Você está na página 1de 106

2º Período

2º Período

(EM13LGG101)
(EM13LP06)
(EM13LGG302)
Sumário
AULA 1: Periodização literária: Segregando a literatura colonial e a literatura
brasileira. 5

AULA 2: Barroco: Cultismo x Conceptismo - Contexto, principais características


(uso de paradoxos), linguagem formal, dualidade humana. 12

AULA 3: Barroco (parte 2) Principais autores da poesia e prosa barroca -


Diferenciando os estilos poéticos de Gregório de Matos da oratória de Padre
Antônio Vieira- Leitura e análise de textos. 19

AULA 4: Arcadismo e suas principais características: Um resgate a literatura


clássica, o bucolismo e o uso de pseudônimos. 29

AULA 5: Arcadismo (parte 2) - Principais autores do Neoclassicismo -


Identificando nas entrelinhas da poesia árcade as características desse período -
Leitura e análise de textos. 36

AULA 6: Conhecendo as versatilidades da literatura: Conceituando a cultura


indígena e africana, suas características e etimologias. 46

AULA 7: A literatura indígena e suas identidades literárias/ Como surgiu? / Seus


recursos culturais/ Um pé nas eras: romântica e modernista nacionalistas. 55

AULA 8: A literatura africana e suas identidades literárias/ Qual o objetivo de


seu surgimento? / Recursos culturais. 64

AULA 9: O que é literatura afro-brasileira? Como suas identidades literárias se


caracterizam? 75

AULA 10: Traços semelhantes e divergentes nas literaturas: Africanas e afro-


brasileiras/ O porquê da importância desses estudos. 83
Periodização literária: Segregando a literatura
colonial e a literatura brasileira.
O objetivo desta aula é entendermos como a literatura é dividida
por meio de suas tendências, ou seja, em relação às suas épocas as
quais ocorreram, cada uma de acordo com seu contexto histórico e
características específicas.
❖ Como podemos definir o termo: "Periodização literária”?
Quando falamos de periodização literária nos referimos à
cronologia das tendências ou escolas literárias que a literatura
apresenta. Antes de nos aprofundarmos e conhecermos as épocas da
nossa literatura, é importante ressaltar que a literatura é a arte que
recria a realidade por meio da ficção.

A literatura trabalha com o verossímil que é o recurso da


linguagem que possibilita criar uma realidade inventada,
apropriando-se da conotação, na tentativa de mostrar o real por meio
da linguagem poética, emotiva e com escrita peculiar. Sob esse viés,
cada época literária as quais serão estudadas pretendem mostrar o
que se passava historicamente naquele período, traçando aspectos
culturais e diversificados para sua formação.

❖ Os períodos literários brasileiros são divididos em: Era colonial


e Era nacional.

As escolas literárias pertencentes à Era Colonial são aquelas


épocas que aconteceram antes da Independência do Brasil, pois ainda
neste momento, o Brasil era colônia de Portugal, ou seja, não era
independente. Já na Era Nacional, os períodos literários decorrentes
ocorrem após a independência. Logo, entende-se que essa
distribuição segrega1 uma literatura ainda não descoberta (colonial) e
uma literatura nacionalista (brasileira) com uma identidade definida.

1
Segregação: separação.
Em outras palavras, pode-se afirmar que periodização literária é
a divisão entre a Era Colonial e a Era Nacional, duas fases que
norteiam os ciclos da literatura brasileira, tendo em vista a evolução
política e econômica do país.
Nesse sentido, temos que a era em questão (Era Colonial) se
manifestou durante o período em que o Brasil ainda não era
independente. Período esse que vai da descoberta -1500 até o ano de
1822 – ano da Proclamação da Independência. A segunda fase,
também denominada de Era Nacional, compreende a fase que vai
desta independência até os dias de hoje.
❖ Observe as imagens abaixo as quais dividem os períodos
literários da nossa literatura:

❖ Era Colonial - 1500 à 1768 (Literatura de informação até o


Arcadismo

❖ Era Nacional - 1836 (Romantismo até os dias atuais).


Conhecendo um pouco de cada época…

➔ Quinhentismo ou literatura de informação (século


XVI):

“Chegada dos portugueses ao Brasil no período histórico das grandes


navegações. Neste período foi registrado o primeiro documento oficial
sobre a existência das terras brasileiras, nomeado como a carta de Pero
Vaz de Caminha, o objetivo deste documento era descrever com louvor ao
Rei de Portugal as riquezas do Brasil. Neste período ocorreu o primeiro
contato entre os portugueses e os índios.”
➔ Barroco ou Setecentismo (século XVII) :

“Era literária que buscava referência à religião (cristianismo), a qual


tentava trazer à tona uma visão teocêntrica (Deus acima de tudo) e ao
mesmo tempo lutava contra o racionalismo- antropocentrismo - as
vontades do homem. De certo é um período de incertezas de dualidade
entre o bem (teocentrismo) e o mal (antropocentrismo). Em termos de
escritos literários há o uso de paradoxos e antíteses ( figura de linguagem
com ideias e palavras contraditórias). Além do uso de uma linguagem
rebuscada e persuasiva. A essa linguagem rebuscada chamamos de
cultismo e a persuasão (conceptismo).”

➔ Arcadismo ou Neoclassicismo (século XVIII):

“Sua finalidade principal era utilizar uma linguagem simples, onde


a natureza servia como pano de fundo como uma vida tranquila, logo
temos a presença do Bucolismo e a expressão locus amoenus que traduz
um lugar, ameno, por isso os árcades queriam ser como os pastores do
campo apropriando-se de pseudônimos (falsos nomes) para terem uma
vida em paz e além disso, retomam as características dos modelos
clássicos, o que era belo, com influência Renascentista e da Antiguidade
Clássica.”

➔ Romantismo ( século XIX) :

“Aqui a literatura elenca a identidade nacional idealizada, ufanista (amor


à nação), defende que tudo é perfeito, utilizando a linguagem descritiva e
subjetiva. Há três fases: 1º indianista ou ufanista, 2º Ultra- Romântica ou
mal do século e 3º Condoreira.

➔ Realismo (século XIX):

Oposto ao Romantismo, onde mostra que não existe perfeição, mostra a


realidade em si, apropriando-se de uma linguagem objetiva.”

➔ Naturalismo (século XIX):


“Decorrente no mesmo período do Realismo, em outras palavras, é o
exagero do Realismo, pois utiliza-se uma linguagem grotesca, enfatiza o
instinto humano, além de considerar correntes filosóficas e o
cientificismo.”

➔ Parnasianismo (século XIX):

“Época marcada pela valorização da linguagem rebuscada (culto à


forma),a arte pela arte, diante da exagerada emotividade do
Romantismo, com a finalidade atingir a perfeição na estética e não no
conteúdo.”

➔ Simbolismo (transição século XIX e XX):

“É uma literatura que defende a sonoridade e a sensação por meio da


escrita, utilizando símbolos para intensificarem seus sentidos,
apropriando de aliterações, repetições de palavras e versos (
musicalidade), sinestesias.”

➔ Pré- Modernismo (século XX):

“É um período de transição para o Modernismo, utilizando ainda algumas


características das eras literárias anteriores, além de introduzir assuntos
de aspectos sociais (já iniciados no Realismo) e que posteriormente foram
enfatizados na 2° fase modernista.”

➔ Modernismo (século XX):

“Iniciado com a Semana de arte moderna em 1922, onde teve influência


eurocêntrica (vanguardas europeias). Neste período o que importava era
o “novo” a ideia de que o que era de fora (europa) era melhor para inserir
na cultura brasileira com objetivo de acompanhar as mudanças, as
modernizações. É dividida em três fases: 1º heroica ou ruptura, 2°
Amadurecimento ou Regeneração, 3° tendências contemporâneas.”

Exercícios
1. De acordo com nossos estudos, qual a importância da
periodização literária?
a) Ela nos informa sobre os períodos literários contemporâneos.
b) Sua organização é necessária para conhecermos as épocas
pertencentes a cada período da literatura brasileira.
c) Não há necessidade de divisão dos períodos literários, pois todas
as épocas apresentam as mesmas características.
d) A periodização literária nos permite compreender apenas sobre os
grandes autores da literatura brasileira.

2. Qual tendência abaixo se encaixa na Era Colonial?


a) Modernismo.
b) Pré-modernismo.
c) Barroco.
d) Realismo.

3. Quais das épocas abaixo se contrapõe completamente ao estilo


artístico literário conhecido como Romantismo?
a) Realismo.
b) Parnasianismo.
c) Simbolismo.
d) Arcadismo.

4. Podemos afirmar que a Era Colonial coleciona períodos da


literatura que:
a) Ocorrem em torno de um período de guerras.
b) Estão presentes na época da Idade Média.
c) Aconteceram antes da independência do Brasil.
d) Se desenvolveram durante o período de independência do
Brasil.
5. A tendência literária pioneira, também conhecida como Literatura
de informação, denominamos:
a) Quinhentismo.
b) Arcadismo.
c) Ultrarromantismo.
d) Naturalismo.
Leia a música “Pela luz dos olhos teus” de Vinicius de Moraes e
responda às questões seguintes.
Quando a luz dos olhos meus Meu amor, juro por Deus
E a luz dos olhos teus Que a luz dos olhos meus
Resolvem se encontrar Já não pode esperar
Ai, que bom que isso é, meu Deus Quero a luz dos olhos meus
Que frio que me dá Na luz dos olhos teus
O encontro desse olhar Sem mais larirurá

Mas se a luz dos olhos teus Pela luz dos olhos teus
Resiste aos olhos meus Eu acho, meu amor
Só pra me provocar E só se pode achar
Meu amor, juro por Deus Que a luz dos olhos meus
Me sinto incendiar Precisa se casar

6. Observando a letra da canção, em qual período literário estudado


podemos enquadrá-la?
7. É notório a repetição da palavra “Luz” no decorrer da música. Qual
sentido essa palavra possui nesse contexto?

8. Retire da música dois versos que rimam.


9. O que o compositor da música quis dizer ao afirmar: “Que frio que
me dá O encontro desse olhar…”?
10. Que tipo de linguagem está sempre empregada no verso:
“Quando a luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus Resolvem se encontrar…”?
2º Período

(EM13LGG101)
(EM13LP06)
(EM13LGG303)
Barroco: Cultismo x Conceptismo - Contexto,
principais características (uso de paradoxos),
linguagem formal, dualidade humana.
O objetivo desta aula é estudarmos sobre a tendência literária
conhecida como Barroco. Antes de tudo, já parou para pensar o que
lembra a palavra Barroco? Observando a gravura, em seguida
conseguiremos chegar a uma conclusão.

Analisando a imagem acima, entendemos que há duas pessoas


se desentendendo, discutindo, em um conflito. Podemos afirmar que
a estética literária Barroca pode ser entendida por meio dessa
imagem, pois foi um período o qual havia pensamentos contraditórios
em relação ao que se passava naquela época. Retornando à imagem,
inferimos que a palavra “Barroco” lembra “barraco”, ou seja, um
momento de divergências de opiniões, comportamentos, podendo
refletir em consequências agravantes.

Entendendo melhor o que foi o Barroco no Brasil…


O Barroco inicialmente surgiu na Itália, em torno ainda no século
XVI, no entanto ocorreu no Brasil por volta do século XVII. Foi um
período da literatura que tentava explicar as incertezas humanas
entre as coisas terrenas e a religião. Essa época retrata a dualidade do
homem.

O que é dualidade humana no Barroco ?


É a dúvida que o homem tinha entre acreditar nas suas próprias
ideias ou no divino (religião).

Mas o porquê dessa incerteza? O que gerou isso?

Contexto histórico do Barroco…


O Barroco foi um movimento literário que defendia a crença
católica, no entanto Martinho Lutero2 promoveu a Reforma
protestante, em 1517, com a publicação das 95 teses, as quais
questionavam certos aspectos doutrinários da Igreja Católica
Romana, o que, em contrapartida, resultou no movimento de
Contrarreforma, promovido pela Igreja Católica, como resposta à
Reforma protestante, impulsionado pela convocação do Concílio de
Trento3, em 1545, que se estendeu até o ano de 1563.

Tendo em vista que Martinho Lutero desaprovou os dogmas4 da


Igreja Católica, fundamentou uma nova forma de cristianismo,
baseada na fé e no conhecimento dos textos bíblicos. Como
contraponto a esse movimento reformista, a cúpula da Igreja Católica
iniciou um movimento intitulado Contrarreforma, em que estabelecia
mudanças internas a fim de barrar o descontentamento com o
catolicismo. Criaram, assim, medidas de expansão de sua doutrina,
como a Companhia de Jesus, responsável pela catequização,
principalmente, de povos indígenas, além de que lançaram medidas
de perseguição, como o Tribunal do Santo Ofício, que instituiu a
Inquisição como forma de punição àqueles que se desviassem do
catolicismo.

2
"Monge católico que iniciou um movimento de contestação à doutrina da Igreja Católica"
3
Reunião entre católicos, buscava reformular a disciplina eclesiástica e reafirmar dogmas da
doutrina católica que haviam sido contestados pelos protestantes.
4
Doutrina religiosa.
Para esclarecer melhor…
A Reforma protestante liderada por Martinho Lutero era contra
aos pensamentos e atitudes da Igreja Católica, pois para Lutero, a fé
não estava atrelada ao material, ao concreto como adoração à
imagens, mas sim no desejo em acreditar, nos valores do que não se
podia ver, no que estava além do terreno.

Já para a Igreja
Católica, as crenças
religiosas estavam
associadas, sobretudo, nas
imagens, na beleza estética
do templo, não é a toa que
as igrejas barrocas eram
sempre muito bem
destacadas em relação as
estátuas grandes, bem
trabalhadas e esculturadas
por ouro, de um
refinamento único, veja um
modelo abaixo.

❖ O Barroco e suas principais características como época


literária

Barroco - Tendência de conflito.

Ideias opostas: Antropocentrismo (homem no centro do


universo) e teocentrismo (Deus no centro do universo).

Conflito: Entre a fé e a razão.

Cultismo - Jogo de palavras, linguagem rebuscada/ formal,


uso de figuras de linguagem (antíteses/ paradoxos)
Curiosidades:
Tendo em vista algumas características da estética literária barroca,
podemos destacar o cultismo e o conceptismo cuja as etimologias se
estendem por: “cultismo ou gongorismo (por influência do poeta espanhol
Luís de Gôngora), que diz respeito ao trabalho formal com a linguagem
literária, marcado por rebuscamentos, excessos e exploração estética da
materialidade da palavra, sobretudo através de figuras de linguagem; e o
conceptismo ou quevedismo (por influência do poeta espanhol Francisco
de Quevedo), o qual se caracteriza como o jogo de ideias, pensamentos e
raciocínios lógicos que, por meio de analogias, exploram as sutilezas da
argumentação.”

Exercícios
1. Considere as seguintes afirmações sobre o Barroco brasileiro e
marque a opção correta:

I. A arte barroca caracteriza-se por apresentar dualidades, conflitos,


paradoxos e contrastes, que convivem intensamente na unidade da
obra.

II. O conceptismo e o cultismo, expressões da poesia barroca,


apresentam um imaginário bucólico, sempre povoado de pastoras e
ninfas.

III. A oposição entre Reforma e Contra-Reforma expressa, no plano


religioso, os mesmos dilemas de que o Barroco se ocupa.

a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e III.

