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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

ÁREA DO CONHECIMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E ENGENHARIAS

BRUNO HART SCHNEIDER

ANÁLISE DO REVESTIMENTO DE ARGAMASSA COM ADIÇÃO DE FIBRAS


HÍBRIDAS DE POLIPROPILENO E DE SISAL APLICADO EM BLOCOS
ESTRUTURAIS SOB SIMULAÇÃO DE INCÊNDIO

CAXIAS DO SUL
2020
BRUNO HART SCHNEIDER

ANÁLISE DO REVESTIMENTO DE ARGAMASSA COM ADIÇÃO DE FIBRAS


HÍBRIDAS DE POLIPROPILENO E DE SISAL APLICADO EM BLOCOS
ESTRUTURAIS SOB SIMULAÇÃO DE INCÊNDIO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao curso de Engenharia Civil
da Universidade de Caxias do Sul, como
parte dos requisitos para obtenção do
título de Engenheiro Civil.

Orientador: Prof. Me. Vinício Cecconello

CAXIAS DO SUL
2020
BRUNO HART SCHNEIDER

ANÁLISE DO REVESTIMENTO DE ARGAMASSA COM ADIÇÃO DE FIBRAS


HÍBRIDAS DE POLIPROPILENO E DE SISAL APLICADO EM BLOCOS
ESTRUTURAIS SOB SIMULAÇÃO DE INCÊNDIO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao curso de Engenharia Civil
da Universidade de Caxias do Sul, como
parte dos requisitos para obtenção do
título de Engenheiro Civil.

Aprovado em: / /

Banca Examinadora

___________________________
Prof. Me. Vinício Cecconello
Universidade de Caxias do Sul

___________________________
Prof. Me. Maurício Schäfer
Universidade de Caxias do Sul

___________________________
Prof. Dr. Matheus Poletto
Universidade de Caxias do Sul
RESUMO

SCHNEIDER, Bruno Hart. Análise do revestimento de argamassa com adição de


fibras híbridas aplicado em blocos estruturais sob simulação de incêndio.
2020. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia Civil, Universidade de Caxias do Sul.
Caxias do Sul, 2020.

A resistência ao fogo de blocos estruturais e de argamassa com fibras híbridas foi


verificada através da produção de prismas de alvenaria, revestidos com adição na
argamassa de 1,2 kg/m³ de fibras sintéticas de polipropileno e de 1,5 kg/m³ de fibras
naturais de sisal, e da exposição por 390 minutos sob temperaturas de até 1000 °C,
além da avaliação dos impactos dessa incorporação. Durante o ensaio de resistência
ao fogo dos prismas de alvenaria foram avaliadas a estanqueidade e o isolamento
térmico, e após o ensaio foram avaliadas a incidência de fissuração e a resistência
à compressão. No estado fresco, a adição dessas fibras na argamassa promoveu
alterações em suas propriedades, que resultaram em reduções na trabalhabilidade
e na densidade e em aumento da quantidade de vazios. No estado endurecido, a
incorporação de fibras provocou reduções da resistência à compressão e da
resistência ao fogo e aumento na resistência à tração na flexão e na absorção de
água. A utilização dessa argamassa no revestimento dos prismas promoveu
melhorias na resistência à compressão e resistência ao fogo e no isolamento térmico.
A análise das alvenarias sem aplicação de revestimento demonstrou a enorme
importância da proteção promovida pelo revestimento argamassado em blocos
estruturais, visto que passaram a não atenderem à resistência ao fogo, em relação
à resistência mecânica e ao isolamento térmico. O ensaio de resistência ao fogo, sob
temperaturas máximas de 1000 °C, provocou o derretimento das fibras sintéticas de
polipropileno e a desintegração completa das fibras naturais de sisal adicionadas na
argamassa, promovendo aumento de porosidade, responsável pela diminuição do
risco de fragmentação da matriz cimentícia, devido ao aumento da permeabilidade e
à redução da pressão nos poros.

Palavras-chave: Resistência ao Fogo da Alvenaria. Revestimento de Argamassa


com Fibras Híbridas. Fibras de Polipropileno. Fibras de Sisal.
ABSTRACT

SCHNEIDER, Bruno Hart. Analysis of the mortar coating with the addition of
hybrid fibers applied to treatment blocks under fire simulation. 2020. TCC
(Graduation) - Civil Engineering Course, University of Caxias do Sul. Caxias do Sul,
2020.

The fire resistance of structural blocks and mortar with hybrid fibers was verified
through the production of masonry prisms, coated with addition in the mortar of 1,2
kg/m³ of synthetic polypropylene fibers and 1,5 kg/m³ of fibers natural sisal, and
exposure for 390 minutes at temperatures up to 1000 ° C, in addition to assessing
the impacts of this incorporation. During the fire resistance test of the masonry prisms,
the tightness and thermal insulation were evaluated, and after the test, the crack
incidence and the compressive strength were evaluated. In the fresh state, the
addition of these fibers in the mortar promoted changes in their properties, which
resulted in reductions in workability and density and in an increase in the amount of
voids. In the hardened state, the incorporation of fibers caused reductions in
compressive strength and fire resistance and increased tensile strength in flexion and
water absorption. The use of this mortar in the coating of the prisms promoted
improvements in resistance to compression and resistance to fire and in thermal
insulation. The analysis of masonry without application of coating showed the
enormous importance of the protection provided by the mortar coating on structural
blocks, since they started to not meet fire resistance, in relation to mechanical
resistance and thermal insulation. The fire resistance test, under maximum
temperatures of 1000 °C, caused the melting of the synthetic polypropylene fibers
and the complete disintegration of the natural sisal fibers added in the mortar,
promoting increased porosity, responsible for reducing the risk of matrix
fragmentation cement, due to increased permeability and reduced pressure in the
pores.

Keywords: Masonry Fire Resistance. Mortar Coating with Hybrid Fibers.


Polypropylene Fibers. Sisal Fibers.
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Propriedades resistentes e geométricas das fibras ................................ 24


Tabela 2 - Propriedades de influência na escolha das fibras .................................. 25
Tabela 3 - Resistência residual sob altas temperaturas do concreto com fibras ..... 27
Tabela 4 - Resistência do CPR com fibras híbridas ................................................ 29
Tabela 5 - Resistência do concreto com fibras híbridas .......................................... 30
Tabela 6 - Resistências da argamassa com fibras .................................................. 31
Tabela 7 - Resistência de argamassas com adição de fibras ................................. 32
Tabela 8 - Resistência de argamassas de alta resistência com adição de fibras.... 33
Tabela 9 - Resistência ao fogo das argamassas de alta resistência ....................... 34
Tabela 10 - Resistência das argamassas com adição de fibras de carbono ........... 34
Tabela 11 - Resistências da argamassa com adição de 0,5 a 2% de fibras ........... 35
Tabela 12 - Resistências de argamassas com diferentes traços e teores de fibras 36
Tabela 13 - Resistência à flexão das argamassas com fibras de polipropileno ...... 38
Tabela 14 – Metodologia de caracterização do agregado miúdo ............................ 49
Tabela 15 - Granulometria do agregado miúdo ....................................................... 49
Tabela 16 - Caracterização dos agregados miúdos ................................................ 50
Tabela 17 - Características químicas do CP II-Z utilizado ....................................... 51
Tabela 18 - Características físicas do CP II-Z utilizado ........................................... 51
Tabela 19 - Caracterização do cimento Portland CP II-Z Votorantim ...................... 51
Tabela 20 - Propriedades do bloco estrutural cerâmico Pauluzzi............................ 52
Tabela 21 - Propriedades das fibras de polipropileno FibroMac utilizadas ............. 53
Tabela 22 - Caracterização do chapisco ................................................................. 55
Tabela 23 - Índice de consistência do chapisco utilizado ........................................ 55
Tabela 24 - Resultados dos ensaios realizados no chapisco .................................. 55
Tabela 25 - Caracterização técnica da argamassa pronta industrializada .............. 56
Tabela 26 - Caracterização da argamassa pronta industrializada ........................... 57
Tabela 27 - Caracterização das argamassas no estado fresco............................... 57
Tabela 28 - Caracterização das argamassas no estado endurecido ....................... 57
Tabela 29 – Quantitativo total de ensaios nas argamassas .................................... 69
Tabela 30 – Quantitativo total de ensaios nos prismas de alvenaria ....................... 69
Tabela 31 - Resultados do ensaio de resistência à compressão ............................ 80
Tabela 32 - Resultados do ensaio de resistência à tração na flexão ...................... 80
Tabela 33 - Análise de variância (ANOVA) dos prismas de alvenaria ................... 110
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Transferência de calor na alvenaria ........................................................ 20


Figura 2 - Comportamento dos compósitos com fibras híbridas ............................. 23
Figura 3 - Resistência à compressão de teores de fibras de polipropileno ............. 40
Figura 4 - Processo experimental para comparação entre prismas de alvenaria .... 41
Figura 5 – Processo de produção das argamassas ................................................ 42
Figura 6 - Ensaios realizados nas argamassas ....................................................... 43
Figura 7 - Fibras de sisal em estufa imersas na solução de 5% de hidróxido de
sódio ........................................................................................................................ 44
Figura 8 - Processo de atividades para análise de resistência ao fogo ................... 45
Figura 9 - Curva padrão temperatura x tempo ........................................................ 46
Figura 10 - Curva temperatura x tempo do forno elétrico ........................................ 47
Figura 11 - Curva granulométrica do agregado miúdo ............................................ 50
Figura 12 - Fibras de sisal cortadas em tiras de 20 mm .......................................... 54
Figura 13 - Medição de temperaturas dos prismas por termopares ........................ 59
Figura 14 - Ensaio de resistência ao fogo com revestimento com e sem fibras ...... 63
Figura 15 - Ensaio de resistência ao fogo sem revestimento .................................. 63
Figura 16 - Momento do desligamento do forno elétrico ......................................... 64
Figura 17 - Ensaio de incidência de fissuração ....................................................... 66
Figura 18 - Ensaio de estanqueidade ...................................................................... 67
Figura 19 - Ensaio de isolamento térmico ............................................................... 68
Figura 20 - Índices de consistência ......................................................................... 71
Figura 21 - Densidades de massa........................................................................... 72
Figura 22 - Teores de ar incorporado ...................................................................... 73
Figura 23 - Absorções de água por capilaridade ..................................................... 75
Figura 24 - Coeficientes de capilaridade ................................................................. 75
Figura 25 - Resistências à compressão .................................................................. 79
Figura 26 - Resistências à tração na flexão ............................................................ 79
Figura 27 - Ruptura da argamassa com fibras ........................................................ 81
Figura 28 - Ruptura da argamassa de referência .................................................... 81
Figura 29 - Resistências à compressão antes e após a exposição ao fogo ............ 85
Figura 30 - Perdas de resistência à compressão .................................................... 86
Figura 31 - Prisma com fibras íntegro estruturalmente após ensaio ....................... 90
Figura 32 - Prisma sem fibras íntegro estruturalmente após ensaio ....................... 90
Figura 33 - Ruína de prisma sem revestimento após ensaio .................................. 91
Figura 34 - Prisma sem revestimento íntegro estruturalmente após ensaio ........... 92
Figura 35 - Choque térmico nos prismas sem revestimento ................................... 93
Figura 36 - Colapso total de blocos estruturais sem revestimento .......................... 93
Figura 37 - Desplacamento do revestimento com fibras ......................................... 95
Figura 38 - Fissuração em prisma sem fibras após desplacamento ....................... 95
Figura 39 - Prisma com fibras sem desplacamento do revestimento ...................... 96
Figura 40 - Deterioração superficial da argamassa de revestimento com fibras ..... 96
Figura 41 - Resistências à compressão .................................................................. 98
Figura 42 - Resistências à compressão antes e após a exposição ao fogo ............ 99
Figura 43 - Perdas de resistência à compressão .................................................. 100
Figura 44 - Incidências de fissuração .................................................................... 102
Figura 45 - Fissurações em prisma revestido sem fibras ...................................... 103
Figura 46 - Fissurações em prisma revestido com fibras ...................................... 104
Figura 47 - Fissurações em prisma sem revestimento .......................................... 104
Figura 48 - Face não exposta ao calor nos prismas sem revestimento ................ 105
Figura 49 - Face não exposta ao calor nos prismas revestidos sem fibras ........... 106
Figura 50 - Face não exposta ao calor nos prismas revestidos com fibras ........... 106
Figura 51 - Temperaturas médias de isolamento térmico ..................................... 108
Figura 52 - Temperaturas máximas de isolamento térmico .................................. 109
LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


CP II-Z Cimento Portland com Pozolana
CPR Concreto Pós Reativo
LBTEC Laboratório de Tecnologia Construtiva
NBR Norma Brasileira
NM Norma Mercosul
PVA Poliacetato de Vinila
SAMAE Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto
LISTA DE SÍMBOLOS

µm Micrômetro
a/c Água/cimento
CaCO3 Carbonato de cálcio
CP Corpo de prova
cm Centímetro
cm² Centímetro quadrado
cm³ Centímetro cúbico
dm² Decímetro quadrado
g gramas
GPa Giga Pascal
Hz Hertz
kg Quilograma
kW Quilo Watt
log Logaritmo decimal
NaOH Hidróxido de sódio
m Metro
m² Metro quadrado
m³ Metro cúbico
MgO Óxido de magnésio
min. Minutos
mm Milímetro
MPa Mega Pascal
pH Potencial hidrogeniônico
R² Coeficiente de determinação
SO3 Óxido sulfúrico
t Tempo
T Temperatura
To Temperatura inicial
V Volts
°C Grau Celsius
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 12

1.1 JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 13

1.2 OBJETIVOS ...................................................................................................... 14

1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................... 14

1.2.1 Objetivos específicos................................................................................... 14

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 16

2.1 AÇÃO DO FOGO NO CONCRETO .................................................................. 16

2.2 AÇÃO DO FOGO NA ALVENARIA E NA ARGAMASSA .................................. 18

2.3 ATUAÇÃO DAS FIBRAS NO CONCRETO ....................................................... 22

2.4 ATUAÇÃO DAS FIBRAS NA ARGAMASSA ..................................................... 31

3. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................. 41

3.1 LIMITAÇÕES..................................................................................................... 45

3.2 MATERIAIS ....................................................................................................... 48

3.2.1 Agregado miúdo ........................................................................................... 48

3.2.2 Aglomerante ................................................................................................. 50

3.2.3 Água .............................................................................................................. 52

3.2.4 Substrato....................................................................................................... 52

3.2.5 Fibras............................................................................................................. 52

3.3 ARGAMASSAS ................................................................................................. 54

3.3.1 Chapisco ....................................................................................................... 54

3.3.2 Argamassa pronta industrializada .............................................................. 56

3.4 EQUIPAMENTOS ............................................................................................. 58

3.4.1 Forno ............................................................................................................. 58

3.4.2 Termopares ................................................................................................... 58

3.5 MÉTODOS DE ENSAIO .................................................................................... 59

3.5.1 Argamassas no estado fresco .................................................................... 60


3.5.1.1 Ensaio de índice de consistência ............................................................ 60

3.5.1.2 Ensaio de densidade de massa e de teor de ar incorporado ................ 60

3.5.2 Argamassas no estado endurecido ............................................................ 60

3.5.2.1 Ensaio de absorção de água por capilaridade ....................................... 61

3.5.2.2 Ensaio de resistência à compressão e resistência à tração na flexão . 61

3.5.2.3 Ensaio de resistência ao fogo .................................................................. 61

3.5.3 Prismas de alvenaria .................................................................................... 61

3.5.3.1 Ensaio de resistência ao fogo .................................................................. 62

3.5.3.2 Ensaio de resistência à compressão ....................................................... 65

3.5.3.3 Ensaio de incidência de fissuração ......................................................... 65

3.5.3.4 Ensaio de estanqueidade ......................................................................... 66

3.5.3.5 Ensaio de isolamento térmico .................................................................. 67

3.6 QUANTITATIVO DE ENSAIOS ......................................................................... 68

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 70

4.1 ARGAMASSAS NO ESTADO FRESCO ........................................................... 70

4.1.1 Índice de consistência ................................................................................. 70

4.1.2 Densidade de massa e teor de ar incorporado .......................................... 72

4.2 ARGAMASSAS NO ESTADO ENDURECIDO .................................................. 74

4.2.1 Absorção de água por capilaridade ............................................................ 74

4.2.2 Resistência à compressão e resistência à tração na flexão ..................... 78

4.2.3 Resistência ao fogo...................................................................................... 83

4.3 PRISMAS DE ALVENARIA ............................................................................... 88

4.3.1 Resistência ao fogo...................................................................................... 89

4.3.2 Resistência à compressão .......................................................................... 97

4.3.3 Incidência de fissuração ............................................................................ 101

4.3.4 Estanqueidade ............................................................................................ 104

4.3.5 Isolamento térmico..................................................................................... 107


4.3.6 Análise de variância ................................................................................... 110

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 112

5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .............................................. 114

REFERÊNCIAS..................................................................................................... 116

APÊNDICES ......................................................................................................... 124

APÊNDICE A – RESULTADOS DOS ENSAIOS NO CHAPISCO........................ 124

APÊNDICE B – RESULTADOS DOS ENSAIOS NAS ARGAMASSAS .............. 125

APÊNDICE C – RESULTADOS DOS ENSAIOS NOS PRISMAS ........................ 127


12

1. INTRODUÇÃO

Novak e Kohoutkova (2018) afirmam que a resistência ao fogo dos elementos


construtivos na engenharia civil consiste na capacidade das estruturas expostas ao
incêndio permanecerem com sua funcionalidade de suportar o carregamento atuante.
As pesquisas relacionadas à resistência ao fogo, visando o conhecimento do
comportamento estrutural, contribuem para a compreensão dos impactos das altas
temperaturas nas estruturas. Há uma vasta quantidade de materiais no mercado da
construção civil a serem empregados nos processos construtivos das edificações, cujo
desempenho estrutural diante do fogo é relativizado pelo impacto causado pela
temperatura elevada.
De acordo com Leite (2018), a metodologia aplicada para dimensionar
estruturas para uma circunstância de incêndio, por via de regra, relaciona-se com as
investigações necessárias para avaliar a resistência mecânica, a estanqueidade e o
isolamento térmico dos componentes. Para verificar que os elementos estão
obedecendo a estes parâmetros, ocorre a observação da resistência mecânica, na
qual o compósito não pode atingir a ruptura; da estanqueidade, quando o elemento
não evidenciar trincas capazes de conceder o acesso de chamas ou de gases de um
lado a outro da estrutura; e do isolamento térmico, no qual a elevação da temperatura
na face não exposta da estrutura em contato com o calor do incêndio, não exceda em
média a 140 °C, ou em qualquer posição a 180 °C, em relação à temperatura inicial.
Souza (2017) verifica que no Brasil o lançamento de programas de aceleração
do crescimento pelo governo federal impulsionou o crescimento disseminado do uso
do sistema construtivo em alvenaria estrutural, destacando-se a aplicação
predominante em edificações habitacionais. Isso estimulou, no meio técnico, a difusão
do conhecimento acerca dos mecanismos construtivos deste modelo estrutural,
evidenciou a disponibilidade dos insumos fundamentais para estas construções e
comprovou o baixo custo de execução do sistema. Em paralelo com o avanço da
alvenaria estrutural, a NBR 15575 (ABNT, 2013) entra em vigor para definir exigências
e condições mínimas de atendimento pelas edificações, incluindo a segurança contra
incêndios. Diante disso, Leite (2018) considera que o Brasil carece de uma legislação
relativa à alvenaria estrutural em situação de incêndio.
13

Rigão (2012) enfatiza que os blocos cerâmicos, por serem produzidos através
do cozimento de argila, não sofrem quaisquer modificações em sua microestrutura,
quando submetidos a temperaturas que não ultrapassem os 950 °C, devido ao
processo de fabricação prever que as queimas dos elementos cerâmicos sejam
realizadas no intervalo de 900 °C a 950 °C. Em contrapartida, as argamassas,
imprescindíveis para o assentamento e o revestimento destes blocos, sofrem
modificações em sua composição quando submetidas a estas temperaturas, o que
causa a propagação das reações químicas que reduzem sua resistência. Christ (2014)
salienta que o uso de fibras híbridas nas argamassas se torna fundamental para a
obtenção da totalidade do desempenho almejado pelos compósitos cimentícios, visto
que aprimora seu funcionamento.
Nesse contexto, tornou-se significativa a avaliação deste trabalho, em relação
ao comportamento dos elementos principais do sistema construtivo em alvenaria
estrutural, os blocos estruturais e as argamassas, quando submetidos à situação de
incêndio. A verificação deste comportamento abrangeu o impacto do incêndio na
estanqueidade e no isolamento térmico, preconizados pela NBR 5628 (ABNT, 2001),
na incidência de fissuração e na resistência à compressão do sistema. A análise do
desempenho da estrutura ocorreu diante de alterações na composição das
argamassas utilizadas no revestimento de blocos estruturais cerâmicos, através da
adição de fibras híbridas, provenientes da combinação de fibras de polipropileno e de
sisal.

1.1 JUSTIFICATIVA

Um dos critérios mais significativos a ser contemplado na engenharia civil,


quanto às definições de projeto para as construções, é a resistência ao fogo dos
materiais utilizados. Diante dos iminentes riscos, derivados do calor proveniente de
incêndio nas edificações, o uso de insumos adequados para a execução de estruturas
visa poupar vidas e reduzir danos materiais, através da atuação na redução da
propagação do fogo pelos compartimentos do local sinistrado.
O procedimento executivo convencional da alvenaria estrutural ocorre através
da utilização de argamassa, tanto no assentamento dos blocos estruturais quanto em
seu revestimento. Os blocos cerâmicos são fabricados através da queima de argila,
14

sob elevadas temperaturas, na qual pressupôs-se que, diante de temperaturas


inferiores àquelas em que foram produzidos, poderiam apresentar elevada resistência
ao fogo. Nguyen et al. (2009) afirma que a fabricação dos blocos cerâmicos, por meio
da queima do material, é responsável pela geração de poros fortemente conectados,
que evitam pressões internas no material durante situações de incêndios, favorecendo
a estabilidade da estrutura. No entanto, Rigão (2012) reforça que as argamassas
sofrem alterações químicas, que minoram sua resistência, sob altas temperaturas.
Segundo Keles (2011), apesar de sua pesquisa confirmar a redução do módulo
de elasticidade após a adição de fibras vegetais, recomenda-se a utilização de fibras
nas argamassas dimensionadas para resistirem a situações de incêndio, pois
melhoram o seu desempenho, quanto à resistência diante das expressivas
deformações atuantes na alvenaria, submetida a elevadas temperaturas. Além disso,
conforme Silva (2006), a adição de fibras nas argamassas, em relação à sua
aplicabilidade nos blocos cerâmicos, certifica uma melhora considerável durante seu
manejo, utilização, sarrafeamento e arremates.
Christ (2014) ressalta que a utilização de fibras híbridas nas argamassas varia
através dos teores de fibras a serem inseridos na mistura, baseados nas
características requeridas, como trabalhabilidade e resistência. Além disso, verificou-
se que o uso de fibras híbridas, compostas por diferentes fibras, apresenta melhores
resultados em relação à utilização de uma única fibra, nos casos de utilização da
hibridização de fibras de aço e de fibras de polipropileno.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

O objetivo principal deste trabalho é a análise do comportamento de blocos


estruturais cerâmicos e de argamassas de revestimento com adição de fibras híbridas
de polipropileno e de sisal, quando estes são submetidos à simulação de incêndio.

