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GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE AULAS PRÁTICAS DE QUÍMICA

Ângela Fracon Medina1, Douglas Felipe dos Santos2 e Núbia Natália de Brito3

RESUMO
As atividades de laboratórios sempre foram reivindicações dos estudantes das universidades e até mesmo do
ensino médio. Nas escolas onde havia aulas práticas, principalmente da área de química, muito pouco se falava
dos cuidados com os resíduos gerados nos laboratórios; esta preocupação tornou-se mais evidente a partir dos
anos 90. Hoje em dia, cuidar dos resíduos gerados nas práticas laboratoriais é condição necessária para proteção
ao meio ambiente em complemento às atividades teóricas. Este trabalho apresenta atividades simples de gestão e
tratamento de resíduos gerados nas aulas práticas do Curso de Licenciatura em Química (UFSCar). Nos estudos
foram empregados os próprios resíduos como reagentes no tratamento de metais tóxicos e outras substâncias
ambientalmente perigosas. Os resultados mostraram uma excelente recuperação dos materiais tratados,
minimizando a toxicidade dos produtos, aumentando enormemente a quantidade de novas experiências.
Palavras-chave: resíduos laboratoriais; tratamento; disposição.

WASTE MANAGEMENT OF PRACTICALCHEMISTRY


ABSTRACT
The activities of laboratories have always been demands of university students and even high school. In schools
where lessons were practical of laboratories, especially in the area of chemistry, very little is talked about the
care of the waste generated in laboratories, this concern has become from the 90’s. Today, care of waste
generated in laboratory practical is a prerequisite for environmental protection in addition to theoretical
activities. This paper presents simple activities of management and treatment of waste generated in the practical
lessons of Chemistry Course (UFSCar). In the study was used the waste itself as reagents in the treatment of
toxic metals and other hazardous environmentally substances. The results showed an excellent regeneration of
the treated material, minimizing the toxicity of products, greatly increasing the amount of new experiences.
Keywords: waste laboratory; treatment; disposition.

Trabalho recebido em 08/02/2010 e aceito para publicação em 17/06/2010.

1
Universidade Federal de São Carlos – UFSCAR – Centro de Ciências Agrárias – CCA. Curso de Licenciatura em Química.
e-mail: angelamedina4@hotmail.com
2
Universidade Federal de São Carlos – UFSCAR – Centro de Ciências Agrárias – CCA. Curso de Licenciatura em Química.
e-mail: douglas_santos48@hotmail.com
3
Universidade Federal de Goiás – UFG - Instituto de Química IQ – Rodovia Campus Samambaia, CP 131 CEP 74001-970 -
Goiânia – Goiás e-mail: nubiabrito@quimica.ufg.br

En genh aria Amb ien tal - Esp írito San to do Pin hal, v. 7, n. 3, p. 012 -020 , jul./set. 201 0
Medina, A. F.; Santos, D. F.; Brito, N. N. / Gerenciamento de Resíduos de Aulas Práticas de Química 12

