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CAXIAS DO SUL
2020
BRUNO HART SCHNEIDER
CAXIAS DO SUL
2020
BRUNO HART SCHNEIDER
Aprovado em: / /
Banca Examinadora
___________________________
Prof. Me. Vinício Cecconello
Universidade de Caxias do Sul
___________________________
Prof. Me. Maurício Schäfer
Universidade de Caxias do Sul
___________________________
Prof. Dr. Matheus Poletto
Universidade de Caxias do Sul
RESUMO
SCHNEIDER, Bruno Hart. Analysis of the mortar coating with the addition of
hybrid fibers applied to treatment blocks under fire simulation. 2020. TCC
(Graduation) - Civil Engineering Course, University of Caxias do Sul. Caxias do Sul,
2020.
The fire resistance of structural blocks and mortar with hybrid fibers was verified
through the production of masonry prisms, coated with addition in the mortar of 1,2
kg/m³ of synthetic polypropylene fibers and 1,5 kg/m³ of fibers natural sisal, and
exposure for 390 minutes at temperatures up to 1000 ° C, in addition to assessing
the impacts of this incorporation. During the fire resistance test of the masonry prisms,
the tightness and thermal insulation were evaluated, and after the test, the crack
incidence and the compressive strength were evaluated. In the fresh state, the
addition of these fibers in the mortar promoted changes in their properties, which
resulted in reductions in workability and density and in an increase in the amount of
voids. In the hardened state, the incorporation of fibers caused reductions in
compressive strength and fire resistance and increased tensile strength in flexion and
water absorption. The use of this mortar in the coating of the prisms promoted
improvements in resistance to compression and resistance to fire and in thermal
insulation. The analysis of masonry without application of coating showed the
enormous importance of the protection provided by the mortar coating on structural
blocks, since they started to not meet fire resistance, in relation to mechanical
resistance and thermal insulation. The fire resistance test, under maximum
temperatures of 1000 °C, caused the melting of the synthetic polypropylene fibers
and the complete disintegration of the natural sisal fibers added in the mortar,
promoting increased porosity, responsible for reducing the risk of matrix
fragmentation cement, due to increased permeability and reduced pressure in the
pores.
µm Micrômetro
a/c Água/cimento
CaCO3 Carbonato de cálcio
CP Corpo de prova
cm Centímetro
cm² Centímetro quadrado
cm³ Centímetro cúbico
dm² Decímetro quadrado
g gramas
GPa Giga Pascal
Hz Hertz
kg Quilograma
kW Quilo Watt
log Logaritmo decimal
NaOH Hidróxido de sódio
m Metro
m² Metro quadrado
m³ Metro cúbico
MgO Óxido de magnésio
min. Minutos
mm Milímetro
MPa Mega Pascal
pH Potencial hidrogeniônico
R² Coeficiente de determinação
SO3 Óxido sulfúrico
t Tempo
T Temperatura
To Temperatura inicial
V Volts
°C Grau Celsius
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 12
3.1 LIMITAÇÕES..................................................................................................... 45
3.2.4 Substrato....................................................................................................... 52
3.2.5 Fibras............................................................................................................. 52
REFERÊNCIAS..................................................................................................... 116
1. INTRODUÇÃO
Rigão (2012) enfatiza que os blocos cerâmicos, por serem produzidos através
do cozimento de argila, não sofrem quaisquer modificações em sua microestrutura,
quando submetidos a temperaturas que não ultrapassem os 950 °C, devido ao
processo de fabricação prever que as queimas dos elementos cerâmicos sejam
realizadas no intervalo de 900 °C a 950 °C. Em contrapartida, as argamassas,
imprescindíveis para o assentamento e o revestimento destes blocos, sofrem
modificações em sua composição quando submetidas a estas temperaturas, o que
causa a propagação das reações químicas que reduzem sua resistência. Christ (2014)
salienta que o uso de fibras híbridas nas argamassas se torna fundamental para a
obtenção da totalidade do desempenho almejado pelos compósitos cimentícios, visto
que aprimora seu funcionamento.
Nesse contexto, tornou-se significativa a avaliação deste trabalho, em relação
ao comportamento dos elementos principais do sistema construtivo em alvenaria
estrutural, os blocos estruturais e as argamassas, quando submetidos à situação de
incêndio. A verificação deste comportamento abrangeu o impacto do incêndio na
estanqueidade e no isolamento térmico, preconizados pela NBR 5628 (ABNT, 2001),
na incidência de fissuração e na resistência à compressão do sistema. A análise do
desempenho da estrutura ocorreu diante de alterações na composição das
argamassas utilizadas no revestimento de blocos estruturais cerâmicos, através da
adição de fibras híbridas, provenientes da combinação de fibras de polipropileno e de
sisal.
