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Ovídio

METAMORFOSES
Edição bilíngue
Traduçio, introdução e notas de Domingos Lucas Dias
Apresentação de João Angelo Oliva Neto

editora34
Titulo APROPRIACÃO A
Tradução
Copvright EDITORA
Ltda.34 34
Sâo RuaFditora
(Sindicato
OS19m 1' Alexandre Reviso:Metamorphoses
Rodrigo BracherCapa, original: FOTOCÓPIA
Edição- Paulo
Hungria,
912 p.tradução,
Editora
Texto de: apresentação
Il. Metamorphoses
978-85-7326-667-2 ISBN Tradução
Ovidio CIP projeto
Olisa Garcia ß de O -
Nacional Barbosa Malta INDEVIDA SP
bilingue, (Publius Brasil. - 2017 Domingos DEEditora
Neto, 1. 34,
Metamorfoses
introduçio gráfico QUALQUER Brasil 592
latina.
P'oesiaI. 2017 de Manoel
(3* Produção Jardim
loão portugus João Ovidius
Caralogação-na-Fonte de DOS 34
( dos Reimpressão Souza e Tel/Fax
Angelo, Edição).
Angelo e (AR. editoração DIREITOSFOLHA
LucasLtda.,
/
notas Naso),
Ovidio; Editores Europa
e Gráfica
Dias, latim Oliva de Textos DESTE Dias 2017 (11)
l|1. 43
Titulo. Domingosedição
CDD-873Domingos a.C.-17 de - eletrônica: INTELECTUAIS O 38T1-6777 CEP
Neto 2021) LIVROE
Livros, & Nova
bilingue;
-
d.C. Contextos) O14S5-000
Lucas. SãoLucas
Paulo: Dias; RJ, ILEGAL Vega,
E
Brasil) PATRIMONIAIS www.editora
Portugal
E
CONFIGURA

DO
34
UMA e
ALTOM
L
os
para
realmente, acompanhadaportapela
Estige aqui entradas
haviamSombras.
dali Cicones,! movimentos, relva, Perséfone até
parte crepitou cantor
amarrar
desci das
compareceu desfechona que rodeios
oS
deixando
dos passeava das poema, uma
Himeneu quando,o deixar fantasmas de senhor dar, não para tambem
região rostotraziaseus de ao junto o subterrâneo verdade,
Vimos
nos o Depois
recém-casada²
nãodescer acompanhar nem
a Ele no que piorEfetivamente,
açafrão,
para para pesoe reino,
o
chegou
mortaiS Tártaro,
e
Tenaro
Orfeu.alegria e,
facholàgrimas
foi morta. ousa a
de
imenso, Mas dia, semsepultura, lúgubremundo que,diga Laconia,
sem o também, para nascemos
cor de Até nenhuma. caiudo
provoca a gente eu tenebroso
consentirdes
manto voz
céu solenes,
presságio.
Náiades,luz cordas
do mentiroso, Trácia. da
favorável. vibora, o
pelopela à entre
sombras de governa"Senhor cidade
Eurídice]
e|Orfeu o chamado
palavrasque chama
chorar honras as
quantos
o da
comencaminha-se, o de uma Por vibrar epossivel contemplarpovos ePromontório
discurso
tumo fora
augúrio grupo a que assim:
Coberto viu o astentar
por Ródope as
Tênaro. todos dos 'Euridice.
X
Livro sem
debalde daquele
recebidoFazendo Um
um se que um picada cantou
mas sem comnão que for um para Internos.
do de de de do
e e e a se de
tres
gargantas eriçadas de cobras do monstro, o flho da Medusa.
Is
razão desta viagem a minha mulher, em quem, ao ser pisada,
É vibora inoculou veneno, roubando-lhe os verdes anos.
uma dizer que nãoo tenha tentado.
Penseipoder suportar, e não
rvenceu. E este um deus bem conhecido nas regiões superiores.
tambémo será aqui, mas presumo que o seja.
Não: sei se
rce não for fábula a história do antigo rapto, foi também o Amor
quem voS
uniu a vós. Por estes lugares de pavor repletos, por este
incomensurável caos, por este amplo e silencioso reino, eu vos conjuro,
Eurídice!
ecei de novo o destino tão velozmente cumprido de
Tudo está em dívida para convosco e, daqui a algum tempo,
mais tarde ou mais cedo, todos nos encaminhamos
Esta é a última morada,
para a mesma morada, todos aqui vimos dar.
do gênero humano.
e vós sois senhores do reino mais duradouro
anos
Também ela, quando, chegada a seu termo, tiver cumprido os
um presente,
aue lhe são devidos, à vossa lei ficarásujeita. Em vez de
minha esposa,
peco o usufruto. Pois, se o destino me negar o favor da ambos!"
com a morte de
certo é que não me irei daqui. Ficai felizes
cordas a acompanhar
Enquanto entoava este canto e tangia as
choravam, Tântalo parou
os versos, as exangues sombras
parou a roda de Lxíon,
de colhera água que lhe voltava a fugir,
netas de Belo
nem as aves devoravam o figado, as
sentaste-te na tua pedra.
deram descanso às urnas, e tu, Sísifo,
vencidas pelo canto,
Diz-se que, então, pela primeira vez
Eumênides. Nem a esposa real,
se salpicaram de lágrimas as faces das recusar
profundezas ousaram
nem aquele que governa as
pedido. Chamaram Euridice. Estava no meio das sombras
o que Ihes era
chegadas e avançou lentamente por causa da sua ferida.
recentemente

