
e, desse modo, o número de espécies químicas diferentes no mineral será, normalmente, bem
menor que o número total de elementos químicos presentes em sua estrutura.
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a b
Ânion Cl
Cátion Na
Figura 4.15- Estrutura da halita. Poliedro de coordenação octaédrico (NC = 6) na halita (a). Cela
unitária da halita (b).
a b
Ânion F
2
Cátion Ca
Figura 4.16- Estrutura da fluorita. Poliedros de coordenação cúbico (NC = 8) e tetraédrico (NC = 4) na
fluorita (a). Cela unitária da fluorita (b).
O número de coordenação dos íons de um cristal depende de dois fatores seguintes
1) Tamanho relativo dos íons (cátions e ânions)
2) Neutralidade elétrica do cristal Em todo cristal estável, o número total de cargas negativas
deve ser igual ao número total de cargas positivas.
Os dois fatores influenciam conjuntamente no número de coordenação, mas a
neutralidade das cargas elétricas se impõe. Por exemplo, no caso da fluorita, o tamanho relativo
dos íons permitiria uma estrutura contendo números iguais de Ca 2 e de F , com ambos em
coordenação 8. No entanto, para manter a neutralidade elétrica do mineral, o número de cátions
Ca 2 deve ser a metade do número de ânions F , ou seja, o Ca 2 irá ocupar somente metade dos
lugares possíveis e seu número de coordenação será o dobro do número de coordenação do F .
O tamanho relativo dos íons é expresso pela relação dos raios iônicos em angstrom (1 A °
= 10 7 mm). Exemplo Halita (NaCl), RNa = 1,02 A ° , RCl = 1,81 A° , RNa / RCl = 0,56. Quando dois
ou mais cátions estão presentes em uma estrutura cristalina, coordenando o mesmo ânion,
calcula-se a relação dos raios iônicos para cada um dos cátions. Exemplo Espinélio (MgAl2O4),
RMg = 0,57 A° , RAl = 0,54 A
° , RO = 1,38 A° RMg / RO = 0,41, RA l / RO = 0,39.
O arranjo de partículas de mesmo tamanho (com RC /RA = 1), como no caso de metais
nativos, constituídos de um único elemento (ouro, prata e cobre), resulta em coordenação 12, a
mais elevada que existe, denominada de empacotamento compacto ou mais denso, pois
minimiza o espaço vazio da estrutura cristalina. O empacotamento mais denso pode ser
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facilmente verificado empilhando esferas idênticas, como bolas de bilhar, pingue-pongue ou de
tênis. Este experimento demonstra que existem dois tipos de empacotamento mais denso,
denominados hexagonal mais denso (HCP, sigla em inglês de hexagonal closest packing) e
cúbico mais denso (CCP, sigla em inglês de cubic closest packing). Quando esferas idênticas
são empilhadas em uma superfície plana da maneira mais compacta possível, cada esfera toca
outras seis esferas formando uma camada de empacotamento compacto, denominada camada A
(Fig. 4.17a). Entre as esferas da camada A surgem dois tipos de interstícios vazios triangulares
com arestas curvas interstícios B (triângulos apontando para cima) e interstícios C (triângulos
apontando para baixo), conforme exibido na figura 4.17a. Uma segunda camada de esferas
(camada B) pode ser adicionada com as esferas posicionadas sobre os interstícios B da camada
A (Fig. 4.17b). A diferença entre o empacotamento hexagonal mais denso (HCP) e o cúbico
mais denso (CCP) reside no posicionamento de uma terceira camada. No HCP, a terceira camada
é idêntica à primeira (camada A), resultando em um retículo de repetição ABABAB...., enquanto
que no CCP, a terceira camada (camada C) constitui-se de esferas posicionadas nos interstícios
C da camada B, resultando em um retículo ABCABCABC.... (Fig. 4.17c). Nos dois tipos de
empacotamento compacto (HCP e CCP), as partículas coordenadas distribuem-se da seguinte
maneira: seis partículas no mesmo plano do coordenador e três em um plano acima e mais três
em um plano abaixo do coordenador (Fig. 4.18a, b). Apesar da mesma coordenação (NC = 12) e
distribuição das partículas coordenadas, elas formam poliedros de coordenação distintos nos dois
tipos de empacotamento compacto: poliedro HCP (Fig. 4.19a, b) e cuboctaedro do CCP (Fig.
4.20a, b).
a b c
Interstício B
Interstício C
Figura 4.17- Camada A de esferas idênticas do empacotamento mais denso (a). Empacotamento
hexagonal mais denso (b), com duas camadas de esferas (A e B), estando as esferas da camada B
posicionadas sobre os interstícios B. Empacotamento cúbico mais denso (c), com três camadas de
esferas (A, B e C), estando as esferas da camada C posicionadas sobre os interstícios C.
a b
HCP CCP
Figura 4.18- Empacotamento mais denso (coordenação 12). Empacotamento hexagonal mais denso
HCP (a), com duas camadas de esferas (A e B). Empacotamento cúbico mais denso (b), com três
camadas de esferas (A, B e C).
O empacotamento HCP é do sistema hexagonal-R, com cela unitária de faces centradas,
na qual as camadas de átomos A e B são perpendiculares ao eixo c (Fig. 4.19c). A fraca ligação
entre as duas camadas resulta em boa clivagem basal {0001}. Exemplos de minerais com
estrutura HCP arsênio (As), antimônio (Sb) e bismuto (Bi) nativos. Por outro lado, na cela
unitária isométrica de faces centradas do empacotamento CCP, as camadas A, B e C são
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paralelas à direção (111) e inclinadas em relação aos três eixos cristalinos (Fig. 4.20c. Exemplos
de minerais com estrutura CCP ouro (Au), prata (Ag), cobre (Cu) e platina (Pt) nativos.
Poliedro HCP c
a b
Figura 4.19- Empacotamento hexagonal mais denso: poliedro de coordenação HCP (a e b) e cela
unitária hexagonal-R de faces centradas (c).
a b Cuboctaedro c
Figura 4.20- Empacotamento cúbico mais denso: poliedro de coordenação CCP, cuboctaedro (a e b) e
cela unitária isométrico de faces centradas (c).