1.1 JUSTIFICATIVA
1.2 OBJETIVOS
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Britez (2011) considera que tem difundindo-se uma maior compreensão pela
população de que todas as estruturas em concreto armado possuem uma vida útil,
sujeita à influência de patologias prematuras, originadas por atividades extraordinárias
sob diversas condições, como as ações térmicas atuantes na estrutura diante de uma
situação de incêndio. A disseminação deste conceito vincula-se à elaboração da
norma de desempenho para edificações habitacionais, a NBR 15575 (ABNT, 2013),
que fixa requisitos mínimos de desempenho a serem atendidos, incluindo parâmetros
de segurança contra incêndio. Diante disso, a resistência ao fogo dos elementos
construtivos tornou-se um parâmetro indispensável em projetos estruturais, visando a
utilização de materiais que reduzam os danos estruturais ocasionados pela
propagação de um incêndio nas edificações.
Britez (2011) ressalta que mesmo com toda prudência na seleção dos insumos
mais pertinentes no dimensionamento da estrutura, eventualmente perdura a
concepção das edificações estarem reféns apenas de seu espontâneo desgaste,
sendo suficiente a utilização de insumos mais duráveis e resistentes para sua
permanente conservação. Todavia, para elementos construtivos em situações de
incêndio, a apuração de preceitos de projeto no dimensionamento estrutural, como a
característica de durabilidade elevada e a alta resistência, não certificam uma vida útil
longínqua.
Novak e Kohoutkova (2018) salientam que a elevada temperatura atua
severamente na microestrutura do concreto, embora o mesmo seja reconhecido pela
sua resistência ao fogo, na qual a consequência observada é a degradação da
resistência mecânica disseminada deste elemento construtivo. O desempenho do
concreto, diante do calor proveniente de um incêndio, está estreitamente ligado à sua
17
máximas de 200, 400, 600, 700 e 800 °C. Os gráficos extraídos para cada uma das
temperaturas máximas dos ensaios, evidenciou que o crescimento progressivo da
temperatura nos elementos construtivos é mais rápido nas argamassas do que nos
blocos cerâmicos, visto que, no mesmo intervalo de tempo, medições nos termopares
fixados na argamassa detectaram temperaturas superiores aos termopares dos
blocos cerâmicos. Além disso, o comportamento visualizado consuma que as
amostras, diante da temperatura de 100 °C no forno, permanecem de 16 a 27 minutos
sob esta temperatura, devido à absorção de energia pelo elemento, inevitável para a
alteração de fase da água contida nos poros. A duração deste fenômeno refere-se ao
período exigido para a água presente na alvenaria estrutural ser definitivamente
transformada em vapor.
Ayala (2010) sinaliza que a alvenaria sob incêndio apresenta inúmeras
propostas de variações nos insumos utilizados nos elementos estruturais. Os
resultados do estudo da alvenaria estrutural diante do fogo são principalmente obtidos
pelos testes padrões de incêndio, que consistem em expor os elementos a condições
de forno aquecido por intervalos de tempo específicos, com valores adquiridos de
períodos de exposição entre 30 e 360 minutos. A competência na resistência da
alvenaria abrange sua resistência mecânica, integridade, isolamento e impacto
mecânico. A resistência à compressão foi reduzida gradativamente com o aumento da
temperatura, percebida pela observação de 3% de perda resistente aos 200 °C, de
9% aos 400 °C, de 19% aos 600 °C e perdas muito superiores aos 700 e 800 °C, com
redução de 60 e 83%, respectivamente. Os valores de módulo de elasticidade residual
após a exposição às elevadas temperaturas foram de 67% a 200 °C, com redução
para 60% aos 400 °C, declínio para 35% aos 600 °C e de apenas 11% e 2% para 700
e 800 °C de temperatura máxima.
