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NOVOS ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL EXPERIMENTAL: BUSCANDO A


PRESERVAÇÃO AMBIENTAL E A QUÍMICA NO COTIDIANO

Alan Sena Pinheiro (Coordenador LABINFRA/2021); Thalyson Heitor Ferreira


Rodrigues (Voluntário LABINFRA/2021).

Categoria: Relato de Experiência (R.E.)

Introdução: A Química é uma ciência essencialmente empírica, onde a experimentação é o


pilar da construção do conhecimento químico (teorias e descobertas científicas foram
desenvolvidas a partir de experimentos, desde o tempo dos alquimistas até hoje) (BELTRAN,
1996). A experimentação para fins didáticos auxilia na compreensão dos inúmeros conteúdos
teóricos ministrados pelo professor em sala de aula (PAZINATO e BRAIBANTE, 2014).
Desta forma, possibilita que o aluno seja protagonista do conteúdo apresentado a ele. Além do
mais, a experimentação em Química permite que o discente possa ter desenvoltura,
criatividade, coordenação motora, habilidade de percepção, desenvolvimento de senso crítico,
etc. (SARTORI et al., 2013). Adicionalmente, as disciplinas de Química Geral Experimental
constituem o arcabouço de técnicas experimentais para um iniciante em laboratório de
Química, sendo imprescindível para proporcionar o subsídio que o aluno carece para realizar
com excelência qualquer atividade relacionada à Química Experimental que atravessará o seu
caminho no decorrer do curso e, posteriormente, na sua jornada profissional. Neste contexto,
foi observado que os roteiros das práticas ministradas nessa disciplina perduravam mais de 40
anos sem revisões dos procedimentos e dos reagentes utilizados, onde experiências
descontextualizadas e utilizando reagentes químicos bastante tóxicos e com grave risco
ambiental ainda eram empregados. Portanto, novos experimentos químicos com relação
profunda ao cotidiano dos alunos e com um menor risco ambiental foram propostos.
Objetivos: Atualizar as práticas experimentais da disciplina, visando diminuir a utilização de
reagentes perigosos e relacionar os experimentos com situações cotidianas para alavancar o
processo de aprendizagem dos discentes acerca dos conteúdos ministrados. Procedimentos
Metodológicos adotados: Foi realizada pesquisa bibliográfica de experimentos atuais
relacionados aos conteúdos da disciplina e que empregassem reagentes menos tóxicos. Em
seguida, os experimentos foram reproduzidos no laboratório com a finalidade de ajustar as
concentrações e quantidades dos reagentes utilizados para diminuir o impacto ambiental e,
também, aprimorar o detalhamento procedimental dos roteiros, tornando os experimentos
mais fáceis de serem executados e compreendidos. Resultados parciais: No total, até o
momento, 7 de 10 práticas que são realizadas nessa disciplina foram modificadas, onde
podem-se destacar: Reações Químicas: foram retirados reagentes perigosos à saúde,
explosivos ou corrosivos como BaCl2, H2SO4, CCl4, CHCl3, KClO3 e substituídos por
reagentes menos agressivos como glicose (C6H12O6), NaOH e CaCO3 que participam de
reações com transições de cores e que despertam o interesse do aluno para descobrir o
processo químico ocorrido; Equilíbrio Químico: Remoção de reagentes danosos ao meio
ambiente contendo chumbo (Pb(NO3)2 e PbCl2) e cromo hexavalente (K2CrO4 e K2Cr2O7),
sendo adotada a prática com CoCl2 (substância responsável pela mudança de coloração
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conforme a condição de humidade do ambiente (chuvoso ou seco) presente no famoso “galo


do tempo”); Gases: retirada a prática que utilizava mercúrio metálico (Hg 0), substância que
causa severos danos neurológicos (BAHIA, 2001), e implementação da determinação do teor
de CaCO3 na casca de ovo, material de uso comum que geralmente é descartado nas
residências, utilizando a equação dos gases, a partir da formação do gás carbônico pela reação
com HCl; E Ácidos e bases: adoção do experimento da determinação do pH de produtos
comerciais como: shampoo, água sanitária, leite, sucos de laranja e limão, refrigerantes, etc.,
para revelar a importância de conhecer as características ácidas e básicas dos produtos usados
no dia-a-dia. Conclusões ou considerações finais: As mudanças nos roteiros experimentais
de Química Geral foram bem aceitas pelos alunos e docentes envolvidos, despertando um
maior interesse nos conteúdos abrangidos, em parte pelas experiências relacionadas a
situações rotineiras da população em geral. Além disso, embora os alunos utilizem os EPIs
indicados e seja feita a correta segregação e destinação dos rejeitos químicos produzidos nas
aulas, sempre existem riscos ambientais e à saúde humana associados à manipulação de
produtos químicos perigosos, devendo ser evitados o máximo possível, como as práticas
reestruturadas propõem. Portanto, o projeto Labinfra atual segue reformulando as práticas de
Química Geral Experimental para torná-las mais interessantes e menos perigosas sem prejuízo
para o processo ensino-aprendizagem pretendido.
Palavras-chave: experimentos didáticos; substâncias tóxicas; reformulação.

Referências
BAHIA. Secretaria da Saúde. Superintendência de Vigilância e Proteção da Saúde. Diretoria
de Vigilância e Controle Sanitário. BRASIL. Universidade Federal da Bahia. Instituto de
Ciências da Saúde. Manual de Biossegurança. Salvador, 2001.
BELTRAN, M. H. R. Destilação: a arte de extrair virtudes. Química nova na escola, v. 4, p.
24-27, 1996.
PAZINATO, M. S.; BRAIBANTE, M. E. F. Oficina Temática Composição Química dos
Alimentos: Uma Possibilidade para o Ensino de Química. Química nova na escola, v. 36, n.
4, p. 289-296, 2014.
SARTORI, E. R.; DOS SANTOS, V. B.; TRENCH, A. B.; FATIBELLO-FILHO, O.
Construção de uma célula eletrolítica para o ensino de eletrólise a partir de materiais de
baixo custo. Química nova na escola, v. 35, n. 2, p. 107-111, 2013.

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