Metais nativos com empacotamento mais denso é uma situação excepcional no reino
mineral. A grande maioria dos minerais são constituídos por mais de um elemento químico de
diferentes raios iônicos ou atômicos que se arranjam para formar as estruturas cristalinas. Em
uma simplificação genérica das estruturas cristalinas iônicas, os ânions formam empacotamento
mais denso e os cátions, de menor tamanho, se alojam nos interstícios dos arranjos aniônicos.
Os diversos cátions ocupam os espaços mais compatíveis a seus tamanhos e também para
satisfazer a necessidade de carga positiva da estrutura cristalina que deve ser neutra. A influência
da relação dos raios iônicos no número de coordenação foi estudada com base na relação do raio
do cátion pelo raio do ânion (RC /RA). Foi determinado matematicamente como o número de
coordenação do cátion varia em função da relação do raio do cátion pelo raio do ânion. Como
os ânions são normalmente maiores que os cátions, as relações dos raios iônicos (RC /RA) serão
menores que 1. Nestes casos, o número de coordenação do cátion (NCCat) diminui
progressivamente à medida que o cátion for cada vez menor em relação aos ânions coordenados,
com (RC /RA) cada vez menores.
1) Quando o cátion coordenador é ligeiramente menor que os ânions coordenados, com RC / RA
= 1 – 0,732, a coordenação 8 (cúbica) é estável (Fig. 4.21).
RCa = 1,12 A°
Ex. Fluorita CaF2
RF = 1,31 A°
°
RNa = 1,02 A
Ex. Halita NaCl °
R = 1,81 A
Cl
Os limites das coordenações foram definidos através das relações dos raios iônicos e,
portanto, são válidos somente para cristais iônicos. A insegurança na aplicação desses limites
aumenta à medida que diminui a participação da ligação iônica, ou seja, quanto menor e mais
polarizantes são os cátions coordenadores ou quanto maior e mais polarizáveis são os ânions
coordenados. Por outro lado, mesmo em cristais iônicos existem restrições na aplicação dos
limites de coordenações, por serem eles números teóricos. Se a relação dos raios iônicos estiver
próxima de um dos limites, o número de coordenação poderá ser tanto do intervalo superior
como do intervalo inferior ao limite. Exemplos
Fosfatos RP 5 = 0,17 A ° NCP = 2 (teórico)
3 RP 5 /RO 2 = 0,12
(PO4) R 2 = 1,38 A° NCP = 4 (real) ligação P - O covalente polar
O
A relação dos raios iônicos (raio do cátion pelo raio do ânion) fornece o número de
coordenação do cátion. O número de coordenação do ânion pode ser obtido pelo princípio da
neutralidade elétrica, a partir da fórmula mínima dos minerais. Exemplo
Fluorita CaF2 RCa / RF = 0,85 NCCa = 8 no F = 2 no Ca 2 NCF = NCCa ÷ 2 = 4
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Quando dois ou mais cátions coordenam o mesmo ânion, o número de coordenação do
ânion pode ser obtido através de seus números de coordenações parciais em relação a cada cátion
e pelo princípio da neutralidade elétrica. Exemplos
RMg = 0,57 A° RMg / RO = 0,41 NCMg = 4
Espinélio °
RAl = 0,54 A NCAl = 4 (teórico)
MgAl2O4 ° RAl / RO = 0,39
RO = 1,38 A NCAl = 6 (real) ligação Al - O covalente polar
no O 2 = 4 no Mg 2 NCO / Mg = NCMg ÷ 4 = 1
NCO = NCO / Mg + NCO / Al 3
no O 2 = 2 no Al NCO / Al = NCAl ÷ 2 = 3
NCO = 4
Números de coordenações parciais do O em relação ao Mg e Al
4
no O 2 = 3 no C
NCO / C = NCC ÷ 3 = 1
Calcita CaCO3 NCO = NCO / C + NCO / Ca 2 2
no O = 3 no Ca NCO / Ca = NCCa ÷ 3 = 2
NCC = 3
NCO = 3
NCCa = 6 Números de coordenações parciais do O em relação ao C e Ca
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Tabela 4.5- Principais coordenações nos minerais.
Relação dos Número de
Arranjo geométrico espacial das partículas
Raios Iônicos Coordenaçã
(Coordenação)
(RCat / RA) o (NC)
Linear
0,155 2
Ex. Cuprita Cu2O
Triangular
0,155 0,255 3 Ex. Nitratos (NO3)
Carbonatos (CO3) 2
Tetraédrica
Ex. Sulfatos (SO4) 2
0,255 0,414 4
Fosfatos (PO4) 3
Silicatos (SiO4) 4
Octaédrica
0,414 0,732 6
Ex. Halita NaCl
NCNa = NCCl = 6
Cúbica
0,732 1,00 8 Ex. Fluorita CaF2
NCCa = 8
Empacotamento
1,00 12 mais denso CCP
Cuboctaedro
a b 4× =1
8× =2
Figura 4.28- O mineral fluorita CaF2 é isodésmico, pois a valência eletrostática do Ca (a) é igual à
valência eletrostática do F (b), cujo valor ( ¼ ) é menor que a metade da valência do fluor (0,5).
NCMg = 4 Ve Mg = 2 ÷ 4 =
NCO = 4 Ve O = 2 ÷ 4 =
VMg = 2 Ve Mg < VO / 2
VO = 2 VO / 2 = 1
NCAl = 6 Ve Al = 3 ÷ 6 =
VAl = 3 Ve Al < VO / 2 VeMg = VeAl = VeO < 1
2) Anisodésmicos: A valência eletrostática do cátion é maior que a metade da carga do ânion
(Ve Cat >VA / 2). Normalmente isto acontece quando cátions pequenos altamente carregados
coordenam ânions maiores e com carga mais fraca, resultando na formação de grupos
compactos ligados firmemente (ligação covalente), denominados radicais. Nestes grupos os
ânions estão mais fortemente ligados ao cátion coordenador que a qualquer outro íon que
eventualmente estejam ligados. Oxissais (como os carbonatos, fosfatos e sulfatos) e os
sulfossais são minerais anisodésmicos.