Christ (2014) explica este desempenho das fibras híbridas, afirmando que as
microfibras agem na prevenção de microfissuras na estrutura, enquanto as
24
baixo custo, na qual tais propriedades tornam o sisal uma das fibras naturais mais
pesquisadas. Em relação às características físicas das fibras naturais, apresentam
baixa massa específica e alta absorção de água, devido a permeabilidade derivada
da alta porosidade. A vantagem de sua utilização é a obtenção de materiais
alternativos, visando aplicações ecologicamente sustentáveis. Entretanto, sua
desvantagem é a variabilidade elevada de suas propriedades, por serem produzidas
por seres vivos, sujeitos às modificações intrínsecas de sua própria natureza, em vez
de passarem pelos refinados processos industrializados que padronizam as fibras
sintéticas.
Quinino (2015) verifica alguns parâmetros utilizados na determinação das fibras
a serem adicionadas nos elementos estruturais, através do estudo de cinco diferentes
tipos de fibras utilizadas na construção civil, contemplando fibras de aço, de
polipropileno, de carbono, de aramida e de vidro, conforme a Tabela 2. As fibras
longas e finas, com diâmetros inferiores a 50 µm, são chamadas de microfibras e
tornam-se inibidoras da propagação de fissuras, visto que sua presença aumenta o
gasto energético para que ocorra cada uma das fissuras microscópicas da estrutura.
Teor de
Teor de fibras de Resistência à
Temperatura fibras de Resistência à
polipropileno compressão
máxima aço tração (%)
(kg/m³) (%)
(kg/m³)
200 °C 40 0 99 85
200 °C 40 3 98 97
400 °C 40 0 99 103
400 °C 40 3 88 88
600 °C 40 0 55 58
600 °C 40 3 45 41
Fonte: Adaptado de Novak e Kohoutkova (2018).
Resistência à Resistência à
Teor de
Tipo de amostra compressão (MPa) tração (MPa)
fibras (%)
300 °C 600 °C 900 °C 600 °C 900 °C
Argamassa sem
0 139,9 0 0 12,3 0
adição de fibras
Argamassa com
1,0 188,3 0 0 12,0 0
fibras de aço
0,1 127,7 127,7 30,2 7,7 3,5
Argamassas com
0,2 121,4 121,4 34,4 7,4 5
fibras de
0,3 119,9 119,9 33,2 8,5 4,3
polipropileno
0,4 123,9 123,9 37,0 8,4 4,1
Fonte: Adaptado de Aydın, Yazıcı e Baradan (2008).
ensaiados três diferentes traços com três teores de fibras de polipropileno distintos,
sendo o primeiro traço de argamassa de cimento 1:3, visando a análise comparativa
da presença de cal nos demais traços, o segundo traço de argamassa com adição de
cal no traço 1:0,5:4,5, comumente utilizada no assentamento da alvenaria estrutural
acima de quatro pavimentos e o terceiro traço também com adição de cal no traço
1:2:9, utilizadas normalmente como revestimento. Desse modo, a análise do
comportamento das argamassas, após a adição de fibras na sua composição, visa
expressar a realidade de uso nas construções, através da utilização de traços de uso
disseminado nas obras de engenharia civil. Para isso, os teores de fibras de
polipropileno incorporados nesses traços foi de 0,05, 0,15 e 0,30%.
Oliveira (2001) revela que a averiguação do comportamento nas argamassas
definiu que o aumento do teor de fibras atua aumentando a coesão da mistura, através
de uma ligação superior entre a pasta aglomerante e os agregados utilizados, e
reduzindo a trabalhabilidade, além de influenciarem positivamente as características
mecânicas de compressão e tração no momento da ruptura. Houve também uma
diminuição de consistência das argamassas com fibras para todos os traços
analisados, visto que as fibras de polipropileno utilizadas possuem um diâmetro
reduzido de apenas 20 µm, propiciando sua maior dispersão. As fibras não
apresentam impacto nas propriedades de absorção de água por imersão e por
capilaridade, índice de vazios e massas específicas. As características de resistência
à tração na flexão e a resistência à compressão demostraram um acréscimo em dois
traços e uma redução no traço com maior quantidade de cal, conforme a Tabela 12,
na qual as amostras sem teor de fibras tratam-se das amostras de referência para
cada traço ensaiado.
(conclusão)
0,15 16,97 7,57
0,30 16,40 8,28
0 7,61 5,10
Cimento:Cal:Areia 0,05 7,78 5,56
1,25
1:0,5:4,5 0,15 8,69 5,38
0,30 8,42 4,96
0 3,76 2,98
Cimento:Cal:Areia 0,05 3,12 2,51
2,13
1:2:9 0,15 3,25 2,65
0,30 3,17 2,29
Fonte: Adaptado de Oliveira (2001).
