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O estado da arte: A produção acadêmica sobre práticas avaliativas na

educação infantil no RI/UFAL

Emylli Joyce dos Santos Souza1


Gabrielly Beatriz Reis de Melo2

Resumo
O objetivo deste artigo é analisar os estudos sobre práticas avaliativas na Educação
Infantil, considerando as concepções da criança e do educador no processo de
aprendizagem. Foi realizado um levantamento do tipo “estado da arte” sobre a
avaliação na educação infantil, a partir de uma busca sistemática na plataforma de
dados Repositório Institucional da UFAL- RI/UFAL da Universidade Federal de
Alagoas, no período de 2019 a 2023. Foram identificados pelas palavras-chaves
(avaliação, educação infantil), um total de 17 trabalhos acadêmicos,
consequentemente, constatamos que apenas 1 trabalho realmente abordava sobre a
temática em questão. Os resultados evidenciaram uma escassez de estudos sobre a
temática investigada. Dessa forma, foi apontado que é necessário ampliar e
diversificar as pesquisas sobre a avaliação na educação infantil, a partir de uma
perspectiva qualitativa, formativa e participativa, que valorize as experiências, as
expressões e as aprendizagens das crianças. O presente trabalho sugere algumas
estratégias para a melhoria da avaliação na educação infantil, tais como: formação
continuada dos educadores, elaboração de instrumentos avaliativos, registro e
documentação das práticas e diálogo com as famílias.

Palavras-chave: Avaliação; Educação infantil.

Abstract
The objective of this article is to analyze studies on assessment practices in Early
Childhood Education, considering the conceptions of the child and the educator in
the learning process. A “state of the art” survey was carried out on assessment in
early childhood education, based on a systematic search on the UFAL-RI/UFAL
Institutional Repository data platform of the Federal University of Alagoas, from 2019
to 2023. identified by the keywords (evaluation, early childhood education), a total of
17 academic works, consequently, we found that only 1 work actually addressed the
topic in question. The results highlighted a scarcity of studies on the topic
investigated. Therefore, it was pointed out that it is necessary to expand and diversify
research on assessment in early childhood education, from a qualitative, formative
and participatory perspective, which values children's experiences, expressions and
learning. This work suggests some strategies for improving assessment in early
childhood education, such as: continued training of educators, development of
assessment instruments, recording and documentation of practices and dialogue with
families.

Keywords: Assessment; Child education.


1. Introdução
1 Graduanda em Pedagogia pela UFAL. E-mail: emylli.souza@iefe.ufal.br

2 Graduanda em Pedagogia pela UFAL. E-mail: gabrielly.melo@cedu.ufal.br


2

Este artigo refere-se a um levantamento, do tipo “estado da arte”, das


dissertações, teses e trabalhos de conclusão de curso (TCC), publicadas no período
de 2019 a 2023, no Repositório Institucional da UFAL - RI/UFAL. Por meio desse
estudo, buscou-se analisar as existências de pesquisas realizadas voltadas às
práticas avaliativas na educação infantil, em termos de quais instrumentos e
concepções estão sendo utilizados nesse processo. Com base nessas informações,
almejava-se discutir sobre as pesquisas encontradas e dialogar com referenciais
teóricos de outros autores e com as legislações que regem e fundamentam a
importância da avaliação na educação infantil. Além disso, refletiremos sobre como
a avaliação pode ser uma ferramenta investigativa para acompanhar o processo de
desenvolvimento da criança.
Segundo Ferreira (2002), os estudos relacionados ao “estado da arte” podem
ser delineados como uma modalidade de pesquisa bibliográfica, que têm por
objetivo:
O desafio de mapear e de discutir uma certa produção
acadêmica em diferentes campos do conhecimento, tentando
responder que aspectos e dimensões vêm sendo destacados
e privilegiados em diferentes épocas e lugares, de que
formas e em que condições têm sido produzidas certas
dissertações de mestrado, teses de doutorado, publicações
em periódicos e comunicações em anais de congressos e de
seminários (p. 258).