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Exemplos Carbonatos (CO3) 2 NCC = 3 Ve C = 4 ÷ 3 = 1
(Fig. 4.29a) VC = 4 Ve C > VO / 2
Sulfatos (SO4) 2
NCS = 4 Ve S = 6 ÷ 4 = 1,5 b
a (Fig. 4.29b) VS = 6
Ve S > V O / 2
Figura 4.29- Minerais anisodésmicos: Carbonatos (a) com Ve C = 1 e carga remanescente em cada
oxigênio de - . Sulfatos (b) com Ve S = 1,5 e carga remanescente em cada oxigênio de 0,5.
Silicatos (SiO4) 4
NCSi = 4 Ve Si = 4 ÷ 4 = 1
(Fig. 30b) VSi = 4 Ve Si = VO / 2 b
Figura 4.30- Minerais mesodésmicos: Silicatos (a) com Ve Si = 1 e carga remanescente em cada
oxigênio de 1,0. Boratos (b) com Ve B = 1 e carga remanescente em cada oxigênio de 1,0.
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NCCr = 6 VeCr = 3/6 = 0,5 (menor que a metade da valência do
Cromita FeCr2O4 VCr = +3 ânion oxigênio (VO = 2), o que caracteriza a cromita
VO = 2 como mineral isodésmico e, portanto, um óxido.
NCW = 4 VeW = 6/4 = 1,5 (maior que a metade da valência do ânion
Scheelita CaWO4 VW = +6 oxigênio (VO = 2), o que caracteriza a scheelita como
VO = 2 mineral anisodésmico e, portanto, um wolframato.
4.3.4- POLIMORFISMO E MINERAIS ISOESTRUTURAIS
Polimorfismo é o fenômeno pelo qual dois ou mais minerais possuem a mesma
composição química e estruturas cristalinas diferentes. Os minerais nestas condições são
denominados genericamente de polimorfos, dimorfos (se são dois), trimorfos (se são três) etc.
Os minerais polimorfos não podem ser distinguidos por meios químicos, porém são diferentes
em quase todas as outras propriedades (Tabela 4.6). O termo polimorfismo refere-se às formas
cristalinas diferentes dos minerais nesta condição, apesar de possuírem a mesma composição
química. Na química este fenômeno é denominado de alotropia. A tabela 4.6 mostra que pode
haver polimorfos do mesmo sistema cristalino, como o rutilo e anatásio, cujos arranjos dos íons
de Ti e O (estrutura cristalina) são diferentes.
Tabela 4.6- Minerais polimorfos.
Minerais Composição Sistema Arranjo Dureza Densidade
Polimorfos Química Cristalino Estrutural (D) (d)
Diamante Isométrico NCC = 4 10 3,5
C Hexagonal-H 1 2,2
Grafita NCC = 3
Pirita Isométrico NCFe = 6 , NCS = 3 6 5,0
FeS2 Ortorrômbico 6 4,89
Marcassita NCFe = 6 , NCS = 3
Calcita Hexagonal-R NCCa = 6 , NCC = 3 3 2,71
CaCO3 Ortorrômbico 3,5 2,95
Aragonita NCCa = 9 , NCC = 3
Rutilo Tetragonal NCTi = 6 , NCO = 3 6 6,5 4,2 4,25
Brookita TiO2 Ortorrômico NCTi = 6 , NCO = 3 5,5 6,0 4,1 4,2
Anatásio Tetragonal NCTi = 6 , NCO = 3 5,5 6,0 3,8 4,0
Minerais isoestruturais ou isotípicos são aqueles que apresentam o mesmo tipo de
estrutura cristalina e composição química diferente, ou seja, é o inverso do polimorfismo. Nos
minerais isoestruturais, as partículas componentes, independentemente dos seus tamanhos,
possuem o mesmo arranjo espacial e o mesmo sistema cristalino, embora as dimensões das celas
unitárias dos minerais sejam diferentes. Os centros destas partículas ocupam posições
geometricamente semelhantes nas estruturas dos minerais, com o mesmo número de
coordenação. (Tabela 4.7). Os padrões de difração de raios-x destes minerais mostram linhas
análogas, porém diferentes no espaçamento e na intensidade. Como consequência de
compartilharem o mesmo tipo de estrutura cristalina, os minerais isoestruturais exibem a mesma
forma em seus cristais, razão pela qual são também denominados de .O
conceito de isomorfismo foi formulado no início do século 19, com base apenas nas formas
externas dos minerais, pois precedeu aos avanços na compreensão das estruturas cristalinas, a
partir do início do século 20, com a difração dos raios-X pelos minerais. Desse modo, o termo
isomorfismo tem sido pouco utilizado atualmente pelos mineralogistas, em favor do
isoestruturalismo, um conceito mais moderno, com base na estrutura cristalina dos minerais. As
diferenças nas propriedades físicas de minerais isoestruturais são provocadas, em alguns casos,
pela composição química (Ex. densidade, cor, etc.) e, em outros, pelas diferenças nas relações
axiais da cela unitária (Ex.: ângulos interfaciais, direções de clivagem, etc.). Exemplos
21
Tabela 4.7- Minerais isoestruturais
Mineral Arranjo Estrutural Sistema Cristalino Arranjo das Partículas
Fluorita CaF2 NCcátion = 8 Isométrico NCCa = 8, NCF = 4
Uraninita UO2 NCânion = 4 Isométrico NCU = 8, NCO = 4
Halita NaCl Isométrico NCNa = 6, NCCl = 6
Silvita KCl NCcátion = 6 Isométrico NCK = 6, NCCl = 6
Periclásio MgO NCânion = 6 Isométrico NCMg = 6, NCO = 6
Galena PbS Isométrico NCPb = 6, NCS = 6
Denomina-se grupo isoestrutural a um conjunto de minerais isoestruturais com um
ânion comum. Os exemplos mais típicos desses grupos são os grupos da barita (sulfatos), da
calcita e da aragonita (carbonatos).