Ezziane et al. (2015) afirma que a exposição das argamassas, com e sem
incorporação de fibras, pelo período de uma hora, através de amostras com espessura
de 16 cm, ao forno elétrico previamente aquecido à temperatura de 1000 °C,
aumentou a temperatura das faces não expostas ao fogo para cerca de 140 °C, não
39
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 LIMITAÇÕES
1200
Elevação da temperatura (T - 𝑇0) °C
1100
1000
900
800
700
600
500
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360
Tempo (Minutos)
aquecimento do forno até sua temperatura máxima, 240 minutos de exposição sob a
temperatura máxima de 1000 °C, conforme a Figura 2, e por fim, 60 minutos após o
desligamento do forno, para que não houvesse a queima das resistências elétricas do
forno devido ao choque térmico causado pela diferença de temperatura entre o
ambiente e o interior do forno. Na sequência foi possível o manuseio dos elementos,
ainda bastante quentes, para a realização de um resfriamento repentino. Para isso,
com a intenção de simular ao máximo uma situação real de incêndio nas edificações,
o resfriamento das amostras foi realizado por meio de jateamento de água, análogo
ao ocorrido nos combates a incêndio pelas equipes de bombeiros, quando há um
choque térmico na estrutura.
revestidos por argamassa, que já preencheram mais de 90% da área em contato com
o forno elétrico, devido as dimensões de 39 x 29 cm (largura e altura) das amostras e
de 43 x 25 cm (largura e altura) do bocal do forno.
A avaliação do isolamento térmico e da estanqueidade de paredes estruturais,
prevista pela NBR 5628 (ABNT, 2001), considera a aplicação de esforços de mesma
natureza e da mesma ordem de grandeza dos produzidos, em temperaturas normais
e em situação de uso. Portanto, a pesquisa limitou-se à avaliação dos parâmetros da
NBR 5628 (ABNT, 2001) sem a aplicação de carregamento na estrutura, visto que não
houve a possibilidade de aplicar esforços nas amostras, que fossem compatíveis aos
carregamentos atuantes em um elemento de alvenaria estrutural.
3.2 MATERIAIS
Ensaio Metodologia
Determinação da composição
NBR NM 248 (ABNT, 2003)
granulométrica
Módulo de finura NBR NM 248 (ABNT, 2003)
Dimensão máxima característica NBR NM 248 (ABNT, 2003)
Massa específica NBR NM 52 (ABNT, 2009)
Massa unitária no estado solto NBR NM 45 (ABNT, 2006)
Fonte: O Autor (2020).
Característica Resultado
Diâmetro máximo (mm) 4,75
Módulo de finura 2,48
Massa unitária (g/cm³) 1,68
Massa específica (g/cm³) 2,61
Fonte: O Autor (2020).
3.2.2 Aglomerante
Característica Resultado
Resistência à compressão aos 3 dias
27,4
(MPa)
Resistência à compressão aos 7 dias
31,3
(MPa)
Resistência à compressão aos 28 dias
37,5
(MPa)
Massa específica (g/cm³) 3,00
Fonte: Adaptado do Fabricante (2020).
3.2.3 Água
3.2.4 Substrato
Característica Resultado
Resistência à compressão (MPa) 7
Resistência do prisma com argamassa
3,5
de 4 MPa (MPa)
Absorção de água (%) 8 a 22
Área líquida/bruta 0,41
Peso do bloco (kg) 6,30
Fonte: Adaptado do Fabricante (2020).
3.2.5 Fibras
Característica Resultado
Comprimento (mm) 6
Diâmetro (µm) 18
Alongamento (%) 80
Massa específica (g/cm³) 0,91
Temperatura de fusão (°C) 160
Temperatura de ignição (°C) 365
Resistência à tração (MPa) 300
Quantidade (fibras/kg) 720 000 000
Área superficial específica (m²/kg) 244
Fonte: Adaptado do Fabricante (2020).
3.3 ARGAMASSAS
3.3.1 Chapisco
Caracterização Metodologia
Índice de consistência NBR 13276 (ABNT, 2016)
Resistência à compressão NBR 13279 (ABNT, 2005)
Resistência à tração na flexão NBR 13279 (ABNT, 2005)
Fonte: O Autor (2020).
Característica Resultados
Resistência à compressão (MPa) 7,26
Resistência à tração na flexão (MPa) 2,27
Fonte: O Autor (2020).