A avaliação do processo de ensino-aprendizagem, é um tema que traz


bastante discussões sobre os instrumentos que devem ser considerados para
avaliar os estudantes, de forma classificatória, determinar aquele que aprendeu, e
qual estudante não conseguiu a média de notas para se classificar. Contudo, na
educação infantil, existe também a discussão a respeito de como a criança pequena
deve ser avaliada. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL,
1996), na seção II, art.31 estabelece: “A Educação Infantil será organizada de
acordo com as seguintes regras comuns: Dada pela (lei 12.796, 2013). A avaliação
far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento das
crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino
fundamental.”
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A intenção desse estudo sobre o tema avaliação na educação infantil surgiu a


partir das observações feitas enquanto alunas da Universidade Federal de Alagoas -
UFAL, do curso de Pedagogia, nas aulas da disciplina de Saberes e Didática na
Educação Infantil, onde abordou-se questões sobre como crianças do ensino infantil
aprendem e como deve ocorrer a avaliação do seu processo de desenvolvimento e
aprendizagem. Buscou-se então verificar se há pesquisas no Repositório
Institucional da Ufal - RI/UFAL, que enfatizem a importância de estudos sobre a
avaliação no ensino infantil.
Entretanto, ao verificarmos as dissertações, trabalhos de conclusão de curso
(TCC) e teses, que foram encontrados em um marco temporal de 2019 a 2023, foi
possível observar que há uma escassez de estudos sobre essa temática.

2. Metodologia
Este estudo caracteriza-se por um levantamento bibliográfico que envolve
aspectos qualitativos e quantitativos. Para a realização desse levantamento acerca
do “estado da arte” das dissertações, teses e trabalhos de conclusão de curso
(TCC), este artigo teve como objetivo analisar os estudos existentes sobre Práticas
avaliativas na Educação Infantil. Foi feita uma busca no banco de dados do
Repositório Institucional da Universidade Federal de Alagoas (RI/UFAL) online
disponível no site (www.repositorio.ufal.br). Essa busca foi realizada considerando o
marco temporal de 2019 a 2023, ou seja, um período corrente de 5 anos.
A princípio, foram identificados, pela filtragem de 5 anos de acordo com o
marco temporal e palavras-chaves (avaliação, educação infantil), um total de 17
trabalhos acadêmicos, dentre eles, encontra-se dissertações, teses e trabalhos de
conclusão de curso (TCC). Do total de trabalhos encontrados, ao realizarmos a
leitura dos resumos de todos eles, foi possível identificar que, apenas 1 trabalho,
realmente abordava sobre a temática de Avaliação na Educação Infantil. Ou seja, de
100% dos trabalhos encontrados, 94,12% não abrangiam discussões sobre o nosso
objeto de estudo, e apenas, 5,88%, abordou de forma clara o tema proposto.
Dado que apenas 1 trabalho foi considerado importante e que abrangeu de
forma esclarecedora a nossa temática aqui destacada como objeto de estudo,
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seguiu-se com a leitura do trabalho completo, com o objetivo de identificar como as


práticas avaliativas vêm sendo desenvolvidas na Educação Infantil.
O trabalho selecionado que abordava sobre o tema colocado aqui como
objeto de estudo, tinha o título de: Avaliação da e na Educação Infantil no Brasil: o
que propõem os documentos normativos? Das autoras: Maria Betânia de Oliveira
Santos e Maria Otília dos Santos. Orientadora: Ana Cristina de Oliveira de Souza.
Trata-se de um Artigo Científico apresentado ao colegiado do Curso de Pedagogia a
distância do Centro de Educação da Universidade Federal de Alagoas, como
requisito parcial para a obtenção de nota do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC),
defendido e aprovado no ano de 2020.
Santos e Santos (2020) dizem que o objetivo do trabalho foi apresentar um
breve relato no que diz respeito à avaliação na educação infantil, que refere-se a
crianças de zero a cinco anos e onze meses de idade. Buscou-se trazer uma
compreensão da criança, e usou como ponto de partida a observação das crianças
em um espaço de Educação Infantil no município de Maceió. Após isso, seguiu-se
com um levantamento, verificando que os instrumentos de avaliação nessa faixa
etária tratam de um desafio constante nas práticas pedagógicas do processo de
ensino e aprendizagem. Esse trabalho de conclusão de curso (TCC), foi de grande
suporte para o desenvolvimento deste artigo aqui apresentado.
Pensava-se, que, ao fazer esse levantamento no banco de dados Repositório
Institucional da Universidade Federal de Alagoas - (RI/UFAL), seria possível
encontrar mais informações, ou seja, mais trabalhos acadêmicos publicados
voltados a essa temática nesse marco temporal de 5 anos. Ao verificar que os
trabalhos encontrados com base nas palavras-chaves (avaliação, educação infantil),
na verdade, eram trabalhos que buscavam investigar outras questões, que não se
relacionam com as práticas avaliativas no ambiente escolar, surgiu um desejo de
continuar com a abordagem feita inicialmente, porém, dialogando sobre essa
escassez.