1.2.1 Objetivos específicos

Os objetivos específicos deste trabalho são:


15

a) Avaliar a resistência residual mecânica à compressão dos blocos estruturais e


das argamassas, após serem submetidos às elevadas temperaturas;
b) Avaliar a estanqueidade dos blocos estruturais cerâmicos e das argamassas
às chamas e gases quentes;
c) Avaliar a resistência térmica da alvenaria estrutural, em contato com as
elevadas temperaturas, avaliando o atendimento ao isolamento térmico;
d) Analisar a influência da adição de fibras híbridas de polipropileno e de sisal na
argamassa, quanto à resistência à compressão e à resistência à tração na flexão e
em suas propriedades, como teor de ar incorporado, densidade de massa, índice de
consistência e absorção de água por capilaridade;
e) Avaliar o desempenho de resistência ao fogo da alvenaria estrutural com adição
de fibras híbridas na argamassa, após a simulação de incêndio na estrutura.
16

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo são abordados comportamentos de elementos construtivos


submetidos à ação do fogo em uma situação de incêndio. Além disso, são tratados os
impactos da adição de fibras nos concretos e nas argamassas utilizados na
construção civil.

2.1 AÇÃO DO FOGO NO CONCRETO

Britez (2011) considera que tem difundindo-se uma maior compreensão pela
população de que todas as estruturas em concreto armado possuem uma vida útil,
sujeita à influência de patologias prematuras, originadas por atividades extraordinárias
sob diversas condições, como as ações térmicas atuantes na estrutura diante de uma
situação de incêndio. A disseminação deste conceito vincula-se à elaboração da
norma de desempenho para edificações habitacionais, a NBR 15575 (ABNT, 2013),
que fixa requisitos mínimos de desempenho a serem atendidos, incluindo parâmetros
de segurança contra incêndio. Diante disso, a resistência ao fogo dos elementos
construtivos tornou-se um parâmetro indispensável em projetos estruturais, visando a
utilização de materiais que reduzam os danos estruturais ocasionados pela
propagação de um incêndio nas edificações.
Britez (2011) ressalta que mesmo com toda prudência na seleção dos insumos
mais pertinentes no dimensionamento da estrutura, eventualmente perdura a
concepção das edificações estarem reféns apenas de seu espontâneo desgaste,
sendo suficiente a utilização de insumos mais duráveis e resistentes para sua
permanente conservação. Todavia, para elementos construtivos em situações de
incêndio, a apuração de preceitos de projeto no dimensionamento estrutural, como a
característica de durabilidade elevada e a alta resistência, não certificam uma vida útil
longínqua.
Novak e Kohoutkova (2018) salientam que a elevada temperatura atua
severamente na microestrutura do concreto, embora o mesmo seja reconhecido pela
sua resistência ao fogo, na qual a consequência observada é a degradação da
resistência mecânica disseminada deste elemento construtivo. O desempenho do
concreto, diante do calor proveniente de um incêndio, está estreitamente ligado à sua
17

composição, e essencialmente relacionado com as características e com a qualidade


dos insumos utilizados na composição do elemento estrutural. A utilização de
agregados siliciosos, tais como o granito, em detrimento de agregados calcários,
como, por exemplo, a dolomita e o calcário, apresenta-se prejudicial às propriedades
mecânicas do concreto sob elevadas temperaturas. Comportamentos adversos no
concreto também são verificados na substituição do cimento por incorporações de
insumos como o metacaulim, a sílica ativa e as cinzas volantes, que se mostraram
com uma maior tendência de fragmentação explosiva. A principal causa desse
comportamento ocorre devido à fumaça formada na queima da sílica ativa e à finura
das cinzas volantes.
Britez (2011) afirma que o fato do concreto apresentar alterações em suas
características, diante de sua exposição ao fogo, está definitivamente convencionado
entre os conhecedores do tema. De modo geral, os estudos dessas modificações nas
propriedades do concreto indicam que situações de incêndio com temperaturas de
300 °C e 600 °C reduzem a resistência à compressão dos elementos em 25% e 75%,
respectivamente. A resistência ao fogo dos elementos sofre interferência direta das
geometrias e grandezas previstas no dimensionamento estrutural. Além disso, os
insumos utilizados como agregados graúdos, quanto suas características de
composição mineralógica e tamanho dos grãos, influenciam potencialmente na
resistência ao fogo, assim como suas quantidades dosadas no traço do concreto.
Esses agregados graúdos possuem considerável atuação no desempenho estrutural
dos elementos, em relação à fragmentação explosiva, caracterizada como um
perigoso fenômeno, por meio de estrondos e detonações, que ocorrem, normalmente,
entre os primeiros sete minutos e a primeira meia hora do início do incêndio.
Rigão (2012) observa que o desempenho do concreto submetido a altas
temperaturas, por se tratar de um elemento heterogêneo, é influenciado
principalmente pela resistência e porosidade da pasta e do tipo de agregado utilizados.
Os concretos que possuem resistências de uso habitual na engenharia civil possuem
porosidade satisfatória para possibilitar a dispersão da sua água interior e evitar a
ocorrência de fragmentações explosivas significativas. Os concretos de alto
desempenho possuem uma menor quantidade de poros, visto que são necessárias as
utilizações de insumos mais densos, para serem atingidas as resistências superiores
características deste material, o que leva ao aumento da possibilidade de
18

fragmentação, devido à dificuldade de a água contida no elemento ser dispersada


pelos poros existentes.

2.2 AÇÃO DO FOGO NA ALVENARIA E NA ARGAMASSA

Rigão (2012) afirma que a alvenaria é constituída de blocos cerâmicos ou de


concreto, com seu assentamento através de uma junta de argamassa, na qual o
elemento deve suportar e disseminar as forças atuantes de compressão e
cisalhamento, além de esforços de tração. Diante de elevadas temperaturas, as
características das alvenarias relacionam-se à resistência do elemento diante do fluxo
de calor, influenciado pela densidade do material, que altera sua condutividade
térmica. A alvenaria de blocos cerâmicos caracteriza-se pela presença de um insumo
com espaços vazios, que inibem parte da transferência do calor pelos poros. Isso
ocorre devido a condutividade térmica de um material ser intensificada, na medida em
que a densidade aumenta, e os vazios diminuem. A transmissão deste aquecimento
em elementos sólidos não é instantânea, na qual ocorre o processo de inércia térmica,
pela capacidade dos materiais de armazenamento e dissipação do calor, causando
um retardo no crescimento da temperatura, a partir do início do incêndio. Além disso,
a importância da aplicação de revestimento na alvenaria é enfatizada diante da
melhora na resistência ao fogo do conjunto.
Rigão (2012) constata que a resistência à compressão de prismas de alvenaria
de blocos cerâmicos, submetidos a temperaturas máximas de 400 °C e de 900 °C,
apresentou em média resistência residual de 73% da resistência inicial para os
elementos do conjunto expostos a 400 °C e em média de 48,7% para a exposição a
900 °C. Para as mesmas temperaturas, as amostras preparadas exclusivamente com
a argamassa utilizada apresentaram perdas de resistência de 56,6% para 400 °C e
perderam totalmente sua resistência sob temperaturas de 900 °C. Este menor
desempenho das argamassas, principalmente em relação a deterioração total das
amostras de argamassas à 900 °C, confirma que nos prismas de alvenaria ocorre uma
menor exposição da argamassa de assentamento nas juntas dos blocos cerâmicos,
justificando a existência de resistências residuais dos prismas às mesmas
temperaturas. Desse modo, justifica-se o resultado para paredes de alvenaria
estrutural ter apresentado resistência 3% superior à média das resistências residuais
19

dos prismas, devido ao nível de confinamento superior nas paredes e a existência de


juntas de dilatação, o que causou também a degradação da argamassa das paredes
em apenas uma das faces, enquanto nos prismas a deterioração ocorreu em ambas
as faces dos elementos.
Rosemann (2011) salienta que a resistência ao fogo das paredes de alvenaria,
além de ser requerida para a atuação na retenção do avanço dos incêndios, possui
ainda maior relevância neste sistema construtivo, devido as paredes serem as
incumbidas da tarefa de distribuição dos esforços atuantes, da estrutura até as
fundações. Neste contexto, o uso de materiais cerâmicos revela-se satisfatório pelas
propriedades importantes na resistência, conservação, comportamento acústico e
térmico, e principalmente pelo seu bom comportamento diante do fogo, visto que
nestas condições trata-se de um insumo incombustível, que não propaga chamas,
nem produz fumaça ou gases nocivos. Dessa forma, diante da exposição ao fogo dos
elementos em alvenaria estrutural, os mesmos devem prosseguir com o seu
desempenho nas funções estruturais na edificação. Todavia, de modo geral, as
perdas de resistência ao fogo desses elementos ocorrem, primordialmente, através
do critério de isolamento térmico, na qual as altas temperaturas transpassam a
alvenaria, excedem as temperaturas requeridas pelas exigências da normatização e
possibilitam o alastramento do fogo, anteriormente às perdas da estabilidade
estrutural e da estanqueidade às chamas e gases quentes.
Rosemann (2011) enfatiza que o comportamento de paredes em alvenaria
estrutural, diante da transferência de calor ocorrida entre o lado exposto e o lado
oposto ao incêndio, sujeita-se a fenômenos muito complexos, causados pelo
aquecimento dos materiais partícipes dos elementos, que promove reações químicas
nos componentes, alterando a constituição das argamassas aplicadas. A transferência
de calor pelos elementos é afetada pela evaporação da umidade existentes nos
componentes, na qual ocorre sua migração através dos poros do material. Esse fluxo
de calor no interior dos blocos ocorre por condução, convecção ou radiação, sendo a
transferência de calor por condução nas partes maciças e nos vazios por radiação e
convecção. Para as argamassas de revestimento aplicadas na alvenaria estrutural, a
transmissão térmica ocorre por condução. Por esse motivo, materiais porosos sofrem
o aumento da condutividade térmica na presença de umidade em seus poros, sendo
observado o aumento da condutividade térmica por condução, quando ocorre um
20

acréscimo no teor de umidade existente no interior do material. Os componentes de


condutividade inferior apresentam melhor isolamento térmico e maior resistência ao
fogo, porém elevadas quantidades de calor são absorvidas por materiais com calor
específico alto. Com isso, a maior eficiência no isolamento térmico de uma parede em
alvenaria estrutural é através da associação de uma condutividade térmica inferior
com um elevado calor específico, o que resulta em uma baixa difusividade térmica
pelo elemento.
Nguyen et al. (2009) explica o modelo de transferência de calor existente na
alvenaria submetida ao fogo, na qual existem três modos de ocorrer a transferência
de calor pelos elementos, sendo a primeira por condução pelos componentes sólidos,
seguida da radiação e da convecção, tanto na face exposta quanto na face não
exposta, e da radiação no interior dos blocos cerâmicos, conforme a Figura 1.

Figura 1 - Transferência de calor na alvenaria

Fonte: Adaptado de Nguyen et al. (2009).

Nguyen et al. (2009) pondera que o aquecimento da cerâmica até temperaturas


de 1000 °C no processo de fabricação origina um material totalmente desidratado.
Após sua fabricação, no momento do armazenamento dos blocos cerâmicos, a
umidade atmosférica é gradativamente absorvida pela rede de poros do volume sólido
do material, sendo esta água potencialmente controladora das variações ocorridas na
capacidade térmica do composto. Dentre os inúmeros fenômenos físicos e químicos
atuantes no aquecimento da alvenaria, nota-se que o pico de absorção de energia do
21

conjunto ocorre a 100 °C, correspondente ao fenômeno de vaporização da água


presente no material, adsorvida ou ligada quimicamente. Diante dessa mudança de
fase, além das reações químicas e físicas, no momento em que a temperatura
aumenta, ocorre também a transferência de calor por radiação dentro dos poros da
alvenaria, considerada significativa na modificação da condutividade de todo o
conjunto.
Rosemann (2011) obteve seus resultados através da exposição de paredes
sem preenchimento, com e sem revestimento, submetidas ao incêndio padrão da NBR
5628 (ABNT, 2001), com duração de 200 minutos, atingindo a temperatura máxima
de 1115 °C. Nas paredes sem revestimento, após os primeiros 15 minutos de ensaio,
na qual a temperatura da face não exposta não sofreu variação, o aumento gradual
desta temperatura apresentou um comportamento aproximadamente constante, de
1,6 °C a cada minuto de ensaio, causando a perda do isolamento térmico do elemento
aos 106 minutos. Diante da aplicação de revestimento nas paredes ensaiadas, a taxa
de crescimento da temperatura na face não exposta ao fogo diminuiu para 0,9 °C a
cada minuto, ao mesmo tempo que melhorou o isolamento térmico, sendo obedecido
por 196 minutos. A resistência ao fogo da alvenaria estrutural, nessas condições,
expôs uma melhora de 85% diante da aplicação de revestimento nos blocos
cerâmicos. Além disso, a aplicação de preenchimento de areia no interior dos vazados
dos blocos estruturais dobrou a resistência ao fogo do conjunto, e os resultados foram
obtidos para amostras com e sem a aplicação de revestimento, na qual a resistência
ao fogo, pelo critério de isolamento térmico, apresentou um ganho de 67% com a
aplicação de revestimento, passando de 243 para 405 minutos.
Ayala (2010) relata que a continuação por tantos anos da existência de
edificações históricas constituídas pelo sistema de alvenaria estrutural demonstra a
durabilidade e a resistência às permanentes alterações climatológicas deste método
construtivo, além de historicamente a ocorrência de incêndios ter comprovado a
aptidão das paredes em alvenaria estrutural de suportar os impactos causados pelas
elevadas temperaturas. A avaliação deste comportamento atribui-se à exposição dos
elementos ao ensaio de resistência ao fogo, com a obtenção de resultados através do
uso de termopares posicionadas na alvenaria e na argamassa, que possibilita a
observação e a comparação do progresso no crescimento das temperaturas na
alvenaria estrutural, submetida ao calor de um forno, diante das temperaturas
22

máximas de 200, 400, 600, 700 e 800 °C. Os gráficos extraídos para cada uma das
temperaturas máximas dos ensaios, evidenciou que o crescimento progressivo da
temperatura nos elementos construtivos é mais rápido nas argamassas do que nos
blocos cerâmicos, visto que, no mesmo intervalo de tempo, medições nos termopares
fixados na argamassa detectaram temperaturas superiores aos termopares dos
blocos cerâmicos. Além disso, o comportamento visualizado consuma que as
amostras, diante da temperatura de 100 °C no forno, permanecem de 16 a 27 minutos
sob esta temperatura, devido à absorção de energia pelo elemento, inevitável para a
alteração de fase da água contida nos poros. A duração deste fenômeno refere-se ao
período exigido para a água presente na alvenaria estrutural ser definitivamente
transformada em vapor.
Ayala (2010) sinaliza que a alvenaria sob incêndio apresenta inúmeras
propostas de variações nos insumos utilizados nos elementos estruturais. Os
resultados do estudo da alvenaria estrutural diante do fogo são principalmente obtidos
pelos testes padrões de incêndio, que consistem em expor os elementos a condições
de forno aquecido por intervalos de tempo específicos, com valores adquiridos de
períodos de exposição entre 30 e 360 minutos. A competência na resistência da
alvenaria abrange sua resistência mecânica, integridade, isolamento e impacto
mecânico. A resistência à compressão foi reduzida gradativamente com o aumento da
temperatura, percebida pela observação de 3% de perda resistente aos 200 °C, de
9% aos 400 °C, de 19% aos 600 °C e perdas muito superiores aos 700 e 800 °C, com
redução de 60 e 83%, respectivamente. Os valores de módulo de elasticidade residual
após a exposição às elevadas temperaturas foram de 67% a 200 °C, com redução
para 60% aos 400 °C, declínio para 35% aos 600 °C e de apenas 11% e 2% para 700
e 800 °C de temperatura máxima.

2.3 ATUAÇÃO DAS FIBRAS NO CONCRETO

Novak e Kohoutkova (2018) enfatizam que os elementos expostos às


temperaturas provenientes de um incêndio também são influenciados, em relação ao
seu comportamento estrutural, diante da incorporação de diferentes tipos e
quantidades de fibras. As averiguações experimentais do desempenho ao fogo
realizadas para concretos reforçados com fibras são concentradas nos impactos nas
23

propriedades mecânicas provocados por diferentes tipos, formas e teores de fibras,


basicamente em relação às resistências de compressão e de tração, além do módulo
de elasticidade. Especificamente, os principais tipos de fibras referem-se às fibras de
aço, fibras sintéticas e fibras híbridas de aço e polipropileno, além da existência de
diversas investigações acerca das fibras de vidro e fibras de carbono. Izquierdo (2011)
comprova que o concreto com adição de fibras apresenta maior absorção de água, o
que indica que existe uma maior ocorrência de poros permeáveis nestes compostos,
propriedade que controla a propagação de fissuras.
Conforme Quinino (2015), a possibilidade de alcançar um máximo desempenho
mecânico dos compósitos, com o uso de fibras híbridas, ocorre através de
combinações de macrofibras e microfibras. Inicialmente, as primeiras microfissuras
distribuídas pelo elemento não sofrem nenhum efeito das macrofibras presentes e
uma atuação muito limitada das microfibras. Contudo, as microfibras possuem função
essencial atuando na limitação da abertura das fissuras, quando as microfissuras
começam a unirem-se intensamente, enquanto as macrofibras agem na elevação da
resistência à proliferação dessas manifestações. Lawler, Wilhelm, Zampini e Shah
(2003) ilustraram esse comportamento das microfibras e macrofibras por um processo
de três estágios distintos, conforme a Figura 2.

Figura 2 - Comportamento dos compósitos com fibras híbridas

Fonte: Adaptado de Lawler, Wilhelm, Zampini e Shah (2003).

Christ (2014) explica este desempenho das fibras híbridas, afirmando que as
microfibras agem na prevenção de microfissuras na estrutura, enquanto as
24

macrofibras atuam dificultando a propagação dessas microfissuras, assim que


formadas. Bentur e Mindess (2007) enfatizam que existe uma diversidade enorme de
fibras de uso em compósitos cimentícios, que variam quanto às características,
eficiência e custo: as fibras convencionais de aço e vidro; as novas fibras, como as de
carbono e de aramida; as fibras com baixo módulo de elasticidade, como as fibras
sintéticas de polipropileno, nylon e acrílico; e as fibras naturais de celulose e sisal.
Essas fibras diferem consideravelmente em relação às suas propriedades e
geometrias, conforme apresentado pela Tabela 1. Os resultados obtidos quanto às
propriedades típicas dessas fibras, possibilitam a comparação com matrizes
cimentícias sem adição de fibras, nas quais apresentaram os resultados de módulo
de elasticidade inferior a muitas dessas fibras, com valores no intervalo de 10 a 45
GPa, e de resistência à tração inferior a todas as fibras mencionadas, com valores
entre 0,003 e 0,007 GPa.

Tabela 1 - Propriedades resistentes e geométricas das fibras

Diâmetro Módulo de Resistência à tração


Tipo de fibra
(µm) elasticidade (GPa) (GPa)
Fibras de aço 5 a 500 200 0,5 a 2
Fibras de vidro 9 a 15 70 a 80 2a4
Fibras de carbono 8a9 230 a 380 2,5 a 4
Fibras de aramida 10 a 12 63 a 120 2,3 a 3,5
Fibras de
20 a 400 3,5 a 10 0,45 a 0,76
polipropileno
Fibras de nylon 23 a 400 4,1 a 5,2 0,75 a 1
Fibras de acrílico 18 14 a 19,5 0,4 a 1
Fibras de celulose - 10 0,3 a 0,5
Fibras de sisal 10 a 50 - 0,8
Fonte: Adaptado de Bentur e Mindess (2007).

Izquierdo (2011) enfatiza que, em blocos de concreto utilizados na alvenaria


estrutural, dentre os benefícios da utilização de fibras de sisal na mistura do concreto,
estão o isolamento térmico e acústico, a facilidade de produção, a biodegradabilidade
do material oriundo de fonte renovável, a alta tenacidade e resistência à abrasão e ao
25

baixo custo, na qual tais propriedades tornam o sisal uma das fibras naturais mais
pesquisadas. Em relação às características físicas das fibras naturais, apresentam
baixa massa específica e alta absorção de água, devido a permeabilidade derivada
da alta porosidade. A vantagem de sua utilização é a obtenção de materiais
alternativos, visando aplicações ecologicamente sustentáveis. Entretanto, sua
desvantagem é a variabilidade elevada de suas propriedades, por serem produzidas
por seres vivos, sujeitos às modificações intrínsecas de sua própria natureza, em vez
de passarem pelos refinados processos industrializados que padronizam as fibras
sintéticas.
Quinino (2015) verifica alguns parâmetros utilizados na determinação das fibras
a serem adicionadas nos elementos estruturais, através do estudo de cinco diferentes
tipos de fibras utilizadas na construção civil, contemplando fibras de aço, de
polipropileno, de carbono, de aramida e de vidro, conforme a Tabela 2. As fibras
longas e finas, com diâmetros inferiores a 50 µm, são chamadas de microfibras e
tornam-se inibidoras da propagação de fissuras, visto que sua presença aumenta o
gasto energético para que ocorra cada uma das fissuras microscópicas da estrutura.