56
Característica Metodologia
Índice de consistência NBR 13276 (ABNT, 2016)
Densidade de massa NBR 13278 (ABNT, 2005)
Teor de ar incorporado NBR 13278 (ABNT, 2005)
Fonte: O Autor (2020).
Característica Metodologia
Absorção de água por capilaridade NBR 15259 (ABNT, 2005)
Resistência à compressão NBR 13279 (ABNT, 2005)
Resistência à tração na flexão NBR 13279 (ABNT, 2005)
Resistência ao fogo NBR 5628 (ABNT, 2001)
Fonte: O Autor (2020).
58
3.4 EQUIPAMENTOS
3.4.1 Forno
3.4.2 Termopares
Índice de consistência 3 3
Densidade de massa/teor de ar 3
3
incorporado
Absorção de água por
3 3
capilaridade
Resistência à compressão 6 6
Resistência à tração na flexão 3 3
Resistência ao fogo 4 5
Fonte: O Autor (2020).
Prismas Prismas
Prismas sem
Ensaio realizado revestidos sem revestidos com
revestimento (un.)
fibras (un.) fibras (un.)
Resistência ao
2 2 2
fogo
Estanqueidade 2 2 2
Isolamento
2 2 2
térmico
Incidência de
1 2 1
fissuração
Resistência à
2 2 2
compressão
Fonte: O Autor (2020).
70
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
visto que possuem propriedades hidrofóbicas, pois reduz a absorção de água por
capilaridade à medida que se aumenta o teor de fibras de polipropileno dos
compósitos. Desse modo, as fibras de polipropileno podem não ter influenciado a
absorção de água por capilaridade, sendo essas propriedades afetadas com mais
intensidade pela adição de fibras naturais. Centofante e Dagostini (2014) comentam
que a incorporação de fibras de polipropileno acarreta na diminuição dos poros das
argamassas, tornando-se mais impermeável.
Por outro lado, Regattieri et al. (1996) constataram que as fibras de
polipropileno, em concretos com 7 dias, promovem o aumento da absorção por
capilaridade para todas as relações água/cimento variando entre 0,40 e 0,50 e, em
concretos com 28 dias, promovem o mesmo aumento de absorção de água por
capilaridade para as relações água/cimento iguais a 0,40 e 0,45. Regattieri et al.
(1996) relatam, ainda, que as fibras de polipropileno causam uma absorção de água
por capilaridade superior às argamassas analisadas com incorporação de fibras de
aço, entre os teores de relação água/cimento de 0,45 e 0,50.
Com isso, as argamassas com fibras tiveram a maximização da absorção por
capilaridade causada pelas características das fibras naturais de sisal utilizadas na
hibridização de fibras analisada, mas, possivelmente, também causaram impactos
nessas propriedades das argamassas a incorporação de fibras de polipropileno,
mesmo que em menor intensidade que as fibras naturais de sisal. Além disso,
sabendo-se que o coeficiente de capilaridade dado pelo fabricante dessa argamassa
varia entre 3,0 e 7,0 g/dm².min1/2, o coeficiente de capilaridade das argamassas de
referência encontra-se dentro do intervalo indicado nas propriedades do produto, com
o valor obtido de 6,037 g/dm².min1/2, enquanto os resultados médios obtidos para as
argamassas com incorporação de fibras de polipropileno e de sisal demonstraram um
coeficiente de capilaridade superior ao limite máximo do intervalo indicado pelo
fabricante, visto que foi obtido um coeficiente de capilaridade de 7,41 g/dm².min 1/2,
evidenciando que a adição de fibras modificou as propriedades características das
argamassas, devido à utilização de fibras naturais de sisal e de fibras sintéticas de
polipropileno.
Nesse contexto, Lima (2004) ressalta que, devido à alta absorção de água das
fibras de sisal, uma das grandes preocupações de sua aplicação nos compósitos está
relacionada à durabilidade. O autor exemplifica tal preocupação através de placas
78
fabricadas com matriz de cimento e reforçadas com fibras de sisal que apresentaram
perda de resistência e de rigidez com o tempo, devido à fragilização e perda de
ductilidade após seis meses de exposição em clima tropical. Conforme Lima (2004),
esses problemas de durabilidade estão associados à deterioração e enfraquecimento
das fibras de sisal, causados por uma combinação de diversos fenômenos, como o
ataque alcalino da fibra, mineralização da fibra devido à migração de produtos de
hidratação do cimento para seu interior e a variação volumétrica da fibra devido à alta
absorção de água, enfatizando que o aumento de durabilidade dos compósitos é
possível através da impermeabilização superficial da fibra. Desse modo, torna-se
evidente a importância de tratamentos impermeabilizantes para as fibras de sisal que
são incorporadas em matrizes cimentícias, a fim de diminuir a absorção capilar
observada neste trabalho.