1. INTRODUÇÃO proteger o meio ambiente. As técnicas de


precipitação também têm grande
O gerenciamento de resíduos importância ambiental principalmente na
químicos derivados de laboratórios de retenção de metais pesados. Os metais
ensino começou a ser amplamente tóxicos insolúveis permanecem
discutido no Brasil a partir dos anos de imobilizados e, portanto não
1990. Os cuidados com os resíduos biodisponíveis. A segregação dessa
gerados em aulas práticas são de vital categoria de resíduo em aulas práticas e
importância principalmente para as sua destinação correta é uma atitude
Universidades, em função do trabalho com educativa e ambientalmente correta.
formação de novos profissionais que vão Do ponto de vista educacional, o
atuar em indústria e principalmente da conceito de ácido e base tem grande
formação de novos professores que vão ser utilidade, porque permite a correlação de
difusores dos conhecimentos modernos. um grande número de reações químicas e
A adoção de atividades de gestão de algumas propriedades características de
resíduos de laboratório é uma ação ácidos e de bases. Outros conceitos
conservadora que evita poluir o meio também podem ser trabalhados, como de
ambiente, evita o desperdício de material e neutralização que indica reação entre um
se for incluída como atividade educativa ácido e uma base em quantidades
pode dar maior significado às aulas proporcionais de modo a cancelar ou
práticas. Dentro desse contexto, diversas neutralizar características ácidas ou básicas
Instituições Federais, Estaduais e do meio. O termo pH também pode ser
Particulares no Brasil vêm buscando utilizado para expressar a intensidade da
gerenciar e tratar seus resíduos de forma a condição ácida ou alcalina de uma solução.
diminuir o impacto causado ao meio Os valores de pH são de extrema
ambiente, criando também um novo hábito importância ambiental porque os
a fazer parte da consciência profissional e ecossistemas sempre estão sujeitos aos
do senso crítico dos alunos, funcionários e impactos provocados a essas variações.
professores (AFONSO et al., 2003). Muitas bactérias não podem se proliferar
Algumas técnicas simples de em níveis de pH abaixo de 4,0 ou acima de
tratamentos e acondicionamentos podem 9,5 sendo que, geralmente, o pH ótimo
evitar ações predatórias e contaminadoras. para o crescimento bacteriano está entre
Uma simples neutralização pode ser 6,5 e 7,5 (OLIVEIRA et al., 2008). Neste
determinante entre o ato de poluir e o de sentido, um controle rigoroso dos valores

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de pH dos resíduos de laboratório químico CCA- UFSCar. Para o gerenciamento


faz-se necessário para avaliar as foram desenvolvidas atividade de
características dos rejeitos. levantamento, organização, segregação e
Os resíduos gerados em atividades do caracterização dos resíduos e os relatos
laboratório de ensino podem facilmente ser inventariados eram catalogados em fichas
caracterizados, inventariados e (Tabela 1). Como tratamentos foram
gerenciados, servindo mesmo para utilizados os conceitos de reação de
finalidades didáticas. Desta forma, este neutralização, de precipitação e de
trabalho teve como finalidade o oxirredução para o tratamento dos
desenvolvimento de atividades rotineiras resíduos, também foram empregadas
de gerenciamento, tratamento e destinação atividades físicas de filtração e evaporação.
dos resíduos gerados em aulas práticas. Como destinação, alguns resíduos foram
reutilizados, outros usados como reagentes
2. METODOLOGIA nas próprias atividades de tratamento por
reação química e alguns resíduos após
Os resíduos monitorados foram tratamento foram acondicionados e
referentes à disciplina de Química entregue aos aterros sanitários da região
Experimental do curso de Licenciatura em que promovem tratamento do chorume.
Química do Centro de Ciências Agrárias –

Tabela 1: Ficha de Monitoramento de Resíduos


Ficha de Monitoramento de Resíduos N0
Laboratório
Professor responsável
Responsável pelo preenchimento
Data da Coleta:
Apontar a característica predominante do Resíduo Químico
Solvente não halogenado Solução com metais pesados
Solvente halogenado Solução contendo Hg
Acetonitrila Solução contendo Ag
Fenol Sólido com metal pesado
Pesticida ou Herbicida Peróxido orgânico
Solução sem metal pesado Outros sais
Solução contaminada com solvente orgânico Presença de enxofre ou substâncias sulfuradas
Gerador de cianetos Amina
Acido ou Base Oxidante
Redutor Óleos especiais
Misturas Outros (tintas, vernizes, resinas)
pH=
Composição do Resíduo Quantidade (em L ou Kg) Observações