Tabela 2 - Propriedades de influência na escolha das fibras

Deformação Resistência Módulo de


Tipo de Diâmetro Preço
de ruptura à tração elasticidade
fibra (µm) (R$)
(%) (GPa) (GPa)
Fibras de
750 3,5 1,10 210 5,00
aço
Fibras de
100 8,0 0,45 4 9,27
polipropileno
Fibras de
20 1,5 3,40 230 185,00
carbono
Fibras de
10 2,3 2,80 124 57,56
aramida
Fibras de
10 2,1 1,50 72,4 14,39
vidro
Fonte: Adaptado de Quinino (2015).
26

Segundo Quinino (2015), as fibras artificiais foram desenvolvidas para


aprimorar as conhecidas propriedades das fibras naturais. As fibras sintéticas são
obtidas a partir de polímeros orgânicos, da celulose, de resinas de petróleo, borracha,
entre outras. Além disso, podem ser derivadas de materiais inorgânicos, como o aço,
o carbono e o vidro. As fibras de vidro satisfazem de modo convincente algumas
demandas da engenharia civil, devido às suas características como resistência
mecânica, simplicidade na manipulação, alto alongamento na ruptura e o coeficiente
de dilatação térmico baixo. As fibras de aço, por sua vez, são as fibras de maior
utilização na construção dos elementos estruturais, devido às suas características,
como elevado módulo de elasticidade e alto desempenho do elemento quanto à
resistência, tenacidade e controle de fissuração. Já as fibras poliméricas são
caracterizadas pelo baixo módulo de elasticidade, porém para as fibras de
polipropileno este baixo módulo é ideal para a inibição da proliferação das fissuras.
Christ (2014) constata que a trabalhabilidade das misturas a base de pós
reativos no concreto com utilização de fibras híbridas, através da variação nos tipos e
teores de fibras mostra-se severamente influenciada pela incorporação das
microfibras de polipropileno, por terem um diâmetro até 95% inferior que as fibras de
aço, ocasionando uma área superficial muito superior. A incorporação de fibras
híbridas nas argamassas mostra-se promissora no aumento das resistências
mecânicas e tenacidade à flexão, visto que otimizam o comportamento do elemento à
formação de manifestações patológicas, devido ao desempenho das macrofibras e
microfibras.
Novak e Kohoutkova (2018) ressaltam que o uso de fibras de aço em
compósitos de concreto mostra-se benéfico, do ponto de vista da resistência à
elevadas temperaturas, por conta de seu alto ponto de fusão, quando comparado com
outros elementos. Este benefício à resistência ao fogo dos elementos construtivos
permanece vantajoso inclusive para a exposição do concreto a temperaturas de até
1200 °C. Efetivamente, as misturas de concreto com incorporação de fibras de aço
apresentam melhores resultados nas propriedades mecânicas aos impactos causados
na estrutura pelo aquecimento do incêndio, em relação ao concreto não reforçado. Em
contrapartida, as fibras de polipropileno atuam no concreto influenciando
negativamente os picos de resistência à compressão dos compósitos de concreto
elevados à altas temperaturas.
27

Novak e Kohoutkova (2018) relatam que a resistência à compressão do


concreto com incorporação de fibras híbridas, compostas por fibras de aço e por fibras
de polipropileno reduziu com mais veemência com o aumento de temperatura, na
comparação com os concretos com adição de fibras de aço e o concreto sem adição
de fibras, devido à intensificação da porosidade, causada pelo derretimento das fibras
de polipropileno, conforme os resultados da Tabela 3. Entretanto, o aumento da
porosidade diminui o risco de fragmentação do concreto, na medida em que aumenta
a permeabilidade do concreto e diminui a pressão nos poros. O concreto de referência
do estudo, sem adição de fibras, apresentou resistência residual à compressão de
94% e à tração de 57% exposto a 200 °C, manteve a resistência a compressão em
94% e elevou sua resistência à tração para 81% aos 400 °C e manifestou redução
para 51% da resistência inicial de compressão e de 52% da resistência inicial à tração,
sob temperaturas de 600 °C. A avaliação desse comportamento certifica também uma
melhora sob todas as temperaturas diante da adição de fibras de aço nos compósitos,
tanto sob acréscimos na resistência residual de compressão quanto de tração.

Tabela 3 - Resistência residual sob altas temperaturas do concreto com fibras

Teor de
Teor de fibras de Resistência à
Temperatura fibras de Resistência à
polipropileno compressão
máxima aço tração (%)
(kg/m³) (%)
(kg/m³)
200 °C 40 0 99 85
200 °C 40 3 98 97
400 °C 40 0 99 103
400 °C 40 3 88 88
600 °C 40 0 55 58
600 °C 40 3 45 41
Fonte: Adaptado de Novak e Kohoutkova (2018).

Novak e Kohoutkova (2018) revelam que, os materiais utilizados no ensaio são


o cimento Portland, agregados finos e grossos e plastificante, que reduziu o consumo
de água na mistura, além da adição de fibras. Na comparação com a resistência inicial
dos elementos, a exposição às temperaturas de 200, 400 e 600 °C, em geral,
28

apresenta redução significativa nas resistências de compressão e de tração às


temperaturas de 600 °C. As temperaturas analisadas foram atingidas após períodos
de tempo de, respectivamente, 113, 235 e 370 minutos. O comportamento dos
elementos apresentou anormalidade para as amostras de concreto sem fibras e do
concreto com incorporação de fibras de aço, na qual sob temperaturas de 400 °C as
resistências à tração tiveram relevantes acréscimos, causados pelas falhas explosivas
da liberação de vapor nesse intervalo, decorrentes da carga estática e da pressão nos
poros, devido à baixa porosidade do concreto dessas amostras, que permitiu o escape
de apenas pequenas quantidades de vapor nas duas primeiras horas de ensaio. Essa
averiguação confirma que a pressão nos poros é reduzida progressivamente com a
elevação das temperaturas. Apesar dos resultados, apresentados pela Tabela 3,
refletirem uma menor resistência das fibras híbridas, inclusive em relação ao concreto
sem adição de fibras, a presença de fibras de polipropileno impediu falhas explosivas
no ensaio, principal causa do colapso estrutural.
Bilodeau, Kodur e Hoff (2004) indicam dosagens mínimas de fibras de
polipropileno para evitar a fragmentação explosiva dos concretos. A relação
água/cimento dos elementos influencia na quantidade necessária de fibras para inibir
este comportamento, na qual a baixa relação água/cimento exige maior quantidade
de fibras. A verificação dos teores de fibras ideais a serem utilizados com este objetivo
foram verificados para as relações água/cimento de 0,33 e 0,42, através da exposição
do concreto ao incêndio simulado com o uso de hidrocarbonetos, que elevaram a
temperatura do forno a 1000 °C em menos de 10 minutos, com os resultados
sugerindo que para a relação de 0,33, a quantidade de fibras de polipropileno que
evitou a fragmentação foi de 3,5 kg/m³, para o uso de fibras de 20 mm de comprimento,
e de 1,5 kg/m³, para as fibras com 12,5 mm de comprimento. Na relação de
água/cimento de 0,42, a incorporação da quantidade de fibras de 1,5 kg/m³ retratou a
contenção das fragmentações, mesmo para comprimento das fibras de 20 mm.
Christ (2014) atesta que a otimização da utilização de fibras no concreto pós
reativo (CPR), verificada pelos resultados de seus estudos, ocorre através da
adequada hibridização das fibras, atingida por uma quantidade relevante de
macrofibras misturada a uma fração significativa de microfibras. Os melhores
resultados observados foram obtidos pela amostra com uso de fibras híbridas, pela
combinação de 80% de fibras de aço com 20% de fibras de polipropileno, que
29

apresentou a melhor resistência à tração na flexão entre as amostras ensaiadas, além


de manter uma elevada resistência à compressão. Os teores de fibras utilizadas são
referentes ao peso das fibras incorporadas, na relação com um metro cúbico do
compósito de CPR. A resistência à compressão do elemento sem adição de fibras
apresentou resistência de compressão de 189,6 MPa, superior as amostras com
qualquer uma das adições de fibras ensaiadas, conforme a Tabela 4.

Tabela 4 - Resistência do CPR com fibras híbridas

Fibras Teor de Teor de Resistência Resistência


Fibras de
de Fibras Fibras de à à Tração na
Polipropileno
Aço de Aço Polipropileno Compressão Flexão
(%)
(%) (kg/m³) (kg/m³) (MPa) (MPa)
100 0 235,5 0 172,2 19,3
90 10 211,95 2,73 158,6 27,6
80 20 188,4 5,46 156,8 30,1
70 30 164,85 8,19 152,9 20,6
60 40 141,3 10,92 145,4 25,8
50 50 117,75 13,65 136,7 21,1
0 100 0 27,29 136,1 11,3
Fonte: Adaptado de Christ (2014).

Quinino (2015) indica que a melhor combinação adotada em seus estudos,


quanto a adição de fibras no concreto, visto seu desempenho superior em relação aos
demais teores de fibras, foi conquistada através da incorporação de fibras híbridas
com 75% de fibras de aço, de diâmetro 0,75 mm e comprimento 60 mm, e 25% de
fibras de polipropileno, de diâmetro 0,10 mm e comprimento de 50 mm, com um teor
de fibras de 0,80%. Além das fibras de aço e de polipropileno, foram utilizadas fibras
de carbono na comparação destes resultados, conforme a Tabela 5.
30

Tabela 5 - Resistência do concreto com fibras híbridas

Fibras de Fibras de Fibras de Teor de Resistência à


aço (%) polipropileno (%) carbono (%) fibras (%) Compressão (MPa)
75 12,5 12,5 0,6 25,24
50 37,5 12,5 0,6 29,81
50 12,5 37,5 0,6 27,22
25 37,5 37,5 0,6 16,06
75 0 25 0,8 11,88
25 50 25 0,8 9,17
75 25 0 0,8 31,81
25 25 50 0,8 19,64
50 25 25 0,8 27,81
75 12,5 12,5 1,15 29,56
50 37,5 12,5 1,15 30,90
50 12,5 37,5 1,15 21,69
25 37,5 37,5 1,15 15,01
Fonte: Adaptado de Quinino (2015).

Izquierdo (2011) afirma que a incorporação de fibras naturais de sisal de 20 mm


de comprimento em blocos de concreto utilizados na alvenaria estrutural, com o teor
de fibras de 1% do volume total dos blocos, resultou em uma eficácia superior na
resistência mecânica do elemento, em relação aos blocos sem fibras. Christ (2014)
comenta que apesar de altos teores de fibras afetarem a trabalhabilidade, os teores
de fibras híbridas de 3%, em relação ao volume total do elemento, foram responsáveis
pelos melhores resultados, sendo verificado que acima desta porcentagem a
resistência diminui. Em concretos pós reativos (CPR), as fibras de aço, de
polipropileno, de vidro, entre outras, são costumeiramente utilizadas com diâmetros
entre 0,8 mm e 1,2 mm e comprimentos entre 10 mm e 12 mm para elevarem a
ductilidade do composto. Para Quinino (2015) a incorporação de teores de fibra de
1,15% já influencia as misturas de concreto, reduzindo o espalhamento da alta
concentração de fibras, porém sendo também o responsável pelos resultados mais
satisfatórios, na comparação direta com teores de fibras de 0,6% e 0,8%.
31

2.4 ATUAÇÃO DAS FIBRAS NA ARGAMASSA

Cao, Xu e Zhang (2018) citam a utilização de uma nova fibra para as


argamassas, com adição de fibras de aço, fibras de poliacetato de vinila (PVA) e fibras
de carbonato de cálcio (CaCO3), na qual a argamassa de referência apresentou
resistência à compressão de 46 MPa e a resistência à flexão de 3 MPa, ambos
inferiores a todos os resultados obtidos após a incorporação das fibras híbridas no
composto, conforme a Tabela 6. A observação contempla que o uso de 2,9% de teor
de fibras híbridas compostas, por exemplo, pelo teor de 1,5% de fibras de aço, 0,4%
de fibras de PVA e 1% de fibras de carbonato de cálcio apresenta dificuldade no
espalhamento do composto, em comparação com outros grupos de fibras com teores
menores, porém foram um dos responsáveis pelos melhores desempenhos.

Tabela 6 - Resistências da argamassa com fibras

Fibras de Fibras de Fibras de Resistência à Resistência à


aço (%) PVA (%) CaCO3 (%) compressão (MPa) flexão (MPa)
2,0 0 - 64 15,5
1,75 0,25 - 57 11
1,75 0,20 0,5 58 12
1,50 0,50 - 55 11,5
1,50 0,40 1,0 62 14
1,25 0,75 - 51 11,25
1,25 0,55 2,0 63 12,5
1,0 1,0 - 49 11,5
1,0 0,75 2,5 57 6
Fonte: Adaptado de Cao, Xu e Zhang (2018).

Ward e Li (1991) enfatizam que, na prática, a argamassa observada com a


incorporação de fibras não seria usualmente utilizada nas construções, visto que sua
matriz é utilizada em concretos de resistências médias e altas e concretos com fibras,
para obtenção de resistências acima de 40 MPa. Diante disso, a argamassa de
referência, sem adição de fibras, apresentou resistência à compressão de 57 MPa. As
adições de fibras foram realizadas por três tipos de fibras, sendo elas as fibras de
32

aramida, de aço e de acrílico. A adição de fibras de aramida e de acrílico mostraram-


se inadequadas para as argamassas, visto que diminuíram as resistências. A
incorporação de fibras de aço apresenta melhora na resistência da argamassa para
todos os teores testados, verificando-se que 1% de sua adição representa o melhor
desempenho. A resistência a compressão das amostras, conforme as fibras e teores
incorporados estão apresentados pela Tabela 7.

Tabela 7 - Resistência de argamassas com adição de fibras

Tipo de fibra Teor de fibra (%) Resistência à compressão (MPa)


Fibras de aramida 0,5 52,1
Fibras de aramida 1,0 50,3
Fibras de aramida 1,5 45,5
Fibras de aço 0,5 58,9
Fibras de aço 1,0 62,6
Fibras de aço 1,5 59,7
Fibras de aço 2,0 57,0
Fibras de acrílico 1,0 45,3
Fibras de acrílico 2,0 33,0
Fonte: Adaptado de Ward e Li (2018).

Aydın, Yazıcı e Baradan (2008) investigaram os impactos na resistência de


argamassas de alta resistência nas características mecânicas, quanto à resistência à
compressão e à flexão e ao módulo de elasticidade, causados pela inclusão de fibras
de aço e fibras de polipropileno. A argamassa de alta resistência sem adição de fibras
indicou resistência à compressão de 90,7 MPa e resistência à flexão de 12 MPa,
consumando que a adição dessas fibras otimizou a resistência à compressão da
argamassa em todas as incorporações, além de apresentar resultados ligeiramente
superiores na resistência à flexão, conforme a Tabela 8.
33

Tabela 8 - Resistência de argamassas de alta resistência com adição de fibras

Teor de Resistência à Resistência à


Tipo de fibra
fibra (%) compressão (MPa) flexão (MPa)
Fibras de aço 1,0 111,4 12,0
Fibras de
0,1 94,7 11,8
polipropileno
Fibras de
0,2 94,1 13,0
polipropileno
Fibras de
0,3 96,5 11,9
polipropileno
Fibras de
0,4 96,0 12,6
polipropileno
Fonte: Adaptado de Aydın, Yazıcı e Baradan (2008).

Aydın, Yazıcı e Baradan (2008) indicam que as argamassas de alta resistência


adquirem comportamento explosivo por desintegração, em todas as amostras sem
incorporação de fibras, com exceção das argamassas com adições de fibras de
polipropileno, que se mostraram eficazes no impedimento de fragmentações
explosivas. A prevenção do efeito de fragmentação explosiva foi verificada nas
argamassas de alta resistência, inclusive para os teores de fibras mínimos analisados
de polipropileno incorporado de 0,1%. As fibras de aço não melhoraram as
resistências das argamassas de alto desempenho sob elevadas temperaturas em
situação de incêndio, em contrapartida as fibras de polipropileno possibilitaram o
prolongamento da resistência ao fogo dos elementos, conferido pela criação de
espaços vazios concedidos pela evaporação do polipropileno, conforme a Tabela 9.
As amostras foram aquecidas diante da taxa de aquecimento de, aproximadamente,
10 °C por minuto, até as temperaturas de 300, 600 e 900 °C, pelo tempo de três horas.
34

Tabela 9 - Resistência ao fogo das argamassas de alta resistência

Resistência à Resistência à
Teor de
Tipo de amostra compressão (MPa) tração (MPa)
fibras (%)
300 °C 600 °C 900 °C 600 °C 900 °C
Argamassa sem
0 139,9 0 0 12,3 0
adição de fibras
Argamassa com
1,0 188,3 0 0 12,0 0
fibras de aço
0,1 127,7 127,7 30,2 7,7 3,5
Argamassas com
0,2 121,4 121,4 34,4 7,4 5
fibras de
0,3 119,9 119,9 33,2 8,5 4,3
polipropileno
0,4 123,9 123,9 37,0 8,4 4,1
Fonte: Adaptado de Aydın, Yazıcı e Baradan (2008).

Donnini, Bellezze e Corinaldesi (2018) salientam que a verificação das


propriedades mecânicas de diferentes adições de fibras de carbono em argamassas,
em dosagens de 2%, 3% e 4% em peso de cimento, retratou acréscimos de resistência
à flexão da mistura conforme houve o aumento da quantidade de fibras, todavia
demonstrou decréscimo nas resistências à compressão da argamassa com
incorporação de fibras de carbono, sendo o melhor desempenho apresentado pela
adição de um teor de fibras de 4%, conforme a Tabela 10. A inclusão de fibras na
composição das argamassas em dosagem elevada apresentou redução na
trabalhabilidade da mistura. A argamassa de referência, sem adição de fibras, revelou
resistência à compressão de 38,9 MPa e resistência à flexão de 4,8 MPa.

Tabela 10 - Resistência das argamassas com adição de fibras de carbono

Teor de Resistência à Resistência à flexão


Tipo de Fibra
fibra (%) compressão (MPa) (MPa)
2,0 37,9 8,4
Fibras de
3,0 35,9 9,1
carbono
4,0 35,0 11,0
Fonte: Adaptado de Donnini, Bellezze e Corinaldesi (2018).
35

Simões et al. (2018) salientam que a porosidade e a densidade das argamassas


têm função significativa em propriedades físicas, como a trabalhabilidade. As fibras de
polipropileno e fibras de vidro originaram um aumento de porosidade da mistura,
quando foram incrementadas. O impacto nas características da argamassa, devido a
adição de fibras na sua composição foi verificado para as fibras de aço, de
polipropileno e de vidro, com variações nos teores de fibras incorporados entre 0,5 e
2%, conforme a Tabela 11, adotando-se dosagem por volume, todas com
comprimento de 13 mm. De modo geral, verifica-se que a trabalhabilidade foi
excessivamente prejudicada pela adição de fibras de polipropileno e vidro, visto que
para a mesma dosagem volumétrica apresentam quantidade maior que as fibras de
aço. Em contrapartida, a porosidade da mistura praticamente foi duplicada com o uso
de fibras de polipropileno e vidro. A argamassa de referência, sem adição de fibras,
obteve resistência à compressão de 67,72 MPa e resistência à flexão de 5,25 MPa.

Tabela 11 - Resistências da argamassa com adição de 0,5 a 2% de fibras

Teor de Resistência à Resistência à


Tipo de fibra
fibra (%) compressão (MPa) flexão (MPa)
0,5 87,58 5,89
1,0 88,53 9,20
Fibras de aço
1,5 91,96 10,96
2,0 84,11 13,71
0,5 60,16 3,41
Fibras de 1,0 68,51 3,60
polipropileno 1,5 72,46 3,80
2,0 73,67 4,54
0,5 70,92 4,25
1,0 78,4 4,62
Fibras de vidro
1,5 75,84 5,23
2,0 72,79 5,71
Fonte: Adaptado de Simões et al. (2018).

Oliveira (2001) enfatiza que as características e o custo das fibras poliméricas


favorecem sua ampla utilização na construção civil. Para a avaliação deste uso, foram
36

ensaiados três diferentes traços com três teores de fibras de polipropileno distintos,
sendo o primeiro traço de argamassa de cimento 1:3, visando a análise comparativa
da presença de cal nos demais traços, o segundo traço de argamassa com adição de
cal no traço 1:0,5:4,5, comumente utilizada no assentamento da alvenaria estrutural
acima de quatro pavimentos e o terceiro traço também com adição de cal no traço
1:2:9, utilizadas normalmente como revestimento. Desse modo, a análise do
comportamento das argamassas, após a adição de fibras na sua composição, visa
expressar a realidade de uso nas construções, através da utilização de traços de uso
disseminado nas obras de engenharia civil. Para isso, os teores de fibras de
polipropileno incorporados nesses traços foi de 0,05, 0,15 e 0,30%.
Oliveira (2001) revela que a averiguação do comportamento nas argamassas
definiu que o aumento do teor de fibras atua aumentando a coesão da mistura, através
de uma ligação superior entre a pasta aglomerante e os agregados utilizados, e
reduzindo a trabalhabilidade, além de influenciarem positivamente as características
mecânicas de compressão e tração no momento da ruptura. Houve também uma
diminuição de consistência das argamassas com fibras para todos os traços
analisados, visto que as fibras de polipropileno utilizadas possuem um diâmetro
reduzido de apenas 20 µm, propiciando sua maior dispersão. As fibras não
apresentam impacto nas propriedades de absorção de água por imersão e por
capilaridade, índice de vazios e massas específicas. As características de resistência
à tração na flexão e a resistência à compressão demostraram um acréscimo em dois
traços e uma redução no traço com maior quantidade de cal, conforme a Tabela 12,
na qual as amostras sem teor de fibras tratam-se das amostras de referência para
cada traço ensaiado.

Tabela 12 - Resistências de argamassas com diferentes traços e teores de fibras


(continua)
Teor de fibras
Resistência à Resistência à
Relação de
Traço compressão tração na
a/c polipropileno
(MPa) flexão (MPa)
(%)
Cimento:Areia 0 15,82 7,50
0,79
1:3 0,05 18,69 8,18
37

(conclusão)
0,15 16,97 7,57
0,30 16,40 8,28
0 7,61 5,10
Cimento:Cal:Areia 0,05 7,78 5,56
1,25
1:0,5:4,5 0,15 8,69 5,38
0,30 8,42 4,96
0 3,76 2,98
Cimento:Cal:Areia 0,05 3,12 2,51
2,13
1:2:9 0,15 3,25 2,65
0,30 3,17 2,29
Fonte: Adaptado de Oliveira (2001).