2. Qual palavra abaixo pode representar a literatura barroca?


a) Dualidade.
b) Incredulidade.
c) Racionalidade.
d) Patologia.

3. A literatura barroca é a favor de uma crença:

a) Egocêntrica.
b) Eurocêntrica
c) Grega.
d) Teocêntrica.

4. Qual das características abaixo representa na literatura barroca a


prática persuasiva nas obras literárias?

a) Cultismo.
b) Conceptismo.
c) Idealismo.
d) Islamismo.

5. Encontre a alternativa que completa de forma correta a frase


abaixo:

A linguagem ________, o paradoxo, ________ e o registro das impressões


sensoriais são recursos linguísticos presentes na poesia ________.

a) simples; a antítese; parnasiana.


b) rebuscada; a antítese; barroca.
c) objetiva; a metáfora; simbolista.
d) subjetiva; o verso livre; romântica.

Leia a poesia abaixo de Gregório de Matos para responder às


questões:

Inconstância das coisas do mundo


Nasce o Sol e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas e alegria.

Porém, se acaba o Sol, por que nascia?


Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz falta a firmeza,


Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se a tristeza,
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza.
A firmeza somente na inconstância.

6. Tendo em vista a leitura atenta do poema, por que o mesmo se


enquadra na estética barroca?
7. O Barroco prioriza o uso de figuras de linguagem em suas
composições literárias, dentre elas, a antítese. Retire do poema um
verso que represente esse recurso.
8. Como é possível relacionar o título do poema: "Inconstância das
coisas do mundo “em relação ao seu contexto?
9. No verso “Se é tão formosa a Luz, por que não dura?” o termo
grifado apresenta qual sentido?
10. Retire do poema um verso que represente uma ideia de incerteza.
2º Período

(EM13LGG101)
(EM13LP06)
(EM13LGG303
Barroco (parte 2) Principais autores da poesia e
prosa barroca - Diferenciando os estilos poéticos
de Gregório de Matos da oratória de Padre
Antônio Vieira- Leitura e análise de textos.
Como já estudamos na aula anterior, o Barroco foi uma época
de incerteza entre as escolhas humanas e a religião. Isso ocorreu
devido às contradições religiosas entre a Igreja Católica e os
pensamentos de Martinho Lutero em relação às práticas e doutrinas
associadas ao cristianismo, a fé.

Nesta aula, em continuidade com a estética barroca, conheceremos


alguns autores da literatura brasileira que se destacaram nesse
período, além de verificar em suas obras literárias características
específicas dessa época em estudo.

Antes de tudo, é interessante segregar os tipos de textos literários que


a época barroca é composta, dividindo-se em poesia e prosa.

Poesia barroca
Nesta categoria, destaca-
se Gregório de Matos,
conhecido como “boca do
inferno”, pois em alguns de seus
escritos utilizava uma
linguagem de baixo calão5 e
crítica a conceitos que julgava
inadequados. Mais adiante
vamos conhecer este lado do
autor, mas agora veremos um
pouco de sua biografia.

5
Popularmenteconhecida como palavrão, é um vocábulo que pertence à categoria de gíria e,
dentro desta, apresenta chulo, impróprio, ofensivo, rude, obsceno, agressivo ou imoral sob o
ponto de vista de algumas religiões ou estilos de vida.
Gregório de Matos (1633-1696), poeta brasileiro, nascido em Salvador,
mas formado em Direito em Coimbra, Portugal, embora não tenha
reunido seus poemas em livro para publicação, o que fez que sua
poesia fosse desconhecida na literatura brasileira até as primeiras
décadas do século XX, produziu uma obra muito significativa, singular
e irreverente, rompendo, por vezes, com os próprios princípios do
Barroco europeu. Sob muitos aspectos, sua obra se constitui de:

POESIAS LÍRICAS POESIAS SATÍRICAS

“É o desenvolvimento de uma lírica Realizadas por criticar, de modo


amorosa (em que o sujeito poético impiedoso, irônico e escrachado, a
se vê diante do dualismo entre as realidade
pulsões dos seus desejos amorosos e sociocultural do período, bem como
as os diferentes grupos sociais da Bahia
imposições do pecado). da época.

Uma lírica religiosa (em que pôde


elaborar poeticamente temas Observação: Em ambos estilos
diretamente relacionados ao poéticos de Gregório de Matos é
universo cristão, como, por exemplo, notório o uso de antíteses,
o amor a Deus, o arrependimento e o rebuscamento da linguagem.
pecado).

Uma lírica filosófica (cujo


descompasso entre sujeito poético e
o mundo).”

Analisando as poesias de Gregório de Matos …


Poesia lírica - Aos afetos, e lágrimas derramadas na ausência da
dama a quem queria bem.
Ardor em firme Coração nascido;
pranto por belos olhos derramado;
incêndio em mares de água disfarçado;
rio de neve em fogo convertido:

tu, que em um peito abrasas escondido;


tu, que em um rosto corres desatado;
quando fogo, em cristais aprisionado;
quando cristal, em chamas derretido.

Se és fogo, como passas brandamente,


se és neve, como queimas com porfia6?
Mas ai, que andou Amor em ti prudente!

Pois, para temperar a tirania,


como quis que aqui fosse a neve ardente,
permitiu parecesse a chama fria.

Na poesia acima, podemos perceber dualidades entre os


desejos da carne e no que se está vivendo. É como se o eu-lírico
estivesse em guerra com suas sensações internas entre querer e ao
mesmo tempo não ter o que deseja. É nítido também o uso de
paradoxos, ou seja, ideias contraditórias, tal característica que marca
a estética literária barroca. Além disso, é válido ressaltar que “o amor
é visto como uma luta entre a dor e a paixão.
O verso "rio de neve em fogo convertido" expõe um eu-lírico que
transita entre os extremos do sentimento amoroso, ora gélido como
a neve, ora ardente como o fogo. Convém comparar esse tipo de
linguagem a do célebre poema de Camões, que diz: "O amor é fogo
que arde sem se ver. É ferida que dói e não se sente."

6
Qualidade do que é persistente; insistência, perseverança, tenacidade.
Poesia satírica - À cidade da Bahia

Triste Bahia! ó quão dessemelhante


Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mi abundante.
A ti trocou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando, e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.
Oeste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.
Oh se quisera Deus, que de repente
Um dia amanheceras tão sisuda
Que fora de algodão o teu capote!

A poesia acima é satírica, pois a mesma faz uma crítica em


relação à Bahia. “A palavra "dessemelhante" aqui tem o sentido de
"desigual", expondo a contradição econômica do lugar. Segundo o
poeta, o local já foi próspero um dia e, por conta de maus negócios,
acabou empobrecendo. A palavra "brichote" significa aqui "gringo" ou
"estrangeiro".
Prosa barroca
A prosa barroca pode ser definida como textos escritos em
formato de poesia. Nesta categoria destaca-se Padre Antônio Vieira.
Nascido em Portugal, mas veio aos sete anos de idade com a família
para o Brasil, realizou seus estudos com os jesuítas na Bahia e, aos
quinze anos, ingressou para a Companhia de Jesus, tornando-se ele
também um padre jesuíta. Sua obra pertence tanto à literatura
portuguesa quanto à brasileira e se constitui essencialmente de
sermões7.
“Os sermões não se dedicam única e exclusivamente à pregação
da fé cristã e da doutrina católica, mas também se preocupam em
incitar a reflexão crítica de determinadas questões políticas e, ao
mesmo tempo, denunciar certas injustiças sociais, como, por
exemplo, a exploração indígena no Brasil, o que resultou em
problemas até mesmo com a Inquisição.”
Podemos dizer que a “inquisição” foi uma medida cruel de punir
as pessoas que não se sujeitavam às demandas sociais. “No final da
Idade Média e início do Renascimento, o conceito e o alcance da
Inquisição foi significativamente ampliado em resposta à Reforma
Protestante e à Contrarreforma Católica”

Analisando a prosa barroca…


A obra barroca que será analisada é o “Sermão da Sexagésima” de
Padre Antônio Vieira.
“Fazer pouco fruto a palavra de Deus no Mundo, pode proceder de
um de três princípios: ou da parte do pregador, ou da parte do ouvinte,
ou da parte de Deus. Para uma alma se converter por meio de um
sermão, há-de haver três concursos: há-de concorrer o pregador com a
doutrina, persuadindo; há-de concorrer o ouvinte com o entendimento,
percebendo; há-de concorrer Deus com a graça, alumiando8.”

7
Sermão é um discurso sobre um tema religioso proferido pelo sacerdote, geralmente durante
a missa. Pode ser uma pregação, prédica, ou homilia. Figurativamente, sermão pode significar
uma fala que repreende, censura ou reprova uma ação ou comportamento de alguém. Também
pode ser uma prática feita a alguém com um fim moral ou virtuoso. O objetivo do sermão é
ensinar algo aos fiéis com base nas escrituras.
8
Alumiando vem do verbo alumiar. O mesmo que: iluminando, reluzindo, acendendo,
resplandecendo, brilhando, ilustrando. Significado de alumiar. Emanar luz
“Mas como em um pregador há tantas qualidades, e em uma pregação
tantas leis, e os pregadores podem ser culpados em todas, em qual
consistirá esta culpa? -- No pregador podem-se considerar cinco
circunstâncias: a pessoa, a ciência, a matéria, o estilo, a voz. A pessoa
que é, e ciência que tem, a matéria que trata, o estilo que segue, a voz
com que fala. Todas estas circunstâncias temos no Evangelho.”
O Sermão da Sexagésima de Padre Antônio Vieira

Observando os trechos acima e de igual forma as características


do período literário que se enquadram; no caso, o Barroco, notamos
que há o uso de uma linguagem formal e também a referência à
religiosidade cujo é o ponto alto em discussão. Além disso, podemos
complementar que outro tema evidente na obra é “fazer alusões à
“Parábola do semeador”, tirada do Evangelho de Lucas: Semen est
verbum Dei (A semente é a palavra de Deus).
Ele discursa que pregar é o mesmo que semear. Esta é uma
parábola que diz que um semeador semeou suas sementes em locais
diferentes, as primeiras entre as pedras, outras nos espinhos, outras
pelo caminho e as últimas foram semeadas em uma terra boa. As que
caíram entre os espinhos e pedras não vingaram, as do caminho não
frutificou, apenas as que foram semeadas em terra boa vingaram e
deram bons frutos.

Vieira junto a esta parábola faz uma crítica ao estilo de outros


religiosos que, segundo ele, não sabiam pregar: falavam de vários
assuntos, sendo alguns ao mesmo tempo, eram ineficazes em suas
palavras e tentavam agradar as vontades dos homens e não a de
Deus. Ele coloca a culpa nos pregadores e analisa a sua própria
pregação. Analisa qual o motivo da pregação católica não estar
surtindo efeito, já que a palavra de Deus é muito poderosa. Depois de
muita reflexão ele conclui que a culpa é dos próprios padres.”

Sermão da Sexagésima - Pe. Antônio Vieira


Exercícios
1. Nesta aula estudamos sobre os escritos literários inerentes ao
Barroco, qual das características agrega a escrita barroca?
a) Uso de sinestesias.
b) A utilização de ideias opostas.
c) Preferência a subjetividade.
d) Ênfase na forma fixa da construção poética.
2. Observe uma reflexão de Padre Antônio Vieira para responder às
questões 2 e 3.
“Tudo aquilo que se faz para os olhos dos homens, ainda que se faça, não
se faz”
Analisando o trecho acima, é possível afirmar:
a) Que tudo que se faz, se paga.
b) Que mesmo cometendo erros, não há como consertá-los.
c) Afirma que errar é uma opção.
d) Significa que os erros muitas vezes não são vistos e acabam sendo
impunes.
3. Qual figura de linguagem é possível identificar neste trecho?
a) Antítese.
b) Anáfora.
c) Paradoxo.
d) Eufemismo.
4. Tanto a poesia e prosa barroca admitem uma linguagem:
a) Contemporânea.
b) Rebuscada.
c) Inovadora.
d) Eclética.
5. O nome que se dá a poesia gregoriana de aspecto crítico é:
a) Lírica.
b) Emotiva.
c) Satírica.
d) Concretista.
Leia o poema abaixo e responda às questões seguintes.
Efeitos contrários do amor

Ó que cansado trago o sofrimento


Ó que injusta pensão da humana vida,
Que dando-me o tormento sem medida,
Me encurta o desafogo de um contento!

Nasceu para oficina do tormento


Minha alma, a seus desgostos tão unida,
Que por manter-se em posse de afligida
Me concede os pesares de alimento.

Em mim não são as lágrimas bastantes


Contra incêndios, que ardentes me maltratam,
Nem estes contra aqueles são possantes:

Contrários contra mim em paz se tratam,


E estão em ódio meu tão conspirantes,
Que só por me matarem não se matam.

6. De acordo com o contexto, como o eu-lírico se sente em relação


ao amor?
7. Retire do texto um verso que confirme sua resposta anterior.
8. Em qual categoria das poesias de Gregório de Matos essa leitura
se enquadra? Justifique sua resposta.
9. O que o autor quis dizer ao dizer: “Nasceu para oficina do
tormento…”?
10. O que o autor quis dizer no verso: “Em mim não são as lágrimas
bastantes…Contra incêndios, que ardentes me maltratam” ?
2º Período

(EM13LGG101)
(EM13LP06)
Arcadismo e suas principais características: Um
resgate a literatura clássica, o bucolismo e o uso
de pseudônimos.

Nesta aula vamos estudar a tendência literária conhecida como


Arcadismo, essa época surgiu após o Barroco e sua influência é
marcante em nossa literatura. Para melhor entendermos o que foi
esse período, vamos observar a imagem abaixo:

Descreva a imagem acima? Quais ideias ela nos passa?


É notório que a imagem permite uma sensação de paz, mostra a
natureza, além do ar de tranquilidade entre as pessoas, o tempo.
Observando essas definições, podemos dizer que o Arcadismo é uma
época que valorizava as coisas simples.

O que foi o Arcadismo?


Foi uma época da literatura que aconteceu em torno do século
XVIII e sua intenção era contradizer o exagero da linguagem
rebuscada do Barroco (época anterior), a fim de trazer uma literatura
com teor simples relativo à linguagem e a referência a antiguidade
clássica, por isso o Arcadismo também ficou conhecido como
Neoclassicismo.
É interessante dizer que o Arcadismo se opõe ao Barroco, pois
enquanto a literatura barroca estava em conflito entre os
pensamentos humanos e religiosos, o Arcadismo estava envolvido
pela referência da razão e a ciência que naquela época se mostrava
com mais força.

É possível afirmar que o Arcadismo na Literatura Brasileira


ocorreu em Minas Gerais em um período histórico conhecido como:
Inconfidência Mineira9

Um pouco sobre o contexto histórico do Arcadismo…

"A Inconfidência Mineira" foi uma conspiração política


organizada por profissionais liberais, militares e membros da elite
econômico-social da Capitania de Minas Gerais no fim da década de
1780 – época em que o Brasil ainda era colônia portuguesa. Os
inconfidentes tinham como principal intenção retirar do poder local o
governador (na ocasião nomeado pela Coroa portuguesa) Visconde de
Barbacena, o que configurava uma afronta à autoridade do Império
Português da Capitania de Minas Gerais.”

