Segundo grande parte dos historiadores, o Direito do Trabalho surgiu com a
Revolução Industrial do século XVIII, com a criação da máquina a vapor e a consequente busca por dignidade no ambiente de trabalho pelos operários, mesma época em que a mulher se inseriu no mercado de trabalho, haja vista o empobrecimento das famílias dos trabalhadores causado pelas indústrias e pelo capitalismo.
O período era marcado pela não intervenção estatal e havia extrema
desigualdade de tratamento entre homens e mulheres, sendo estas submetidas a condições sub-humanas de trabalho em ambientes insalubres, com jornadas de até dezesseis horas de trabalho e remuneradas com baixos salários em relação àqueles. As máquinas reduziram a necessidade de esforço físico e permitiram a utilização de meias forças de baixo custo para as indústrias, oferecidas por mulheres e menores em lugar do trabalho dos homens.
No final do século XIX, as mulheres representavam maioria da força de
trabalho utilizada nas indústrias, notadamente no setor têxtil. Mesmo assim, suas iniciativas nas lutas para melhores condições de trabalho, como aumento de salário e redução da jornada de trabalho, foram sem sucesso, face à discriminação e ao preconceito que sofriam.
Aos poucos, objetivando proteger a mulher no mercado de trabalho,
começaram a aparecer leis garantidoras dos seus direitos, tendo como marco o Decreto nº 21.417–A, de 1932, que regulamentava o trabalho da mulher nas indústrias e comércio, sendo assegurado um descanso de quatro semanas antes do parto e quatro depois, o qual poderia ser acrescido de até duas semanas, respectivamente, em casos excepcionais mediante apresentação de atestados médicos.
Neste período, lhe era garantido um auxílio equivalente à metade do seu
salário, conforme a média dos seis últimos meses trabalhados, os quais eram pagos pelo Instituto de Seguridade Social ou pelo empregador. Outra garantia era o retorno ao cargo anteriormente ocupado pela empregada.
Em caso de o trabalho ser prejudicial a mulher grávida, lhe era facultado
romper o contrato, notificando o empregador com antecedência, sob pena de perda do auxílio, devendo em caso de impugnação apresentar atestado médico. No período de amamentação, lhe era garantido dois intervalos de meia hora cada por dia de trabalho, nos primeiros seis meses de vida do filho, devendo haver local apropriado para tal fim nos estabelecimentos nos quais trabalhassem pelo menos 30 (trinta) mulheres com mais de 16 anos de idade.
Referido decreto também assegurava descanso remunerado de duas
semanas na hipótese de aborto não criminoso e proibia a dispensa de mulher grávida pelo seu simples estado gravídico e sem outro motivo que justificasse a dispensa arbitrária.
Com a Segunda Guerra Mundial, o mercado sofreu com a falta da mão-de-
obra masculina, eis que muitos homens que foram para os campos de batalha não retornaram e, os poucos que voltaram, em sua maioria, não possuíam condições de trabalhar. Com isso e com a industrialização, após a década de 40, aumentou ainda mais a figura da mulher nos postos de trabalho, em diferentes tipos de cargos.
Posteriormente, no governo de Juscelino Kubitschek e com a grande
expansão industrial ocorrida nas décadas de 50 e 60, houve um aumento de trabalho feminino nas indústrias têxtil, época em que as meninas maiores de 10 (dez) anos já eram tidas como mulheres trabalhadoras.
Como forma de protesto pelos seus direitos, surgem os movimentos
feministas, cujas organizações possuíam notória capacidade de articulação e mobilização no campo popular, das artes e da cultura até a ditadura militar. Apesar do seu enfraquecimento, na década de 60, os movimentos ressurgem com viés contestatório, colocando a mulher no espaço público e de volta ao mercado de trabalho definitivamente.
Na década de 70, as mulheres começaram a atuar no setor agrário como
autônomas e empregadas, sempre com remuneração inferior àquela percebida pelo homem.
Eis que é promulgada a Constituição Federal de 1988, instituindo a cidadania
e os direitos humanos para as mulheres brasileiras, a partir de quando começou a comemorar no Brasil, em 08 de março, o Dia Internacional da Mulher.
Areli Escobar Salazar - Las Fábricas de La Charla en Chile - Apuntes Preliminares Sobre La Materialidad y La Subjetividad Del Trabajo en Los Call Centers