Oliveira (2001) comenta que os resultados demonstram uma perda de


resistência à tração na flexão no traço de argamassa de menor resistência,
possivelmente devido a adição de fibras causar elevada incorporação de ar,
promovendo uma quantidade superior de vazios nas argamassas, e
consequentemente, a diminuição da resistência. Entretanto, observa-se que a
incorporação de fibras de polipropileno apresentou um comportamento menos frágil
das argamassas no momento da ruptura, verificando-se pequenas deformações
plásticas, características da elevação das absorções de energia nas argamassas,
derivadas do elevado potencial de alongamento dessas fibras e de seu comprimento
de ancoragem na matriz cimentícia. Além disso, os resultados consumaram que a
retração ocorre principalmente nos primeiros dias, e a mesma é diminuída pela adição
de fibras, que atuam no controle da retração desde as primeiras horas até o fim do
tempo de cura aos 28 dias. Apesar de causarem uma maior perda de massa das
argamassas, devido ao maior índice de vazios, as fibras incorporadas distribuem
melhor as fissuras, de modo que a quantidade de fissuração pode até aumentar, mas
a abertura total delas é reduzida.
Ezziane et al. (2015) revela que a reação das argamassas submetidas ao
reforço por fibras de polipropileno apresenta um aprimoramento das resistências à
flexão na temperatura ambiente e até atingir temperaturas de 500 °C. Posteriormente
a essa temperatura, as argamassas sem fibras apresentaram maior resistência
residual que as amostras com incorporação de fibras de polipropileno de 12 mm de
38

comprimento. As argamassas estudadas foram dosadas, quanto ao cimento, areia e


água no traço de 1:3:0,5, com a adição de 5,2 kg de fibras de polipropileno por metro
cúbico de argamassa, representando um teor de fibras de 0,58% em volume. O
impacto da inclusão de fibras na argamassa foi revelado por duas situações de
exposição ao forno elétrico, primeiramente por uma taxa de aquecimento de 2 °C por
minuto, e em seguida pelo contato com o forno previamente aquecido às temperaturas
desejadas de avaliação, nas quais ocorrem diferentes efeitos nas argamassas.
Ezziane et al. (2015) ressaltam que a utilização de incorporações de fibras
sintéticas de polipropileno na composição das argamassas ocorre com o objetivo de
aumentar sua coesão, reduzindo a fissuração. A resistência ao fogo dessas fibras é
essencialmente relacionada à limitação das lascas do efeito de fragmentação
explosiva, visto que demais propriedades de resistência ao fogo são atendidas
somente pela inclusão de fibras metálicas. Apesar disso, em temperaturas abaixo da
temperatura crítica de 500 °C, existe a atuação das fibras de polipropileno no
comportamento mecânico das argamassas, principalmente relativa à resistência à
formação de trincas no elemento. Através do derretimento das fibras, a partir da
temperatura de 170 °C, ocorre um acréscimo de porosidade, que dispersa a pressão
excessiva de vapor e reduz as fissurações. A resistência de tração à flexão da
argamassa, submetida à taxa de aquecimento do forno elétrico, retrata os valores
residuais apresentados pela Tabela 13, na qual a temperatura de 20 °C trata-se da
argamassa de referência, em temperatura ambiente.

Tabela 13 - Resistência à flexão das argamassas com fibras de polipropileno

Resistência de tração à flexão (MPa)


Tipo de Amostra
20 °C 400 °C 500 °C
Argamassa sem fibras 7,3 3,4 2,0
Argamassa com fibras de polipropileno 6,2 4,2 0,8
Fonte: Adaptado de Ezziane et al. (2015).

Ezziane et al. (2015) afirma que a exposição das argamassas, com e sem
incorporação de fibras, pelo período de uma hora, através de amostras com espessura
de 16 cm, ao forno elétrico previamente aquecido à temperatura de 1000 °C,
aumentou a temperatura das faces não expostas ao fogo para cerca de 140 °C, não
39

sendo verificada alteração no comportamento térmico pela adição de fibras. Após o


resfriamento, houve uma queda maior de resistência ao cisalhamento das amostras
com a adição de fibras de polipropileno, em relação as amostras sem fibras. Já em
temperatura ambiente, a tenacidade à fratura das amostras com fibras de
polipropileno foi triplamente maximizada, na comparação com a argamassa de
referência não fibrosa. As argamassas apresentaram o fenômeno de fragmentação
explosiva para todas as amostras com relação água/cimento de 0,50, sendo verificado
que na relação a/c 0,40 não houve a presença desse comportamento explosivo.
Esposto (2014) salienta que a incorporação de fibras de polipropileno possui
ampla utilização no reforço de elementos cimentícios, buscando uma melhora das
resistências mecânicas e do desempenho nos processos construtivos. Contudo, na
comparação com as demais fibras poliméricas, o polipropileno manifesta inferior
interação com a matriz, na qual com a análise microestrutural dessa interação verifica-
se a influência do uso de aditivo modificador de superfície nas fibras, além das
características mecânicas da adição de diferentes teores de fibras. Nesta avaliação,
o traço utilizado possui relação a/c de 0,60, sendo o traço de argamassa de cimento
1:1,5:1, para cimento, areia grossa e areia fina, sem a utilização de aditivos
modificadores de superfície nas fibras, com variação no teor de fibras de polipropileno
incorporadas nesses traços entre 0,4 e 2,6%. Os resultados da verificação da
resistência mecânica à compressão dessas alterações na composição das
argamassas com fibras estão apresentados na Figura 3.
40

Figura 3 - Resistência à compressão de teores de fibras de polipropileno

Fonte: Adaptado de Esposto (2014).

Esposto (2014) considera que a avaliação da resistência à compressão de


argamassas com variação no teor de fibras sinaliza que o teor ideal de incorporação
de fibras de polipropileno está próximo de 1,2 kg/m³, visto que os valores de
resistência à compressão aumentaram até o teor mencionado, e passaram a diminuir
sua resistência à compressão para teores acima da adição de 1,2 kg/m³.
41

3. MATERIAIS E MÉTODOS

A metodologia apresentada neste capítulo descreve o sequenciamento das


atividades realizadas no programa experimental para a obtenção dos resultados deste
trabalho. De modo geral, a análise comparativa do uso de fibras híbridas na
argamassa aplicada em blocos estruturais cerâmicos, sob simulação de incêndio,
ocorreu a partir da produção de prismas de alvenaria, através do assentamento e do
revestimento de blocos estruturais cerâmicos para os ensaios de resistência ao fogo
em um forno, nos quais o revestimento foi aplicado para duas composições: com e
sem a adição de fibras híbridas, conforme fluxograma apresentado pela Figura 4.

Figura 4 - Processo experimental para comparação entre prismas de alvenaria

Fonte: O Autor (2020).

A argamassa pronta industrializada utilizada no assentamento dos blocos


estruturais cerâmicos não teve adição de fibras híbridas em sua composição, na qual
foi produzida conforme a relação de água por massa dada pelo seu fabricante.
Portanto, o estudo foi realizado nos prismas de alvenaria através da avaliação do uso
de fibras híbridas, limitadas à argamassa de revestimento utilizada no ensaio de
resistência ao fogo, tanto nas faces dos prismas que estiveram em contato direto com
as altas temperaturas, quanto nas faces dos prismas não expostas ao forno.
Os materiais utilizados nos processos de produção da argamassa de
referência, da argamassa com fibras e do chapisco, aplicados no assentamento e no
revestimento dos blocos estruturais cerâmicos, estão apresentados no fluxograma
42

ilustrado na Figura 5. A argamassa de referência, denominação dada àquela que não


teve em sua composição a adição de fibras, foi aplicada no assentamento de todos os
blocos estruturais e no revestimento dos prismas de referência, utilizados no
comparativo com os prismas revestidos pela argamassa com fibras híbridas.

Figura 5 – Processo de produção das argamassas

Fonte: O Autor (2020).

A caracterização dos materiais utilizados na obtenção do chapisco aplicado nos


blocos estruturais foi realizada através de ensaios específicos das propriedades
físicas do cimento e do agregado miúdo, na qual o cimento possui também a
caracterização fornecida pelo fabricante, quanto às propriedades físicas e químicas.
A argamassa pronta industrializada e as fibras utilizadas na produção das argamassas
ensaiadas tiveram algumas propriedades físicas fornecidas pelos fabricantes, e foram
ensaiadas através da moldagem de corpos de prova. Do mesmo modo, os corpos de
prova de chapisco foram moldados conforme a dosagem em volume de 1:3, na
proporção de aglomerante e agregado miúdo, na qual o agregado miúdo trata-se de
areia grossa, adequada à utilização para o chapisco e caracterizada quase toda dentro
da zona ótima da curva granulométrica.
Os procedimentos realizados após a produção das argamassas, em relação
aos ensaios normativos efetuados, estão apresentados pela Figura 6. As argamassas
43

foram ensaiadas quanto à presença ou não de fibras adicionadas através do processo


de hibridização. A utilização de fibras na produção das argamassas com fibras
híbridas ocorreu através da mistura de fibras de polipropileno e fibras de sisal, com
teores de fibras total de 2,7 kg/m³, com o objetivo de conferir resultados satisfatórios
como os obtidos por Aydın, Yazıcı e Baradan (2008) no desempenho ao fogo das
argamassas com fibras. Além disso, buscando a otimização das resistências
mecânicas das argamassas com adição de fibras, o teor de fibras de polipropileno
adotado foi de 1,2 kg/m³, conforme os resultados de Esposto (2014). Com isso, a
hibridização das fibras foi dada pela adição de 1,2 kg/m³ de fibras de polipropileno
com 1,5 kg/m³ de fibras de sisal, totalizando os 2,7 kg/m³.

Figura 6 - Ensaios realizados nas argamassas

Fonte: O Autor (2020).

O combate da ação do álcalis do cimento nas fibras de sisal ocorreu pelo


tratamento alcalino para fibras naturais, preconizado por Beltrami, Scienza e Zattera
(2014), através da imersão das fibras em solução de 5% de hidróxido de sódio (NaOH)
44

na proporção de 10:1 (solução:fibras), sob temperatura de 50 °C, durante duas horas.


Após retiradas da solução, as fibras foram submetidas à lavagem com água destilada,
até que a água de lavagem se aproximasse de um pH de 7,0. Posteriormente, as fibras
foram acondicionadas em recipiente adequado para colocação em estufa sob
temperatura de 60 °C para remoção da umidade, na qual permaneceram até a
remoção total da umidade aparente.

Figura 7 - Fibras de sisal em estufa imersas na solução de 5% de hidróxido de sódio

Fonte: O Autor (2020).

A produção das argamassas de referência e com fibras híbridas, assim como o


chapisco, possibilitaram o ensaio de resistência ao fogo, após a aplicação nos blocos
estruturais cerâmicos, configurando o conjunto de prismas de alvenaria, que foram
analisados também quanto à estanqueidade, ao isolamento térmico e à incidência de
fissuração, diante das altas temperaturas, com posterior ensaio da resistência residual
à compressão dos prismas de alvenaria, conforme o detalhamento das atividades
ilustrado pelo fluxograma da Figura 8.
45

Figura 8 - Processo de atividades para análise de resistência ao fogo

Fonte: O Autor (2020).

3.1 LIMITAÇÕES

O trabalho restringiu-se à avaliação de elementos em alvenaria estrutural


submetidos à máxima temperatura de 1000 °C permitida pelo forno elétrico e de
elementos com dimensões de tamanho reduzido, visto que a superfície em contato
com o forno tem apenas 1.075,00 cm², através de um bocal retangular com 43 cm de
largura por 25 cm de altura. Isso impossibilitou a análise da alvenaria estrutural como
um todo, considerando-se também os pontos de graute e as compartimentações
promovidas pelas lajes, devido às grandes dimensões destas estruturas, que
demandariam de fornos muito maiores.
As NBR 5628 (ABNT, 2001) e NBR 10636 (ABNT, 1989) preveem condições
de regularização das avaliações de resistência ao fogo dos elementos, através de um
aumento de temperatura controlado no aquecimento interno do forno, em função do
tempo, de acordo com a Equação 1, onde 𝑡 representa o tempo de ensaio em minutos,
46

𝑇 representa a temperatura do forno em °C no tempo 𝑡 e 𝑇0 representa a temperatura


inicial do forno em °C, sendo 10 °C ≤ 𝑇0 ≤ 40 °C.

𝑇 − 𝑇0 = 345 × log(8𝑡 + 1) (1)

A curva que representa a Equação 1 é conhecida como curva-padrão


temperatura x tempo e é ilustrada pela Figura 1. A exposição dos elementos
construtivos neste estudo não atendeu à curva de incêndio padrão, devido ao
aquecimento abrupto da temperatura prevista pelo ensaio normativo, que atinge as
temperaturas de 800 °C após os primeiros 30 minutos. A curva temperatura x tempo
do forno elétrico utilizado para o ensaio divergiu da curva temperatura x tempo do
incêndio padrão, regulamentada pela NBR 5628 (ABNT, 2001) e pela NBR 10636
(ABNT, 1989).

Figura 9 - Curva padrão temperatura x tempo

1200
Elevação da temperatura (T - 𝑇0) °C

1100

1000

900

800

700

600

500
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360
Tempo (Minutos)

Fonte: Adaptado de ABNT NBR 5628:2001.

Com isso, visando um impacto de mesma intensidade nas estruturas, a


pesquisa avaliou a exposição dos blocos estruturais e argamassas ao forno elétrico
durante o período total de aproximadamente 390 minutos, sendo 90 minutos para o
47

aquecimento do forno até sua temperatura máxima, 240 minutos de exposição sob a
temperatura máxima de 1000 °C, conforme a Figura 2, e por fim, 60 minutos após o
desligamento do forno, para que não houvesse a queima das resistências elétricas do
forno devido ao choque térmico causado pela diferença de temperatura entre o
ambiente e o interior do forno. Na sequência foi possível o manuseio dos elementos,
ainda bastante quentes, para a realização de um resfriamento repentino. Para isso,
com a intenção de simular ao máximo uma situação real de incêndio nas edificações,
o resfriamento das amostras foi realizado por meio de jateamento de água, análogo
ao ocorrido nos combates a incêndio pelas equipes de bombeiros, quando há um
choque térmico na estrutura.

Figura 10 - Curva temperatura x tempo do forno elétrico

Fonte: O Autor (2020).

A verificação do comportamento das alvenarias estruturais limitou-se à


avaliação dos blocos estruturais cerâmicos com a aplicação de argamassa no
revestimento e no assentamento, quando submetidos a elevadas temperaturas. A
utilização de blocos de concreto e de tijolos maciços resultaria em uma alteração na
superfície de contato das amostras com o forno, pelo estudo ter se tratado de
pequenas amostras de apenas dois blocos estruturais cerâmicos assentados e
48

revestidos por argamassa, que já preencheram mais de 90% da área em contato com
o forno elétrico, devido as dimensões de 39 x 29 cm (largura e altura) das amostras e
de 43 x 25 cm (largura e altura) do bocal do forno.
A avaliação do isolamento térmico e da estanqueidade de paredes estruturais,
prevista pela NBR 5628 (ABNT, 2001), considera a aplicação de esforços de mesma
natureza e da mesma ordem de grandeza dos produzidos, em temperaturas normais
e em situação de uso. Portanto, a pesquisa limitou-se à avaliação dos parâmetros da
NBR 5628 (ABNT, 2001) sem a aplicação de carregamento na estrutura, visto que não
houve a possibilidade de aplicar esforços nas amostras, que fossem compatíveis aos
carregamentos atuantes em um elemento de alvenaria estrutural.

3.2 MATERIAIS

Os materiais utilizados na pesquisa realizada no Laboratório de Materiais de


Construção e no Laboratório de Tecnologia Construtiva (LBTEC) da Universidade de
Caxias do Sul (UCS) foram materiais disponíveis no mercado da construção civil na
região de Caxias do Sul (RS), com o objetivo de haver uma maior proximidade com a
empregabilidade dos materiais nas construções usuais do local. Os materiais
apresentados pelos fluxogramas acima foram divididos em cinco categorias: agregado
miúdo, aglomerante, fibras, substrato e água.

3.2.1 Agregado miúdo

O agregado miúdo natural utilizado na fabricação do chapisco aplicado nos


blocos estruturais cerâmicos foi uma areia grossa de origem quartzosa, proveniente
da extração em jazidas da região do Rio Jacuí, no Rio Grande do Sul. A areia grossa
adquirida foi seca em estufa no laboratório para que não afetasse a relação a/c
utilizada no chapisco. Os ensaios realizados para a caracterização dos agregados
miúdos estão apresentados pela Tabela 14.
49

Tabela 14 – Metodologia de caracterização do agregado miúdo

Ensaio Metodologia
Determinação da composição
NBR NM 248 (ABNT, 2003)
granulométrica
Módulo de finura NBR NM 248 (ABNT, 2003)
Dimensão máxima característica NBR NM 248 (ABNT, 2003)
Massa específica NBR NM 52 (ABNT, 2009)
Massa unitária no estado solto NBR NM 45 (ABNT, 2006)
Fonte: O Autor (2020).

A Tabela 15 apresenta os resultados da caracterização granulométrica do


agregado miúdo utilizado para a realização do chapisco, evidenciados pelas
porcentagens retidas e acumuladas em cada uma das peneiras, em relação à massa
de agregado miúdo.

Tabela 15 - Granulometria do agregado miúdo

Agregado miúdo Agregado miúdo


Peneiras (mm)
retido (%) acumulado (%)
4,75 1 1
2,36 8 9
1,18 15 24
0,60 18 42
0,30 33 75
0,15 22 97
<0,15 3 100
Fonte: O Autor (2020).

Os resultados obtidos neste ensaio são representados através de uma curva


granulométrica, revelando que a granulometria do agregado miúdo se encontra quase
toda dentro da zona ótima de utilização, conforme a Figura 11.
50

Figura 11 - Curva granulométrica do agregado miúdo

Fonte: O Autor (2020).

Os ensaios de caracterização dos agregados miúdos quanto à granulometria,


permitem a obtenção dos resultados de diâmetro máximo e de módulo de finura. A
Tabela 16 traz os resultados destas características do agregado miúdo, assim como
os valores obtidos a partir dos ensaios normativos mencionados, necessários para a
caracterização do material quanto à metodologia da normatização relativa à massa
unitária no estado solto e à massa específica.

Tabela 16 - Caracterização dos agregados miúdos

Característica Resultado
Diâmetro máximo (mm) 4,75
Módulo de finura 2,48
Massa unitária (g/cm³) 1,68
Massa específica (g/cm³) 2,61
Fonte: O Autor (2020).

3.2.2 Aglomerante

O aglomerante utilizado na produção do chapisco foi escolhido pela


disponibilidade no mercado local da construção civil, na qual foi adquirido o cimento
Portland composto CP II-Z-32, produzido pela fabricante Votorantim, segundo a NBR
51

16697 (ABNT, 2018), que forneceu as características químicas, apresentadas pela


Tabela 17, e as características físicas, descritas na Tabela 18, de seu produto,
especificado como de lote 065 com data de fabricação de novembro de 2019.

Tabela 17 - Características químicas do CP II-Z utilizado

Característica Resultado (%)


Perda ao fogo 7,0
MgO 5,9
SO3 2,3
Resíduos insolúveis 14,2
Fonte: Adaptado do Fabricante (2020).

Tabela 18 - Características físicas do CP II-Z utilizado

Característica Resultado
Resistência à compressão aos 3 dias
27,4
(MPa)
Resistência à compressão aos 7 dias
31,3
(MPa)
Resistência à compressão aos 28 dias
37,5
(MPa)
Massa específica (g/cm³) 3,00
Fonte: Adaptado do Fabricante (2020).

Além da caracterização deste cimento utilizado no chapisco através de suas


propriedades químicas e físicas disponibilizadas pelo fabricante, foram realizados os
seguintes ensaios em laboratório, apresentados pela Tabela 19.

Tabela 19 - Caracterização do cimento Portland CP II-Z Votorantim

Característica Metodologia Resultado


Massa específica (g/cm³) NBR 16605 (ABNT, 2017) 2,94
Índice de finura (%) NBR 11579 (ABNT, 2012) 1,20
Fonte: O Autor (2020).
52

3.2.3 Água

A água utilizada na produção do chapisco 1:3, assim como a utilização na


relação de água adicionada na mistura com a argamassa pronta industrializada,
seguiu a relação das recomendações do fabricante da argamassa e foi fornecida
através do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (SAMAE), responsável pelo
tratamento e abastecimento público de água na cidade de Caxias do Sul (RS).

3.2.4 Substrato

O substrato utilizado para os experimentos é composto por blocos estruturais


cerâmicos, que apresentam características muito importantes: precisão dimensional
de 14 x 19 x 29 cm (largura, altura e comprimento) e boa resistência mecânica à
compressão, adquiridos do fornecedor normatizado Pauluzzi Blocos Cerâmicos,
fabricados em Sapucaia do Sul (RS). As propriedades destes blocos estruturais
cerâmicos adquiridos, que foram fornecidas pelo seu fabricante, estão apresentadas
pela Tabela 20.

Tabela 20 - Propriedades do bloco estrutural cerâmico Pauluzzi

Característica Resultado
Resistência à compressão (MPa) 7
Resistência do prisma com argamassa
3,5
de 4 MPa (MPa)
Absorção de água (%) 8 a 22
Área líquida/bruta 0,41
Peso do bloco (kg) 6,30
Fonte: Adaptado do Fabricante (2020).

3.2.5 Fibras

As fibras de polipropileno utilizadas foram adquiridas do fabricante FibroMac na


cidade de Jundiaí (SP) e são compostas por filamentos extremamente finos,
produzidos através de processo de extrusão. A utilização destas fibras é indicada pelo
53

fabricante para concretos e argamassas, com o objetivo de redução do índice de


fissuras, da exsudação e da segregação, além da melhoria do desempenho quanto
ao desgaste, ao impacto e ao fogo. A recomendação de uso das fibras para melhoria
da resistência ao fogo, conforme o fabricante, se deve à fundição dessas fibras, sob
temperaturas superiores a 160 °C, criarem microcanais que aliviam a pressão gerada
pelos vapores d’água causadores do fenômeno de fragmentação explosiva,
aumentando o tempo de degradação das estruturas em caso de incêndios. As
propriedades físicas e mecânicas das fibras de polipropileno utilizadas estão
apresentadas pela Tabela 21.

Tabela 21 - Propriedades das fibras de polipropileno FibroMac utilizadas

Característica Resultado
Comprimento (mm) 6
Diâmetro (µm) 18
Alongamento (%) 80
Massa específica (g/cm³) 0,91
Temperatura de fusão (°C) 160
Temperatura de ignição (°C) 365
Resistência à tração (MPa) 300
Quantidade (fibras/kg) 720 000 000
Área superficial específica (m²/kg) 244
Fonte: Adaptado do Fabricante (2020).

As fibras de sisal utilizadas foram adquiridas no mercado da construção civil da


cidade de Caxias do Sul (RS) no formato de cordas de sisal, na qual as fibras
recebidas encontram-se entrelaçadas e com um comprimento elevado. Com isso, as
fibras foram em seguida penteadas e cortadas em tiras de 20 mm de comprimento,
conforme a Figura 12, as quais Dias, Paiva e Vieira (2010) obtiveram resultados muito
satisfatórios em argamassas de revestimento.
54

Figura 12 - Fibras de sisal cortadas em tiras de 20 mm

Fonte: O Autor (2020).