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO MgS+Zn(NO3)2  Mg(NO3)2+ZnS (3)


s s s i
O zinco (Zn+2) elemento comumente
Resíduos de Ácido Sulfúrico
encontrado na crosta terrestre é um
(H2SO4), Ácido Clorídrico (HCl),
micronutriente essencial às plantas, porém,
Hidróxido de Sódio (NaOH) e Solução
em concentrações elevadas na forma
Tampão Hidróxido de Amônio (NH4OH)-
solúvel, esse metal atinge níveis tóxicos no
Cloreto de Amônio (NH4Cl).
ambiente e pode afetar o crescimento e
Os resíduos de ácido sulfúrico, ácido
metabolismo normal de espécies vegetais.
clorídrico, hidróxido de sódio e hidróxido
As maiores emissões de zinco para o
de amônio foram empregados em seus
ambiente são os resíduos (escória)
próprios tratamentos utilizando reações de
metalúrgicos, bacias de rejeitos da
neutralização através do controle dos
mineração, cinzas de processos de
valores de pH 7,2 de acordo com as
combustão e o uso de fertilizantes à base
equações 1 e 2.
de zinco, como o óxido de zinco, sulfato de
H2SO4 + 2NaOH  Na2SO4 e 2H2O (1)
zinco, nitrato de zinco e cloreto de zinco.
HCl + NH4OH  NH4Cl + H2O (2)
Esse metal atinge os corpos d'água por
Após o processo de neutralização os
meio do processo de lixiviação (WOLFF,
resíduos foram acondicionados,
et al., 2009).
catalogados e separados para descarte em
.
aterro sanitário.
2 – Nitrato de Alumínio- Al(NO3)3
Resíduos de Zinco (Zn+2), Alumínio
Hidróxido de Sódio- NaOH
(Al+3), Chumbo (Pb+2), Prata (Ag+), Cobre
(Cu+2), Mercúrio (Hg+2) e Ferro (Fe+2 e
Os resíduos de nitrato de alumínio e
Fe+3).
hidróxido de sódio foram empregados na
imobilização do alumínio pela formação de
1- Sulfeto de Magnésio- MgS
hidróxido de alumínio (eq. 4). O controle
Nitrato de Zinco- Zn(NO3)2
dos valores de pH é muito importe no caso
Os resíduos de sulfeto de magnésio e
dessa reação porque o alumínio insolúvel
nitrato de zinco foram empregados na
pode tornar-se solúvel com excesso de
precipitação do zinco pela formação de
hidróxido de sódio através da formação da
sulfeto de zinco (eq. 3) que torna insolúvel
substância aluminato de sódio Na(AlO2)
permanecendo imobilizado (s – solúvel, i –
(eq. 5).
insolúvel).

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pode aumentar a concentração de alumínio


Al(NO3)3+3NaOHAl(OH)3+3NaNO3 (4) no ponto final de consumo.
s s i s
Alguns estudos assinalam a presença
de alumínio em água potável e em
Al(OH)3+NaOH(exc)Na(AlO2)+2H2O (5)
i s s alimentos como um dos agentes etiológicos
de doenças mentais, havendo também a
O alumínio (Al+3) é um metal comum
hipótese de que a exposição a esse
no meio ambiente e um dos mais
elemento represente risco para o
abundantes da crosta terrestre. O alumínio
desenvolvimento da Desordem
é liberado no meio ambiente por processos
Neurodegenerativa (FERREIRA et al.,
naturais de erosão do solo, erupções
2008).
vulcânicas e por ações antropogênicas. A
fonte mais importante de obtenção do
3- Iodeto de Potássio- KI
metal é a bauxita, que contém 55% de
Nitrato de Chumbo II- Pb(NO3)2
óxido de alumínio. A maior parte da
ingestão do alumínio provém da
Os resíduos de nitrato de chumbo e
alimentação, através de diferentes formas:
iodeto de potássio foram empregados na
alimentos contaminados por água e
imobilização do chumbo através da
alimentos industrializados que possuem o
precipitação de iodeto de chumbo (eq. 6).
alumínio como conservante e/ou corante.
Considera-se que, mesmo a
2KI+ Pb(NO3)2  2K(NO3) + PbI2 (6)
alimentação sendo importante fonte de s s s i
ingestão de alumínio, é na água onde se
O chumbo precipitado na forma de
apresenta a forma mais biodisponível para
iodeto de chumbo II torna-se não-
ser absorvido pelo intestino. Sais de
biodisponível, perde a mobilização e reduz
alumínio são amplamente utilizados como
drasticamente sua toxicidade. A
coagulantes para redução da matéria
contaminação da água pelo chumbo
orgânica, turbidez e presença de
solúvel em áreas urbanas e suburbanas tem
microrganismos durante o tratamento de
sido objeto de estudo de inúmeros
água superficial, que apresenta maior
pesquisadores. A OMS sugere que o limite
quantidade de partículas em suspensão.
aceitável de chumbo na água potável, seja
Essa utilização, apesar de necessária para o
de 0,05 ppm (LARINI, 1997).
tratamento de água em muitos municípios,