4Cérbero.
O de Prosérpina por Pluto.
fulminou, quando, movido por Hera, se preparava para
"Ticio, gigante que Zeus precipitou nos Infernos, onde duas águias Ihe devo
iolentar Leto, a rival da deusa, e
tam o tigado, que se renOVa.
Dånao e netas de Belo, rer do
Egito.
As Danades, flhas de
O transtor-desahi.
deusa.
alturas terem
umaser
deixasse
não novo. transido
por
ela dons lágrimas. comambos por montanhas
que
recebia cabeças, corpo;
deixou nas
de por ar. amada?),
alguma ouvidos, unidos,
refugia-se beleza
ingreme, desfalecacai do dos acabando
e inconsistência tão seu privado Aquilöes.
daterra. ela agarrem trê não em
enquanto
trás,
tempoefeito. queixa fica em tu, tão as em
falta, transtormados
mesmo neblina.
escura,
escarpada, Logo ser agora.
pedia e rivalizar
aos as pavor como 9
corações margem.
na
almaErebo,
vereda
por pedra
sem
Eurídice de chega Orfeuviu crime, Sujo,
superior a
olhar. tem seno quemo e que
guarda, pelos pretendera
daresponsabilidade
que Estige da
favor
o espessa
não lhepartira. esposa, tornadaculpado, beleza, Orfeu,
vez. dor do
para silêncio, que o por aagarra queixar o sentado batido
ao seguemrebordo volta
lutando maridomal do a
si
a
lda outra a deuses sido
haviam
em de chamou
natureza, afastado amor,
nãoficaria
ou Óleno,
de olhar
Ródope,
Revcbe-a
envoltamedoOrteu apenas
que ondeda cão cadeias, por tuaúmido
morte passar os 10
dias
do do se adeus, do
estendidos, de
ele em o
Hemo,
injustos Montanha
Trácia.
da
de S7-9.
de alimento
odet
de earminprofundo
açãoEm longecomve-la, nteliznovo,ela lugarsegunda Rodope
eHemo
herói Averno,
do que as primitiva fiadao tinhatentava
que passar
que sete mulher
a
quis
chamara
si
\I,
amor, último homem
haveria meio ficou
do
estavam por a de ao
Oleno, Leteia,
pedras
pretendendo barqueiro de e Lereia,mados
em
pedra. Ver
Foram Ródope
seu
vales de ansioso
morrer
bracosagarrar,
que o retorna
diz-lhe
aComo
como
do
a da
tendo como antes,
inteliz
vào Ceres, hCUsando
delses,
Cheio antes em Marido
os ) Ao de O e de do os
e De se e e do
tinnha Titã posto fim ao
Pela terceira vez
ano fechado pelos Peixes
que habitam as águas, e Orfeu
recusava toda a relaçåo amorosa
Com as mulheres, seja porque lhe havia
corrido mal,
tinha comprometido: asua palavra. A muitas, porém,seja porque
Aeseio de ao vate se unirem, a muitas fez. a dominava
rejeição sofrer.
Eoi ele também quem ens1nou os povos da Trácia
arransferirem seu amor para rapazinhos e a
acolherem da vida
acurta primavera que precede a juventude, e as
primeiras flores.
|As árvores que se deslocam
Havia uma colina e sobre ela uma extensa veiga plana
a que a relva dava um tom verde. Nela não havia sombra.
Depois de o poeta nascido dos deuses aíse haver sentado
e de haver feito vibrar as sonoras cordas, chegou a sombra
a esse lugar. Não faltou a árvore de Caônia,"
nem o bosque das Helíadas, 12 nem o carvalho de altaneira copa,"
nem a aprazível tília, nem a faia, nem o virginal loureiro,"
nem a frágil aveleira, nem o freixo, apropriado para lanças,
nem o abeto sem nós, nem a azinheira, vergada ao peso das bolotas,
nem oplátano, abrigo de diversões, nem o bordo de cores matizadas
C, Com eles, o salgueiro que cresce ao pé das ribeiras
co loto das águas, o buxo de um eterno verde, oesguio tamarindo,
a murta de dupla cor e o loureiro silvestre de baga escura.
lambém vós viestes, heras de pé flexível, e convosco,
cobertas de parras, as vides, eos olmos cobertos de vides,
e os
freixOs, e os pinheiros, e os medronheiros, carregados
de frutos coloridos, ea dúctil palma, premio dos vencedores,