3.3 ARGAMASSAS

As argamassas desenvolvidas na pesquisa realizada no Laboratório de


Tecnologia Construtiva (LBTEC) da Universidade de Caxias do Sul (UCS), através
dos materiais disponíveis no mercado da construção civil na região de Caxias do Sul
(RS) e caracterizadas no Laboratório de Materiais de Construção da UCS, foram
ensaiadas em seu estado fresco e estado endurecido. As argamassas de referência
e com fibras híbridas foram ensaiadas para todos métodos de ensaio deste estudo,
enquanto para o chapisco obteve-se as caracterizações através do ensaio de índice
de consistência no estado fresco e de resistência à compressão e de resistência à
tração na flexão no estado endurecido. Os produtos elaborados foram divididos em
duas categorias: chapisco e argamassa pronta industrializada.

3.3.1 Chapisco

O chapisco composto pelo aglomerante e pelo agregado miúdo adquiridos, foi


produzido através do traço realizado em volume (1:3) para o cimento e a areia grossa,
com a relação a/c (água/cimento) testada até a verificação da trabalhabilidade
necessária para a aplicação do chapisco nos blocos estruturais cerâmicos, sendo a
consistência inicialmente padronizada pela relação a/c de 1:1. No estado fresco, a
caracterização foi realizada pelo ensaio de índice de consistência, e no estado
55

endurecido pelos ensaios de resistência à compressão e de resistência à tração na


flexão. A Tabela 22 apresenta os ensaios realizados no chapisco.

Tabela 22 - Caracterização do chapisco

Caracterização Metodologia
Índice de consistência NBR 13276 (ABNT, 2016)
Resistência à compressão NBR 13279 (ABNT, 2005)
Resistência à tração na flexão NBR 13279 (ABNT, 2005)
Fonte: O Autor (2020).

Os ensaios realizados para o chapisco, produto caracterizado pela necessidade


de ter maior fluidez que as argamassas, devido à propriedade facilitar sua aplicação
e melhorar a aderência do revestimento, obtiveram resultados de espalhamento
maiores que os obtidos para as argamassas com e sem fibras, conforme apresentado
pela Tabela 23.

Tabela 23 - Índice de consistência do chapisco utilizado

Produto Característica Resultado


Chapisco Índice de consistência (mm) 340
Fonte: O Autor (2020).

Os ensaios de resistência à compressão e de resistência à tração na flexão


realizados para o chapisco indicaram que não houve alteração nos resultados deste
trabalho causado pelo chapisco, em relação aos ensaios de resistências à
compressão realizados nos prismas de alvenaria, visto que o chapisco apresentou
resistência à compressão superior às argamassas utilizadas no assentamento e no
revestimento dos blocos estruturais cerâmicos, conforme apresentado pela Tabela 24.

Tabela 24 - Resultados dos ensaios realizados no chapisco

Característica Resultados
Resistência à compressão (MPa) 7,26
Resistência à tração na flexão (MPa) 2,27
Fonte: O Autor (2020).
56

3.3.2 Argamassa pronta industrializada

A argamassa pronta industrializada adquirida para a produção da argamassa


de referência do estudo, utilizada no assentamento e no revestimento dos blocos
estruturais cerâmicos, consiste em uma argamassa fabricada em sacos de 20 kg,
recomendada para a aplicação no assentamento de blocos e no revestimento de
paredes internas e externas. A argamassa possui a especificação pela fabricante
Votorantim, de uso geral para o assentar e revestir blocos cerâmicos e de concreto,
com possibilidade de aplicação em alvenaria estrutural, desde que a caracterização
prévia dos materiais e da alvenaria atenda às exigências das normativas previstas
para as construções em alvenaria estrutural. A Tabela 25 apresenta as características
de desempenho obtidos pela fabricante Votorantim, com a especificação de
resultados de lote de Esteio (RS) da argamassa.

Tabela 25 - Caracterização técnica da argamassa pronta industrializada

Características Metodologias Resultados


Resistência à compressão
NBR 13279 (ABNT, 2005) 5,5 até 9,0
(MPa)
Densidade de massa
aparente no estado NBR 13280 (ABNT, 2005) 1400 até 1800
endurecido (kg/m³)
Resistência à tração na
NBR 13279 (ABNT, 2005) 1,5 até 2,7
flexão (MPa)
Coeficiente de capilaridade
NBR 15259 (ABNT, 2005) 3,0 até 7,0
(g/dm².min½)
Densidade de massa no
NBR 13278 (ABNT, 2005) 1600 até 2000
estado fresco (kg/m³)
Retenção de água (%) NBR 13277 (ABNT, 2005) 72 até 85
Resistência potencial de
NBR 15258 (ABNT, 2005) ≥ 0,30
aderência à tração (MPa)
Resistência de aderência à Revestimento com
NBR 13528 (ABNT, 2010)
tração (MPa) chapisco ≥ 0,30
Fonte: Adaptado do Fabricante (2020).
57

A caracterização da argamassa pronta industrializada, em relação à sua


propriedade física de massa específica, necessária aos cálculos de teores de ar
incorporado das argamassas, foi realizada conforme a Tabela 26.

Tabela 26 - Caracterização da argamassa pronta industrializada

Característica Metodologia Resultado


Massa específica (g/cm³) NBR NM 23 (ABNT, 2001) 2,72
Fonte: O Autor (2020).

A argamassa pronta industrializada teve sua caracterização no estado fresco e


no estado endurecido, através das normativas apresentadas, respectivamente, pelas
Tabelas 27 e 28. Entretanto, o estudo fora realizado tanto para a argamassa pronta
industrializada - utilizada como argamassa de referência na comparação dos
resultados obtidos - quanto para a argamassa com adição de fibras híbridas.

Tabela 27 - Caracterização das argamassas no estado fresco

Característica Metodologia
Índice de consistência NBR 13276 (ABNT, 2016)
Densidade de massa NBR 13278 (ABNT, 2005)
Teor de ar incorporado NBR 13278 (ABNT, 2005)
Fonte: O Autor (2020).

Tabela 28 - Caracterização das argamassas no estado endurecido

Característica Metodologia
Absorção de água por capilaridade NBR 15259 (ABNT, 2005)
Resistência à compressão NBR 13279 (ABNT, 2005)
Resistência à tração na flexão NBR 13279 (ABNT, 2005)
Resistência ao fogo NBR 5628 (ABNT, 2001)
Fonte: O Autor (2020).
58

3.4 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos utilizados na pesquisa realizada em laboratório tratam-se,


especificamente, de um forno elétrico para o ensaio de resistência ao fogo dos prismas
de alvenaria e argamassas e alguns termopares para coleta das temperaturas nas
amostras durante o ensaio de isolamento térmico e estanqueidade.

3.4.1 Forno

O forno utilizado no ensaio de resistência ao fogo foi um forno elétrico da marca


Brasimet, do tipo KOE 40/25/65, com tensão de 380 V, frequência da corrente de
aquecimento de 60 Hz, com potência de 18 kW e temperatura máxima de 1000 °C. O
forno elétrico da Brasimet possui um bocal retangular de 43 cm de largura por 25 cm
de altura, totalizando uma área total de 1.075,00 cm².

3.4.2 Termopares

Os termopares utilizadas foram os do tipo K, utilizados para a medição


temperaturas de até 1372 °C, conforme seu fabricante Minipa, e foram posicionados
na face do prisma de alvenaria não exposta ao fogo, conforme preconiza a distribuição
normativa de medidores de temperaturas, prevista pelas NBR 5628 (ABNT, 2001) e
NBR 10636 (ABNT, 1989), sendo distribuídos nos blocos estruturais e na argamassa,
além da face exposta ao fogo, validando as temperaturas indicadas pelo forno,
conforme a Figura 13.
59

Figura 13 - Medição de temperaturas dos prismas por termopares

Fonte: O Autor (2020).

3.5 MÉTODOS DE ENSAIO

O presente estudo teve a realização de ensaios das propriedades das


argamassas - com e sem fibras híbridas de polipropileno e de sisal - no estado fresco,
como densidade de massa, teor de ar incorporado e índice de consistência, e no
estado endurecido, como absorção de água por capilaridade, resistência à
compressão, resistência à tração na flexão e resistência ao fogo. Os corpos de prova
do chapisco utilizado foram ensaiados quanto às resistências à compressão e à tração
na flexão no estado endurecido e quanto ao índice de consistência no estado fresco.
O conjunto de prismas compostos pelos blocos estruturais cerâmicos e as
argamassas foi avaliado quanto ao ensaio de resistência ao fogo, no qual foram
verificados o isolamento térmico, a estanqueidade, a incidência de fissuração e a
resistência residual à compressão.
60

3.5.1 Argamassas no estado fresco

Os ensaios de caracterização das argamassas de referência, argamassa com


fibras híbridas e do chapisco utilizado na preparação da base do revestimento foram
realizados através do índice de consistência para todas as composições, enquanto as
argamassas de referência e com fibras híbridas também foram ensaiadas quanto à
densidade de massa e ao teor de ar incorporado.

3.5.1.1 Ensaio de índice de consistência

Os ensaios de índice de consistência foram realizados de acordo com a NBR


13276 (ABNT, 2016) para a argamassa de referência, utilizada também no
assentamento dos blocos estruturais, para a argamassa com a incorporação de fibras
híbridas e para o chapisco utilizado na preparação do revestimento. O cálculo previsto
para o índice de consistência das composições corresponde à média de seguidas
medições de diâmetro do espalhamento.

3.5.1.2 Ensaio de densidade de massa e de teor de ar incorporado

Os ensaios de densidade de massa e de teor de ar incorporado seguiram o


previsto pela NBR 13278 (ABNT, 2005) para as argamassas de referência e para as
argamassas com adição de fibras de polipropileno e de sisal, com amostras moldadas
em recipiente cilíndrico.

3.5.2 Argamassas no estado endurecido

Os ensaios no estado endurecido para caracterização das argamassas de


referência e com fibras híbridas, além do chapisco utilizado no revestimento dos
blocos estruturais cerâmicos, foram realizados através do ensaio de resistência à
compressão e de resistência à tração na flexão para todas as três composições,
todavia as argamassas de referência e com fibras híbridas foram testadas também
quanto à absorção de água por capilaridade.
61

3.5.2.1 Ensaio de absorção de água por capilaridade

Os ensaios para a determinação da absorção de água por capilaridade foram


realizados para a argamassa pronta industrializada com e sem a incorporação de
fibras híbridas, de acordo com as diretrizes contidas na NBR 15259 (ABNT, 2005),
com a moldagem de corpos de prova prismáticos. As duas argamassas foram
ensaiadas quanto à absorção de água por capilaridade aos 28 dias.

3.5.2.2 Ensaio de resistência à compressão e resistência à tração na flexão

Os ensaios de resistência à compressão e de resistência à tração na flexão


foram efetuados conforme com o previsto pela NBR 13279 (ABNT, 2005),
considerando o ensaio de corpos de prova prismáticos ensaiados na idade de 28 dias,
com a utilização de moldes prismáticos de argamassa com e sem a adição de fibras
híbridas e de chapisco.

3.5.2.3 Ensaio de resistência ao fogo

As argamassas com e sem incorporação de fibras foram ensaiadas à


compressão e à tração na flexão também após serem submetidas às elevadas
temperaturas do forno elétrico, no ensaio de resistência ao fogo. A realização do
ensaio de resistência ao fogo das argamassas ocorreu através do posicionamento dos
corpos de prova, com e sem incorporação de fibras de polipropileno e sisal, na parte
interna do forno elétrico utilizado para o ensaio de resistência ao fogo dos prismas de
alvenaria. Com isso, os prismas atuaram de modo a promover um isolamento do bocal
do forno, fazendo que as amostras de argamassa permanecessem, durante os 390
minutos de duração do ensaio, confinadas internamente no forno elétrico, sob
temperaturas máximas de 1000 °C.

3.5.3 Prismas de alvenaria

Os prismas de alvenaria tiveram sua resistência ao fogo ensaiada através da


utilização de blocos estruturais cerâmicos, assentados com argamassa pronta
62

industrializada com 10 mm de espessura. As amostras foram ensaiadas no forno


elétrico, com e sem a aplicação de revestimento nos blocos estruturais, nos quais foi
aplicado o chapisco na espessura de 5 mm, e posteriormente, o revestimento
executado na espessura de 15 mm com as argamassas com e sem fibras híbridas.
Os prismas sem revestimento tiveram o tempo de cura de 28 dias, a partir do
assentamento dos blocos estruturais cerâmicos. Enquanto isso, os prismas com
revestimento tiveram seu tempo de cura sendo de sete dias após o assentamento dos
blocos estruturais, três dias após a aplicação do chapisco e mais 28 dias após
realização do revestimento.

3.5.3.1 Ensaio de resistência ao fogo

O ensaio de resistência ao fogo realizado, apesar de algumas limitações,


seguiu o ensaio previsto pelo NBR 5628 (ABNT, 2001), visando um impacto de mesma
intensidade nas estruturas, em relação a curva temperatura x tempo prevista pelas
NBR 5628 (ABNT, 2001) e NBR 10636 (ABNT, 1989), ocorrendo através do forno
elétrico do laboratório aquecido à elevadas temperaturas.
A Figura 14 apresenta os ensaios de resistência ao fogo realizados para os
prismas de alvenaria com revestimento, aplicado com e sem a presença de fibras
híbridas nas argamassas, enquanto a Figura 15 apresenta os ensaios de resistência
ao fogo realizados para os prismas de alvenaria sem revestimento, nos quais os
prismas de alvenaria foram nivelados em relação ao bocal do forno através de um
bloco de concreto e calços de madeira, e em seguida, foram isolados lateralmente por
mantas de lã de rocha e por prismas de concreto e na face superior por tijolos maciços
e pelas mantas de lã de rocha, o que se fez necessário devido à necessidade de
preenchimento total do bocal do forno pelas amostras, evitando perdas de calor, e
também para o confinamento do ar no interior dos blocos estruturais, o que traz maior
proximidade com o real efeito do calor na estrutura.
63

Figura 14 - Ensaio de resistência ao fogo com revestimento com e sem fibras

Fonte: O Autor (2020).

Figura 15 - Ensaio de resistência ao fogo sem revestimento

Fonte: O Autor (2020).


64

Os ensaios de resistência ao fogo tiveram seu tempo de exposição ao calor do


forno pelos elementos estruturais, através do contato dos prismas de alvenaria
durante o período total de aproximadamente 390 minutos, sendo em média 90 minutos
para o aquecimento do forno até a temperatura máxima de 1000 °C, 240 minutos de
exposição sob esta temperatura máxima de 1000 °C e, por fim, 60 minutos após o
desligamento do forno elétrico.
A Figura 16 representa o momento do desligamento do forno, no qual foram
retirados os tijolos maciços e as mantas de isolamento térmico, constituídas de lã de
rocha, e foram afastados os elementos de concreto posicionados nas laterais dos
prismas de alvenaria, assim como as próprias amostras foram parcialmente afastadas
do bocal do forno. O procedimento de desligamento do forno elétrico ocorreu desta
maneira para evitar que houvessem queimas nas resistências elétricas do forno,
ocorridas diante do choque térmico causado pelo alto gradiente de temperatura entre
o ambiente e o interior do equipamento, o que acontece quando expõe-se o interior
do forno, diretamente ao ambiente, no momento que o interior do forno elétrico ainda
mantém-se sob temperaturas próximas de 1000 °C, justificando a necessidade desse
resfriamento parcial de 60 minutos.

Figura 16 - Momento do desligamento do forno elétrico

Fonte: O Autor (2020).


65

Após a exposição ao calor do forno elétrico, os elementos estruturais, ainda


bastante quentes, foram possíveis de serem manuseados para a realização de seu
resfriamento repentino. Para isso, com a intenção de simular ao máximo uma situação
real de incêndio nas edificações, o resfriamento foi realizado por meio de jateamento
de água, análogo ao ocorrido nos combates a incêndio pelas equipes de bombeiros,
quando ocorre um choque térmico na estrutura. O resfriamento ocorreu através do
posicionamento do jato de água proveniente de uma mangueira de jardim nas quatro
faces dos prismas de alvenaria, somente durante o tempo necessário para ter
molhado completamente toda área superficial dos prismas, diminuindo sua
temperatura severamente em poucos segundos, causando um choque térmico nas
amostras com a visível evaporação instantânea de grande parte da água utilizada no
resfriamento por jateamento.

3.5.3.2 Ensaio de resistência à compressão

O ensaio de resistência à compressão dos prismas de alvenaria ocorreu após


o capeamento das superfícies de todos os blocos estruturais cerâmicos com fina pasta
de cimento, para que não houvessem cargas pontuais em possíveis irregularidades
nas superfícies, que pudessem interferir nos resultados dos ensaios de resistência à
compressão. Os ensaios foram realizados com os prismas de alvenaria em
temperatura ambiente e também após os ensaios de resistência ao fogo, a fim de
obter as resistências residuais à compressão diante das elevadas temperaturas. Além
dos ensaios de resistência à compressão, após o contato das amostras com o forno
elétrico e o seu resfriamento abrupto, os ensaios de resistência ao fogo contemplaram
também os ensaios de incidência de fissuração, enquanto no decorrer do ensaio de
resistência ao fogo os ensaios contemplados foram os ensaios de estanqueidade e
de isolamento térmico.

3.5.3.3 Ensaio de incidência de fissuração

O ensaio de incidência de fissuração das amostras utilizou o método de ensaio


preconizado por Silva e Bauer (2009), na qual consiste em marcar, com caneta ou
tinta, o contorno de todo o comprimento das fissuras surgidas após o ensaio de
66

resistência ao fogo, para posterior medição de todos os comprimentos das fissuras. O


comprimento total das fissuras de cada uma das amostras foi determinado, conforme
ilustra a Figura 17, e dividido pela sua área superficial, obtendo-se um índice em
metros lineares de fissuras por metro quadrado de área (m/m²).

Figura 17 - Ensaio de incidência de fissuração

Fonte: O Autor (2020).

3.5.3.4 Ensaio de estanqueidade

O ensaio realizado nas amostras de prismas de alvenaria quanto à


estanqueidade do conjunto seguiu os parâmetros previstos pelas NBR 5628 (ABNT,
2001) e NBR 10636 (ABNT, 1989), em relação à verificação da passagem de gases
quentes e chamas através dos elementos. Entretanto, a verificação da estanqueidade
diverge da normativa quanto à curva de aquecimento (temperatura x tempo), visto que
o forno elétrico utilizado não segue o abrupto aumento de temperatura no início do
ensaio ao fogo, preconizado pelas NBR 5628 (ABNT, 2001) e NBR 10636 (ABNT,
1989), e além disso, diverge quanto à aplicação de cargas de mesma natureza dos
carregamentos existentes nas alvenarias estruturais, visto que as amostras de
pequenas dimensões não suportariam a aplicação de esforços compatíveis aos
atuantes em um elemento em alvenaria estrutural.
67

A Figura 18 apresenta o procedimento de verificação da estanqueidade à


passagem de calor e gases quentes ao lado externo das amostras, através da
aproximação de chumaço de algodão, testando a inflamabilidade do conjunto.

Figura 18 - Ensaio de estanqueidade

Fonte: O Autor (2020).

3.5.3.5 Ensaio de isolamento térmico

O ensaio de isolamento térmico seguiu o previsto pelas NBR 5628 (ABNT,


2001) e NBR 10636 (ABNT, 1989), em relação ao monitoramento das temperaturas
na face não exposta ao calor, na qual são consideradas amostras que mantiveram o
isolamento térmico aquelas que durante o ensaio não apresentaram medição de
temperatura média, na face não exposta, superior a 140 °C, ou em qualquer ponto
superior a 180 °C, em relação à temperatura ambiente inicial. Em contrapartida, não
houve a aplicação de carga de mesma natureza aos carregamentos existentes na
alvenaria estrutural, devido às amostras de pequenas dimensões, e também não foi
seguida a curva de aquecimento (temperatura x tempo) prevista pelas normas, devido
68

ao forno elétrico utilizado. Os termopares utilizados nas aferições das temperaturas,


durante o ensaio de resistência ao fogo realizado, foram devidamente fixados nos
prismas de alvenaria e revestidos por material isolante.
As temperaturas foram monitoradas por termopares do tipo K, utilizados na
medição de altas temperaturas, através do posicionamento dos medidores de
temperaturas na parede não exposta ao fogo, conforme o previsto pelas NBR 5628
(ABNT, 2001) e NBR 10636 (ABNT, 1989), além da face exposta ao fogo, para
validação das temperaturas indicadas pelo forno, conforme apresenta a Figura 19.

Figura 19 - Ensaio de isolamento térmico

Fonte: O Autor (2020).

3.6 QUANTITATIVO DE ENSAIOS

A quantidade de corpos de prova para os ensaios das argamassas e dos


prismas de alvenaria estão apresentados pelas Tabelas 29 e 30.
69

Tabela 29 – Quantitativo total de ensaios nas argamassas

Argamassa sem Argamassa com


Ensaio realizado
fibras (un.) fibras (un.)

Índice de consistência 3 3

Densidade de massa/teor de ar 3
3
incorporado
Absorção de água por
3 3
capilaridade
Resistência à compressão 6 6
Resistência à tração na flexão 3 3
Resistência ao fogo 4 5
Fonte: O Autor (2020).

Tabela 30 – Quantitativo total de ensaios nos prismas de alvenaria

Prismas Prismas
Prismas sem
Ensaio realizado revestidos sem revestidos com
revestimento (un.)
fibras (un.) fibras (un.)
Resistência ao
2 2 2
fogo
Estanqueidade 2 2 2
Isolamento
2 2 2
térmico
Incidência de
1 2 1
fissuração
Resistência à
2 2 2
compressão
Fonte: O Autor (2020).
70

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo estão apresentados e discutidos os resultados dos ensaios


realizados no estudo proposto para este trabalho. Os resultados dos ensaios foram
divididos em dois momentos, nos quais foram apresentados, primeiramente, os
resultados dos ensaios no estado fresco e endurecido das argamassas com e sem
adição de fibras híbridas de polipropileno e de sisal e, por fim, os resultados do estudo
nos prismas de alvenaria, a respeito dos impactos causados pelo ensaio de resistência
ao fogo nos elementos estruturais revestidos com a argamassa estudada.

4.1 ARGAMASSAS NO ESTADO FRESCO

Os ensaios realizados no estado fresco dos produtos foram realizados para as


argamassas de referência, utilizadas no assentamento de todos os blocos estruturais
e no revestimento dos prismas de referência, e para as argamassas com fibras
híbridas de polipropileno e de sisal, utilizadas no revestimento dos prismas de
alvenaria com fibras. A análise das amostras foi efetuada pelos ensaios de índice de
consistência, densidade de massa e teor de ar incorporado.