Além disso, essa estética literária teve influência do movimento


iluminista que resultou: “origem às ideias de revolução, liberalismo,
cidadania, Direitos Humanos, bem como impulsionou a busca pelo
conhecimento em áreas diversas. Os pensadores iluministas
baseavam-se no princípio da racionalidade: a razão humana é que
deveria conduzir o desenvolvimento das ciências, da política e da vida
cotidiana das pessoas, iluminando-as do obscurantismo, da
ignorância e do desconhecimento.”

Ainda em relação ao Iluminismo que neste momento ganha


força, o mesmo foi responsável pelo encerramento do
“Absolutismo”10, ou seja, aqueles que antes eram apenas súditos
9
A Inconfidência Mineira, também conhecida como Conjuração Mineira, foi um movimento
separatista que aconteceu em Minas Gerais no ano de 1789. O principal objetivo era obter a
independência de Minas em relação a Portugal.
10
O absolutismo foi um sistema político que predominou na Europa do século XVI ao século
XVIII. Associado à formação dos Estados Nacionais e ao crescimento da burguesia, esse
regime defendia o poder absoluto dos monarcas sobre o Estado
tornaram-se indivíduos, cidadãos.
Curiosidades do nome Arcadismo:

O nome faz referência à Arcádia, região do sul da Grécia que, por


sua vez, foi nomeada em referência ao semideus Arcas (filho de Zeus e
Calisto). Denota-se, logo de início, as referências à mitologia grega que
perpassa o movimento. Na Arcádia, segundo lendas deste local, viviam-se
pastores que cultuavam a poesia e estavam em perfeita harmonia com a
natureza.
Os inconfidentes não satisfeitos com o crescimento abusivo de
impostos neste período, reuniam-se na casa de Claudio Manoel da Costa,
escritor para reivindicar os problemas que circulavam à época, ou seja,
os escritores da literatura árcade eram os inconfidentes, exceto
Tiradentes.

O Arcadismo e suas características na literatura

Pastoralismo: poetas simples e humildes;

Bucolismo: busca pelos valores da natureza;

Nativismo: referências à terra e ao mundo natural;

Exaltação da pureza, da ingenuidade e da beleza;

Mitologia pagã como elemento estético;

O bom selvagem, expressão do filósofo Jean-


Jacques Rousseau, denota a pureza dos nativos da
terra fazem menção à natureza e à busca pela vida
simples, bucólica e pastoril;

Uso de pseudônimos na poesia - Nomes falsos.

Busca da razão e do equilíbrio.

Influência do iluminismo.

Oposição à estética literária barroca.


Tendo em vista as características acima, é possível afirmar que a
referência ao bucólico se dá; pois, nesta época, a ideia era se
distanciar dos tumultos que o centro urbano ocasionava, isso é
notório de acordo com o contexto histórico que se passa essa
tendência literária. Ainda sob esse viés, podemos dizer que para os
árcades a natureza é a representação do bem, paz, tranquilidade, uma
fuga de tudo que perturbava, incomodava.
Por que do uso de pseudônimos?
Como já vimos, a palavra pseudônimo significa “nomes falsos”,
essa postura ocorreu devido ao receio que os escritores da literatura
árcade tinham em relação às divergências de opiniões em relação ao
governo vigente da época. Portanto, criaram nomes falsos para
representá-los para que em suas poesias, obras literárias pudessem
criticar sem risco de serem descobertos e, possivelmente, mais tarde
serem punidos.

Exercícios
1. De acordo com os estudos sobre o Arcadismo, esse período
literário elimina:
a) As ideias iluministas.
b) A simplicidade e vida no campo.
c) O exagero e dualidade humana.
d) A antiguidade clássica.

2. A palavra “Arcadismo” possui etimologia:


a) Da Grécia.
b) Dos inconfidentes.
c) Da Revolução Francesa.
d) Do Iluminismo.

3. Em qual contexto histórico abaixo o Arcadismo vivencia tendo em


vista o crescimento de impostos abusivos?
a) Revolução Francesa.
b) Reforma Protestante.
c) Inconfidência Mineira.
d) Descobrimento do Brasil.

4. Qual característica abaixo define o comportamento dos escritores


árcades?
a) A referência aos deuses gregos.
b) O uso de pseudônimos.
c) O uso de uma linguagem rebuscada.
d) O uso de antíteses e paradoxos.

5. Qual estética literária o Arcadismo se contradiz?


a) Quinhentismo.
b) Romantismo.
c) Barroco.
d) Idade Média.
Leia um trecho do poema abaixo do autor Cláudio Manuel da Costa
para responder às questões 6 a 8.
Os teus olhos espalham luz divina
A quem a luz do Sol em vão não se atreve:
Papoula ou rosa delicada,e fina,
Te cobre as faces, que são cor de neve (...)
os seus compridos cabelos,
Que sobre as costas ondeiam,
São que os de Apolo mais belos;
Mas da loura cor não são.
Têm a cor da negra noite
E com o branco do rosto
Fazem, Marília, um composto
Da mais formosura união (...)

6. De acordo com o conteúdo apresentado no poema, como o eu-lírico


se sente em relação à Marília?
7. De que forma Marília de Dirceu é descrita no poema? Retire um
trecho que possa justificar sua resposta.

8. A linguagem conotativa ou linguagem figurada é uma ferramenta


utilizada nos textos literários desse período. Este tipo de recurso é
utilizado no verso: “Os teus olhos espalham a luz divina…”, observando
a expressão destacada, qual sentido a mesma expressa nessa frase?

9. De acordo com os estudos sobre o Arcadismo, cite outras duas


características desse período.

10. Como podemos explicar a origem da palavra Arcadismo?


2º Período

(EM13LGG101)
(EM13LP06)
Arcadismo (parte 2) - Principais autores do
Neoclassicismo - Identificando nas entrelinhas da
poesia árcade as características desse período -
Leitura e análise de textos.
Na aula anterior, vimos que a escola literária conhecida como
Arcadismo foi de grande importância para nossa literatura, pois a
mesma apresenta características únicas que distanciam os
pensamentos sobre conflitos, divergências de opiniões os quais se
defendiam ou até mesmo sobre o que queriam impor.
Aqui nesta unidade, nossos estudos darão continuidade sobre o
Arcadismo, porém de forma mais aprofundada, ou seja, identificando
nas entrelinhas dos textos árcades características pertencentes a este
período literário, além de conhecer de mesmo modo um pouco de
cada autor de grande referência nesse momento.
Vimos que o Arcadismo é uma escola literária que valoriza a natureza,
cujo objetivo é representá-la como uma metáfora de paz e
tranquilidade. Para iniciarmos nossas análises, vamos ler o poema
abaixo.

Poema: Convite a Marília, do poeta português Bocage.

Já se afastou de nós o Inverno agreste


Envolto nos seus úmidos vapores;
A fértil Primavera, a mãe das flores
O prado ameno de boninas veste:

Varrendo os ares o sutil nordeste


Os torna azuis; as aves de mil cores
Adejam entre Zéfiros, e Amores,
E toma o fresco Tejo a cor celeste:
Vem, ó Marília, vem lograr comigo
Destes alegres campos a beleza,
Destas copadas árvores o abrigo:

Deixa louvar da corte a vã grandeza:


Quanto me agrada mais estar contigo
Notando as perfeições da Natureza!

No poema acima, é notório identificarmos características do


Arcadismo como a leveza entre as colocações das palavras, a
referência a natureza, como nos versos: “A fértil Primavera, a mãe das
flores O prado ameno de boninas veste”. É interessante fazermos uma
comparação com o título da poesia em relação a seu contexto, pois
somado a isso o poema apresenta: “a estrutura de um soneto, com
rimas intercaladas, que imitam os poemas clássicos; há a presença de
figuras mitológicas; o convite à amada para curtir a beleza, a
simplicidade e a tranquilidade da natureza é feito com palavras
simples e de fácil entendimento; o cenário da vida campestre
retratado revela a apreciação da natureza, o bucolismo.”
O que é Arcadismo: características e contexto histórico - Norma
Culta
Neste outro poema, veremos outras características da poesia
árcade, agora com uma referência mais direta à Antiguidade Clássica,
valorização da vida no campo. Vejamos tais características nas
estrofes:I
Para cantar de Amor tenros cuidados,
Tomo entre vós, ó montes, o instrumento,
Ouvi pois o meu fúnebre lamento;
Se é que de compaixão sois animados:
Já vós vistes que aos ecos magoados
Do Trácio Orfeu parava o mesmo vento;
Da lira de Anfião ao doce acento
Se viram os rochedos abalados.
Bem sei, que de outros Gênios o destino,
Para cingir de Apolo a verde rama,
Lhes influiu na lira estro divino;
O canto, pois, que a minha voz derrama,
Porque ao menos o entoa um Peregrino11,
Se faz digno entre vós também de fama.
V
Sou Pastor; não te nego; os meus montados
São esses, que aí vês; vivo contente
Ao trazer entre a relva florescente
A doce companhia dos meus gados…
Já de início percebemos que o poeta faz menção à Antiguidade
Clássica se referindo ao deus grego Apolo12, além do eu-lírico se sentir
bem em viver em uma vida pastoril, identificamos isso nos versos: “Sou
Pastor; não te nego; os meus montados São esses, que aí vês; vivo contente
Ao trazer entre a relva florescente A doce companhia dos meus gados…”

Conhecendo um pouco dos escritores árcades:


É válido ressaltar que os autores principais da Era Árcade que vamos
conhecer agora, refletiram suas obras literárias tanto em Portugal
quanto no Brasil.

11
Diz-se de um indivíduo andante, que viaja, que empreende longas jornadas.
12
Apolo, deus do Sol, da música, das artes, da profecia etc., foi um dos deuses mais importantes
na Grécia Antiga. Era filho de Zeus e irmão gêmeo de Ártemis.
Manuel Maria Barbosa du Bocage:
Nasceu em 15 de setembro de 1765, "O
poeta, que morreu em 21 de dezembro de
1805, em Lisboa, produziu textos com
características árcades e românticas.
Assim, adotou o pseudônimo árcade
Elmano Sadino, mas também escreveu
uma poesia erótica e anedótica, que
acabou sendo responsável pela fama do
artista."

Cláudio Manuel da Costa:


“Pseudônimo Glauceste Satúrnio,
inaugurou o Arcadismo no Brasil com a
publicação de Obras Poéticas, em
1768. Além disso, criou a Arcádia
Ultramarina13, que era uma academia
literária brasileira. As obras de Cláudio
Manuel da Costa se caracterizam pela
presença de pastores e outras
referências à vida no campo. Algumas
de suas principais obras: Vila Rica,
Obras poéticas.”

13
Trata-se de uma sociedade literária fundada na cidade de Vila Rica (MG), influenciada pela
Arcádia italiana (fundad em 1690) e cujos membros adotavam pseudônimos, isto é, nomes
artísticos, de pastores cantados na poesia grega ou latina. Por isso que alguns dos principais
nomes do Arcadismo brasileiro publicavam suas obras com nomes inspirados na mitologia
grega e romana.
“Tomás Antônio Gonzaga: Com
pseudônimo Dirceu, é o autor de
Marília de Dirceu (1792), em que
estão presentes características do
simplicidade. Além desse poema
lírico, escreveu apenas mais
uma obra de forma anônima,
Cartas Chilenas, que é uma sátira
contra o governo de Minas Gerais.”

Basílio da Gama : “É o autor de


Uraguai (1769), poema épico que
critica os jesuítas. O escritor, de
pseudônimo Termindo Sipílio é um
adepto das transformações
portuguesas concretizadas pelo
marquês de Pombal - as reformas
pombalinas.”
Santa Rita Durão: “Ou Frei José
de Santa Rita Durão (1722-1784),
foi um religioso que escreveu
Caramuru - Poema Épico do
Descobrimento da Bahia (1781).”

Exercícios
Leia atentamente um trecho do poema abaixo de Cláudio Manuel da
Costa:
SONETO VII
“Onde estou? Este sítio desconheço:
Quem fez tão diferente aquele prado?Tudo
outra natureza tem tomado,
E em contemplá-lo, tímido, esmoreço.
Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço
De estar a ela um dia reclinado;
Ali em vale um monte está mudado:
Quando pode dos anos o progresso!
Árvores aqui vi tão florescentes”
1. Qual característica do Arcadismo é evidente no poema acima?
a) Referência a Antiguidade Clássica.
b) Comparação a seres mitológicos.
c) Referência ao bucolismo.
d) Busca de uma evasão da realidade
2. De acordo com o contexto do poema, como podemos interpretar o
que eu-lírico está sentindo tendo em vista suas afirmações?
a) Feliz por estar em um lugar tranquilo.
b) Entristecido por não reconhecer a natureza que antes existia.
c) Conformado, pois mudanças naturais são inevitáveis.
d) Agradecido por estar longe de conflitos e estar em companhia da
natureza.

3. O verso: “ Tudo outra natureza tem tomado”, utiliza o recurso da


linguagem que conhecemos como:
a) Denotação.
b) Comparação.
c) Conotação.
d) Intertextualidade.

4. Qual autor da literatura árcade é pseudônimo de Glauceste


Satúrnio?
a) Tomaz Antonio Gonzaga.
b) Cláudio Manuel da Costa.
c) Bocage.
d) Marília de Dirceu.
5. Nos textos árcades há utilização de uma linguagem:
a) Simples e delicada.
b) Excessiva e exagerada.
c) Informal e crítica.
d) Idealizada e rebuscada.
Leia alguns trechos da obra literária: Marília de Dirceu de Tomás
Antônio Gonzaga para responder às questões 6, 7 e 8.
Na tua face mimosa

Marília estão misturadas


Purpúreas folhas de rosa,
Brancas folhas de jasmim
Dos rubins mais preciosos
Os seus beiços são formados
Os seus dentes delicados
São pedaços de marfim (...)
De amar, minha Marília, a formosura
Não se podem livrar humanos peitos
Adoram os Heróis, e os mesmos brutos
Aos grilhões de Cupidos estão sujeitos,
Quem, Marília, despreza uma beleza,
A luz da razão precisa;

6. Tendo em vista o contexto apresentado, como o eu-lírico visualiza


Marília?

7. Retire um verso da poesia que justifique sua resposta anterior.

8. No verso: “Os seus dentes delicados”, observando a palavra


destacada, qual sentido a mesma expressa nessa frase?

9. É notório que nas obras árcades há uso dos pseudônimos, como no


caso desse poema sobre Marília de Dirceu o qual corresponde à
poesia do autor Tomás Antônio Gonzaga. De acordo com essa
afirmação, por que era necessário mascarar a identidade poética no
Arcadismo?
10. No decorrer da leitura há vários adjetivos que idealizam Marília.
Encontre no mínimo dois que se referem a ela.
2º Período

(EM13LGG604)
(EM13LGG302)
(EM13LGG604)
(EM13LGG601
Conhecendo as versatilidades da literatura:
Conceituando a cultura indígena e africana, suas
características e etimologias.
Muito se discute sobre a importância que a literatura
contemporânea possui no enriquecimento cultural do indivíduo. O
objetivo desta aula é conhecermos outras vertentes literárias que de
mesmo modo contribuem para a formação de cultura e bagagem de
conhecimento. Além disso, vamos entender como as características
particulares dessas literaturas as fazem únicas em sua composição e
identidade.
Você já ouviu falar em cultura indígena e africana? Conhece
alguns costumes dessas origens?
Bem, podemos confirmar que, segundo estudos, pesquisas, os
indígenas foram os primeiros povos que os portugueses encontraram
aqui no Brasil, em torno do século XVI e que o choque cultural foi bem
impactante, tendo em vista as diferenças físicas, comportamentais
entre ambos. Já no que diz respeito aos africanos, é possível traçar um
diálogo com contexto histórico conhecido como: “Abolição da
escravatura” cuja intenção era lutar por direitos de igualdade e
liberdade em relação ao trabalho escravo. Mais tarde vamos entender
melhor como esse contexto pode influenciar a cultura africana e
também sua literatura.
Logo, com as afirmações acima é possível entender que tanto os
indígenas quanto os africanos exerceram e ainda exercem um papel
fundamental na construção e vivência humana, cada um com suas
particularidades, com a pretensão de destacar suas experiências,
costumes e, sobretudo, mostrar o ufanismo de ser o que são,
buscamos desfazer a margem social que enfrentaram e ainda
enfrentam.
Antes de traçarmos a separação entre ambas culturas em
estudo, é interessante saber informações gerais sobre tais culturas.