NCcátion = 9
Exemplo Grupo da Aragonita (tabela 4.8) NCC = 3
Sistema ortorrômbico (Z = 4)1
NCO = 4 (NCO / cátion = 3 + NCO / C = 1)
Tabela 4.8- Grupo isoestrutural da aragonita
Composição Relações Axiais P.A
Mineral 110^110 Clivagem d
Química a:b:c Cátion
Aragonita CaCO3 0,720 1 0,622 63º48’ {010}{110} 2,95 40,08
Estroncianita SrCO3 0,724 1 0,609 62º41’ {110} 3,7 44,96
Witherita BaCO3 0,724 1 0,598 62º12’ {010}{110} 4,3 137,34
Cerussita PbCO3 0,723 1 0,610 62º46’ {110}{021} 6,55 207,19
d densidade PA Cátion peso atômico do cátion (Ca, Sr, Ba, Pb).
23
2 3 2 3 2 3
(Fe 1 2x xFe 2x)S (Fe 1 3xFe 2x)S (x = omissão). Juntando o Fe e Fe 1 3x + 2x = 1 x
Fe1 xS, que é a fórmula simplificada da pirrotita, com x entre zero e 0,2. Se a omissão ou
vacância (x) for 0,1 a fórmula da pirrotita será Fe0,9S (x = 0,1) ou (Fe 20,7Fe 30,2)S e se a
2 3
vacância (x) for 0,2 a fórmula será Fe0,8S (x = 0,2) ou (Fe 0,4Fe 0,4 ) S. O mineral troilita FeS
é um caso especial de pirrotita sem Fe 3 e, portanto, sem omissão ou vacância (x = 0).
Frequentemente ocorre associação entre os mecanismos de acoplamento como, por
exemplo, nos minerais da série das hornblendas, representados pela fórmula geral
Nax yCa2(Mg,Fe 2)5 y(Al,Fe 3)y(Si 8 xAlx)O22(OH)2 , na qual o acoplamento ocorre com
associação de duas substituições simultâneas mais introdução de cátions, onde uma quantidade
x de Al tetraédrico (AlIV) que substitui o Si 4, com perda de carga positiva (já que o Al é
trivalente), é equilibrada por substituição de parte dos cátions bivalentes (Mg,Fe 2) por cátions
trivalentes (Al,Fe 3) mais adição de cátion alcalino (Na), com ganho de carga positiva, de tal
modo que os cátions trivalentes (y) + cátion alcalino (x y) = AlIV que substitui o Si 4 (x). Por
exemplo, se o AlIV que substitui o Si 4 é 1,3 (x = 1,3) e o Na é 0,5, os cátions trivalentes (y) serão
0,8 e a fórmula fica Na0,5Ca2(Fe 2, Mg)4,2(Al,Fe 3)0,8(Si6,7Al1,3)O22(OH)2 , com 4,2 de cátions
bivalentes, ou seja, 1,3 Al 3 (x) Si 4 = 4,2 (Fe 2, Mg) 0,8 (Al,Fe 3) (y) + 0,5Na.
Na variedade edenita das hornblendas pode haver também associação entre adição e omissão de
cátions, conforme a fórmula geral Nax yCa2(Mg,Fe 2)5 y/2(Si 8 xAlx)O22(OH)2 , onde uma
quantidade x de AlIV que substitui o Si 4, com perda de carga positiva, é equilibrada por adição
de cátion alcalino (Na) mais omissão de parte dos cátions bivalentes (Mg,Fe 2), com ganho de
carga positiva. Como o cátion adicionado (x + y) é maior que o AlIV (x), para equilibrar as cargas
ocorre uma omissão nos cátions bivalentes igual à metade do excedente de cátion alcalino (y/2),
pois os cátions omitidos são bivalentes. Por exemplo, se o AlIV é 0,6 (x) e o Na é 0,8 (y = 0,2),
os cátions bivalentes (5 y/2) serão 4,9 Na0,8Ca2(Mg,Fe 2)4,9(Si7,4Al0,6)O22(OH)2 , ou seja,
0,6 Al 3 (x) Si 4 = 0,8 Na (x + y) 0,1(Mg,Fe 2) (y/2) × 2 (carga +2).
De acordo com a extensão da substituição iônica, ela pode ser de dois tipos
1) Completa: os íons se substituem em todas as proporções, originando uma de
minerais entre dois ou mais termos extremos puros. Os termos intermediários das séries
contínuas podem ser representados pelas frações molares dos termos extremos. Exemplo
série continua das olivinas (Mg,Fe)2SiO4 , cujos termos extremos são a Forsterita ( )
Mg2SiO4 e a Faialita ( ) Fe2SiO4 , com substituição completa entre Mg 2 e Fe 2 (Fig. 4.31).
Mg2SiO4 Fo80Fa20 (Mg,Fe)2SiO4 Fa70Fo30 Fe2SiO4 (Mg0,8Fe0,2)SiO4
(Fo) (Fa) (Fe0,7Mg0,3)SiO4
Figura 4.31- Série contínua das olivinas, com os termos intermediários Fo80Fa20 e Fa70Fo30.
2) Limitada: substituição parcial entre dois ou mais íons, gerando uma de
minerais, na qual existe apenas uma parte do espectro completo de minerais possíveis entre
dois termos extremos puros. Exemplo série descontinua dos feldspatos alcalinos
(K,Na)AlSi3O8 , com os termos extremos ortoclásio ( ) KAlSi3O8 e albita ( ) NaAlSi3O8
e substituição limitada entre K e Na (Fig. 4.32). K-feldspatos sódicos (faixa vermelha, até
32,6 % Or) e potássicos (faixa azul, > 70 % Or). Componentes entre 32,6 e 70 % Or podem
ocorrer somente em temperaturas altas, como Ab60Or40 ( ) e Or60Ab40 ( ) na figura 4.32.
24
Ab80Or20 Ab80Or20
NaAlSi3O8 (K,Na)AlSi3O8 Or75Ab25 KAlSi3O8 (Na0,8K0,2)AlSi3O8
(Ab) (Or Or75Ab15
1 2 )
Albita K-feldspatos Ortoclásio (K0,75Na0,25)AlSi3O8
Figura 4.32- Série descontínua dos K-feldspatos, com os componentes intermediários Ab80Or20 e
Or75Ab25 (estáveis em T baixas) e Ab60Or40 ( ) e Or60Ab40 ( ) que são estáveis somente em T altas.
