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Neste trabalho serão produzidas ferritas de Manganês (MnFe2O4), através de
nitratos, tendo como combustível a glicina. A evaporação da água é realizada em uma
placa quente à temperatura de 100°C.
Durante a combustão há a emissão de gases (N2, O2, H2O e CO2) na atmosfera,
cuja quantidade é proporcional à quantidade de combustível utilizada (HAJARPOUR;
GHEISARI; HONARBAKHSHRAOUF, 2013). A EQ. 2.1 mostra a reação química da
ferrita mista manganês zinco.
(2.1)
Onde X representa à quantidade em Mol do nitrato escolhido e Y a quantidade
em Mol de glicina. Esse tipo de reação é uma reação geral para produção de ferrita
mista. A quantidade Y de combustível é obtida através da razão molar Glicina Nitrato
(G/N), em que consiste em calcular a razão entre o número de Moles de glicina
presentes na reação, com o somatório do número de moles de nitratos presentes na
reação.
Para obter-se a ferrita de manganês, utiliza-se o valor 1 para X na EQ. 2.1.
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de um octaedro constituído pelo oxigênio nos vértices (FIG 2.1b). A FIG 2.1c ilustra a
coexistência dos sítios tetraédricos e octaédricos em uma única célula unitária cúbica de
face centrada, sendo as esferas vermelhas, os ânions, as esferas verdes o cátion em
posição tetraédrica e as esferas azuis o cátion em posição octaédrica.
FIG 2.1. (a) Sítio tetraédrico, (b) sítio octaédrico, (c) célula unitária e estrutura dos sítios
(VENKATESAN e BLAMIRE, 2013).
(2.2)
(2.3)
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(2.4)
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magnetização resultante é a diferença entre as magnetizações do sítio A e do sítio B,
devido ao fato de que a interação, entre os cátions localizados nos sítios A e B, ser bem
mais forte do que as interações entre os cátions localizados somente nos sítios A ou B.
Como a ferrita apresenta mais cátions no sítio B do que no sítio A, não há um
antiparalelismo completo, restando no sítio B cátions com spins paralelos entre si,
oferecendo assim a característica ferrimagnética a este material.
2.2.1 FERRIMAGNETISMO
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FIG 2.3 Momentos magnéticos de spin dos íons e em .
É possível perceber nas FIGs 2.3 e 2.4, que metade dos íons estão situados
em sítios octaédricos e a outra metade nos sitios tetraédricos. Todos os íons estão
alinhados entre si, mas em direção oposta aos íons nas posições tetraédricas.
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de uma energia, conhecida como energia magnetocristalina de anisotropia, que em
cristais cúbicos é definida pela EQ 2.5, onde K 0, K1 e K2 são constantes que dependem
do material e α1 = senφcosθ, α2 = senφsenθ e α3 = cosθ, onde θ é o ângulo do campo
magnético externo aplicado e a direção de fácil magnetização.
(2.4)
[u v w] α1 α2 α3
[100] 1 0 0
[110] 0
[111]
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TAB. 2.2 Direções de fácil, média e difícil magnetização.
K1 + + +
K2
(2.5)
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aberta e saturada, apolar e quimicamente estável. Esta possui propriedades
termoplásticas, densidade entre 0,78g/cm³ e 0,90g/cm³ e ponto de fusão entre 50°C e
57°C (dependendo do teor de óleo em sua composição, que pode ir de 1%p a 80%p),
tornando-se inflamável a partir de 199°C. É solúvel em dietil-éter, éter, benzeno e em
alguns ésteres, e não reage com ácidos, bases, metais ou agentes oxidantes. Daí a
origem do termo parafinas, do Latim para+affinis, que significa “pouca afinidade”. A
parafina pode ser representada pela fórmula molecular CnH2n+2, onde n > 20 (TURNER,
BROW e HARRISON, 1955; FREUND et al., 1982; MIGUEL, 2013).
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FIG 2.5 Representação genérica de um compósito reforçado com fibras
(2.7)
(2.8)
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sendo, Nj o número de ocupação a partir do j-ésimo átomo no sítio, f j o fator de
espalhamento do j-ésimo átomo, xj, yj, zj os parâmetros de posição e Mj a função de
deslocamento térmico paralelo ao vetor de difração, que pode ser expressa por:
(2.9)
(2.10)
(2.11)
onde U, V, e W são os parâmetros de largura a meia altura. Esta fórmula simples leva
em conta o alargamento de pico resultante, o efeito de tamanho de cristalito e relaciona
adequadamente a variação observada experimentalmente de largura a meia altura com o
ângulo o de espalhamento (RIETVELD, 1969, CARDOSO, 2011, CARVALHO, 2012).
A qualidade do ajuste é aferida por parâmetros estatísticos coletados durante os
cálculos descritos. Assim, é possível determinar se o refinamento realizado é
satisfatório. Essa avaliação é feita através dos indicadores (funções residuais) R-perfil
ponderado (Rwp), R-esperado (Rexp), R-Bragg (RB) e goodness of fit (GOF)
(CARDOSO,2011, CARVALHO, 2012). A seguir estão descritos estes perfis, o que
eles significam e são explicitadas suas funções matemáticas.
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2.6.1 R- PERFIL PONDERADO (Rwp)
Este perfil (EQ. 2.12) contém a função resíduo, que é minimizada pelo método
de Rietveld, e demonstra o progresso do refinamento.
(2.12)
(2.13)
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Demonstra a qualidade do método em função dos parâmetros das células
unitárias de acordo com:
(2.14)
GOF é o fator que define a qualidade do ajuste por um todo. O ajuste é aceitável
quando o GOF se encontra entre 1,0 e 1,7, (sendo de melhor qualidade tendendo a 1,0).