Fique por dentro!


“O Brasil tem uma história marcada por uma grande contribuição da
cultura indígena e africana. A identidade nacional do povo brasileiro
passa por estas duas etnias.

Nosso país tem a maior população de origem africana fora da África. Por
isso, a influência africana pode ser vista nas músicas, religiões e
manifestações culturais do povo brasileiro. A cultura negra é forte
principalmente na região nordeste do Brasil.

O movimento afro-brasileiro é resultado da miscigenação dos povos. A


cultura africana foi incorporada no Brasil a partir do século XIX, com
destaque para a prática da capoeira e para as manifestações e rituais
religiosos.

O samba, principal ritmo brasileiro, tem grande contribuição e influência


da cultura africana, sendo uma das primeiras adaptações dos cantos
tribais dos primeiros escravos que chegaram ao Brasil. A capoeira, um
tipo de dança e luta de origem negra, foi proibida no Brasil por muitos
anos, mas se tornou parte importante da cultura do país em 1930, sendo
considerada nos dias de hoje como um esporte verdadeiramente
nacional.”

Culturas indígenas e africanas


Você já sabe definir o que é cultura?

Cultura são manifestações habituais de um local, pessoas. São


costumes específicos de algum ambiente, em outras palavras,
podemos afirmar que é: “o conjunto de tradições, crenças e
costumes de determinado grupo social. Ela é repassada através da
comunicação ou imitação às gerações seguintes.
Dessa forma, a cultura representa o patrimônio social de um
grupo sendo a soma de padrões dos comportamentos humanos e
que envolve: conhecimentos, experiências, atitudes, valores,
crenças, religião, língua, hierarquia, relações espaciais, noção de
tempo, conceitos de universo.”
Cultura Indígena
Antes de ressaltarmos um
pouco sobre a diversidade da
cultura indígena, é importante
retomar que pelo fato dos índios
terem sido os primeiros habitantes
que os portugueses encontraram
aqui no Brasil, isso gerou muitas
mudanças em relação ao
reconhecimento do povo indígena. A cultura dos índios é vasta em
sabedoria e influencia muito a nossa identidade nacional.

Curiosidade: A estrutura social dos índios é diferente das dos


homens brancos, havendo direitos e tratamentos igualitários.
Desse modo, a coletividade é uma característica notória entre os
indígenas.

Veja abaixo algumas de suas culturas:


❖ Religião: "Tupã era o ser sobrenatural supremo que controlava
a natureza e, como é comum nas religiões a identificação dos seus
deuses com os seus povos, era representado pela figura de um índio
poderoso. Além desse deus, existia a figura mística do Abaçaí, que,
para alguns povos, tratava-se de um espírito maléfico que perturbava
a vida dos índios."

❖ Arte e artesanato: “Destaca-se a importância da música, dança,


arte plumária, cestaria, cerâmica, tecelagem e a pintura corporal.”

“A cultura indígena utiliza a música como uma forma de contar


suas histórias e lhe atribui poderes mágicos, com os quais são
capazes de afetar a ordem cosmológica. De igual modo, a dança
possui funções similares às da música nas sociedades indígenas.
Normalmente, as danças são do tipo circulares, com o intuito de
obter colheitas fartas, espantar espíritos malignos, curar doenças,
etc. Por outro lado, a arte plumária possui funções mais decorativas
(cocares e braceletes) e, via de regra, é restrita aos homens.
Enquanto a cestaria e a cerâmica são praticadas mais pelas
mulheres. Elas lançam mão de vários trançados para confeccionar
cestos para diversos fins e utilizam a argila para obter vasilhas, potes,
objetos rituais, adornos, dentre outros.”

Outras curiosidades da cultura indígena:


❖ As culturas indígenas são, via de regra, baseada na oralidade.
Contudo, mesmo na ausência da escrita, uma diversidade de sinais e
de outras formas gráficas cumprem o papel comunicativo.

❖ As lendas folclóricas têm influências da mitologia indígena.


Exemplo de uma lenda indígena: Boitatá.

❖ Valorização da natureza como elemento divino.

❖ "Religiões animistas (aquelas que colocam como seres


sobrenaturais e divinos elementos da natureza, como o Sol, a Lua e
as florestas) compunham o imaginário religiosos dos povos
indígenas."

❖ "As sociedades indígenas prezam muito por duas coisas:


respeito e ligação com a natureza e respeito à sabedoria dos
anciãos."

❖ Relação simultânea entre o material e o imaterial.

Cultura Africana
A cultura africana é semelhante à cultura
indígena, porém se distancia em alguns aspectos.
Vale ressaltar que a história dos povos africanos
foi escrita e reproduzida por seus colonizadores
europeus, que eram os missionários e viajantes.
Deste modo, os colonizadores usufruíram da mão de obra escrava de
africanos. Além disso, usurparam seus direitos, como era o caso de
contar a sua própria história.

Curiosidade: Os egípcios foram os pioneiros na construção de


um império africano, isso há mais de 5 mil anos.

Veja abaixo algumas de suas culturas:

"A música e a dança fazem parte das culturas tribais africanas.


Embaladas por um ritmo marcado por instrumentos de percussão, as
danças africanas geralmente têm ritmo e compasso rápidos, o que
permite variações e movimentos diferentes."

As religiões africanas são caracterizadas por diferentes cultos,


sublinhando o islamismo e o cristianismo. Porém, além desses há as
religiões consideradas tradicionais, só que vistas como magia e
feitiçaria em outras culturas.

Os povos africanos apresentam origens mitológicas distintas para


descrever as suas origens. No entanto, detêm de um panteão
(conjunto de deuses de uma determinada religião) e veneram os
antepassados e as divindades naturais.

“Os costumes tradicionalmente islâmicos, pois essa denominação


religiosa é predominante por lá. É comum nas sociedades, sobretudo
a egípcia e a marroquina, a prevalência do uso do véu para as
mulheres muçulmanas e a instituição de um modelo patriarcal de
família, baseado nos costumes do islamismo."

Temos hoje diversas danças brasileiras que foram trazidas por


africanos ou surgiram com base em elementos culturais dessas
pessoas que viviam no Brasil. São elas: a capoeira, que é também uma
arte marcial utilizada como defesa dos escravos fugitivos contra os
capitães do mato; o samba; o axé, dança originária do ritmo afoxé que
tem origem nas tradicionais danças religiosas); o coco; e o maracatu.”
Exercícios
1. Nesta aula, falamos sobre as características inerentes à cultura
indígena e africana. De acordo com o conceito sobre “Cultura”, é
correto afirmar:

a) É uma manifestação artística na música.


b) São hábitos de lugares específicos.
c) São costumes de um determinado lugar, povo.
d) Cultura é o conjunto de comportamentos sem crenças.

2. A cultura indígena apresenta uma amplitude de características,


qual opção abaixo faz parte dessa modalidade?

a) A não aprovação de crença no sobrenatural.


b) A desvalorização da ancestralidade.
c) A valorização dos aspectos naturais.
d) A privação de uma cultura alegórica.

3. Qual opção abaixo é considerada uma luta em relação à cultura


africana?
a) Deuses naturais.
b) Capoeira.
c) Samba.
d) Axé.

4. A cultura africana apresenta uma vasta diversidade em relação a


seus costumes. Quais das opções abaixo não se enquadra como
característica dessa cultura?

a) Valorização de danças.
b) Crenças mitológicas.
c) A não credibilidade da natureza.
d) Respeito aos antepassados.

5. A comunicação e os ensinamentos sobre a cultura indígena eram


passadas de forma:
a) Não verbal.
b) Oral.
c) Gráfica.
d) Telepática.

Leia o poema: Donos da Terra de Daniela Valadares para responder


às questões 6 a 10.

Usurparam sua cultura


costumes e tradições.
Apossaram-se de suas
terras, seu verde devastou.
O índio andava nu, uma livre
inocência, foi injetado em suas
mentes inverdades sobre moralidade
cegaram a sua pureza…
513 anos depois, O índio
ainda tem que guerrear, por uma
terra que sempre foi sua,
provar que este é seu lugar.
A força do índio vem de um querer,
provar que esta terra vasta não é
“terra de ninguém”.
Esta terra sempre teve donos,
tinha e ainda tem… ÍNDIOS.

6. Os indígenas são povos nativos de uma cultura ímpar. De acordo


com estudos, os mesmos foram descobertos por europeus que se
aproveitaram dos mesmos para a mão de obra e interesse por suas
terras. De acordo com essa afirmação, retire do poema um verso que
justifique esta ideia. Transcreva-a!
7. Tendo em vista o amor patriota indígena, o que a autora quis dizer
no verso: “O índio ainda tem que guerrear, por uma terra que sempre foi
sua, provar que este é seu lugar.”

8. Em análise ao título do poema: “Donos da terra” e de acordo com


a leitura atenta da poesia, a quem esse título se refere ?

9. A cultura africana é bem valorizada em relação às suas diversidades


culturais, algumas delas estendem-se a músicas, danças entre outros.
De acordo com os estudos sobre a cultura africana, cite duas religiões
presentes em seus costumes.

10. Tendo em vista os estudos sobre as culturas indígenas e africanas,


quais são os traços semelhantes e diferentes de tais costumes?
2º Período

(EM13LGG604)
(EM13LGG302)
(EM13LGG604)
A literatura indígena e suas identidades
literárias/ Como surgiu? / Seus recursos culturais/
Um pé nas eras: romântica e modernista
nacionalistas.
Na aula anterior, estudamos sobre as culturas indígenas e
africanas. Aqui nesta unidade, de certa forma, continuaremos falando
sobre a influência da cultura, no entanto no que diz respeito à
literatura indígena.
Já sabemos que literatura é uma arte que procura mostrar por
meio da ficção aspectos do que vivemos no dia a dia. Nesta aula,
vamos entender o que é a literatura indígena e o porquê da sua
importância.
Podemos definir literatura índígena como um estudo mais
contemporâneo cuja intenção é a valorização do povo indígena e suas
vivências. Além disso, vale ressaltar que é uma literatura que
evidencia a importância da identidade nacional. Tendo em vista, o
apagamento do povo indígena em relação a colonização, essa
ferramenta literária vem com o objetivo de mostrar que os índios
possuem uma representatividade necessária para a nação brasileira e
que seus valores devem ser respeitados e conhecidos.
A literatura é vasta e deve ser compreendida de forma
fragmentada, compondo nela um pouco de cada experiência,
características, traços individuais de cada período que a constrói. Não
é à toa que os indígenas em sua literatura nos passa conhecimentos
de tudo o que passaram e, além disso, uma amplitude profunda de
seus costumes.
Logo, podemos afirmar que a literatura dos indígenas possui em
sua bagagem vários escritos, como: poemas, romances os quais
registram a sua cultura para a divulgação de sua origem, permitindo a
ruptura de uma literatura marginalizada em relação aos moldes
literários já existentes.

Fique por dentro!


A literatura indígena também pode ser chamada de literatura de
povos originários, tendo em vista o surgimento do primeiro contato
entre os índios e portugueses, resultando o choque de cultura entre
ambos e a realização de costumes autênticos desse povo. Além disso,
podemos ressaltar que essa literatura é “uma ferramenta potente
para a difusão da cultura e resgate de representação histórica, tal
como o protagonismo em suas próprias histórias.”

Conhecendo alguns autores indígenas:

Eliane Potiguara Márcia Wayna Kambeba

Graça Graúna
Kaká Werá

Daniel Munduruku
Cristino Wapichana
Observando as imagens acima, é notório traços descritivos indígenas
nesses autores. Cada um deles tem uma diversidade rica de obras
literárias que abordam suas identidades e paixões por serem o que
são.

Para melhor enriquecer nossos estudos sobre a literatura indígena,


vamos analisar algumas reflexões que remetem a importância dessa
modalidade artística única para a nossa formação.

“Ouvir as vozes da floresta nos faz compreender melhor a relação


desses povos com a terra e a sua cultura de preservação da
natureza. O indígena é o guardião de uma riqueza que é de toda a
humanidade.” Demetrios Galvão, em “Tembetá o Som do Saber Ancestral”. Revista
Acrobata, 13.8.2019.

Análise:
Podemos entender que o trecho acima apresenta alguns costumes
que a cultura indígena defende, como a valorização da natureza, pois
para eles esse aspecto pode ser uma reverência religiosa e que os
índios têm a missão de proteger tudo o que circula esse bem valioso.
Com isso, entende que a literatura indígena é necessária, porque ela
nos ensina valores da cultura desse povo enraizado em nosso país.

CURIOSIDADES SOBRE A LITERATURA INDÍGENA:


“O ensino da história e da cultura indígena brasileira durante a
Educação Básica tornou-se obrigatório desde 2008, mas ainda se sabe
pouco sobre os povos nativos do país. Entre os conteúdos produzidos
a respeito desse tema, a maior parte foi escrita dentro dos grandes
centros urbanos por pessoas provenientes da sociedade ocidental.
Mas, afinal, o que os indígenas têm a dizer sobre suas próprias
tradições, culturas e histórias?

Segundo a professora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná


Janice Cristine Thiél, especialista em literaturas indígenas brasileiras e
doutora pela Universidade Federal do Paraná, a produção de textos
por indígenas floresceu na década de 1990 e entrou neste século
como movimento literário reconhecido. A produção textual indígena
ajuda a recontar a história do Brasil a partir de uma perspectiva
diferente da narrativa oficial.”

“A literatura tem suas raízes na tradição oral, mesmo a que


consideramos canônica, que conhecemos pelas publicações escritas.
Portanto, ela é multimodal, composta por múltiplas modalidades de
construção de sentido, de expressão oral, escrita, visual etc. No caso
da literatura indígena, sua tradição é oral e performática, ou seja,
envolve não só a palavra dos contadores de história, sua voz,
entonação, mas elementos como dança, música, ilustrações, bem
como elementos de tradição ocidental de compor narrativas, poemas,
entre outros gêneros literários”

“A professora também defende a leitura de obras indígenas dentro da


escola e da universidade como forma de aproximação cultural entre
esses povos e a sociedade urbana. “As obras de autores indígenas
podem e devem ser lidas e estudadas para que se promova o
letramento cultural e literário e para que se conheça como eles
contribuem para a construção da diversidade da literatura brasileira,
pois os grupos indígenas não fazem parte apenas do passado dessa
nação, mas de seu presente e futuro”,
completa.”

