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desejos nela. Quando publicada, o leitor ao lê-la produz o chamado “A morte do autor”,
tal termo advém ao fato daquele que ao ler, derrama sobre a obra, através de suas
próprias experiências, interpretações que podem ou não substituir os significados que
inicialmente o escritor teria dado. Isso ocorre por exemplo nas pinturas artísticas de
Dali, na qual é possível ficarmos horas aplicando significados sobre suas telas. Roland
Barthes 1967, defendeu que o autor morre no momento que sua escrita nasce. Isto é, o
texto necessita exatamente da liberdade interpretativa do leitor, para que o texto
efetivamente faça seu papel: Desassociar das vozes do autor e transcender para além do
arcabouço emocional de sua personalidade.
Mas e se, com sua morte, agora o autor ganhe vida em outra posição? Além de escritor,
personagem de sua própria história? Na década de 1970 o autor volta a ser valorizado. O
escritor francês Serge Doubrovsky nos dá a primeira definição sobre o tema, a
autoficção e nos elucida com a publicação do livro Fils (1977) em resposta à análise
feita por Philippe Lejeune sobre a autobiografia em que ele dá seu nome ao personagem
do livro. Para Doubrovsky a autoficção seria uma espécie de autobiografia moderna que
não segue uma verdade absoluta, mas pode molda-la para descreve-la. Após a
publicação do livro, o termo descrito pelo escritor francês deixa de se opor a
autobiografia, para agora se tornar um sinônimo.
O conceito de autoficção caminharia ao lado de toda crítica pós-moderna e des-
construtivista, estando em acordo com a crítica de Derrida ao logocentrismo, à
geometrização e ao fechamento da obra, ao sistema cristalizado que prolonga a
tradição metafísica da oposi-ção aparecimento-velamento. Dessa forma, a emergência
do termo e do conceito de autoficção apontaria para a crítica da teoria