4.1.1 Índice de consistência

Os ensaios de índice de consistência foram realizados com a obtenção dos


diâmetros médios de espalhamento das argamassas de referência e com fibras
híbridas. Os resultados de consistência das argamassas de referência e com fibras de
polipropileno e de sisal obtiveram resultados superiores de abatimento para as
argamassas sem fibras, conforme apresentado pela Figura 20. Este comparativo
permitiu a constatação que a incorporação de fibras de polipropileno e de sisal nas
argamassas analisadas reduziu sensivelmente sua consistência e sua
trabalhabilidade, quando comparadas com as argamassas de referência sem fibras.
71

Figura 20 - Índices de consistência

Fonte: O Autor (2020).

Os resultados de índice de consistência das argamassas podem ser justificados


pelos resultados de Oliveira (2001), que averiguou o comportamento do aumento do
teor de fibras poliméricas incorporadas nas argamassas, comprovando que o aumento
do teor de incorporação de fibras poliméricas atua acentuando a coesão da mistura,
através de interações adicionais entre a pasta aglomerante e os agregados utilizados,
reduzindo, desse modo, a trabalhabilidade das argamassas. A perda da consistência
de argamassas com adição de fibras também foi observada por Centofante e
Dagostini (2014) já para as menores quantidades de teores de fibras de polipropileno
que foram adicionadas nas misturas.
A redução da consistência das argamassas com adição de fibras é explicada
por Figueiredo (2011) por dois principais fatores: pela restrição da mobilidade das
partículas do compósito com adição de fibras, dificultando a fluidez da mistura, e pelo
aumento da área superficial, demandando maior quantidade de água para molhagem,
o que aumenta a coesão e diminui a mobilidade do compósito no seu estado fresco.
Fato também observado nos resultados obtidos por Simões et al. (2018), que
verificaram o mesmo impacto nas propriedades físicas de trabalhabilidade das
argamassas com adição de fibras, descrevendo como excessivamente prejudicada a
72

consistência das argamassas com fibras de polipropileno e de vidro, devido ao


aumento da porosidade da mistura ter sido mensurado em praticamente o dobro da
porosidade da argamassa sem incorporação dessas duas fibras.

4.1.2 Densidade de massa e teor de ar incorporado

Os ensaios de densidade de massa e de teor de ar incorporado foram


realizados com a obtenção dos resultados médios para a argamassa de referência e
com fibras híbridas. O comparativo entre as argamassas permitiu a obtenção de
resultados que evidenciaram uma menor densidade de massa e um maior teor de ar
incorporado para as argamassas com fibras, conforme apresentado pelas Figuras 21
e 22.

Figura 21 - Densidades de massa

Fonte: O Autor (2020).


73

Figura 22 - Teores de ar incorporado

Fonte: O Autor (2020).

A queda da densidade de massa e o aumento do teor de ar incorporado das


argamassas com fibras de polipropileno e de sisal no estado fresco revelam que a
utilização de fibras na argamassa ocasionou uma redução no peso das argamassas
e o crescimento de sua porosidade. Simões et al. (2018) salientam que a porosidade
e a densidade das argamassas com fibras têm função significativa na sua
trabalhabilidade, constatando que, quando são incrementadas nas argamassas, as
fibras originaram um aumento de porosidade da mistura observada.
O comportamento averiguado nas amostras de argamassas com fibras, em
relação à densidade de massa e ao teor de ar incorporado, pode ser justificado pelas
considerações de Siqueira (2006), nas quais o autor descreve como causa do
aumento da porosidade das argamassas com fibras, o aprisionamento de bolhas de
ar entre as cerdas das fibras incorporadas. Conforme o autor, este comportamento,
do aumento do teor de ar incorporado das argamassas, após a adição de fibras,
também se repetiu para argamassas com diferentes tipos de fibras, compostas por
fibras naturais e por fibras sintéticas, apesar da utilização de aditivos plastificantes.
74

4.2 ARGAMASSAS NO ESTADO ENDURECIDO

Os ensaios realizados no estado endurecido dos produtos deste trabalho foram


realizados para as argamassas de referência, utilizadas no assentamento de todos os
blocos estruturais e no revestimento dos prismas de referência, e para as argamassas
com fibras híbridas, utilizadas no revestimento dos prismas de alvenaria com fibras.
Esses ensaios no estado endurecido dos produtos foram realizados após o tempo de
cura de 28 dias das amostras com e sem fibras incorporadas. A observação do
desempenho das amostras foi realizada através dos ensaios de resistência à
compressão, resistência à tração na flexão, absorção de água por capilaridade e
resistência ao fogo, visando a comparação entre a argamassa de referência e a
argamassa com incorporação de fibras híbridas de polipropileno e de sisal.

4.2.1 Absorção de água por capilaridade

Os ensaios de absorção de água por capilaridade foram realizados com a


obtenção das absorções de água por capilaridade das argamassas de referências e
com fibras híbridas, na qual os resultados de absorção capilar foram coletados aos 10
minutos (t10) e aos 90 minutos após o início dos experimentos (t90), conforme
apresentado na Figura 23, obtendo-se um coeficiente de capilaridade para cada uma
das amostras. A confrontação dos resultados trouxe a apuração de maiores absorções
de água por capilaridade causadas pelas incorporações de fibras híbridas de
polipropileno e de sisal nas argamassas, constatadas já nos primeiros 10 minutos de
ensaio e permanecendo com comportamento equivalente aos 90 minutos, o que
resultou em um maior coeficiente de capilaridade por parte das argamassas com
fibras, em relação às argamassas de referência sem utilização de incorporações
fibrosas na mistura, conforme Figura 24.
75

Figura 23 - Absorções de água por capilaridade

Fonte: O Autor (2020).

Figura 24 - Coeficientes de capilaridade

Fonte: O Autor (2020).


76

O comportamento observado de maior absorção de água por capilaridade nas


amostras com utilização de fibras de polipropileno e de sisal pode ser explicado pelos
resultados de Izquierdo (2001), nos quais o autor comprova que a adição de fibras de
sisal em compósitos cimentícios apresenta maior absorção de água, diante da maior
ocorrência de poros permeáveis nestes compósitos. Contudo, Lima (2004) destaca
que embora a adição de fibras de sisal aumente o índice de vazios das misturas, a
atuação das fibras acarreta em uma redução do tamanho de cada um dos poros
existentes.
Nesse contexto, apesar dessa tendência de poros menores constatado por
Lima (2004), a explanação de Izquierdo (2011), em relação às características físicas
das fibras naturais, consta que as fibras de sisal apresentam baixa massa específica
e elevada absorção de água, causadas pela permeabilidade derivada da alta
porosidade dessas fibras. Da mesma forma, os resultados observados por Savastano
Júnior (1998) revelam que, em consequência da estrutura das fibras naturais, visto
que possuem propriedades hidrofílicas, as mesmas possuem alta capacidade de
absorção de água, além da elevada propensão de haver seu inchamento nessas
condições.
Diante disso, além do tratamento realizado neste trabalho para as fibras
naturais de sisal preconizado por Beltrami, Scienza e Zattera (2014), a fim de as
proteger da ação dos álcalis do cimento, as fibras naturais podem ser submetidas a
tratamentos impermeabilizantes previstos por Toledo Filho et al. (1990), através da
utilização de produtos líquidos impermeabilizantes, nos quais as fibras naturais são
imersas. Conforme Toledo Filho et al. (1990), esse mesmo efeito impermeabilizante
pode ser adquirido às fibras naturais sob aplicação de outros tratamentos à base de
óleos minerais, também resultando na diminuição das elevadas absorções de água,
causadas pela incorporação dessas fibras nas misturas. Dessa forma, as alterações
causadas pela incorporação de fibras na absorção de água por capilaridade dessas
argamassas podem ser minimizadas, se houver algum tratamento nas fibras naturais
complementar ao tratamento utilizado neste trabalho, a fim de diminuir essa maior
absorção de água por capilaridade observada, causada pelas fibras naturais.
Em contrapartida, quanto às fibras de polipropileno incorporadas na
hibridização de fibras proposta neste trabalho, para Centofante e Dagostini (2014) a
adição de fibras de polipropileno ajuda a diminuir os valores de absorção de água,
77

visto que possuem propriedades hidrofóbicas, pois reduz a absorção de água por
capilaridade à medida que se aumenta o teor de fibras de polipropileno dos
compósitos. Desse modo, as fibras de polipropileno podem não ter influenciado a
absorção de água por capilaridade, sendo essas propriedades afetadas com mais
intensidade pela adição de fibras naturais. Centofante e Dagostini (2014) comentam
que a incorporação de fibras de polipropileno acarreta na diminuição dos poros das
argamassas, tornando-se mais impermeável.
Por outro lado, Regattieri et al. (1996) constataram que as fibras de
polipropileno, em concretos com 7 dias, promovem o aumento da absorção por
capilaridade para todas as relações água/cimento variando entre 0,40 e 0,50 e, em
concretos com 28 dias, promovem o mesmo aumento de absorção de água por
capilaridade para as relações água/cimento iguais a 0,40 e 0,45. Regattieri et al.
(1996) relatam, ainda, que as fibras de polipropileno causam uma absorção de água
por capilaridade superior às argamassas analisadas com incorporação de fibras de
aço, entre os teores de relação água/cimento de 0,45 e 0,50.
Com isso, as argamassas com fibras tiveram a maximização da absorção por
capilaridade causada pelas características das fibras naturais de sisal utilizadas na
hibridização de fibras analisada, mas, possivelmente, também causaram impactos
nessas propriedades das argamassas a incorporação de fibras de polipropileno,
mesmo que em menor intensidade que as fibras naturais de sisal. Além disso,
sabendo-se que o coeficiente de capilaridade dado pelo fabricante dessa argamassa
varia entre 3,0 e 7,0 g/dm².min1/2, o coeficiente de capilaridade das argamassas de
referência encontra-se dentro do intervalo indicado nas propriedades do produto, com
o valor obtido de 6,037 g/dm².min1/2, enquanto os resultados médios obtidos para as
argamassas com incorporação de fibras de polipropileno e de sisal demonstraram um
coeficiente de capilaridade superior ao limite máximo do intervalo indicado pelo
fabricante, visto que foi obtido um coeficiente de capilaridade de 7,41 g/dm².min 1/2,
evidenciando que a adição de fibras modificou as propriedades características das
argamassas, devido à utilização de fibras naturais de sisal e de fibras sintéticas de
polipropileno.
Nesse contexto, Lima (2004) ressalta que, devido à alta absorção de água das
fibras de sisal, uma das grandes preocupações de sua aplicação nos compósitos está
relacionada à durabilidade. O autor exemplifica tal preocupação através de placas
78

fabricadas com matriz de cimento e reforçadas com fibras de sisal que apresentaram
perda de resistência e de rigidez com o tempo, devido à fragilização e perda de
ductilidade após seis meses de exposição em clima tropical. Conforme Lima (2004),
esses problemas de durabilidade estão associados à deterioração e enfraquecimento
das fibras de sisal, causados por uma combinação de diversos fenômenos, como o
ataque alcalino da fibra, mineralização da fibra devido à migração de produtos de
hidratação do cimento para seu interior e a variação volumétrica da fibra devido à alta
absorção de água, enfatizando que o aumento de durabilidade dos compósitos é
possível através da impermeabilização superficial da fibra. Desse modo, torna-se
evidente a importância de tratamentos impermeabilizantes para as fibras de sisal que
são incorporadas em matrizes cimentícias, a fim de diminuir a absorção capilar
observada neste trabalho.

4.2.2 Resistência à compressão e resistência à tração na flexão

Os ensaios de resistência à compressão e resistência à tração na flexão foram


realizados com a obtenção de resultados para as argamassas de referência e com
fibras híbridas. As resistências constatadas para cada uma das argamassas, com e
sem uso de fibras, demonstrou que a incorporação de fibras, através da hibridização
realizada pelas fibras de polipropileno e pelas fibras de sisal, diminuiu a resistência
média à compressão das argamassas, conforme apresentado pela Figura 25.
Entretanto, as resistências à tração na flexão das argamassas com fibras foram
maximizadas, em relação aos resultados médios das argamassas sem fibras, como
pode ser visto na Figura 26.
79

Figura 25 - Resistências à compressão

Fonte: O Autor (2020).

Figura 26 - Resistências à tração na flexão

Fonte: O Autor (2020).


80

A Tabela 31 apresenta os resultados obtidos nos ensaios de compressão das


amostras prismáticas de argamassa com e sem fibras híbridas de polipropileno e de
sisal, enquanto a Tabela 32 apresenta os resultados adquiridos nos ensaios de
resistência à tração. Os resultados médios de resistência foram utilizados para
obtenção do desvio padrão e do coeficiente de variação das amostras ensaiadas.

Tabela 31 - Resultados do ensaio de resistência à compressão

Resistência Desvio Coeficiente de


Tipo de argamassa
média (MPa) padrão variação (%)
Argamassa com fibras 4,09 0,49 11,94
Argamassa de referência 4,21 0,69 16,29
Fonte: O Autor (2020).

Tabela 32 - Resultados do ensaio de resistência à tração na flexão

Resistência Desvio Coeficiente de


Tipo de argamassa
média (MPa) padrão variação (%)
Argamassa com fibras 2,30 0,11 4,66
Argamassa de referência 2,23 0,24 10,84
Fonte: O Autor (2020).

O comportamento observado de aumento das resistências à tração na flexão


das argamassas com fibras pode se justificar pelos resultados obtidos por Lima
(2004), na qual verificou-se que, mesmo utilizando fibras vegetais de sisal com baixo
módulo de elasticidade e baixa aderência entre fibra e matriz, foi possível a obtenção
de compósitos com resistências à tração e à flexão superiores, validando, assim, o
modelo proposto a ser utilizado no dimensionamento de vigas reforçadas com fibras
de sisal. Por sua vez, os resultados de Oliveira (2001) apontam que as fibras de
polipropileno não são as responsáveis por este aumento de resistência à tração na
flexão, visto que quando adicionadas nos compósitos chegaram a reduzir
consideravelmente esta propriedade, possivelmente, segundo o autor, devido à
adição de fibras de polipropileno causar elevada incorporação de ar, promovendo uma
quantidade superior de vazios nas argamassas, e consequentemente, a diminuição
da resistência. Apesar disso, Oliveira (2001) salienta que as fibras de polipropileno
81

atuaram favoravelmente na forma de ruptura das argamassas, apresentando uma


pequena deformação plástica. Nesse contexto, em relação à ruptura das amostras de
argamassa, após os ensaios de resistência à tração na flexão, houve a constatação
da presença das fibras nas faces rompidas, conforme apresentadas na Figura 27, o
que pode ter contribuído para os ganhos de resistência à tração na flexão das
argamassas com fibras, em comparação às amostras de argamassa de referência,
representadas pela Figura 28.

Figura 27 - Ruptura da argamassa com fibras

Fonte: O Autor (2020).

Figura 28 - Ruptura da argamassa de referência

Fonte: O Autor (2020).


82

O desempenho das argamassas em relação às resistências à compressão, que


apresentaram perdas após a incorporação de fibras híbridas de polipropileno e de
sisal, podem ser explicadas pelos resultados de Kesikidou e Stefanidou (2019), nos
quais a utilização de fibras naturais similares ao sisal, como as de juta, coco e algas
marinhas, apresentaram, em argamassas de cimento, diminuição das resistências sob
compressão de até 15%. Dessa forma, o autor salienta que as fibras ricas em celulose
reduzem a resistência à compressão das argamassas de cimento, tornando a
utilização dessas fibras naturais, além das razões econômicas e ecológicas, restrita
aos benefícios em propriedades básicas como a flexão.
Os resultados podem ser justificados, da mesma forma, pelas constatações de Christ
(2014), nas quais a resistência à compressão dos elementos sem adição de fibras
apresentou resistência superior às amostras com qualquer uma das adições de fibras
ensaiadas, inclusive pelo processo de hibridização de fibras de polipropileno e de aço.
Para a adição somente de fibras de polipropileno, Christ (2014) evidencia que em seu
estudo as resistências à compressão diminuíram em aproximadamente 28%,
tornando, com isso, as fibras de polipropileno incorporadas nas argamassas deste
trabalho, possivelmente, as principais responsáveis pelo decréscimo das resistências
à compressão das argamassas com fibras de polipropileno e de sisal. Christ (2014)
salienta também que a hibridização de metade dessas fibras de polipropileno com
outra metade de fibras de aço, acarretou no aumento das resistências à tração na
flexão em aproximadamente 87%, em relação à incorporação somente de fibras de
polipropileno, constatando-se que a hibridização de fibras é um fator determinante na
resistência à tração na flexão, podendo, dessa forma, ter sido o efeito da hibridização
de fibras de polipropileno e de sisal a justificativa para a ligeira melhora das
resistências à tração na flexão observadas nas argamassas com fibras deste trabalho.
Todavia, para Banthia e Nandakumar (2003), as fibras poliméricas em
concretos e argamassas possuem a finalidade de diminuir a retração e o surgimento
de microfissuras, e não necessariamente melhorar as propriedades mecânicas destes
compósitos.
83

4.2.3 Resistência ao fogo

Os ensaios de resistência ao fogo foram realizados, nos quais amostras


somente das argamassas, com e sem fibras híbridas, foram colocadas em contato
com as elevadas temperaturas do forno elétrico. Desse modo, verificou-se que o
ensaio de resistência ao fogo dos corpos de prova de argamassa com e sem fibras
híbridas de polipropileno e de sisal causou intenso impacto nas resistências residuais
das amostras, após o contato com as altas temperaturas. O comportamento
observado nas argamassas, no ensaio de resistência residual à tração na flexão,
demonstrou que os corpos de prova de argamassa, independentemente da utilização
de fibras, romperam-se à tração na flexão logo que foram manuseados durante a
colocação das amostras entre a prensa e a base reguladora do equipamento utilizado
no ensaio normativo, obtendo-se, portanto, resistências residuais à tração na flexão
iguais a zero, após serem submetidas ao ensaio de resistência ao fogo.
Os resultados podem ser justificados pelas comprovações de Ezziane et al.
(2015), nas quais a reação das argamassas submetidas ao reforço por fibras de
polipropileno proporcionou um aprimoramento das resistências à flexão das
argamassas em temperatura ambiente, assim como ocorrido neste trabalho, porém,
para os autores, houve um aprimoramento das resistências à flexão das argamassas
com fibras somente até atingir as temperaturas de 500 °C, visto que as resistências
residuais nesta temperatura, apresentaram valores de perda de resistências à flexão
superiores a 72% para as argamassas de referência e de até 87% para as argamassas
com fibras de polipropileno, sendo que essas temperaturas se equivalem apenas à
metade das temperaturas máximas de 1000 °C do forno elétrico utilizado neste
trabalho. Essas constatações confirmam os acentuados impactos nas resistências das
argamassas diante de altas temperaturas, que acabaram minorando as resistências à
tração na flexão das argamassas até a perda total de suas resistências, após
transcorridos os 390 minutos de exposição ao forno elétrico, sob temperaturas de até
1000 °C, o que ratifica também a explanação de Rigão (2012), na qual consta que as
argamassas sofrem modificações na sua composição, quando submetidas a
temperaturas entre 900 e 950 °C, através da promoção de propagações das reações
químicas que reduzem as suas resistências.
84

Da mesma forma, Zegarra (2018) analisou as propriedades mecânicas de


amostras de argamassa, quando aquecidas a temperaturas de 900 °C, aferindo que
as argamassas apresentaram expressivas perdas de resistência à tração na flexão de
até 91%, o que atesta as perdas obtidas neste trabalho de 100% das resistências à
tração na flexão sob temperaturas de até 1000 °C, significando uma exposição mais
intensa às elevadas temperaturas quantificada em, pelo menos, 100 °C acima das
temperaturas máximas do ensaio de resistência ao fogo das argamassas no estudo
de Zegarra (2018). Entretanto, Rigão (2012) confirma os resultados do estudo
proposto neste trabalho com fibras de polipropileno e de sisal, visto que o autor,
quando avaliou, sob mesmas temperaturas, amostras de argamassas nas
temperaturas de 400 °C e de 900 °C, obteve resultados que atingiram perdas de
resistência de 56,6% aos 400 °C e perderam totalmente sua resistência sob
temperaturas de 900°C, assim como as argamassas de referência e com fibras
híbridas de polipropileno e de sisal, que não obtiveram resistências residuais à tração
na flexão, após os ensaios de resistências ao fogo sob temperaturas de até 1000 °C.
Além da perda total das resistências à tração na flexão, as resistências à
compressão das amostras de argamassa submetidas às altas temperaturas do forno
elétrico foram extremamente reduzidas, porém, dessa vez, com valores sempre
diferentes de zero, mesmo que muitas vezes bem próximos deste valor. Os resultados
demonstraram que, independente do uso de fibras híbridas, compostas por fibras de
polipropileno e por fibras de sisal, as argamassas acabaram perdendo resistência à
compressão, diante do ensaio de resistência ao fogo, como pode ser observado a
partir dos resultados dos valores médios de resistência residual à compressão das
argamassas com e sem fibras, que evidenciam os impactos do ensaio de resistência
ao fogo, com diminuição das resistências médias iniciais para os valores de
resistências residuais à compressão apresentados na Figura 29.
85

Figura 29 - Resistências à compressão antes e após a exposição ao fogo

Fonte: O Autor (2020).

O comparativo entre os resultados das resistências residuais à compressão das


argamassas ensaiadas evidencia que as fibras de polipropileno e de sisal
incorporadas promoveram uma redução maior das resistências à compressão das
argamassas, após a exposição às elevadas temperaturas do forno elétrico, em
comparação com as amostras de argamassa de referência, conforme pode ser
observado pela Figura 30, que ilustra as perdas de resistência à compressão das
argamassas com e sem fibras híbridas.
86

Figura 30 - Perdas de resistência à compressão

Fonte: O Autor (2020).