“A publicação de textos escritos por


indígenas dá visibilidade às diferentes
etnias que existem no país, número que
hoje é de 206 povos. Cada um deles tem
suas particularidades e suas próprias
tradições, deixando clara a diversidade
que é encontrada dentro da própria
corrente literária indígena.”
Veja um exemplo de uma obra literária
indígena e sua análise:
“Kaká é filho de pais tapuias e tem se dedicado à disseminação das
culturas ancestrais brasileiras, além de trazê-las para a
contemporaneidade. É citado no livro Pele silenciosa, pele sonora: a
literatura indígena em destaque como um dos expoentes da produção
textual indígena. “A literatura é uma ferramenta de propagação de
valores e de visão de mundo dos povos indígenas para muita gente,
ampliando o poder de difusão de uma diversidade de saberes. Torna-
se, assim, mais do que afirmação de identidade e autoestima, uma
forma de preservar conhecimentos e de (re)existência” afirma o
escritor.”

Dialogando a literatura indígena com as épocas


literárias: Romantismo e Modernismo.

Mais adiante, vamos conhecer algumas épocas da literatura brasileira


que podem dialogar um pouco com a literatura indígena devido a
utilização temática desses povos em suas obras literárias e no contexto
histórico que circulavam. A exemplo disso, em primeiro plano, citamos
a Era Romântica que ocorreu em torno do século XIX.
Nesse período o índio era visto como herói idealizado e referência
crucial para a representação da independência brasileira, cujo objetivo
era forjar uma identidade nacional genuína. Em contrapartida, na era
Modernista, decorrente por volta do século XX, o índio é analisado de
forma crítica, tendo em vista que a proposta desse período era
desmascarar a ideia de perfeição que os românticos defendiam. As
obras literárias que especificam estes aspectos são: “Iracema” de José
de Alencar o qual se insere na Era Romântica e “Macunaíma: Um herói
sem nenhum caráter” o qual se enquadra na Era Modernista.
Exercícios
1. De acordo com os conhecimentos adquiridos nesta aula, como
podemos definir a literatura indígena?

a) Um estudo somente sobre os antepassados.


b) Uma literatura que resgata a importância da cultura indígena.
c) Uma modalidade artística apenas para entreter o leitor.
d) Uma exposição de arte que procura enfatizar apenas aspectos
literários antigos.

2. Por que podemos considerar a literatura indígena como


contemporânea?

a) Evidencia estudos sobre os indígenas primários.


b) Estende os conhecimentos e culturas indígenas até os dias atuais.
c) Não prioriza as características da cultura dos povos indígenas.
d) Apresenta as características dos povos indígenas com o objetivo de
marginalização.

Leia o poema abaixo de Eliane Potiguara, autora da literatura


indígena, para responder às questões de 3 a 5.
Nosso ancestral dizia: Temos vida longa!
Mas caio da vida e da morte
E range o armamento contra nós.
Mas enquanto eu tiver o coração aceso
Não morre a indígena em mim
E nem tampouco o compromisso que assumi
Perante os mortos
De caminhar com minha gente passo a passo
E firme, em direção ao sol.
Sou uma agulha que ferve no meio do palheiro
Carrego o peso da família espoliada
Desacreditada, humilhada
Sem forma, sem brilho, sem fama (...)

3 - De acordo com a leitura atenta do poema, o mesmo tem a


finalidade de:

a) Valorizar a cultura indígena e lutar por sua representatividade.


b) Comparar a literatura indígena com um teor estético.
c) Mostrar que os indígenas perderam sua identidade já que foram
colonizados.
d) Individualizar a literatura indígena como retrógrada.
4 - O trecho: “Mas enquanto eu tiver o coração aceso, não morre a
indígena em mim…”, a palavra em destaque está sendo empregada no
sentido figurado a qual confere o sentido de:

a) Desdém.
b) Esperança.
c) Incredulidade.
d) Nostalgia.

5 - A literatura indígena apresenta crenças culturais relacionadas à


elementos transcendentais, à margem do mundo real, permitindo a
existência entre o espiritual e o material. Qual dos trechos abaixo
retirados do poema, exemplifica essa característica:

a) “Mas caio da vida e da morte…”


b) “Sem brilho, sem forma, sem fama…”
c) “Sou uma agulha que ferve no meio do palheiro…”
d) “Nosso ancestral dizia: Temos vida longa!...”

Leia o trecho do poema abaixo e responda o que se pede:

“Nós, povos indígenas,

Queremos brilhar no cenário da História

Resgatar nossa memória

E ver os frutos de nosso país, sendo divididos

Radicalmente

Entre milhares de aldeados e “desplazados”

Como nós”
Eliane Potiguara, do poema “Identidade indígena” (1975).

6. No decorrer da história, os povos indígenas foram excluídos e até


mesmo sofreram preconceito devido a sua etimologia. Retire do texto
acima um verso que mostre a necessidade que os indígenas
apresentam para sua valorização.
7. O que a autora quis dizer no verso: “Resgatar nossa memória”?

8. De acordo com sua resposta anterior (7), que outro termo poderia
ser substituído pelo verbo “Resgatar” sem perda de sentido? Indique
o termo e reescreva a frase com essa substituição.

9. Por que é possível dialogar a literatura indígena com a Eras


literárias: Romantismo e Modernismo?

10. Escolha um dos autores da literatura indígena e faça uma breve


pesquisa biográfica sobre o mesmo, mencionando no mínimo uma
obra literária de sua autoria e alguns traços indígenas que compõem
a obra escolhida.
2º Período

(EM13LGG401)
(EM13LGG502)
(EM13LGG302)
A literatura africana e suas identidades literárias/
Qual o objetivo de seu surgimento? / Recursos
culturais.

Nesta aula, vamos nos


aprofundar na literatura
africana que assim como a
literatura indígena, a mesma
sente a necessidade de ser
mais valorizada, tendo em
vista as ações marginalizadas
em relação a sua cultura.
Podemos definir a literatura africana como uma manifestação
artística a qual centraliza os costumes, riquezas culturais que existem
nos países que fazem parte da África. É possível afirmar que essa
necessidade se deu; pois, não é de hoje que esses povos são vítimas
de preconceito seja ele relativo a raça, religião, dialetos dentre outros.
Em outras palavras definimos literatura africana como: “um
movimento que ficou conhecido como negritude14, sendo que a primeira
leva dos escritores participou do primeiro congresso de escritores da
África no ano de 1956, contendo textos e poesias inspirados nas revoltas
que possuíam caráter anticolonialista15”.
De acordo com a definição acima, a palavra anticolonialista se
refere à literatura africana, pois o objetivo agora era se desprender
das ideias de colônia, ou seja, do superior, de tudo que escondia as
raízes e identidades que participam da cultura africana. É importante
ressaltar que essa arte literária centraliza a autenticidade e o ufanismo
de suas origens.

Fique por dentro!

14
A negritude pode ser definida em três aspectos: identidade, fidelidade e solidariedade.
15
Anticolonialista é o termo utilizado para designar aquelas pessoas ou instituições que
defendiam o direito de autodeterminação das populações, sobretudo das populações das antigas
colônias europeias.
“Diante da beleza e dos encantos, assim como pelos mistérios e segredos
que a África esconde, os autores da literatura desse continente são
responsáveis pelo desenvolvimento de um universo bastante único,
abrindo-se para trabalhos incríveis.

O continente passou ainda por diversas formas de sofrimento,


relacionadas à aspectos culturais, econômicos, entre outros, mas o que a
tornou uma terra sofrida, reconhecidamente pelo mundo, foram os
processos de colonização, assim como pelos conflitos vividos até os dias
de hoje e as guerras civis, que chegam com grandes destruições.

Alguns poucos autores da literatura africana são conhecidos


mundialmente em decorrência da repercussão que suas obras tiveram,
como por exemplo Wole Soyinka, escritor da Nigéria, e Nadine Gordimer,
escritora da África do Sul.”

CURIOSIDADES SOBRE A LITERATURA AFRICANA

“As principais inspirações para os escritores da literatura africana são,


certamente, a terra, os conflitos vividos na região, assim como a beleza
dos lugares que existem por lá e dos sofrimentos que passaram nos
setores social e político.

Outro importante assunto abordado pelos escritores, são os contrastes


que são vividos diariamente na região. Após as guerras e a exploração da
colonização europeia, a África do Sul, por exemplo, conseguiu se
recompor, enquanto a Somália possui um número maior de animais do
que de humanos, tendo um ambiente muito mais parecido com a Serra
Leoa.”

Além das informações acima, podemos ressaltar a importância


que essa sociedade reflete nessa literatura, permitindo entender que
não é apenas contar sobre seus costumes e crenças, mas mostrar a
relevância de seu papel no convívio social e, sobretudo, no respeito
em seus comportamentos, pensamentos, dentre outros. Para
complementar esse pensamento, seguem abaixo alguns comentários
a respeito do papel social da literatura africana.

“A literatura africana contemporânea nasce nesse contexto de combate –


o que não significa que ela não existisse anteriormente em formas orais.
Combate contra o que? Contra uma estrutura de poder racializada, contra
o colonialismo que buscava apagar as culturas africanas e suas visões de
mundo, contra o imperialismo que adentrava cada aspecto de suas vidas.
Uma literatura forjada nesse fogo possui algo a nos dizer sobre a
reconquista da humanidade em África.”

“Nessa conjuntura histórica das independências africanas, a literatura,


instrumento de criação e interpretação do mundo, funcionou como
dispositivo para semear os laços nacionais, expressar as formas de
resistências e agências africanas, assim como para denunciar as mazelas
decorrentes dessa nova etapa da vida liberta. Na Nigéria, por exemplo,
Mabel Segun e Adaora Lily Ulasi fizeram parte da primeira geração de
escritoras do país e as quais abriram as portas para outras mulheres
escritoras que, por sua vez, adentraram ao cenário de produção literária
com maior intensidade a partir da década de 1970 e 1980. É nesse
momento que romancistas como Buchi Emecheta e Flora Nwapa escrevem
suas obras ressaltando o local das mulheres nesse cenário tomado não
pela barbárie, mas pela humanidade.”

“Alguns autores debutaram com suas primeiras publicações nas décadas


de 1950 e 1960. Ou seja, em meio ao domínio colonial de África, em meio
a leis de segregação racial no continente e fora dele, e em meio a um
universo mental que só via incivilidade em África. Suas vidas eram
mediadas pelo racismo e pelo eurocentrismo. O racismo tratava de
inferiorizar tudo que é africano, negro e de origem não europeia. O
eurocentrismo tratava de anular qualquer forma de pensar que não fosse
europeia e de matriz greco-romana-cristã, tratava de invalidar e apagar
culturas e línguas africanas.”

De acordo com as afirmações acima sobre essa diversidade


cultural e literária, o surgimento da literatura africana ocorreu porque
era preciso as pessoas saberem a importância de apreender novos
conhecimentos em relação a mesma, desfazendo mitos sobre um
modelo padrão de literatura, dando abertura a novos estudos,
abrindo espaço para novos escritores, além de possibilitar uma
aprendizagem crítica, sendo porta-voz de um espaço antes rejeitado
e agora, conhecido e valorizado.
Algumas características dessa literatura:

Valorização da cultura africana.


Resgate da ancestralidade.
Presença de idiomas nativos.
Valorização da oralidade.
Questões raciais.
Elementos feministas.
Nacionalismo.
Discurso anticolonialista.
Tensão entre a cultura colonial e a africana.
Algumas obras e autores da
Literatura Africana

“O primeiro e um dos mais densos


romances do moçambicano Mia
Couto, hoje o mais popular dos
escritores africanos de língua
portuguesa, Terra Sonâmbula tem
como pano de fundo o período de
guerra civil pós-independência em
Moçambique, mesclando realismo
visceral a elementos fantásticos de
forma absolutamente orgânica. Em
meio a uma terra devastada,
perambulando por uma estrada
“mais deitada que os séculos,
suportando sozinha toda a
distância”, um velho e um menino
buscam uma forma de sobreviver
em meio àquela paisagem
fantasmagórica. O romance foi
adaptado para o cinema em 2007
sob a direção de Teresa Prata, com
co-produção portuguesa, alemã e
moçambicana.”

“Considerado um romance neo-


realista, nele o fenômeno da seca cabo-
verdiana é ao mesmo tempo paisagem
e personagem. José da Cruz é um
homem a quem as forças e as
esperanças se esvaem, mas cujo ímpeto de sobrevivência o leva a procurar
as forças de trabalho do antigo sistema colonial. A luta dura e
inescrupulosa pela vida vai moldando personagens áridos como a própria
ilha de Santo Antão, palco deste drama no qual a natureza, sempre
implacável, é a força que dá alento e o tira com a mesma fluidez do vento
que corta o arquipélago de Cabo Verde.
“Yaka, apesar de não ser o livro mais representativo da produção ficcional
de Pepetela (aliás, é destacar apenas um), é um dos mais importantes para
entender questões fundamentais com as quais o autor vai trabalhar ao
longo de toda sua obra, sobretudo a relação colonizado/colonizador, tema
que está na pauta do dia de discussões acadêmicas há algumas décadas.”

Exercícios
1. Tendo em vista os estudos desta aula, qual a importância da
literatura africana?
a) Ela surgiu com o objetivo de apresentar os costumes gregos.
b) Sua importância se dá para que as pessoas possam valorizar e
conhecer novas literaturas.
c) A literatura africana não é relevante, pois não se encaixa nos
períodos literários antigos.
d) Ela representa grande parte da elite social.

2. Qual opção abaixo pode representar uma característica da literatura


africana?
a) Valorização de uma cultura anti realista.
b) Uma crítica aos costumes antigos e atuais.
c) O favorecimento de uma literatura anticolonial.
d) A marginalização dos costumes africanos.

3. Qual autor abaixo se enquadra nos esboços literários africanos?


a) Camilo Castelo Branco.
b) Mia Couto.
c) Cora Coralina.
d) Manuel Bandeira.

4. É possível definir o papel social da literatura na reflexão: “A noite


colonial foi longa e seus efeitos ainda existem. A literatura africana é um
testemunho disso”.Qual ideia essa afirmação apresenta?
a) Significa que os africanos vivenciam constantemente os desafios de
sua origem e costumes.
b) Mostra um desdém em relação à cultura africana.
c) Denota a não experiência dos povos africanos em relação ao período
de colonização.
d) Mostra que há igualdade cultural entre os colonizadores e os povos
africanos.

5. Como a literatura africana pode ser definida?

a) Como uma manifestação anticultural.


b) São estudos aprofundados sobre a cultura africana.
c) Não se enquadra como uma literatura crítica.
d) É uma literatura não contemporânea.

Leia o conto africano abaixo para responder às questões de 6 a 10.

O homem chamado Namarasotha

Havia um homem que se chamava Namarasotha. Era pobre e andava


sempre vestido com farrapos. Um dia foi à caça. Ao chegar ao mato,
encontrou uma impala morta.

Quando se preparava para assar a carne do animal, apareceu um


passarinho que lhe disse:

– Namarasotha, não se deve comer essa carne. Continua até mais


adiante que o que é bom estará lá.

O homem deixou a carne e continuou a caminhar. Um pouco mais


adiante encontrou uma gazela morta. Tentava, novamente, assar a carne
quando surgiu um outro passarinho que lhe disse:
– Namarasotha, não se deve comer essa carne. Vai sempre andando que
encontrarás coisa melhor do que isso.