3. Desenvolvimento
Nessa seção encontram-se as reflexões feitas a partir das pesquisas voltadas
à Educação Infantil e sua importância para o desenvolvimento integral das crianças,
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seguido das discussões a respeito das práticas avaliativas, bem como qual base de
dados foi utilizada para a realização deste artigo.

3.1 Práticas Avaliativas na Educação Infantil


A construção da identidade das creches e pré-escolas no Brasil, desde o
século XIX, está diretamente ligada a políticas históricas de atendimento à infância,
que reflete a divisão de classes sociais das crianças. Onde as crianças menos
favorecidas eram associadas aos órgãos de assistência social, e para as crianças de
classes mais privilegiadas, recebiam um atendimento voltado às práticas escolares.
(DCNEI, 2009, p. 1).
Ou seja, para as crianças menos favorecidas, o cuidar era considerado como
prática que envolviam atividades relacionadas ao corpo, enquanto as crianças dos
grupos privilegiados, lhes eram oferecidas o educar para além de atividades de
cuidados com o corpo, mas também, voltadas a práticas escolares. Como se as
crianças pobres não precisassem se desenvolver integralmente.
De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil
(2009), a Constituição de 1988 foi um grande passo para o reconhecimento da
Educação Infantil como um direito social das crianças.
O atendimento em creches e pré-escolas como um direito
social das crianças se concretiza na Constituição de 1988,
com o reconhecimento da Educação Infantil como dever do
Estado com a Educação, processo que teve ampla
participação dos movimentos comunitários, dos movimentos
de mulheres, dos movimentos de redemocratização do país,
além, evidentemente, das lutas dos próprios profissionais da
educação. A partir desse novo ordenamento legal, creches e
pré-escolas passaram a construir nova identidade na busca
de superação de posições antagônicas e fragmentadas,
sejam elas assistencialistas ou pautadas em uma perspectiva
preparatória para etapas posteriores de escolarização.
(DCNEI, 2009, p. 1)

Do ponto de vista legal, a Educação Infantil é a primeira etapa da Educação


Básica e tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de zero a cinco
anos de idade em seus aspectos físicos, afetivo, intelectual, linguístico e social,
complementando a ação da família e da comunidade (Lei nº 9.394/9).
A Educação Infantil enfrentou, e ainda hoje enfrenta intensas mudanças de
conceitos sobre a educação de crianças em ambientes coletivos, e de escolha e
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fortalecimento de práticas pedagógicas que promovam o aprendizado e o


desenvolvimento infantil. Em particular, encontra-se reflexões sobre como guiar o
trabalho com crianças de até três anos em creches e assegurar práticas que sejam
desenvolvidas perante as crianças de quatro e cinco anos, que estejam alinhadas,
mas que não promovam uma antecipação dos processos do Ensino Fundamental.
(DCNEI, 2009, p. 2)
A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) define algumas responsabilidades para a
Educação Infantil, na seção II, artigo 31, item I, determina que a avaliação deve
ocorrer “mediante o acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem
objetivo de promoção, mesmo que para o acesso ao Ensino Fundamental.”
Com isso, torna-se necessário obter informações sobre como as práticas
avaliativas são ferramentas importantes para orientar o trabalho dos educadores,
possibilitando assim, a adequação de práticas pedagógicas que atendam as
necessidades de cada criança.
É importante enfatizar a visão da criança como agente ativo e principal do seu
processo de aprendizagem.
Art. 4º As propostas pedagógicas da Educação Infantil
deverão considerar que a criança, centro do planejamento
curricular, é sujeito histórico e de direitos que, nas interações,
relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua
identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia,
deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e
constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo
cultura. (DCNEI, 2009, p. 19)

Portanto, conclui-se então, que a Educação Infantil pode ser considerada a


parte mais importante no contexto educacional, ela é fundamental para que em
conjunto com a família, possa auxiliar o desenvolvimento de diversas aprendizagens
importantes do indivíduo no início de sua vida.