A análise dos valores obtidos na resistência residual das argamassas de


referência e com fibras híbridas de polipropileno e de sisal compactuam com as
constatações de Zegarra (2018), nas quais consta que as argamassas quando
aquecidas a temperaturas de 900 °C apresentaram significativas perdas de resistência
à compressão de até 93%. Esses resultados de resistência residual à compressão
evidenciaram que as fibras incorporadas proporcionaram uma minimização das
resistências residuais das amostras de argamassa, o que até mesmo havia sido
conjecturado, visto que as resistências à compressão obtidas para as argamassas
com fibras, em temperatura ambiente, já haviam sido constatadas como inferiores.
Contudo, as elevadas porcentagens de perda de resistência à compressão após os
ensaios de resistência ao fogo, nas quais a utilização de fibras demonstrou uma perda
percentual superior no comparativo com as argamassas de referência, em relação às
resistências iniciais de cada uma das argamassas, podem ser justificadas pelos
resultados de Novak e Kohoutkova (2018), nos quais os autores relatam que as
resistências à compressão de matrizes cimentícias com incorporação de fibras
híbridas, compostas pela combinação de fibras de polipropileno e de fibras de aço,
87

reduziram com maior intensidade diante do aumento de temperatura, em relação às


matrizes cimentícias sem adição de fibras, em razão do crescimento da porosidade
originada pelo derretimento das fibras de polipropileno.
Entretanto, Novak e Kohoutkova (2018) salientam que o crescimento da
porosidade em estudo do comportamento de concreto com fibras híbridas, acentuado
pelo derretimento das fibras de polipropileno, promove a diminuição do risco de
fragmentação da matriz cimentícia, durante a exposição às elevadas temperaturas, na
medida em que o aumento da permeabilidade do composto acaba minimizando a
pressão nos poros existentes. Este mesmo comportamento pode ter ocorrido nas
argamassas com fibras de polipropileno e de sisal, devido à ausência de fibras após
o ensaio de resistência ao fogo, confirmando o derretimento das fibras de polipropileno
e a combustão das fibras de sisal, aumentando a quantidade de vazios nas
argamassas.
Desse modo, Ezziane et al. (2015) esclarecem que, em temperaturas inferiores
à temperatura crítica de 500 °C para as argamassas com fibras de polipropileno, o
comportamento mecânico das argamassas foi afetado pela atuação das fibras,
principalmente em relação às resistências à formação de fissuração pelos elementos,
devido ao derretimento dessas fibras ocorrer a partir de temperaturas de 170 °C,
promovendo um ganho no número de poros existentes pelo elemento, que aumenta
sua capacidade de dispersar a pressão excessiva de vapor em seu interior, o que
reduz as fissurações. Além disso, o mesmo comportamento pode ter ocorrido nas
fibras de sisal incorporadas na hibridização de fibras proposta neste estudo, visto que
houve, no interior das argamassas, a completa combustão das fibras naturais de sisal,
ricas em celulose, material de característica combustibilidade, proporcionando o
mesmo efeito de Novak e Kohoutkova (2018) de acréscimo da permeabilidade da
argamassa, o que suaviza a pressão nos poros existentes.
As resistências residuais à compressão das argamassas, após o ensaio de
resistência ao fogo, assim como as resistências iniciais à compressão antes da
exposição às altas temperaturas do forno elétrico utilizado, permaneceram superiores
para as argamassas de referência, evidenciando os impactos da incorporação de
fibras híbridas no teor de fibras de 2,7 kg/m³, dosagem estabelecida a fim de conferir
resultados alinhados aos obtidos por Esposto (2014) e por Aydın, Yazıcı e Baradan
(2008), através da hibridização composta por 1,2 kg/m³ de fibras de polipropileno,
88

sinalizado como o teor ideal para maiores resistências à compressão no estudo de


Esposto (2014), e complementado por 1,5 kg/m³ de fibras de sisal, totalizando o teor
de fibras que concedeu as maiores resistências residuais à tração na flexão das
argamassas para Aydın, Yazıcı e Baradan (2008), após ensaios de resistência ao fogo
sob temperaturas de 300 a 900 °C.
A incorporação de fibras de polipropileno e de sisal nas argamassas não
concedeu as melhorias de resistência à compressão em temperatura ambiente,
avaliadas no teor de fibras do estudo com somente fibras de polipropileno de Esposto
(2014). Da mesma maneira, apesar das fibras aumentarem a permeabilidade das
argamassas e terem evidenciado a decorrência do derretimento das fibras de
polipropileno e da desintegração também das fibras de sisal, o teor de fibras para obter
as melhores resistências ao fogo no ensaio não originou as melhorias de resistência
residual à tração na flexão, constatadas por Aydın, Yazıcı e Baradan (2008), quando
o autor, através da incorporação deste teor de 2,7 kg/m³, porém composto apenas por
fibras de polipropileno, atingiu as melhores resistências residuais à tração na flexão
das argamassas com fibras de seu estudo.
Desse modo, a incorporação de fibras híbridas nas argamassas apresentou
comportamento semelhante às argamassas de referência, com leve redução das
resistências à compressão, em temperatura ambiente, e mesmo tendo melhorado as
resistências à tração na flexão das argamassas com fibras em temperatura ambiente,
não mantiveram suas resistências à tração na flexão superiores após os ensaios de
resistência ao fogo. Além disso, as resistências residuais à compressão mantiveram
resultados levemente inferiores para as argamassas com fibras, em relação às
argamassas de referência, assim como também representaram uma perda de
resistência à compressão percentual um pouco superior após a incorporação de
fibras, diante do aumento da permeabilidade causada durante o derretimento das
fibras de polipropileno e a desintegração das fibras de sisal.

4.3 PRISMAS DE ALVENARIA

De acordo com as considerações de Novak e Kohoutkova (2018), os ensaios


de resistência ao fogo dos elementos estruturais consistem na capacidade de
continuarem exercendo sua função de suporte de cargas, após serem submetidas às
89

elevadas temperaturas. Leite (2018) esclarece que o dimensionamento estrutural para


circunstâncias de incêndio está relacionado às seguintes premissas: resistência
mecânica, quando o elemento não atingir a ruptura; estanqueidade, quando o
elemento não conceder passagem de gases quentes; e isolamento térmico, quando o
elemento não exceder a temperatura média de 140 °C, ou para qualquer ponto em
180 °C, na face não exposta ao calor do forno, em relação à temperatura inicial.

4.3.1 Resistência ao fogo

Os resultados obtidos evidenciaram que os elementos estudados neste


trabalho permaneceram atendendo às premissas de resistência ao fogo preconizadas
por Leite (2018), quando foram aplicados os revestimentos de argamassa com e sem
fibras nos prismas de alvenaria. Em contrapartida, os prismas de alvenaria sem
aplicação de revestimento não atenderam aos parâmetros de resistência mecânica e
de isolamento térmico, permanecendo em conformidade apenas quanto à
estanqueidade durante o ensaio, revelando uma atuação protetiva do revestimento na
face da estrutura exposta às elevadas temperaturas na simulação de incêndio
proposta pelo ensaio de resistência ao fogo, durante os 390 minutos de ensaio no
forno elétrico sob temperaturas máximas de 1000 °C. Este comportamento diante do
fogo ratifica os resultados de Rigão (2012), que ressaltam a importância da aplicação
de revestimentos nas alvenarias, visto que apresentam destacadas melhorias nas
resistências ao fogo dos conjuntos de amostras de alvenaria estudados. Essa
importância do revestimento nas alvenarias é salientada por Rosemann (2011),
através da constatação que logo nos primeiros 15 minutos de ensaio de resistência
ao fogo, as taxas de crescimento de temperatura por minutos foram de 0,9 °C para
1,6 °C, a partir da não utilização de revestimentos na alvenaria.
Os elementos estruturais constituídos pelos blocos estruturais cerâmicos
revestidos com as argamassas de referência e com fibras híbridas mantiveram-se
íntegros quanto à sua estrutura, mesmo após os choques térmicos causados pelos
jateamentos de água nos elementos ainda quentes, além de terem atendido, durante
o ensaio, às temperaturas do isolamento térmico e de permanecerem em
conformidade quanto à estanqueidade. As faces dos prismas com revestimento que
não foram expostas ao calor do forno, na qual verificou-se o atendimento ao
90

isolamento térmico e à estanqueidade durante o ensaio, estão ilustradas pelas figuras


abaixo, sendo os prismas que foram revestidos com o uso de fibras híbridas na
argamassa representados pela Figura 31 e os prismas sem a utilização de fibras na
argamassa pela Figura 32, revelando a conservação da integridade estrutural das
amostras com aplicação de revestimento.

Figura 31 - Prisma com fibras íntegro estruturalmente após ensaio

Fonte: O Autor (2020).

Figura 32 - Prisma sem fibras íntegro estruturalmente após ensaio

Fonte: O Autor (2020).

Os prismas sem revestimento acabaram apresentando resultados distintos,


pois tanto foram capazes de manterem-se íntegros, quanto também acabaram
91

colapsando estruturalmente após o ensaio, evidenciando impactos de enorme


agressividade nas amostras sem aplicação de revestimento e uma fragilidade ao
ensaio de resistência ao fogo. A constatação dessa fragilidade na alvenaria sem
revestimento ocorreu também devido à verificação da perda do isolamento térmico
durante o ensaio e da perda total de resistência residual mecânica destes elementos
após o ensaio, primeiramente quando a temperatura média dos termopares
posicionados na face não exposta ao forno elétrico superou os 140 °C, e
posteriormente, quando os blocos estruturais colapsaram ao serem manuseados após
o contato com as elevadas temperaturas, conforme apresentado pela Figura 33, antes
mesmo do jateamento de água utilizado no resfriamento abrupto.

Figura 33 - Ruína de prisma sem revestimento após ensaio

Fonte: O Autor (2020).

Os prismas de alvenaria sem aplicação de revestimento, apesar de


apresentarem-se frágeis ao ensaio de resistência ao fogo, mantiveram-se em
conformidade ao atendimento da estanqueidade às trincas suficientes a permitirem a
passagem de gases quentes na face não exposta ao calor dos elementos, inclusive
quando posteriormente ao ensaio atingiram à ruptura. No ensaio não foram verificadas
trincas nos elementos sem revestimento, que pudessem causar a perda da
estanqueidade, ou então, que evidenciassem a possibilidade de haver o colapso
estrutural ocorrido nos elementos após o ensaio. Por sua vez, os prismas de alvenaria
sem revestimento, que se mantiveram íntegros estruturalmente após o ensaio ao fogo,
92

revelaram que o impacto das temperaturas não causou seu colapso estrutural
repetidamente, visto que metade das amostras sem revestimento mantiveram-se
íntegras, conforme ilustra a Figura 34.

Figura 34 - Prisma sem revestimento íntegro estruturalmente após ensaio

Fonte: O Autor (2020).

Os jateamentos de água, utilizados para o resfriamento das amostras, quando


aplicados nos prismas de alvenaria sem revestimento, causaram relevante impacto
nesses elementos, levando à maximização de sua ruína nas estruturas que já haviam
atingido à ruptura, devido ao intenso choque térmico apresentado pela Figura 35. Com
isso, o resfriamento abrupto dos prismas de alvenaria sem revestimento, que já
apresentavam ruína na sua estrutura, levou ao colapso total desses elementos,
conforme pode ser visualizado na Figura 36. Por outro lado, os prismas de alvenaria
sem revestimento, que não apresentaram colapso após o ensaio de resistência ao
fogo, permaneceram íntegros também após o jateamento de água.
93

Figura 35 - Choque térmico nos prismas sem revestimento

Fonte: O Autor (2020).

Figura 36 - Colapso total de blocos estruturais sem revestimento

Fonte: O Autor (2020).

Os efeitos constatados nas alvenarias certificam os indícios detectados por


Rigão (2012), nos quais enfatiza-se a importância da aplicação de revestimento na
alvenaria para a melhoria das resistências ao fogo das estruturas. Rosemann (2011)
quantifica essa melhora de resistência ao fogo da aplicação de revestimento, através
da percepção que, a partir da utilização de revestimento na alvenaria, a taxa de
crescimento da temperatura na face não exposta ao fogo diminuiu, durante os
94

primeiros 15 minutos de ensaio, de 1,6 °C a cada minuto, para as alvenarias sem


revestimento, para 0,9 °C por minuto, nas alvenarias com aplicação de revestimento
argamassado, expondo uma qualificação, segundo o autor, do isolamento térmico das
alvenarias com revestimento, o que maximizou as resistências ao fogo em 85%.
Os prismas de alvenaria com aplicação de revestimento com e sem fibras, os
quais permaneceram atendendo aos requisitos de resistência ao fogo, visto que não
atingiram a ruptura, não apresentaram trincas e não ultrapassaram os limites de
temperaturas na face não exposta ao calor, ao serem distanciados do forno para seu
resfriamento abrupto, acabaram apresentando desplacamento de seu revestimento
das faces dos prismas que estiveram em contato com as elevadas temperaturas. Esse
comportamento foi observado em todos os revestimentos sem fibras expostos ao
forno elétrico e em metade das amostras revestidas com incorporação de fibras
híbridas de polipropileno e de sisal nas argamassas. Os desplacamentos dos
revestimentos expostos ao calor do forno ocorreram junto ao local de aderência do
revestimento argamassado com o chapisco aplicado, tanto nos prismas de alvenaria
com fibras quanto nos prismas de referência.
O desplacamento do revestimento nos prismas de alvenaria com incorporação
de fibras híbridas na argamassa evidenciou que os blocos estruturais cerâmicos
permaneceram sem fissurações visíveis após os ensaios de resistência ao fogo, antes
de serem resfriados abruptamente. A Figura 37 apresenta a ausência de fissurações
nos blocos estruturais cerâmicos na face dos prismas que haviam sido revestidos com
fibras, após ocorrer o desplacamento do revestimento aplicado. Em contrapartida, foi
verificado que os prismas de alvenaria sem fibras possuíam fissuração nos blocos
estruturais cerâmicos, mesmo anteriormente ao jateamento de água, sendo
constatada logo após o desplacamento dos revestimentos sem fibras, no momento da
retirada dos elementos do contato com o forno, conforme pode ser visualizado pela
fissuração sobreposta à junta de argamassa de assentamento do bloco na Figura 38.
Os resultados conjecturaram uma maior agressividade nos blocos estruturais
revestidos sem o uso fibras na argamassa, em relação ao surgimento de fissuração
antes do choque térmico, na comparação entre os prismas com e sem fibras que
apresentaram desplacamento do revestimento argamassado.
95

Figura 37 - Desplacamento do revestimento com fibras

Fonte: O Autor (2020).

Figura 38 - Fissuração em prisma sem fibras após desplacamento

Fonte: O Autor (2020).

Os prismas de alvenaria com revestimento argamassado com incorporação de


fibras foram as únicas amostras que foram capazes de permanecerem com seu
revestimento aderido ao substrato após o impacto das elevadas temperaturas, visto
que não houve o desplacamento em metade das amostras com fibras, conforme
apresentado pela Figura 39. Desse modo, somente foi possível de ser analisado o
impacto do jateamento de água no revestimento exposto ao calor para os prismas de
96

alvenaria com revestimento com fibras, devido às amostras sem fibras apresentarem
desplacamento do revestimento em todos ensaios de resistência ao fogo.

Figura 39 - Prisma com fibras sem desplacamento do revestimento

Fonte: O Autor (2020).

Diante disso, o resfriamento abrupto dos prismas com fibras previsto pelo
jateamento de água causou deterioração superficial do revestimento durante o choque
térmico, conforme apresentado na Figura 40. A deterioração superficial da argamassa
de revestimento, após o jateamento de água durante o resfriamento abrupto, foi
verificada somente na face exposta ao fogo do revestimento argamassado.

Figura 40 - Deterioração superficial da argamassa de revestimento com fibras

Fonte: O Autor (2020).


97

Os prismas de alvenaria que haviam sido revestidos com argamassa, após


sofrerem o desplacamento de seu revestimento e posteriormente serem submetidos
ao choque térmico causado pelo resfriamento repentino, evidenciaram o surgimento
e a proliferação de fissuração pelos elementos. Com isso, o ensaio de resistência ao
fogo possibilitou a marcação das fissuras com tinta nos blocos estruturais, surgidas
com o resfriamento por jateamento de água, nas faces expostas às elevadas
temperaturas, após o desplacamento do revestimento argamassado. Além disso, as
constatações de fissurações também foram verificadas nos prismas sem aplicação de
revestimento, quando foram submetidos ao resfriamento abrupto, após o ensaio de
resistência ao fogo.

4.3.2 Resistência à compressão

Os ensaios de resistência à compressão dos prismas de alvenaria foram


efetuados com a obtenção de resistência à compressão dos prismas de alvenaria em
temperatura ambiente e após o contato com as elevadas temperaturas no ensaio de
resistência ao fogo, a fim de obter as resistências residuais à compressão após a
exposição ao forno. Os resultados de resistência média à compressão, em
temperatura ambiente, dos prismas de alvenaria sem revestimento e com
revestimento com argamassas de referência e com fibras híbridas de polipropileno e
de sisal estão apresentados pela Figura 41. A confrontação dos valores observados
para as resistências à compressão dos prismas de alvenaria expôs maiores
resistências para os prismas revestidos com argamassa com incorporação de fibras,
em relação às argamassas de referência, enquanto os prismas sem revestimento
novamente demonstraram maior fragilidade aos impactos do calor.
98

Figura 41 - Resistências à compressão

Fonte: O Autor (2020).

Os resultados evidenciaram que o uso de fibras na argamassa de revestimento


proporcionou uma maior resistência à compressão, sob temperaturas ambiente, nos
prismas de alvenaria com fibras, apesar das amostras somente de argamassa terem
apresentado resistências à compressão inferiores. A utilização da argamassa no
revestimento dos blocos estruturais cerâmicos explicitou que, atuando em conjunto,
os blocos estruturais com argamassa com fibras promoveram ganhos na resistência
à compressão dos prismas de alvenaria, possivelmente causados por outras
modificações nas propriedades das argamassas com fibras, como os ganhos de
resistências à tração na flexão.
As resistências residuais à compressão dos prismas de alvenaria com e sem
fibras no revestimento aplicado nos blocos estruturais cerâmicos foram obtidas após
o ensaio de resistência ao fogo. O ensaio de resistência residual à compressão
demonstrou maiores resistências à compressão em prismas de alvenaria que foram
revestidos com argamassa com incorporação de fibras híbridas, evidenciando uma
resistência residual superior nesses prismas, em relação aos prismas de referência,
após a exposição ao calor proveniente do forno elétrico utilizado no estudo. A Figura
99

42 apresenta o comparativo de resistência média à compressão, entre os prismas de


alvenaria, após o contato com as elevadas temperaturas, com diminuição das
resistências médias iniciais para os valores de resistências residuais à compressão.

Figura 42 - Resistências à compressão antes e após a exposição ao fogo

Fonte: O Autor (2020).

Os resultados ratificam as constatações de Aydın, Yazıcı e Baradan (2008),


visto que os autores verificaram que as fibras de polipropileno possibilitam o
prolongamento da resistência ao fogo dos elementos, devido à criação de espaços
vazios no elemento concedidos pela evaporação do polipropileno. Os resultados
demonstraram que a utilização de fibras híbridas no revestimento argamassado,
apesar das amostras somente de argamassa com fibras terem apresentado
resistências residuais à compressão inferiores, provocou maiores resistências
residuais à compressão nos prismas de alvenaria, após os ensaios de resistência ao
fogo, possivelmente devido ao derretimento e evaporação das fibras de polipropileno
e à desintegração das fibras de sisal ter provocado o aumento da porosidade das
argamassas, o que para os elementos como um todo significou melhores resistências
100

ao fogo, visto que permaneceram com maiores resistências à compressão para o


mesmo intervalo de tempo de exposição ao forno elétrico.
Os resultados obtidos evidenciaram um benefício nas resistências residuais à
compressão dos prismas de alvenaria com utilização de fibras híbridas no
revestimento aplicado, evidenciando uma menor agressividade nas alvenarias onde
houve incorporação de fibras na argamassa. Além disso, os resultados confirmaram
a proteção promovida pelo revestimento nos blocos estruturais durante o ensaio de
resistência ao fogo, visto que os prismas sem revestimento, após o contato com o
calor, obtiveram resistências residuais à compressão bem inferiores aos prismas com
aplicação de revestimento.
Apesar disso, a menor perda percentual de resistência à compressão foi obtida
para as amostras de prismas de alvenaria com revestimento sem fibras, mesmo que
isso não tenha representado maiores resistências residuais médias à compressão,
conforme apresentado pela Figura 43, demonstrando que a utilização de fibras
híbridas, apesar de terem provocado maiores reduções percentuais de resistência à
compressão das argamassas, proporcionou resistências residuais superiores.

Figura 43 - Perdas de resistência à compressão

Fonte: O Autor (2020).


101

4.3.3 Incidência de fissuração

Os ensaios de incidência de fissuração das amostras de prismas de alvenaria


foram realizados, após a exposição às elevadas temperaturas durante o ensaio de
resistência ao fogo, determinando-se o comprimento total de fissuras, obtendo-se o
índice da incidência de fissuração em metros lineares de fissuras por metro quadrado
de área superficial (m/m²). A incidência de fissuração dos prismas de alvenaria foi
constatada somente nas faces dos prismas que estiveram expostas às elevadas
temperaturas, o que representou uma medição linear de fissuração concentrada em
uma área superficial de 0,1131 m² em cada uma das amostras.
Os revestimentos com fibras que permaneceram aderidos ao substrato nos
prismas de alvenaria apresentaram incidência de fissuração de 3,54 m/m², porém não
foi possível a comparação desses resultados com os prismas sem fibras, visto que
todos sofreram o desplacamento de seus revestimentos, não sendo possível a
medição das fissurações causadas pelo ensaio de resistência ao fogo. Dessa forma,
a incidência de fissuração foi analisada na face dos prismas de alvenaria que haviam
sofrido o desplacamento de seu revestimento, nos quais foram medidas as
fissurações nos blocos estruturais cerâmicos, que puderam ser visualizadas mesmo
com os prismas com revestimento ainda permanecerem com parte de seu
revestimento aderido ao bloco.
Dessa forma, o comparativo da presença de fissuração nos prismas de
alvenaria restringiu-se à verificação da incidência de fissuração presente nos blocos
estruturais cerâmicos, após o desplacamento dos revestimentos para os prismas de
alvenaria com revestimento com e sem fibras, e também nos blocos estruturais
cerâmicos dos prismas de alvenaria sem utilização de revestimento, na qual houve a
medição do comprimento das fissuras somente após a realização do choque térmico,
causado pelo resfriamento abrupto. Os comprimentos lineares de fissuração dos
prismas com fibras, sem fibras e sem revestimento foram coletados e divididos pela
área superficial dos prismas de alvenaria, o que resultou nas incidências de fissuração
médias representadas pela Figura 44, evidenciando maiores fissurações nos blocos
sem aplicação de revestimento, além de a incorporação de fibras na argamassa ter
reduzido as fissurações surgidas no revestimento após o resfriamento repentino.
102

Figura 44 - Incidências de fissuração

Fonte: O Autor (2020).