revelaram que o impacto das temperaturas não causou seu colapso estrutural
repetidamente, visto que metade das amostras sem revestimento mantiveram-se
íntegras, conforme ilustra a Figura 34.
alvenaria com revestimento com fibras, devido às amostras sem fibras apresentarem
desplacamento do revestimento em todos ensaios de resistência ao fogo.
Diante disso, o resfriamento abrupto dos prismas com fibras previsto pelo
jateamento de água causou deterioração superficial do revestimento durante o choque
térmico, conforme apresentado na Figura 40. A deterioração superficial da argamassa
de revestimento, após o jateamento de água durante o resfriamento abrupto, foi
verificada somente na face exposta ao fogo do revestimento argamassado.
fibras causa uma maior ocorrência de poros permeáveis nos compósitos cimentícios,
propriedade que controla a propagação de fissuras. Além disso, os resultados
confirmam as constatações de Izquierdo (2011), quando o autor salienta também que
apesar de causarem maior perda de massa, devido ao índice de vazios superior, as
incorporações de fibras de sisal distribuem melhor as fissuras, de modo que a
quantidade de fissuração observada pode até aumentar, mas a abertura total das
fissurações é reduzida.
No entanto, visto que no ensaio de incidência de fissuração observou-se
apenas o comprimento total das fissuras surgidas na área superficial das amostras
ensaiadas às altas temperaturas, não se obteve constatações das aberturas das
fissuras manifestadas nas amostras, com os resultados restringindo-se, portanto, ao
comprimento total de fissuração levemente superior, em média, para os prismas de
alvenaria sem fibras, ilustrados pela Figura 45, em comparação aos prismas com
incorporação de fibras de polipropileno e de sisal, representados pela Figura 46. O
rompimento de prismas sem revestimento por colapso estrutural impossibilitou a
verificação das incidências de fissuração nas áreas superficiais rompidas, visto que,
devido à fragmentação dos prismas, as áreas superficiais de cada amostra foram
alteradas, porém a incidência de fissuração dos prismas de alvenaria sem
revestimento que permaneceram íntegros foi possível de ser verificada, conforme
apresentado pela Figura 47.
4.3.4 Estanqueidade
Figura 49 - Face não exposta ao calor nos prismas revestidos sem fibras
Figura 50 - Face não exposta ao calor nos prismas revestidos com fibras
fogo foi perdida logo aos 135 minutos, em média, de exposição ao calor do forno
elétrico, enquanto os colapsos estruturais foram verificados somente após o manuseio
das amostras, depois de transcorridos os 390 minutos de duração do ensaio de
resistência ao fogo.
(conclusão)
Entre Não
Incidência 12,4091 2 6,2046 6,0772 0,0881
grupos significativo
de
Dentro dos
fissuração 3,0629 3 1,021
grupos
(m/m²)
Total 15,472 5
Fonte: O Autor (2020). Onde: SQ = soma quadrada, gl = grau de liberdade, MQ = média quadrada.
112
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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polypropylene fibres for preventing the spalling of lightweight concrete subjected to
hydrocarbon fire. Cement And Concrete Composites, v. 26, n. 2, p. 163-174, fev.
2004.
119
CAO, Mingli; XU, Ling; ZHANG, Cong. Rheological and mechanical properties of
hybrid fiber reinforced cement mortar. Construction And Building Materials, v. 171,
p. 736-742, maio 2018.
DIAS, L.; PAIVA, A.; VIEIRA, J. Reforço de rebocos com fibras de sisal. Apfac, 3º
Congresso Nacional de Argamassas de Construção, Lisboa, p.1-11, nov. 2010.
LAWLER, J. S., WILHELM, T., ZAMPINI, D., SHAH, S. P, Fracture process of hybrid
fiber-reinforced mortar. Materials and Structures, v. 36, p. 197-208, abril 2003.
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WARD, R.J.; LI, V.C. Dependence of flexural behaviour of fibre reinforced mortar on
material fracture resistance and beam size. Construction And Building Materials, v.
5, n. 3, p.151-161, set. 1991.
APÊNDICES