Ele obedeceu e continuou a andar até que viu uma casa junto ao
caminho. Parou e uma mulher que estava junto da casa chamou-o, mas
ele teve medo de se aproximar, pois estava muito esfarrapado.

– Chega aqui, insistiu a mulher.

Namarasotha aproximou-se então.

– Entra, disse ela.

Ele não queria entrar porque era pobre. Mas a mulher insistiu e
Namarasotha entrou, finalmente.

– Vai te lavar e veste estas roupas, disse a mulher. E ele lavou-se e vestiu
as calças novas. Em seguida, a mulher declarou:

– A partir deste momento esta casa é tua. Tu és o meu marido e passas


a ser tu a mandar.

E Namarasotha ficou, deixando de ser pobre. Um certo dia havia uma


festa a que tinham de ir. Antes de partirem para a festa, a mulher disse
a Namarasotha:

– Na festa a que vamos, quando dançares, não deverás virar-te para trás.

Namarasotha concordou e lá foram os dois. Na festa bebeu muita


cerveja de farinha de mandioca e embriagou-se. Começou a dançar ao
ritmo do batuque. A certa altura a música tornou-se tão animada que ele
acabou por se virar.

E no momento em que se virou ficou como estava antes de chegar à casa


da mulher: pobre e esfarrapado.

Eduardo Medeiros, Contos Populares Moçambicanos (1997)

6. De acordo com o enredo, o que está acontecendo?


7. O protagonista “Namarasotha” é um personagem com recursos
limitados. Retire uma parte da narrativa que comprove essa afirmação.
8. No decorrer da história, Namarasotha é convidado a morar com uma
mulher e se casar com ela sem ao menos se conhecerem . De acordo
com o contexto, isso é normal ocorrer? Por que isso aconteceu?
Levante hipóteses!
9. Que elementos da cultura africana podemos retirar do conto?
Escreva no mínimo uma característica.
10. Segundo a interpretação da narrativa, podemos chegar a uma
reflexão moral. Quais delas podemos identificar?
2º Período

(EM13LGG102)
(EM13LGG204)
(EM13LGG302)
O que é literatura afro-brasileira? Como suas
identidades literárias se caracterizam?
Nesta aula vamos estudar a influência que a literatura afro-
brasileira pode refletir nos textos literários e a sua validação, embora em
alguns momentos da nossa história, a mesma não tenha sido valorizada.

Podemos nomear
Literatura Afro-brasileira
também como Literatura Negra
cujo objetivo é relatar a
importância que o negro tem e
pode ter em sociedade,
desfazendo os conceitos padrões
de que o “negro” só deve servir
como um indivíduo
marginalizado. Nestes estudos, o
negro terá um papel de
destaque, pois luta contra as
discriminações, querendo provar
que tem sua dignidade, orgulho
de sua identidade, de ser o que é; e que, pode mostrar ao mundo muito
mais de seus talentos, conhecimentos, aprendizados.

A literatura afro- brasileira consiste na união de ideias e reflexões


sobre a importância do “negro” ser tratado de forma igual em relação
aos outros com quem convivem socialmente, pois não é de hoje que se
vê e se escuta falar que os negros sempre foram e, infelizmente, ainda
são vítimas de desdém, desumanização.

Essa literatura ganha força hoje, pois sua finalidade está além de
transmitir conhecimentos sobre a arte artística literária; na verdade, ela
está a frente disso, sua missão é protestar, é criticar, é fazer ser verdade
o que muitos querem mascarar em relação ao respeito às diferenças
culturais, à valorização de um povo resistente.

A Literatura afro-brasileira pode ser considerada uma continuação


da literatura brasileira, pois é composta de autores negros
afrodescendentes16 os quais valorização um pouco de suas vivências
como negros e é muito interessante perceber que até hoje são
reconhecidos por nossa cultura. É isso que a literatura afro busca, o
reconhecimento não somente de uma unidade de conhecimento
literário, mas sim de uma diversidade desse conh ecimento.

A questão fundamental aqui como reflexão é: O porquê não


valorizar os negros? Por que essa sociedade foi e ainda é oprimida?
Como podemos enxergar os escritores afro-brasileiros e quais são seus
escritos relevantes para mudar esse quadro de preconceito?

Podemos responder os questionamentos acima, complementando o


conceito e a importância desse estudo. Veja!

“A literatura negra no Brasil, afro-brasileira, ou de autoria de pessoas


negras, é parte fundamental da cultura nacional. Possui uma diversidade
de vozes, estilos e gêneros literários. Além disso, ganha cada vez mais
força devido ao aumento de estudos acadêmicos com alvo em tais obras
e a disseminação na mídia do debate sobre racismo, fazendo com que
mais pessoas busquem por essas obras.”

“A necessidade de ouvir e contar histórias e o ritmo da poesia estão


presentes nas mais diversas comunidades humanas; e em solos
africanos, isso não era diferente. Desde lá, os sons dos tambores
guiavam o movimento das poesias e cantigas, e os gritos eram os

16
É aquele que descende de africano. A palavra afrodescendente é formada por dois adjetivos:
afro, que faz referência ao africano, mais descendente que é aquele que descende de, que provém
por geração, portanto, afrodescendente significa “descendente de africano”
grandes contadores de história.”

“Um dos critérios adotados é o aspecto e fato de representação do negro


no texto, seja em obras de poesia, teatro e literatura contemporânea.”

“Outro critério adotado é o da cor da pele do autor ou escritor da obra, onde


o escritor colocasse em suas obras de forma publica a sua origem e cor
negra, ressaltando a africanidade tanto do escritor quanto da obra. Desta
maneira, os autores se tornam representantes dos sentimentos da
população de origem africana.”
“Esse critério acaba situando a obra de Machado de Assis na literatura afro-
brasileira, principalmente através das ideias expostas no livro: Machado de
Assis – Afro Descendente (que nada mais é, que um brasileiro de origem
africana), escrito por Eduardo de Assis Duarte, um dos grandes estudiosos
da literatura afro brasileira.”
“Analisando os textos escritos por escritores brasileiros mediante essas
perspectivas pode se concluir que por exemplo Cruz e Sousa fez referências
camufladas as questões raciais. Já Tobias Barreto evitou o confronto com
questões raciais devido ao seu interesse pela filosofia alemã. Enquanto que
Lima Barreto e Luiz Gama não se ocultaram ao protesto com relação aos
aspectos raciais.”
Fique por dentro!
Machado de Assis – Maior Escritor Afro-Brasileiro
“Machado de Assis era neto de escravos e portanto descendente de Afro-
Brasileiros (Machado de Assis era mulato). Apesar disso, as principais
obras de Machado de Assis, pode ser considerada uma literatura feita
para os homens brancos, pois na época em que viveu cerca de 85% da
população era analfabeta. O tema de afro brasilidade surgia apenas em
pequenos espaços dos textos e de maneira dissimulada.”
ALGUNS AUTORES E OBRAS DA LITERATURA
AFROBRASILEIRAS CONTEMPORÂNEAS
Cristiane Sobral

Elisa Lucinda

Grace Passô Ricardo Aleixo

Algumas obras afro brasileiras

■ Lendas da África (Autor: Julio Emilio Brás) – historias e fabulas


típicas dos africanos. O autor apresenta o folclore africano;

■ Meu Avô um Escriba (Autor: Oscar Guelli) – História que


acontece no Egito, onde Tatu, neto de um escriba, através do
convívio com o avô aprende cálculos e tem contato com as
tradições de seu país;
■ O Cabelo de Lelê (Autora: Valéria Belém) – História de uma
menina negra que não gosta do seu cabelo cheio de cachos. Ela
através de um livro, começa a entender a origem do seu cabelo e
passa a valorizar o seu tipo de beleza;

■ Bia na África (Autor: Ricardo Dregher) – História que relata a


viagem de Bia por vários países africanos, onde ela conhece o povo
e as historias de nossos antepassados negros que vieram como
escravos para o Brasil.

■ Para saber mais sobre a literatura afro brasileira, assista ao vídeo:


Por que estudar literatura afro-brasileira? - YouTube

Exercícios
1. Qual é a semelhança entre as literaturas africanas e afro-brasileiras?
a) Falar sobre várias culturas do mundo.
b) Enfatizar o papel do negro em sociedade.
c) Lidar com costumes coloniais.
d) Impor uma literatura não crítica.
2. Qual movimento a literatura afro-brasileira é a favor?
a) Inclusão de escritores negros na literatura.
b) Divergências de opiniões entre autores negros.
c) Anti-diversidade de autorias negras.
d) A efetivação da prática não abolicionista.
3. Marque a única opção onde há um escritor afro- brasileiro.
a) Mia Couto.
b) Machado de Assis.
c) Clarice Lispector.
d) Adélia Prado.
4. Qual das opções abaixo é referência para literatura afro-brasileira?
a) O descobrimento do Brasil.
b) Consciência Negra.
c) Regime Militar.
d) A não abolição dos escravos.
5. A literatura africana compreende em alguns de seus escritos:
a) O folclore.
b) A luta contra os afrodescendentes.
c) Poesias raciais.
d) Tradição não oral.
Leia alguns trechos do poema: “Não vou lavar mais pratos” da autora
Cristiane Sobral e responda o que se pede.

“Nem vou limpar a poeira dos móveis


Sinto muito. Comecei a ler
Abri outro dia um livro e uma semana depois decidi
Não levo mais o lixo para a lixeira
Nem arrumo a bagunça das folhas que caem no quintal
Sinto muito. Depois de ler percebi a estética dos pratos
a estética dos traços, a ética
A estática
Olho minhas mãos quando mudam a página dos livros
mãos bem mais macias que antes
e sinto que posso começar a ser a todo instante…

Não lavo mais os pratos


Quero travessas de prata, cozinhas de luxo
E jóias de ouro
Legítimas
Está decretada a lei áurea.”

6. De acordo com o contexto do poema, como podemos interpretar o


título do poema: “Não vou lavar mais pratos”?

7. Como podemos relacionar o contexto do poema com o conceito sobre


literatura afro-brasileira?
8. O que a autora quis dizer nos versos: "Olho minhas mãos quando
mudam a página dos livros mãos bem mais macias que antes…”?

9. A qual referência histórica o verso: “Quero travessas de prata, cozinhas


de luxo E jóias de ouro Legítimas Está decretada a lei áurea.” menciona?

10. Como podemos interpretar a atitude do eu-lírico no poema?


2º Período

(EM13LGG102)
(EM13LGG204)
(EM13LGG302)
Traços semelhantes e divergentes nas literaturas:
Africanas e afro-brasileiras/ O porquê da
importância desses estudos.
Em aulas anteriores,
aprendemos muito sobre as
literaturas contemporâneas, aqui
vamos continuar aprimorando esses
conhecimentos, porém traçando
comparações entre as literaturas:
africanas e afro-brasileiras.

É interessante esclarecermos
que embora essas modalidades
artísticas apresentam nomenclaturas
parecidas, as mesmas apresentam
conceitos diferentes.

Podemos dizer que tanto a Literatura Africana quanto a Literatura


Afro-brasileira tem como porta voz o povo negro que a todo instante
sente a necessidade de ser enxergado, até porque, são pessoas e
possuem seus valores. Agora, em relação aos estudos literários, é
possível afirmar que:

A Literatura Africana é um estudo aprofundado sobre as culturas


originárias dos países da África, ressaltando seus hábitos e sua essência
nacional nas obras literárias cujo os autores criam personagens negros
para representar esse povo marginalizado.

Já a Literatura Afro-brasileira é um estudo acerca da valorização do


“negro” e seu espaço na sociedade cujo as obras literárias são de autoria
de escritores negros, os quais relatam em seus escritos a importância da
visibilidade desse povo que há anos é vítima de preconceito, seja ele
referente à raça, à religião dentre outros. Em outras palavras, é
movimento de inclusão de autores negros na literatura.

Diante das afirmações acima, pode-se afirmar que ambas as


literaturas são de cunho crítico tendo em vista o lugar que enfatizam, no
caso a África, que por muito tempo é pré-julgada por abranger uma vasta
e particular cultura.

Você sabe qual é importância desses conhecimentos?

Veja algumas reflexões que nos ajudará a entender essa


importância!

“Conhecer mais sobre essas literaturas pode ser um passo importante para
pessoas brancas compreenderem, além do seu papel no combate ao
racismo, a importância de ouvir ativamente sobre a dor do outro.”

“Literaturas que valorizam a diversidade étnica e cultural afro-brasileira e


africana são uma ótima alternativa para abordar os conteúdos exigidos pela
lei 10.639, que obriga o ensino da “História e Cultura afro-brasileira e
africana” nas escolas de Ensino Fundamental e Médio das redes pública e
privada de todo Brasil.”

“Aparece como uma forma privilegiada de autoconhecimento e da


reconstrução de uma imagem positiva do negro, ou seja, o discurso “sobre o
negro” é substituído pelo discurso “do negro”.

CURIOSIDADES

Você já parou para pensar o porquê surgiu o dia da Consciência Negra?


Tendo em vista o reconhecimento do negro, esse dia foi criado para
refletirmos sobre seus conflitos, suas experiências e, sobretudo, do
quanto lutaram para conquistar seu lugar. Para mais informações,
assista ao vídeo: Consciência Negra | Unifesp - YouTube

Outras obras literárias afro- brasileiras e africanas

“O Menino Marrom conta a historia da amizade entre dois meninos, um


negro e um branco. Através da convivência aventureira dessas crianças
ao longo de suas vidas, o autor pontua as diferenças humanas,
realçando os preconceitos em alguns momentos.”
“A autora coloca em cena, através da história de um coelho branco que
se apaixona por uma menina negra, alguns assuntos muito debatidos
nos dias de hoje, como a auto-estima das crianças negras e a igualdade
racial.”

Exercícios

Leia o trecho do poema abaixo e responda às questões de 1 a 5.

Luta contra o Racismo

O racismo ainda existe,


Apesar de muitos lamentos,
O negro ainda é excluído,
E sofre muitos tormentos.
Para quê pôr de parte?
Para quê discriminar?
Se somos todos iguais,
Não na cor, mas no olhar!
O racismo no Mundo
Quer nos ganhar
Mas se to dos nos unirmos
Não nos vai alcançar.
Em vez de olharmos para a pele
Vamos todos olhar para o coração!
E ver o outro como ser igual
Não como um ladrão!
Não continuemos com isto
Vamos lá todos lutar,
Pois o racismo e discriminação
Vão ter mesmo de acabar!!!

1 - De acordo com o contexto apresentado, o poema tem o objetivo de:

a) Defender a prática do racismo.


b) Ver o racismo como uma atitude tolerável.
c) Não combater a prática do racismo.
d) Alertar sobre o preconceito racial.

2 - Qual opção melhor interpreta o trecho:”O negro ainda é excluído,E


sofre muitos tormentos.Para quê pôr de parte? Para quê discriminar? Se
somos todos iguais…”
a) Quer afirmar que o negro não sofre com a prática de racismo.
b) Discriminar não significa exclusão.
c) Questiona a prática do racismo, tendo em vista que somos iguais.
d) Valoriza a realização da discriminação racial.

3 - De acordo com o texto, quem são as principais vítimas de racismo?

a) Os pobres.
b) Crianças carentes.
c) Mulheres violentadas.
d) Negros.