A extensão da substituição iônica é controlada pelos três fatores seguintes
1) Tamanho relativo dos íons: É o principal fator controlador da extensão da substituição
iônica. Dois ou mais íons só se substituem mutuamente, em condições normais, se seus
tamanhos são semelhantes. Até 15% de diferença nos raios iônicos a substituição ocorre
amplamente. Se essa diferença se situar entre 15% e 30%, a substituição pode ocorrer, mas
de maneira limitada. Acima de 30% de diferença nos raios iônicos, a substituição é muito
limitada, ou praticamente inexistente em condições normais. Os limites de 15% e 30% devem
ser considerados como valores de referência, resultante de observações empíricas, podendo
haver distorções.
2) Temperatura de formação dos minerais: Quanto maior for a temperatura de formação dos
minerais, maior será a facilidade de substituição entre os íons, pois nestas condições o
retículo cristalino dilata e suas partículas componentes ficam em estado de alta energia e
excitação, tornando menos rigorosas as exigências de espaço. Exemplo Em consequência
da grande diferença nos raios iônicos dos cátions Na e K (20 a 30%), a substituição iônica
entre eles, em condições normais, é limitada, podendo ser mais ampla, entretanto, em
temperaturas altas. Nas halitas (NaCl) de origem sedimentar, a quantidade de K que
substitui o Na é insignificante, enquanto que nas de origem vulcânica essa substituição pode
ser considerável (Na,K)Cl. Os K-feldspatos de temperaturas altas (sanidina) contém mais
Na que os de temperaturas baixas (ortoclásio e microclina).
3) Estrutura cristalina: A substituição iônica entre dois ou mais íons só poderá ser completa,
formando séries contínuas, se houver semelhança nos raios iônicos dos íons que se
substituem (diferença menor que 15%), e se os termos extremos forem isoestruturais. Em
muitos grupos isoestruturais ocorre substituição iônica ampla, às vezes completa, entre íons
de dois ou mais minerais. Por exemplo, no grupo da calcita ocorre substituição completa
entre Mg 2 e Fe 2 na série continua da magnesita - siderita (Mg,Fe)CO3. A série contínua só
é possível porque a diferença nos raios iônicos do Mg 2 e Fe 2 é menor que 10% e os termos
extremos, magnesita (MgCO3) e siderita (FeCO3), são isoestruturais (sistema hexagonal-R).
No mineral esfarelita, o Fe 2 pode substituir o Zn em até 36 % aproximadamente, formando
uma série descontínua (Zn,Fe)S, embora a semelhança nos raios iônicos destes íons
(diferença em torno de 4,5 %), favoreça uma substituição mais ampla. A limitação da
substituição iônica, neste caso, é controlada pela estrutura cristalina, pois a substituição entre
Zn e Fe 2, a partir da esfarelita, não progride até a troilita FeS porque este último mineral é
do sistema hexagonal-H, não sendo, portanto, isoestrutural com a esfalerita que é do sistema
isométrico. Desse modo, não é possível haver uma série contínua entre a esfalerita e a troilita,
com substituição completa entre Zn e Fe 2, já que estes íons ocupam posições diferentes nas
estruturas daqueles (Zn,Fe)S
minerais (Fig. 4.33). ZnS FeS
Esfalerita (Isométrico) ZnS FeS Troilita (Hexagonal-H)
Figura 4.33- Série descontínua esfalerita - troilita ZnS - FeS
25
Os minerais intermediários das séries contínuas podem ser interpretados como misturas
homogêneas em que um dos termos extremos estaria dissolvido no outro em diversas
proporções. Em função desta concepção, foi atribuído o termo para as séries
continuas de minerais com substituição iônica completa entre termos extremos puros. Alguns
autores denominam as séries contínuas de séries isomórficas, em referência ao isomorfismo, ao
invés do isoestruturalismo, destas séries. Outros exemplos de séries contínuas
• Série contínua da columbita - tantalita (Fe,Mn)(Nb,Ta)2O6 , com substituição iônica simples
entre Nb 5 e Ta 5 (Fig. 4.34).
Termos extremos (Col) Columbita (Fe,Mn)Nb2O6 e (Tan) Tantalita (Fe,Mn)Ta2O6
Termo intermediário Tan80Col20 (80% Tan e 20% Col) (Fe,Mn)(Ta0,80Nb0,20)2O6
26
(3) Inclusões de albita NaAlSi3O8 em K-feldspato (K,Na)AlSi3O8 Pertitas (Fig. 4.36)
T alta T baixa
Exsolução
(K,Na)AlSi3O8 (K,Na)AlSi3O8 + NaAlSi3O8 K-feldspato pertítico
1 fase mineral = K-feldspato c/Na K-feldspato albita 2 fases minerais
4.3.6- PSEUDOMORFISMO
Pseudomorfismo ou falsa forma é o processo pelo qual um mineral se transforma em
outro mineral, preservando, porém, a forma externa do mineral original. Nesse processo o
mineral original altera não só a estrutura cristalina, como também, normalmente, a sua
composição química. O mineral neoformado, com a forma do mineral original, é denominado
de pseudomorfo. De acordo com a maneira de formação, existem quatro casos seguintes de
pseudomorfismo
(1) Alteração o mineral original altera-se quimicamente para outro mineral, preservando a sua
forma primitiva. Exemplos (Tabela 4.9 e Fig. 4.37)
Tabela 4.9- Pseudomorfismo por alteração de pirita para goethita, magnetita para goethita e
hematita e galena para anglesita.
27
(2) Substituição o material original é substituído por outro, sem qualquer reação química entre
ambos e sem alterar a sua forma inicial. Exemplos
• Madeira petrificada (silicificada), figura 4.38.
• Fluorita CaF2 (Isométrico, cúbica) quartzo SiO2 (hexagonal-R, cúbica)
(3) Paramorfismo o mineral original muda para uma forma polimorfa, preservando a forma
externa primitiva. Neste caso muda só a estrutura cristalina, permanecendo inalterada a
composição química. Exemplos (tabela 4.10).