3.2 Sobre o Repositório Institucional da UFAL - RI/UFAL


O Repositório Institucional da Universidade Federal de Alagoas - (RI/UFAL) é
uma base de dados que reúne de forma organizada a produção científica produzida
no âmbito acadêmico, funcionando como instrumento oficial para coleta,
armazenamento, preservação, organização e ampla disseminação de todo o
conhecimento produzido na Universidade. Nesse espaço digital, é possível acessar,
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de forma livre e gratuita, trabalhos de conclusão de curso (TCC), teses, dissertações


e demais estudos científicos produzidos na maior instituição pública de ensino
superior de Alagoas.
Além disso, o Repositório Institucional da Universidade Federal de Alagoas -
(RI/UFAL) contribui para aumentar a visibilidade e o impacto das pesquisas
realizadas na universidade, possibilitando que o conhecimento gerado seja
compartilhado não apenas com a comunidade acadêmica, mas também com a
sociedade em geral. Por meio desse importante recurso, estudantes, pesquisadores
e interessados têm a oportunidade de explorar uma vasta gama de informações e
contribuições científicas, promovendo assim o acesso democrático ao saber e
incentivando o desenvolvimento de novos estudos e descobertas. O RI/UFAL
representa, portanto, um importante meio de incentivo à produção científica e à
divulgação do conhecimento, fortalecendo a missão educacional e acadêmica da
Universidade Federal de Alagoas.

4. Discussão Dos Dados


O principal objetivo do presente trabalho foi analisar as pesquisas realizadas
sobre as práticas avaliativas na educação infantil, em termos de quais instrumentos
e concepções estão sendo utilizados nesse processo.
Sabe-se que, a avaliação do processo de ensino-aprendizagem, é um tema
que levanta muitos questionamentos sobre quais instrumentos devem ser utilizados
neste processo, avaliar de forma classificatória, determinado qual estudante foi
capaz de “aprender’ e conseguir pontuação considerada suficiente para ser
aprovado ao final de cada semestre, bimestre ou período.
Esses questionamentos não fazem parte do processo avaliativo na educação
infantil, pois, a avaliação nesta etapa não deve ser de caráter classificatório.
Sobretudo, na educação infantil, é possível encontrar discussão a respeito de como
a criança pequena deve ser avaliada. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (BRASIL, 1996), na seção II, art.31 estabelece: “A Educação Infantil será
organizada de acordo com as seguintes regras comuns: Dada pela (lei 12.796,
2013). A avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu
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desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso


ao ensino fundamental.”
Entretanto, como já mencionado, ao realizarmos essa busca no Repositório
Institucional da Universidade Federal de Alagoas - (RI/UFAL), foi possível verificar
que existe uma escassez de pesquisas voltadas às práticas avaliativas na Educação
Infantil.
Constatamos que nesse marco temporal de 5 anos, apenas 1 trabalho
acadêmico foi postado no Repositório Institucional da Universidade Federal de
Alagoas - RI/UFAL, que explane e traga contribuições sobre a Avaliação na
Educação Infantil. É importante ressaltar que, como existem discussões de como a
criança pequena deve ser avaliada na educação infantil, esse assunto deveria ser
um objeto de estudo mais explorado, por discentes da Universidade Federal de
Alagoas - UFAL, especificamente, por estudantes do Centro de Educação - CEDU.
Gerando assim, um suporte maior e mais rico que possa ser utilizado como objeto
de estudo e pesquisa para futuros profissionais da educação e todos aqueles que já
atuam no campo educacional.
A Educação Infantil pode ser considerada a parte mais importante no contexto
educacional, pois, ela será responsável por auxiliar em conjunto com a família, o
desenvolvimento de diversas aprendizagens importantes do indivíduo no início de
sua vida, habilidades motoras, cognitivas, sociais, intelectuais, emocionais, etc.
Como já mencionado, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) define algumas
responsabilidades para a Educação Infantil, na seção II, artigo 31, item I, determina
que a avaliação deve ocorrer “mediante o acompanhamento e registro do seu
desenvolvimento, sem objetivo de promoção, mesmo que para o acesso ao Ensino
Fundamental.”
Por essas questões, e ao estudar sobre esse mesmo conteúdo em disciplinas
do curso de Pedagogia, enquanto estudantes, surgiu a necessidade de fazer um
levantamento de trabalhos acadêmicos que abrangem essa temática. Todavia, os
resultados encontrados mostraram que existe uma demanda a ser suprida.
De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil -
DCNEI (2010) elas definem como regra que as instituições de educação infantil
devem criar métodos para acompanhar o desenvolvimento da criança, avaliando,
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mas sem objetivos de “seleção, promoção ou classificação” (p. 29). Entretanto, será
que isso realmente tem sido colocado em prática? Como as crianças pequenas
estão sendo avaliadas? Será que estão sendo utilizadas práticas avaliativas que
tentam de alguma forma promover aqueles que aprendem?
Sobre isso, Luckesi (2014) fala que em função de razões históricas, já
abordadas por ele em outras escritas, ocorre uma distorção do que seria a avaliação
da aprendizagem escolar, a avaliação é simplificada a exames escolares, ou seja, as
notas que os alunos conseguem alcançar. Com esse ponto de vista sobre o que
seria a avaliação, pensa-se, no senso comum, que, por não haver exames, provas,
na educação infantil, cogitasse que não há uma forma de processo avaliativo nesta
etapa. Sobretudo, a avaliação na educação infantil é realizada de forma contínua e
processual, isto é, ocorre ao longo de todo o período escolar.
Uma ferramenta colocada como importante para a avaliação da etapa de
educação infantil é a documentação. De acordo com Rinaldi (1995-98) o ato de
documentar desempenha um papel valioso para as crianças, pois lhes permite
encontrar o que fizeram na forma de uma narrativa, revelando o significado atribuído
pelo educador ao seu trabalho. Isso demonstra às crianças que suas ações têm
valor e significado, possibilitando que saiam do anonimato e da invisibilidade,
percebendo que são ouvidas e apreciadas. Além disso, incentivando o seu
desenvolvimento integral, visto que ao refletir sobre suas ações, elas podem
identificar suas habilidades, interesses e necessidades, o que contribui para um
crescimento pessoal e cognitivo mais significativo. Rinaldi (1995-98) diz que:

Sinto que reconhecer a documentação como ferramenta


possível para a aferição e avaliação nos dá um “anticorpo”
extremamente poderoso contra a proliferação de ferramentas
de aferição e avaliação cada vez mais anônimas,
descontextualizadas e só aparentemente objetivas e
democráticas. (1995-98, p. 119- 120).

De acordo com a autora, a documentação é considerada uma relação entre


observar e interpretar, ou observar e registrar. Em seu texto, Rinaldi (1995-98) relata
que a documentação se trata de um processo de observação das interações das
crianças, buscando compreender o desenvolvimento e as necessidades individuais
de cada um, e após isso, é necessário documentar, registrar o que foi observado.
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Mas esse registro e observação não se trata de apenas observar e anotar o que viu,
mas é necessário interpretar e refletir sobre as interações das crianças, acolher seus
interesses e significados.
No momento da documentação (observação e interpretação),
o elemento de avaliação entra imediatamente em cena, isto
é, no contexto e durante o tempo em que a experiência
(atividade) acontece. Não basta fazer uma previsão abstrata
que determina o que é significativo - os elementos de valor
necessários para que se efetive o aprendizado- antes que a
documentação seja de fato efetuada. É necessário interagir
com a própria ação, com aquilo que é revelado, enquanto a
experiência transcorre. Qualquer lacuna entre a previsão e o
evento (entre os sentidos inerentes e aqueles que as
crianças atribuem à sua ação) deve ser pronta e rapidamente
acolhida. (1995-98, p. 132).