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A ação tóxica do chumbo provoca AgNO3 + NaCl  AgCl + Na(NO3) (7)


s s i s
diversas alterações bioquímicas, todas elas
deletérias. Intoxicações provocadas pelo
Segundo a legislação brasileira
chumbo podem atacar o sistema nervoso
vigente, resolução nº 357/05 do
cujos efeitos sugerem problemas
CONAMA, o limite de prata em efluentes
psiquiátricos como alucinações, tremores,
para lançamento em corpos receptores
delírios, insônia, cefaléia e profundas
hídricos é de 0,1 mg.L-1. No ambiente,
alterações do humor. Em alguns casos os
prata iônica atua como um inibidor
sintomas podem progredir até convulsões,
enzimático, interferindo no processo
paralisias e coma. Uma outra moléstia
metabólico dos organismos. Apesar da sua
decorrente da intoxicação pelo chumbo a
toxicidade, a prata apresenta elevado valor
longo prazo é a doença denominada de
de mercado e é um metal com risco de
saturnismo ou plumbismo, que provoca um
escassez, logo, a sua recuperação pode
aumento acentuado da anemia (LARINI,
trazer grandes benefícios ambientais e
1997).
econômicos (BORTOLETTO et al., 2007).
A forma mais tóxica do chumbo para
os seres humanos é através de compostos
5 - Nitrato de Cobre II- Cu(NO3)2
orgânicos de chumbo. Estes compostos são
Carbonato de Sódio- Na2CO3
altamente lipossolúveis (dissolve em
gorduras) tornando bioacumulativos, não
Os resíduos de nitrato de cobre II e
sendo excretados pelas vias orais. Os
carbonato de sódio foram para imobilizar
compostos orgânicos de chumbo podem
os íons de cobre através da precipitação do
contaminar através da pele e da
carbonato de cobre II (eq. 8).
amamentação, por isso mesmo atividades
Cu(NO3)2+Na2CO3CuCO3+2NaNO3 (8)
com estas substâncias exigem extremos s s i s
cuidados e precauções (LARINI, 1997).
O cobre é um micronutriente
essencial vida de diversos organismos, sua
4- Nitrato de Prata- AgNO3
deficiência causa perdas de produção em
Cloreto de Sódio- NaCl
várias culturas e seu excesso é altamente
tóxico para as plantas e para os
Os resíduos de nitrato de prata foram
microrganismos da água e do solo (DOS
imobilizados através da precipitação de
SANTOS et al., 2007). As características
cloreto de prata em reação com cloreto de
físico-químicas da água, bem como a
sódio (eq. 7).

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concentração de matéria orgânica vômitos (MIRACONI et al., 2000). Por