Se o valor obtido for superior a 1,7, existe a suspeita de que foram utilizados parâmetros
inadequados para o ajuste. Se o valor for inferior a 1,0, os dados são de baixa qualidade.
O GOF é calculado como sendo
(2.15)
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O FPPF permite ao HighScore utilizar diversas funções (gaussiana, lorenziana,
voigt, pseudo voigt e pearson VII), em múltiplas convoluções, oferecendo maior
precisão no refinamento de Rietveld, a esse método dá-se o nome de convolução direta,
dada pela equação 2.15
(2.15)
(2.16)
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FIG 2.6 (a) pico de difração de uma amostra sem esforço, (b) pico da mesma amostra
experimentando um esforço compressivo uniforme e (c) pico da mesma amostra
experimentando um esforço “distensivo” (esforço de tração) uniforme.
(Fonte: www.angelfire.com/crazy3/qfl2308/1_multipart_xF8FF_2_DIFRACAO.pdf)
2.9MEDIDAS MAGNÉTICAS
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permitidas de transição de spin, e quando essa largura corresponde à de uma absorção
de energia pela microondas, há a absorção, gerando assim o sinal detectado pelo
equipamento.
(2.17)
(2.18)
Para que a amostra absorva energia ao ser submetida a um campo magnético, este
deve satisfazer a condição de ressonância, dada pela equação 2.18,
(2.19)
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onde, Hef é o campo magnético no interior da amostra e ω a frequência de microondas.
Sendo o campo magnético efetivo Hef a soma dos campos magnéticos: aplicado H0,
de anisotropia magnetocristalina Ha e da anisotropia de forma Hf, pode-se escrever a
equação 2.19 como:
(2.20)
FIG. 2.8 (a) Espectro de absorção, (b) primeira derivada do espectro de absorção.
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2.9.2 CURVA DE HISTERESE
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FIG 2.10 Curva de Histerese de um material ferromagnético ou ferrimagnético.
Inicialmente, com o material desmagnetizado (H e B iguais à zero), ao se aplicar
o campo H, os spins tendem a se alinhar ao campo magnético externo aplicado,
aumentando assim o número de spins existentes alinhados na direção do campo, o que
aumenta de forma não linear a densidade de fluxo magnético B do material, como
apresentado na curva 1. Quanto maior é o campo H aplicado, maior é o número de spins
alinhado em sua direção. Quando todos os spins encontram-se alinhados na mesma
direção e sentido, dizemos que o material alcançou saturação (S), atingindo a densidade
de fluxo de saturação (Bs), neste momento temos presente na amostra um monodomínio
magnético. Ao se inverter agora o campo magnético externo H, para desmagnetizar o
material (curva 2), nota-se que a curva não retorna pelo traçado original, produzindo um
efeito de histerese, havendo uma defasagem entre B e H, assim, quando H chega a zero,
o material ainda apresenta uma densidade de fluxo magnético remanescente (B r)
diferente de zero. O que faz o material apresentar uma magnetização permanente na
ausência de um campo magnético externo aplicado. Para reduzir a densidade de fluxo
magnético a zero é necessário aumentar a magnitude do campo aplicado em valores
negativos, quando isso acontece, dizemos que o campo magnético externo aplicado para
desmagnetizar o material se chama campo coercitivo (-Hc). Se continuarmos
aumentando a magnitude do campo magnético em valores negativos, atingiremos outra
vez a saturação magnética, só que agora no ponto S’, que é um ponto simétrico a S. Os
pontos, –Br e Hc são pontos simétricos à Br e –Hc, respectivamente, e correspondem à
densidade de fluxo remanente e ao campo coercitivo após atingir a saturação (S’). Se o
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campo magnético externo for novamente aumentado (curva 3), fecha-se o ciclo de
histerese.
A área da curva de histerese determina se um material é definido como
magneticamente mole ou magneticamente duro. Quanto maior for, a área da curva,
maior é o Br, assim ele é considerado magneticamente duro. Quanto menor a área e
menor o Br, ele é considerado magneticamente mole. Essa área no interior da curva
representa a perda de energia magnética por unidade de volume, e se manifesta em
forma de calor.
A curva de histerese é obtida pelo magnetômetro de amostra vibrante (MAV), ou
em inglês como é mais conhecido vibrating sample magnetometer (VSM). O VSM,
aplica um campo magnético externo através de eletroímãs (geralmente medido em
Oersted) e obtém como resposta (eixo das ordenadas da curva de histerese) a
magnetização do material (M) em emu1, onde ao se atingir a saturação do material,
dizemos que o valor encontrado na abscissa é chamado de magnetização de saturação
(Ms).
A densidade de fluxo magnético (B), e o campo magnético externo (H) se
relacionam com a magnetização (M) da seguinte forma:
(2.21)
onde, μ0 é a constante de permeabilidade no vácuo.
1
1 emu = 105 erg/Oe ou 10-8 Am²
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temperatura ambiente (neste trabalho 400 K). O ponto de máximo da curva obtida (FIG
2.11) é chamado de temperatura de bloqueio (TB). Temperatura a qual define que abaixo
dela, o material possui comportamento ferro ou ferrimagnético, e acima dela, possui
comportamento paramagnético.
Para obter a curva de FC, primeiro se aplica o campo de 100 Oe, espera-se um
determinado tempo, para que haja orientação dos spins na direção do campo aplicado, e
em seguida varia-se a temperatura. A magnetização tende a diminuir com o aumento da
temperatura, devido à vibração da rede cristalina (LI, et al., 2010, SUZUKI; SUZUKI,
2005)
FIG 2.11 Curvas ZFC e FC para uma amostra de CoFe2O4 (Li, et al., 2010).
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