O choque térmico provocado nos elementos causou maior incidência de


fissuras nos blocos estruturais dos prismas sem revestimento, na face exposta às
elevadas temperaturas. O revestimento aplicado nos blocos estruturais, apesar de
eventualmente ter ocorrido seu desplacamento, mesmo antes do resfriamento por
jateamento de água, atuou como um elemento de proteção dos impactos do calor nos
blocos estruturais, visto que a fissuração na face exposta às elevadas temperaturas
foi reduzida nas amostras com revestimento. Os prismas com revestimento com fibras
apresentaram melhores resultados na incidência de fissuração dos elementos, em
comparação aos prismas de referência com revestimento sem fibras, devido a terem
apresentado menor comprimento de fissuras lineares, dadas em metros por metro
quadrado de área superficial das amostras, elucidando um comportamento de
proteção da estrutura causado pela aplicação de revestimento, intensificado pela
atuação das fibras na argamassa aplicada no revestimento.
O comportamento de redução da fissuração das matrizes cimentícias validam
os resultados obtidos por Izquierdo (2011), a partir da incorporação de fibras naturais
de sisal em blocos estruturais de concreto, na qual o autor ressalta que a adição de
103

fibras causa uma maior ocorrência de poros permeáveis nos compósitos cimentícios,
propriedade que controla a propagação de fissuras. Além disso, os resultados
confirmam as constatações de Izquierdo (2011), quando o autor salienta também que
apesar de causarem maior perda de massa, devido ao índice de vazios superior, as
incorporações de fibras de sisal distribuem melhor as fissuras, de modo que a
quantidade de fissuração observada pode até aumentar, mas a abertura total das
fissurações é reduzida.
No entanto, visto que no ensaio de incidência de fissuração observou-se
apenas o comprimento total das fissuras surgidas na área superficial das amostras
ensaiadas às altas temperaturas, não se obteve constatações das aberturas das
fissuras manifestadas nas amostras, com os resultados restringindo-se, portanto, ao
comprimento total de fissuração levemente superior, em média, para os prismas de
alvenaria sem fibras, ilustrados pela Figura 45, em comparação aos prismas com
incorporação de fibras de polipropileno e de sisal, representados pela Figura 46. O
rompimento de prismas sem revestimento por colapso estrutural impossibilitou a
verificação das incidências de fissuração nas áreas superficiais rompidas, visto que,
devido à fragmentação dos prismas, as áreas superficiais de cada amostra foram
alteradas, porém a incidência de fissuração dos prismas de alvenaria sem
revestimento que permaneceram íntegros foi possível de ser verificada, conforme
apresentado pela Figura 47.

Figura 45 - Fissurações em prisma revestido sem fibras

Fonte: O Autor (2020).


104

Figura 46 - Fissurações em prisma revestido com fibras

Fonte: O Autor (2020).

Figura 47 - Fissurações em prisma sem revestimento

Fonte: O Autor (2020).

4.3.4 Estanqueidade

Os ensaios de estanqueidade realizados nas alvenarias foram realizados,


através da verificação da integridade do elemento à passagem de gases quentes e
chamas pela estrutura. A aproximação do chumaço de algodão, em relação aos
prismas de alvenaria exposto às elevadas temperaturas, a fim da constatação da
105

inflamabilidade do material, ocorrida diante de fissuras que concedam a passagem de


calor pelo elemento, atestou que todos os prismas de alvenaria se mantiveram
estanques durante o ensaio de resistência ao fogo.
A Figura 48 representa a ausência de fissuras dos prismas de alvenaria sem
revestimento na face não exposta ao calor do forno, comprovando que não houve o
acesso de chamas ou gases quentes pelos elementos, enquanto as Figuras 49 e 50
apresentam este mesmo efeito de estanqueidade dos prismas de alvenaria com
aplicação de revestimento argamassado, respectivamente, sem uso de fibras na
argamassa e com a incorporação de fibras híbridas de polipropileno e de sisal na
mistura. A representação desses resultados revela que os prismas de alvenaria não
expuseram fissuras em suas faces não expostas às elevadas temperaturas, uma vez
que essas ilustrações exibem o momento no qual as amostras encontram-se
praticamente secas, exceto pela permanência de umidade localizada na região inferior
das amostras, derivadas do jateamento de água, transparecendo que as amostras
não apresentaram trincas que concedessem a passagem de gases quentes, até
mesmo após o sequenciamento de todos os impactos causados nas amostras pelos
ensaios de resistência ao fogo realizados.

Figura 48 - Face não exposta ao calor nos prismas sem revestimento

Fonte: O Autor (2020).


106

Figura 49 - Face não exposta ao calor nos prismas revestidos sem fibras

Fonte: O Autor (2020).

Figura 50 - Face não exposta ao calor nos prismas revestidos com fibras

Fonte: O Autor (2020).

A estanqueidade foi mantida para os prismas de alvenaria com revestimento


aplicado com as argamassas de referência e com incorporação de fibras híbridas de
polipropileno e de sisal, além dos prismas de alvenaria sem revestimento. A alvenaria
de blocos estruturais cerâmicos sem revestimento aplicado, apesar de ter sofrido
colapsos estruturais durante o manuseio dos prismas de alvenaria, posteriormente ao
ensaio de resistência ao fogo, evidenciou que enquanto estiveram posicionados em
107

contato com o forno elétrico também apresentaram aptidão à estanqueidade à


passagem de gases quentes originados das altas temperaturas.
Entretanto, mesmo mantendo-se em atendimento à estanqueidade durante o
ensaio de resistência ao fogo adaptado neste estudo, os prismas de alvenaria sem
revestimento não tiveram a aplicação de cargas de mesma natureza às atuantes nas
alvenarias estruturais, conforme previsto pela normatização, o que provavelmente
causaria a perda da estanqueidade do conjunto, devido à possível ruptura dos blocos
estruturais nessas condições, visto que os prismas de alvenaria sem revestimento
revelaram alguns colapsos estruturais somente pelo manuseio das amostras após o
ensaio de resistência ao fogo, antes até mesmo do resfriamento repentino promovido
pelo jateamento de água, o que evidenciou que cargas ínfimas na comparação às
existentes em construções em alvenaria estrutural já foram suficientes para causarem
os colapsos constatados nos prismas de alvenaria sem utilização de revestimento
argamassado.

4.3.5 Isolamento térmico

Os ensaios de isolamento térmico seguiram o previsto na descrição dos


métodos de ensaios deste estudo, através da aferição das temperaturas na face não
exposta ao calor proveniente do forno elétrico utilizado, na qual considera-se em
conformidade ao isolamento térmico àquelas amostras que mantiveram temperaturas
médias na face não exposta inferiores a 140 °C, ou em qualquer posição inferiores a
180 °C, em relação à temperatura inicial. Os dados de temperatura extraídos das
medições dos termopares durante o ensaio de resistência ao fogo, a fim de verificação
do atendimento do isolamento térmico pelos prismas de alvenaria, evidenciaram que
as amostras sem aplicação de revestimento novamente obtiveram piores resultados,
na comparação com os prismas de alvenaria com revestimento argamassado,
conforme apresentado pela Figura 51.
108

Figura 51 - Temperaturas médias de isolamento térmico

Fonte: O Autor (2020).

Os resultados médios de temperaturas manifestaram que durante o ensaio de


resistência ao fogo, somente os prismas de alvenaria sem revestimento adquiriram
temperaturas médias superiores aos 140 °C, em relação à temperatura inicial,
demonstrando-se em desconformidade ao atendimento dos parâmetros de isolamento
térmico normativos, visto que superaram essas temperaturas após transcorridos em
média 135 minutos de ensaio de resistência ao fogo. Em contrapartida, as amostras
com utilização de revestimento nos blocos estruturais cerâmicos confirmaram a
proteção proporcionada pelas argamassas, uma vez que a média das temperaturas
da face não exposta permaneceu inferior aos limites previstos para atender ao
isolamento térmico no ensaio de resistência ao fogo.
Dessa forma, os prismas de alvenaria com revestimento argamassado sem
fibras e com o revestimento com incorporação de fibras híbridas de polipropileno e de
sisal obedeceram aos parâmetros de atendimento do isolamento térmico, com
temperaturas médias permanecendo sempre abaixo das temperaturas de 140 °C. O
comparativo das temperaturas durante o ensaio de resistência ao fogo evidenciou
temperaturas levemente inferiores para as amostras com revestimento com fibras, o
que ao final do ensaio de resistência ao fogo representou temperaturas máximas
superiores para os prismas com revestimento sem fibras, em relação aos prismas
109

revestidos com argamassa com adição de fibras de polipropileno e de sisal, ao mesmo


tempo que os prismas sem revestimento atingiram as maiores temperaturas finais,
quando inclusive já não estavam mais atendendo ao isolamento térmico, conforme
pode ser visualizado na Figura 52.

Figura 52 - Temperaturas máximas de isolamento térmico

Fonte: O Autor (2020).

Os resultados colaboram com as constatações de Rosemann (2011), a respeito


de maiores taxas de crescimento de temperatura nas amostras, a partir do momento
que não foram aplicados revestimentos argamassados, nas quais os primeiros 15
minutos de ensaio de resistência ao fogo representaram taxas de crescimento de
temperatura nas amostras sem revestimento 78% superiores, em relação ao
crescimento de temperatura de amostras com revestimento argamassado. Além
disso, o autor reforça que diante da exposição ao fogo os elementos em alvenaria
estrutural perdem sua resistência ao fogo, primordialmente, pelo critério de isolamento
térmico, quando as temperaturas excedem os parâmetros máximos anteriormente às
perdas de estabilidade estrutural e de estanqueidade às chamas, o que acaba
justificando o comportamento dos prismas sem revestimento, no qual a resistência ao
110

fogo foi perdida logo aos 135 minutos, em média, de exposição ao calor do forno
elétrico, enquanto os colapsos estruturais foram verificados somente após o manuseio
das amostras, depois de transcorridos os 390 minutos de duração do ensaio de
resistência ao fogo.

4.3.6 Análise de variância

A análise de variância (ANOVA) dos valores de resistência à compressão, de


resistência residual à compressão após o ensaio de resistência ao fogo e de
incidência de fissuração obtidos para os prismas de alvenaria sem revestimento, com
revestimento sem fibras e com revestimento com fibras está retratada na Tabela 33,
com nível de confiança de 95%. Os resultados estatísticos evidenciaram que o tipo
de prisma de alvenaria observado não teve influência significativa nos valores de
resistência à compressão antes e após a exposição às elevadas temperaturas e nas
incidências de fissuração constatadas após o resfriamento abrupto dos prismas, uma
vez que o valor de p é superior à 0,05, ou seja, a probabilidade de rejeição das
amostras é maior do que o nível de significância de 5%.

Tabela 33 - Análise de variância (ANOVA) dos prismas de alvenaria


(continua)
Fonte de valor-
Ensaios SQ gl MQ F Significância
variação P
Entre Não
Resistência 4,2256 2 2,1128 3,1752 0,1817
grupos significativo
à
Dentro dos
compressão 1,9962 3 0,6654
grupos
(MPa)
Total 6,2218 5
Entre Não
Resistência 13,0627 2 6,5314 2,1854 0,2597
grupos significativo
residual à
Dentro dos
compressão 8,9659 3 2,9886
grupos
(MPa)
Total 22,0286 5
111

(conclusão)
Entre Não
Incidência 12,4091 2 6,2046 6,0772 0,0881
grupos significativo
de
Dentro dos
fissuração 3,0629 3 1,021
grupos
(m/m²)
Total 15,472 5
Fonte: O Autor (2020). Onde: SQ = soma quadrada, gl = grau de liberdade, MQ = média quadrada.
112

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A avaliação do comportamento dos elementos principais do sistema construtivo


em alvenaria estrutural, os blocos estruturais e as argamassas, quando submetidos à
simulação de incêndio, diante de temperaturas máximas de 1000 °C de um forno
elétrico, pelo período total de 390 minutos, no ensaio de resistência ao fogo,
evidenciou que as alvenarias de blocos estruturais cerâmicos com a utilização do
revestimento argamassado proposto, com incorporação de fibras híbridas,
provenientes da combinação de fibras de polipropileno e de fibras de sisal,
apresentaram maiores resistências residuais à compressão, após a exposição às
elevadas temperaturas, em relação aos prismas de alvenaria de referência. A
incorporação de fibras na argamassa de revestimento, que promoveu tais resultados
de desempenho dos blocos estruturais cerâmicos, foi realizada através do teor total
de fibras de 2,7 kg/m³, compostas por 1,2 kg/m³ de fibras de polipropileno e por 1,5
kg/m³ de fibras de sisal. A adição de fibras originou, nas propriedades das
argamassas, no estado fresco, uma redução da trabalhabilidade e da densidade de
massa e um aumento da quantidade de vazios, enquanto no estado endurecido,
promoveu redução da resistência à compressão e da resistência ao fogo e aumento
da resistência à tração na flexão e da absorção de água por capilaridade.
Os resultados da aplicação da argamassa com fibras no revestimento dos
prismas de alvenaria representaram, além de resistências residuais à compressão
superiores, em relação aos prismas de referência, uma medição de menores
incidências de fissuração e uma melhora no atendimento ao isolamento térmico. As
amostras sem aplicação de revestimento nos blocos estruturais cerâmicos
apresentaram colapsos estruturais e perdas de isolamento térmico, não atendendo,
portanto, aos parâmetros de resistência ao fogo, visto que se mantiveram em
conformidade somente pelo critério de estanqueidade. Entretanto, a utilização de
revestimento argamassado proporcionou o atendimento de todos os parâmetros de
resistência ao fogo, uma vez que permaneceram íntegros estruturalmente, estanques
à passagem de gases quentes e com temperaturas inferiores ao limite máximo
normativo de atendimento ao isolamento térmico, revelando a importância da proteção
promovida pelo revestimento argamassado nos blocos estruturais cerâmicos,
independentemente da utilização de fibras neste revestimento.
113

O ensaio de resistência ao fogo, sob temperaturas máximas de 1000 °C,


constatou o derretimento e evaporação das fibras sintéticas de polipropileno e o
consumo completo das fibras naturais de sisal, visto que nenhuma fibra foi detectada,
após o contato com as altas temperaturas, o que promoveu o aumento da porosidade,
propriedade responsável pela característica diminuição do risco de fragmentação da
matriz cimentícia, devido ao aumento da permeabilidade e à redução da pressão nos
poros. Dessa forma, apesar dos resultados obtidos para as amostras somente de
argamassa, de menores resistências residuais à compressão, causadas pelos efeitos
da incorporação de fibras híbridas, após a exposição às elevadas temperaturas, a
utilização dessa argamassa no revestimento dos prismas de alvenaria trouxe a
verificação de comportamento, oriundo da maior permeabilidade na estrutura, que
promoveu diminuição da pressão no interior dos poros do elemento, proporcionando
melhorias nas resistências residuais à compressão dos prismas de alvenaria, levando
à constatação de reduções da agressividade do calor do forno elétrico pelo elemento
estrutural, devido à atuação das fibras incorporadas.
Dessa maneira, o estudo de desempenho da incorporação de fibras nas
argamassas de revestimento mostrou-se promissor para a utilização de fibras
híbridas, compostas por fibras sintéticas de polipropileno e por fibras naturais de sisal,
visto que para a incorporação de 1,2 kg/m³ de fibras de polipropileno na argamassa,
que visou a otimização das resistências à compressão, e completada com 1,5 kg/m³
de fibras de sisal para totalizar os 2,7 kg/m³, que objetivou a promoção de maiores
resistências ao fogo, houve a possibilidade de perceber uma capacidade de melhora,
diante das temperaturas elevadas, na conservação dos elementos estruturais,
demonstrada pelo desplacamento ocorrido nas alvenarias revestidas sem adição de
fibras, uma vez que o revestimento permaneceu aderido ao substrato somente na
alvenaria revestida com fibras. Além disso, a incorporação dessas fibras proporcionou
maiores resistências à compressão para os prismas de alvenaria também em
temperatura ambiente, mesmo que, após o ensaio de resistência ao fogo, os
resultados significaram uma perda percentual maior de resistência nas amostras com
fibras, apesar que se mantiveram com resistências residuais à compressão superiores
às amostras de referências.
A resistência residual à compressão mais elevada nas alvenarias com
revestimento argamassado com adição de fibras pode significar a permanência, por
114

um período de tempo superior, da integridade física de uma edificação, diante da


ocorrência de um incêndio. Consequentemente, maximizando-se o tempo que a
edificação se mantém íntegra estruturalmente, devido às resistências finais à
compressão superiores, durante sinistros de grandes proporções, causados pelo calor
do fogo em incêndios, pode tornar-se determinante para ocorrer a completa
evacuação de todos os ocupantes de uma edificação, atingida pelos impactos da
exposição às elevadas temperaturas. Dessa forma, mesmo que as argamassas,
analisadas isoladamente, tenham perdido totalmente suas resistências à tração na
flexão e, praticamente, perderam toda a sua resistência à compressão, como
comprovado diante do ensaio de resistência ao fogo de amostras somente de
argamassa, sua utilização como revestimento dos blocos estruturais cerâmicos
possibilitou a verificação de uma atuação protetiva na alvenaria, promovida por esse
revestimento e acentuada pela incorporação de fibras híbridas de polipropileno e de
sisal, durante a produção da argamassa.
Nesse sentido, o aumento do tempo de atuação das equipes de bombeiros no
combate a incêndios, a partir da utilização de insumos abundantes, de baixo custo e
de fácil acesso pelo mercado da construção civil, características das fibras de
polipropileno e das fibras de sisal, apresenta-se favorável ao objetivo máximo de
poupar vidas e de reduzir os danos materiais, de modo que, para isso ocorrer,
soluções desta natureza sejam cada vez mais contempladas nas premissas de
projetos na engenharia civil, visando a otimização da resistência ao fogo das
edificações.

5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Com o intuito de contribuir para o desenvolvimento de estudos futuros a serem


realizados, no que diz respeito ao aperfeiçoamento da pesquisa proposta neste
trabalho, uma vez que algumas questões não puderam ser totalmente avaliadas, ficam
sugestões para continuidade do tema proposto neste estudo.
a) Análise da resistência ao fogo do revestimento de argamassa com fibras,
através da exposição à curva de aquecimento de temperatura x tempo prevista
para o incêndio padrão regulamentado pela NBR 5628 (ABNT, 2001) e pela
NBR 10636 (ABNT, 1989);
115

b) Utilização de amostras com maiores dimensões, visando melhor precisão dos


resultados da alvenaria estrutural com revestimento com fibras híbridas;
c) Aplicação de carregamento nas amostras durante o ensaio de resistência ao
fogo, de mesma natureza ao existente na alvenaria estrutural, conforme
previsto pela NBR 5628 (ABNT, 2001) e pela NBR 10636 (ABNT, 1989);
d) Análise da durabilidade das fibras de sisal com tratamento alcalino no
revestimento argamassado de idade avançada;
e) Análise de desempenho das fibras híbridas em argamassas com diferentes
traços e aplicadas em diferentes substratos;
f) Incorporação de diferentes teores de fibras na hibridização de fibras de
polipropileno com fibras de sisal;
g) Análise do uso de diferentes fibras, também provenientes de insumos
abundantes, de baixo custo e de fácil acesso pelo mercado da construção civil.
116

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assentamento e revestimento de paredes e tetos - Determinação da retenção de água.
Rio de Janeiro: ABNT, 2005.
117

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13278: Argamassa para


assentamento e revestimento de paredes e tetos - Determinação da densidade de
massa e do teor de ar incorporado. Rio de Janeiro: ABNT, 2005.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13279: Argamassa para


assentamento e revestimento de paredes e tetos - Determinação da resistência à
tração na flexão e à compressão. Rio de Janeiro: ABNT, 2005.

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assentamento e revestimento de paredes e tetos - Determinação da densidade de
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Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Universidade Federal de Santa Maria.
Santa Maria, 2018.
124

APÊNDICES

APÊNDICE A – RESULTADOS DOS ENSAIOS NO CHAPISCO

Ensaio de índice de consistência


CP Índice de consistência (mm)
1 340
2 345
3 335
Fonte: O Autor (2020).

Ensaio de resistência à tração na flexão


CP Resistência à tração na flexão (MPa)
1 2,23
2 2,30
Fonte: O Autor (2020).

Ensaio de resistência à compressão


CP Resistência à compressão (MPa)
1 7,69
2 8,44
3 8,08
4 7,57
5 5,41
6 6,35
Fonte: O Autor (2020).
125

APÊNDICE B – RESULTADOS DOS ENSAIOS NAS ARGAMASSAS

Ensaio de índice de consistência (mm)


CP Argamassa sem fibras Argamassa com fibras
1 265 260
2 265 260
3 265 260
Fonte: O Autor (2020).

Ensaio de densidade de massa (kg/m³)


CP Argamassa sem fibras Argamassa com fibras
1 1787,42 1762,74
2 1778,51 1753,87
3 1775,03 1755,71
Fonte: O Autor (2020).

Ensaio de teor de ar incorporado (%)


CP Argamassa sem fibras Argamassa com fibras
1 17,97 19,10
2 18,38 19,51
3 18,54 19,43
Fonte: O Autor (2020).

Ensaio de absorção de água (g/cm²)


Argamassa sem fibras Argamassa com fibras
CP
t10 t90 t10 t90
1 0,2119 0,5975 0,2425 0,7175
2 0,2369 0,5944 0,25 0,700
3 0,2438 0,6325 0,2575 0,7219
Fonte: O Autor (2020).
126

Ensaio de resistência à tração na flexão (MPa)


CP Argamassa sem fibras Argamassa com fibras
1 2,06 2,39
2 2,51 2,18
3 2,13 2,32
Fonte: O Autor (2020).

Ensaio de resistência à compressão (MPa)


CP Argamassa sem fibras Argamassa com fibras
1 3,87 3,40
2 4,51 3,56
3 4,18 4,32
4 4,68 4,39
5 4,97 4,30
6 3,05 4,59
Fonte: O Autor (2020).

Ensaio de resistência residual à compressão (MPa)


CP Argamassa sem fibras Argamassa com fibras
1 0,49 0,33
2 0,33 0,39
3 0,49 0,34
4 0,44 0,50
5 - 0,36
Fonte: O Autor (2020).
127

APÊNDICE C – RESULTADOS DOS ENSAIOS NOS PRISMAS

Ensaio de resistência à compressão (MPa)


Revestido sem Revestido com
CP Sem revestimento
fibras fibras
1 4,34 7,03 6,69
2 5,56 5,55 7,25
Fonte: O Autor (2020).

Ensaio de resistência residual à compressão (MPa)


Revestido sem Revestido com
CP Sem revestimento
fibras fibras
1 4,03 5,71 5,33
2 0 4,43 5,10
Fonte: O Autor (2020).

Ensaio de incidência de fissuração (m/m²)


Revestido sem Revestido com
CP Sem revestimento
fibras fibras
1 8,22 3,979 -
2 - 6,454 5,128
Fonte: O Autor (2020).

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