dissolvida e particulada, exercem isso, os trabalhos de laboratório que
influência sobre a biodisponibilidade e envolvem práticas com esse metal devem
toxicidade do cobre, por isso esse metal ser cuidadosos e os resíduos devem ser
deve ser acondicionado de maneira acondicionados e tratados de maneira bem
adequado evitando ser descartado para o criteriosa.
ambiente mesmo em forma insolúvel
(LIMA & BIACHINI, 2010). 7 - Carbonato de Sódio – Na2CO3
Sulfato de Ferro II – Fe(SO4)
6 - HgSO4 – Sulfato de Mercúrio
NaCl- Cloreto de Sódio Tratamento de resíduos derivados de
Ferro II. Neste trabalho foram tratados
Os resíduos derivados de sulfato de sulfato de Ferro II com carbonato de sódio
mercúrio II foram tratados como cloreto de formando um precipitado de carbonato de
sódio formando um precipitado de cloreto Ferro II (eq. 10).
de mercúrio II (eq. 9).
Na2CO3+Fe(SO4)Na2SO4+FeCO3 (10)
s s s i
HgSO4+ NaCl  HgCl2 + Na2SO4 (9)
s s i s
O ferro é citotóxico e pode ser letal
A agressão antrópica do mercúrio ao afetando quase todos os órgãos, sendo
meio ambiente tem sido considerada uma considerado um ‘veneno’ sistêmico
das práticas mais danosa provocada pelo intracelular. A absorção de ferro é
homem. O uso indiscriminado do mercúrio normalmente regulada de modo a evitar a
sob diversas formas vem sendo mostrado acumulação deste no organismo porque
como um dos exemplos mais não há nenhum mecanismo fisiológico que
representativos da interferência aos ciclos consiga eliminar o excesso de ferro no
desse elemento químico. Os principais corpo. A toxicidade do ferro deve-se à sua
sintomas associados à toxicidade por acumulação no organismo na forma livre,
exposição ao mercúrio incluem tremor, ou seja, não ligado a moléculas protetoras
vertigem, entorpecimento, dor de cabeça, como a transferrina ou a ferritina e está
cãibra, fraqueza, depressão, distúrbios relacionada em grande parte com o
visuais, dispnéia, tosse, inflamações processo de absorção do mesmo, uma vez
gastrointestinais, queda de cabelo, náusea e que quanto maior for a sua ingestão maior

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o risco de surgirem os efeitos tóxicos do uma reação de óxido redução, conforme


metal (CANÇADO, 2007). eq.13.
2KMnO4 + 3H2O2  2KOH + 2MnO2 +
8 - KMnO4 – Permanganato de potássio +3O2 + 2H2O (13)
H2O2 – Peróxido de Hidrogênio
Desta forma o manganês ficou
O permanganato de potássio é um precipitado na forma de Oxido de
oxidante forte que contem o manganês no Manganês IV e todo o resíduo foi
estado de oxidação +7 e exibe duas meias armazenado.
células de redução diferentes que são
dependentes do pH. Sob condições Toxicidade dos metais
fortemente ácidas, o permanganato pode Os efeitos tóxicos dos metais sobre a
aceitar cinco elétrons (VOGEL, 1992). biota dependem de vários fatores, entre
eles, a forma físico-química do metal e as
Mn+7+ 5e-  Mn+2 (11) características físico-químicas da água e do
sedimento. Os metais-traço, dissolvidos ou
Todavia, sob condições neutras a ligados ao material particulado, estão
alcalinas, a redução de meia-célula pára no presentes em águas superficiais sob
estado de +4, formando o dióxido de diferentes formas. Na fase solúvel,
manganês insolúvel em uma redução de formada por íons hidratados, complexos
três elétrons: orgânicos e inorgânicos e por espécies
associadas com dispersões coloidais
+7 - -
Mn +4OH + 3e  MnO2 + 2H2O (12) heterogêneas, os metais se encontram em
mais de um estado de valência.
O peróxido de hidrogênio, por ser um A identificação das diferentes formas
oxidante enérgico, é muito utilizado em de metal presentes é importante para o
processos de degradação de compostos entendimento das relações entre as fases
recalcitrantes e também para eliminar a solúvel, particulada, sedimentada e
coloração persistente de efluentes pós- biológica e para a identificação da
tratamentos biológicos (DE BRITO- toxicidade e biodisponibilidade. A
PELEGRINI & PATERNIANI, 2008). interação dos metais com os
Os resíduos em estudo foram compartimentos intracelulares é altamente
colocados para reagirem entre si através de dependente de sua forma química.
Algumas espécies são ligadas com