Tabela 4.10- Paramorfismo de aragonita para calcita e rutilo para brookita.
d e
30
: Y = ax + b, sendo Y = densidade ( ) e x = % Tan d = a % Tan + b
= coeficiente linear ponto onde a reta corta o eixo vertical Y (x = 0), = 5,2
= coeficiente angular tangente do ângulo α que a reta faz com o eixo horizontal x (a = tg α)
se x = 1, Y = 7,9 7,9 = a + 5,2 = 7,9 5,2 = ou
tg α = cateto oposto sobre cateto adjacente (c.op ÷ c.ad) do triângulo retângulo que a reta
faz com os eixos x e Y. Sendo cateto oposto = 7,9 5,2 (c.op = 2,7) e cateto adjacente =
100% (c.ad = 1) = 2,7 ÷ 1 = 2,7.
Equação de variação da densidade com a composição química na série columbita - tantalita
Y = densidade (d) e x = %Tan d = a % Tan + b d = 2,7 %Tan + 5,2
O gráfico da Figura 4.41 mostra que a densidade na série da columbita - tantalita varia
continuamente e linearmente, acompanhando a substituição iônica simples entre Nb 5 e Ta 5. A
densidade aumenta da columbita (Fe,Mn)Nb2O6 para a tantalita (Fe,Mn)Ta2O6 por causa do
maior peso atômico do tântalo (180,9479) em relação ao do nióbio (92,9064). A densidade de
qualquer membro intermediário da série pode ser calculada graficamente ou matematicamente
através da equação da reta d = 2,7 %Ta + 5,2. Por exemplo, a densidade do termo Col70Tan30
(Fe,Mn)(Nb0,7Ta0,3)2O6 , calculada pela equação da reta, é d = 2,7 × 0,3 + 5,2 = 6,01 (ponto A na
figura 4.38). Desse modo, pode-se calcular a densidade de qualquer termo intermediário da série
com composição conhecida e, vice-versa, sabendo-se a densidade de qualquer termo
intermediário, pode-se calcular a sua composição (porcentagens dos termos extremos Col e Tan)
e, com isso, obter a fórmula mínima do mineral. Por exemplo, a composição do mineral da série
Columbita -Tantalita que possui densidade 7,09 pode ser obtida, pela equação da reta, da seguinte
maneira 7,09 = 2,7 %Tan + 5,2 %Tan = 0,7 (ponto B na figura 4.38). Portanto, o mineral
da série com densidade igual a 7,09 possui 70 % de tantalita e 30 % de Columbita (Tan 70Col 30),
cuja fórmula química é (Fe,Mn)(Ta0,7Nb0,3)2O6 .
Todas as séries contínuas apresentam variam linear na densidade de seus minerais, com
diagramas de variação da densidade com a composição química semelhantes ao do exemplo
mostrado acima para a série columbita-tantalita. O que muda de uma série para outra é a
inclinação da reta que dependerá da diferença entre as duas densidades de seus termos extremos
que, por sua vez, dependem dos pesos atômicos dos elementos que se substituem para formar a
série contínua. Dois exemplos adicionais são mostrados nos diagramas das figuras 4.42 e 4.43
abaixo.
Em minerais que não são nem polimorfos nem isoestruturais, a densidade varia tanto em
função da composição química como do índice de empacotamento (Ie)
31
Equação da reta
= 3,27
= 4,37 3,27 = 1,1
PA do Fe = 55,845
PA do Mg = 24,305
Equação da reta
= 2,62
= 2,76 2,62 = 0,14
PA do Ca = 40,078
PA do Na = 22,9898
32
4.4- CÁLCULO DA FÓRMULA MÍNIMA DOS MINERAIS
4.4.1- INTRODUÇÃO
Todo mineral, por definição, possui composição química definida e, portanto, pode ser
representado por uma fórmula química que expressa as quantidades relativas, em número de
átomos, de seus elementos componentes. A fórmula química mais utilizada é a fórmula mínima
que corresponde à relação quantitativa mais simples entre os elementos componentes dos
minerais. Por exemplo, no mineral bornita existem 5 átomos de cobre para 1 átomo de ferro para
4 átomos de enxofre (5Cu 1Fe 4S), relação representada pela fórmula mínima Cu5FeS4. Esta
mesma relação, entretanto, pode ser representada por um número infinito de fórmulas químicas
desde que a proporção 5Cu 1Fe 4S seja mantida, como por exemplo Cu10Fe2S8 , Cu15Fe3S12 ,
Cu20Fe4S16 , Cu7,5Fe1,5S6 etc. Qualquer uma destas fórmulas representa corretamente o mineral
bornita, mas a fórmula mínima, por ser mais simples, é naturalmente a mais utilizada. As
fórmulas químicas de quaisquer substâncias, inclusive dos minerais, são obtidas a partir das
análises químicas destas substâncias expressas pelas porcentagens em peso de seus componentes
(teores). Para os minerais não oxigenados as análises são expressas pelos teores em peso por
cento de seus elementos químicos componentes, enquanto que para os minerais oxigenados
convencionou-se utilizar os teores em peso por cento dos óxidos dos elementos componentes.
Existem basicamente dois métodos de cálculo para as fórmulas mínimas dos minerais.
4.4.2- MÉTODO DAS RELAÇÕES ATÔMICAS OU MOLECULARES
Aplicado para minerais não oxigenados e oxigenados nos quais o oxigênio é o único ânion
presente, sem substituição iônica ou com substituição iônica simples. Procedimento
1) Recalcular os teores (% peso) para 100% (se o total da análise divergir muito de 100%)
Denominando os teores recalculados para 100% de , estes valores são calculados
através da seguinte regra de três: Total 100
= × 100
% Peso Rec/100
2) Cálculo das proporções atômicas (ou moleculares) dos elementos (ou óxidos) componentes
Como os elementos possuem diferentes pesos atômicos, as porcentagens em peso não
representam as relações numéricas entre os diversos componentes dos minerais. As
proporções relativas dos componentes químicos nos minerais são obtidas dividindo-se os
teores, já recalculas para 100%, pelos pesos atômicos dos elementos componentes (minerais
não oxigenados) ou pelos pesos moleculares dos óxidos componentes (minerais oxigenados).
3) Cálculo das relações atômicas (ou moleculares) dos elementos (ou óxidos) componentes
Para transformar as proporções relativas dos componentes químicos dos minerais em
números inteiros, ou aproximadamente inteiros, divide-se as proporções atômicas (minerais
não oxigenados) ou proporções moleculares (minerais oxigenados) pelo menor valor delas,
aproximando os resultados para números inteiros.