4 - O trecho: “Em vez de olharmos para a pele, vamos todos olhar para o
coração!” Quer dizer ?

a) Que as pessoas devem valorizar somente o que as convém.


b) Destaca a importância de valorizar a essência do ser humano, não
a cor da pele.
c) O trecho está de acordo com as práticas de preconceito.
d) A cor da pele é mais importante do que o caráter do ser humano.

5 - Segundo o texto, o que é necessário para combater o racismo e que


o mesmo não nos alcances?
a) Praticar a desigualdade social.
b) Não aceitar o próximo como é.
c) Realizar a união entre as pessoas.
d) Incentivar a realização de desdém ao próximo.

Leia o texto I para responder às


questões de 6 a 10.

6 - Qual é o assunto principal do


texto?

7 - Retire do poema dois versos


que rimam.

8 - De acordo com o contexto


apresentado, qual ação que o
negro mais gostava de fazer?
Retire do poema uma parte que
justifique sua resposta.
9 - Explique o trecho: “Quando tinha que parar de brincar o sinhozinho ia
à escola, o negrinho para a senzala trabalhar…”

10 - Qual é a crítica apresentada no poema?

COMPETÊNCIAS GERAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA


1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos
sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar
a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de
uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das
ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a
imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar
hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive
tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.
3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das
locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da
produção artístico-cultural.
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como
Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como
conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para
se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e
sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem
ao entendimento mútuo.
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e
comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas
diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar,
acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver
problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e
coletiva.
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se
de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as
relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas
ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade,
autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para
formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões
comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a
consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito
local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao
cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional,
compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas
emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com
elas.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a
cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro
e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da
diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes,
identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de
qualquer natureza.
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade,
flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base
em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e
solidários

COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS E HABILIDADES DA ÁREA DE


LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 1
Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e
práticas culturais (artísticas, corporais e verbais) e mobilizar esses
conhecimentos na recepção e produção de discursos nos diferentes
campos de atuação social e nas diversas mídias, para ampliar as formas
de participação social, o entendimento e as possibilidades de explicação
e interpretação crítica da realidade e para continuar aprendendo.
HABILIDADES
(EM13LGG101) Compreender e analisar processos de produção e
circulação de discursos, nas diferentes linguagens, para fazer escolhas
fundamentadas em função de interesses pessoais e coletivos.
(EM13LGG102) Analisar visões de mundo, conflitos de interesse,
preconceitos e ideologias presentes nos discursos veiculados nas
diferentes mídias, ampliando suas possibilidades de explicação,
interpretação e intervenção crítica da/na realidade.
(EM13LGG103) Analisar o funcionamento das linguagens, para
interpretar e produzir criticamente discursos em textos de diversas
semioses (visuais, verbais, sonoras, gestuais).
(EM13LGG104) Utilizar as diferentes linguagens, levando em conta seus
funcionamentos, para a compreensão e produção de textos e discursos
em diversos campos de atuação social.
(EM13LGG105) Analisar e experimentar diversos processos de
remediação de produções multissemióticas, multimídia e transmídia,
desenvolvendo diferentes modos de participação e intervenção social.
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 2
Compreender os processos identitários, conflitos e relações de
poder que permeiam as práticas sociais de linguagem, respeitando as
diversidades e a pluralidade de ideias e posições, e atuar socialmente
com base em princípios e valores assentados na democracia, na
igualdade e nos Direitos Humanos, exercitando o autoconhecimento, a
empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, e
combatendo preconceitos de qualquer natureza.
(EM13LGG201) Utilizar as diversas linguagens (artísticas, corporais e
verbais) em diferentes contextos, valorizando-as como fenômeno social,
cultural, histórico, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso.
(EM13LGG202) Analisar interesses, relações de poder e perspectivas de
mundo nos discursos das diversas práticas de linguagem (artísticas,
corporais e verbais), compreendendo criticamente o modo como
circulam, constituem-se e (re)produzem significação e ideologias.
(EM13LGG203) Analisar os diálogos e os processos de disputa por
legitimidade nas práticas de linguagem e em suas produções (artísticas,
corporais e verbais).
(EM13LGG204) Dialogar e produzir entendimento mútuo, nas diversas
linguagens (artísticas, corporais e verbais), com vistas ao interesse
comum pautado em princípios e valores de equidade assentados na
democracia e nos Direitos Humanos.
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 3
Utilizar diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais) para
exercer, com autonomia e colaboração, protagonismo e autoria na vida
pessoal e coletiva, de forma crítica, criativa, ética e solidária, defendendo
pontos de vista que respeitem o outro e promovam os Direitos
Humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável, em
âmbito local, regional e global.
HABILIDADES
(EM13LGG301) Participar de processos de produção individual e
colaborativa em diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais),
levando em conta suas formas e seus funcionamentos, para produzir
sentidos em diferentes contextos.
(EM13LGG302) Posicionar-se criticamente diante de diversas visões de
mundo presentes nos discursos em diferentes linguagens, levando em
conta seus contextos de produção e de circulação.
(EM13LGG303) Debater questões polêmicas de relevância social,
analisando diferentes argumentos e opiniões, para formular, negociar e
sustentar posições, frente à análise de perspectivas distintas.
(EM13LGG304) Formular propostas, intervir e tomar decisões que levem
em conta o bem comum e os Direitos Humanos, a consciência
socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e
global.
(EM13LGG305) Mapear e criar, por meio de práticas de linguagem,
possibilidades de atuação social, política, artística e cultural para
enfrentar desafios contemporâneos, discutindo princípios e objetivos
dessa atuação de maneira crítica, criativa, solidária e ética.
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 4
Compreender as línguas como fenômeno (geo)político, histórico,
cultural, social, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso,
reconhecendo suas variedades e vivenciando-as como formas de
expressões identitárias, pessoais e coletivas, bem como agindo no
enfrentamento de preconceitos de qualquer natureza.
HABILIDADES
(EM13LGG401) Analisar criticamente textos de modo a compreender e
caracterizar as línguas como fenômeno (geo)político, histórico, social,
cultural, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso.
(EM13LGG402) Empregar, nas interações sociais, a variedade e o estilo
de língua adequados à situação comunicativa, ao(s) interlocutor(es) e ao
gênero do discurso, respeitando os usos das línguas por esse(s)
interlocutor(es) e sem preconceito linguístico.
(EM13LGG403) Fazer uso do inglês como língua de comunicação global,
levando em conta a multiplicidade e variedade de usos, usuários e
funções dessa língua no mundo contemporâneo.
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 5
Compreender os processos de produção e negociação de
sentidos nas práticas corporais, reconhecendo-as e vivenciando-as
como formas de expressão de valores e identidades, em uma
perspectiva democrática e de respeito à diversidade.
HABILIDADES
(EM13LGG501) Selecionar e utilizar movimentos corporais de forma
consciente e intencional para interagir socialmente em práticas
corporais, de modo a estabelecer relações construtivas, empáticas,
éticas e de respeito às diferenças.
(EM13LGG502) Analisar criticamente preconceitos, estereótipos e
relações de poder presentes nas práticas corporais, adotando
posicionamento contrário a qualquer manifestação de injustiça e
desrespeito a direitos humanos e valores democráticos.
(EM13LGG503) Vivenciar práticas corporais e significá-las em seu projeto
de vida, como forma de autoconhecimento, autocuidado com o corpo e
com a saúde, socialização e entretenimento.
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 6
Apreciar esteticamente as mais diversas produções artísticas e
culturais, considerando suas características locais, regionais e globais, e
mobilizar seus conhecimentos sobre as linguagens artísticas para dar
significado e (re)construir produções autorais individuais e coletivas,
exercendo protagonismo de maneira crítica e criativa, com respeito à
diversidade de saberes, identidades e culturas.
HABILIDADES
(EM13LGG601) Apropriar-se do patrimônio artístico de diferentes
tempos e lugares, compreendendo a sua diversidade, bem como os
processos de legitimação das manifestações artísticas na sociedade,
desenvolvendo visão crítica e histórica.
(EM13LGG602) Fruir e apreciar esteticamente diversas manifestações
artísticas e culturais, das locais às mundiais, assim como delas participar,
de modo a aguçar continuamente a sensibilidade, a imaginação e a
criatividade.
(EM13LGG603) Expressar-se e atuar em processos de criação autorais
individuais e coletivos nas diferentes linguagens artísticas (artes visuais,
audiovisual, dança, música e teatro) e nas intersecções entre elas,
recorrendo a referências estéticas e culturais, conhecimentos de
naturezas diversas (artísticos, históricos, sociais e políticos) e
experiências individuais e coletivas.
(EM13LGG604) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões
da vida social, cultural, política e econômica e identificar o processo de
construção histórica dessas práticas.
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 7
Mobilizar práticas de linguagem no universo digital, considerando
as dimensões técnicas, críticas, criativas, éticas e estéticas, para expandir
as formas de produzir sentidos, de engajar-se em práticas autorais e
coletivas, e de aprender a aprender nos campos da ciência, cultura,
trabalho, informação e vida pessoal e coletiva.
HABILIDADES
(EM13LGG701) Explorar tecnologias digitais da informação e
comunicação (TDIC), compreendendo seus princípios e funcionalidades,
e utilizá-las de modo ético, criativo, responsável e adequado a práticas
de linguagem em diferentes contextos.
(EM13LGG702) Avaliar o impacto das tecnologias digitais da informação
e comunicação (TDIC) na formação do sujeito e em suas práticas sociais,
para fazer uso crítico dessa mídia em práticas de seleção, compreensão
e produção de discursos em ambiente digital.
(EM13LGG703) Utilizar diferentes linguagens, mídias e ferramentas
digitais em processos de produção coletiva, colaborativa e projetos
autorais em ambientes digitais.
Apropriar-se criticamente de processos de pesquisa e busca de
informação, por meio de ferramentas e dos novos formatos de produção
e distribuição do conhecimento na cultura de rede.

