Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Anne de Green Gables, Pollyanna, Clara dos Anjos, Peter Pan: ao mergulhar nas
páginas de histórias como essas, é fácil entender por que elas perduram no tempo e
vêm fascinando gerações de leitores até hoje. Contudo, ainda que seja fácil
identificar um clássico quando se lê um, é uma tarefa difícil defini-lo de maneira
mais abrangente.
O termo “clássico” carrega uma multiplicidade de sentidos. Por vezes, é associado à
“alta literatura”, usado para se referir ao cânone literário, às obras-primas que se
destacam por sua excelência. Em outros contextos, pode significar algo tradicional,
habitual, um modelo para um determinado grupo ou comunidade: Frankenstein, por
exemplo, é um clássico do terror e da ficção científica.
Sendo assim, o que faz com que um livro seja considerado um clássico?
É a esta difícil questão que vamos nos dedicar neste texto, e, para isso,
começaremos voltando alguns séculos no tempo…
De volta ao começo
Ao pé da letra, a palavra “clássico” na literatura remete ao movimento literário que
se desenvolveu no Renascimento, durante o século XVI: o Classicismo. Opondo-se ao
teocentrismo que imperava na Europa até então, os artistas renascentistas
buscaram inspiração nos gregos da Antiguidade Clássica (daí o nome do
movimento), tendo o Humanismo como base filosófica e valorizando, entre outras
coisas, a racionalidade que pudesse levar a uma representação universal da
realidade e a atenção aos aspectos formais do texto.
Essa definição, ainda que historicamente correta, não é o bastante para dar conta
dos muitos sentidos da palavra nos dias de hoje, mesmo no campo da literatura.
Afinal, Machado de Assis, por exemplo, viveu entre 1839 e 1908, séculos depois do
Renascimento, na virada do Romantismo para o Realismo. Ainda assim, quem se
atreveria a dizer que suas obras não são clássicos da Literatura Brasilera?
Palavra de especialista
Restringir os clássicos à classificação da escola literária a que pertencem pode
oferecer um critério claro a ser seguido, mas deixa de fora muito do que sua leitura
nos proporciona. Sonia Junqueira, autora consagrada e editora da coleção Clássicos
Autêntica, nos oferece uma definição que concilia os aspectos formais que definem o
Classicismo com essa característica intangível que dá aos Clássicos um lugar
especial na literatura:
A literatura é a arte de contar histórias. Histórias que emocionem, que dêem prazer,
que ensinem as pessoas a se conhecer e a conhecer o outro, a viver, a voar. ‘‘… até os
livros sérios, até os livros dos adultos, até os livros difíceis não passam de veleiros
disfarçados, e possuem o mesmo encantamento do barco movido a pó dourado [de
Peter Pan]” (Roberto Cotroneo, escritor e editor italiano).
Pra mim, os clássicos são, por excelência, “veleiros disfarçados” que me levam para
outras épocas, outros mundos, outros universos, outros contextos, que me mostram a
beleza que existe no passado, que não me deixam esquecer os valores humanistas
essenciais em vias de desaparecimento no nosso louco mundo e que sempre, a cada
vez que os (re)leio, têm algo a me dizer, a me ensinar, a me fazer sentir.
Um clássico, pra mim, é sempre um livro que me estende a mão e me puxa para uma
experiência indescritível, porque única.
Assim, um clássico, qualquer que seja sua época, carrega consigo uma magia que lhe
é particular; reflete os valores de seu tempo e, simultaneamente, ultrapassa a época
em que foi escrito, tornando-se sempre atual em sua universalidade.
Mais do que pertencer a uma escola literária ou a outra, um clássico é definido pelos
valores que é capaz de transmitir e por sua capacidade, inesgotável e sempre atual,
de nos transformar – e a si mesmo – a cada leitura.
--------------------------------------------------------------
Significado de Cânone
O que é Cânone:
Cânone é um termo que deriva do grego “kanón”, utilizado para designar uma vara que
servia de referência como unidade de medida. Na Língua Portuguesa o termo adquiriu o
significado geral de regra, preceito ou norma. Em determinados contextos, a palavra
cânone pode ter significados mais específicos.
Cânone musical
Na música, cânone é uma composição a duas ou mais vozes entoando uma mesma
melodia, que se caracteriza por essas vozes serem entoadas desfasadas no tempo.
O cânone de Pachelbel é uma das composições famosas nesse estilo. Chico Buarque
compôs a canção "Sem Fantasia" no estilo cânone.
É importante acrescentar que a distância dos intervalos pode ser diversa (cânone ao
uníssono, à oitava, à segunda, etc).
Originalmente o cânone é uma das formas mais antigas da arte do contraponto, pois tem
a sua raiz nos cantos coreografados (rondellus, rota) usados na música folclórica e
remonta ao século XIII, o que pode ser comprovado pelo célebre cânone inglês Summer
is icumen In.
O cultivo do cânone alcançou o seu apogeu nos séculos XV-XVI na Holanda. J.S. Bach
se imortalizou nas Variações Goldberg, publicadas em 1741.
----------------------------------------------------
CANONE LITERÁRIO