Minerais não oxigenados
Exemplo 1: Mineral não oxigenado sem substituição iônica
% Peso Rec/100 P.A. Prop.Atom. Rel.Atom.
Cu 34,39 34,49 63,546 34,49 ÷ 63,546 = 0,5427 0,5427 ÷ 0,5427 = 1
Fe 30,84 30,93 55,847 30,93 ÷ 55,847 = 0,5538 0,5538 ÷ 0,5427 = 1,02 1
S 34,48 34,58 32,065 34,58 ÷ 32,065 = 1,0784 1,0784 ÷ 0,5427 = 1,99 2
Total 99,71 100,00 Cu Fe S = 1 1 2 Calcopirita
Porcentagem em peso dos elementos componentes do mineral (teores)
Teores recalculados para 100% Pesos atômicos dos elementos componentes
Proporções atômicas dos elementos Relações atômicas dos elementos
33
Exemplo 2: Mineral não oxigenado com substituição iônica simples
% Peso Rec/100 P.A. Prop.Atom. Rel.Atom.
Na 26,75 26,77 22,98977 1,1644 0,85
1,3731 2,98 3
K 8,15 8,16 39,0983 0,2087 0,15
Al 12,44 12,45 26,98154 0,4614 1
F 52,58 52,62 18,9984 2,7697 6,01 6
Total 99,92 100,00 (Na,K) Al F = 3 1 6
Criolita Na Elementos em substituição iônica
K (a somatória dos sub-ínices deve ser 1)
Prop Atom 1
Sub índice =
Prop Atom Sub-índice
Minerais oxigenados
As análises químicas destes minerais são expressas pelos teores dos óxidos de seus
elementos. Se o oxigênio é o único ânion presente, a fórmula mínima destes minerais pode ser
calculada pelo mesmo método dos minerais não oxigenados, só que em vez de elementos
químicos são utilizados óxidos e, consequentemente, em vez de pesos atômicos, proporções
atômicas e relações atômicas, são utilizados pesos moleculares ( ), proporções moleculares
( ) e relações moleculares ( ). Neste caso, as relações moleculares representam
as relações quantitativas dos óxidos componentes dos minerais (fórmula de óxidos) das quais é
deduzida as fórmulas mínimas dos minerais.
Exemplo 3: Mineral oxigenado hidratado (com moléculas de água), sem substituição iônica
% Peso Rec/100 P.M. Prop.Mol. Rel.Mol.
Na2O 20,81 20,83 61,9789 20,83 ÷ 61,9789 = 0,3361 0,3361 ÷ 0,3361 = 1
CaO 19,37 19,39 56,0794 19,39 ÷ 56,0794 = 0,3457 0,3457 ÷ 0,3361 = 1,03 1
CO2 29,39 29,41 44,0098 29,41 ÷ 44,0098 = 0,6683 0,6683 ÷ 0,3361 = 1,99 2
H2 O 30,34 30,37 18,0152 30,37 ÷ 18,0152 = 1,6858 1,6858 ÷ 0,3361 = 5,02 5
Total 99,91 100,00 Na2O CaO 2CO2 5H2O Fórmula de óxidos com 11 (O) e 10 (H)
Na2Ca(CO3)2 cátions + radical carbonato com 6 (O), faltando, portanto, 5 (O) e 10 (H)
É satisfeito com 5H2O Gaylussita
Exemplo 7: Mineral oxigenado hidratado (com H2O) com substituição iônica simples.
% Peso Rec/100 P.M. Prop.Mol. Rel.Mol.
K2 O 30,89 30,87 94,1960 0,3277 1,0
MgO 9,39 9,38 40,3044 0,2327 0,70
0,3327 1,01 1,0
FeO 7,17 7,17 71,8464 0,100 0,30
CO2 28,86 28,84 44,0098 0,6553 2,0
H2 O 23,75 23,74 18,0152 1,3178 4,02 4,0
2
Total 100,06 100,00 K2O (Mg,Fe )O 2CO2 4H2O, com 10 (O) e 8 (H)
K2(Mg,Fe 2)(CO3)2 cátions + radical carbonato com 6 (O), faltando 4 (O) e 8 (H)
É satisfeito com 4H2O Baylissita
35
4.4.3- MÉTODO DO NÚMERO DE ÍONS
Pode ser aplicado para qualquer mineral oxigenado, sendo, porém, a única alternativa para
os minerais oxigenados com substituição iônica acoplada e aqueles com outro(s) ânion(s) além do
oxigênio. Procedimento de cálculo
1) Recalcular os teores ) para 100% ( ), se o seu total divergir muito de 100 %.
2) Cálculo dos pesos moleculares dos óxidos ( ) a partir dos pesos atômicos dos elementos.
3) Cálculo das proporções moleculares ( ) dos óxidos componentes divide-se os teores
dos óxidos recalculados para 100 % (Rec/100) pelos seus pesos moleculares.
4) Cálculo das proporções de oxigênio ( ) multiplica-se as Prop Mol pelo número de
oxigênios em cada óxido. Calcula-se o total das proporções de oxigênio ( ) pela
somatória das mesmas.
5) Cálculo do número de oxigênios ( ) recálculo das proporções de oxigênios (Prop O) para
que o seu total se iguale ao número de oxigênios do mineral ( ), previamente conhecido.