HABILIDADES ESPECÍFICAS DE LÍNGUA PORTUGUESA


(EM13LP01) Relacionar o texto, tanto na produção como na leitura/
escuta, com suas condições de produção e seu contexto sócio-histórico
de circulação (leitor/audiência previstos, objetivos, pontos de vista e
perspectivas, papel social do autor, época, gênero do discurso etc.), de
forma a ampliar as possibilidades de construção de sentidos e de análise
crítica e produzir textos adequados a diferentes situações.
(EM13LP02) Estabelecer relações entre as partes do texto, tanto na
produção como na leitura/escuta, considerando a construção
composicional e o estilo do gênero, usando/reconhecendo
adequadamente elementos e recursos coesivos diversos que
contribuam para a coerência, a continuidade do texto e sua progressão
temática, e organizando informações, tendo em vista as condições de
produção e as relações lógico-discursivas envolvidas (causa/efeito ou
consequência; tese/argumentos; problema/solução; definição/exemplos
etc.).
(EM13LP03) Analisar relações de intertextualidade e interdiscursividade
que permitam a explicitação de relações dialógicas, a identificação de
posicionamentos ou de perspectivas, a compreensão de paráfrases,
paródias e estilizações, entre outras possibilidades.
(EM13LP04) Estabelecer relações de interdiscursividade e
intertextualidade para explicitar, sustentar e conferir consistência a
posicionamentos e para construir e corroborar explicações e relatos,
fazendo uso de citações e paráfrases devidamente marcadas.
(EM13LP05) Analisar, em textos argumentativos, os posicionamentos
assumidos, os movimentos argumentativos (sustentação, refutação/
contra-argumentação e negociação) e os argumentos utilizados para
sustentá-los, para avaliar sua força e eficácia, e posicionar-se
criticamente diante da questão discutida e/ou dos argumentos
utilizados, recorrendo aos mecanismos linguísticos necessários.
(EM13LP06) Analisar efeitos de sentido decorrentes de usos expressivos
da linguagem, da escolha de determinadas palavras ou expressões e da
ordenação, combinação e contraposição de palavras, dentre outros,
para ampliar as possibilidades de construção de sentidos e de uso crítico
da língua.
(EM13LP07) Analisar, em textos de diferentes gêneros, marcas que
expressam a posição do enunciador frente àquilo que é dito: uso de
diferentes modalidades (epistêmica, deôntica e apreciativa) e de
diferentes recursos gramaticais que operam como modalizadores
(verbos modais, tempos e modos verbais, expressões modais, adjetivos,
locuções ou orações adjetivas, advérbios, locuções ou orações
adverbiais, entonação etc.), uso de estratégias de impessoalização (uso
de terceira pessoa e de voz passiva etc.), com vistas ao incremento da
compreensão e da criticidade e ao manejo adequado desses elementos
nos textos produzidos, considerando os contextos de produção.
(EM13LP08) Analisar elementos e aspectos da sintaxe do português,
como a ordem dos constituintes da sentença (e os efeito que causam
sua inversão), a estrutura dos sintagmas, as categorias sintáticas, os
processos de coordenação e subordinação (e os efeitos de seus usos) e
a sintaxe de concordância e de regência, de modo a potencializar os
processos de compreensão e produção de textos e a possibilitar
escolhas adequadas à situação comunicativa.
(EM13LP09) Comparar o tratamento dado pela gramática tradicional e
pelas gramáticas de uso contemporâneas em relação a diferentes
tópicos gramaticais, de forma a perceber as diferenças de abordagem e
o fenômeno da variação linguística e analisar motivações que levam ao
predomínio do ensino da norma-padrão na escola.
(EM13LP10) Analisar o fenômeno da variação linguística, em seus
diferentes níveis (variações fonético-fonológica, lexical, sintática,
semântica e estilístico-pragmática) e em suas diferentes dimensões
(regional, histórica, social, situacional, ocupacional, etária etc.), de forma
a ampliar a compreensão sobre a natureza viva e dinâmica da língua e
sobre o fenômeno da constituição de variedades linguísticas de prestígio
e estigmatizadas, e a fundamentar o respeito às variedades linguísticas
e o combate a preconceitos linguísticos.
(EM13LP11) Fazer curadoria de informação, tendo em vista diferentes
propósitos e projetos discursivos.
(EM13LP12) Selecionar informações, dados e argumentos em fontes
confiáveis, impressas e digitais, e utilizá-los de forma referenciada, para
que o texto a ser produzido tenha um nível de aprofundamento
adequado (para além do senso comum) e contemple a sustentação das
posições defendidas.
(EM13LP13) Analisar, a partir de referências contextuais, estéticas e
culturais, efeitos de sentido decorrentes de escolhas de elementos
sonoros (volume, timbre, intensidade, pausas, ritmo, efeitos sonoros,
sincronização etc.) e de suas relações com o verbal, levando-os em conta
na produção de áudios, para ampliar as possibilidades de construção de
sentidos e de apreciação.
(EM13LP14) Analisar, a partir de referências contextuais, estéticas e
culturais, efeitos de sentido decorrentes de escolhas e composição das
imagens (enquadramento, ângulo/vetor, foco/profundidade de campo,
iluminação, cor, linhas, formas etc.) e de sua sequenciação (disposição e
transição, movimentos de câmera, remix, entre outros), das
performances (movimentos do corpo, gestos, ocupação do espaço
cênico), dos elementos sonoros (entonação, trilha sonora,
sampleamento etc.) e das relações desses elementos com o verbal,
levando em conta esses efeitos nas produções de imagens e vídeos, para
ampliar as possibilidades de construção de sentidos e de apreciação.
(EM13LP15) Planejar, produzir, revisar, editar, reescrever e avaliar textos
escritos e multissemióticos, considerando sua adequação às condições
de produção do texto, no que diz respeito ao lugar social a ser assumido
e à imagem que se pretende passar a respeito de si mesmo, ao leitor
pretendido, ao veículo e mídia em que o texto ou produção cultural vai
circular, ao contexto imediato e sócio-histórico mais geral, ao gênero
textual em questão e suas regularidades, à variedade linguística
apropriada a esse contexto e ao uso do conhecimento dos aspectos
notacionais (ortografia padrão, pontuação adequada, mecanismos de
concordância nominal e verbal, regência verbal etc.), sempre que o
contexto o exigir.
(EM13LP16) Produzir e analisar textos orais, considerando sua
adequação aos contextos de produção, à forma composicional e ao
estilo do gênero em questão, à clareza, à progressão temática e à
variedade linguística empregada, como também aos elementos
relacionados à fala (modulação de voz, entonação, ritmo, altura e
intensidade, respiração etc.) e à cinestesia (postura corporal,
movimentos e gestualidade significativa, expressão facial, contato de
olho com plateia etc.).
(EM13LP17) Elaborar roteiros para a produção de vídeos variados (vlog,
videoclipe, videominuto, documentário etc.), apresentações teatrais,
narrativas multimídia e transmídia, podcasts, playlists comentadas etc.,
para ampliar as possibilidades de produção de sentidos e engajar-se em
práticas autorais e coletivas.
(EM13LP18) Utilizar softwares de edição de textos, fotos, vídeos e áudio,
além de ferramentas e ambientes colaborativos para criar textos e
produções multissemióticas com finalidades diversas, explorando os
recursos e efeitos disponíveis e apropriando-se de práticas colaborativas
de escrita, de construção coletiva do conhecimento e de
desenvolvimento de projetos.
(EM13LP19) Apresentar-se por meio de textos multimodais diversos
(perfis variados, gifs biográficos, biodata, currículo web, videocurrículo
etc.) e de ferramentas digitais (ferramenta de gif, wiki, site etc.), para falar
de si mesmo de formas variadas, considerando diferentes situações e
objetivos.
(EM13LP20) Compartilhar gostos, interesses, práticas culturais, temas/
problemas/questões que despertam maior interesse ou preocupação,
respeitando e valorizando diferenças, como forma de identificar
afinidades e interesses comuns, como também de organizar e/ou
participar de grupos, clubes, oficinas e afins.
(EM13LP21) Produzir, de forma colaborativa, e socializar playlists
comentadas de preferências culturais e de entretenimento, revistas
culturais, fanzines, e-zines ou publicações afins que divulguem,
comentem e avaliem músicas, games, séries, filmes, quadrinhos, livros,
peças, exposições, espetáculos de dança etc., de forma a compartilhar
gostos, identificar afinidades, fomentar comunidades etc.
(EM13LP22) Construir e/ou atualizar, de forma colaborativa, registros
dinâmicos (mapas, wiki etc.) de profissões e ocupações de seu interesse
(áreas de atuação, dados sobre formação, fazeres, produções,
depoimentos de profissionais etc.) que possibilitem vislumbrar
trajetórias pessoais e profissionais.
(EM13LP23) Analisar criticamente o histórico e o discurso político de
candidatos, propagandas políticas, políticas públicas, programas e
propostas de governo, de forma a participar do debate político e tomar
decisões conscientes e fundamentadas.
(EM13LP24) Analisar formas não institucionalizadas de participação
social, sobretudo as vinculadas a manifestações artísticas, produções
culturais, intervenções urbanas e formas de expressão típica das
culturas juvenis que pretendam expor uma problemática ou promover
uma reflexão/ação, posicionando-se em relação a essas produções e
manifestações.
(EM13LP25) Participar de reuniões na escola (conselho de escola e de
classe, grêmio livre etc.), agremiações, coletivos ou movimentos, entre
outros, em debates, assembleias, fóruns de discussão etc., exercitando
a escuta atenta, respeitando seu turno e tempo de fala, posicionando-se
de forma fundamentada, respeitosa e ética diante da apresentação de
propostas e defesas de opiniões, usando estratégias linguísticas típicas
de negociação e de apoio e/ou de consideração do discurso do outro
(como solicitar esclarecimento, detalhamento, fazer referência direta ou
retomar a fala do outro, parafraseando-a para endossá-la, enfatizá-la,
complementá-la ou enfraquecê-la), considerando propostas alternativas
e reformulando seu posicionamento, quando for caso, com vistas ao
entendimento e ao bem comum.
(EM13LP26) Relacionar textos e documentos legais e normativos de
âmbito universal, nacional, local ou escolar que envolvam a definição de
direitos e deveres – em especial, os voltados a adolescentes e jovens –
aos seus contextos de produção, identificando ou inferindo possíveis
motivações e finalidades, como forma de ampliar a compreensão desses
direitos e deveres.
(EM13LP27) Engajar-se na busca de solução para problemas que
envolvam a coletividade, denunciando o desrespeito a direitos,
organizando e/ou participando de discussões, campanhas e debates,
produzindo textos reivindicatórios, normativos, entre outras
possibilidades, como forma de fomentar os princípios democráticos e
uma atuação pautada pela ética da responsabilidade, pelo consumo
consciente e pela consciência socioambiental.
(EM13LP28) Organizar situações de estudo e utilizar procedimentos e
estratégias de leitura adequados aos objetivos e à natureza do
conhecimento em questão.
(EM13LP29) Resumir e resenhar textos, por meio do uso de paráfrases,
de marcas do discurso reportado e de citações, para uso em textos de
divulgação de estudos e pesquisas.
(EM13LP30) Realizar pesquisas de diferentes tipos (bibliográfica, de
campo, experimento científico, levantamento de dados etc.), usando
fontes abertas e confiáveis, registrando o processo e comunicando os
resultados, tendo em vista os objetivos pretendidos e demais elementos
do contexto de produção, como forma de compreender como o
conhecimento científico é produzido e apropriar-se dos procedimentos
e dos gêneros textuais envolvidos na realização de pesquisas.
(EM13LP31) Compreender criticamente textos de divulgação científica
orais, escritos e multissemióticos de diferentes áreas do conhecimento,
identificando sua organização tópica e a hierarquização das
informações, identificando e descartando fontes não confiáveis e
problematizando enfoques tendenciosos ou superficiais.
(EM13LP32) Selecionar informações e dados necessários para uma dada
pesquisa (sem excedê-los) em diferentes fontes (orais, impressas,
digitais etc.) e comparar autonomamente esses conteúdos, levando em
conta seus contextos de produção, referências e índices de
confiabilidade, e percebendo coincidências, complementaridades,
contradições, erros ou imprecisões conceituais e de dados, de forma a
compreender e posicionar-se criticamente sobre esses conteúdos e
estabelecer recortes precisos.
(EM13LP33) Selecionar, elaborar e utilizar instrumentos de coleta de
dados e informações (questionários, enquetes, mapeamentos,
opinários) e de tratamento e análise dos conteúdos obtidos, que
atendam adequadamente a diferentes objetivos de pesquisa.
(EM13LP34) Produzir textos para a divulgação do conhecimento e de
resultados de levantamentos e pesquisas – texto monográfico, ensaio,
artigo de divulgação científica, verbete de enciclopédia (colaborativa ou
não), infográfico (estático ou animado), relato de experimento, relatório,
relatório multimidiático de campo, reportagem científica, podcast ou
vlog científico, apresentações orais, seminários, comunicações em
mesas redondas, mapas dinâmicos etc. –, considerando o contexto de
produção e utilizando os conhecimentos sobre os gêneros de divulgação
científica, de forma a engajar-se em processos significativos de
socialização e divulgação do conhecimento.
(EM13LP35) Utilizar adequadamente ferramentas de apoio a
apresentações orais, escolhendo e usando tipos e tamanhos de fontes
que permitam boa visualização, topicalizando e/ou organizando o
conteúdo em itens, inserindo de forma adequada imagens, gráficos,
tabelas, formas e elementos gráficos, dimensionando a quantidade de
texto e imagem por slide e usando, de forma harmônica, recursos
(efeitos de transição, slides mestres, layouts personalizados, gravação de
áudios em slides etc.).
(EM13LP36) Analisar os interesses que movem o campo jornalístico, os
impactos das novas tecnologias digitais de informação e comunicação e
da Web 2.0 no campo e as condições que fazem da informação uma
mercadoria e da checagem de informação uma prática (e um serviço)
essencial, adotando atitude analítica e crítica diante dos textos
jornalísticos.
(EM13LP37) Conhecer e analisar diferentes projetos editorias –
institucionais, privados, públicos, financiados, independentes etc. –, de
forma a ampliar o repertório de escolhas possíveis de fontes de
informação e opinião, reconhecendo o papel da mídia plural para a
consolidação da democracia.
(EM13LP38) Analisar os diferentes graus de parcialidade/imparcialidade
(no limite, a não neutralidade) em textos noticiosos, comparando relatos
de diferentes fontes e analisando o recorte feito de fatos/dados e os
efeitos de sentido provocados pelas escolhas realizadas pelo autor do
texto, de forma a manter uma atitude crítica diante dos textos
jornalísticos e tornar-se consciente das escolhas feitas como produtor.
(EM13LP39) Usar procedimentos de checagem de fatos noticiados e
fotos publicadas (verificar/avaliar veículo, fonte, data e local da
publicação, autoria, URL, formatação; comparar diferentes fontes;
consultar ferramentas e sites checadores etc.), de forma a combater a
proliferação de notícias falsas (fake news).
(EM13LP40) Analisar o fenômeno da pós-verdade – discutindo as
condições e os mecanismos de disseminação de fake news e também
exemplos, causas e consequências desse fenômeno e da prevalência de
crenças e opiniões sobre fatos –, de forma a adotar atitude crítica em
relação ao fenômeno e desenvolver uma postura flexível que permita
rever crenças e opiniões quando fatos apurados as contradisserem.
(EM13LP41) Analisar os processos humanos e automáticos de curadoria
que operam nas redes sociais e outros domínios da internet,
comparando os feeds de diferentes páginas de redes sociais e discutindo
os efeitos desses modelos de curadoria, de forma a ampliar as
possibilidades de trato com o diferente e minimizar o efeito bolha e a
manipulação de terceiros.
(EM13LP42) Acompanhar, analisar e discutir a cobertura da mídia diante
de acontecimentos e questões de relevância social, local e global,
comparando diferentes enfoques e perspectivas, por meio do uso de
ferramentas de curadoria (como agregadores de conteúdo) e da
consulta a serviços e fontes de checagem e curadoria de informação, de
forma a aprofundar o entendimento sobre um determinado fato ou
questão, identificar o enfoque preponderante da mídia e manter-se
implicado, de forma crítica, com os fatos e as questões que afetam a
coletividade.
(EM13LP43) Atuar de forma fundamentada, ética e crítica na produção
e no compartilhamento de comentários, textos noticiosos e de opinião,
memes, gifs, remixes variados etc. em redes sociais ou outros ambientes
digitais.
(EM13LP44) Analisar formas contemporâneas de publicidade em
contexto digital (advergame, anúncios em vídeos, social advertising,
unboxing, narrativa mercadológica, entre outras), e peças de campanhas
publicitárias e políticas (cartazes, folhetos, anúncios, propagandas em
diferentes mídias, spots, jingles etc.), identificando valores e
representações de situações, grupos e configurações sociais veiculadas,
desconstruindo estereótipos, destacando estratégias de engajamento e
viralização e explicando os mecanismos de persuasão utilizados e os
efeitos de sentido provocados pelas escolhas feitas em termos de
elementos e recursos linguístico-discursivos, imagéticos, sonoros,
gestuais e espaciais, entre outros.
(EM13LP45) Analisar, discutir, produzir e socializar, tendo em vista
temas e acontecimentos de interesse local ou global, notícias,
fotodenúncias, fotorreportagens, reportagens multimidiáticas,
documentários, infográficos, podcasts noticiosos, artigos de opinião,
críticas da mídia, vlogs de opinião, textos de apresentação e apreciação
de produções culturais (resenhas, ensaios etc.) e outros gêneros
próprios das formas de expressão das culturas juvenis (vlogs e podcasts
culturais, gameplay etc.), em várias mídias, vivenciando de forma
significativa o papel de repórter, analista, crítico, editorialista ou
articulista, leitor, vlogueiro e booktuber, entre outros.
(EM13LP46) Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de
textos literários, percebendo diferenças e eventuais tensões entre as
formas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos, para
exercitar o diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica.
(EM13LP47) Participar de eventos (saraus, competições orais, audições,
mostras, festivais, feiras culturais e literárias, rodas e clubes de leitura,
cooperativas culturais, jograis, repentes, slams etc.), inclusive para
socializar obras da própria autoria (poemas, contos e suas variedades,
roteiros e microrroteiros, videominutos, playlists comentadas de música
etc.) e/ou interpretar obras de outros, inserindo-se nas diferentes
práticas culturais de seu tempo.
(EM13LP48) Identificar assimilações, rupturas e permanências no
processo de constituição da literatura brasileira e ao longo de sua
trajetória, por meio da leitura e análise de obras fundamentais do
cânone ocidental, em especial da literatura portuguesa, para perceber a
historicidade de matrizes e procedimentos estéticos.
(EM13LP49) Perceber as peculiaridades estruturais e estilísticas de
diferentes gêneros literários (a apreensão pessoal do cotidiano nas
crônicas, a manifestação livre e subjetiva do eu lírico diante do mundo
nos poemas, a múltipla perspectiva da vida humana e social dos
romances, a dimensão política e social de textos da literatura marginal e
da periferia etc.) para experimentar os diferentes ângulos de apreensão
do indivíduo e do mundo pela literatura.
(EM13LP50) Analisar relações intertextuais e interdiscursivas entre
obras de diferentes autores e gêneros literários de um mesmo momento
histórico e de momentos históricos diversos, explorando os modos
como a literatura e as artes em geral se constituem, dialogam e se
retroalimentam.
(EM13LP51) Selecionar obras do repertório artístico-literário
contemporâneo à disposição segundo suas predileções, de modo a
constituir um acervo pessoal e dele se apropriar para se inserir e intervir
com autonomia e criticidade no meio cultural.
(EM13LP52) Analisar obras significativas das literaturas brasileiras e de
outros países e povos, em especial a portuguesa, a indígena, a africana
e a latino-americana, com base em ferramentas da crítica literária
(estrutura da composição, estilo, aspectos discursivos) ou outros
critérios relacionados a diferentes matrizes culturais, considerando o
contexto de produção (visões de mundo, diálogos com outros textos,
inserções em movimentos estéticos e culturais etc.) e o modo como
dialogam com o presente.
(EM13LP53) Produzir apresentações e comentários apreciativos e
críticos sobre livros, filmes, discos, canções, espetáculos de teatro e
dança, exposições etc. (resenhas, vlogs e podcasts literários e artísticos,
playlists comentadas, fanzines, e-zines etc.).
(EM13LP54) Criar obras autorais, em diferentes gêneros e mídias –
mediante seleção e apropriação de recursos textuais e expressivos do
repertório artístico –, e/ou produções derivadas (paródias, estilizações,
fanfics, fanclipes etc.), como forma de dialogar crítica e/ou
subjetivamente com o texto literário.

Você também pode gostar