Ocarvalho. Dodona,,cidade da Caonia, no Fpiro, tinha os mais belos.

hosque de choupos resultante da metamorlose daN irmis de Factonte, as


hihas de lelo, Ver ll, 346.
Oura vaicdade de carvalho.
14 Viryinal porque Ver l,4 S o ,
escOnde Datne, 4que era irgeu),
grupando-se
que, a um e,
segunda,Da
mas Os tombaenquanto
Desaparece que,contra
otirso rudesde
o "Ei-lo,Cabelo quepeles, lorestas,
que,eis a [A Livro XI
Cpois,
ave
dinda Logo assom O OS
pedrastimbales, projéteis como Enquanto,
com morte
pela turbilhão a acompanhava
noturna se dagrande a
encantadas eis
alevado cimodedo
mâos lancam com seus que corta melodiosa de
manha. cítara. ali atenção
o
poderiam o a coberto aquele Orteu]
como de o grita, bom pés. por as
ensanguentadas,a as estrépito pedir projétil o
pairar
há animais pela sangue Deste Temerários, ar, mulheres
o este
Mênades a senso boca
de que canto brisa colina,
umaem das
de as flauta perdão pela canto, o
aves voz modo, e ser era
folhas, feras ase
à
morrer luz selvagens, do os todos e harmonia doligeira,
nos
reina uma cantor, com dos
quando
avistam
do poeta, berecíntia
sobre urros de despreza!"E
do vate, por os tão provoca o poetada
nadivoltam-se
a, domados a pedra, uma Cícones
som rochas,
que o
elas fim , das ataques,
insana
arena, ou glóriasobre as desvairada da o delírio,
que flho delas das
incontáveis ficaram que bacantes com voz marca avistam Trácia
como Erínia. esses cordas.
presa para da as não opelo e é arremessa de grita: cobertos seios
serpentes corno da
vencida, Apolo,
oassistência
Orfeu, o
rubras canto,
recrudescem. ousadia, lira sem Orfeu,seguiam,atraia a
dos veado abafaram
aves,
ouviram. ferida.
cães. grave,
e si
desobre
Orfeu.
LivroXI
Arremetem assim contra o vate e contra ele
arremessam
de folhas verdes, nåo feitos para este fim.
0s Irsos
Ariram umas torrões. brandem outras ramos de arvores,
es arremessam pedras. E, para que a sua ira lao faleçam armas,
presos ao pesado arado, uns bois aravam a terra e, perto deles,
avavam a dura leira, preparando com muito suor as coiheitas,
musculosos lavradores que, ao verem aquela horda,
se põem em fuga, abandonando os apetrechos de seu labo.
Espalhadas pelos campos, sem vivalma, veem-se enxadas,
pesados ancinhos e compridos enxadões.
Depois de deles se apoderarem e de esquartejarem os bois
de cornos ameaçadores, aquelas sacrílegas mulheres
voltam e apressam-se a sacrificar o poeta, que estendia
as mãos e, pela primeira vez, agora falava em vão,
sem comover ninguém com a sua voz. E por aquela boca,
escutada, ó Júpiter, pelas pedras e compreendida