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proteínas extracelulares, outras são elementos e preparo para descarte


adsorvidas às paredes celulares e outras final. Química Nova, v.26, n.4,
são difundidas através das membranas 2003.
celulares, são assimiladas e influenciam ARAÚJO, R.P.A.; BOTTA-PASCHOAL,
reações enzimáticas. A inativação química C.M.R.; SILVÉRIO, P.F.;
de proteínas constitui a principal ação ALMEIDA, F.V.; RODRIGUES,
tóxica (ARAÚJO, et al, 2006). P.F.; UMBUZEIRO, G.A.;
JARDIM, W.F.; MOZETO, A.A.
4. CONCLUSÃO Application of toxicity identification
Os resultados obtidos com esse evaluation to sediment in a highly
trabalho permitiram implementar ações de contaminated water reservoir in
gestão, tratamento e destinação adequada southeastern Brazil. Environmental
dos resíduos produzidos nas aulas de Toxicology and Chemistry, v. 25,
Química experimental do Curso de n. 2, p. 581-588, 2006.
Licenciatura em Química do CCA/UFSCar BORTOLETTO, E. C.; IGARASHI-
no segundo semestre de 2009. Também foi MAFRA, L.; SORBO, A. C. A.C.;
possível realizar estudos mais GALLIANI, N. A., BARROS, M. A.
aprofundados sobre as teorias ácido-base, S. D.; TAVARES C. R. G. Remoção
equilíbrio químico, pH, reações de de Prata em Efluentes
neutralização e precipitação, além dos Radiográficos. Acta Science
estudos relacionados às legislações Technology, v. 29, n. 1, p. 37-41,
ambientais tais como: Portaria 518 2007.
Ministério da Saúde e Resolução Conama DE BRITO-PELEGRINI, N. N.;
357/2005. Despertando desta forma, uma PATERNIANI, J. E. S. Fotocatálise
maior preocupação e responsabilidade de Percolado de Aterro Sanitário
sócio-ambiental de futuros profissionais de Tratado por Filtração Lenta. 130p.
química. Tese Doutorado. Faculdade de
Engenharia Agrícola, Universidade
5. REFERÊNCIAS de Campinas (UNICAMP), 2008.
CANÇADO, R. D. Sobrecarga e quelação
AFONSO, J. C.; NORONHA, L.A.; de ferro na anemia falciforme.
FELIPE, R. P.; FREIDINGER, N. Revista Brasileira de Hematologia
Gerenciamento de resíduos e Hemoterapia, v .29, n. 03, jul/set.
laboratoriais: recuperação de 2007.

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DOS SANTOS, E. M. R.; BOCHI-SILVA, como fator de risco para a doença de


N; DE BRITO-PELEGRINI, N. N.; Alzheimer. Revista Latino
PELEGRINI R. T.; PATERNIANI, Americana de Enfermagem, v. 16,
J. E. S. Avaliação ea Toxicidade n.1, Jan/Fev, 2008.
Crônica e o Percolado e e Aterro LARINI, L. Toxicologia. Editora Manole
Sanitário e de Substâncias Químicas: Ltda,1997.
Fenol e Cobre em Sementes de LIMA, A. F. A.; BIACHINI A.
Lactuca Sativa L.; Lycopersicon Acumulação e Toxicidade do Cobre
Esculentum Mill. e Abelmoschus em Mesodesma mactroides
Esculentus L. Visando o Uso na Deshayes, 1854 (Mollusca: Bivalvia:
Agricultura de Hortaliças. Mesodesmatidae) Disponível em:
Conferência Internacional em www.mpu.furg.br. Acesso em 27
Saneamento Sustentável: Segurança jan. 2010.
alimentar e hídrica para a América MICARONI, R. C. C. M.; BUENO, M. I.
Latina. ECOSAN- Fortaleza – M. S.; JARDIM W. F. Compostos
Brasil, (2007). de Mercúrio. Revisão de Métodos de
FERREIRA, P. C.; PIAI, K. A.; Determinação, Tratamento e
TAKAYANAGUI, A. M. M.; Descarte. Química Nova, v.23, n.4,
SEGURA-MUÑOZ, S. I. Alumínio Jul/Ago, 2000.

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