Prop O(t) No O min
No O = Prop O ×
Prop O No O
6) Cálculo do número de cátions do mineral ( )
No O No O óxido
= No O ×
No Cat No Cat óxido
Clorita No Omin = 18
36
Mineral com outro(s) ânion(s) além do oxigênio em sua composição:
As análises químicas destes minerais são expressas pelos teores dos óxidos dos cátions
componentes e pelos teores atômicos dos outros ânions presentes. A fórmula mínima destes
minerais é calculada pelo método do número de íons, introduzindo três modificações seguintes
Não se recalculam os teores dos componentes para 100 %, pois o total destas análises sempre
ultrapassa 100, em consequência do excesso de oxigênio introduzido na composição dos
minerais, quando se admite que todos os cátions são equilibrados somente pelo oxigênio;
Na coluna das proporções moleculares ( ), além dos óxidos, são incluídos também as
proporções atômicas dos outros ânions (dividindo-se os seus teores pelos seus pesos atômicos);
Na coluna das proporções de ânions ( ), além das proporções de oxigênio, são incluídos
também as proporções dos outros ânions que são iguais às suas proporções atômicas. Do total
das proporções de ânions ( ) é subtraído o equivalente em oxigênio dos átomos dos
outros ânions ( ), eliminando-se o excesso de oxigênio e obtendo-se um total mais
verdadeiro das proporções aniônicas ( = Prop AT O ≡ A). O ≡ A é calculado pela
seguinte proporção 1(O) n(A)
O≡A = , sendo =
O≡A Prop A
Coluna número de ânions ( ) recálculo das proporções de ânions (Prop A), utilizando o
total verdadeira das proporções aniônicas (Prop ATV), de acordo com a proporção abaixo
Prop ATV No Amin
= Prop A ×
Prop A No A
Como Prop ATV < Prop.AT No A > número de ânions do mineral analisado ( )
No P 5
(P2O5) no exemplo 9 No P 5
= No A × 2 ÷ 5 = 7,51 × 0,4 No P 5
= 3,004 (3,0)
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4.4.4- CÁLCULO DA ANÁLISE TEÓRICA A PARTIR DA FÓRMULA MÍNIMA DOS
MINERAIS
Problema inverso: a partir da fórmula mínima conhecida de um mineral pode-se calcular a
análise teórica que deu origem àquela fórmula. Procedimento de cálculo
1) Cálculo das proporções atômicas (Prop Atom ) ou moleculares (Prop Mol ) de cada elemento
(ou óxido) componente do mineral multiplica-se o peso atômico (P A ) ou peso molecular
(P Mol ) de cada elemento (ou óxido) pelo índice e sub-índice do cátion correspondente no
mineral e divide-se o resultado pelo índice do cátion no óxido.
2) Cálculo do peso molecular do mineral (P Mol ) somatória dos pesos atômicos dos elementos
componentes da fórmula mínima do mineral multiplicados pelos seus respectivos índices e sub-
índices. Para os minerais não oxigenados e aqueles em que o oxigênio é o único ânion presente,
o P Mol será igual à somatória das proporções atômicas (minerais não oxigenados) ou
proporções moleculares (minerais oxigenados).
3) Cálculo dos teores dos elementos ou óxidos componentes do mineral multiplica-se as Prop
Atom (ou Prop Mol ) por 100 e divide-se o resultado pelo peso molecular do mineral (P Mol ).
P Mol 100
% Peso = × 100
Prop Atom % Peso
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EXERCÍCIOS
1- Calcular o número de coordenação total do oxigênio (NCO) no mineral crocoita PbCrO4 , a partir
de seus números de coordenações parciais (NCO / Cr e NCO / Pb), sabendo-se que os números de
coordenação do chumbo (NCPb) e do cromo (NCCr) são, respectivamente, 8 e 4. Com base na
valência eletrostática do cromo (Ve Cr) demonstre se este mineral é um óxido de Pb e Cr ou um
cromato de Pb, sabendo-se que a valência do cromo é +6.
4- Determine a fórmula geral para um óxido hipotético A 2B 23O4 nas 4 situações seguintes
substituição do cátion bivalente por um trivalente C 3 acoplado com 1a) omissão de B 2 e 1b)
omissão de A ; substituição do cátion bivalente por um tetravalente C 4 acoplado com 2a)
omissão de B 2 e 2b) omissão do cátion A .
2 3
5- Sabendo-se que a densidade na série contínua hipotética (A,B) C 2O4 varia linearmente de 5,9
2 3 2 3
no termo extremo A C 2O4 à 7,5 no termo extremo B C 2O4, conforme o gráfico abaixo de
variação da densidade (d) com a composição química dos minerais desta série, calcule
graficamente e matematicamente (através da equação da reta) a densidade do mineral A75B25 e
determine a fórmula mínima do mineral desta série cuja densidade é 7,1. Explique a variação da
densidade nos minerais desta série, considerando a variação composicional dos minerais da série
e os valores relativos dos pesos atômicos dos elementos A e B.
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6- Sabendo-se que a densidade dos minerais calcopirita CuFeS2 (tetragonal) e córindon Al2O3
(hexagonal-R) são respectivamente 4,2 e 4,0, qual dos dois minerais deve possuir maior Ie?
a = 5,28 A RCu = 0,57 A a = 4,76 A
Calcopirita Córindon
c = 10,41 A RFe = 0,63 A c = 12,99 A RAl = 0,54 A
(tetragonal) (hexagonal-R)
Z=4 RS = 1,84 A Z=6 RO = 1,38 A
7- Obter a fórmula mínima do mineral abaixo, da classe dos sulfatos, a partir de sua análise química,
sabendo-se que o Mg e Fe 2 (na chave) então se substituindo ionicamente. Pesquise a fórmula
mínima obtida para determinar o nome do mineral.
%Peso
K2 O 15,38 94,196
CaO 18,14 56,0794
MgO 5,29 40,3044
FeO 2,36 71,8464
SO3 52,19 80,0582
H2 O 5,89 18,0152
Total
8- Obter a fórmula mínima do mineral abaixo, da classe dos carbonatos, a partir de sua análise
química, sabendo-se que o Mg e Mn 2 (na chave) então se substituindo ionicamente. Pesquise a
fórmula mínima obtida para determinar o nome do mineral.
%Peso
MgO 18,03 40,3044
MnO 13,60 70,9374
ZnO 39,36 81,3794
CO2 14,02 44,0098
H2 O 14,43 18,0152
Total
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9- Obter a fórmula mínima de uma clorita abaixo, a partir de sua análise química, com base em 18
oxigênios. Explique as substituições iônicas nesse mineral, simples ou acoplada e entre quais
íons. Fórmula geral da clorita (Mg,Fe 2)6 x(Al,Fe 3)x(Si4 xAlx)O10(OH)8
% Peso N° O
SiO2 25,14
Al2O3 16,48
Fe2O3 4,56
FeO 31,13
MgO 11,64
H2O 10,98
Total O = 18
Obs. Consulte sobre os pesos atômicos em fontes adequadas ou na internet, ou sobre os pesos
moleculares na apostila.
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