pelo sentir das feras, se evolou a vida, desfeita no vento.
As aves aflitas, o turbilhão dos animais selvagens,
cantos,
as duras pedras, as florestas, que tantas vezes seguiranm teus
choram por ti, Orfeu! De folha caída e copa podada,
causa
as årvores por ti põem luto. Diz-se que até os rios, por
Náiades e Dríades
das lagrimas, aumentaram seu caudal.
cobriram de negro suas vestes de linho e soltaram os cabelos.
Os membros de Orfeu jazem dispersos por vários lugares.
Acabeça ea lira foste tu, Hebro,' quem as recebeu!
queixa-se tristemente
E, coisa admirável, enguanto desliza rio abaixo,
lamuria-se e murmura.
a lira não sei bem de quê. Sem vida, a língua
AS margens respondem, chorando. Arrastadas para o mar,
de Lesbos.
delxam o pátrio rio e chegam a Metimna, nas costas
estrangeiras
Al, contra aquela cabeca abandonada em areias
arremete
aqueles cabelos impregnados de água, que escorre,
intervém. Sustém a serpente,
0 Serpente. E então que Febo

Rio da Trácia.
preparava para morder, petrifica-lhe o movimento
que se
e abertura da boca e paralisa-a de boca aberta, tal como estava.
combra de Orfeu desce às entranhas da terra e reconhece
todos os lugares que antes vira. Ao procurá-la na morada
dos justos, encontra Euridice, a quem, com paixão, abraça.
Passeiam juntos ali, ora lado a lado, ora Orfeu segue Eurídice,
aue vai à frente, ora a antecede, à frente indo ele,
contemplar.
que em segurança se volta para a

|O castigo das Mênades]

Lieu, porém, no consente que esse crime hque impune.


E, entristecido com a perda do cantor de seus mistérios,
de imediato prende na floresta, por meio de retorcidas raizes,
todas as mulheres Edonias que viram o sacrilégio.
prolongou
De fato, no ponto onde chegoucada uma, Ihe
dura.
os dedos dos pés, mergulhando-Ihes as pontas na terra
Como a ave que, tendo metido a pata no laço
debate,
que astuto caçador distarçou e, sentindo-se presa, se
reforçando o laço com o movimento da agitação,
assim cada uma delas, ao estar presa e ligada a terra,
enlouquecida, em v£o tentava fugir. Tenaz raiz a prende
quer saber
e lhe impede os movimentos. E enquanto
unhas,
onde seus dedos estäo, onde esto os pés e as
Ao tentar ferir
ve a madeira subir por suas roliças pernas.
sua m£o bate.
as coxas em sinal de dor, éna madeira que
se volvem
lambemo peito se torna madeira; em madeira
os ombros. E os braços estendidos podham julgar-se
ramos verdadeiros. E assim julgando, ninguem erraria.

Outro nume de lDioniso

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