Com base nos resultados encontrados, foi possível verificar a escassez de


trabalhos no Repositório Institucional da Universidade Federal de Alagoas -
RI/UFAL, que abordem essa temática, e que isso traz preocupações sobre como
estão sendo realizadas as práticas avaliativas nesta etapa. Como já foi refletido
acerca da importância da avaliação na educação infantil, é de suma relevância que
essa temática seja objeto de reflexão por discentes, particularmente, por alunos dos
cursos voltados à educação infantil.
Como já mencionado, sabe-se que existem diversas discussões acerca do
que seria a avaliação da aprendizagem escolar, resume-se, a avaliação como uma
forma de classificar os estudantes. Especificamente, na educação infantil, sabe-se
que não deve ocorrer provas ou exames, com o objetivo de dar notas. O processo
de avaliação nesta etapa, deve ser realizado de forma contínua e formativa, que visa
não apenas calcular o conhecimento adquirido pela criança pequena, mas além
disso, promover o acompanhamento do seu desenvolvimento integral, suas
habilidades socioemocionais, e o seu processo de aprendizagem.
O papel do professor nesse processo, é de extrema importância, e é
fundamental que esses profissionais estejam sempre atualizados sobre as práticas
avaliativas, buscando estratégias que visem o respeito da individualidade de cada
criança, promovendo assim, uma educação inclusiva e eficaz. Bem como, é de suma
relevância, a colaboração entre diferentes atores envolvidos no campo educacional,
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como, professores, gestores, famílias, ou seja, a comunidade escolar como um todo,


para que sejam desenvolvidas práticas avaliativas significativas na educação infantil.
De acordo com Luckesi (2014), o avaliador, antes de qualquer coisa, deve ser
capaz de observar a si mesmo e a prática educativa, assim como sua postura em
relação ao educando. Isso implica dizer que a avaliação requer que o professor
tenha uma visão crítica sobre o ensino na sala de aula e seja capaz de intervir
quando os alunos não atingirem o desempenho esperado.
A educação infantil não tem esse foco de avaliar o desempenho do aluno,
mas de acompanhar o seu processo de desenvolvimento integral. Com isso, o papel
do professor é, através da observação e registros, da rotina em sala de aula,
interações, brincadeiras e conversas, analisar como o desenvolvimento das crianças
está ocorrendo. O professor deve conhecer seus alunos, fazer o acompanhamento
de forma reflexiva, para que possa observar quais são as necessidades e
especificidades de cada aluno, proporcionando um ambiente acolhedor e seguro,
incentivando a autonomia, criatividade e o senso crítico das crianças.

5. Considerações Finais
Com base nas argumentações apresentadas acima, concluímos que, existe
uma escassez de trabalhos acadêmicos que abranjam o tema Avaliação na
Educação Infantil, no Repositório Institucional da Universidade Federal de Alagoas -
RI/UFAL, no marco temporal de 2019 a 2023. Devido a importância desta temática,
sugere-se que deve ser suprida essa necessidade de estudos e pesquisas sobre
práticas de avaliação na educação infantil. No decorrer dessa troca de experiências
e da execução de estudos que abordem de forma significativa o aprimoramento da
avaliação nesta etapa, e dessa maneira, promover um ambiente inclusivo, igualitário
e eficiente para as crianças em fase de desenvolvimento.
É importante destacar o papel do professor que atua na educação infantil
nesse processo de avaliação, que deve buscar de forma mais aprofundada um
aprimoramento de seus conhecimentos voltados para as práticas avaliativas desta
etapa, que busque valorizar as particularidades de cada criança. Para que suas
práticas de avaliação estejam atualizadas, garantindo assim, um desenvolvimento
integral de suas habilidades e o seu direito a uma educação de qualidade.
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Para isso, deve-se entrar em discussão a formação de professores. Será que


nas formações continuadas que são ofertadas pelo Município, Estado, para os
docentes, trazem a devida formação sobre as formas de avaliação para a educação
infantil?
Por fim, conclui-se que, diante das discussões acerca de como devem ser as
práticas avaliativas na educação infantil, é essencial que haja mais discussões,
estudos e pesquisas. A escassez de trabalhos acadêmicos específicos e atualizados
sobre o tema no Repositório Institucional da Universidade Federal de Alagoas -
RI/UFAL, é um indício da necessidade de pesquisar e aprofundar o conhecimento
nessa área.

6. Referências

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201 2014.Disponível em: https://revistas.rcaap.pt/interaccoes/article/view/6361/4933.
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Ferreira, N. S. (2002). As pesquisas denominadas “estado da arte”. Educação &


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13

SANTOS, Maria Betânia de Oliveira. SANTOS, Maria Otília dos. Avaliação da e na


Educação Infantil no Brasil: o que propõem os documentos normativos?.
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2024.

RINALDI, Carla. Documentação e avaliação: como se relacionam (1995-98). In:


RINALDI, Carla. Diálogos com Reggio Emilia: escutar, investigar e aprender. 6 ed.
Trad.: Vania Cury. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2018, p.179-186.

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